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Argumentação Jurídica - Victor Gabriel A argumentação é tão imprescindível ao operador do Direito quanto o conhecimento jurídico.... Como atividade provinda do raciocínio humano, o Direito não se articula por si só, daí porque somente pode ser aplicado através de argumentos. São os argumentos os caminhos, os trilhos da articulação e da aplicação do Direito. Nada do direito, se faz sem explicação. Não se formula um pedido ao juiz sem que explique o porquê dele, caso contrário o pedido é desarrazoado. Da mesma forma nenhum juiz pode proferir uma decisão sem explicar os motivos dela, para isso se constrói raciocícnio argumentativo. Sem argumentação, o Direito é inerte e inoperante, pois fica paralisado nas letras da lei, no papel... A partir do momento em que se exercita o Direito - e é essa a função de todo profissional que nessa área atua - , a argumentação passa a ser imprescindível. Ela surge de várias fontes: da doutrina dos professores que interpretam e analisam o ordenamento jurídico, das peças dos advogados que articulam teses para adequar seu caso concreto a um ou a outro cânone da lei, da decisão dos juizes que justificam a adoção de determinado resultado para um caso concreto. Quando determinado recurso cuida a respeito das razões, pede os argumentos que o sustentam, caso contrário será inoperante. Os argumentos são também a própria essência do raciocínio jurídico. A teoria do Direito somente é aceita na medida em que bons argumentos a sustentem, e também só pode ser aplicada a um caso concreto se outros argumentos demonstrarem a coerência entre estes e a teoria. ...quem mais argumenta, melhor opera o Direito, melhor o aplica. O conhecimento jurídico propriamente dito representa, então, uma série de informações que se encontram à disposição do argumentante, mas elas por si mesmas não garantem a capacidade de persuasão. Informações puras não se combinam, não fazem ninguém chegar a conclusão alguma, a não ser que sejam intencionalmente dirigidas, articuladas para convencer alguém a respeito de algo. Deve se priorizar a fundamentação teórica relativa a qualquer argumento proposto, afim de argumentar seus pressupostos e consequentemente provar que aquilo que diz, tem a plena veracidade. A argumentação processa-se por meio do discurso, ou seja, por palavras que se encadeiam, formando um todo coeso e cheio de sentido, que produz um efeito racional no ouvinte. Quanto mais coeso e coerente for o discurso, maior será sua capacidade de adesão à mente do ouvinte, porquanto este o absorverá com facilidade, deixando transparecer menores lacunas. Com efeito, um discurso comporta três elementos: a pessoa que fala, o assunto de que se fala e a pessoa a quem se fala. São os tipos de discurso em Aristóteles: a) O discurso deliberativo é aquele cujo auditório é uma assembléia tal qual um senado - atual ou da Grécia antiga. A assembléia é chamada a decidir questões futuras: um projeto, uma lei que deverá ser aplicada, o direcionamento de um ou outro plano para se atingir uma meta. Enfim, questões políticas, em que se discute o que é útil, conveniente ou adequado. b) O discurso judiciário é aquele que se dirige a um juiz ou a um tribunal. Nele decidem-se questões que dizem respeito ao tempo pretérito. Tudo o que está documentado em um processo qualquer são, evidentemente, questões do passado, ainda que possam trazer como resultado eventos futuros. Tais fatos passam por um esclarecimento, para que se comprove sua ocorrência de determinada forma, e depois vão a julgamento, quando são atingidos por um juízo de valor, para que se lhes aplique determinada conseqüência. Para Aristóteles, o discurso judiciário pode ser a acusação ou a defesa. E esse o tipo de discurso que aqui mais nos interessa, na medida em que nos propomos a tratar da argumentação jurídica. c) O discurso epidíctico ou demonstrativo é aquele colocado a uma platéia para louvar ou censurar determinada pessoa ou fato, não se interagindo com o ouvinte a ponto de este necessitar tomar posição sobre o que lhe é relatado. Esse é o tipo de discurso, por exemplo, dos comícios políticos atuais, a que comparecem apenas os eleitores daquele a quem cabe a fala principal, diante de uma enorme platéia, enaltecendo seus próprios predicados. Cada uma das partes, quando se socorre do Poder Judiciário, entende estar com a razão, às vezes lançando sobre a realidade um olhar por demais comprometido com seus próprios interesses. No Direito, quando se fala em disputa havida por meio da argumentação, surge, primariamente, sempre a idéia do justo. Se duas partes debatem, é natural que se entenda que ao menos uma delas não deva estar com a razão, não seja acobertada pelo Direito, pois não é possível que duas idéias contrárias estejam certas. Em um evidente prejulgamento, entende-se a argumentação como um debate entre um certo e um errado. Ora, se duas teses são conflitantes, uma é correta, outra não, e a disputa da argumentação somente viria a revelar quem é essa parte que procura fazer uma comprovação impossível. Em princípio para logicamente falar sobre algo, deve se retratar pelo que diz a verdade e também ser fundamentada em algo já comprovado nas literaturas. Sendo assim pode se acreditar no que for correto e que convença a real verdade para quem for avaliar. Comprovando assim a tese do que foi dito. Quem argumenta não trabalha com a exatidão numérica, por isso se afasta do conceito binário de verdadeiro/falso, sim/não. Quem argumenta trabalha com o aparentemente verdadeiro, com o talvez seja assim, com aquilo que é provável. E diante dessa carga de probabilidade com a qual se opera que surge a possibilidade de argumentos combinados comporem teses totalmente diversas, sem que se possa dizer que uma delas esteja certa ou errada, mas apenas podendo-se afirmar que uma delas seja mais ou menos convincente. Argumento é elemento lingüístico porque se exterioriza por meio da linguagem. E, por isso, elemento que aparece inserto em um processo comunicativo, que deve ser o mais eficiente possível. Argumento é destinado à persuasão porque procura fazer com que o leitor creia nas premissas e na conclusão do retor, ou seja, daquele que argumenta. A argumentação deve ter uma credibilidade totalmente convincente ao leitor, caso contrário está será inadequada para argumentação. Pois não sendo a mesma verdadeira deixará brechas ao oponente e ele utilizará como argumento a convencer o seu dirigente a seu favor, mostrando que aquilo não tem total credibilidade e para aquilo terá algo que consistiria a real verdade dos fatos.
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