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TCC ALFABET E LETRAMENTO 2019

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REDE FUTURA DE ENSINO
CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU
ALFABETIZAÇÃOE LETRAMENTO 
 
 
 
A IMPORTÂNCIA DO MÉTODO PAULO FREIRE PARA A ALFABETIZAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS. 
Quênia Sílvia Stefaneli Gomes
Governador Valadares-MG
2019
REDE FUTURA DE ENSINO
CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU
ALFABETIZAÇÃOE LETRAMENTO 
A IMPORTÂNCIA DO MÉTODO PAULO FREIRE PARA A ALFABETIZAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS. 
 
Quênia Sílvia Stefaneli Gomes
Artigo científico apresentado à FAVENI, como requisito parcial para obtenção do título de Especialista em Alfabetização e Letramento.
Governador Valadares-MG
2019
A IMPORTÂNCIA DO MÉTODO PAULO FREIRE PARA A ALFABETIZAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS. 
Quênia Sílvia Stefaneli Gomes
RESUMO
	A presente pesquisa tem como premissa identificar a importância do método Paulo Freire no processo de alfabetização dos discentes da EJA Educação de Jovens e Adultos. Alfabetizar perpassa a decodificação do código escrito, pois através do método referenciado em sua educação libertadora, a educação dialógica Freireana parte de temas geradores significativos para então o aluno compreender e intervir no mundo que o circunda, ou seja, utiliza as práticas sociais da leitura e da escrita, o letramento, que foi mais tarde referenciado por Magda Soares. Buscou-se através de um levantamento bibliográfico e das apostilas da FAVENI responder a seguinte questão problema: Qual a contribuição do método Paulo Freire de alfabetização para ao discente da EJA?
PALAVAS CHAVES: Alfabetização. EJA. Paulo Freire. Educação libertadora.
INTRODUÇÃO
	O interesse por esse tema surgiu da reflexão da pesquisadora, por admirar e aprofundar seus estudos sobre a importância do método Paulo Freire e sua educação libertadora e transformadora. A EJA Educação de Jovens e Adultos é uma modalidade educacional da educação básica, assegurada na Lei das Diretrizes e Bases da Educação Nacional n.9394 de 1996.
Art. 37. A educação de jovens e adultos será destinada àqueles que não tiveram acesso ou continuidade de estudos no ensino fundamental e médio na idade própria. 
§ 1° Os sistemas de ensino assegurarão gratuitamente aos jovens e aos adultos que não puderam efetuar os estudos na idade regular, oportunidades educacionais apropriadas, consideradas as características do alunado, seus interesses, condições de vida e de trabalho, mediante cursos e exames. 
§ 2° O poder público viabilizará e estimulará o acesso e a permanência do trabalhador na escola, mediante ações integradas e complementares entre si (p.13). 
	Tem com objetivo atender a um público maior de 15 anos que não completou os estudos, durante a infância ou adolescência por diversos fatores, socioeconômicos, oferta irregular de vagas, inserção no mercado de trabalho, entre outros. 
	Alfabetização é o processo através do qual o sujeito adquire as bases para se apropriar do seu conhecimento através da leitura e da escrita. Já o letramento é a prática social da leitura e da escrita, interpretação, transformação, produção e criticidade através de uma educação dialógica.
	
DESENVOLVIMENTO
	A educação tem como função social compartilhar os saberes, conhecimentos e informações socialmente acumulados pela humanidade, além de formar cidadãos críticos, reflexivos, atuantes e capazes de mudar sua trajetória humana, cidadã e histórica.
	O Parecer CEB 11/2000 preconiza que a Educação de Jovens e Adultos não é compensatória, suprir a escolaridade perdida, mas oportunizar ao educando como ser social que aprende mediatizado pela cultura e através do dialógico com seus pares e educadores, formando sua identidade, maneira e percepção de vida conforme sua visão de sociedade e educação.
	Entende-se por alfabetização, baseada nas considerações de Tfouni (2002, p.09)
A alfabetização refere-se à aquisição da escrita enquanto aprendizagem de habilidades para leitura, escrita e as chamadas práticas de linguagem. Isso é levado a efeito, em geral, por meio do processo de escolarização e, portanto, da instrução formal. A alfabetização pertence, assim, ao âmbito do individual. 
	A codificação e a decodificação do código gráfico, pois estamos inseridos em uma sociedade letrada, porém é um processo individual, pois cada sujeito é único, aprende de formas e com recursos diversificados. O autor esclarece o que é letramento, ou seja, a função social da leitura e da escrita, a interpretação, a leitura nas linhas e entrelinhas que nos remete a reflexão. 
O letramento, por sua vez, focaliza os aspectos sócios históricos da aquisição da escrita, entre outros casos, procura estudar e escrever o que ocorre nas sociedades quando adotam um sistema de escrita de maneira restrita ou generalizada; procura ainda saber quais práticas psicossociais substituem as práticas “letradas” em sociedades ágrafas. 
Desse modo, o letramento tem por objetivo investigar não somente quem é alfabetizado, mas também quem não é alfabetizado, e, nesse sentido, desliga-se de verificar o individual e centraliza-se no social. (TFOUNI 2002, p.11)
	Ao analisar os dois conceitos, percebe-se que alfabetização e letramento caminham juntos, ou seja, são indissociáveis, um completa o outro. Magda Soares, a maior referência em letramento no país colabora ao dissertar que:
Assim, teríamos alfabetizar e letrar como duas ações distintas, mas não inseparáveis, ao contrário: o ideal seria alfabetizar letrando, ou seja: ensinar a ler e a escrever no contexto das práticas sociais da leitura e da escrita, de modo que o indivíduo se tornasse, ao mesmo tempo, alfabetizado e letrado. (SOARES 2001, p. 47)
	Com relação a contribuição do método Paulo Freire vale salientar que o mesmo alfabetizou em 40 dias, trabalhadores da construção civil em Anjicos, partindo de temas geradores que tinham significado para os mesmos, como a palavra tijolo.
Freire propunha que os processos educativos operassem no sentido de transformar a realidade, e a alfabetização era vista como uma ferramenta propícia ao exame crítico e à superação dos problemas que afetavam as pessoas e comunidades. Sua pedagogia fundada nos princípios de liberdade, da compreensão da realidade e da participação favorecia a conscientização das pessoas sobre as estruturas sociais e os modos de dominação a que estavam submetidos, alinhando -se a projetos políticos emergentes na época. A perspectiva freireana reconhecia os analfabetos como portadores e produtores da cultura, o que se opunha de maneira contundente às representações de analfabeto até então preponderantes, fortemente marcadas pelo preconceito. A educação teria o papel de libertar os sujeitos de uma consciência ingênua, herança de uma sociedade opressora, agrária e oligárquica, transformando-a em consciência crítica. (FAVENI 2019, P. 09)
	Ressalta-se que antes de adentrar ou retornar aos bancos escolares, o aluno da EJA já possui amplo vocabulário, na maioria das vezes inserido no mercado de trabalho, com famílias já encaminhadas e possui uma visão de mundo e sociedade. A prática pedagógica na EJA consiste em trabalhar com textos dentro do contexto como receitas, extratos bancários, contas de energia, textos bíblicos, bulas, manuais, análise de músicas, poemas entre outros. Com atividades que oportunizem o desenvolvimento da linguagem oral e escrita. Respeitando e valorizando as singularidades de cada ser envolvido no processo educativo, mediatizados pelo diálogo, criticidade e cidadania, propostas e materiais didático pedagógicos dentro do contexto socio-cultural do educando. Durante muito tempo, esses jovens e adultos eram alfabetizados de forma “infantilizada”, porém Paulo freire contribui com sua educação libertadora. 
A partir do método de alfabetização de Paulo Freire que trabalha a investigação, (onde educador e educandos levantam temas geradores que fazem parte do contexto sócio-cultural), os temas geradores e com significado para os educandos consiste em selecionar palavras que retratam o universo vocabulardos mesmos, as mesmas são apresentadas em cartazes com imagens, e em círculos de cultura inicia-se a discussão e a partir destas outros temas são gerados outros, tornando a educação objeto de formação cidadã e a inclusão social que perpassa codificar e decodificar. Sendo este, um método emancipatório, que ao contrário do método compensatório que se limita a trabalhar de forma, na maioria das vezes, infantilizadas e fora do contexto , não promovendo o desenvolvimento integral do alunado.
Freire toma o conceito de cultura, como essencial para introduzir uma concepção de educação que seja capaz de desenvolver a impaciência, a vivacidade, os estados de procura da invenção e da reivindicação. Ao falar do humano busca sempre o seu sentido filosófico, antropológico, e não puramente biológico do termo. No sentido de Antropologia, isto é, o discurso que diz respeito ao ser humano. Na perspectiva do educador Paulo Freire, a cultura, significa a expressão de realidades vividas, conhecidas, reconhecíveis e identificáveis cujas interpretações podem ser feitas por todos os membros de uma formação histórica particular no resgate de uma concepção de cultura no sentido marxista como o resultado do fazer do humano na relação com a material idade e a história, considera assim o meio que o homem vive, a sua realidade de vida. (NASCIMENTO 2013, p. 10)
	Baseada nas considerações da autora, percebe-se que através da cultura e do diálogo, mediatizada pela percepção de mundo e sociedade, “aguça” a linguagem orla e escrita do educando, a partir de temas geradores significativos. 
	Conforme a resolução 01 de 2000. CNE Conselho Nacional de Educação, que estabelece as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação de Jovens e Adultos: 
as situações, os perfis dos estudantes, as faixas etárias e se pautará pelos princípios de eqüidade, diferença e proporcionalidade na apropriação e contextualização das diretrizes curriculares nacionais e na proposição de um modelo pedagógico próprio, de modo a assegurar: 
I. quanto à eqüidade, a distribuição específica dos componentes curriculares a fim de propiciar um patamar igualitário de formação e restabelecer a igualdade de direitos e de oportunidades face ao direito à educação; 
II. quanto à diferença, a identificação e o reconhecimento da alteridade própria e inseparável dos jovens e dos adultos em seu processo formativo, da valorização do mérito de cada qual e do desenvolvimento de seus conhecimentos e valores; 
III. quanto à proporcionalidade, a disposição e alocação adequadas dos componentes curriculares face às necessidades próprias da Educação de Jovens e Adultos com espaços e tempos nos quais as práticas pedagógicas assegurem aos seus estudantes identidade formativa com um aos demais participantes da escolarização básica. (art. 5º)
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Com o intuito de responder a seguinte questão problema: Qual a contribuição do método Paulo Freire de alfabetização para ao discente da EJA? Concluiu-se que a proposta Freireana oportuniza ao educando uma imersão do educador na realidade do educando, partindo de temas e assuntos significativos para “gerar” uma proposta pedagógica “recheada” de significados para o grupo nos aspectos sociais, culturais, políticos e existenciais.
	Freire criticou a educação bancária, onde o conhecimento era deposito como se a mente fosse uma gaveta vazia, não levando em conta o conhecimento prévio e a percepção de vida sociedade e humanização que o ser aprendente tinha, pois reconhecia o ser humano como ser produtivo que estava inserido em determinada cultura , por isso propôs uma educação ética, com dimensão social e politica, com ideais pedagógicos onde o educador era comprometido com o ato educativo, através do respeito e da valorização da cultura e do diálogo, onde todos aprendiam mutuamente.
REFERENCIAS
ARROYO, M. Educação de Jovens e Adultos: Um campo de direitos e de 
responsabilidade publica . In: GIOVANETTI, Maria Amélia, Gomes, Nilma Lino e SOARES, Leôncio (Orgs.). Diálogos na Educação de Jovens e Adultos. Belo Horizonte,MG: Autentica, 2006. 
BARRETO, Vera; CARLOS, José, Um sonho que não serve ao sonhador. 
In: Construção coletiva: contribuições á educação de jovens e adultos – Brasília: UNESCO, MEC, RAAAB, 2005. . 
BRASIL, LDB. Lei 9394/96. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. 
Disponível em<www.mec.gov.br>. Acesso em: 22/01/2019.
FAVENI. Apostila Fundamentos e Metodologia da Alfabetização de Jovens e Adultos, 2019.
FREIRE, Paulo. Educação Pratica de Liberdade . 9 ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1979. 
_______________. Política e Educação . 6. ed. São Paulo: Cortez, 2001.
NASCIMENTO, Sandra Mara do . Educação de Jovens e Adultos na visão de Paulo Freire. Monografia apresentada a Faculdade Tecnológica do Paraná, 2013
SOARES, Magda. Letramento: um tema em três gêneros. 2. ed. Belo Horizonte: Autêntica, 2001. 
TFOUNI, Leda Verdiani. Letramento e Alfabetização . 5. ed. São Paulo: Cortez, 2002.(Coleção Questões da nossa Época; v. 47).

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