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ASSOCIAÇÃO DOS DIPLOMADOS DA ESCOLA SUPERIOR DE GUERRA CURSO DE ESTUDOS DE POLÍTICA E ESTRATÉGIA ALEX CHANDLER DE OLIVEIRA MARQUES ANA FLÁVIA DA FONSECA BARROSO DANIEL DE FILIPPO BARBOSA JOÃO BATISTA DE OLIVEIRA JOSEANE APARECIDA AZEVEDO LUCAS RESENDE CARVALHO REGINA MÁRCIA DE AMORIM COUTINHO ROBERT ALEXANDRE DE ÁVILA ESTUDOS DE POLÍTICA E ESTRATÉGIA: APLICAÇÃO NA INDUSTRIALIZAÇÃO DE JUIZ DE FORA Juiz de Fora 2016 ALEX CHANDLER DE OLIVEIRA MARQUES ANA FLÁVIA DA FONSECA BARROSO DANIEL DE FILIPPO BARBOSA JOÃO BATISTA DE OLIVEIRA JOSEANE APARECIDA AZEVEDO LUCAS RESENDE CARVALHO REGINA MÁRCIA DE AMORIM COUTINHO ROBERT ALEXANDRE DE ÁVILA ESTUDOS DE POLÍTICA E ESTRATÉGIA: APLICAÇÃO NA INDUSTRIALIZAÇÃO DE JUIZ DE FORA Trabalho de Conclusão de Curso – Monografia apresentada a ADESG – Associação dos Diplomados da Escola Superior de Guerra como requisito à obtenção do diploma do Curso Estudos de Política e Estratégia. Juiz de Fora 2016 AGRADECIMENTOS À Escola Superior de Guerra (ESG) por desenvolver atividades acadêmicas, visando preparar civis e militares para desempenhar funções de alto nível; a Associação dos Diplomados da Escola Superior de Guerra (ADESG), por nos proporcionar a realização de estudos exercitando cidadania e nacionalidade. Ao Delegado Regional do XXVII Curso de Estudos de Política e Estratégia (CEPE) Cel. Carlos Alfredo Silva de Queiroz, por seu comprometimento com o curso, dividindo suas experiências, sua alegria e seu tempo com os estagiários. Aos Palestrantes e a todo Corpo Permanente, por ter nos acolhido e passado os ensinamentos e experiências inesquecíveis, principalmente quanto ao Método de Planejamento, as viagens de estudos e visitas, nos tornando habilitados para as importantes atividades que exerceremos ao longo de nossas vidas. LISTA DE FIGURAS Figura 01: Modelo de Matriz SWOT ...................................................................................... 14 Figura 02: As Cinco Forças de Porter ..................................................................................... 18 Figura 03: Exemplo de Diagrama de Mudge ........................................................................... 22 Figura 04: Fases do Marketing de Cidades ............................................................................. 25 Figura 05: Localização Privilegiada de Juiz de Fora ............................................................... 35 Figura 06: Malha Regional Sudeste ......................................................................................... 36 Figura 07: IDHM em Juiz de Fora ........................................................................................... 38 Figura 08: Evolução do IDHM em Juiz de Fora ..................................................................... 38 Figura 09: IDHM e Seus Componentes – Juiz de Fora, MG ................................................... 39 Figura 10: Porto Seco de Juiz de Fora ..................................................................................... 40 Figura 11: Vista Aérea do Aeroporto da Serrinha ................................................................... 41 Figura 12: Aeroporto Regional da Zona da Mata .................................................................... 42 Figura 13: Juiz de Fora – Estradas e Ferrovias ........................................................................ 44 Figura 14: Área de Influência de Juiz de Fora ......................................................................... 52 Figura 15: Zoneamento – Parque Tecnológico ........................................................................ 54 Figura 16: Área Administrativa ............................................................................................... 55 Figura 17: Universidades do Sudeste Mineiro ........................................................................ 58 Figura 18: Distribuição da População por Sexo no Ano 2000 – Juiz de Fora, MG ................ 66 Figura 19: Distribuição da População por Sexo no Ano de 2010 – Juiz de Fora, MG ........... 67 LISTA DE QUADROS Quadro 01: Análise SWOT de Juiz de Fora ............................................................................ 34 Quadro 02: Microrregiões Analisadas ..................................................................................... 51 Quadro 03: Área de Influência de Juiz de Fora ....................................................................... 53 Quadro 04: Evolução do PIB por Setor das Microrregiões da Área de Influência ................. 61 Quadro 05: Total de Empresas por Microrregião Durante os Anos ........................................ 62 Quadro 06: Mensuração dos Fatores Estudados ...................................................................... 69 Quadro 07: Estrutura Proposta com Base na Análise SWOT ................................................. 70 Quadro 08: Forças x Oportunidades ........................................................................................ 70 Quadro 09: Forças x Fraquezas ............................................................................................... 71 Quadro 10: Forças x Ameaças ................................................................................................. 72 Quadro 11: Oportunidades x Fraquezas .................................................................................. 73 Quadro 12: Oportunidades x Ameaças .................................................................................... 73 Quadro 13: Fraquezas x Ameaças ........................................................................................... 74 Quadro 14: Fraquezas x Ameaças ........................................................................................... 75 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS TERMOS SIGLAS Área de Especial Interesse Econômico ...................................................................... AIEIE Associação dos Diplomados da Escola Superior de Guerra ...................................... ADESG Centro Regional de Inovação e Transferência de Tecnologia ................................... CRITT Cia Paraibuna de Metais ............................................................................................ CPM Escola Superior de Guerra ......................................................................................... ESG Estação Aduaneira Interior ........................................................................................ EADI Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços ............................................... ICMS Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza ......................................................... ISSQN Índice de Desenvolvimento Humano Municipal ........................................................ IDHM Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística ........................................................... IBGE Instituto de Desenvolvimento Industrial de Minas Gerais .........................................INDI Instituto de Pesquisa e Planejamento ......................................................................... IPPLAN Instituto Nacional de Meteorologia ............................................................................ INMET Parque Científico e Tecnológico de Juiz de Fora e Região ....................................... PCTJFR Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação ..................................................................... PD&I Plano Mineiro de Desenvolvimento Integrado ........................................................... PMDI População Economicamente Ativa ............................................................................ PEA Produto Interno Bruto ................................................................................................ PIB Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento ............................................. PNUD Ranking de Eficiência de Municípios – Folha ........................................................... REM-F Secretaria de Estado de Indústria e Comércio de Minas Gerais ................................. SEIC Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico ............................................. SMDE Siderúrgica Mendes Júnior ........................................................................................ SMJ Sociedade Nacional Apoio Rodoviário Turístico ...................................................... SINART Strenghts, Weaknesses, Opportunities e Threats ....................................................... SWOT Systems Applications and Products in Data Processing ........................................... SAP Tecnologia da Informação .......................................................................................... TI Unidade Federativa ..................................................................................................... UF SUMÁRIO INTRODUÇÃO ....................................................................................................................... 10 1 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ...................................................................................... 12 1.1 Aspectos Doutrinários ...................................................................................................... 12 1.2 A Análise SWOT ............................................................................................................... 14 1.2.1 Histórico da Análise SWOT ............................................................................................ 14 1.2.2 Por que Utilizar a Análise SWOT? .................................................................................. 15 1.2.3 Como Desenvolver a Análise SWOT? ............................................................................ 15 1.2.3.1 Ambiente Interno .......................................................................................................... 16 1.2.3.1.1 Strengths (Forças) ...................................................................................................... 16 1.2.3.1.2 Weaknesses (Fraquezas) ............................................................................................. 16 1.2.3.2 Ambiente Externo ......................................................................................................... 17 1.2.3.2.1 Opportunities (Oportunidades) .................................................................................. 17 1.2.3.2.2 Threats (Ameaças) ..................................................................................................... 17 1.3 As Cinco Forças de Porter ............................................................................................... 18 1.3.1 Rivalidade entre Concorrentes ......................................................................................... 18 1.3.2 Ameaças de Novos Entrantes ........................................................................................... 19 1.3.3 Poder de Barganha dos Clientes ...................................................................................... 19 1.3.4 Poder de Barganha dos Fornecedores .............................................................................. 19 1.3.5 Ameaça de Produtos Substitutos ...................................................................................... 20 1.4 Brainstorming .................................................................................................................... 20 1.5 Diagrama de Mudge ......................................................................................................... 21 1.6 Teoria dos Lugares Centrais ............................................................................................ 22 1.7 Modelo Gravitacional ....................................................................................................... 23 1.8 Marketing de Cidades....................................................................................................... 24 1.8.1 Evolução do Marketing de Cidades ................................................................................. 24 1.8.2 Visão e Objetivo do Marketing de Cidades ..................................................................... 26 2 DIAGNÓSTICO ................................................................................................................... 28 2.1 Análise dos Antecedentes ................................................................................................. 28 2.1.1 Desenvolvimento da Indústria em Minas Gerais ............................................................. 28 2.1.2 A Industrialização em Juiz de Fora .................................................................................. 29 2.1.2.1 O Nascimento e Consolidação das Primeiras Fábricas (Anos de 1850 a 1930) ........... 30 2.1.2.2 Desaceleração e Decadência Industrial (Anos de 1930 a 1970) ................................... 31 2.1.2.3 Reindustrialização da Cidade (Anos de 1970 e 1990) .................................................. 32 2.1.2.4 Nova Estratégia de Desenvolvimento Econômico Local (Anos de 1990 em Diante) .. 33 2.2 Análise dos Ambientes Internos e Externos ................................................................... 34 2.2.1 Forças ............................................................................................................................... 35 2.2.1.1 Localização ................................................................................................................... 35 2.2.1.2 Hidrografia e Saneamento ............................................................................................. 37 2.2.1.3 Qualidade de Vida ......................................................................................................... 37 2.2.1.4 Porto Seco ..................................................................................................................... 39 2.2.1.5 Logística ........................................................................................................................ 41 2.2.2 Fraquezas ......................................................................................................................... 44 2.2.2.1 Renda ............................................................................................................................ 45 2.2.2.2 Topografia e Clima ....................................................................................................... 45 2.2.2.3 Marketing ......................................................................................................................46 2.2.2.4 Energia .......................................................................................................................... 47 2.2.2.5 Ausência de uma Política de Planejamento .................................................................. 48 2.2.3 Oportunidades .................................................................................................................. 50 2.2.3.1 Incentivos Fiscais .......................................................................................................... 50 2.2.3.2 Área de Influência ......................................................................................................... 51 2.2.3.3 Parque Científico e Tecnológico ................................................................................... 53 2.2.3.4 Turismo ......................................................................................................................... 55 2.2.3.5 Ensino ........................................................................................................................... 56 2.2.4 Ameaças ........................................................................................................................... 58 2.2.4.1 ICMS ............................................................................................................................. 58 2.2.4.2 Concorrência ................................................................................................................. 59 2.2.4.2.1 Antiga Atração de Indústrias ..................................................................................... 60 2.2.4.2.2 Novas Áreas Atrativas ............................................................................................... 60 2.2.4.2.3 Disputa Pelas Indústrias ............................................................................................. 60 2.2.4.2.4 Juiz de Fora e o Novo Contexto ................................................................................. 61 2.2.4.3 Flutuações nas Ações Políticas ..................................................................................... 62 2.2.4.4 População ...................................................................................................................... 66 2.2.4.5 Êxodo de Talentos ......................................................................................................... 67 3 ANÁLISE QUANTITATIVA DAS CARACTERÍSTICAS ............................................ 69 3.1 Identificação dos Problemas ............................................................................................ 69 3.2 Estabelecendo os Valores de Acordo com as Características ....................................... 69 3.3 Óbices Existentes ............................................................................................................... 75 4 CENÁRIO DESEJÁVEL .................................................................................................... 76 5 POLÍTICAS ESTRATÉGICAS CORRESPONDENTES ............................................... 77 CONCLUSÃO ......................................................................................................................... 79 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................................. 80 INTRODUÇÃO Este trabalho foi proposto como parte integrante ao processo de aprovação dos estagiários no XXVII Curso de Estudos de Política e Estratégia promovido pela ADESG. O tema desenvolvido pelo grupo de estagiários foi a industrialização do Município de Juiz de Fora que na última década do século XIX possuía muitas indústrias e era considerada a maior cidade de Minas Gerais. Atualmente, a cidade se mantém entre as grandes cidades do estado, apesar do declínio no setor industrial. Conhecida informalmente como Manchester Mineira, a cidade destaca-se no setor de serviços na economia. O objetivo geral deste estudo foi responder à questão sobre quais são as explicações para essa mudança nos rumos da cidade. O objetivo específico para o desenvolvimento do trabalho, foi a utilização do Método de Planejamento da ESG a fim de propor políticas estratégicas para a industrialização da cidade. A metodologia utilizada para a realização do trabalho, foi a pesquisa bibliográfica, exploratória e descritiva, já que buscou-se tornar explícito, explorar e descrever o processo de industrialização de Juiz de Fora. Com a pesquisa bibliográfica foram possíveis: recolher, selecionar e interpretar as contribuições teóricas já existentes sobre o assunto e a análise desses trabalhos. Foi realizada também a coleta de dados atualizados sobre as indústrias de Juiz de Fora em sites com levantamentos estatísticos sobre o assunto. O trabalho foi dividido em quatro capítulos, sendo o primeiro, a Fundamentação Teórica do trabalho. Nesse capítulo foram abordados os aspectos doutrinários da ESG para o Método de Planejamento, Análise SWOT, as Cinco Forças de Porter, Brainstorming, o Diagrama de Mudge, a Teoria dos Lugares Centrais, o Modelo Gravitacional, além de Marketing de Cidades, assuntos que foram utilizados ao longo do trabalho. No segundo capítulo, foi feito o diagnóstico da industrialização em Juiz de Fora através da análise do ambiente. Para tanto, foram coletados dados históricos sobre a industrialização, desde o nascimento e consolidação das primeiras fábricas, até o início do século XXI. Posteriormente, foi analisado o statu quo através de análises dos ambientes externo e interno, utilizando ferramentas de análise já mencionadas no capítulo anterior. No terceiro capítulo, foi realizada a análise quantitativa das características de Juiz de Fora, definidas qualitativamente por meio da análise SWOT. Nesse capítulo foram apresentados os óbices de maior relevância. No quarto capítulo foi definido o escopo de um cenário desejável com base no conhecimento dos planos em vigor, apuração das necessidades, levantamento de meios 11 disponíveis e potenciais, para o desenvolvimento industrial da cidade alavancando um desenvolvimento econômico e social. No capítulo cinco, foram definidas as políticas estratégias correspondentes e sugeridas soluções para alavancar o desenvolvimento econômico e social por um processo de industrialização do município de Juiz de Fora. Com base nessas informações foi desenvolvida a conclusão do trabalho no último capítulo. 12 1 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA Para o desenvolvimento do trabalho, foi necessário o aprendizado de itens como os Aspectos Doutrinários da ESG, os conhecimentos adquiridos no curso de Engenharia de Produção, com ênfase na área de Planejamento Estratégico e a utilização de várias referências bibliográficas. Devido aos temas sobre Análise SWOT, As Cinco Forças de Porter, Brainstorming, Diagrama de Mudge, Teoria dos Lugares Centrais, Modelo Gravitacional e Marketing de Cidades possuírem uma literatura vasta, foram selecionados os autores que mais se aproximam, em suas descrições, do controle de dados feito pelos estagiários, voltado para a industrialização da cidade de Juiz de Fora. 1.1 Aspectos Doutrinários Com base no Manual Básico da ESG (2009), foram descritas as fases para o desenvolvimento do método para o planejamento estratégico. Considera-se o planejamento como sendo uma ferramenta que visa dar racionalidade ao processo na busca pela decisão. Ele pode ocorrer observando diversas metodologias, algumas das quais com conceitos que se aproximam, em uma ou mais etapas.O método da ESG possui quatro etapas, que podem ocorrer de forma concomitante no desenvolvimento do planejamento: • A primeira etapa é o Diagnóstico: que é responsável pela análise; • A segunda etapa é a Política: a quem cabe as escolhas; • A terceira é a Estratégia: onde se dá a programação; • A quarta etapa é a Gestão: onde ocorre a execução do planejamento e o seu controle, o que se dá por meio de indicadores, previstos para avaliar os resultados. Nas fases da estratégia e da gestão entra-se no que pode ser chamado de “ação” do planejamento. O método da ESG atém-se até a fase da Estratégia, pois sua missão não inclui o emprego do plano tático, limitando-se exclusivamente á formulação da estratégia: o “como fazer”. A base doutrinária do método da ESG parte do pressuposto que todas as pessoas possuem necessidades e estas geram objetivos: para o alcance destes objetivos são necessários recursos, os quais devem ser empregados por meio de uma ação, que a doutrina chama de 13 “Poder”. É a Política que indica o que fazer, cuidando a Estratégia de desvendar como deve ser feito. Em síntese, a Estratégia é definida pela Política. Para a ESG, o Homem é o maior Bem da Nação – o seu preparo, o do homem, é o centro das preocupações da escola. O método tem a natureza governamental. Do ponto de vista macro, a Nação é o seu referencial como sistema. Este, por sua vez, se compõe de diversos subsistemas, sendo eles educacional, político, esportivo, sindical, entre outros, sendo o subsistema governo considerado o seu principal referencial. A primeira etapa do Método, denominada Diagnóstico, é aquela onde se obtém os dados necessários para a realização do Planejamento. Nela busca-se conhecer os ambientes interno e externo e a sua organização. É uma etapa de análise, dividida didaticamente em dois momentos: • Análise do ambiente, como: análise dos antecedentes, ambiente externo e ambiente interno; • Análise do poder, como: conhecimento dos planos em vigor, apuração das necessidades, levantamento de meios disponíveis e potenciais. A etapa seguinte é chamada de Política e refere-se a um momento de “escolha”. Também didaticamente, se divide em duas fases: a elaboração de cenários, que comporta a definição de fatos portadores de futuro e eventos, estudo de cenários extremos e apreciação de cenários probabilísticos. Ainda na etapa Política, tem-se a fase da Concepção Política, que se compõe das seguintes fases: identificação de cenários mais prováveis, verificação de pressupostos básicos, que são condicionantes que permitem avaliar a legitimidade, a oportunidade e a conveniência dos objetivos do cenário mais provável orientando o decisão estratégica quanto à escolha do cenário desejado para que ele se consolide como cenário do Planejamento Governamental, podendo ser Ético ou Pragmático, apuração de cenários desejados e definição de Objetivos de Estado e Objetivos de Governo. A terceira etapa do Método é denominada de Estratégica, situando-se já no campo da ação e, em síntese, servindo para indicar o “como fazer”. Na primeira fase desta etapa realiza-se a Concepção Estratégica, oportunidade em que se conhece os Óbices, define-se as Ações que deverão ser realizadas, aplicando o Teste da Adequabilidade, Exequibilidade (ambos eliminatórios) e da Aceitabilidade (este seletivo), define-se a Opção Estratégica e, finalmente, apontam-se as Diretrizes de Execução das Ações eleitas. 14 Na segunda etapa da Fase Estratégica se dá a Programação, que se compõe da elaboração de Planos, Programas e Projetos e, por fim, a definição de orçamento necessário. O produto final do Planejamento Estratégico deve ser a Decisão Estratégica, que deve ter três características essenciais: ser simples, ter objetividade e ser amplamente difundida. A última fase do Método de Planejamento da ESG é chamada de Fase de Gestão: nela ocorrem a execução do Plano propriamente dito e realização de seu controle, que se dá pelo uso de Indicadores, especialmente elaborados ou adaptados para avaliar os resultados alcançados. Sendo a ESG uma Instituição voltada mais à formulação de ideias e realização de planejamento, esta fase não é executada por ela. A fase de Gestão se compõe de duas etapas: uma de Execução, quando ocorrem a Coordenação das Ações e a sua Implementação e, finalmente, uma fase de Controle, oportunidade em que se dá o Acompanhamento das Medidas em execução e a Avaliação, por meio de Indicadores, dos resultados alcançados pelo Plano proposto. 1.2 A Análise SWOT A análise SWOT ou FOFA, em português, é uma ferramenta muito utilizada em planejamento estratégico de negócios. A sigla S.W.O.T., deriva da língua inglesa e traduz-se: Streghts (forças), Weaknesses (fraquezas), Opportunities (oportunidades) e Threats (ameaças). Esta análise procura avaliar os pontos fortes e pontos fracos no ambiente interno da organização e as oportunidades e as ameaças no ambiente externo (Figura 01). SWOT AJUDA ATRAPALHA (Na Conquista de Objetivos) (Na Conquista de Objetivos) Ambiente Interno Forças Fraquezas (Atributos da Entidade) Ambiente Externo Oportunidades Ameaças (Atributos do Ambiente) Figura 01: Modelo de Matriz SWOT Fonte: Daychouw (2007) 1.2.1 Histórico da Análise SWOT Segundo Daychouw (2007), a análise SWOT foi criada por Albert Humphrey na década de 1960, numa pesquisa da Universidade de Stanford. Para isso, foram utilizados dados das 500 15 maiores empresas da revista Fortune. Rodrigues (2005) afirma que, mais tarde, dois professores de Harvard, Kenneth Andrews e Roland Christensen, reforçaram a ideia proposta e aplicaram- na em diversos projetos. Atualmente, em um ambiente competitivo no qual corporações lutam por uma fatia do mercado, qualquer erro pode colocar sua sobrevivência em xeque. Nesse contexto, segundo Martins (2007), a análise SWOT é utilizada pelas organizações para realizarem seu planejamento estratégico e tomar decisões em todos os níveis hierárquicos. 1.2.2 Por que Utilizar a Análise SWOT? A análise SWOT é um sistema simples para posicionar ou verificar a posição estratégica da empresa no ambiente em questão (DAYCHOUW, 2007). É uma ferramenta utilizada para a análise de ambientes ou cenários. Pode ser usada por grandes e pequenas empresas, cidades, regiões, estados e até mesmo países. Com ela é possível mensurar a posição de uma entidade em um determinado contexto e objetivar a missão do mesmo. Sendo possível criar algo parecido com um ranking que mostra a situação da entidade estudada em relação a outros possíveis concorrentes no ambiente em que atua. Através das quatro variáveis, pode-se fazer a inventariação das forças e fraquezas da empresa, das oportunidades e ameaças do meio em que a empresa atua. Quando os pontos fortes de uma organização estão alinhados com os fatores críticos de sucesso para satisfazer as oportunidades de mercado, a empresa será por certo, competitiva no longo prazo (RODRIGUES, 2005). Segundo Chiavenato & Sapiro (2003), sua função é cruzar as oportunidades e as ameaças externas à organização com seus pontos fortes e fracos. A avaliação estratégica realizada a partir da matriz SWOT é uma das ferramentas mais utilizadas na gestão estratégica competitiva. Tratasse de relacionar as oportunidades e ameaças presentes no ambiente externo com as forças e fraquezas mapeadas no ambiente interno da organização. As quatro variáveis servem como indicadores da situação da organização. 1.2.3 Como Desenvolver a Análise SWOT? A primeira etapa do processo é identificar a entidade que será estudada, ou seja, o objeto deestudo. A segunda etapa consiste em estudar os possíveis cenários. Para isso serão analisadas 16 características da entidade e dos concorrentes, ações já concluídas e em andamento. É necessário saber o que se deve analisar e aonde se quer chegar. A próxima fase do processo será obter as informações que foram julgadas necessárias. Com a análise SWOT, os dados levantados irão gerar informações que podem ser utilizadas no planejamento estratégico da entidade em estudo. Os dados serão utilizados para agrupar as forças e fraquezas (ambiente interno) e as ameaças e as oportunidades (ambiente externo) em um diagrama. 1.2.3.1 Ambiente Interno A análise das forças e fraquezas consiste no estudo do ambiente interno. Os gestores devem achar os pontos fortes e fracos da entidade que conduzem em relação aos concorrentes. Algumas características que podem ser observadas são qualidade, propaganda, inovação, colaboradores, incentivos fiscais e custos. O ambiente interno pode ser controlado pelos dirigentes da organização, uma vez que ele é resultado das estratégias de atuação definidas pelos seus próprios membros (DAYCHOUW, 2007). 1.2.3.1.1 Strengths (Forças) Segundo Matos et al (2007), as forças de uma entidade consistem nos recursos e habilidades que essa possui para explorar oportunidades e minimizar as ameaças. Elas são os fatores internos e cujas características são positivas em relação a um objetivo e são completamente controláveis. Essas forças, quando bem exploradas pela entidade, geram o know how, que em um ambiente competitivo ajudam esta a se manter bem posicionada em relação aos concorrentes (Martins, 2007). 1.2.3.1.2 Weaknesses (Fraquezas) Ao contrário das forças, as fraquezas são, segundo Matos et al (2007), “deficiências que inibem a capacidade de desempenho da organização”. São as características negativas da entidade que podem torná-la menos competitiva e alterar negativamente sua posição em um determinado mercado. Esses fatores, se relevantes para a planejamento estratégico, devem ser controlados, melhorados ou até mesmo eliminados. 17 1.2.3.2 Ambiente Externo O estudo do ambiente externo consiste em se analisar as ameaças e as oportunidades, num determinado momento, que podem alterar o planejamento estratégico de uma entidade (DAYCHOUW, 2007). Dentro de um mercado competitivo, a relação entre o objeto de estudo e seus clientes ou consumidores sofre alterações que podem determinar novos rumos, de maneira positiva ou negativa. Como exemplos de mudanças salutares, é possível citar a alteração de hábitos dos consumidores em favor da empresa, surgimento de novos fornecedores, novos mercados a se explorar e mudanças políticas que tragam benefícios. Já as mudanças negativas podem ser, por exemplo, a entrada de novos concorrentes, falência de um bom fornecedor, alteração políticas e habituais que prejudiquem a entidade estudada. Devido a simplicidade e a abrangência do método, e por ser possível utilizá-lo em diversos tipos de entidades, ele foi escolhido para ser aplicado neste estudo. 1.2.3.2.1 Oportunities (Oportunidades) São fatores que não podem ser controlados pela entidade, mas podem se tornar um diferencial na conquista de um mercado e alterar seu planejamento estratégico. Quanto maior a abrangência da influência da entidade, maiores as chances de aparecerem situações que permitam um ganho de lucratividade. Para Calaes et al (2006), são situações, tendências ou fenômenos externos, atuais ou potenciais, que podem contribuir para a concretização dos objetivos estratégicos. 1.2.3.2.2 Threats (Ameaças) Assim como as oportunidades, as ameaças também são situações externas. Para Silveira (2001), elas são características da entidade que podem torna-la menos competitiva e consequentemente alterar seu planejamento estratégico. Estão relacionadas a novos entrantes, alterações bruscas de cenário, mudanças em leis e a condições políticas. Se não houver uma prevenção ou um controle, pode ocorrer uma diminuição da posição no ranking de concorrentes, perda de uma fatia de mercado e até mesmo a falência. 18 1.3 As Cinco Forças de Porter O modelo das cinco forças de Porter (Figura 02) foi concebido pelo autor Michael Porter em 1979, e destina-se a análise da competição entre as empresas. Considera-se as forças competitivas como cinco fatores que devem ser estudados, para que as companhias possam desenvolver uma estratégia empresarial eficiente. Figura 02: As Cinco Forças de Porter Fonte: CRITT (2016) Segundo Certo & Peter (1993), a análise das cinco forças de Porter possui uma lógica simples, mas que exige uma visão abrangente do negócio, onde o administrador precisa ser capaz de entender o ambiente competitivo para identificar as ações e as estratégias futuras. Ao todo, as cinco forças a serem consideradas são: Rivalidade entre concorrentes, ameaças de novos entrantes, poder de barganha dos clientes, poder de barganha dos fornecedores e ameaça de produtos substitutos. 1.3.1 Rivalidade entre Concorrentes Essa força é considerada como a mais significativa dentre todas as cinco, pois trata-se da atividade e agressividade que os concorrentes diretos exercem, uma vez que é importante 19 saber quais são os pontos fortes das empresas que vendem um produto similar, ou que participam do mesmo segmento. Os principais fatores a serem analisados nesta força são o número de concorrentes, a diversidade dos mesmos e a publicidade que utilizam (CERTO & PETER, 1993). 1.3.2 Ameaças de Novos Entrantes Este ponto estabelece novas condições no mercado, como também da reação das empresas que já participam do mercado. Basicamente, são barreiras que atrapalham o aparecimento de novas empresas para concorrerem em um determinado setor. Entre as principais barreiras encontram-se: a economia de escala, o capital necessário e a dificuldade de acesso aos canais de distribuição (CERTO & PETER, 1993). A economia de escala está relacionada ao processo produtivo de maneira que se atinja a máxima utilização dos recursos produtivos envolvidos no processo, visando os baixos custos de produção e o incremento de bens e serviços. O capital necessário está relacionado ao capital de giro limitado que uma empresa estreante possui em comparação com uma líder no segmento, ou em relação a uma empresa já estabelecida no mercado. A dificuldade de acesso aos canais de distribuição mostra que, se os canais forem limitados, as empresas que iniciarem as atividades em determinado segmento ou mercado possuem menores chances de ganhar espaço. 1.3.3 Poder de Barganha dos Clientes Esta força tem a ver com o poder de decisão dos compradores, principalmente quanto ao preço e a qualidade do produto. É válido ressaltar, que o poder de barganha também possui relação com os atributos dos produtos e serviços oferecidos pela empresa (CERTO & PETER, 1993). 1.3.4 Poder de Barganha dos Fornecedores Segue a mesma ótica do poder de barganha dos clientes, porém, com o foco nos fornecedores de insumos e serviços para a empresa. Os fornecedores barganham sobre os 20 participantes quando ameaçam aumentar os preços, ou diminuir a qualidade dos produtos (CERTO & PETER, 1993). 1.3.5 Ameaça de Produtos Substitutos Essas ameaças são representadas pelos bens e serviços que possuem uma finalidade semelhante aos seus, ou atendem as mesmas necessidades. No geral, são aqueles que não são os mesmos produtos, mas que atendem as mesmas necessidades. Um importante fator aser estudado, é se o produto produzido pela empresa passa a ser obsoleto com o passar do tempo, sendo que para evitar que isso ocorra é necessário investir em pesquisa e tecnologia (CERTO & PETER, 1993). 1.4 Brainstorming Brainstorming, que em português significa tempestade de ideias, é uma dinâmica de grupo utilizada para a geração de novas ideias, conceitos e soluções para qualquer assunto ou tópico de discussão em um curto espaço de tempo (WERKEMA, 1995). Osborn (1963) desenvolveu a técnica de brainstorming devido à frustração em relação à falta de ideias e criatividade de seus colaboradores na resolução de problemas. O brainstorming pode ser usado pelas seguintes formas: Estruturada e Não-Estruturada. Na primeira forma, todas as pessoas do grupo devem participar dando ideias a cada rodada. Obrigando até mesmo os tímidos a participarem, podendo ocasionar uma certa pressão sobre as pessoas. Pela segunda forma, os membros do grupo simplesmente dão as ideias conforme elas surgem em suas mentes, tornando o ambiente mais relaxado, mas há o risco de dominação por aqueles participantes mais extrovertidos (BRASSARD, 2001). Segundo OSBORN (1963), o brainstorming pode ser utilizado em várias situações, sendo as seguintes, as mais populares: • Planejamento. Por exemplo: O desenvolvimento de uma estratégia para uma nova área de negócio; • Novo produto ou conceito de mercado; • Resolução de problemas. Por exemplo: Como lidar com a baixa nas vendas; • Questões processuais de gestão. Por exemplo: Um sistema de recompensa para novas ideias; 21 • Melhoria do processo produtivo. Por exemplo: Como melhorar a produtividade de uma linha de montagem; • Pesquisa e desenvolvimento. Por exemplo: Levantar informações a respeito das necessidades dos clientes, desenvolver novos produtos; • Melhoria da comunicação no seio de uma organização. Para Osborn (1963), as quatro regras básicas para que ocorra as sessões de brainstorming, descritas abaixo são: • Nunca criticar as ideais. O objetivo é obter o maior número possível de ideias; • Pensamento livre. Nenhuma ideia deve ser desprezada, ou seja, as pessoas têm liberdade total para falarem sobre o que quiserem; • Quantidade é necessária. Quanto maior o número de ideias, maior a possibilidade de ideias úteis; • Buscar combinações e melhorias. O objetivo desta regra é estimular a geração de ideias a partir de outras já presentes. De acordo com Brassard (2001), o moderador deve mostrar todos os elementos e as quatro regras básicas deste processo, para o grupo de pessoas na sessão de brainstorming. O autor afirma que cada moderador deve interpretar as regras e explicá-las de um modo que se adeque ao grupo. 1.5 Diagrama de Mudge O diagrama de Mudge é uma ferramenta que permite a comparação de função de duas em duas, com o objetivo de ordená-las por relevância (ROCCO & SILVEIRA, 2008). Segundo Nickel et al (2010), essa comparação é feita geralmente enumerando as funções como 1,2,3... n, onde n é o número de funções, posteriormente atribui-se valores para as comparações. Na Figura 03 as funções são representadas pelos números (5 funções no total), as letras A, B, C, D e E representam a ordem de relevância que uma função tem sobre a outra. Por exemplo, na primeira coluna tem-se que a função 1 tem relevância B sobre a função 2. Na coluna soma, faz-se a soma dos pesos de cada função e na última coluna tem-se a porcentagem que a funções representa sobre o total. 22 Figura 03: Exemplo de Diagrama de Mudge Fonte: Nickel et al (2010) 1.6 Teoria dos Lugares Centrais Na década de 30, surgiu o trabalho de Walter Christäller. Segundo Clemente (2000), partia da hipótese de que os lugares econômicos seguiam uma lógica hierárquica de acordo com uma rede de interdependência que tenderia de forma natural a centralização. No que tange a essa centralização sabemos que os lugares centrais (grandes núcleos urbanos) são vistos pela ótica econômica como fornecedores de bens e serviços, tanto para si mesmos como para lugares de menor centralidade (municípios mais distantes economicamente). A centralização da oferta de bens e serviços não pode ser explicada apenas por fatores geográficos, como constatou Walter Christäller, pois como ele mesmo afirma o centro geográfico frequentemente não é um lugar central. Dessa forma, o conceito de distância geográfica deve ser substituído pelo de distância econômica, que leva em conta o custo de frete e seguro, embalagem, armazenamento e tempo necessário que leva a mercadoria até chegar ao local de destino (CLEMENTE, 2000). A partir da exploração de vantagens comparativas, a exportação de bens para localidades fora da área de mercado regional constitui fator decisivo de integração inter-regional e realimentação do crescimento do lugar central, em função de retornos crescentes de escala ou economias de especialização regional (FUJITA et al, 1999). Segundo Richardson (1973), por sua vez, a expansão da oferta de bens residenciais de baixa transportabilidade, constituídos fundamentalmente pelos serviços, constitui fator decisivo de consolidação da integração intra-regional e desenvolvimento de economias de urbanização. À medida que o espaço econômico tende a se organizar no entorno de vários lugares centrais, com suas áreas de mercado, está aberta a possibilidade de reprodução de regiões e desenvolvimento de economias regionais, com níveis diferenciados de integração econômica. 23 Ao mesmo tempo, do ponto de vista intra-regional, podem se desenvolver lugares centrais diferenciados, por ordem de tamanho e funcionalidade na oferta de bens, de maneira a se conformar sistemas urbanos hierarquizados. Configura-se, assim, uma hierarquia nodal urbana, formada pelo centro de maior tamanho, que exerce a função de suprir serviços especializados a centros menores em seu entorno, especialmente os serviços ofertados para o setor produtivo regional, que exigem uma escala urbana mínima relativamente elevada (RICHARDSON, 1973). De acordo com Henderson (1974), a explicação para diferentes tamanhos de cidades em um sistema urbano deve-se ao papel de cada uma delas na produção de bens e serviços. À medida que as economias externas de escala são específicas de atividades particulares, cada cidade tende a se especializar em poucas atividades, que requerem, por sua vez, escalas mínimas de tamanho urbano eficientes e diferenciadas. Assim, uma cidade têxtil não precisa ter uma dimensão além da necessária para abarcar um aglomerado de plantas de fiação e tecelagem, enquanto uma cidade com função de centro financeiro deve ser grande o suficiente para absorver o conjunto das operações bancárias de um país (FUJITA et al, 1999). A teoria do lugar central, vista sob esse aspecto, enseja claramente uma concepção de “área de mercado”, a ser polarizada pelo centro urbano de maior população e densidade na oferta de serviços. 1.7 Modelo Gravitacional O modelo gravitacional, como ferramental econométrico e devido aos bons resultados empíricos que fornece, começou a ser utilizado a partir da década de 1960 por Isard e Bramahall e, desde então, tem sido amplamente usado, pelos estudiosos do tema, no estudo dos fluxos de comércio entre os países (NASCIMENTO & JÚNIOR, 2013). No entanto, este modelo sofria críticas de diversos autores no tocante a sua fundamentação teórica. Apesar disso, recentemente, vários estudos mostraram que a equação gravitacional pode ser derivada tanto de modelos teóricos baseados em vantagens comparativas, quanto na nova teoria do comércio internacional. Considerando tais aspectos,por volta dos anos 1990, vários estudiosos trabalharam para a validação teórica do modelo, tentando vincular seu comportamento com o de outras teorias aceitas pela academia (NASCIMENTO & JÚNIOR, 2013). 24 Nesse contexto, o modelo gravitacional passa a ser utilizado na economia basicamente com três objetivos principais: mensurar os efeitos dos acordos preferenciais sobre os fluxos internacionais de comércio, avaliar o efeito fronteira e estimar os fluxos de comércio futuro entre países, estados ou cidades, onde nesta última aplicação o procedimento é a comparação dos resultados obtidos através do modelo com as informações reais advindas dos relatórios oficiais. De acordo com Nascimento & Júnior (2013), atualmente, o modelo é utilizado como um método satisfatório na análise dos fluxos de comércio, possuindo a capacidade de estimar fluxos próximos aos efetivos e, ainda detém a capacidade de captar os efeitos de variáveis que influenciam no comércio. Desta forma, o modelo gravitacional permite a definição de um esboço da área de interação de um polo, próximo à ideia de área de mercado, levando em conta o poder de atração determinado positivamente pela intensidade das trocas e negativamente pela distância geográfica, esta última refletida economicamente no custo de transporte por unidade do produto transportado. 1.8 Marketing de Cidades Neste ambiente globalizado e intensamente competitivo, não só as organizações empresariais, pessoas e outras instituições não empresariais têm a necessidade de apoiar-se em estratégias que possam lhes garantir competitividade e sustentabilidade. Os países, estados e cidades também precisam estabelecer posições que lhes assegurem um lugar neste contexto, podendo assim proporcionar um futuro promissor a seus cidadãos e corporações estabelecidas ou que venham a se estabelecer em seus distritos (ARDIGÓ, 2002). Então uma nova ordem surge nesta competição, exigindo dos gestores o estabelecimento de planejamentos estratégicos para as suas cidades, buscando um posicionamento com foco em suas competências e estabelecendo diferenciais baseados num efetivo programa de Marketing. 1.8.1 Evolução do Marketing de Cidades O desenvolvimento econômico como compromisso do estado e das cidades surgiu em 1970, à medida que a responsabilidade mudou do nível federal para o estadual – local e os recursos para financiar as atividades ligadas ao desenvolvimento mudaram do setor público para o privado. As localidades começaram a elaborar seus próprios programas descentralizados para atender as suas necessidades específicas (KOTLER et al, 1994). 25 Para Kotler et al (1994), não é recente a iniciativa dos locais pelo desenvolvimento econômico, porém somente a partir da década de 80 é que estas atividades foram promovidas pelos gestores de países, estados, regiões e localidades através de uma visão mais ampla de estratégia de marketing. Esta visão buscava criar mercados competitivos, atingir compradores específicos e fazer com que os recursos da comunidade fossem implementados de maneira que respondessem mais precisamente aos anseios dos compradores especializados. Nesse processo dinâmico, o marketing de cidades surgiu como um processo de integração promissor, que ligava as vantagens competitivas de um local aos objetivos gerais de seu desenvolvimento econômico (KOTLER et al,1994). Figura 04: Fases do Marketing de Cidades Fonte: Kotler et al (1994) O planejamento estratégico de marketing para localidades alterou-se, seguindo a tendência do marketing voltado às organizações, teve seu foco em determinado momento, voltado para o marketing de massa, num segundo estágio ao marketing especializado, e recentemente, a um marketing de nicho, conforme indicado na Figura 04. Para Kotler et al (1994), essas três etapas não se excluem mutuamente, e são reflexos da dinâmica concorrencial 26 vivenciadas pelas localidades, que buscam o desenvolvimento em meio à sofisticação da competição global. 1.8.2 Visão e Objetivo do Marketing de Cidade Kotler et al (1994) alerta quanto à possibilidade de confundir o marketing de lugar, com outras ferramentas de gestão governamental, como os orçamentos, que os gestores realizam para calcular custos e receitas esperadas, com os planejamentos de projetos e também com o planejamento a curto e em longo prazo, que visam tomar decisões referentes a finanças, impostos, investimentos, recursos futuros e apuração das necessidades para adequação da infraestrutura para suprir as demandas futuras. O planejamento estratégico de marketing de lugar, parte do princípio de que o futuro é extremamente incerto, desafiando a comunidade e seus gestores a planejarem-se como um sistema em atividade, que assimile choques e adapte-se rápida e eficientemente a novos cenários e oportunidades (KOTLER et al, 1994). Para Kotler et al (1994), o marketing estratégico de lugar, objetiva revitalizar cidades, regiões e nações, desenvolvendo a comunidade para satisfazer suas próprias necessidades. A localidade alcança o sucesso quando um grupo de indivíduos como cidadãos, trabalhadores e negócios produzem satisfação para sua comunidade e turistas; e quando os novos negócios e investidores encontram nela a resposta de suas expectativas. Para Saraiva & Capelão (2002), a utilização do marketing pelas esferas governamentais, acrescentam uma visão diferenciada, ao enfocar o cidadão, suas aspirações, manifestações e demandas específicas, mostrando assim, o potencial de adaptação e sobrevivência do estado na realidade atual. O desafio do marketing de lugar é fortalecer a capacidade de comunidades e regiões, para que se adaptem à esfera comercial variável, ocupem oportunidades e sustentem sua vitalidade. Kotler et al (1994) propõem que a cidade deve buscar um posicionamento estratégico, fazendo do marketing, ferramenta para conquistar seu desenvolvimento de forma sustentada. Para Kotler et al (1994), o marketing de lugar, no seu conteúdo, visa desenvolver quatro atividades: • Projetar um correto mix de características da comunidade e seus serviços; • Criar uma ambientalização atrativa como incentivo para compradores usuais, potenciais e usuários de serviços e bens produzidos no lugar; 27 • Entregar produtos e serviços locais eficientemente e de modo acessível; • Promover valores e a imagem do lugar, de forma que os usuários potenciais estejam completamente cientes das vantagens distintivas do lugar. 28 2 DIAGNÓSTICO A Fase do Diagnóstico foi subdividida em duas Etapas: a Análise dos Antecedentes e a Análise dos Ambientes Internos e Externos. 2.1 Análise dos Antecedentes Neste capítulo, foi realizada uma revisão bibliográfica sobre a origem e o desenvolvimento da indústria em Juiz de Fora, Minas Gerais. Para tanto, foram coletados, inicialmente, dados históricos sobre a industrialização, desde o nascimento e consolidação das primeiras fábricas, no período de 1850 a 1930, passando pela desaceleração e decadência industrial, nos anos de 1930 a 1970, até o esforço pela reindustrialização da cidade, nos anos 70 e 90. Num segundo momento, foram pesquisadas informações sobre o período de 1970 até a atualidade. 2.1.1 Desenvolvimento da Indústria em Minas Gerais A atividade industrial em Minas Gerais concentrava-se na região central do Estado, onde situavam-se as minas de exploração do ouro. Três tipos de atividade se destacavam: a mineração,a siderurgia e a indústria têxtil. No período colonial, a partir de 1690, já haviam centenas de lavras de ouro aluvionar na Região Central do Estado. De 1700 a 1780, Minas produziu cerca de dois terços do ouro e boa parte das gemas e diamantes extraídos no Brasil. Essa produção mineral fomentou a abertura de estradas, a implantação de núcleos urbanos, a unificação do território, a criação de uma estrutura administrativa própria e a construção da Estrada Real. Cidades como Ouro Preto, Congonhas, Sabará, São João Del Rei, Tiradentes, Diamantina, Serro e várias outras prosperaram em torno das minas (ALVES, 2008). A siderurgia teve sua origem no século XVIII, mas desenvolveu-se no século XIX, misturando contribuições africanas com certas inovações europeias. A principal força de trabalho neste tipo de atividade era o escravo, com conhecimentos na arte de fundir ferro, podendo-se dizer que constituíam mão-de-obra “especializada”. Por volta de 1880, a siderurgia mineira sofreu dois grandes baques: o primeiro, com o início da penetração das ferrovias na região central do Estado e o segundo, com a abolição da escravatura, privando a indústria 29 siderúrgica de sua única vantagem diante da concorrência estrangeira, a mão-de-obra regular e cativa (PAULA, 2002). A indústria têxtil que se desenvolveu ao longo do século XIX em Minas Gerais, se dividia em duas ramificações distintas, em termos de processos produtivos: a produção doméstica e a produção fabril (OLIVEIRA, 1993). No final da década de 1860 e início da década de 1870, a indústria em Minas Gerais teve um período favorável. A valorização cambial resultante das medidas de política monetária implementadas após os anos da Guerra do Paraguai, bem como o aumento das tarifas de importação constituíram estímulos à produção industrial. Daí, ocorreu um surto de investimento no setor têxtil durante os anos de 1870 a 1875 (OLIVEIRA, 1993). Destaca-se que grande parte das indústrias têxteis se situavam na região central do Estado, como também as siderúrgicas. Porém, existia uma grande diferença no emprego de mão-de-obra, pois, enquanto as siderúrgicas tinham no escravo sua principal força de trabalho, as indústrias têxteis se caracterizavam pelo emprego do trabalho livre. Grande parcela de desenvolvimento desse tipo de indústria se deu por conta da tradição que os colonizadores traziam em confeccionar seus próprios tecidos (OLIVEIRA, 1993). 2.1.2 A Industrialização em Juiz de Fora Juiz de Fora, com o início da implementação de um moderno sistema rodoferroviário na década de 1850 – Rodovia União e Indústria e Estrada de Ferro Leopoldina – desponta como o principal entreposto comercial e, com a abolição da escravatura, passa a receber imigrantes para trabalhar na construção da estrada, iniciando o desenvolvimento no setor urbano e industrial, criando uma grande massa de trabalhadores assalariados. A construção desta rodovia tornou a cidade o maior entreposto comercial da Zona da Mata (BARROS, 2008). Um incipiente setor urbano-industrial começa a se desenvolver na cidade a partir de 1880. A partir de 1890 instalam-se fábricas de maior porte e a população operária aumenta significativamente. Forma-se um segmento financeiro-bancário dentro da economia regional, sendo este de fundamental importância para a industrialização da cidade (BARROS, 2008). Tendo novos estímulos, capitais e investimentos, a circulação comercial na cidade cresceu em conjunto com o mercado consumidor e de trabalho, ganhando novos serviços urbanos como agências bancárias, telefones e energia elétrica. Neste ambiente favorável, sua industrialização avançou com o aparecimento de diversas unidades fabris e com o crescimento global de sua economia. A chegada dos italianos ajudou a ampliar o mercado de trabalho e o 30 aparecimento de novos empreendimentos. A presença alemã se envolveu neste contexto e assumiu novas funções. Um empreendimento de imigrantes alemães e descendentes era o Curtume Krambeck. Surgiram desordenadamente diversas manufaturas, que se transformaram em fábricas mecanizadas, mas coexistiam com outros manuais e domésticas, como estava ocorrendo no país (BARROS, 2008). No início do século XX os principais setores da indústria eram o têxtil e o de alimentos, com maior quantia de operários, investimentos e força motriz. As indústrias têxteis já não eram artesanais e manufatureiras, enquanto as de alimentos eram, em sua maioria, de pequeno porte. Entretanto, nas décadas seguintes uma crise estrutural emperra o crescimento industrial de Juiz de Fora. (BARROS, 2008) Giroletti apud Barros (2005), aponta que a industrialização em Juiz de Fora se desenvolveu em duas fases distintas: num primeiro momento predominaram as pequenas unidades, identificadas pela pequena produção, baixos índices de capital investido e produtividade, além de pequena concentração de mão-de-obra. Esta fase se desenvolve até o final da década de 1880, e seria muito mais um prenúncio do processo de industrialização que estaria por vir do que a industrialização propriamente dita. Num segundo momento, quando começam a se formar as forças produtivas capitalistas, verificando-se o predomínio de médias e grandes unidades com produção em série, tecnologia mais avançada e uma maior produtividade e maior concentração de mão-de-obra. É nesse momento que se estabeleceram as unidades fabris, já no final do século XIX. Em parte, é o próprio desenvolvimento de setores como o da ferrovia, rodovia, sistema financeiro, energia elétrica, telefonia, explica o impulso no processo de industrialização, mas a organização advinda da organização de trabalho no setor agroexportador, determinando a distribuição de renda no sistema, que fornecerá suporte a essa nova fase de industrialização da Zona da Mata (BARROS, 2005). 2.1.2.1 O Nascimento e Consolidação das Primeiras Fábricas (Anos de 1850 a 1930) A indústria de Juiz de Fora teve um dos seus períodos de maior crescimento de 1908 a 1920, constituindo-se num parque industrial sem precedente no Estado de Minas Gerais, quer pelo número de indústrias, quer pela riqueza produzida. Entretanto, o processo de industrialização de Juiz de Fora foi limitado e secundário comparativamente aos principais centros produtores do país (São Paulo, Rio de Janeiro e Distrito Federal) e esta limitação remete 31 à discussão das possíveis causas da desaceleração do crescimento industrial ao longo do século XX (BASTOS, 2002). Girolletti apud Barros (2005) aponta a excessiva concentração industrial no setor têxtil e a dependência de tecnologia, matéria-prima, insumos básicos e mão de obra qualificada de outros centros nacionais, principalmente de São Paulo e das importações. Paula (1976) complementa enfatizando a limitada dimensão das empresas, a falta de concorrência e o pouco dinamismo do empresariado local, preso à estrutura familiar das empresas. Externamente ao setor industrial, Girolletti apud Barros (2005) destaca a estrutura comercial de exportação de café e importação, bem como o sistema financeiro, que drenavam o empresariado têxtil local normalmente não concorria entre si. Cada um se especializava num segmento particular do mercado. O deslocamento da cafeicultura para São Paulo e a integração do mercado nacional com a consequente polarização por este estado do crescimento industrial do país inviabilizou a manutenção de polos de industrialização isolados no país (como Juiz de Fora). A rearticulação interna da economia mineira, por um lado via deslocamento do café para o norte e nordeste da Zona da Mata, e por outro lado devido às consequências econômicas e políticas(marginalização) para Juiz de Fora da construção da capital em Belo Horizonte (BASTOS, 2002). 2.1.2.2 Desaceleração e Decadência Industrial (Anos de 1930 a 1970) A partir de 1930 os fatores anteriormente analisados se aliam aos efeitos da grande depressão e a fatores políticos. A ascensão de Getúlio Vargas significou o término do condomínio estabelecido pelas oligarquias paulista e mineira na gestão do governo federal e o fortalecimento do governo central, envolvido com um projeto de modernização capitalista (industrialização). As classes dirigentes de Minas, para se tornarem novamente influentes no meio político nacional, apresentaram modificações qualitativas, com a redução do poder dos coronéis e a consequente ascensão de uma tecnocracia, que optou pelo crescimento da região de Belo Horizonte (siderurgia) com o consequente esvaziamento relativo do interior do estado (BASTOS, 2002). Até o final da década de 40 a indústria de Juiz de Fora permaneceu crescendo. Entretanto, no final dos anos 30, já apresentavam sinais de crise que continuaria seu curso após o termino da II Guerra Mundial (BASTOS, 2002). 32 Nos anos 50, os setores que passaram a liderar o crescimento econômico brasileiro foram os de bens de capital e de bens de consumo durável (siderurgia, metalurgia, química e automobilística), em detrimento dos setores tradicionais. Juiz de Fora esteve ausente dos grandes projetos de investimentos idealizados pelo Plano de Metas, sendo apenas beneficiada marginalmente com a instalação da Facit S.A. Máquinas de Escritório e da Becton Dickinson Indústrias Cirúrgicas Ltda., de capital internacional, sem alterar a tendência de decadência industrial da cidade (BASTOS, 2002). Juiz de Fora entrou num processo de falência, com várias indústrias tradicionais fechando suas portas e os novos empreendimentos não foram seguidos de similares, razão pela qual não possibilitaram a dinamização da estrutura produtiva da cidade (BASTOS, 2002). Paula (1976) destaca, que a partir dos anos 50, Juiz de Fora enfrentou sérias deficiências de infraestrutura (energia, transporte, telefonia e abastecimento de água e saneamento) que se constituíram em entraves ao processo de industrialização. Com relação aos transportes, a cidade continuava servida pelas rodovias e ferrovias do final do século, num período em que a unificação do mercado nacional (via construção do sistema viário) permitia que outras regiões antes atendidas por Juiz de Fora passassem a receber mercadorias vindas de São Paulo. Além disso, o declínio do Rio de Janeiro impedia que impulsos dinâmicos chegassem para a cidade do seu exterior, num momento em que a participação relativa de Juiz de Fora e da Zona da Mata na atividade industrial do Estado de Minas Gerais decaia e Belo Horizonte se consolidava como principal polo do estado. A crise econômica e política brasileira dos anos 60 acentuou os problemas da indústria local, pois muitas empresas não conseguiram sobreviver e se assistiu ao aparecimento de pequenas e médias empresas, principalmente do setor de malharia e confecção. A partir do governo local de Itamar Franco (1968/72), inicia-se um processo de reequipamento da infraestrutura da cidade (Distrito Industrial de Benfica e sistema de telecomunicações e abastecimento de água), objetivando reverter o quadro de estagnação econômica de Juiz de Fora (BASTOS, 2002). 2.1.2.3 Reindustrialização da Cidade (Anos de 1970 e 1990) Na década de 70, negociações políticas reforçadas por grande volume de recursos, suportes e incentivos fiscais e creditícios foram importantes para a atração de dois investimentos de vulto do setor metalúrgico para a cidade: a Siderúrgica Mendes Júnior (SMJ), 33 do subsetor siderurgia e a Cia Paraibuna de Metais (CPM) do subsetor de metais não ferrosos, que entraram em operação em 1984 e 1980, respectivamente (BASTOS, 2002). O Estado de Minas Gerais adicionalmente às isenções fiscais (reembolso por dez anos de 32% do ICMS recolhido pela empresa após sua entrada em operação), entrou com capital acionário e utilizou de empresas como a CEMIG, TELEMIG e do Banco de Crédito Real para suprir carências de infraestrutura e recursos. A Lei 3.676 de fevereiro de 1971 isentava dos impostos municipais, por dez anos, as indústrias siderúrgicas que se instalassem no município, com mão de obra permanente de 400 pessoas (BASTOS, 2002). A partir do início dos anos 80 o setor metalúrgico superou o setor têxtil em termos de valor da produção e se passou a observar a queda do pessoal ocupado no setor têxtil e crescimento do emprego no setor metalúrgico, mecânico e do vestuário. Apesar da diversificação da estrutura industrial, da geração de três mil novos empregos e do crescimento da massa salarial, os impactos sobre a cidade dos novos projetos industriais foram limitados, pois não geraram um conjunto de empresas encadeadas aos processos produtivos que viabilizassem a expansão do efeito multiplicador de renda e emprego no município (BASTOS, 2002). Durante os anos 80, o movimento de atração de empresas perdeu fôlego, devido à crise econômica nacional. A estratégia de política industrial adotada na cidade foi a de respeitar a vocação local e regional, através do estímulo às pequenas e médias empresas, inclusive via implantação na cidade do Distrito Industrial do Milho Branco, para as pequenas e microempresas dos setores de malharia, confecção e calçados. Entretanto, em 1988 foi criada a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico (SMDE) tendo como escopo atrair investimentos que resultem no desenvolvimento da economia da cidade (BASTOS, 2002). 2.1.2.4 Nova Estratégia de Desenvolvimento Econômico Local (Anos de 1990 em Diante) O setor industrial, em meados dos anos 90, era responsável por 35% do Produto Interno Bruto (PIB) de Juiz de Fora, sendo a maior renda gerada no setor de serviços (64%) e insignificante a renda do setor agropecuário (0.7%). Apesar do crescimento da renda gerada no setor industrial de 1985 a 1995, o desempenho industrial da cidade mostrou-se inferior ao do Estado de Minas Gerais, evidenciando uma situação de decadência histórica do setor industrial da cidade e a caracterização de Juiz de Fora como uma cidade com forte proeminência nos setores terciários de comércio e serviços. A partir do início da década de 90, novo esforço no 34 sentido de retomada do desenvolvimento econômico da cidade é realizado pelo governo de Custódio Mattos (1993/1996) (BASTOS, 2002). Num primeiro momento, a Prefeitura de Juiz de Fora realizou um convênio de cooperação técnica entre o Instituto de Desenvolvimento Industrial de Minas Gerais (INDI) e as empresas SMJ e CPM, com a interferência da Secretaria de Estado de Indústria e Comércio de Minas Gerais (SEIC), objetivando atrair empresas para a cidade integradas às cadeias produtivas das duas empresas. Apesar desta política ter se constituído num esforço de atração de empresas dentro de um contexto integrado, os convênios acabaram por não produzir resultados (BASTOS, 2002). A economia de Juiz de Fora estava decadente até que a construção na cidade da primeira unidade da Mercedes-Benz fora da Alemanha, a Mercedes-Benz Juiz de Fora, com um grande investimento de US$ 850 milhões, iniciou um processo de transformação econômica do município. Sendo uma das mais importantes do mercado automotivo mundial, a empresa acarreta uma melhoria da qualidade dos produtos e serviços de seus fornecedores, que acabam gerando uma melhoria em cadeia na cidade (CRUZ, 1999). 2.2 Análise dos Ambientes Internos e Externos Para o desenvolvimento da Matriz SWOT da cidade de Juiz deFora foram isoladas cinco variáveis para cada predominância quadrante da matriz (Quadro 01). Quadro 01: Análise SWOT de Juiz de Fora IN TE R N A S FORÇAS (Strengths) FRAQUEZAS (Weaknesses) • Localização • Hidrografia e Saneamento • Qualidade de Vida • Porto Seco • Logística • Renda • Topografia e Clima • Marketing • Energia • Ausência de uma Política de Planejamento EX TE R N A S OPORTUNIDADES (Opportunities) AMEAÇAS (Threats) • Incentivos Fiscais • Área de Influência • Parque Científico e Tecnológico • Turismo • Ensino • ICMS • Concorrência • Flutuações nas Ações Políticas • População • Êxodo de Talentos Fonte: Os Autores (2016) 35 2.2.1 Forças Para a predominância dos pontos fortes foram destacados: localização, hidrografia e saneamento, qualidade de vida, porto seco e logística. 2.2.1.1 Localização Segundo o Instituto Estrada Real (2016), a localização privilegiada de Juiz de Fora, entre três capitais (Belo Horizonte, Rio de Janeiro e São Paulo), a coloca como alvo estratégico do turismo de eventos e negócios. Esse fator se torna relevante na medida em que coloca a cidade próxima dos principais conglomerados urbanos no Brasil, ou seja, uma região com alta densidade populacional com necessidade de consumo, conforme mostra a Figura 05. Figura 05: Localização Privilegiada de Juiz de Fora Fonte: CRITT (2016) Além disso, há um aglomerado urbano entre as cidades Rio de Janeiro e São Paulo que é chamado Megalópole Brasileira ou Megalópole do Sudeste Brasileiro. Essa região de 82.616 quilômetros quadrados (0,97% do território brasileiro) é constituída por 232 municípios dos 36 estados Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais. Segundo o IBGE (2016), vivem 42 milhões de pessoas nessa região, o que representa 23% da população brasileira. Cidades estratégicas como Campinas, Jundiaí, Piracicaba, Santos, São José dos Campos, Sorocaba, Duque de Caxias, Volta Redonda, Petrópolis e Niterói estão contidas nessa conurbação que inclui a Zona da Mata Mineira. Como consequência disso, Juiz de Fora está contida nessa região próximo a divisa entre Minas Gerais e o estado do Rio de Janeiro, distando aproximadamente 184 quilômetros da capital carioca, 478 quilômetros da capital paulista e 548 quilômetros do Porto de Santos. O Porto de Santos é hoje considerado o 39º maior do mundo por movimentação de contêineres segundo a Container Management e o principal porto do Brasil, possui como acessos terrestres as rodovias Anchieta e Imigrantes e as ferrovias FERROBAN, conhecida também como Ferrovia Bandeirantes S.A., e MRS Logística S.A. A MRS Logística S.A. possui uma de suas Superintendências em Juiz de Fora e opera a Malha Regional Sudeste (Figura 06), ligando a cidade ao porto e a Região Metropolitana de Belo Horizonte. Sendo a 3ª maior região metropolitana do Brasil, a Grande Belo Horizonte possui 5.873.841 habitantes, equivalente a 25% da população de Minas Gerais e 40% da economia do estado. A distância entre Juiz de Fora e a capital mineira é de 266 quilômetros, passando pela rodovia BR 040. Figura 06: Malha Regional Sudeste Fonte: MRS (2016) 37 2.2.1.2 Hidrografia e Saneamento Segundo a CEMIG (2016), o município de Juiz de Fora está contido na bacia do Médio Paraibuna, pertencente à bacia do rio Paraíba do Sul, e seu perímetro urbano é drenado por 156 sub-bacias de diversas dimensões. Do ponto de vista morfológico, a bacia do Médio Paraibuna possui tributários com perfis longitudinais relativamente acentuados, que desembocam no rio principal com gradiente moderadamente baixo. Inaugurada em agosto de 2013, a adutora de Chapéu d’Uvas irá garantir o abastecimento da cidade pelos próximos 30 anos, se tornando um dos principais mananciais da cidade. Com a nova adutora, mais 900 litros de água por segundo poderão ser acrescentados ao sistema, fazendo com que Juiz de Fora não precise se preocupar com esta questão pelas próximas décadas. Atualmente, cerca de 300 litros de água por segundo já estão sendo retirados da represa de Chapéu d’Uvas e adicionados ao sistema, o que trouxe grandes benefícios para a cidade durante o período de estiagem. Para que a adutora seja utilizada em sua total capacidade, obras complementares, como a ampliação da ETA CDI, ainda estão sendo realizadas. Cerca de R$ 37,5 milhões foram investidos nos trabalhos (CESAMA, 2016). Em 2013 o Instituto Trata Brasil realizou um estudo com as 100 maiores cidades do Brasil, criando um ranking do saneamento básico. Juiz de Fora estava na posição 37ª, sendo que em 2012 sua posição era 28a. Os dados desse estudo são retirados da base de dados do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS). Segundo esta, apenas 7,85% do esgoto de Juiz de Fora era tratado em 2011 (PJF, 2016). Segundo o Ranking de Eficiência de Municípios – Folha (REM-F), em um estudo realizado com 5.281 cidades, o investimento em saneamento básico de Juiz de Fora é maior do que a média nacional. Enquanto a pontuação do município é 0,962, a média nacional é de 0,567 numa escala que varia de 0 a 1 (PJF, 2016). 2.2.1.3 Qualidade de Vida Segundo dados do Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM), Juiz de Fora ocupa a 145ª posição entre os municípios brasileiros com melhores IDHMs. Esse estudo foi realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 2010 e avaliou 5.565 municípios brasileiros. Ele leva em conta três variáveis: longevidade, renda e educação (IBGE, 2016). 38 Figura 07: IDHM em Juiz de Fora Fonte: Atlas Brasil (2013) O último IDHM de Juiz de Fora foi de 0,778, valor que coloca a cidade em uma faixa de Desenvolvimento Humano Alto (IDHM entre 0,700 e 0,799). Essa análise é realizada de dez em dez anos e mostra que houve um aumento de 0,594 para 0,778 no período de 1991 a 2010. Aumento equivalente a 30,98%, conforme mostra a Figura 07. Nesse mesmo período, o IDHM da Unidade Federativa (UF) passou de 0,493 para 0,727, equivalente a um aumento de 47%. Esse valor coloca o município abaixo do aumento médio nacional, porém ainda é considerado alto (Figura 08). Figura 08: Evolução do IDHM em Juiz de Fora Fonte: Atlas Brasil (2013) 39 A variável que mais contribui para o aumento do IDHM de Juiz de Fora foi a longevidade, cujo índice foi de 0,844, seguido pela renda, 0,784. O índice mais baixo foi a educação, 0,711 (Figura 09). Figura 09: IDHM e Seus Componentes – Juiz de Fora, MG Fonte: Atlas Brasil (2013) 2.2.1.4 Porto Seco Os portos secos, ou dry ports, possuem a função de receber cargas de portos primários e nacionalizá-las ou funcionar como entreposto aduaneiro. Também podem auxiliar exportadores a armazenar sua carga e negociar os documentos necessários como se a mercadoria já estivesse embarcada (MULTITERMINAIS, 2016). São considerados terminais intermodais terrestres diretamente ligados por rodovias, ferrovias ou aeroportos. Geralmente estão localizados no interior, na zona secundária como uma Estação Aduaneira Interior (EADI). Segundo a empresa Multiterminais (2016), uma empresa de logística integrada, o Brasil possui 63 portos secos. Em outubro de 1997 foi inaugurado em Juiz de Fora o Porto Seco da Zona da Mata com acesso rodoviário através das rodovias BR 040, BR 267 e BR 116. O terminal conta com 130.383 m² de área alfandegada, sendo 11.000 m² de armazéns cobertos, 116.783 m² de área de pátio para armazenagem de veículos, contêineres ou carga solta e mais 2.600 m² de área construída com instalações
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