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UnisulVirtual Palhoça, 2015 Universidade do Sul de Santa Catarina Operações Avançadas da Teoria Contábil Créditos Universidade do Sul de Santa Catarina – Unisul Reitor Sebastião Salésio Herdt Vice-Reitor Mauri Luiz Heerdt Pró-Reitor de Ensino, de Pesquisa e de Extensão Mauri Luiz Heerdt Pró-Reitor de Desenvolvimento Institucional Luciano Rodrigues Marcelino Pró-Reitor de Operações e Serviços Acadêmicos Valter Alves Schmitz Neto Diretor do Campus Universitário de Tubarão Heitor Wensing Júnior Diretor do Campus Universitário da Grande Florianópolis Hércules Nunes de Araújo Diretor do Campus Universitário UnisulVirtual Fabiano Ceretta Campus Universitário UnisulVirtual Diretor Fabiano Ceretta Unidade de Articulação Acadêmica (UnA) – Ciências Sociais, Direito, Negócios e Serviços Amanda Pizzolo (coordenadora) Unidade de Articulação Acadêmica (UnA) – Educação, Humanidades e Artes Felipe Felisbino (coordenador) Unidade de Articulação Acadêmica (UnA) – Produção, Construção e Agroindústria Anelise Leal Vieira Cubas (coordenadora) Unidade de Articulação Acadêmica (UnA) – Saúde e Bem-estar Social Aureo dos Santos (coordenador) Gerente de Operações e Serviços Acadêmicos Moacir Heerdt Gerente de Ensino, Pesquisa e Extensão Roberto Iunskovski Gerente de Desenho, Desenvolvimento e Produção de Recursos Didáticos Márcia Loch Gerente de Prospecção Mercadológica Eliza Bianchini Dallanhol Livro didático UnisulVirtual Palhoça, 2015 Designer instrucional Lis Airê Fogolari Operações Avançadas da Teoria Contábil Graziane Rodrigues Cardoso Livro Didático Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca Universitária da Unisul Copyright © UnisulVirtual 2015 Professor conteudista Graziane Rodrigues Cardoso Designer instrucional Lis Airê Fogolari Projeto gráfico e capa Equipe UnisulVirtual Diagramador(a) Frederico Trilha Revisor(a) Contextuar Nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida por qualquer meio sem a prévia autorização desta instituição. 657 C26 Cardoso, Graziane Rodrigues Operações avançadas da teoria contábil : livro didático / Graziane Rodrigues Cardoso ; design instrucional Lis Airê Fogolari. – Palhoça : UnisulVirtual, 2015. 85 p. : il. ; 28 cm. Inclui bibliografia. 1. Contabilidade. I. Fogolari, Lis Airê. II. Título. Sumário Introdução | 7 Capítulo 1 Consolidação das demonstrações contábeis | 9 Capítulo 2 Conversão das demonstrações contábeis | 31 Capítulo 3 Reestruturação societária | 51 Capítulo 4 Aspectos societários e contábeis da reestruturação | 59 Considerações Finais | 81 Referências | 83 Sobre o Professor Conteudista | 85 Introdução Você está iniciando o estudo da Unidade de Aprendizagem de Operações Avançadas da Teoria Contábil. O objetivo é fortalecer e reforçar estudos teóricos já efetuados em disciplinas anteriores, de modo a consolidar diversos entendimentos e prepará-lo(a) para as disciplinas que irão ser estudadas. É através desta disciplina que iremos aprofundar os estudos da contabilidade, com operações mais avançadas, que proporcionará a você conhecer e identificar mais detalhadamente algumas operações. Também, vamos poder compreender com os estudos práticos os processos que, atualmente devido a constantes mudanças globais e aumento da competitividade entre as empresas, são de extrema necessidade para as empresas que necessitam continuar no mercado, trazendo para a nossa realidade, nos dias atuais. O cenário atual exige das empresas constantes mudanças e adaptações, e o profissional precisa estar sempre atualizado, os conteúdos que serão apresentados, nos proporcionará um conhecimento avançado de operações com o exterior e como as empresas podem se organizar para continuar neste mercado. Este livro didático apresenta uma linguagem clara e acessível, mas ao mesmo tempo trata de termos técnicos. Os assuntos são apresentados baseados na legislação vigente e aplicada a cada tema, assegurando-lhe aprendizado eficiente. Para obter o máximo de aproveitamento, você deverá participar de todas as atividades propostas no Ambiente Virtual de Aprendizado e realizar todas as atividades e os desafios previstos. Bons estudos e muito sucesso! Professor Graziane Rodrigues Cardoso 9 Seções de estudo Capítulo 1 Consolidação das demonstrações contábeis Seção 1: Noções preliminares de consolidação Seção 2: Técnicas de consolidação Seção 3: Eliminações na consolidação Seção 4: Defasagem nas datas dos balanços Seção 5: A consolidação como instrumento de informação gerencial 10 Capítulo 1 Introdução Neste capítulo, vamos realizar uma reflexão sobre as disposições gerais e as definições da consolidação das que serão aqui apresentadas. Vamos estabelecer conceitos, objetivos e procedimentos para a consolidação das demonstrações contábeis. Inicialmente, serão abordados os aspectos básicos pertinentes ao processo de consolidação das demonstrações, tais como sua definição, seus objetivos e o que alguns autores falam a respeito. Posteriormente, abordaremos as técnicas de consolidação trazendo o embasamento dos vários meios para se realizar a consolidação das demonstrações. Na sequência, conheceremos os ajustes e as eliminações necessárias para a realização dessas técnicas. Por fim, saberemos como elaborar uma demonstração consolidada. Seção 1 Noções preliminares de consolidação A consolidação das demonstrações pode ser entendida como a técnica de extinguir as operações realizadas entre os participantes do mesmo grupo empresarial, ou seja, empresas que possuem uma relação de investimento, para que esse grupo possa apresentar um demonstrativo unificado. Um dos objetivos da consolidação é apresentar as demonstrações de um grupo de empresas, representado como uma única entidade. Também tem como finalidade mostrar aos interessados, por meio das informações contábeis, os resultados das operações e a posição contábil financeira da entidade controladora e suas controladas, como se o grupo fosse uma única empresa que tivesse uma ou mais filiais ou divisões. O resultado dessas técnicas é a apresentação de demonstrações consolidadas, que serão um complemento e não uma substituição das demonstrações individuais das empresas participantes do mesmo grupo, e traz, como principal objetivo, a fidedignidade a respeito da situação das empresas pelos resultados das operações, das alterações no capital próprio e dos fluxos de caixa do conjunto formado por essas empresas. Com efeito, pela consolidação obtém-se um só balanço e uma só demonstração de resultados do conjunto das empresas do mesmo grupo, como se representasse ser uma única empresa. 11 Operações Avançadas da Teoria Contábil Essa modalidade de demonstrativo torna-se indispensável principalmente pelo aumento cada vez maior da necessidade das empresas de buscar capital por meio de investimentos e captação de recursos, junto aos mercados de ações. Acionistas e o público em geral teriam sua análise prejudicada pela real situação da empresa se as demonstrações não fossem consolidadas. Esse processo de consolidação permite o conhecimento da autêntica posição financeira da empresa controladora, das suas controladas e das sociedades independentes. Segundo as definições da Resolução CFC n. 1.134/08 “Consolidação das Demonstrações Contábeis: é o processo que ocorre pela soma ou agregação de saldos ou grupos de contas, excluídas as transações entre entidades incluídas na consolidação, formando uma unidade contábil consolidada”. O que a norma nos mostra é que as transações realizadas entre empresas pertencentes a um mesmo grupo econômico devem ser ajustadas, sendo então eliminadas para apresentação das demonstrações consolidadas. Essas eliminações e ajustes,veremos na sequencia desta unidade, restando, no demonstrativo consolidado, apenas os valores apurados em função de operações efetuadas com outras pessoas físicas, jurídicas ou governamentais que não pertencem ao mesmo grupo. O grande mérito da consolidação é distinguir as operações de um grupo, eliminando os efeitos das transações com valores e bens que representem operações de transferências destes de uma empresa para outra, sem representar qualquer acréscimo ao patrimônio do grupo. A Norma Brasileira de Contabilidade, por meio da RESOLUÇÃO CFC nº 937/02, apresenta algumas demonstrações contábeis que devem ser consolidadas, de acordo com a NBC T 8 – Das demonstrações contábeis consolidadas: As demonstrações contábeis consolidadas compreendem o balanço patrimonial consolidado, a demonstração consolidada do resultado do exercício e a demonstração consolidada das origens e aplicações de recursos, complementados por notas explicativas e outros quadros analíticos necessários ao esclarecimento da situação patrimonial e dos resultados consolidados. Já o Comitê de Pronunciamentos Contábeis, por meio do Pronunciamento Técnico CPC 36 (R3), que trata das Demonstrações Consolidadas, fazendo correlação às Normas Internacionais de Contabilidade – IFRS 10 (IASB - BV 2012), relata que “Demonstrações consolidadas são as demonstrações 12 Capítulo 1 contábeis de grupo econômico, em que os ativos, passivos, patrimônio líquido, receitas, despesas e fluxos de caixa da controladora e de suas controladas são apresentados como se fossem uma única entidade econômica”. A consolidação das demonstrações contábeis é de suma importância. Mas, para entendermos o porquê de sua utilização, temos que definir quando ela deve ser realizada. Ainda, antes disso, cabe a indagação: A consolidação é obrigatória? Veja a seguir. CONDIÇÕES NECESSÁRIAS PARA A CONSOLIDAÇÃO 4. A primeira condição é a participação majoritária (acima de 50%) no capital votante da controlada. 5. A lei das sociedades por ações estabelece a obrigatoriedade da consolidação apenas para as companhias abertas e, mesmo assim, quando os investimentos nas controladas atingem ou excedem a 30% do patrimônio líquido da controladora. Consequentemente, poderá acontecer que a controladora detenha 99% na controlada e, ainda assim, o investimento não atinja 30% do capital da controladora. Nesse caso, embora a norma contábil aqui enunciada recomende a consolidação, a controladora estaria desobrigada pela lei de fazê-la. 6. No caso de haver grande número de controladas e coligadas consolidáveis, é possível que algumas das empresas, embora controladas pela companhia principal, sejam elas próprias controladoras de outras. Nesse caso, recomenda-se que, no nível dessas empresas controladas-controladoras, seja feita a consolidação com as suas controladas, pois isso tenderia a facilitar a consolidação final. 7. Havendo heterogeneidade de operações entre as empresas formadoras do mesmo grupo econômico, entendem alguns ser impraticável a consolidação. Entretanto, não se conseguiria dar um retrato global do grupo se dezenas de balanços heterogêneos fossem separadamente apresentados ao leitor. Para obter esse ‘retrato do corpo inteiro’ é necessário consolidar, recomendando- se que sejam fornecidos esclarecimentos sobre as controladas- consolidadas, a natureza de suas operações e, na medida do possível, elementos para tornar possível a identificação da procedência dos principais saldos. 8. Convém lembrar que, no caso específico das companhias abertas, a lei das sociedades por ações estabeleceu que a competência para autorizar, em casos especiais, a exclusão ou determinar a inclusão de sociedades na consolidação está com a Comissão de Valores Mobiliários. O Ibracon, todavia, é de opinião que a consolidação é indevida se inexistir o efetivo controle sobre a controlada, mesmo que temporariamente, como no caso de falência, intervenção, acordo entre acionistas etc. (Ibracon NPC n. XXI - NORMAS DE CONSOLIDAÇÃO, 1992) 13 Operações Avançadas da Teoria Contábil Diante do exposto, constata-se a importância da apresentação das demonstrações consolidadas, para que essa seja capaz de fornecer informações mais relevantes para os usuários, finalidade primordial da contabilidade, assim como a tentativa de impedir prováveis distorções e vícios no resultado das empresas analisadas. Sabemos que a consolidação das demonstrações trata-se de uma técnica para apresentar uma única demonstração consolidada entre empresas do mesmo grupo, vamos abordar a seguir as técnicas de consolidação. Seção 2 Técnicas de consolidação A consolidação tem a finalidade de elaborar as demonstrações de empresas pertencentes ao mesmo grupo, apresentando suas demonstrações consolidadas, como se de uma única sociedade tratasse. Não tendo por finalidade que as contas consolidadas substituam as contas individuais de cada demonstrativo, mas que sejam um complemento. Os principais métodos utilizados na preparação das demonstrações consolidadas estão relacionados a seguir, e o seu emprego está relacionado à sua função, natureza e importância nas participações: • o método de consolidação integral; • o método de consolidação proporcional; • o método de equivalência patrimonial. Conheceremos a seguir, como funcionam os três métodos de consolidação descritos e quais técnicas devemos utilizar para obter o melhor resultado na apresentação das demonstrações consolidadas. 2.1 Método de Consolidação Integral Esse método apresenta-se como a união das demonstrações contábeis das empresas do mesmo grupo, na demonstração da empresa principal, “empresa- mãe”, ou seja, a empresa que tem a maior participação no capital das outras empresas consolidáveis do mesmo grupo. É empregado especialmente em situações em que se verifique uma relação de comando sobre a sociedade a ser consolidada, em geral quando a empresa controladora participa com 50% ou mais do capital da empresa controlada. É reconhecido pela controladora pela soma do total de ativos e passivos e do resultado das controladas. 14 Capítulo 1 Consiste em agregar, em substituição às participações inscritas no balanço da empresa consolidadora, o conjunto de elementos dos ativos e passivos das sociedades participadas, após eventuais correções. Da mesma forma, a demonstração dos resultados incluirá, após correções, o total dos encargos e proveitos das sociedades participadas. A consolidação integral é o método mais representativo da consolidação, pois consiste em apresentar uma figura do patrimônio, da situação financeira e do resultado de um grupo de sociedades como se essas formassem uma só empresa. Verificamos que esse método é teoricamente a soma dos elementos do mesmo grupo contábil, apresentado nas demonstrações das empresas que possuem uma relação de controle e participações, resultando, assim, em uma única demonstração consolidada. 2.2 Método de Consolidação Proporcional O método de consolidação proporcional é a aplicação parcial do método da consolidação integral e se apresenta como a unificação das demonstrações da empresa consolidante, somente correspondente ao percentual que a ela tiver relação nas contas das demonstrações das empresas controladas consolidáveis. Esse método consiste em agregar, nas contas da sociedade participante, a proporção que representa das suas participações nos dados das contas de resultados e do balanço da sociedade consolidante, sempre posteriormente a eventuais correções, e eliminando as transações e contas mútuas. Diferente do método de consolidação integral, esse método é aplicado quando o controle de uma sociedade participada é dividido com outra empresa, que também tem participação. A investidora necessita fazer o reconhecimento somente da sua proporcionalidadeno balanço e no resultado da empresa investida. Essa técnica de consolidação apresenta, inicialmente, as mesmas etapas da técnica de consolidação integral, sendo que devem apenas ser adicionados os valores dos elementos das diversas contas correspondentes à proporção de capital investido pela empresa consolidante. Dos dois, este é o método menos utilizado porque se torna um pouco sem sentido fazer a soma de elementos de balanços ou de contas de resultados, por meio de frações, sendo que, na prática, alguns desses fatos ou contas não são divisíveis, ou ao fazer a proporcionaliade podem perder o seu significado geral. 15 Operações Avançadas da Teoria Contábil Em resumo, esse método consiste na consolidação do balanço e na demonstração de resultados da empresa consolidante, apenas da fração que proporcionar os demonstrativos das empresas consolidadas. Deve acontecer quando o controle de uma empresa investida é compartilhado com outra empresa. 2.3 Método de Equivalência Patrimonial Alguns autores consideram o método de equivalência patrimonial como um critério de valoração e não um método de consolidação, pois, basicamente, é um processo que substitui nas demonstrações contábeis da empresa participante. Conforme o guia publicado pelo Portal Contábil, define-se: A equivalência patrimonial é o método que consiste em atualizar o valor contábil do investimento ao valor equivalente à participação societária da sociedade investidora no patrimônio líquido da sociedade investida, e no reconhecimento dos seus efeitos na demonstração do resultado do exercício. Portanto, não abordaremos esse método como um método de consolidação, e sim como um método de avaliação de investimento; não apresentaremos suas técnicas, apenas apresentaremos os conceitos. O artigo 248 da Lei n. 6.404 define que: No balanço patrimonial da companhia, os investimentos em coligadas ou em controladas e em outras sociedades que façam parte de um mesmo grupo ou estejam sob controle comum serão avaliados pelo método da equivalência patrimonial, de acordo com as seguintes normas. (BRASIL, 2009). A equivalência patrimonial deve ser realizada para avaliar a evolução do investimento realizado pela empresa. 16 Capítulo 1 Seção 3 Eliminações na consolidação A consolidação das demonstrações é realizada principalmente por aquelas empresas que possuem investimentos e captam recursos por meio das bolsas de valores e que nos permitem conhecer a real situação de um grupo de empresas que atuem no mercado sob um controle comum. Para termos essa real situação, precisamos conhecer quais os ajustes a realizar para que possamos apresentar as demonstrações consolidadas. A NBC T 8 – Das Demonstrações Contábeis Consolidadas, em seu item: 8.2 - Procedimentos de Consolidação, apresenta a relação de valores a serem eliminados: 8.2.10 - Das demonstrações contábeis consolidadas são eliminados: a) os valores dos investimentos da controladora em cada controlada e o correspondente valor no patrimônio líquido da controlada; b) os saldos de quaisquer contas decorrentes de transações entre as entidades incluídas na consolidação; c) as parcelas dos resultados do exercício, do patrimônio líquido e do custo de ativos de qualquer natureza que corresponderem a resultados ainda não realizados de negócios entre as entidades, exceto quando representarem perdas permanentes. Na consolidação das demonstrações de um grupo de empresas, os principais ajustes e reclassificações são a: • eliminação dos débitos e créditos entre empresas contidas na consolidação; • eliminação dos acréscimos e diferimentos ativos e dos acréscimos e diferimentos passivos entre as mesmas empresas; • eliminação dos proveitos e ganhos e dos custos e perdas mútuos; • eliminação dos resultados internos, não realizados pelo grupo, incluídos em elementos patrimoniais. Conheça a seguir, o que a norma mais recente do Comitê de Pronunciamentos Contábeis estabelece sobre os procedimentos de consolidação: 17 Operações Avançadas da Teoria Contábil PRONUNCIAMENTO TÉCNICO CPC 36 (R3) Demonstrações Consolidadas Correlação às Normas Internacionais de Contabilidade – IFRS 10 (IASB - BV 2012) (...) B86. Demonstrações consolidadas devem: 1) combinar itens similares de ativos, passivos, patrimônio líquido, receitas, despesas e fluxos de caixa da controladora com os de suas controladas; 2) compensar (eliminar) o valor contábil do investimento da controladora em cada controlada e a parcela da controladora no patrimônio líquido de cada controlada (o Pronunciamento Técnico CPC 15 explica como contabilizar qualquer ágio correspondente); 3) eliminar integralmente ativos e passivos, patrimônio líquido, receitas, despesas e fluxos de caixa intragrupo relacionados a transações entre entidades do grupo (resultados decorrentes de transações intragrupo que sejam reconhecidos em ativos, tais como estoques e ativos fixos, são eliminados integralmente). Os prejuízos intragrupo podem indicar uma redução no valor recuperável de ativos, que exige o seu reconhecimento nas demonstrações consolidadas. O Pronunciamento Técnico CPC 32 – Tributos sobre o Lucro aplica-se a diferenças temporárias, que surgem da eliminação de lucros e prejuízos resultantes de transações intragrupo. A consolidação não é simplesmente a soma dos saldos de cada conta das diversas empresas. Há necessidade, também, de eliminar os saldos existentes ou transações realizadas entre as empresas do grupo. Os saldos de balanço devem ser controlados e destacados para facilitar a consolidação, devendo ser conciliados, comparando-se os saldos de uma empresa com os que acusam as outras empresas. De acordo com o artigo 250 da Lei n. 6.404/76, das demonstrações consolidadas serão excluídas: I - as participações de uma sociedade em outra; II - os saldos de quaisquer contas entre as sociedades; III - as parcelas dos resultados do exercício, dos lucros ou prejuízos acumulados e do custo de estoques ou do ativo permanente que corresponderem a resultados, ainda não realizados, de negócios entre as sociedades. Entendendo então os procedimentos que devem ser realizados para que as demonstrações possam apresentar uma situação econômica financeira de um grupo de empresa mais real possível. 18 Capítulo 1 Seção 4 Defasagem nas datas dos balanços As demonstrações contábeis individuais de cada empresa pertencentes ao mesmo grupo consolidável podem apresentar datas diferentes de encerramento. Entretanto, se a data de encerramento da demonstração da controladora não for a mesma que a data de encerramento da controlada, deve-se, então, elaborar demonstrações contábeis com fim específico de consolidação para que os períodos combinem com o da controladora. Temos algumas regulamentações que nos trazem prazo de defasagem. De acordo com a Lei das S.A. n. 6.404, nos casos em que a defasagem na data de encerramento das demonstrações seja de sessenta dias (60) ou mais, a Lei determina que a controlada elabore demonstrações extraordinárias na mesma data de encerramento da controladora ou no prazo estabelecido por ela de, no máximo, de 70 dias. A Instrução CVM 247/96, em seu art. 10, admite-se a utilização de demonstrações contábeis da coligada e controlada em um período máximo de defasagem de até 60 dias antes da data das demonstrações contábeis da investidora. O período de defasagem das demonstrações também deve ser idêntico entre controladora e controlada, só admitindo-se período diferente quando esse fato representar melhorias na qualidade das informações e que essa diferença seja evidenciada em nota explicativa. Agora vejamos o que o Pronunciamento Técnico CPC 36 (R3) nos relata sobre a defasagem nas datas das demonstrações: [...] Data das demonstrações contábeis B92. Asdemonstrações contábeis da controladora e de suas controladas utilizadas na elaboração das demonstrações consolidadas devem ter a mesma data-base. Quando o final do período das demonstrações contábeis da controladora for diferente do da controlada, a controlada deve elaborar, para fins de consolidação, informações contábeis adicionais de mesma data que as demonstrações contábeis da controladora para permitir que esta consolide as informações contábeis da controlada, a menos que seja impraticável fazê-lo. B93. Se for impraticável fazê-lo, a controladora deve consolidar as informações contábeis da controlada usando as demonstrações contábeis mais recentes da controlada, ajustadas para refletir os efeitos de transações ou eventos significativos 19 Operações Avançadas da Teoria Contábil ocorridos entre a data dessas demonstrações contábeis e a data das demonstrações consolidadas. Em qualquer caso, a diferença entre a data das demonstrações contábeis da controlada e a das demonstrações consolidadas não deve ser superior a dois meses, e a duração dos períodos das demonstrações contábeis e qualquer diferença entre as datas das demonstrações contábeis devem ser as mesmas de período para período. Seção 5 A consolidação como instrumento de informação gerencial Após todas as fundamentações e conceitos que tivemos até o momento, passaremos agora ao processo de elaboração da demonstração contábil consolidada. Nos procedimentos de consolidação o CFC estipulou a adoção das regras a seguir: A consolidação é o processo de agregar saldos de contas e/ ou de grupos de contas de mesma natureza, de eliminar saldos de transações e de participações entre entidades que formam a unidade de natureza econômico-contábil e de segregar as participações de não controladores, quando for o caso. A controladora deve consolidar as demonstrações contábeis de entidade controlada a partir da data em que assume seu controle, individual ou em conjunto. Os ajustes e as eliminações decorrentes do processo de consolidação devem ser realizados em documentos auxiliares, não originando nenhum tipo de lançamento na escrituração das entidades que formam a unidade de natureza econômico-contábil. Quando o controle for exercido de forma conjunta, os saldos das contas devem ser agregados às demonstrações contábeis consolidadas de cada controladora, na proporção da participação destas no capital social da controlada. No caso de uma das entidades controladoras passar a exercer direta ou indiretamente o controle da entidade sob controle conjunto, a controladora final deve passar a consolidar integralmente os elementos do patrimônio da controlada. Partindo-se da premissa que o principal escopo da consolidação é apresentar a posição financeira e os resultados das operações das diversas empresas do grupo, de forma agregada em peça contábil única, como se estivéssemos apresentando a demonstração de uma entidade autônoma ou empresa única, os saldos das contas devem ser adicionados, um a um. 20 Capítulo 1 Sabendo que o processo de consolidação consiste, em princípio, na soma linha a linha de cada um dos componentes das demonstrações contábeis das empresas que estão ligadas por meio de seu capital investido uma à outra, sendo que essas empresas formam um grupo de participações. Tendo também que, para algumas contas específicas, deverão ser feitas algumas eliminações e ajustes, adequando a demonstração consolidada, para que possa apresentar as informações relevantes e consistentes aos usuários. E para que a consolidação tenha o efeito necessário devem ser incluídas todas as empresas do grupo, não importando se os setores de atuação são similares ou complementares. O que interessa é a posição do grupo e suas participações. Sendo que, para a consolidação, deve-se observar sempre o controle ou a proporcionalidade de sua participação, para assim apresentar a demonstração consolidada, sempre pela empresa controladora. 5.1 Exemplo de consolidação Acompanhe um exemplo prático de consolidação das demonstrações (Balanço Patrimonial e Demonstração de Resultado) de um grupo empresarial constituído por duas empresas, a controladora Empresa A, que tem a participação do capital da Empresa B (controlada) de 100%, essa participação teve início em 2013. Para elaborar corretamente a demonstração consolidada, precisamos ter conhecimento das operações que ocorreram durante o período da demonstração que será consolidado, como seguem: 1. Em janeiro de 2013, a controladora, Empresa A, efetuou uma venda de mercadorias a prazo, cujo custo era de R$ 1.700,00, por R$ 2.380,00, para a controlada, Empresa B, sendo que na data das demonstrações, essa mercadoria ainda permanecia no estoque da Empresa B. 2. Em fevereiro de 2013, a controladora Empresa A emprestou dinheiro para a controlada Empresa B, no valor de R$ 6.000,00. No quadro a seguir estão apresentadas as demonstrações contábeis individuais que serão consolidadas do grupo empresarial, são elas: Empresa Controladora Empresa A • Balanço patrimonial (quadro 1); • Demonstração do resultado (quadro 3). Empresa Controlada Empresa B • Balanço patrimonial (quadro 2); • Demonstração do resultado (quadro 3). 21 Operações Avançadas da Teoria Contábil Quadro 1 – Balanço patrimonial da controladora Empresa A Balanços patrimoniais em 31/03/2013 - da controladora – empresa A 2013 2013 ATIVO PASSIVO E PATRIMÔNIO LÍQUIDO CIRCULANTE 203.720 PASSIVO CIRCULANTE 48.730 CAIXA E EQUIVALENTES DE CAIXA 109.000 FORNECEDORES 48.730 CAIXA 56.000 Fornecedores A 33.000 Caixa 56.000 Fornecedores B 8.500 BANCOS 53.000 Fornecedores C 7.230 Bancos 53.000 CRÉDITO OPERACIONAL EM CURTO PRAZO 94.720 CLIENTES 82.220 Empresa controlada B 2.380 Clientes A 79.840 ESTOQUES 12.500 Mercadorias para revenda 12.500 NÃO CIRCULANTE 120.500 NÃO CIRCULANTE 16.000 REALIZÁVEL EM LONGO PRAZO 6.000 FINANCIAMENTOS 16.000 Empréstimo Controlada Empresa B 6.000 Empréstimos a pagar 16.000 INVESTIMENTO 15.000 Participações em controladas 15.000 PATRIMÔNIO LÍQUIDO 259.490 IMOBILIZADO 99.500 CAPITAL SOCIAL 223.940 Móveis e utensílios 40.000 Capital social 223.940 Edifícios 50.000 RESERVA DE LUCROS 35.550 Terrenos 10.000 Reserva legal 11.850 Deprec. Acum. Mov. E Utens. -333 Reserva de contingências 23.700 Deprec. Acum. Edifícios -167 TOTAL DO ATIVO 324.220 TOTAL DO PASSIVO 324.220 Fonte: Elaboração do autor, 2015. 22 Capítulo 1 Quadro 2 – Balanço patrimonial da controlada Empresa B Balanços patrimoniais em 31/03/2013 - da controlada empresa B 2013 2013 ATIVO PASSIVO E PATRIMÔNIO LÍQUIDO CIRCULANTE 19.380 PASSIVO CIRCULANTE 2.380 CAIXA E EQUIVALENTES DE CAIXA 17.000 FORNECEDORES 2.380 CAIXA 6.000 Fornecedores Empresa A 2.380 Caixa 6.000 BANCOS 11.000 NÃO CIRCULANTE 6.000 Bancos 11.000 FINANCIAMENTOS 6.000 CRÉDITO OPERACIONAL EM CURTO PRAZO 2.380 Empréstimos a pagar Empresa A 6.000 ESTOQUES 2.380 Mercadorias para revenda 2.380 PATRIMÔNIO LÍQUIDO 15.680 NÃO CIRCULANTE 4.680 CAPITAL SOCIAL 15.000 IMOBILIZADO 4.680 Capital social 15.000 Móveis e utensílios 5.080 LUCROS DO EXERCICIO 680 Lucros do exercício 680 Deprec. Acum. Mov. E Utens. -400 TOTAL DO ATIVO 24.060 TOTAL DO PASSIVO 24.060 Fonte: Elaboração do autor, 2015. 23 Operações Avançadas da Teoria Contábil Quadro 3 – Demonstrações de resultado do período das empresas controladoras Empresa A e Empresa B Demonstrações do resultado do exercício em 31/03/2013 EMPRESA A - EMPRESA B CONTAS EMPRESA A EMPRESA B Receita operacional bruta 12.380 5.200 Deduções de vendas -1.500 -550 Impostos sobre a venda -1.500 -550 Receita líquida 10.880 4.650 CMV -8.840 -3.700 Lucro bruto 2.040 1.500 Despesas operacionais-900 820 Depreciação -500 -400 Vendas -150 -25 Administrativas -250 1.245 Outras despesas operacionais 680 0 Resultado de equivalência patrimonial 680 Lucro líquido 1.820 680 Fonte: Elaboração do autor, 2015. As demonstrações apresentadas nos quadros 1, 2 e 3 servirão de base para elaborarmos os demonstrativos consolidados que serão vistos a seguir. No entanto, antes de proceder à consolidação, torna-se necessário que primeiramente sejam feitos alguns ajustes e eliminações requeridas para tal processo, conforme verificamos nas unidades anteriores. Para iniciarmos o demonstrativo consolidado, teremos que analisar qual empresa do grupo é a controladora, temos a informação de que a Empresa A detém a participação de 100% do capital da Empresa B e como nenhuma outra empresa participa do grupo, constata-se que a Empresa A é a controladora, portanto o demonstrativo consolidado será realizado a partir do demonstrativo da Empresa A. Então, temos que verificar a defasagem na data das demonstrações das duas empresas, analisando as demonstrações acima, verifica-se que as demonstrações foram encerradas no mesmo dia 31/03/2013. Portanto, não há defasagem nas datas dos demonstrativos. 24 Capítulo 1 Posteriormente, iremos realizar os ajustes e eliminações que estão evidenciados no Quadro 4, abaixo: Quadro 4 – Registros de eliminações na consolidação Empresa A e controladas Resumo dos lançamentos de eliminações REGISTRO HISTÓRICO DÉBITO CRÉDITO 1 D - Fornecedores Empresa A (Empresa B) 2.380 C - Clientes Empresa Controlada B (Empresa A) 2.380 D - Receita Operacional Bruta (Empresa A) 2.380 C - Mercadorias para Revenda (Empresa B) 680 C - CMV (Empresa A) 1.700 2 D - Empréstimos a pagar Empresa A (Empresa B) 6.000 C - Empréstimo Controlada Empresa B (Empresa A) 6.000 3 D - Capital Social (Empresa B) 15.000 D - Lucros Acumulados (Empresa B) 680 C - Participações em Controladas (Empresa A) 15.000 C - Resultado de Equivalência Patrimonial (Empresa A) 680 Fonte: Elaboração do autor, 2015. O quadro 4 apresenta os registros de eliminações que devem ser feitos na consolidação, pelos motivos a seguir: 1. Refere-se à venda de mercadorias pela Empresa A para a Empresa B, pelo valor de R$ 2.380,00 a prazo, gerando uma obrigação na controlada Empresa B (fornecedores) e um direito na controladora Empresa A (clientes), devendo, portanto, tais valores serem eliminados dos demonstrativos consolidados. 25 Operações Avançadas da Teoria Contábil 2. Além disso, como se trata de venda entre as empresa do mesmo grupo, é necessário eliminar a receita de vendas da controladora e o respectivo custo das mercadorias vendidas, tanto na controladora quanto na controlada. Se as mercadorias já estivessem sido vendidas a terceiro, esse ajuste seria feito direto no resultado da controlada na conta CMV - Custo das Mercadorias Vendidas. Como as mercadorias ainda estão no estoque da controlada Empresa B, é necessário eliminar somente a diferença do custo para o preço de venda nesse caso R$ 2.380 (preço de venda) e R$ 1.700 (preço de custo), eliminado no estoque de mercadorias para revenda da controlada Empresa B, o valor de R$ 680. 3. Esse ajuste refere-se ao empréstimo concedido pela Empresa A à Empresa B, gerando um direito na controladora e uma obrigação da empresa controlada, que devem ser eliminados na consolidação. 4. Refere-se à eliminação do investimento da controladora Empresa A na controlada Empresa B. Como a Empresa A tem a participação de 100% do capital da Empresa B, ou seja, todo o capital da Empresa B é referente à participação da Empresa A, e, portanto, todo o valor do patrimônio líquido da controlada deve ser eliminado, sendo R$ 15.680. Além disso, devemos eliminar o resultado de equivalência patrimonial que será o resultado da Empresa B. Após os referidos ajustes, deve-se elaborar a demonstração do resultado consolidado, que é obtida por meio do somatório das demonstrações individuais, observando os ajustes apresentados anteriormente. Vamos evidenciar a seguir, no quadro 5, a demonstração de resultado consolidada. 26 Capítulo 1 Quadro 5 – Demonstração do resultado do período consolidado Consolidação do resultado do exercício EMPRESA A E CONTROLADAS CONTAS SALDO DE DR Eliminações da Consolidação Saldos Consolidados Controladora Empresa A Controlada Empresa B D C Receita operacional bruta 12.380 5.200 2.380 15.200 Deduções de vendas -1.500 -550 -2.050 Impostos sobre a venda -1.500 -550 -2.050 Receita líquida 10.880 4.650 13.150 CMV -8.840 -3.700 1.700 -10.840 Lucro bruto 2.040 1.500 2.310 Despesas operacionais -900 -425 -1.325 Depreciação -500 -400 -900 Vendas -150 -25 -175 Administrativas -250 0 -250 Outras despesas operacionais -680 0 0 Resultado de equivalência patrimonial -680 680 0 Lucro líquido 460 1.925 985 Fonte: Elaboração do autor, 2015. O passo seguinte é o da elaboração do balanço patrimonial consolidado, o qual é obtido pelo somatório das demonstrações individuais, adicionando ou excluindo os ajustes apresentados anteriormente, conforme o apresentado nos Quadro 6 e 7. 27 Operações Avançadas da Teoria Contábil Quadro 6 – Balanço patrimonial (ativo) consolidado Consolidação do resultado do exercício EMPRESA A E CONTROLADAS CONTAS Saldo de Balanço Eliminações da Consolidação Saldos ConsolidadosControladora Empresa A Controlada Empresa B D C ATIVO CIRCULANTE 203.720 19.380 220.040 CAIXA E EQUIVALENTES DE CAIXA 109.000 17.000 126.000 CAIXA 56.000 6.000 62.000 Caixa 56.000 6.000 62.000 BANCOS 53.000 11.000 64.000 Bancos 53.000 11.000 64.000 CRÉDITO OPERACIONAL EM CURTO PRAZO 94.720 2.380 94.040 CLIENTES 82.220 79.840 Empresa controlada B 2.380 2.380 0 Clientes A 79.840 79.840 ESTOQUES 12.500 2.380 14.200 Mercadorias para revenda 12.500 2.380 680 14.200 NÃO CIRCULANTE 120.500 4.680 104.180 REALIZÁVEL EM LONGO PRAZO 6.000 0 Empréstimo controlada Empresa B 6.000 6.000 0 INVESTIMENTO 15.000 0 Participações em controladas 15.000 15.000 0 IMOBILIZADO 99.500 4.680 104.180 Móveis e utensílios 40.000 5.080 45.080 Edifícios 50.000 50.000 Terrenos 10.000 -400 9.600 Deprec. Acum. Mov. E Utens. -333 -333 Deprec. Acum. Edifícios -167 -167 TOTAL DO ATIVO 324.220 24.060 324.220 Fonte: Elaboração do autor, 2015. 28 Capítulo 1 Quadro 7 – Balanço patrimonial (passivo) consolidado Consolidação do resultado do exercício EMPRESA A E CONTROLADAS CONTAS Saldo de Balanço Eliminações da Consolidação Saldos Consolidados Controladora Empresa A Controlada Empresa B D C PASSIVO E PATRIMÔNIO LÍQUIDO PASSIVO CIRCULANTE 48.730 2.380 48.730 FORNECEDORES 48.730 2.380 48.730 Fornecedores A 33.000 33.000 Fornecedores B 8.500 8.500 Fornecedores C 7.230 7.230 Fornecedores Empresa A 2.380 2.380 0 NÃO CIRCULANTE 16.000 6.000 16.000 FINANCIAMENTOS 16.000 6.000 16.000 Empréstimos a pagar 16.000 16.000 Empréstimos a pagar Empresa A 6.000 6.000 0 PATRIMÔNIO LÍQUIDO 259.490 15.680 259.490 CAPITAL SOCIAL 223.940 15.000 223.940 Capital social 223.940 15.000 15.000 223.940 RESERVA DE LUCROS 35.550 680 35.550 Reserva legal 11.850 11.850 Reserva de contingências 23.700 23.700 Lucros do exercício 680 680 0 TOTAL DO PASSIVO 324.220 24.060 324.220 Fonte: Elaboração do autor, 2015. 29 Operações Avançadas da Teoria Contábil De posse desses demonstrativos, podemos analisar a real situação da empresa verificando que o lucro consolidado da empresa foi menor, pois, devido aos ajustes referentes às operações entre o grupo consolidável, o valor das transaçõese participações não poderá ser considerado. Apresentando, assim, ao usuário da informação uma situação diferente da análise individual dos demonstrativos. É possível observar que a consolidação possui o objetivo de demonstrar a situação financeira, econômica e patrimonial de um grupo de empresas que possuem ligação entre si, por meio de suas participações. 31 Seções de estudo Capítulo 2 Conversão das demonstrações contábeis Seção 1: Aspectos introdutórios da conversão de demonstrações contábeis de moeda estrangeira em moeda nacional Seção 2: Procedimentos para conversão Seção 3: Preparação e apresentação das demonstrações contábeis 32 Capítulo 2 Introdução Neste capítulo, veremos os principais processos para a conversão das demonstrações contábeis em moeda estrangeira. Ele está dividido em três seções. Na primeira parte, serão apresentados os aspectos gerais da conversão de demonstrações contábeis, os objetivos e a sua importância. Na segunda, abordaremos os métodos de conversão de demonstrações contábeis. E, por último, apresentaremos um processo de conversão de demonstrações contábeis em moeda estrangeira. Seção 1 Aspectos introdutórios da conversão de demonstrações contábeis de moeda estrangeira em moeda nacional Com o aumento do número de empresas buscando capital no exterior para financiar seus projetos e a globalização incentivando a entrada de recursos estrangeiros, cresce ainda mais a necessidade de padronizar as demonstrações contábeis para uma moeda estrangeira. Fazendo, assim, com que os investidores estrangeiros consigam avaliar seu capital investido por meio desses demonstrativos convertidos na moeda em que as transações forem feitas. O processo de uniformização das demonstrações contábeis vem ao encontro da globalização, pois, com o estreitamento das relações comerciais entres os países, não fará sentido a contabilidade ser um entrave nas negociações comerciais e na captação de recursos internacionais. Historicamente, algumas entidades como o IASC e o FASB e a AICPA vêm desenvolvendo ações para a harmonização dos princípios e práticas adotadas na elaboração das demonstrações contábeis, fazendo, assim, que elas fossem padronizadas e compreendidas pelo mundo. Os procedimentos de conversão das demonstrações contábeis em moeda estrangeira foram normatizados nos Estados Unidos pelo Financial Accounting Standars Board (FASB), por meio do pronunciamento FAS n. 52, sendo esse o dispositivo utilizado quando se pretende converter uma demonstração para a moeda norte-americana. 33 Operações Avançadas da Teoria Contábil 1.1 A importância da conversão das demonstrações contábeis em moeda estrangeira Para as empresa que possuem capital proveniente do exterior, a conversão de demonstrações contábeis em moeda estrangeira faz-se necessária, pois a demonstração precisa ser apresentada na moeda funcional. Dessa forma, primeiramente para a conversão de demonstrações, precisa-se determinar qual a moeda funcional da empresa, e, para isso, devemos levar em conta fatores como influência da moeda nas transações comerciais da empresa e na formação dos seus preços de venda e custos dos bens e serviços, dentre outros. De acordo com as Normas Internacionais de Contabilidade, moeda funcional é a moeda do ambiente econômico principal no qual a entidade opera. O ambiente econômico principal no qual uma entidade opera é normalmente aquele em que a entidade gera e gasta caixa. Ainda conforme as Normas Internacionais de Contabilidade, uma entidade deve considerar os seguintes fatores ao determinar a sua moeda funcional: CONVERSÃO DA MOEDA ESTRANGEIRA NAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS 7.2. DETERMINAÇÃO DA MOEDA FUNCIONAL 7.2.1. Os seguintes fatores devem ser considerados na determinação da moeda funcional: a) a moeda que mais influencia os preços dos produtos e serviços da entidade. Geralmente, é a moeda na qual o preço de venda dos produtos e serviços é determinado; b) a moeda que mais influencia os custos para elaboração dos produtos ou fornecimento de serviços; c) a moeda na qual se obtêm os recursos, tanto próprios como de terceiros, para financiar suas atividades; d) a moeda na qual as receitas de atividades operacionais são, normalmente, recebidas. Na conversão de demonstrações contábeis para moeda estrangeira, a contabilidade é realizada em moeda local, ou seja, brasileira. Após a elaboração da demonstração contábil em moeda nacional, é que são convertidas na moeda estrangeira. Portanto, as demonstrações contábeis em moeda nacional servirão de base para a conversão das demonstrações em outra moeda. 34 Capítulo 2 1.2 Objetivos da conversão de demonstrações contábeis Entre os principais objetivos que levam uma empresa a converter suas demonstrações contábeis em outra moeda, podemos destacar: • permitir aos investidores estrangeiros um melhor acompanhamento de seus investimentos; • obter a demonstração contábil em moeda forte, sem efeito da inflação; • possibilitar a aplicação do método da equivalência patrimonial sobre os investimentos; • proporcionar a consolidação das demonstrações contábeis de empresas situadas em outros países. Verificamos que um dos principais objetivos da conversão é permitir que a sua demonstração possa ser analisada e reconhecida internacionalmente, em especial a de empresas que possuem operações com o exterior. Seção 2 Procedimentos para conversão A conversão das demonstrações contábeis, além de prover seus usuários com demonstrativos convertidos para a moeda do seu país de origem, também proporciona a obtenção de demonstrativos em moeda considerada forte. 2.1 Métodos de conversão de demonstrações contábeis Na conversão das demonstrações em moeda estrangeira, a literatura evidencia a existência de três métodos de conversão, são eles: • câmbio de fechamento; • monetário e não monetário; • temporal. Observamos acima que temos diferentes técnicas para a realização da conversão das demonstrações contábeis, cada uma delas com suas características e seus conceitos. Apesar de os objetivos almejados em qualquer uma das técnicas 35 Operações Avançadas da Teoria Contábil serem o mesmo e que todas deverão apresentar a uniformização dessas demonstrações contábeis, precisamos conhecer os diferentes procedimentos para a transformação da contabilidade e seus demonstrativos em uma linguagem mundial dos negócios. 2.1.1 Câmbio de fechamento Esse método determina que todos os itens da demonstração devem ser convertidos pela taxa de câmbio vigente na data de encerramento das demonstrações contábeis, o que pode ser considerado com a taxa corrente. Como esse método é baseado na taxa de cambio, que é o valor da moeda no momento do fechamento da demonstração, ele é utilizado exclusivamente em países de economia estável, com inflação muito baixa. 2.1.2 Monetário e não monetário Esse outro método classifica os itens da demonstração em dois, são eles: • monetário; e • não monetário. Itens monetários são as disponibilidades que serão realizadas em dinheiro, direitos a serem recebidos ou obrigações a serem pagas em quantia fixa ou determinável de dinheiro. Temos como exemplo de itens monetários o caixa, as duplicatas a receber e os empréstimos a pagar. O conceito descrito no Pronunciamento Técnico CPC 02 (R2), emitido pelo Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC), traz a seguinte definição de itens monetários. Item monetário 16. A característica essencial de item monetário é o direito a receber (ou a obrigação de entregar) um número fixo ou determinável de unidades de moeda. Alguns exemplos incluem: passivos de planos de pensão ou outros benefícios a empregados a serem pagos com caixa; provisões que devem ser liquidadas em caixa; e dividendosa serem distribuídos com caixa, que são reconhecidos como passivos. Da mesma forma, um contrato que preveja o direito a receber (ou a obrigação de entregar) um número variável de instrumentos patrimoniais da própria entidade ou uma quantidade variável de ativos, cujo valor justo a ser recebido (ou a ser entregue) iguala-se a um número fixo ou determinável de unidades de moeda, é considerado item monetário. (DELIBERAÇÃO CVM N. 640, DE 7 DE OUTUBRO DE 2010, p. 07). 36 Capítulo 2 Itens não monetários são os direitos e as obrigações que serão exigidos em bens ou serviços, sendo que não é possível o desembolso de um valor de caixa em dinheiro. O mesmo conceito Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC), por meio do Pronunciamento Técnico CPC 02 (R2), define que os itens não monetários são: Por outro lado, a característica essencial de item não monetário é a ausência do direito a receber (ou da obrigação de entregar) um número fixo ou determinável de unidades de moeda. Alguns exemplos incluem: adiantamento a fornecedores de mercadorias; adiantamento a prestadores de serviços; aluguéis antecipados; goodwill; ativos intangíveis; estoques; imobilizado; e provisões a serem liquidadas mediante a entrega de ativo não monetário. (DELIBERAÇÃO CVM Nº 640, DE 7 DE OUTUBRO DE 2010, p. 07). 2.1.3 Temporal Esse método possui três classificações, que devem ser determinadas de acordo com a conta a ser convertida. Essas classificações, de acordo com o método, são: valor passado, valor presente ou valor futuro. Para determinarmos como proceder a conversão em cada uma dessas classificações, segue a definição de cada uma delas. • Itens Monetários Prefixados são considerados valor passado, nesse caso as contas classificadas nesse item serão convertidas pela taxa de câmbio corrente ou prevista (Média ou Projetada). Exemplo: duplicatas a receber ou a pagar. • Itens Monetários Pós-fixados, considerados como valores presentes nessa classificação, as contas são convertidas pela taxa corrente ou de fechamento. Exemplo: aplicações financeiras. • Itens Não Monetários Realizáveis e Permanentes, por essa classificação devemos converter as contas deste grupo pela taxa histórica. Exemplo: estoques, e as contas do patrimônio líquido. 2.1.3.1 Taxa de conversão Cada conta patrimonial tem sua particularidade, então, para que seja feita uma correta classificação e aplicação da taxa de conversão que melhor representa a classificação da conta, convencionou-se utilizar alguns tipos de taxa de conversão, dependendo da conta a ser convertida. No quadro a seguir, apresentamos uma relação das taxas de conversão e sua aplicabilidade em cada grupo ou conta. 37 Operações Avançadas da Teoria Contábil Quadro 1 – Taxa de conversão Tipo de taxa Utilidade Histórica Utilizada no momento da ocorrência do fato contábil. Exemplo: a compra de uma máquina seria contabilizada pela taxa da moeda estrangeira no momento da compra. Corrente Utilizada nas operações de pagamentos e recebimentos. Exemplo: fornecedores e clientes serão convertidos pela taxa corrente no momento da conversão da conta. Fechamento Taxa vigente na data de encerramento das demonstrações financeiras. As contas constantes na demonstração contábil, como o balanço, serão convertidas pela taxa de câmbio na data do fechamento da demonstração. Média É a média de uma determinada taxa em um determinado período. Normalmente, é utilizada para itens de resultado, como as vendas e os custos. Projetada Usada para a conversão de itens no futuro. Essa taxa é utilizada em economias com inflação muito alta, em que a taxa de câmbio sofre mudanças muito rápidas que afetam as demonstrações. Fonte: Elaborado pelo professor. Seção 3 Preparação e apresentação das demonstrações contábeis Após termos estudado as definições e os procedimentos para uma correta conversão das demonstrações contábeis, veremos como preparar e apresentar uma demonstração contábil convertida. Conforme o Pronunciamento Técnico CPC 02 (R2), as contas patrimoniais e de resultado devem ser convertidas pelas seguintes taxas e câmbio. Conversão das demonstrações contábeis 18.As contas de ativo e passivo da sociedade investida serão convertidas pela taxa cambial da data do balanço de fim de período, mantendo-se as contas do patrimônio líquido inicial pelos mesmos valores convertidos no balanço do final do período anterior; as mutações do patrimônio líquido que não o resultado serão convertidas pelas taxas das datas dessas mutações. 38 Capítulo 2 19.As contas da demonstração do resultado poderão ser convertidas pela taxa cambial média do período, mas no caso de receitas ou despesas não homogeneamente distribuídas ou no de câmbio com oscilações significativas terá que a conversão ser com base na data da competência de tais receitas e despesas. 20.As diferenças cambiais entre as receitas e despesas convertidas de acordo com o item anterior e os valores obtidos pela sua conversão pela taxa de fechamento do período, bem como as variações entre os valores originais convertidos do patrimônio líquido inicial e seus valores convertidos pela taxa de final de período serão reconhecidas diretamente no patrimônio líquido. As mutações patrimoniais que não o resultado gerarão ganhos ou perdas cambiais entre a data de sua ocorrência e o final do período, se aumentos (como o aumento de capital), e entre a data de fechamento do período anterior e a data de sua ocorrência, se diminuições (como distribuição de dividendos). No caso de presença de sócios minoritários na investida, sua parte proporcional nesses ganhos ou perdas será a eles alocada. 21.No caso de demonstrações em moeda funcional de país com economia hiperinflacionária, primeiramente aplicam-se as técnicas da correção integral para depois se efetuar a conversão. Essa será feita com a aplicação da taxa de encerramento do período a todos os componentes do balanço e do resultado. (DELIBERAÇÃO CVM N. 640, DE 7 DE OUTUBRO DE 2010, p. 03) Verificando todos os procedimentos para a conversão, precisamos, então, ter estabelecidos alguns conceitos antes de realizar a conversão. São eles: Moeda local: é a do país onde a empresa localiza-se, em nosso caso, é o Real. A demonstração deve ser apresentada nessa moeda. Moeda funcional: é a moeda do principal sistema econômico em que a empresa opera. Pode ser dólar, euro ou outra moeda estrangeira. Não se recomenda utilizar como moeda funcional a moeda de países que possuem inflação muito alta. Moeda do relatório: é a moeda para a qual iremos converter as demonstrações contábeis. Depende do país ao qual queremos apresentar tal demonstração. Tendo esses pontos bem definidos, agora passaremos aos procedimentos para a conversão das demonstrações contábeis. • converter a demonstração de moeda funcional em moeda do relatório. Se a moeda do relatório for diferente da moeda funcional, caso contrário nada devemos fazer; • converter a demonstração de moeda local em moeda funcional, utilizando o roteiro a seguir. 39 Operações Avançadas da Teoria Contábil 3.1 Roteiro para conversão de demonstrações contábeis Abaixo, o roteiro que devemos seguir para conversão das demonstrações contábeis, elencado em seis itens: • No primeiro momento, elaborar as demonstrações contábeis em moeda local. • Em seguida, identificar qual a moeda estrangeira que será utilizada como funcional. • Outro passo para a conversão de demonstrações contábeis em moeda estrangeira é a escolha da metodologia a ser adotada. A empresa poderá utilizar o método de câmbio ou fechamento, monetário ou não monetário ou o método temporal. • Realizar a conversão das contas e itens patrimoniais, seguindo o seguinte princípio: Quadro 2 ̶ Classificação dos itens patrimoniaispara conversão Item Taxa de conversão para moeda funcional Monetários prefixados (duplicatas) Corrente Monetários pós-fixados (caixa) Corrente Não monetários (estoques) Histórica Fonte: Elaborado pelo autor, 2015. • Realizar a conversão das contas de resultado (receitas e despesas), seguindo o seguinte princípio: Quadro 3 ̶ Classificação dos itens de resultado para conversão Item Taxa de conversão para moeda funcional Receitas e despesas monetárias prefixadas (receitas) Média Receitas e despesa pós-fixadas (salários e encargos) Média Receitas e despesas não monetárias (CMV, depreciação) Histórica Receitas e despesas financeiras (variação cambial, juros) Média Imposto de renda Média Fonte: Elaborado pelo autor, 2015. 40 Capítulo 2 • E, por fim, realizar o ajuste da conversão e transportar para o demonstrativo de resultado com o item ganhos e perdas da conversão. 3.2 Apresentação da conversão de demonstrações contábeis A apresentação da demonstração contábil convertida inicia pela preparação dos demonstrativos em moeda local que, conforme relatado, é a moeda do país onde a empresa está estabelecida, em nosso país o Reais. Tabela 1 ̶ Balanço patrimonial em moeda local Balanço patrimonial exercício findo em 31/12/20xx (valores expressos em reais) ATIVO Caixa e bancos 44.000 Aplicações financeiras 5.200 Duplicatas a receber 3.350 Estoques 15.000 Imobilizado 60.000 (-) Depreciação acumulada (5.000) Total de Ativo 122.550 PASSIVO Fornecedores 21.350 Dividendos a pagar 3.000 Impostos a pagar 6.200 Capital social 85.000 Reservas de lucros 350 Lucros acumulados 6.650 Total do Passivo 122.550 Fonte: Elaborado pelo autor, 2015. 41 Operações Avançadas da Teoria Contábil Tabela 2 ̶ Demonstração de resultado em moeda local Demonstração do resultado do exercício findo em 31/12/20xx (valores expressos em reais) Demonstração de Resultado Receita bruta operacional 150.000 (-) Deduções da receita bruta (5.300) Receita líquida operacional 144.700 (-) Custos das mercadorias vendidas (115.385) Lucro bruto operacional 29.315 Despesas com vendas (11.444) Despesas administrativas (1.590) EBITDA 16.281 Depreciação (5.000) Receitas financeiras 450 Despesas financeiras (50) Lucro antes dos impostos 11.681 Imposto de renda (2.926) Contribuição social (1.755) Lucro líquido do exercício 7.000 Fonte: Elaborado pelo autor, 2015. O próximo item é definir qual a moeda funcional da empresa, ou seja, a moeda estrangeira a qual a empresa deve apresentar suas demonstrações. Moeda local: Real – R$ Moeda funcional: Dólar – $ Definir a taxa de câmbio a ser utilizada e o valor da moeda do dia específico para a conversão, exemplo o dia de fechamento do demonstrativo. Primeiramente, definir a data dos fatos geradores que serão convertidos pela taxa história, média ou pela taxa corrente. 42 Capítulo 2 Quadro 4 – Data de ocorrência Data de ocorrência dos fatos geradores O capital social foi totalmente integralizado em 05/12/20XX O imobilizado foi adquirido em 06/12/20XX Os estoques foram adquiridos em 07/12/20XX Fonte: Elaborado pelo autor, 2015. Agora que já temos as datas das ocorrências dos fatos geradores definidas, precisamos determinar qual o valor da moeda nas datas de ocorrência e a média dessas taxas. Quadro 5 – Taxas de câmbio vigentes no período Taxas de conversão DIA TAXA DE CÂMBIO 05/12/20XX 2,05 06/12/20XX 2,07 07/12/20XX 2,09 31/12/20XX 2,08 Taxa média ponderada 2,0725 Fonte: Elaborado pelo autor, 2015. Agora, devemos classificar os itens patrimoniais em monetários e não monetários. 43 Operações Avançadas da Teoria Contábil Tabela 3 – Classificação para conversão do balanço patrimonial Balanço patrimonial exercício findo em 31/12/20xx ATIVO Itens Caixa e bancos Monetários Aplicações financeiras Monetários Duplicatas a receber Monetários Estoques Não monetários Imobilizado Não monetários (-) Depreciação acumulada Não monetários Total de Ativo PASSIVO Itens Fornecedores Monetários Dividendos a pagar Monetários Impostos a pagar Monetários Capital social Não monetários Reserva Não monetários Lucros acumulados Não monetários Total do Passivo Fonte: Elaborado pelo autor, 2015. Sabendo a classificação dos itens patrimoniais, temos que determinar a taxa de conversão a ser utilizada. Tabela 4 – Taxa de conversão do balanço patrimonial Balanço patrimonial exercício findo em 31/12/20xx Ativo Itens Taxa de Conversão Caixa e bancos Monetários Corrente Aplicações financeiras Monetários Corrente Duplicatas a receber Monetários Corrente continua ... 44 Capítulo 2 Balanço patrimonial exercício findo em 31/12/20xx Estoques Não monetários Histórica Imobilizado Não monetários Histórica (-) Depreciação acumulada Não monetários Histórica Total de Ativo PASSIVO Itens Taxa de Conversão Fornecedores Monetários Corrente Dividendos a pagar Monetários Corrente Impostos a pagar Monetários Corrente Capital social Não monetários Histórica Reserva Não monetários Histórica Lucros acumulados Não monetários Histórica Total do Passivo Fonte: Elaborado pelo autor, 2015. Agora, devemos aplicar a taxa de câmbio da moeda conforme a sua classificação, assim apresentando um balanço patrimonial convertido. 45 Operações Avançadas da Teoria Contábil Tabela 5 – Conversão do balanço patrimonial Balanço patrimonial exercício findo em 31/12/20xx ATIVO Itens Moeda local: Real Moeda Funcional Dólar Taxa de Câmbio Data Taxa Data Caixa e bancos Monetários Corrente 44.000 2,08 21.154 Aplicações financeiras Monetários Corrente 5.200 2,08 2.500 Duplicatas a receber Monetários Corrente 3.350 2,08 1.611 Estoques Não monetários Histórica 15.000 2,09 7.177 Imobilizado Não monetários Histórica 60.000 2,07 28.986 (-) Depreciação acumulada Não monetários Histórica (5.000) 2,07 (2.415) Total de Ativo 122.550 59.012 PASSIVO Itens Taxa de Câmbio Data Taxa Data Fornecedores Monetários Corrente 21.350 2,08 10.264 Dividendos a pagar Monetários Corrente 3.000 2,08 1.442 Impostos a pagar Monetários Corrente 6.200 2,08 2.981 Capital social Não monetários Histórica 85.000 2,05 41.463 Reserva Não monetários Histórica 350 2,05 171 Lucros acumulados Não monetários Histórica 6.650 2,05 3.243 Total do Passivo 122.550 59.564 Fonte: Elaborado pelo autor, 2015. 46 Capítulo 2 Passamos agora para a conversão da demonstração de resultado, que precisa inicialmente definir qual a taxa de conversão deve ser utilizada para cada conta do demonstrativo. Tabela 5 – Taxa de conversão da demonstração de resultado Demonstração do resultado do exercício findo em 31/12/20xx Demonstração de Resultado Taxa de conversão Receita bruta operacional Média (-) Deduções da receita bruta Média Receita líquida operacional (-) Custos das mercadorias vendidas Histórica Lucro bruto operacional Despesas com vendas Média Despesas administrativas Média EBITDA Depreciação Histórica Receitas financeiras Média Despesas financeiras Média Lucro antes dos ganhos e perdas Ganhos e perdas da conversão Lucro antes dos impostos Imposto de renda Média Contribuição social Média Lucro líquido do exercício Fonte: Elaborado pelo autor, 2015. Então devemos realizar a conversão dos itens de resultado. 47 Operações Avançadas da Teoria Contábil Tabela ̶ 6 Conversão da demonstraçãode resultado Demonstração do resultado do exercício findo em 31/12/20xx Demonstração de Resultado Moeda Local: Real Moeda Funcional: Dólar Taxa de coversão Data Taxa Data Receitas bruta operacional Média 150.000 2,07 72.377 (-) Deduções da receita bruta Média (5.300) 2,07 (2.557) Receita líquida operacional 144.700 69.820 (-) Custos das mercadorias vendidas Histórica (115.385) 2,08 (55.474) Lucro bruto operacional 29.315 14.346 Despesas com vendas Média (11.444) 2,07 (5.522) Despesas administrativas Média (1.590) 2,07 (767) EBITDA 16.281 8.057 Depreciação Histórica (5.000) 2,08 (2.404) Receitas financeiras Média 450 2,07 217 Despesas financeiras Média (50) 2,07 (24) Lucro antes dos ganhos e perdas 11.681 5.846 Ganhos e perdas da conversão Lucro antes dos impostos 11.681 5.846 Imposto de renda Média (2.926) 2,08 (1.406) Contribuição social Média (1.755) 2,08 (843) Lucro líquido do exercício 7.000 3.597 Fonte: Elaborado pelo autor, 2015. 48 Capítulo 2 Após a conversão, verificamos a diferença entre ativo e passivo, assim temos o valor de ganhos ou perdas da conversão. Ou seja, o quanto a empresa ganhou ou perdeu com a diferença da valoração da moeda. Como para todos os efeitos o ativo deve ser igual ao passivo, necessitamos, então, realizar o ajuste da conversão, que nos dará o valor do ganho ou da perda com a conversão. Tabela 7 ̶ Conciliação do ajuste de conversão Conciliação ajuste de conversão Itens R$ Taxa Corrente Taxa Histórica Convertido Corrente Ajuste G/P Estoques 15.000 2,08 2,09 7.177 7.212 (35) Imobilizado 60.000 2,08 2,07 28.986 28.846 140 (-) Depreciação acumulada (5.000) 2,08 2,07 (2.415) (2.404) (11) Capital social 85.000 2,08 2,05 (41.463) (40.865) (598) Receita bruta operacional 150.000 2,08 2,07 72.377 72.115 (262) (-) Deduções da receita bruta (5.300) 2,08 2,07 (2.557) (2.548) 9 Despesas com vendas (11.444) 2,08 2,07 (5.522) (5.502) 20 Despesas administrativas (1.590) 2,08 2,07 (767) (764) 3 Receitas financeiras 450 2,08 2,07 217 216 (1) Despesas financeiras (50) 2,08 2,07 (24) (24) 0 TOTAIS (735) Fonte: Elaborado pelo autor, 2015. Sabendo que a conversão nos apresentou uma perda de $735, temos então que realizar o ajuste desse valor na Demonstração de Resultado e posteriormente no Balanço Patrimonial, para assim temos a real situação da empresa em moeda estrangeira, neste caso, o Dólar. 49 Operações Avançadas da Teoria Contábil Tabela 8 ̶ Lançamento de ajunta da conversão na Demonstração de Resultado Demonstração do resultado do exercício findo em 31/12/20xx Demonstração de Resultado Moeda Local Real Moeda Funcional Dólar Taxa de Conversão Data Taxa Data Receita bruta operacional Média 150.000 2,07 72.377 (-) Deduções da receita bruta Média (5.300) 2,07 (2.557) Receita líquida operacional 144.700 69.820 (-) Custos das mercadorias vendidas Histórica (115.385) 2,08 (55.474) Lucro bruto operacional 29.315 14.346 Despesas com vendas Média (11.444) 2,07 (5.522) Despesas administrativas Média (1.590) 2,07 (767) EBITDA 16.281 8.057 Depreciação Histórica (5.000) 2,08 (2.404) Receitas financeiras Média 450 2,07 217 Despesas financeiras Média (50) 2,07 (24) Lucro antes dos ganhos e perdas 11.681 5.846 Ganhos e perdas da conversão (735) Lucro antes dos impostos 11.681 5.111 Imposto de renda Média (2.926) 2,08 (1.406) Contribuição social Média (1.755) 2,08 (843) Lucro líquido do exercício 7.000 2.862 Fonte: Elaborado pelo autor, 2015. Encontramos o resultado da empresa em moeda estrangeira no valor de $ 2.862. Agora, então, iremos fazer o ajuste no Balanço Patrimonial. 50 Capítulo 2 Tabela 9 ̶ Lançamento de ajusta da conversão no Balanço Patrimonial Balanço patrimonial exercício findo em 31/12/20xx ATIVO Itens Moeda Local Real Moeda Funcional Dólar Taxa de Câmbio Data Taxa Data Caixa e bancos Monetários Corrente 44.000 2,08 21.154 Aplicações financeiras Monetários Corrente 5.200 2,08 2.500 Duplicatas a receber Monetários Corrente 3.350 2,08 1.611 Estoques Não monetários Histórica 15.000 2,09 7.177 Imobilizado Não monetários Histórica 60.000 2,07 28.986 (-) Depreciação acumulada Não monetários Histórica (5.000) 2,07 (2.415) Total de Ativo 122.550 59.012 PASSIVO Itens Taxa de Câmbio Data Taxa Data Fornecedores Monetários Corrente 21.350 2,08 10.264 Dividendos a pagar Monetários Corrente 3.000 2,08 1.442 Impostos a pagar Monetários Corrente 6.200 2,08 2.981 Capital social Não monetários Histórica 85.000 2,05 41.463 Reserva Não monetários Histórica 350 2,05 171 Lucros acumulados Não monetários Histórica 6.650 2.691 Total do Passivo 122.550 59.012 Fonte: Elaborado pelo autor, 2015. Temos, assim, um balanço e um demonstrativo de resultado consolidado, podendo, então, analisar a diferença da moeda e a sua valorização no decorrer do período. 51 Seções de estudo Capítulo 3 Reestruturação societária Seção 1: Conceito de reestruturação societária Seção 2: Incorporação, fusão e cisão Seção 3: Liquidação de empresas 52 Capítulo 3 Introdução Neste capítulo, estudaremos a reestruturação societária das empresas. Ele está dividido em três seções. Na primeira, serão descritos os conceitos dessa ferramenta chamada de reestruturação societária e seus objetivos. Na segunda, abordaremos os tipos de reestruturação que a legislação oferece, assim como seus conceitos usuais. E na última seção conheceremos como ocorre o processo de liquidação de empresas, seus conceitos, tipos e objetivos. Seção 1 Conceito de reestruturação societária A reestruturação societária pode ser utilizada como ferramenta estratégica que tem por objetivo a fortificação de bases para a sustentação, o crescimento e a perpetuidade dos negócios e atividades da empresa, sendo que sua implantação apresenta uma estrutura societária apontada através de estudos como a ideal para determinado momento da empresa. Reestruturação societária ou planejamento societário é um termo que tem estado bastante na moda nos últimos anos. Diversas mudanças relacionadas ao Código Civil, às Leis das SA e à legislação brasileira tornaram ainda mais importante a realização de uma readequação da estrutura societária nas empresas, sendo esta uma preocupação constante, devido a profundas e contínuas alterações na legislação tributária. Outra forma de aplicação da reestruturação societária é como ferramenta do planejamento tributário, considerada uma das mais eficientes alternativas utilizadas atualmente, pois, embasada na extensa legislação fiscal e societária, permite reduzir de forma considerável o custo tributário das empresas. A reestruturação societária consiste, entre outras coisas, na alteração do estatuto social e na readaptação das atividades da empresa (ou de um grupo de empresas), visando a enquadrar-se em outro tipo de sociedade, outro regime tributário ou utilizar-se de benefícios fiscais, seja com incorporação, fusão ou cisão de empresas. Importante ressaltar que a reestruturação societária também funciona como uma ferramenta de divisão e proteção do patrimônio dos empresários, uma vez que através dela criamos uma clara distinção entre as pessoas físicas e as pessoas jurídicas, separando assim os benspertencentes à empresa e aos sócios ou acionistas. 53 Operações Avançadas da Teoria Contábil Seção 2 Incorporação, fusão e cisão Ultimamente, com o advento da globalização da economia, podemos observar uma forte inclinação mundial na direção de que cada vez mais as empresas precisam concentrar suas atividades produtivas, diminuindo, assim, o número de empresas do mesmo setor de atividades, tendo que unir suas forças e tecnologias. Isso se justifica, principalmente, pela forte concorrência existente entre as empresas e pelo fato dessa concorrência estabelecer que a produção seja otimizada, precisando reduzir os custos de produção e, por consequência, conseguir alocar no mercado produtos que consigam ser competitivos e que absorvam o máximo possível de valor dentro deste contexto. Com esse cenário de competição bastante acirrada, e de competição, tanto para conseguir sobreviver ao mercado atual ou sendo também para aumentar seus resultados, as empresas precisam buscar estratégias, para se adequar ao quadro atual do mercado, buscando estratégias para aumentar sua competitividade. Podemos destacar como estratégias econômicas a fusão, a cisão e a incorporação de empresas, em especial, as com maior poder econômico. 2.1 Incorporação O processo de incorporação ocorre sempre com duas ou mais sociedades, que são extintas e incorporadas em outra. Esse tipo de reestruturação está regida pelo artigo 227 da Lei 6.404/1976. Art. 227. A incorporação é a operação pela qual uma ou mais sociedades são absorvidas por outra, que lhes sucede em todos os direitos e obrigações. § 1º A assembleia-geral da companhia incorporadora, se aprovar o protocolo da operação, deverá autorizar o aumento de capital a ser subscrito e realizado pela incorporada mediante versão do seu patrimônio líquido, e nomear os peritos que o avaliarão. § 2º A sociedade que houver de ser incorporada, se aprovar o protocolo da operação, autorizará seus administradores a praticarem os atos necessários à incorporação, inclusive a subscrição do aumento de capital da incorporadora. § 3º Aprovados pela assembleia-geral da incorporadora o laudo de avaliação e a incorporação, extingue-se a incorporada, competindo à primeira promover o arquivamento e a publicação dos atos da incorporação. (BRASIL, 1976). 54 Capítulo 3 Na incorporação, uma sociedade que é denominada de incorporada deixa de existir, mas a empresa chamada de incorporadora continuará com a sua personalidade jurídica, absorvendo todos os bens, direitos e obrigações da sociedade que a partir de agora deixará de existir. 2.2 Fusão A fusão é a união de duas ou mais sociedades para constituir uma sociedade nova, que seguirá com todos os direitos e obrigações das sociedades que deixarão de existir. O artigo 228 da Lei 6.404 de 1976 traz a seguinte redação sobre o tema: Art. 228. A fusão é a operação pela qual se unem duas ou mais sociedades para formar sociedade nova, que lhes sucederá em todos os direitos e obrigações. § 1º A assembleia-geral de cada companhia, se aprovar o protocolo de fusão, deverá nomear os peritos que avaliarão os patrimônios líquidos das demais sociedades. § 2º Apresentados os laudos, os administradores convocarão os sócios ou acionistas das sociedades para uma assembleia-geral, que deles tomará conhecimento e resolverá sobre a constituição definitiva da nova sociedade, vedado aos sócios ou acionistas votar o laudo de avaliação do patrimônio líquido da sociedade de que fazem parte. § 3º Constituída a nova companhia, incumbirá aos primeiros administradores promover o arquivamento e a publicação dos atos da fusão. (BRASIL, 1976). Ressalta-se que na fusão, todas as sociedades que participarem da operação se extinguem para formar uma nova sociedade com personalidade jurídica distinta daquelas. A nova sociedade que surge assume todas as obrigações ativas e passivas das sociedades fusionadas. Não há necessidade de que as sociedades que se fundem tenham o mesmo objeto social. 2.3 Cisão Neste tipo de reorganização de sociedades, a companhia transfere parcelas de seu patrimônio para outras sociedades já existentes ou criadas para esse fim. Art. 229. A cisão é a operação pela qual a companhia transfere parcelas do seu patrimônio para uma ou mais sociedades, constituídas para esse fim ou já existentes, extinguindo-se a companhia cindida, se houver versão de todo o seu patrimônio, ou dividindo-se o seu capital, se parcial a versão. 55 Operações Avançadas da Teoria Contábil § 1º Sem prejuízo do disposto no artigo 233, a sociedade que absorver parcela do patrimônio da companhia cindida sucede a esta nos direitos e obrigações relacionados no ato da cisão; no caso de cisão com extinção, as sociedades que absorverem parcelas do patrimônio da companhia cindida sucederão a esta, na proporção dos patrimônios líquidos transferidos, nos direitos e obrigações não relacionados. § 2º Na cisão com versão de parcela do patrimônio em sociedade nova, a operação será deliberada pela assembleia-geral da companhia à vista de justificação que incluirá as informações de que tratam os números do artigo 224; a assembleia, se a aprovar, nomeará os peritos que avaliarão a parcela do patrimônio a ser transferida, e funcionará como assembleia de constituição da nova companhia. § 3º A cisão com versão de parcela de patrimônio em sociedade já existente obedecerá às disposições sobre incorporação (artigo 227). § 4º Efetivada a cisão com extinção da companhia cindida, caberá aos administradores das sociedades que tiverem absorvido parcelas do seu patrimônio promover o arquivamento e publicação dos atos da operação; na cisão com versão parcial do patrimônio, esse dever caberá aos administradores da companhia cindida e da que absorver parcela do seu patrimônio. § 5º As ações integralizadas com parcelas de patrimônio da companhia cindida serão atribuídas a seus titulares, em substituição às extintas, na proporção das que possuíam; a atribuição em proporção diferente requer aprovação de todos os titulares, inclusive das ações sem direito a voto. (BRASIL, 1976). Trata-se de uma situação diferente da fusão ou da incorporação. Na fusão, duas sociedades se reúnem para formar sociedade nova; na incorporação, uma sociedade absorve a outra, que permanece a sociedade incorporadora. No caso da cisão, a empresa cindida, aquela que transfere seu patrimônio, só deixará de existir se transferir todo o seu patrimônio ou por decisão de seus administradores. 56 Capítulo 3 Seção 3 Liquidação de empresas A liquidação de empresa é o segundo processo de três, utilizados para a extinção de uma empresa, sendo a dissolução o primeiro e representa a cessação da atividade de uma companhia. Depois da dissolução, acontecerá a liquidação, e o último é chamado de extinção da companhia. Algumas vezes ocorre desse processo não ser realizado por completo, como no exemplo se a empresa se recuperar e reassumir as suas atividades normais, e com isso, provocando a quebra da cadeia. Ocorre também a possibilidade da companhia passar direto da dissolução para a extinção, como pode ser os casos de ocorrer a reorganização da sociedade por incorporação, fusão ou cisão. A liquidação é o processo intermediário entre a dissolução e a extinção, que tem por finalidade realizar os bens e direitos da companhia, e proceder os pagamentos de seus débitos. É uma forma de reestruturar a empresa, obtendo acordo de pagamentos e recebendo seus direitos. 3.1 Tipos de liquidação De acordo com os artigos 208 e 209 da Lei n. 6.404/76, existem dois tipos de liquidação: a privada, também conhecida como amigável, e a judicial, denominada como forçada. 3.1.1 Liquidação privada (liquidação pelos órgãos da companhia) Neste caso, o processo de liquidação parte da própria
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