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FICHAMENTO URBANIZAÇÃO DE MACEIÓ - VERÔNICA ROBALINHO CAVALCANTI

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URBANIZAÇÃO DE MACEIÓ
Maceió é uma cidade que tem suas origens enraizadas nas primeiras décadas do século XX. Como tal, seu desenvolvimento é marcado desde o princípio pela influência higienista, que implicaram em ações sistemáticas de aterramento, sancamento e drenagem para modificação da configuração original de seu sítio.
O núcleo inicial da povoação de Maceió localizava-se entre a laguna Mundaú e o Oceano Atlântico, numa espécie de pequeno platô, situado entre 4 e 8 metros acima da planície marinha e lagunar. 
A leitura higienista de um sítio como este, onde se assentava Maceió, implicava em atitudes radicais e permanentes para promover a sua higienização. 
Após meados do século XIX, uma vez consolidado o adensamento do Centro e do bairro de Jaraguá a tendência natural de crescimento da cidade foi empreender a ocupação entre esses dois bairros da cidade. Ao pé do tabuleiro havia faixa de mangues, a qual por sua vez era cortada pelo riacho de Maceió. É natural que as primeiras intervenções sobre o sítio físico tenham começado nessa região da cidade.
Os mangues mais centrais da cidade naquele período eram do Olho d’Agua ou boca de Maceió e o alagadiço do Curtume, este último próximo à foz do riacho Maceió. Para viabilizar a construção de uma ligação eficiente entre os bairros de Maceió e Jaraguá, foi inicialmente aterrado o alagadiço do Curtume. A eliminação daquele ‘’foco de miasmas’’ ocorreu em consequência da obra para construção de uma ponte sobre a região.
Em relação ao sul-sudoeste da cidade de Maceió as intervenções começaram com os aterros para melhorar a estrada do Trapiche da Barra e construção do cemitério da cidade após 1850, ficou conhecido como aterro do Cemitério até o fim do século. Foram realizados aterros de vulto em extensa área do pântano do Sobral. Intervenções pontuais essa região pantonosa recebeu lixo urbano e dejetos.
POSTURAS MUNICIPAIS E A DIFUSÃO DOS PRECEITOS HIGIENISTAS
Até a elevação de Maceió em cidade e capital da província em 1839 a Câmara seguiu as determinações das leis gerais do Império do Brasil, de 1828. A presença do pensamento higienista já permeava esta lei imperial quando explicitava ao longo de suas posturas policiais preocupação com qualquer elemento que pudesse alterar e corromper a salubridade da atmosfera. Para os higienistas, tudo que estava parada ou estagnado era fator de doença.
Essa preocupação vinha sendo difundida pelo retorno das grandes epidemias na Europa, decorrentes do processo de urbanização acelerado e adensamento das cidades industriais. Essas epidemias fugiam do controle de grupos dominantes e atingiam a toda sociedade. Acreditava-se que a difusão dos miasmas contagiosos acontecia sobretudo no meio ambiente degradado ou a miséria urbana. 
O planejamento de Maceió se confundia com uma fiscalização sanitária onde se acreditava essencial disposições para o saneamento (aterro ou dessecamento) dos alagados, além das demais medidas fitossanitárias e, disposições em relação ao uso do solo. No interior dessa última podemos citar o afastamento da cidade de todos os estabelecimentos considerados insalubres e perigosos como cemitérios, hospitais, asilos....
No âmbito da estética urbana da cidade higienista, havia preocupação quanto a largura das novas vias, calçadas, alinhamento das novas e antigas ruas e preocupações com limites mínimos para a altura das casas térreas, largura e altura de portas e janelas. 
ESPÍNDOLA E A REFORMA DO CODIGO DE POSTURA (1871)
Espíndola fez uma análise do espaço da cidade, no ponto de vista da teoria dos miasmas. Baseado em elementos físicos do solo, composição do solo, temperatura, ventos, vegetação, rios, mangues e oceanos que em composição com ar propagava matérias orgânicas em decomposição, que isso era a causa das moléstias.
Localidades perto da orla, eram desprezadas por conter ‘’violentas correntes de ar marítimas’’ e influência pútridas emanações pantanosas ‘’miasmas e eflúvio paludosos’’ que seriam o foco de infecção.
Do ponto de vista arquitetônico ele reforçaria modificação na arquitetura residencial. Ele propunha a elevação das construções do nível do solo. Aparece a figura do porão em que é elevado até dois metros, do pavimento principal em relação ao nível da rua (ecletismo). A reforma do código de postura de 1911 já estabelecia a necessidade de ventilação e iluminação direta de todos os cômodos.
A Maceió higienista ideal de Espíndola com seu sítio perfeitamente drenado teria ruas limpas, asseadas e arborizadas. Além disso as ruas deveriam estar niveladas, alinhadas e calçadas e sempre que possível as mais antigas deveriam ser retificadas e alargadas. 
PENSAMENTO HIGIENISTA E O SÉCULO XX
Havia uma relação direta entre ‘’civilização’’ e ‘’higiene’’ que seriam defendidas extrapolando o saber médico para um consenso social dos grupos dominantes.
Portanto ser civilizado era defender a extinção dos pântanos da cidade, era lutar pra que o ambiente tropical se parecesse o mais possível com as terras europeias e para isso era necessário negar atributos inerentes a região. 
Aliás todas as praças maceioenses naqueles anos eram parcamente arborizadas, e as arvores utilizadas eram de preferência exóticas a natureza local. Eram as cidades de Londres e Paris que povoavam os ideais e a fantasia tropical. 
Era questão de honra coibira a exuberância tropical, afastar das casas o lixo urbano ou depositá-lo fora de casa. Além disso era uma necessidade premente aterrar os pântanos ‘’os piores agentes da insalubridade’’. Enfim, domar aquele meio selvagem, pois a cidade de Maceió topograficamente oferece quase insuperáveis dificuldades a execução de um serviço de asseio.
O menosprezo geral pelo sítio físico onde foi edificada a cidade incorpora-se na sociedade alagoana, o desprezo pela natureza assim, jogar lixo em rios, riachos e esgoto no mar é percebido como em um ritual antigo quando se atirava imundices, doenças ou insalubridades porta afora, longe das casas.

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