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FADI - Fraude Contra Credores

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Fraude contra credores
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Fraude contra credores
Defeito dos negócios jurídicos, do tipo vício social, consistente na alienação de bens, pelo devedor a terceiro, tornando-se insolvente ou piorando insolvência preexistente, em detrimento do direito de garantia do credor.
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Fraude contra credores
Credor
Devedor
Terceiro
Devedor aliena
a casa para terceiro e frustra a cobrança do credor!
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Fraude contra credores
Os bens que integram o patrimônio do devedor garantem que o credor receba a dívida. A alienação destes bens (gratuita ou onerosa) frauda o credor, que não pode cobrar a dívida de terceiro (que será o novo titular do bem).
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Fraude contra credores
Os requisitos mudam, conforme a alienação seja por negócio oneroso ou gratuito. São requisitos: a) existência de credor; b) existência de devedor; c) ato de alienação de bem pelo devedor; d) insolvência criada ou aumentada pela alienação.
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Fraude contra credores
Chama-se eventus damni o ato prejudicial ao credor, por tornar o devedor insolvente ou aumentar o estado de insolvência.
Chama-se consilium fraudis a má-fé, o intuito deliberado de prejudicar o credor ou a mera consciência de que de seu ato poderão advir prejuízos (cf. Washington de Barros Monteiro).
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Fraude contra credores
Atos gratuitos (doação, perdão de dívidas, renúncia a garantias etc.): exigem apenas o eventus damni:
Art. 158. Os negócios de transmissão gratuita de bens ou remissão de dívida, se os praticar o devedor já insolvente, ou por eles reduzido à insolvência, ainda quando o ignore, poderão ser anulados pelos credores quirografários, como lesivos dos seus direitos.
§ 1o Igual direito assiste aos credores cuja garantia se tornar insuficiente.
§ 2o Só os credores que já o eram ao tempo daqueles atos podem pleitear a anulação deles.
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Fraude contra credores
Uma pessoa jurídica era devedora e insolvente. O sócio fez doação de bens para seus filhos. A pessoa jurídica teve a desconsideração da personalidade jurídica decretada. A doação do sócio foi em fraude contra credores?
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Fraude contra credores
Nos atos onerosos (compra e venda, permuta, dação em pagamento etc.) há necessidade de prova do eventus damni e do consilium fraudis:
Código Civil, art. 159. Serão igualmente anuláveis os contratos onerosos do devedor insolvente, quando a insolvência for notória, ou houver motivo para ser conhecida do outro contratante. 
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Fraude contra credores
A insolvência é presumida se os réus não demonstrarem a existência de bens que cubram o valor da dívida.
O consilium fraudis, embora também deva ser demonstrado, é presumido nos seguintes casos: a) alienação a preço vil; b) alienação para pessoas próximas do alienante; c) insolvência pública e notória.
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Fraude contra credores
Os doadores tinham plena ciência da execução que era promovida em face da pessoa jurídica que representavam (como aliás, muitas outras) e ainda da inexistência de patrimônio ou rendimentos suficientes para fazer frente às dívidas, não sendo possível, destarte, aceitar como válida a transferência gratuita do patrimônio aos correqueridos.O crédito que se busca executar é anterior à doação do patrimônio, já que a sentença proferida contra a empresa representada pelos doadores é muito anterior ao ato impugnado e a desconsideração da personalidade jurídica apenas promove a transferência de responsabilidade pelo cumprimento da execução e não representa uma constituição de crédito propriamente dita. (...)
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Fraude contra credores
Na hipótese “sub judice” houve atendimento a todos os requisitos exigidos para a tipificação da fraude contra credores, isto é a anterioridade do crédito, a dispensa de comprovação do “consilium fraudis” tendo em vista tratar-se de ato gratuito e o “eventus damni” (caracterizado pela não quitação do débito exequendo). Caracterizada a fraude contra credores a ineficácia do ato de doação através da presente demanda foi adequada e não comporta reforma. (Apelação 0158054-83.2008.8.26.0002)
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Fraude contra credores
“Na hipótese de transmissão gratuita de bens, o legislador dispensa a comprovação do consilium fraudis. Isto porque nas liberalidades, como não há a contraprestação, é de prevalecer a proteção dos credores. Daí ser irrelevante estar o donatário ciente da insolvência do doador, desprezando-se a eventual cumplicidade na fraude para sua caracterização (TJRJ, 3ª C. C. Ap. Civ. 199900107407, Rel. Des. Roberto Cortes, julg. 10.08.1999). Do mesmo modo, aquele que transfere o único bem imóvel aos filhos e netos, por doação com reserva de usufruto vitalício, após o vencimento da obrigação ajuizada, pratica fraude contra credores passível de anulação (TAPR, 6ª C. C., Ap. Civ. 127525800, Rel. Des. Paulo Habit, julg. 07.06.1999, publ. DJ 18.06.1999). (...)” (Código Civil Interpretado Conforme a Constituição da República, vol. I, Ed. Renovar, 2, ed., pág. 302) ( IN TJSP APEL. Nº : 0001204-04.2008.8.26.0486)
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Fraude contra credores
“AÇÃO PAULIANA Anulação de negócio jurídico de compra e venda de bem imóvel. Fraude comprovada. Consilium fraudis e eventos damni. Alienação que reduziu o devedor à insolvência. Demonstração de amizade entre vendedores e compradores. Perícia que identificou alienação por preço vil. Escritura de venda e compra lavrada após a assunção da dívida perante o credor. Negócio anulado. Sentença mantida. Recurso desprovido.” (4ª Câmara D. Privado, Apelação cível nº 0076897-27.2004.8.26.0100, Rel. Des. Teixeira Leite, j. 21.03.2013, v.u.);
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Fraude contra credores
“PAULIANA Fraude contra credores Procedência parcial da demanda Anulação de uma das alienações realizadas Inconformismo do credor e dos alienantes Inadmissibilidade Preço de venda muito inferior ao valor venal dos imóveis Presunção relativa de consilium fraudis Ausência de justificativa nas contestações sobre o porquê de preço tão baixo nas negociações Fraude incontroversa Anulação do negócio de rigor Sentença reformada para acolhimento total da pretensão inicial Recurso dos corréus desprovido e do autor provido.” (5ª Câmara D. Privado, Apelação cível nº 9164220-52.2006.8.26.0000, Rel. Des. J. L. Mônaco da Silva, j. 09.11.2011, v.u.);
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Fraude contra credores
Necessário observar também que os corréus adquirentes registraram a aquisição do imóvel por valor muito inferior se comparado com a alienação primitiva: R$ 38.000,00 (trinta e oito mil reais) em fevereiro de 2002 (fls. 50/v-apenso), sendo que aquela realizada em 16 de março de 1998 o preço foi de R$ 81.662,40 (oitenta e um mil reais e seiscentos e sessenta e dois reais e quarenta centavos) (49-apenso). (in Apelações nº 9085898-47.2008.8.26.0000)
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Fraude contra credores
De outro lado, “o conluio fraudulento também resultou caracterizado. Consoante se depreende da leitura da certidão cartorária de folhas 73/74, no dia 11 de agosto de 2000, os réus Amun e Youssef alienaram aos réus Luiz Carlos Bueno Lazzuri e Luiz Carlos Lazzuri um imóvel situado na cidade do Guarujá pela importância de R$ 120.000,00 (cento e vinte mil reais), cujo pagamento, segundo consta da escritura, fora feito em moeda corrente nacional. E de uma análise contextualizada dos autos, podemos defluir a existência de fortes indícios de que se tratou de uma compra e venda fraudulenta e permeada por atos de simulação.
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Fraude contra credores
Em primeiro lugar, no tocante à questão econômica do contrato, não há dúvidas que a venda fora feita por preço vil. Com efeito, da própria leitura da escritura podemos depreender que o valor venal do imóvel à época da celebração do negócio jurídico era de R$ 118.080,72 (cento e dezoito mil, oitenta reais e setenta e dois centavos). Como é cediço, o valor venal do imóvel, atribuído pela Fazenda Municipal para fins de lançamento do tributo sobre a propriedade urbana (IPTU), é substancialmente inferior
ao valor de mercado.
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Fraude contra credores
De mais a mais, as avaliações acostadas às fls. 484/495 revelam que o valor real do imóvel vigente por ocasião da celebração do negócio ora sob discussão era substancialmente superior ao praticado entre os réus. Consoante as avaliações apresentadas, no ano de 2000, o imóvel valia ao menos quatro vezes mais pelo qual fora negociado.
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Fraude contra credores
Em segundo lugar, consta da escritura que o preço fora pago em moeda corrente nacional, Ora, dentro daquilo que ordinariamente acontece, mostra-se incomum o pagamento de vultosa quantia em moeda corrente. Normalmente, as transações imobiliárias são realizadas mediante o pagamento com cheque administrativo ou depósito em conta corrente.
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Fraude contra credores
Além disso, embora seja absolutamente lícito o pagamento mediante moeda corrente nacional, os compradores não lograram comprovar ao longo da instrução probatória a efetiva existência de tal pagamento. Tampouco os vendedores demonstraram a efetiva entrada de tal montante, seja mediante a apresentação de extratos bancários, seja por meio de declaração de bens e rendimentos entregues à Receita Federal.(in Apelação nº 0076897-27.2004.8.26.0100)
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Fraude contra credores
(...) julgou procedente ação pauliana para declarar ineficazes, no que diz respeito ao autor, alienações do Sítio Cascata e da Fazenda Santa Rita do Quartel, em São João da Boa Vista (R. 11 e R. 9 das matrículas 10.118 e 10.119, respectivamente). Assim decidiu porque os Campos se desfizeram dos imóveis no curso duma execução para cobrança de débitos de que João era garante; com isso, tornaram-se insolventes. E porque evidente o consilium fraudis (João fora diretor e procurador da sociedade adquirente dos imóveis, Irmãos Ribeiro Exportação e Importação Ltda., cujos sócios sabiam das dívidas da devedora principal, J. Campos & Cia Ltda., empresa de que os Campos eram sócios majoritários). In Apelação nº 0102615-30.2007.8.26.0000 
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Fraude contra credores
A ação contra a fraude contra credores é proposta pelo credor prejudicado contra o devedor e quem do devedor adquiriu o bem (terceiro). É conhecida como ação pauliana ou ação rutiliana ou ação revocatória.
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Fraude contra credores
Como a ação pauliana tem por finalidade reverter o destino dos bens do devedor (retirá-lo do terceiro e devolvê-lo ao devedor, para que possa ser penhorado pelo credor), ela é desnecessária para credores com garantia real (hipoteca). Só serve para credores quirografários (sem garantia).
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Fraude contra credores
Art. 158. Os negócios de transmissão gratuita de bens ou remissão de dívida, se os praticar o devedor já insolvente, ou por eles reduzido à insolvência, ainda quando o ignore, poderão ser anulados pelos credores quirografários, como lesivos dos seus direitos.
§ 1o Igual direito assiste aos credores cuja garantia se tornar insuficiente.
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Fraude contra credores
Embora o Código Civil mencione ser anulável o ato em fraude contra credores, a doutrina e a jurisprudência majoritárias referem a se tratar a alienação feita pelo devedor de ato ineficaz (vale relativamente a todos os que não ajuizaram a ação pauliana).
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Fraude contra credores
A ineficácia é relativa, isto é, o negócio em fraude continua válido perante todas as pessoas, menos relativamente ao autor da pauliana.
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Fraude de execução
Dívida ........ Alienação ... Cobrança= Fraude contra credores.
Dívida....Cobrança.....Alienação= Fraude de execução
Caracteriza-se nas alienações depois de citado o devedor/alienante para a ação de cobrança.
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Fraude de execução
CPC, art. 593. Considera-se em fraude de execução a alienação ou oneração de bens:
I - quando sobre eles pender ação fundada em direito real;
II - quando, ao tempo da alienação ou oneração, corria contra o devedor demanda capaz de reduzi-lo à insolvência;
III - nos demais casos expressos em lei.
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Fraude de execução
Na doutrina, Araken de Assis, em comentário ao artigo 593, do Código de Processo Civil, bem sintetiza a questão: “O art. 593, caput, averba de fraudulentos atos de alienação e de oneração de bens. Supõe-se a redução total ou parcial da garantia patrimonial. Importa muito indagar quais atos se incluem nos títulos alienação” e “oneração”. A alienação comporta qualquer transferência de bens a título oneroso ou gratuito e, também, o processo simulado pelas partes, cuja repressão incumbe ao órgão judiciário (art. 129).” (“Manual da Execução”, 11ª Edição, Revista dos Tribunais, p. 252).
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Fraude de execução (in Agravo de Instrumento nº 0070581-89.2013.8.26.0000)
E, ainda, sobre o tema, Theotonio Negrão observa que “a caracterização da fraude de execução prevista no inciso II do art. 593 CPC, ressalvadas as hipóteses de constrição legal, reclama a concorrência de dois pressupostos, a saber, uma ação em curso (seja executiva, seja condenatória), com citação válida, e o estado de insolvência a que, em virtude da alienação ou oneração, conduzido o devedor. 
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Fraude de execução (in Agravo de Instrumento nº 0070581-89.2013.8.26.0000)
A demonstração do pressuposto de insolvência é dispensável para a caracterização de outras hipóteses de fraude de execução, a saber, a contemplada no inciso I do mesmo dispositivo e as de oneração ou alienação do bem sob constrição judicial (STJ- 4ª Turma, REsp 20.778-6, Min. Sálvio de Figueiredo, j. 26.9.94, DJU 31.10.94)” E, ainda, que “A norma processual exige somente o ajuizamento da ação para que a alienação posterior do bem seja tida como em fraude de execução, ou seja, exige somente a propositura da ação, não a citação posterior dos réus ou executados (JTJ 314/402: AI 7.094.811-3)”.
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Lesão
Defeito dos negócios jurídicos, do tipo vício de consentimento, consistente em a vítima “ sob premente necessidade, ou por inexperiência, se obrigar a prestação manifestamente desproporcional ao valor da prestação oposta”.
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Lesão
Seção V Da Lesão
Art. 157. Ocorre a lesão quando uma pessoa, sob premente necessidade, ou por inexperiência, se obriga a prestação manifestamente desproporcional ao valor da prestação oposta.
§ 1o Aprecia-se a desproporção das prestações segundo os valores vigentes ao tempo em que foi celebrado o negócio jurídico.
§ 2o Não se decretará a anulação do negócio, se for oferecido suplemento suficiente, ou se a parte favorecida concordar com a redução do proveito.
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Lesão
Antes da disciplina do CC 2002 e do de 1916 (que não tratava da lesão) falava-se em “lesão enorme” (a vítima gastava mais da metade do preço justo) e “lesão enormíssima” (preço superior a dois terços do justo). Presumia-se o dolo do beneficiário.
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Lesão
É tratada, também, no Código de Defesa do Consumidor, art. 51, IV:
Art. 51. São nulas de pleno direito, entre outras, as cláusulas contratuais relativas ao fornecimento de produtos e serviços que:
       (...)
        IV - estabeleçam obrigações consideradas iníquas, abusivas, que coloquem o consumidor em desvantagem exagerada, ou sejam incompatíveis com a boa-fé ou a eqüidade;
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Lesão
Diferentemente do “estado de perigo”, não há necessidade de a parte contrária saber que a vítima está se prejudicando.

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