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Caderno 1ª prova | Direito Ambiental (Diogo Guanabara)

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1 
 
 
 
Anotações por Marília Mattos 
Direito Ambiental 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Direito Ambiental 
Diogo Guanabara 
1ª AVALIAÇÃO | 2019.1 
 
 
 
 
 
Anotações por Marília Mattos 
maridmij@gmail.com 
 
 
 
 
 
 
 
 
2 
 
 
 
Anotações por Marília Mattos 
Direito Ambiental 
Avaliação: 08/04 e 10/06 
diogoacg@gmail.com 
 
Anotações 
 
Aproximação do Direito com o meio ambiente 
 Afirmar que o meio ambiente é um direito no Brasil implica em tratar o meio 
ambiente como um direito fundamental; 
 
Direito ambiental como ramo científico 
Princípios do Direito Ambiental 
O Meio Ambiente na Constituição Federal 
 O meio ambiente é um direito, mas também um dever de participação. A 
Constituição garante isso por meio de ações como as ações civis públicas, 
habeas corpus, dentre outros instrumentos garantidores de direitos fundamentais 
no Brasil; 
Licenciamento ambiental 
 Lei 6.938 | Política Nacional de Meio Ambiente |SISNAMA; instrumentos 
para proteger o meio ambiente: licenciamento, padronização, espaços 
protegidos, informação, servidão ambiental, concessão ambiental; 
Responsabilidade ambiental 
A responsabilidade ambiental pode se dar em três esferas: penal, 
administrativa ou cível. A condenação não implica violação ao princípio do ne bis 
in idem¸ pois esse se projeta apenas em uma mesma esfera. 
Espaços ambientalmente protegidos 
 Os espaços ambientes protegidos são locais no território brasileiro em que 
ex sensibilidade ambiental e o Estado considera a área importante, limitando o 
uso daquele território em questão. 
LEI Nº 6.938, DE 31 DE AGOSTO DE 1981 
Dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, seus fins e mecanismos de formulação e 
aplicação, e dá outras providências. 
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA , faço saber que o CONGRESSO NACIONAL decreta e eu 
sanciono a seguinte Lei: 
Art 1º - Esta lei, com fundamento nos incisos VI e VII do art. 23 e no art. 235 da 
Constituição, estabelece a Política Nacional do Meio Ambiente, seus fins e mecanismos de 
formulação e aplicação, constitui o Sistema Nacional do Meio Ambiente (Sisnama) e institui o 
Cadastro de Defesa Ambiental. 
 
 
 
3 
 
 
 
Anotações por Marília Mattos 
Direito Ambiental 
Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC – Lei 9.985/2000) 
 
Código Florestal 
 Lei 12.651/2012 
 
Questões ambientais na atualidade 
A primeira solução global efetiva que o Direito participou na temática 
ambiental foi a substituição do CFC, chamado de Protocolo de Montreal, em 1989. 
Foi uma solução jurídica que tornou o problema do “buraco” na camada de 
ozônio menos alarmante que antes. 
 O descontrole do aquecimento (aquecimento acima do normal) é 
provocado por uma interferência humana, como por exemplo quando 
produzimos uma serie de gases de efeito estufa. Esses gases são, normalmente, 
produzidos a partir da queima de combustíveis fósseis no mundo. O Direito 
funciona nesse cenário como regulador da utilização dos combustíveis fósseis e 
busca alternativas para este. 
A regulação da utilização dos combustíveis fósseis implica em mudanças 
impactantes em diversos ramos do Direito, como o Direito do Consumidor, o Direito 
Tributário, dentre outros. 
Outro problema ligado ao descontrole no aquecimento global é a 
modificação constante do clima e da temperatura. Devido a essas mudanças, 
temos a migração como consequência. São os chamados refugiados ambientais. 
Ainda, a gestão de resíduos é um problema da contemporaneidade. 
Cultivamos uma civilização do desperdício e do descarte irregular de materiais 
tóxicos. Consequentemente, a quantidade de resíduo radioativo cresce. 
Por fim, temos a questão da gestão de água potável. A porcentagem de 
agua disponível para consumo humano é mínima, sendo que a sua maioria se 
encontra congelado. A contaminação dos corpos d’água vêm crescendo com os 
crimes ambientais, enquanto o acesso à água vem diminuindo a medida em que 
as cidades e a população crescem. 
 
Direito Ambiental Internacional 
 A preocupação jurídica com o meio ambiente é extremamente recente. 
Quando o caos se estabelece, é necessário colocar ordem na situação; e foi isso 
que fez com que o Direito entrasse em ação no Direito Ambiental. 
 Os problemas tomam visibilidade quando novas descobertas científicas 
racionalizam o processo; essa evolução cientifica fez com que alguns fenômenos, 
antes inexplicáveis, passassem a ter uma explicação racional e plausível. A 
pressão social sobre Governo dos Estados fez com que os Estados começassem a 
se mobilizar, entretanto, não foi uma mobilização focada no Direito interno deles. 
 
 
4 
 
 
 
Anotações por Marília Mattos 
Direito Ambiental 
 A Conferência de Estocolmo sobre Meio Ambiente, organizada pela ONU 
em 1972, foi a inserção dos Estados num debate global sobre meio ambiente. 
Ocorreu no âmbito internacional devido à crise ecológica (crise que conta com 
mudanças climáticas e meio ambiente, questões humanitárias como migração, 
etc) que exigiu da sociedade uma nova forma de pensar. A ONU buscou inserir os 
Estados em uma perspectiva que eles não possuíam antes. Essa conferência se 
deu pela (im)possibilidade de danos ao meio ambiente serem locais, pois não 
existem limites à poluição – ela encontra o seu limite natural. Portanto, qualquer 
solução que envolva o meio ambiente deve ser uma solução internacional, no 
primeiro momento. Nessa conferência, foi criado um tratado chamado 
Declaração do Meio Ambiente. 
A Declaração do Meio Ambiente trouxe o meio ambiente na qualidade de 
Direito Humano, e derivou da Declaração Universal dos Direitos do Homem¹. A 
inserção do ambiente como um direito humano modificou a estrutura do Direito 
em todo o mundo, principalmente nas constituições estaduais, pois exigiu que 
alterações fossem feitas em todas elas. 
Ainda, esse texto normativo trouxe o ser humano tanto quanto artífice 
quanto resultado do ambiente². Ao mesmo tempo em que o ser humano era 
causa para determinados atos na sociedade, ele também era consequência. 
A defesa do meio ambiente tornou-se importante pela proteção 
intergeracional³, ou seja, a sua proteção se daria pelas gerações atuais para as 
gerações futuras. 
Essa declaração também priorizou o desenvolvimento socioambiental em 
harmonia com a preservação ambiental. Isso porque, na sociedade, o modelo de 
desenvolvimento estatal era baseado em “quanto mais o ser humano tem, mais 
ele quer”. Aos poucos, percebeu-se que esse modelo de desenvolvimento ia de 
encontro à existência humana. 
 
 A Conferência de Estocolmo sobre Meio Ambiente não trouxe como 
grande avanço apenas a Declaração anteriormente citada. Nessa Conferência, 
o Programa das Nações Unidas trouxe o desenvolvimento sustentável. 
 O conceito de desenvolvimento sustentável foi formulado numa obra 
chamada “Relatório Brundtland”. O desenvolvimento sustentável é aquele 
modelo que satisfaz a necessidade do presente sem comprometer a capacidade 
de as gerações futuras satisfazerem as suas próprias necessidades. Essa modelo 
traz a possibilidade de desenvolver-se economicamente, desde que permita que 
gerações futuras também usufruam daquele meio ambiente. Temos, então, três 
pilares básicos: o econômico, o social e o ambiental. 
 O econômico é o dinheiro, pois o Estado ainda pode se desenvolver, entretanto, esse 
desenvolvimento não pode ser a qualquer custo ou às custas dos recursos ambientais. 
Essa dimensão retrata a criação de riqueza a partir da eficiência do uso de energia e 
dos recursos naturais, das mudanças nospadrões de consumo e da redução do 
desperdício. 
 O ambiental é a preservação ambiental e refere-se a todas as condutas que, direta ou 
indiretamente, interferem ou provocam mudanças no meio ambiente. Essa dimensão 
retrata da utilização parcimoniosa dos Recursos Naturais e da preservação do meio 
ambiente natural. 
 
 
5 
 
 
 
Anotações por Marília Mattos 
Direito Ambiental 
 O social trata de todo capital humano que está, direta ou indiretamente, relacionado 
as atividades desenvolvidas por uma empresa. Isso inclui, além de seus funcionários, seu 
público alvo, sua comunidade, etc. Deve-se proporcionar um ambiente sustentável na 
sociedade. Essa dimensão trata de uma repartição mais justa das riquezas (justiça 
social), da universalização do acesso à educação e saúde, e da equidade entre sexos, 
grupos étnicos e religiosos. 
 Em 1992, a ONU criou uma nova Conferência, a Conferência das Nações 
Unidas para o Meio Ambiente e Desenvolvimento. O objetivo dessa conferencia 
era estabelecer aliança mundial mediante a criação de novos níveis de 
cooperação entre Estados e setores-chave da Sociedade, como ONGs, 
Universidades, Centros de Pesquisa, dentre outros. A estrutura de desenvolvimento 
econômico precisava ser modificada para a sociedade assumir o 
desenvolvimento sustentável como uma possibilidade real. 
 Essa Conferência serviu como Centro dos Debates, pois buscava incentivar 
o desenvolvimento econômico social em harmonia com a preservação do meio 
ambiente. Além disso, o Princípio da Responsabilidade Comum, mas diferenciada 
traz que os Estados são responsáveis pela conservação, proteção e recuperação 
do ecossistema na medida em que contribuíram, em graus variados, para a 
degradação. Ou seja, os países ricos têm mais ônus de preservação ambiental 
que os países pobres. Isso porque para alcançar o seu desenvolvimento muitos dos 
países ricos utilizaram de recursos ambientais, e temos como exemplo os Estados 
Unidos. 
 A Agenda 21 não é um tratado, não é uma norma jurídica, é uma norma 
política. Portanto, ao descumprir uma norma ali presente, não há uma sanção 
jurídica. É um documento que chamamos de soft law, pois não há imposição da 
norma; ela está ali presente para ser cumprida, mas caso contrário, não há 
sanção. 
 Por fim, essa Conferência formulou documentos específico como a 
Convenção sobre a Diversidade Biológica, a Convenção sobre Mudanças do 
Clima, e a Declaração de Princípios sobre o Uso das Florestas. 
 
 
Visões do Direito Ambiental: antropocentrismo vs. 
ecocentrismo 
 
Antropocentrismo clássico 
 O modelo do antropocentrismo clássico traz que o homem é o centro de 
qualquer coisa que existe, pois tudo gira em torno dele e é ele o eixo principal de 
um sistema. Ou seja, o ambiente encontra-se à disposição do homem. Esse 
modelo é baseado no especismo de Richard D. Ryde, que visa trazer outras 
espécies como inferiores ao homem. O conceito de especismo formulado por 
Ryde é o de um preconceito ou atitude tendenciosa que existe de alguém a favor 
dos interesses de membros de sua própria espécie de contra os de outra. 
 
 
6 
 
 
 
Anotações por Marília Mattos 
Direito Ambiental 
Ecocentrismo 
 O modelo do ecocentrismo parte da ideia de que o meio ambiente está 
no topo. Não há uma divisão de importância entre aquele que é humano e 
aquele que não é, pois nesse modelo o que prevalece é a harmonia. 
 O animalismo parte do estudo da relação jurídica entre animais humanos e 
não humanos, podendo se manifestar pelo âmbito do bem-estarismo ou do 
abolicionismo. 
 Bem-estarismo: criado por Peter Singer, o bem-estarismo prega que todos os 
seres devem ser considerados igualitariamente, devendo observar os 
interesses de todos. Deve haver um princípio igual consideração de 
interesse; 
 Abolicionismo: criado por Tom Regan, essa teoria traz que os animais não 
humanos devem ter direitos. Entretanto, esse conceito abarcaria somente 
aqueles animais sensíveis e autoconscientes (chamados de “sujeitos-de-
uma-vida”), para que estes optem entre o melhor e o pior para viver. 
A Constituição brasileira garante a defesa dos animais pelo Estado 
adotando políticas como a proibição de crueldade contra animais, por 
exemplo. 
 
Antropocentrismo Alargado 
 No antropocentrismo alargado, há a superação da limitação 
antropocêntrica para admitir a proteção da natureza pelo seu valor intrínseco. 
Mesmo assim, esse antropocentrismo não concede direitos à animais ou outros 
recursos ambientais, mas sim a imposição de deveres aos humanos para a 
proteção dos animais não-humanos. O antropocentrismo alargado consegue, 
então, um equilíbrio entre o antropocentrismo e o ecocentrismo. 
Previsões legais: 
 Convenção Europeia para Conservação da Fauna e Habitat Naturais (1979); 
 Carta Mundial da Natureza (1982); 
 Convenção da Biodiversidade (1992); 
 Constituições da Bolívia e do Equador; 
 
 
Tutela jurídica dos animais não-humanos no Brasil 
 
Lei seca 
 Elevação da proteção animal ao status constitucional; 
Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de 
uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao poder 
público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e 
futuras gerações. 
 § 1º Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao poder público: 
 
 
7 
 
 
 
Anotações por Marília Mattos 
Direito Ambiental 
 VII - proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas que 
coloquem em risco sua função ecológica, provoquem a extinção de espécies ou 
submetam os animais a crueldade. 
 
 
 Proteção contra a prática de crueldade; 
 
 Art. 32 da Lei 9605/98 (Lei de Crimes Ambientais); 
Art. 32. Praticar ato de abuso, maus-tratos, ferir ou mutilar animais silvestres, 
domésticos ou domesticados, nativos ou exóticos: 
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa. 
§ 1º Incorre nas mesmas penas quem realiza experiência dolorosa ou cruel em 
animal vivo, ainda que para fins didáticos ou científicos, quando existirem recursos 
alternativos. 
§ 2º A pena é aumentada de um sexto a um terço, se ocorre morte do animal. 
 
Jurisprudência 
Vaquejada;  Caso da “Farra do Boi” (RE 153.531-8/SC) – 1997  Proibição de 
festejo; 
Caso da “objeção de consciência” (AO 2007.71.00.019882-0/RS)  Não obrigação 
de aluno participar de aula com vivissecção; 
 
 
 
Propedêuticas sobre Direito Ambiental 
 É a ciência jurídica que estuda, analisa e discute as questões e os 
problemas ambientais e a sua relação com o ser humano, tendo por finalidade a 
proteção do meio ambiente e a melhoria das condições de vida no planeta 
(conceito de Luís Paulo Sirvinskas). As esferas de atuação são a esfera preventiva 
(administrativa), a esfera reparatória (cível) e a esfera repressiva (penal). 
 
Classificação jurídico-constitucional do meio ambiente 
 Em termos constitucionais, a Constituição fala de vários meios ambientes. O 
meio ambiente natural, o meio ambiente artificial, o meio ambiente cultural e o 
meio ambiente de trabalho. 
 
Meio ambiente natural 
 O meio ambiente natural é aquele que chamamos comumente de 
natureza. É o meio ambiente físico, os recursos hídricos, o subsolo, a atmosfera, a 
flora, a fauna, dentre outros. É tudo o que flutua no nosso imaginário como 
natureza. 
 Esse meio ambiente está protegido na Constituição pelo artigo 225 da 
Constituição Federal, e é o meio ambiente no qual o estudo do Direito Ambiental 
é focado. 
 
 
8 
 
 
 
Anotações por Marília Mattos 
Direito AmbientalMeio ambiente artificial 
 Esse meio ambiente é o meio ambiente urbano. É o meio ambiente ligado 
inteiramente às criações artificiais que o homem impôs ao seu redor, ou seja, é o 
meio ambiente transformado pelo homem, diretamente vinculado às cidades. 
 O Direito que atua sob o meio ambiente artificial é o direito urbanístico, 
com previsão constitucional no art. 5º XXIII, art. 21 XX, art. 182 e art. 225. Apesar de 
o Direito Ambiental não regular esse meio, pode haver hipóteses em que ele 
incide sob esse meio. 
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, 
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade 
do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos 
termos seguintes: 
 XXIII - a propriedade atenderá a sua função social; 
 
Art. 21. Compete à União: 
XX - instituir diretrizes para o desenvolvimento urbano, inclusive habitação, 
saneamento básico e transportes urbanos; 
 
Art. 182. A política de desenvolvimento urbano, executada pelo Poder Público 
municipal, conforme diretrizes gerais fixadas em lei, tem por objetivo ordenar o 
pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade e garantir o bem-estar de 
seus habitantes. 
 
Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de 
uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder 
Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e 
futuras gerações. 
 
Meio Ambiente Cultural 
 É o meio ambiente que lida com a proteção do patrimônio cultural 
brasileiro. Basicamente, quem protege e lida com esse meio ambiente é o Direito 
Administrativo. Está previsto no art. 216 da Constituição Federal. 
 Patrimônio cultural: traduz a história de um povo, a sua formação, cultura e, 
portanto, os próprios elementos identificadores de sua cidadania; 
Art. 216. Constituem patrimônio cultural brasileiro os bens de natureza material e 
imaterial, tomados individualmente ou em conjunto, portadores de referência à 
identidade, à ação, à memória dos diferentes grupos formadores da sociedade 
brasileira, nos quais se incluem: 
 I - as formas de expressão; 
 II - os modos de criar, fazer e viver; 
 III - as criações científicas, artísticas e tecnológicas; 
 IV - as obras, objetos, documentos, edificações e demais espaços destinados 
às manifestações artístico-culturais; 
 V - os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, paisagístico, artístico, 
arqueológico, paleontológico, ecológico e científico. 
 
 
 
9 
 
 
 
Anotações por Marília Mattos 
Direito Ambiental 
Meio Ambiente do Trabalho 
 O trabalho é o local onde as pessoas desempenham suas atividades 
laborais relacionadas à saúde, sejam remuneradas ou não. Esse meio ambiente é 
regulado principalmente pelo Direito do Trabalho. 
 Esse equilíbrio está baseado na salubridade do meio e na ausência de 
agentes que comprometam a incolumidade físico-psíquica dos trabalhadores. 
Existem, por exemplo, adicionais de insalubridade que os indivíduos recebem 
quando são expostos a atividades que comprometam a sua saúde e bem-estar. 
 O tratamento constitucional desse meio está previsto no art. 7 XXIII e no art. 
200, VIII. 
 Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à 
melhoria de sua condição social: 
XXIII - adicional de remuneração para as atividades penosas, insalubres ou 
perigosas, na forma da lei; 
 
Art. 200. Ao sistema único de saúde compete, além de outras atribuições, nos 
termos da lei: 
VIII - colaborar na proteção do meio ambiente, nele compreendido o do trabalho. 
 
 
 
Princípios do Direito Ambiental 
 
Princípio do Desenvolvimento Sustentável 
 Durante a Conferência Mundial do Meio Ambiente em Estocolmo (1972), 
surgiu a oportunidade das presentes e futuras gerações gozarem do Ambiente 
sadio e equilibrado. Houve também a manutenção das bases vitais de produção 
e reprodução do homem e de suas atividades. Nesse princípio, encontram-se os 
pilares da economia e da preservação do ambiente. Retomamos, então, ao 
conceito de desenvolvimento sustentável formulada na Conferência de 
Estocolmo sobre o Meio Ambiente. 
 Por muitos, esse princípio não é visto exatamente como um princípio. Isso 
porque ele não se conflita com nenhum outro, não se sustentando, portanto, 
como principiológico na visão de Dworkin e Hart. 
Esse princípio está previsto na CF no art. 225 caput e no art. 170 VI. 
Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de 
uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder 
Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e 
futuras gerações. 
 
Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na 
livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames 
da justiça social, observados os seguintes princípios: 
 
 
10 
 
 
 
Anotações por Marília Mattos 
Direito Ambiental 
VI - defesa do meio ambiente, inclusive mediante tratamento diferenciado 
conforme o impacto ambiental dos produtos e serviços e de seus processos de 
elaboração e prestação; 
 
 No Princípio do Desenvolvimento Sustentável, temos a dimensão social, a 
econômica e a ambiental. A dimensão social seria uma repartição mais justa das 
riquezas (justiça social), a universalização do acesso à educação e saúde, e a 
equidade entre sexos, grupos étnicos e religiosos. A dimensão econômica, por sua 
vez, seria a criação de riqueza a partir da eficiência do uso de energia e dos 
recursos naturais, as mudanças nos padrões de consumo, e a redução do 
desperdício. Por fim, a dimensão ambiental seria a utilização parcimoniosa dos 
recursos naturais e a preservação do meio ambiente natural. 
 
Princípio da Capacidade do Suporte 
 Também chamado de Princípio do Limite, a lógica desse princípio é que 
alguém deve ser responsável por estabelecer os padrões de qualidade ambiental 
no Brasil. 
 No Estado brasileiro, quem deve estabelecer os padrões de qualidade 
ambiental é a Administração Pública, conforme art. 225 §3º. 
Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de 
uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder 
Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá- lo para as presentes e 
futuras gerações. 
§ 1º Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público: 
I - preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais e prover o manejo 
ecológico das espécies e ecossistemas; (Regulamento) 
II - preservar a diversidade e a integridade do patrimônio genético do País e 
fiscalizar as entidades dedicadas à pesquisa e manipulação de material 
genético; (Regulamento) (Regulamento) (Regulamento) (Regulamento) 
III - definir, em todas as unidades da Federação, espaços territoriais e seus 
componentes a serem especialmente protegidos, sendo a alteração e a supressão 
permitidas somente através de lei, vedada qualquer utilização que comprometa a 
integridade dos atributos que justifiquem sua proteção; (Regulamento) 
IV - exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade potencialmente 
causadora de significativa degradação do meio ambiente, estudo prévio de 
impacto ambiental, a que se dará publicidade; (Regulamento) 
V - controlar a produção, a comercialização e o emprego de técnicas, métodos e 
substâncias que comportem risco para a vida, a qualidade de vida e o meio 
ambiente; (Regulamento) 
VI - promover a educação ambientalem todos os níveis de ensino e a 
conscientização pública para a preservação do meio ambiente; 
VII - proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas que coloquem 
em risco sua função ecológica, provoquem a extinção de espécies ou submetam 
os animais a crueldade 
 
 
 
 
11 
 
 
 
Anotações por Marília Mattos 
Direito Ambiental 
Princípio do Poluidor-Pagador (PPP) 
 O Princípio do Poluidor Pagador se divide duas vertentes: a preventiva e a 
repressiva, e busca responder ao seguinte questionamento: “Poluir mediante 
pagamento?”. 
 A vertente preventiva visa prevenir que os danos ambientais ou a poluição 
não ocorra. Esse princípio atua nessa vertente ao evitar o dano ambiental, 
desestimulando aquela atividade ou setor econômico que é potencialmente 
poluidor, e evitando a privatização dos lucros e socialização das perdas. 
 A ideia de desestimular a atividade ou setor econômico que é 
potencialmente poluidor se satisfaz na ideia de inserir no valor dos produtos o 
dano ambiental que eles causam. Um exemplo de uma forma de desestimular 
esse comportamento é a inserção de tributos ambientais; se temos um marcador 
para quadro branco que polui pouco e tem poucos impactos negativos no meio 
ambiente, temos para essa marca tributos menores; por outro lado, se temos uma 
marca que polui muito e causa impactos negativos no meio ambiente, temos 
também tributos maiores. 
Portanto, visa-se utilizar o mecanismo do Estado como uma forma de 
desestimular a conduta contrária ao meio ambiente através da internalização dos 
custos ambientais nos produtos. 
 A vertente repressiva consiste no Princípio da Responsabilização. Esse 
princípio é fundamento para a aplicação de sanções pelo cometimento de atos 
antijurídicos, ou de obrigações de reparar os danos ambientais. Essa 
responsabilização ambiental ocorre nas esferas cível, administrativa e penal. No 
viés repressivo, a lógica é: “se você poluiu, você vai arcar com as consequências 
repressivas do seu ato de poluir”. 
 
Princípio do Usuário-Pagador 
 No Princípio do Usuário Pagador, o que está em jogo não é o dano 
ambiental ou a poluição, não está em jogo a responsabilização de um indivíduo 
por ter poluído. A lógica desse princípio é que se o indivíduo utiliza de um recurso 
ambiental, ele deve pagar por essa utilização. 
 O que está em pauta nesse princípio, então, é a compensação financeira 
à coletividade pela utilização de recursos naturais. Está previsto no art. 4º da Lei de 
Política Nacional do Meio Ambiente. 
Lei nº 6.938 de 31 de Agosto de 1981 
Dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, seus fins e mecanismos de 
formulação e aplicação, e dá outras providências. 
Art 4º - A Política Nacional do Meio Ambiente visará: 
VII - à imposição, ao poluidor e ao predador, da obrigação de recuperar e/ou 
indenizar os danos causados e, ao usuário, da contribuição pela utilização de 
recursos ambientais com fins econômicos. 
 
 
 
12 
 
 
 
Anotações por Marília Mattos 
Direito Ambiental 
Princípio da Prevenção 
 A lógica da prevenção é que “é melhor prevenir que remediar”. Ou seja, 
esse princípio é diretriz para a restrição de uma atividade diante da evidencia de 
prejuízo ou risco ambiental concreto e certo. Há certeza da ocorrência do dano, é 
o que chamamos de risco in concreto, pois as evidências cientificas e dados são 
claros em relação a esse problema. 
 Exemplo: Diogo recebe um pedido de licenciamento para construção de 
um resort na Ilha de Fernando de Noronha, com cinco torres e enorme área a ser 
desmatada. Diogo sabe que essa construção não vai dar certo. Os riscos 
ambientais de superpopulação, de armazenamento de lixo, de poluição, dentre 
outros, são tão claros que já temos a certeza da ocorrência do dano, portanto 
esse risco deve ser prevenido. 
 
Princípio da Precaução 
 O princípio da precaução consiste na preocupação de evitar qualquer 
risco de dano ao ambiente (in dubio pro ambiente). 
 A inversão do ônus da prova consiste na ideia de que aquele a quem se 
imputa o dano ambiental (efetivo ou potencial) é quem deve suportar o ônus de 
provar que sua atividade não traz risco. 
Exemplo: se a empresa ABC é acusada de causar danos ao meio 
ambiente, ela deve provar que não causa esses danos para se livrar da 
acusação, ainda que esse risco e danos sejam incertos. O ônus da prova é de 
quem imputa o dano ambiental, e não de quem acusa. 
Os pressupostos desse princípio se pautam na possibilidade de que 
condutas humanas causem danos coletivos vinculados a situações catastróficas 
que podem afetar o macrobem ambiental. Outro pressuposto é o art. 1º caput da 
Lei de Biossegurança, que em suma trata da falta de evidencia cientifica 
(incerteza) a respeito da existência do dano temido. 
Art. 1o Esta Lei estabelece normas de segurança e mecanismos de fiscalização 
sobre a construção, o cultivo, a produção, a manipulação, o transporte, a 
transferência, a importação, a exportação, o armazenamento, a pesquisa, a 
comercialização, o consumo, a liberação no meio ambiente e o descarte de 
organismos geneticamente modificados - OGM e seus derivados, tendo como 
diretrizes o estímulo ao avanço científico na área de biossegurança e 
biotecnologia, a proteção à vida e à saúde humana, animal e vegetal, e a 
observância do princípio da precaução para a proteção do meio ambiente. 
 
Princípio da Participação 
 Também chamado de Princípio Democrático, esse princípio tem dois 
sentidos: o direito de participar no processo de tomada de decisões políticas 
ambientais e o dever e atuação da coletividade na proteção e preservação do 
meio ambiente; 
 
 
13 
 
 
 
Anotações por Marília Mattos 
Direito Ambiental 
 Existem medidas administrativas fundadas nesse princípio, as quais 
correspondem, por exemplo, ao direito de informação e ao direito de petição, e 
ambos têm previsão constitucional no art. 5º, incisos XXXIII e XXIV. 
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, 
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade 
do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos 
termos seguintes: 
XXIV - a lei estabelecerá o procedimento para desapropriação por necessidade 
ou utilidade pública, ou por interesse social, mediante justa e prévia indenização 
em dinheiro, ressalvados os casos previstos nesta Constituição; 
XXXIII - todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações de seu 
interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo 
da lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja 
imprescindível à segurança da sociedade e do Estado; 
 
Princípio da Informação Ambiental 
 Esse princípio consiste no direito à informação, e tem previsão 
constitucional no art. 5º inc. XIV; 
 XIV - é assegurado a todos o acesso à informação e resguardado o sigilo da fonte, 
quando necessário ao exercício profissional; 
 Temos como instrumentos destinados a difundir a informação ambiental; 
1. R.I.M.A 
2. “Selo ruído” contra a poluição sonora; 
3. Relatório de qualidade ambiental; 
4. Publicação do pedido de licenciamento ambiental; 
 
 
Princípio da Educação Ambiental 
 Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, 
bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se 
ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá- lo para as 
presentes e futuras gerações. 
§ 1º Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público: 
VI - promover a educação ambientalem todos os níveis de ensino e a 
conscientização pública para a preservação do meio ambiente; 
Esse princípio rege a educação ambiental como um instrumento para a 
conscientização pública sobre a proteção ambiental. 
Existe a Lei Ambiental (Lei 9.795/99), que define o que é a educação 
ambiental formal e a educação ambiental informal. A educação ambiental formal 
consiste naquela que é desenvolvida no âmbito dos currículos das instituições de 
ensino público e privado. A educação ambiental informal, por sua vez, não está 
vinculada aos currículos escolares. 
 
Princípio da Integração 
 Também chamado de Princípio da Ubiquidade, esse princípio consiste na 
obrigatoriedade de integração das exigências ambientais na definição e 
 
 
14 
 
 
 
Anotações por Marília Mattos 
Direito Ambiental 
aplicação das políticas públicas. Não há como se pensar em meio ambiente de 
modo restrito ou compartimentalizado. 
 Afirmamos, então, a necessidade de políticas públicas transversais. Dentro 
elas, temos a Avaliação Ambiental Estratégica (AAE) como instrumento de 
integração, entretanto não há previsão legal no Brasil. 
 
Princípio da Proibição do Retrocesso Ambiental 
 Esse princípio compreende que as garantias de proteção ambiental, uma 
vez conquistadas não podem retroceder, independente de medidas legislativas e 
executivas. 
 O objetivo desse princípio é preservar o bloco normativo (constitucional e 
infraconstitucional) já consolidado no ordenamento jurídico, impedindo ou 
assegurando o controle de atos que venham provocar a sua supressão ou 
restrição dos níveis de efetividade vigentes dos direitos fundamentais. 
 
 
Ordem Constitucional do Meio Ambiente 
 O tratamento na Constituição Federal de 1988 se dá expressamente, pelos 
artigos seguintes: art. 5º LXXIII, art. 23 VI, art. 24 VI e VII, art. 129 III, art. 170 VI, art. 
182, art. 200 VIII, e art. 225. 
 
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, 
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade 
do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos 
termos seguintes: 
LXXIII - qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que vise a 
anular ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe, 
à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, 
ficando o autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do ônus da 
sucumbência; 
 
Art. 23. É competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos 
Municípios: 
VI - proteger o meio ambiente e combater a poluição em qualquer de suas 
formas; 
 
 
Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar 
concorrentemente sobre: 
VI - florestas, caça, pesca, fauna, conservação da natureza, defesa do solo e dos 
recursos naturais, proteção do meio ambiente e controle da poluição; 
 VII - proteção ao patrimônio histórico, cultural, artístico, turístico e paisagístico; 
 
Art. 129. São funções institucionais do Ministério Público: 
 
 
15 
 
 
 
Anotações por Marília Mattos 
Direito Ambiental 
III - promover o inquérito civil e a ação civil pública, para a proteção do patrimônio 
público e social, do meio ambiente e de outros interesses difusos e coletivos; 
 
Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na 
livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames 
da justiça social, observados os seguintes princípios: 
VI - defesa do meio ambiente, inclusive mediante tratamento diferenciado 
conforme o impacto ambiental dos produtos e serviços e de seus processos de 
elaboração e prestação; 
 
Art. 182. A política de desenvolvimento urbano, executada pelo Poder Público 
municipal, conforme diretrizes gerais fixadas em lei, tem por objetivo ordenar o 
pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade e garantir o bem- estar de 
seus habitantes. (Regulamento) (Vide Lei nº 13.311, de 11 de julho de 2016) 
 
Art. 200. Ao sistema único de saúde compete, além de outras atribuições, nos 
termos da lei: 
VIII - colaborar na proteção do meio ambiente, nele compreendido o do trabalho. 
 
 Dentre eles, temos o artigo 225, que é o mais voltado para a nossa 
interpretação. 
Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de 
uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao poder 
público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e 
futuras gerações. 
 § 1º Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao poder público: 
 I - preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais e prover o manejo 
ecológico das espécies e ecossistemas; 
 II - preservar a diversidade e a integridade do patrimônio genético do País e 
fiscalizar as entidades dedicadas à pesquisa e manipulação de material genético; 
Comentário: ver a Lei 11.105/05, que é a Lei da Biossegurança; 
 III - definir, em todas as unidades da Federação, espaços territoriais e seus 
componentes a serem especialmente protegidos, sendo a alteração e a supressão 
permitidas somente através de lei, vedada qualquer utilização que comprometa a 
integridade dos atributos que justifiquem sua proteção; 
 IV - exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade 
potencialmente causadora de significativa degradação do meio ambiente, estudo 
prévio de impacto ambiental, a que se dará publicidade; 
Comentário: é de papel importante no licenciamento ambiental, pois é um estudo 
ambiental mais complexo para atividades com significativo impacto ambiental; 
 V - controlar a produção, a comercialização e o emprego de técnicas, 
métodos e substâncias que comportem risco para a vida, a qualidade de vida e o 
meio ambiente; 
Comentário: temos como exemplos os defensivos agrícolas, os pesticidas, e os 
adubos químicos; 
 VI - promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a 
conscientização pública para a preservação do meio ambiente; 
Comentário: educação ambiental como “meio” para se chegar ao “fim”; modo de 
conscientização pública sobre o Meio Ambiente; 
 
 
16 
 
 
 
Anotações por Marília Mattos 
Direito Ambiental 
 VII - proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas que 
coloquem em risco sua função ecológica, provoquem a extinção de espécies ou 
submetam os animais a crueldade. 
 
 § 2º Aquele que explorar recursos minerais fica obrigado a recuperar o meio 
ambiente degradado, de acordo com solução técnica exigida pelo órgão público 
competente, na forma da lei. 
Comentários: o parágrafo 2º traz o reconhecimento da atividade de mineração no 
Brasil na defesa do ambiente, diz que essa atividade deve estar fundamentada no 
meio ambiente, e diz que todo aquele que exercer essa atividade será obrigado a 
recuperar o ambiente de acordo com a determinação do órgão público 
competente. Portanto, ao mesmo tempo em que existe uma outorga para explorar 
recurso mineral, o indivíduo deve recuperar o ambiente em que está trabalhando. 
A recuperação do ambiente é a restituição do ecossistema degradado a uma 
condição não degradável, que pode ser igual ou diferente da sua composição 
original. A restauração do meio ambiente, por sua vez, é um aspecto muito 
diferente, pois consiste na restituição do ecossistema degradado o mais próximo 
possível da condição original. Atualmente, existe a necessidade de um plano de 
recuperação da área degradada (PRAD). 
 
 § 3º As condutas e atividadesconsideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os 
infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, 
independentemente da obrigação de reparar os danos causados. 
Comentários: esse parágrafo trata da tríplice responsabilização. A 
responsabilização se dá no âmbito cível, no âmbito penal e no âmbito 
administrativo. É uma das poucas possibilidades onde se pode responsabilizar uma 
pessoa jurídica por conta de uma atividade lesiva ao meio ambiente. Ainda, a 
mesma conduta pode ser triplamente responsabilizada, sem que isso corresponda 
a uma violação ao princípio do ne bis in idem (proibição de dupla punição), pois 
as responsabilizações não ocorrem na mesma esfera. 
 
 § 4º A Floresta Amazônica brasileira, a Mata Atlântica, a Serra do Mar, o Pantanal 
Mato-Grossense e a Zona Costeira são patrimônio nacional, e sua utilização far-se-
á, na forma da lei, dentro de condições que assegurem a preservação do meio 
ambiente, inclusive quanto ao uso dos recursos naturais. 
Comentários: o parágrafo 4º não converte em bem público as terras particulares 
existentes dentro desses Biomas; 
 
 § 5º São indisponíveis as terras devolutas ou arrecadadas pelos Estados, por ações 
discriminatórias, necessárias à proteção dos ecossistemas naturais. 
Comentários: as terras devolutas têm origem no direito agrário e são aquelas terras 
que pertencem ao Estado (União ou Estado Membro), mas não estão demarcadas. 
São aqueles espaços no território que não tem dono registrado, considerando-se, 
portanto, terras inalienáveis quando essas terras forem necessárias a proteção dos 
ecossistemas naturais. Essas terras têm origem na época das sesmarias, onde os 
portugueses deveriam vir colonizar a Terra. Entretanto, uns vieram e outros não, 
ficando essas terras sem dono. 
 
 § 6º As usinas que operem com reator nuclear deverão ter sua localização 
definida em lei federal, sem o que não poderão ser instaladas. 
Comentários: o Estado deve criar uma lei federal que discipline onde serão 
localizadas as usinas nucleares no Brasil. A lei não diz onde vai ser, mas traz as 
 
 
17 
 
 
 
Anotações por Marília Mattos 
Direito Ambiental 
condições mínimas do local para instalar uma usina nuclear. Atualmente, o estado 
que mais investiu nessas usinas foi o Rio de Janeiro. 
 
 § 7º Para fins do disposto na parte final do inciso VII do § 1º deste artigo, não se 
consideram cruéis as práticas desportivas que utilizem animais, desde que sejam 
manifestações culturais, conforme o § 1º do art. 215 desta Constituição Federal, 
registradas como bem de natureza imaterial integrante do patrimônio cultural 
brasileiro, devendo ser regulamentadas por lei específica que assegure o bem-estar 
dos animais envolvidos. 
Comentários: esse parágrafo dialoga com o texto constitucional do inciso VII do § 
1º que diz “proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma de lei, as práticas que 
coloquem em risco sua função ecológica, provoquem a extinção de espécies ou 
submetam os animais a crueldade”. Esse parágrafo foi criado pela Emenda 
Constitucional nº96 de 2017, e regulamenta tão somente o que seria crueldade em 
nível de práticas desportivas. Ainda, não há nenhuma manifestação cultural 
abarcada por esse artigo; essa manifestação deve ser registrada e reconhecida 
como um bem imaterial pertencente ao patrimônio cultural brasileiro. Além disso, 
essa prática desportiva deve ser regulamentada por uma lei específica que deve 
assegurar o bem-estar do animal. A única prática esportiva que se encaixa nos 
preceitos desse artigo é a vaquejada. Essa norma pode ser federal, tendo em vista 
que é uma competência concorrente, entretanto as normas também são de 
competência suplementar supletiva, ou seja, em ausência de norma federal em 
contrário, os Estados podem regularizar. 
 
 
 
Competências Constitucionais Ambientais 
 
 A competência comum corresponde a todos os entes que são dotados de 
autonomia, e dentro do Direito Ambiental destacam-se os seguintes incisos que 
abordam essa competência. São os incisos III, IV, VI, VII e XI do art. 23 da 
Constituição Federal. É a competência para proteger o meio ambiente, de 
combater a poluição em qualquer das suas formas, de preservar as florestas, a 
fauna e a flora, e de registrar, acompanhar e fiscalizar a concessão de direitos de 
pesquisa e exploração de Recursos Hídricos e Minerais em seus territórios. 
Art. 23. É competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos 
Municípios: 
III - proteger os documentos, as obras e outros bens de valor histórico, artístico e 
cultural, os monumentos, as paisagens naturais notáveis e os sítios arqueológicos; 
IV - impedir a evasão, a destruição e a descaracterização de obras de arte e de 
outros bens de valor histórico, artístico ou cultural; 
VI - proteger o meio ambiente e combater a poluição em qualquer de suas formas; 
 VII - preservar as florestas, a fauna e a flora 
 XI - registrar, acompanhar e fiscalizar as concessões de direitos de pesquisa e 
exploração de recursos hídricos e minerais em seus territórios; 
 Parágrafo único. Leis complementares fixarão normas para a cooperação entre a 
União e os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, tendo em vista o equilíbrio do 
desenvolvimento e do bem-estar em âmbito nacional. 
 
 
 
18 
 
 
 
Anotações por Marília Mattos 
Direito Ambiental 
 A competência concorrente, por sua vez, corresponde às competências 
especificamente focadas em Estado, União e DF. Corresponde aos incisos VI, VII, e 
VIII do art. 24 da Constituição Federal. É a competência que se refere às florestas, 
à caca, à pesca, à fauna, à conservação e defesa dos recursos naturais, à 
proteção do meio ambiente, ao controle da poluição, e à proteção do 
patrimônio histórico, cultural, artístico, turístico e paisagístico. 
Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar 
concorrentemente sobre: 
VI - florestas, caça, pesca, fauna, conservação da natureza, defesa do solo e dos 
recursos naturais, proteção do meio ambiente e controle da poluição; 
VII - proteção ao patrimônio histórico, cultural, artístico, turístico e paisagístico; 
VIII - responsabilidade por dano ao meio ambiente, ao consumidor, a bens e 
direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico; 
 
A competência privativa da União traz que cabe à União legislar sobre 
determinada matéria, contudo, pode delegá-la a outro ente, seja Estado ou 
Município. É a competência privativa para legislar sobre águas, energia, jazidas, 
minas e outros recursos naturais, e atividades nucleares. Está prevista no art. 22, 
incisos IV, XII, XIV e XXVI. 
Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre: 
 IV - águas, energia, informática, telecomunicações e radiodifusão; 
XII - jazidas, minas, outros recursos minerais e metalurgia; 
XIV - populações indígenas; 
XXVI - atividades nucleares de qualquer natureza; 
 
 Quanto aos municípios, eles podem legislar sobre meio ambiente, tendo 
em vista que o art. 30 da Constituição Federal, incisos I e II, confere aos municípios 
a competência suplementar. Ou seja, os municípios podem suplementar a lei 
estadual ou a lei federal no âmbito do seu interesse local. Então, tudo o que for de 
interesse local pode ser suplementado pelo município em questão de lei 
especifica. 
Art. 30. Compete aos Municípios: 
I - legislar sobre assuntos de interesse local; 
II - suplementar a legislação federal e a estadual no que couber; 
 
 
 
 
Política e Sistema Nacional do Meio Ambiente 
 A política ambiental consiste em movimentos articulados do Poder Público 
comvistas a estabelecer os mecanismos capazes de promover a utilização de 
recursos ambientais de forma mais eficiente possível. Temos políticas ambientais 
federais, estaduais e municipais. 
 
 
19 
 
 
 
Anotações por Marília Mattos 
Direito Ambiental 
 No art. 3º da PNMA (Política Nacional do Meio Ambiente), estão presentes 
os conceitos importantes a serem abordados no Direito Ambiental Brasileiro. 
Lei nº 6.938 de 31 de Agosto de 1981 
Dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, seus fins e mecanismos de 
formulação e aplicação, e dá outras providências. 
Art 3º - Para os fins previstos nesta Lei, entende-se por: 
I - meio ambiente, o conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem 
física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas 
formas; 
II - degradação da qualidade ambiental, a alteração adversa das características 
do meio ambiente; 
III - poluição, a degradação da qualidade ambiental resultante de atividades que 
direta ou indiretamente: 
a) prejudiquem a saúde, a segurança e o bem-estar da população; 
b) criem condições adversas às atividades sociais e econômicas; 
c) afetem desfavoravelmente a biota; 
d) afetem as condições estéticas ou sanitárias do meio ambiente; 
e) lancem matérias ou energia em desacordo com os padrões ambientais 
estabelecidos; 
IV - poluidor, a pessoa física ou jurídica, de direito público ou privado, responsável, 
direta ou indiretamente, por atividade causadora de degradação ambiental; 
V - recursos ambientais: a atmosfera, as águas interiores, superficiais e subterrâneas, 
os estuários, o mar territorial, o solo, o subsolo, os elementos da biosfera, a fauna e a 
flora. 
 Em suma, temos cinco conceitos presentes nesse artigo. O de meio 
ambiente (inciso I), degradação de qualidade ambiental (inciso II), poluição (inciso 
III), poluidor (inciso IV) e recursos ambientais (inciso V). 
 
 
Instrumentos da Política Nacional do Meio Ambiente (PNMA) 
 Os instrumentos da Política Nacional do Meio Ambiente estão previstos no 
art. 9º da Lei 6938/81. 
Art 9º - São instrumentos da Política Nacional do Meio Ambiente: 
I - o estabelecimento de padrões de qualidade ambiental; 
II - o zoneamento ambiental; (Regulamento) 
III - a avaliação de impactos ambientais; 
IV - o licenciamento e a revisão de atividades efetiva ou potencialmente 
poluidoras; 
V - os incentivos à produção e instalação de equipamentos e a criação ou 
absorção de tecnologia, voltados para a melhoria da qualidade ambiental; 
VI - a criação de espaços territoriais especialmente protegidos pelo Poder Público 
federal, estadual e municipal, tais como áreas de proteção ambiental, de 
relevante interesse ecológico e reservas extrativistas; 
VII - o sistema nacional de informações sobre o meio ambiente; 
VIII - o Cadastro Técnico Federal de Atividades e Instrumentos de Defesa 
Ambiental; 
 
 
20 
 
 
 
Anotações por Marília Mattos 
Direito Ambiental 
IX - as penalidades disciplinares ou compensatórias ao não cumprimento das 
medidas necessárias à preservação ou correção da degradação ambiental. 
X - a instituição do Relatório de Qualidade do Meio Ambiente, a ser divulgado 
anualmente pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais 
Renováveis - IBAMA; 
XI - a garantia da prestação de informações relativas ao Meio Ambiente, 
obrigando-se o Poder Público a produzí-las, quando inexistentes; 
XII - o Cadastro Técnico Federal de atividades potencialmente poluidoras e/ou 
utilizadoras dos recursos ambientais. 
XIII - instrumentos econômicos, como concessão florestal, servidão ambiental, 
seguro ambiental e outros. 
 
 Temos também outros instrumentos para efetivação da PNMA. São eles: os 
padrões de qualidade ambiental e o zoneamento ambiental. 
 Os padrões de qualidade ambiental são fixados pelo CONAMA (Conselho 
Nacional do Meio Ambiente), conforme estabelece o art. 8º inc. VI e VII da PNMA 
(Lei 6938/81). Esses padrões são importantes na medida em que fixa metas no 
licenciamento e planeja os empreendimentos de acordo com padrões técnicos. 
Lei nº 6.938 de 31 de Agosto de 1981 
Dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, seus fins e mecanismos de formulação e 
aplicação, e dá outras providências. 
Art. 8º Compete ao CONAMA: (Redação dada pela Lei nº 8.028, de 1990) 
VI - estabelecer, privativamente, normas e padrões nacionais de controle da 
poluição por veículos automotores, aeronaves e embarcações, mediante 
audiência dos Ministérios competentes; 
VII - estabelecer normas, critérios e padrões relativos ao controle e à manutenção 
da qualidade do meio ambiente com vistas ao uso racional dos recursos 
ambientais, principalmente os hídricos. 
 
 O Zoneamento Ambiental, por sua vez, equivale ao que chamamos 
também de zoneamento ecológico econômico. Esse zoneamento estabelece as 
diretrizes gerais, os objetivos e alguns aspectos que devem ser levados em 
consideração para fixação dezenas de proteção ambiental. Então, divide-se o 
território em parcelas nas quais se autoriza determinas atividades ou se interdita de 
forma total ou parcial. Vale ainda ressaltar que o zoneamento ambiental não 
substitui o PDDU (Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano). 
 
 O Sistema Nacional de Informações sobre Meio Ambiente consiste no 
Direito à Informação Ambiental. A Lei que confere acesso público aos dados e 
informações existentes nos órgãos e entidades do SISNAMA é a Lei Federal nº 
10.650/13. 
 
 O Cadastro Técnico Federal de Atividades e Instrumentos de Defesa 
Ambiental é um cadastro de registro obrigatório para entidades que desenvolvam 
 
 
21 
 
 
 
Anotações por Marília Mattos 
Direito Ambiental 
atividades consideradas por lei como potencialmente poluidoras, utilizadoras de 
recursos ambientais ou que realizem atividades de defesa ambiental. 
 
 A Servidão Ambiental está prevista no art. 9º-A da Política Nacional do Meio 
Ambiente (PNMA). A servidão ambiental se dá quando o proprietário rural 
voluntariamente renuncia, em caráter permanente ou temporário, total ou 
parcialmente, o direito de uso, exploração ou supressão de recursos naturais 
existentes em sua propriedade. Para isso, há a necessidade de averbação no 
cartório de registro de imóveis, e não pode ser instituída em Área de Preservação 
Permanente (APP) ou Reserva Legal. 
Art. 9o-A. O proprietário ou possuidor de imóvel, pessoa natural ou jurídica, pode, 
por instrumento público ou particular ou por termo administrativo firmado perante 
órgão integrante do Sisnama, limitar o uso de toda a sua propriedade ou de parte 
dela para preservar, conservar ou recuperar os recursos ambientais existentes, 
instituindo servidão ambiental 
§ 1o O instrumento ou termo de instituição da servidão ambiental deve incluir, no 
mínimo, os seguintes itens: 
I - memorial descritivo da área da servidão ambiental, contendo pelo menos um 
ponto de amarração georreferenciado; 
II - objeto da servidão ambiental; 
III - direitos e deveres do proprietário ou possuidor instituidor: 
IV - prazo durante o qual a área permanecerá como servidão 
ambiental. 
§ 2o A servidão ambiental não se aplica às Áreas de Preservação Permanente e à 
Reserva Legal mínima exigida. 
§ 3o A restrição ao uso ou à exploração da vegetação da área sob servidão 
ambiental deve ser, no mínimo, a mesma estabelecida para a Reserva Legal. 
§ 4o Devem ser objeto de averbação na matrícula do imóvel no registro de 
imóveis competente: 
I - o instrumento ou termo de instituição da servidão ambiental; 
II - o contrato de alienação, cessão ou transferência da servidãoambiental. 
§ 5o Na hipótese de compensação de Reserva Legal, a servidão ambiental deve 
ser averbada na matrícula de todos os imóveis envolvidos. 
§ 6o É vedada, durante o prazo de vigência da servidão ambiental, a alteração 
da destinação da área, nos casos de transmissão do imóvel a qualquer título, de 
desmembramento ou de retificação dos limites do imóvel. 
§ 7o As áreas que tenham sido instituídas na forma de servidão florestal, nos termos 
do art. 44-A da Lei no 4.771, de 15 de setembro de 1965, passam a ser 
consideradas, pelo efeito desta Lei, como de servidão ambiental. 
 
 
Por fim, temos a Concessão Florestal. Essa concessão se dá nos termos da 
Lei 11.284/06, e é a delegação onerosa do direito de praticar manejo florestal 
sustentável de Florestas Públicas. 
 
 
 
22 
 
 
 
Anotações por Marília Mattos 
Direito Ambiental 
 A TCFA é a Taxa de Controle e Fiscalização Ambiental, prevista no art. 17 
da PNMA. 
Art. 17-B. Fica instituída a Taxa de Controle e Fiscalização Ambiental – TCFA, cujo 
fato gerador é o exercício regular do poder de polícia conferido ao Instituto 
Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis – IBAMA para 
controle e fiscalização das atividades potencialmente poluidoras e utilizadoras de 
recursos naturais. 
Art. 17-C. É sujeito passivo da TCFA todo aquele que exerça as atividades 
constantes do Anexo VIII desta Lei. 
§ 1o O sujeito passivo da TCFA é obrigado a entregar até o dia 31 de março de 
cada ano relatório das atividades exercidas no ano anterior, cujo modelo será 
definido pelo IBAMA, para o fim de colaborar com os procedimentos de controle e 
fiscalização. 
§ 2o O descumprimento da providência determinada no § 1o sujeita o infrator a 
multa equivalente a vinte por cento da TCFA devida, sem prejuízo da exigência 
desta. 
Art. 17-F. São isentas do pagamento da TCFA as entidades públicas federais, 
distritais, estaduais e municipais, as entidades filantrópicas, aqueles que praticam 
agricultura de subsistência e as populações tradicionais. 
 
 
Sistema Nacional do Meio Ambiente – SISNAMA 
 A Lei 6938/81 criou um sistema integrado de ordem administrativa focados 
na proteção do sistema especifico do meio ambiente. É o conjunto de órgãos e 
instituições vinculadas ao Poder Executivo que são encarregados de 
 O SISNAMA possui no seu órgão superior o Conselho de Governo, no órgão 
central o Ministério do Meio Ambiente, no órgão consultivo e deliberativo o 
CONAMA (Conselho Nacional do Meio Ambiente), no órgão executor em nível 
federal temos o IBAMA e o ICMBIO, no órgão seccional temos os órgãos Estaduais 
em nível de Estado membro, e nos órgãos locais temos os órgãos municipais em 
nível municipal. 
Na Bahia, temos um órgão executor que se chama INEMA (Instituto 
Estadual do Meio Ambiente); e em Salvador temos um órgão chamado SEDUR. A 
junção e coordenação de todos esses órgãos trazem a ideia de como o sistema 
nacional de meio ambiente se organiza. 
 No Brasil, temos uma legislação que permite a cooperação entre esses 
órgãos. Fazendo uma analogia, uma das questões que mais são vistas no Brasil é a 
falta de cooperação e integração entre as polícias no combate ao tráfico. 
Pensando nisso e tendo isso como uma realidade, a Lei Complementar 140/11 (Lei 
do Meio Ambiente) foi criada como uma forma de permitir a cooperação entre os 
entes da federação em matéria de Direito Ambiental. 
 A Lei Complementar 140/11 visa proteger melhor o meio ambiente em 
conjunto com uma parceria e integração entre os Estados Membros. Os 
instrumentos de cooperação incluem os consórcios públicos, os convênios, 
 
 
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Anotações por Marília Mattos 
Direito Ambiental 
acordos de cooperação técnica, a criação de comissões tripartite nacional, 
tripartite estadual e bipartite do DF, fundos públicos e privados, e a delegação de 
atribuições e execução de um ente federativo a outro. 
 
Art. 4o Os entes federativos podem valer-se, entre outros, dos seguintes 
instrumentos de cooperação institucional: 
I - consórcios públicos, nos termos da legislação em vigor; 
II - convênios, acordos de cooperação técnica e outros instrumentos similares com 
órgãos e entidades do Poder Público, respeitado o art. 241 da Constituição 
Federal; 
III - Comissão Tripartite Nacional, Comissões Tripartites Estaduais e Comissão Bipartite 
do Distrito Federal; 
IV - fundos públicos e privados e outros instrumentos econômicos; 
V - delegação de atribuições de um ente federativo a outro, respeitados os 
requisitos previstos nesta Lei Complementar; 
VI - delegação da execução de ações administrativas de um ente federativo a 
outro, respeitados os requisitos previstos nesta Lei Complementar. 
Art. 5o O ente federativo poderá delegar, mediante convênio, a execução de 
ações administrativas a ele atribuídas nesta Lei Complementar, desde que o ente 
destinatário da delegação disponha de órgão ambiental capacitado a executar as 
ações administrativas a serem delegadas e de conselho de meio ambiente. 
 
O inciso V e VI são os incisos que serão estudados, tendo em vista que são 
aqueles que mais geram polêmica e problemas na aplicação prática. Esses incisos 
permitem que um ente repasse a outro ente federativo a realização de uma 
atribuição em seu nome. 
Exemplo: a matéria de portos e navios em regiões portuárias é de 
competência privativa da União, portanto, do IBAMA. O IBAMA, por vezes delega 
essa atividade aos Estados por meio de isenção de tributos ou algo do tipo. 
Entretanto, o que ocorre é que várias vezes não há compromisso e 
responsabilidade dos Estados no que tange a cumprir as tarefas que lhes foram 
delegadas. 
No art. 5º dessa mesma Lei que tratamos, estão enumerados os requisitos 
para a delegação da qual trata os incisos V e VI: dentre esses requisitos, temos 
que o ente que for receber a atribuição deve ter um órgão capacitado para 
realização daquelas atividades que lhes foram delegadas. O órgão capacitado 
seria aquele que possui seus técnicos próprios ou em consórcio, devidamente 
habilitados e em número compatível com a demanda das ações administrativas a 
serem delegadas. Outro requisito é que o ente que vai receber essa tarefa deve 
ter um Conselho do Meio Ambiente, que deve ser um Conselho de caráter 
deliberativo e participativo. 
Exemplo: a licença ambiental para atividade de mineração no Brasil é de 
competência do Estado Membro (no caso da Bahia, o INEMA). Vamos supor que 
o Estado da Bahia (INEMA) transferiu para o município de Ipiaú a competência 
para administrar o empreendimento do minério. Diogo ganhou a outorga para 
minerar no município de Ipiaú da Bahia; esse município tem um órgão ambiental 
que é composto pelo secretário, secretária do secretário e por técnicos 
ambientais (professora, açougueiro e advogado). Diogo, então, entrou com um 
 
 
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Anotações por Marília Mattos 
Direito Ambiental 
pedido de licença ambiental nessa mina respeitando esse acordo feito entre o 
INEMA e o município, porém teve a sua licença negada. A sua decisão 
administrativa decisória de licença ambiental foi negada também em recurso. O 
que acontece, nesse caso, é que o pedido de licença ambiental não pode ser 
analisado pelo corpo técnico em questão: o órgão técnico existe, mas não possui 
profissionais/técnicos habilitados para tal. As possibilidades de saída, nesse caso, 
seria recorrer na via administrativa (onde a decisão já foi negada), ou impetrar 
mandado de segurança pedindo a nulidade do ato pois houve uma violação ao 
direito líquido e certo de ter uma licença ambiental. O melhor remédio,então, 
seria uma ação anulatória culminada com uma ação declaratória de licença 
ambiental. Esse acordo, portanto, seria nulo, tendo em vista que no caso em 
questão o órgão ambiental não é competente. Tendo em vista todo o exposto, 
temos que sempre que tratamos de atividades delegadas, o primeiro passo é 
investigar a competência do município para aquele procedimento ambiental. 
 
União 
A União tem como órgãos consultivos o CONAMA, e como órgãos 
executivos o IBAMA e o ICMBIO (Instituto Chico Mendes da Biodiversidade). 
 
O CONAMA é um órgão consultivo e deliberativo. A ele, cabe assessorar e 
propor ao governo diretrizes políticas e governamentais para o meio ambiente. Na 
função consultiva, cabe ao CONAMA pura e simplesmente opinar. Na função 
deliberativa, o CONAMA decide no âmbito da sua competência sobre órgãos e 
padrões compatíveis com o meio ambiente. 
As deliberações do CONAMA são deliberações importantíssimas, pois são 
atos normativos, ou seja, atos administrativos de caráter geral e abstrato, com 
eficácia erga omnes. Os atos normativos do CONAMA são chamados de 
resoluções. Essas resoluções podem estabelecer normas e critérios para o 
licenciamento ambiental (Resolução 237), podem determinar e apreciar o 
EIA/RIMA (Resolução 0186), julgar recursos administrativos (Resoluções de 
Julgamento) e/ou determinar normas e padrões de qualidade ambiental. É 
fundamental entender o alcance e a possibilidade que o CONAMA tem para a 
União. 
A composição do CONAMA se dá por meio de uma união dos membros no 
plenário. Temos também, dentro do CONAMA, Câmaras Especiais Recursais, 
comitês, câmaras técnicas, grupos de trabalho e grupos assessoras. 
Uma das competências do CONAMA é que esse órgão é o órgão recursal 
do IBAMA. Sabemos que no Brasil uma lei pode tratar de apenas uma matéria, 
porém, temos a Lei 11.941/09 que originalmente trata da redução de alíquota, 
mas em um dos seus artigos revogou o artigo que trata da competência recursal 
do CONAMA. Discute-se, então, a (in) constitucionalidade dessa lei. Entretanto, 
mesmo com esse artigo revogada, a câmara de recursos do CONAMA continua 
trabalhando como se nada tivesse acontecido. 
 
O IBAMA é o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais 
Renováveis e é uma autarquia federal. O IBAMA possui um poder de polícia 
 
 
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Anotações por Marília Mattos 
Direito Ambiental 
ambiental e tem como atribuições executar ações das PNMA relativas a 
licenciamento ambiental, controlar a qualidade ambiental, autorizar o uso dos 
recursos naturais e fiscalização, monitorar e controlar o âmbito ambiental a partir 
de diretrizes do MMA, além de executar atribuições e ações relativas. Como o 
IBAMA estava sobrecarregado de atividades, foi criado o Instituto Chico Mendes 
de Conservação da Biodiversidade (ICMBIO), uma autarquia federal responsável 
por resolver uma atribuição que antes era do IBAMA, pois esse segundo órgão (o 
IBAMA) não mais dava conta da demanda que possuía. O ICMBIO, então, passou 
a ter como única e exclusivamente a atividade de exercer o poder de polícia sob 
unidades de conservação do âmbito federal. 
 
Estados-membros 
Os Estados-membros possuem, individualmente, seus próprios órgãos 
consultivos/consultores e executores. 
Na Bahia, o órgão consultivo é o CEPRAM e o órgão executor é o INEMA. 
O Sistema Estadual de Proteção Ambiental na Bahia tem como órgão 
central a Secretaria Estadual do Meio Ambiente (SEMA). Além disso, tem como 
órgão deliberativo e consultivo o CEPRAM (Conselho Estadual de Meio Ambiente) 
e o CONERG (Conselho Estadual de Recursos Hídricos). Por fim, tem como órgão 
executor o antigo CRA e o INEMA (Instituto de Meio Ambiente e Recursos Hídricos). 
 
Municípios 
Os municípios possuem, individualmente, sistemas municipais de proteção 
ao meio ambiente. Em Salvador, temos o COMAM (Conselho Municipal do Meio 
Ambiente) como órgão consultivo/consultor, e como órgão executor temos o 
SEDUR. 
 
Procedimento do Licenciamento Ambiental 
 O licenciamento ambiental é diferente da licença. O licenciamento 
ambiental é um procedimento administrativo, já a licença é o ato administrativo 
decorrente do procedimento do licenciamento. A lógica do licenciamento é 
prevenir; temos como fundamento para isso o Princípio da Precaução e o Princípio 
da Prevenção. É um ato de enorme carga de discricionariedade, de caráter 
definitivo e que pode gerar indenização ao particular em caso de cancelamento. 
O procedimento do Licenciamento Ambiental está previsto no art. 10, da 
Res. CONAMA 237/97. Esse artigo tem como atribuições previstas: 
 Definir os documentos, projetos e estudos necessários; 
o O termo de referência é o rol de documentos e estudos ambientais que 
o órgão deve apresentar; 
 Requerer a licença ambiental (princípio da publicidade); 
o Esse requerimento de licença se dá por certidão da prefeitura 
municipal e autorização para supressão de vegetação. É necessário 
também haver a sua publicização, seja em site ou em Diário Oficial; 
 Analisar os documentos, projetos e estudos; 
 
 
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Anotações por Marília Mattos 
Direito Ambiental 
o É um procedimento de diálogo, não há como deferir sem a 
participação do requerente; 
 Solicitar esclarecimentos e complementações; 
 Audiência pública; 
 Solicitar esclarecimentos e complementações sobre as audiências públicas; 
 Emitir os pareceres técnicos conclusivos (é o parecer que analistas técnicos 
ambientais dos órgãos avaliam os pros e os contras daqueles 
empreendimentos) e os pareceres jurídicos (analisa se foram seguidas todas as 
regras do presente artigo); 
 Deferir ou indeferir a solicitação, também seguindo o princípio da publicidade; 
 
A regra no Brasil é o procedimento trifásico, que veremos a seguir. 
Entretanto, pode-se criar procedimentos específicos de licença ambiental; por 
exemplo, podemos tratar a mineração como uma atividade que necessita de um 
procedimento específico para exercício. Esse procedimento específico para as 
licenças ambientais é de competência dos entes federativos, e a sua existência se 
dá pela necessidade de agilizar e simplificar os procedimentos ambientais. Para 
esses procedimentos específicos, deve-se observar o art. 12 do CONAMA 237/97. É 
necessário analisar a natureza, características e peculiaridades da atividade ou 
empreendimento; e compatibilizar o processo de licenciamento com as etapas 
de planejamento, implantação e operação. 
Como abordado anteriormente, temos que os licenciamentos ambientais 
no Brasil são trifásicos. Ou seja, passam por três fases (a licença prévia, a licença 
de instalação, e a licença de operação). Para cada uma dessas licenças, é 
necessário passar por todo o procedimento de licenciamento ambiental 
novamente. Entretanto, nem todos os processos de empreendimento necessitam 
passar por essas três etapas; a construção de um hotel, por exemplo, não causa 
tantos danos e impactos ambientais como a construção de uma ponte. 
Licença 
prévia 
•A licença prévia está prevista no art. 8º, inciso I do CONAMA 237/97. Uma vez que o 
agente consegue a licença prévia, o empreendedor tem a certeza de que o local e a 
concepção do projeto apresentado foram aprovados. Essa licenca, então, aprova a 
localização e a concepção do projeto. Essa licença tem validade de 5 (cinco) anos. Esse 
prazo equivale à possibilidade e ao prazo para solicitar a segunda licença, que é a 
licença de instalação.
Licença de 
instalação
•Uma vez que a licença de instalação é concedida ao empreendedor, ele pode construir 
aquilo que foi autorizado previamente. A instalação deve estar de acordo com as 
especificaçõesconstantes dos planos, programas e projetos aprovados, incluindo as 
medidas de controle ambiental e as demais condicionantes. Essa licença tem validade de 
6 (seis) anos. Isso quer dizer que em até seis anos a obra deve ser concluída. 
Licença de 
operação 
•Essa licença é a licença que autoriza a operação/funcionamento. É concedida quando o 
órgão autoriza a atividade daquele projeto/empreendimento ao verificar o efetivo 
cumprimento das licenças anteriores. A validade dessa licença é de 4 (quatro) a 10 (dez) 
anos. 
 
 
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Anotações por Marília Mattos 
Direito Ambiental 
 As renovações das licenças ambientais devem ser requeridas com 
antecedência mínima de 120 dias de expiração do prazo de validade fixado na 
respectiva licença. Caso a renovação seja feita no prazo correto e previsto em lei 
(art. 14º. §4º, da LC 140/11), a sua atividade é automaticamente prorrogada até a 
manifestação definitiva do órgão ambiental competente. Por outro lado, caso 
esse prazo não seja cumprido, o empreendimento deve imediatamente suspender 
o seu funcionamento. 
 
 
Prazos de análise para a concessão das Licenças Ambientais 
 No Brasil, não existe a licença ambiental tácita. O que existe aqui são 
prazos para a análise da licença ambiental. Entretanto, mesmo que esses prazos 
não sejam cumpridos, não ocorre uma concessão tácita. 
 O prazo para o poder público conceder ou não a licença ambiental é de 6 
(seis) meses a contar da data do requerimento. Se o órgão ambiental exigir que o 
empreendedor apresente junto ao requerimento um Estudo de Impacto Ambiental 
(EIA), o prazo sobe para 12 (doze) meses, tendo em vista que o procedimento é 
mais complexo. 
 O prazo fica suspenso em duas hipóteses. A primeira hipótese é durante a 
elaboração dos estudos ambientais. A segunda hipótese é na preparação de 
esclarecimentos pelo empreendedor. 
Ainda, não ocorre decurso de prazo sem a emissão da licença, pois 
configura-se a competência supletiva dos outros entes nas hipóteses previstas no 
art. 15 da LC 140/11, que estabelece competências para a fiscalização ambiental. 
A grosso modo, temos que a competência sempre será do ente “imediatamente 
superior”. Caso inexista órgão capacitado ou conselho de meio ambiente no 
município, é competência do Estado. Caso não exista no Estado, é competência 
da União. Caso não exista no DF, também é competência da União. 
Art. 15. Os entes federativos devem atuar em caráter supletivo nas ações 
administrativas de licenciamento e na autorização ambiental, nas seguintes 
hipóteses: 
I - inexistindo órgão ambiental capacitado ou conselho de meio ambiente no 
Estado ou no Distrito Federal, a União deve desempenhar as ações administrativas 
estaduais ou distritais até a sua criação; 
II - inexistindo órgão ambiental capacitado ou conselho de meio ambiente no 
Município, o Estado deve desempenhar as ações administrativas municipais até a 
sua criação; 
III - inexistindo órgão ambiental capacitado ou conselho de meio ambiente no 
Estado e no Município, a União deve desempenhar as ações administrativas até a 
sua criação em um daqueles entes federativos. 
 
 Se o requerente der causa à parada do processo por um ano, o processo 
será arquivado. Ou seja, a demora do atendimento das solicitações do órgão 
ambiental pelo requerente gera arquivamento do processo. 
 
 
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Anotações por Marília Mattos 
Direito Ambiental 
Modificação, suspensão e cancelamento da licença 
ambiental 
 A modificação, suspensão e cancelamento da licença ambiental se dá 
por hipóteses previstas no art. 19, CONAMA 237/97. 
I. A violação ou inadequação de quaisquer condicionantes ou normas legais 
gera cancelamento ou suspensão. 
a. Por exemplo, se Diogo recebe uma licença de instalação e violou uma 
condicionalmente da licença prévia, pode ter licença de instalação 
suspensa ou cancelada. 
II. A omissão ou falta descrição de informações relevantes que subsidiaram a 
expedição da licença gera cancelamento ou suspensão. 
a. Por exemplo, Diogo sabe que se disser que a construção daquele 
prédio vai matar espécies em extinção que vivem naquele subsolo, 
então ele omite essa informação do órgão competente para prosseguir 
com o seu empreendimento. 
III. A superveniência de graves riscos ambientais e de saúde gera 
cancelamento e modificação. 
a. Por exemplo, se no âmbito da superveniência ambiental descobrir-se 
um risco ambiental ou de saúde que não havia sido notado 
anteriormente, a licença pode ser cancelada ou modificada. 
 Ainda, no Brasil, há a possibilidade de indenização ou compensação 
financeira ao empreendedor nesses casos. Se o empreendedor violou ou omitiu 
uma informação (conforme as duas primeiras hipóteses), o agente não tem direito 
a nenhuma indenização, e muito pelo contrário, pois é como se fosse uma 
penalidade. Entretanto, na terceira hipótese, caso o órgão perceba a 
superveniência de graves riscos ambientais e de saúde, há a possibilidade de 
indenização ou de compensação financeira ao agente. 
 
Competência para o Licenciamento Ambiental 
 A competência para conceder uma licença ambiental é um assunto muito 
complexo. Cada ente federativo tem um raio de competência. Em tese, a 
Constituição deu a todos os entes da federação capacidade de exercitar o seu 
poder de polícia ambiental. 
 Os requisitos para os entes licenciarem estão previstos no art. 15, LC 140/11. 
É possuir conselhos de Meio Ambiente, através de lei, de caráter deliberativo e 
participativo. Na União, esse órgão é o CONAMA. Na Bahia, esse órgão é o 
CEPRAM. Em Salvador, esse órgão é o CONAM. Além disso, esses órgãos devem 
possuir quadros de profissionais legalmente habilitados. 
Art. 15. Os entes federativos devem atuar em caráter supletivo nas ações 
administrativas de licenciamento e na autorização ambiental, nas seguintes 
hipóteses: 
I - inexistindo órgão ambiental capacitado ou conselho de meio ambiente no 
Estado ou no Distrito Federal, a União deve desempenhar as ações administrativas 
estaduais ou distritais até a sua criação; 
 
 
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Anotações por Marília Mattos 
Direito Ambiental 
II - inexistindo órgão ambiental capacitado ou conselho de meio ambiente no 
Município, o Estado deve desempenhar as ações administrativas municipais até a 
sua criação; e 
III - inexistindo órgão ambiental capacitado ou conselho de meio ambiente no 
Estado e no Município, a União deve desempenhar as ações administrativas até a 
sua criação em um daqueles entes federativos. 
 
 No Brasil, não existe o licenciamento ambiental superposto. Isso quer dizer 
que os empreendimentos e atividades serão licenciados ou autorizados apenas 
por um único ente federativo. Os demais entes federativos interessados podem 
manifestar-se ao órgão responsável pela licença ou autorização, de maneira não 
vinculante, conforme art. 13 da LC 140/11. 
Art. 13. Os empreendimentos e atividades são licenciados ou autorizados, 
ambientalmente, por um único ente federativo, em conformidade com as 
atribuições estabelecidas nos termos desta Lei Complementar. 
§ 1o Os demais entes federativos interessados podem manifestar-se ao órgão 
responsável pela licença ou autorização, de maneira não vinculante, respeitados 
os prazos e procedimentos do licenciamento ambiental. 
§ 2o A supressão de vegetação decorrente de licenciamentos ambientais é 
autorizada pelo ente federativo licenciador. 
§ 3o Os valores alusivos às taxas de licenciamento ambiental e outros serviços afins 
devem guardar relação de proporcionalidade com o custo e a complexidade do 
serviço prestado pelo ente federativo. 
 Os critérios utilizados para distribuição

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