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TCC A Industrialização da Zona da Mata versão 9

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ASSOCIAÇÃO DOS DIPLOMADOS DA ESCOLA SUPERIOR DE GUERRA 
CURSO DE ESTUDOS DE POLÍTICA E ESTRATÉGIA 
 
 
 
 
ALEX CHANDLER DE OLIVEIRA MARQUES 
ANA FLÁVIA DA FONSECA BARROSO 
DANIEL DE FILIPPO BARBOSA 
JOÃO BATISTA DE OLIVEIRA 
JOSEANE APARECIDA AZEVEDO 
LUCAS RESENDE CARVALHO 
REGINA MÁRCIA DE AMORIM COUTINHO 
ROBERT ALEXANDRE DE ÁVILA 
 
 
 
 
 
 
ESTUDOS DE POLÍTICA E ESTRATÉGIA: APLICAÇÃO NA 
INDUSTRIALIZAÇÃO DE JUIZ DE FORA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Juiz de Fora 
2016 
 
ALEX CHANDLER DE OLIVEIRA MARQUES 
ANA FLÁVIA DA FONSECA BARROSO 
DANIEL DE FILIPPO BARBOSA 
JOÃO BATISTA DE OLIVEIRA 
JOSEANE APARECIDA AZEVEDO 
LUCAS RESENDE CARVALHO 
REGINA MÁRCIA DE AMORIM COUTINHO 
ROBERT ALEXANDRE DE ÁVILA 
 
 
 
 
 
 
 
ESTUDOS DE POLÍTICA E ESTRATÉGIA: APLICAÇÃO NA 
INDUSTRIALIZAÇÃO DE JUIZ DE FORA 
 
 
 
 
 
Trabalho de Conclusão de Curso – Monografia 
apresentada a ADESG – Associação dos 
Diplomados da Escola Superior de Guerra como 
requisito à obtenção do diploma do Curso 
Estudos de Política e Estratégia. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Juiz de Fora 
2016 
 
AGRADECIMENTOS 
 
 
À Escola Superior de Guerra (ESG) por desenvolver atividades acadêmicas, visando preparar 
civis e militares para desempenhar funções de alto nível; a Associação dos Diplomados da 
Escola Superior de Guerra (ADESG), por nos proporcionar a realização de estudos exercitando 
cidadania e nacionalidade. 
Ao Delegado Regional do XXVII Curso de Estudos de Política e Estratégia (CEPE) Cel. Carlos 
Alfredo Silva de Queiroz, por seu comprometimento com o curso, dividindo suas experiências, 
sua alegria e seu tempo com os estagiários. 
Aos Palestrantes e a todo Corpo Permanente, por ter nos acolhido e passado os ensinamentos e 
experiências inesquecíveis, principalmente quanto ao Método de Planejamento, as viagens de 
estudos e visitas, nos tornando habilitados para as importantes atividades que exerceremos ao 
longo de nossas vidas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE FIGURAS 
 
 
Figura 01: Modelo de Matriz SWOT ...................................................................................... 14 
Figura 02: As Cinco Forças de Porter ..................................................................................... 18 
Figura 03: Exemplo de Diagrama de Mudge ........................................................................... 22 
Figura 04: Fases do Marketing de Cidades ............................................................................. 25 
Figura 05: Localização Privilegiada de Juiz de Fora ............................................................... 35 
Figura 06: Malha Regional Sudeste ......................................................................................... 36 
Figura 07: IDHM em Juiz de Fora ........................................................................................... 38 
Figura 08: Evolução do IDHM em Juiz de Fora ..................................................................... 38 
Figura 09: IDHM e Seus Componentes – Juiz de Fora, MG ................................................... 39 
Figura 10: Porto Seco de Juiz de Fora ..................................................................................... 40 
Figura 11: Vista Aérea do Aeroporto da Serrinha ................................................................... 41 
Figura 12: Aeroporto Regional da Zona da Mata .................................................................... 42 
Figura 13: Juiz de Fora – Estradas e Ferrovias ........................................................................ 44 
Figura 14: Área de Influência de Juiz de Fora ......................................................................... 52 
Figura 15: Zoneamento – Parque Tecnológico ........................................................................ 54 
Figura 16: Área Administrativa ............................................................................................... 55 
Figura 17: Universidades do Sudeste Mineiro ........................................................................ 58 
Figura 18: Distribuição da População por Sexo no Ano 2000 – Juiz de Fora, MG ................ 66 
Figura 19: Distribuição da População por Sexo no Ano de 2010 – Juiz de Fora, MG ........... 67 
 
 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE QUADROS 
 
 
Quadro 01: Análise SWOT de Juiz de Fora ............................................................................ 34 
Quadro 02: Microrregiões Analisadas ..................................................................................... 51 
Quadro 03: Área de Influência de Juiz de Fora ....................................................................... 53 
Quadro 04: Evolução do PIB por Setor das Microrregiões da Área de Influência ................. 61 
Quadro 05: Total de Empresas por Microrregião Durante os Anos ........................................ 62 
Quadro 06: Mensuração dos Fatores Estudados ...................................................................... 69 
Quadro 07: Estrutura Proposta com Base na Análise SWOT ................................................. 70 
Quadro 08: Forças x Oportunidades ........................................................................................ 70 
Quadro 09: Forças x Fraquezas ............................................................................................... 71 
Quadro 10: Forças x Ameaças ................................................................................................. 72 
Quadro 11: Oportunidades x Fraquezas .................................................................................. 73 
Quadro 12: Oportunidades x Ameaças .................................................................................... 73 
Quadro 13: Fraquezas x Ameaças ........................................................................................... 74 
Quadro 14: Fraquezas x Ameaças ........................................................................................... 75 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS 
 
 
TERMOS SIGLAS 
Área de Especial Interesse Econômico ...................................................................... AIEIE 
Associação dos Diplomados da Escola Superior de Guerra ...................................... ADESG 
Centro Regional de Inovação e Transferência de Tecnologia ................................... CRITT 
Cia Paraibuna de Metais ............................................................................................ CPM 
Escola Superior de Guerra ......................................................................................... ESG 
Estação Aduaneira Interior ........................................................................................ EADI 
Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços ............................................... ICMS 
Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza ......................................................... ISSQN 
Índice de Desenvolvimento Humano Municipal ........................................................ IDHM 
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística ........................................................... IBGE 
Instituto de Desenvolvimento Industrial de Minas Gerais .........................................INDI 
Instituto de Pesquisa e Planejamento ......................................................................... IPPLAN 
Instituto Nacional de Meteorologia ............................................................................ INMET 
Parque Científico e Tecnológico de Juiz de Fora e Região ....................................... PCTJFR 
Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação ..................................................................... PD&I 
Plano Mineiro de Desenvolvimento Integrado ........................................................... PMDI 
População Economicamente Ativa ............................................................................ PEA 
Produto Interno Bruto ................................................................................................ PIB 
Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento ............................................. PNUD 
Ranking de Eficiência de Municípios – Folha ........................................................... REM-F 
Secretaria de Estado de Indústria e Comércio de Minas Gerais ................................. SEIC 
Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico ............................................. SMDE 
Siderúrgica Mendes Júnior ........................................................................................ SMJ 
Sociedade Nacional Apoio Rodoviário Turístico ...................................................... SINART 
Strenghts, Weaknesses, Opportunities e Threats ....................................................... SWOT 
Systems Applications and Products in Data Processing ........................................... SAP 
Tecnologia da Informação .......................................................................................... TI 
Unidade Federativa ..................................................................................................... UF 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
INTRODUÇÃO ....................................................................................................................... 10 
1 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ...................................................................................... 12 
1.1 Aspectos Doutrinários ...................................................................................................... 12 
1.2 A Análise SWOT ............................................................................................................... 14 
1.2.1 Histórico da Análise SWOT ............................................................................................ 14 
1.2.2 Por que Utilizar a Análise SWOT? .................................................................................. 15 
1.2.3 Como Desenvolver a Análise SWOT? ............................................................................ 15 
1.2.3.1 Ambiente Interno .......................................................................................................... 16 
1.2.3.1.1 Strengths (Forças) ...................................................................................................... 16 
1.2.3.1.2 Weaknesses (Fraquezas) ............................................................................................. 16 
1.2.3.2 Ambiente Externo ......................................................................................................... 17 
1.2.3.2.1 Opportunities (Oportunidades) .................................................................................. 17 
1.2.3.2.2 Threats (Ameaças) ..................................................................................................... 17 
1.3 As Cinco Forças de Porter ............................................................................................... 18 
1.3.1 Rivalidade entre Concorrentes ......................................................................................... 18 
1.3.2 Ameaças de Novos Entrantes ........................................................................................... 19 
1.3.3 Poder de Barganha dos Clientes ...................................................................................... 19 
1.3.4 Poder de Barganha dos Fornecedores .............................................................................. 19 
1.3.5 Ameaça de Produtos Substitutos ...................................................................................... 20 
1.4 Brainstorming .................................................................................................................... 20 
1.5 Diagrama de Mudge ......................................................................................................... 21 
1.6 Teoria dos Lugares Centrais ............................................................................................ 22 
1.7 Modelo Gravitacional ....................................................................................................... 23 
1.8 Marketing de Cidades....................................................................................................... 24 
1.8.1 Evolução do Marketing de Cidades ................................................................................. 24 
1.8.2 Visão e Objetivo do Marketing de Cidades ..................................................................... 26 
2 DIAGNÓSTICO ................................................................................................................... 28 
2.1 Análise dos Antecedentes ................................................................................................. 28 
2.1.1 Desenvolvimento da Indústria em Minas Gerais ............................................................. 28 
2.1.2 A Industrialização em Juiz de Fora .................................................................................. 29 
2.1.2.1 O Nascimento e Consolidação das Primeiras Fábricas (Anos de 1850 a 1930) ........... 30 
 
2.1.2.2 Desaceleração e Decadência Industrial (Anos de 1930 a 1970) ................................... 31 
2.1.2.3 Reindustrialização da Cidade (Anos de 1970 e 1990) .................................................. 32 
2.1.2.4 Nova Estratégia de Desenvolvimento Econômico Local (Anos de 1990 em Diante) .. 33 
2.2 Análise dos Ambientes Internos e Externos ................................................................... 34 
2.2.1 Forças ............................................................................................................................... 35 
2.2.1.1 Localização ................................................................................................................... 35 
2.2.1.2 Hidrografia e Saneamento ............................................................................................. 37 
2.2.1.3 Qualidade de Vida ......................................................................................................... 37 
2.2.1.4 Porto Seco ..................................................................................................................... 39 
2.2.1.5 Logística ........................................................................................................................ 41 
2.2.2 Fraquezas ......................................................................................................................... 44 
2.2.2.1 Renda ............................................................................................................................ 45 
2.2.2.2 Topografia e Clima ....................................................................................................... 45 
2.2.2.3 Marketing ......................................................................................................................46 
2.2.2.4 Energia .......................................................................................................................... 47 
2.2.2.5 Ausência de uma Política de Planejamento .................................................................. 48 
2.2.3 Oportunidades .................................................................................................................. 50 
2.2.3.1 Incentivos Fiscais .......................................................................................................... 50 
2.2.3.2 Área de Influência ......................................................................................................... 51 
2.2.3.3 Parque Científico e Tecnológico ................................................................................... 53 
2.2.3.4 Turismo ......................................................................................................................... 55 
2.2.3.5 Ensino ........................................................................................................................... 56 
2.2.4 Ameaças ........................................................................................................................... 58 
2.2.4.1 ICMS ............................................................................................................................. 58 
2.2.4.2 Concorrência ................................................................................................................. 59 
2.2.4.2.1 Antiga Atração de Indústrias ..................................................................................... 60 
2.2.4.2.2 Novas Áreas Atrativas ............................................................................................... 60 
2.2.4.2.3 Disputa Pelas Indústrias ............................................................................................. 60 
2.2.4.2.4 Juiz de Fora e o Novo Contexto ................................................................................. 61 
2.2.4.3 Flutuações nas Ações Políticas ..................................................................................... 62 
2.2.4.4 População ...................................................................................................................... 66 
2.2.4.5 Êxodo de Talentos ......................................................................................................... 67 
3 ANÁLISE QUANTITATIVA DAS CARACTERÍSTICAS ............................................ 69 
3.1 Identificação dos Problemas ............................................................................................ 69 
 
3.2 Estabelecendo os Valores de Acordo com as Características ....................................... 69 
3.3 Óbices Existentes ............................................................................................................... 75 
4 CENÁRIO DESEJÁVEL .................................................................................................... 76 
5 POLÍTICAS ESTRATÉGICAS CORRESPONDENTES ............................................... 77 
CONCLUSÃO ......................................................................................................................... 79 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................................. 80 
 
INTRODUÇÃO 
 
 
Este trabalho foi proposto como parte integrante ao processo de aprovação dos 
estagiários no XXVII Curso de Estudos de Política e Estratégia promovido pela ADESG. 
O tema desenvolvido pelo grupo de estagiários foi a industrialização do Município de 
Juiz de Fora que na última década do século XIX possuía muitas indústrias e era considerada a 
maior cidade de Minas Gerais. Atualmente, a cidade se mantém entre as grandes cidades do 
estado, apesar do declínio no setor industrial. Conhecida informalmente como Manchester 
Mineira, a cidade destaca-se no setor de serviços na economia. O objetivo geral deste estudo 
foi responder à questão sobre quais são as explicações para essa mudança nos rumos da cidade. 
O objetivo específico para o desenvolvimento do trabalho, foi a utilização do Método 
de Planejamento da ESG a fim de propor políticas estratégicas para a industrialização da cidade. 
A metodologia utilizada para a realização do trabalho, foi a pesquisa bibliográfica, 
exploratória e descritiva, já que buscou-se tornar explícito, explorar e descrever o processo de 
industrialização de Juiz de Fora. Com a pesquisa bibliográfica foram possíveis: recolher, 
selecionar e interpretar as contribuições teóricas já existentes sobre o assunto e a análise desses 
trabalhos. Foi realizada também a coleta de dados atualizados sobre as indústrias de Juiz de 
Fora em sites com levantamentos estatísticos sobre o assunto. 
 O trabalho foi dividido em quatro capítulos, sendo o primeiro, a Fundamentação Teórica 
do trabalho. Nesse capítulo foram abordados os aspectos doutrinários da ESG para o Método 
de Planejamento, Análise SWOT, as Cinco Forças de Porter, Brainstorming, o Diagrama de 
Mudge, a Teoria dos Lugares Centrais, o Modelo Gravitacional, além de Marketing de Cidades, 
assuntos que foram utilizados ao longo do trabalho. 
No segundo capítulo, foi feito o diagnóstico da industrialização em Juiz de Fora através 
da análise do ambiente. Para tanto, foram coletados dados históricos sobre a industrialização, 
desde o nascimento e consolidação das primeiras fábricas, até o início do século XXI. 
Posteriormente, foi analisado o statu quo através de análises dos ambientes externo e interno, 
utilizando ferramentas de análise já mencionadas no capítulo anterior. 
No terceiro capítulo, foi realizada a análise quantitativa das características de Juiz de 
Fora, definidas qualitativamente por meio da análise SWOT. Nesse capítulo foram 
apresentados os óbices de maior relevância. 
No quarto capítulo foi definido o escopo de um cenário desejável com base no 
conhecimento dos planos em vigor, apuração das necessidades, levantamento de meios 
 
 
 
11 
disponíveis e potenciais, para o desenvolvimento industrial da cidade alavancando um 
desenvolvimento econômico e social. 
No capítulo cinco, foram definidas as políticas estratégias correspondentes e sugeridas 
soluções para alavancar o desenvolvimento econômico e social por um processo de 
industrialização do município de Juiz de Fora. 
Com base nessas informações foi desenvolvida a conclusão do trabalho no último 
capítulo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
12 
1 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 
 
 
Para o desenvolvimento do trabalho, foi necessário o aprendizado de itens como os 
Aspectos Doutrinários da ESG, os conhecimentos adquiridos no curso de Engenharia de 
Produção, com ênfase na área de Planejamento Estratégico e a utilização de várias referências 
bibliográficas. Devido aos temas sobre Análise SWOT, As Cinco Forças de Porter, 
Brainstorming, Diagrama de Mudge, Teoria dos Lugares Centrais, Modelo Gravitacional e 
Marketing de Cidades possuírem uma literatura vasta, foram selecionados os autores que mais 
se aproximam, em suas descrições, do controle de dados feito pelos estagiários, voltado para a 
industrialização da cidade de Juiz de Fora. 
 
1.1 Aspectos Doutrinários 
 
Com base no Manual Básico da ESG (2009), foram descritas as fases para o 
desenvolvimento do método para o planejamento estratégico. 
Considera-se o planejamento como sendo uma ferramenta que visa dar racionalidade ao 
processo na busca pela decisão. Ele pode ocorrer observando diversas metodologias, algumas 
das quais com conceitos que se aproximam, em uma ou mais etapas.O método da ESG possui quatro etapas, que podem ocorrer de forma concomitante no 
desenvolvimento do planejamento: 
• A primeira etapa é o Diagnóstico: que é responsável pela análise; 
• A segunda etapa é a Política: a quem cabe as escolhas; 
• A terceira é a Estratégia: onde se dá a programação; 
• A quarta etapa é a Gestão: onde ocorre a execução do planejamento e o seu controle, 
o que se dá por meio de indicadores, previstos para avaliar os resultados. 
Nas fases da estratégia e da gestão entra-se no que pode ser chamado de “ação” do 
planejamento. 
O método da ESG atém-se até a fase da Estratégia, pois sua missão não inclui o emprego 
do plano tático, limitando-se exclusivamente á formulação da estratégia: o “como fazer”. 
A base doutrinária do método da ESG parte do pressuposto que todas as pessoas 
possuem necessidades e estas geram objetivos: para o alcance destes objetivos são necessários 
recursos, os quais devem ser empregados por meio de uma ação, que a doutrina chama de 
 
 
13 
“Poder”. É a Política que indica o que fazer, cuidando a Estratégia de desvendar como deve ser 
feito. 
Em síntese, a Estratégia é definida pela Política. Para a ESG, o Homem é o maior Bem 
da Nação – o seu preparo, o do homem, é o centro das preocupações da escola. 
O método tem a natureza governamental. Do ponto de vista macro, a Nação é o seu 
referencial como sistema. Este, por sua vez, se compõe de diversos subsistemas, sendo eles 
educacional, político, esportivo, sindical, entre outros, sendo o subsistema governo considerado 
o seu principal referencial. A primeira etapa do Método, denominada Diagnóstico, é aquela 
onde se obtém os dados necessários para a realização do Planejamento. 
Nela busca-se conhecer os ambientes interno e externo e a sua organização. É uma etapa 
de análise, dividida didaticamente em dois momentos: 
• Análise do ambiente, como: análise dos antecedentes, ambiente externo e ambiente 
interno; 
• Análise do poder, como: conhecimento dos planos em vigor, apuração das 
necessidades, levantamento de meios disponíveis e potenciais. 
A etapa seguinte é chamada de Política e refere-se a um momento de “escolha”. 
Também didaticamente, se divide em duas fases: a elaboração de cenários, que comporta a 
definição de fatos portadores de futuro e eventos, estudo de cenários extremos e apreciação de 
cenários probabilísticos. 
Ainda na etapa Política, tem-se a fase da Concepção Política, que se compõe das 
seguintes fases: identificação de cenários mais prováveis, verificação de pressupostos básicos, 
que são condicionantes que permitem avaliar a legitimidade, a oportunidade e a conveniência 
dos objetivos do cenário mais provável orientando o decisão estratégica quanto à escolha do 
cenário desejado para que ele se consolide como cenário do Planejamento Governamental, 
podendo ser Ético ou Pragmático, apuração de cenários desejados e definição de Objetivos de 
Estado e Objetivos de Governo. 
A terceira etapa do Método é denominada de Estratégica, situando-se já no campo da 
ação e, em síntese, servindo para indicar o “como fazer”. 
Na primeira fase desta etapa realiza-se a Concepção Estratégica, oportunidade em que 
se conhece os Óbices, define-se as Ações que deverão ser realizadas, aplicando o Teste da 
Adequabilidade, Exequibilidade (ambos eliminatórios) e da Aceitabilidade (este seletivo), 
define-se a Opção Estratégica e, finalmente, apontam-se as Diretrizes de Execução das Ações 
eleitas. 
 
 
14 
Na segunda etapa da Fase Estratégica se dá a Programação, que se compõe da 
elaboração de Planos, Programas e Projetos e, por fim, a definição de orçamento necessário. O 
produto final do Planejamento Estratégico deve ser a Decisão Estratégica, que deve ter três 
características essenciais: ser simples, ter objetividade e ser amplamente difundida. 
A última fase do Método de Planejamento da ESG é chamada de Fase de Gestão: nela 
ocorrem a execução do Plano propriamente dito e realização de seu controle, que se dá pelo uso 
de Indicadores, especialmente elaborados ou adaptados para avaliar os resultados alcançados. 
Sendo a ESG uma Instituição voltada mais à formulação de ideias e realização de planejamento, 
esta fase não é executada por ela. 
A fase de Gestão se compõe de duas etapas: uma de Execução, quando ocorrem a 
Coordenação das Ações e a sua Implementação e, finalmente, uma fase de Controle, 
oportunidade em que se dá o Acompanhamento das Medidas em execução e a Avaliação, por 
meio de Indicadores, dos resultados alcançados pelo Plano proposto. 
 
1.2 A Análise SWOT 
 
 A análise SWOT ou FOFA, em português, é uma ferramenta muito utilizada em 
planejamento estratégico de negócios. A sigla S.W.O.T., deriva da língua inglesa e traduz-se: 
Streghts (forças), Weaknesses (fraquezas), Opportunities (oportunidades) e Threats (ameaças). 
Esta análise procura avaliar os pontos fortes e pontos fracos no ambiente interno da organização 
e as oportunidades e as ameaças no ambiente externo (Figura 01). 
 
SWOT	 AJUDA	 ATRAPALHA	
(Na	Conquista	de	Objetivos)	 (Na	Conquista	de	Objetivos)	
Ambiente	Interno	 Forças	 Fraquezas	
	(Atributos	da	Entidade)	
Ambiente	Externo	 Oportunidades	 Ameaças	
	(Atributos	do	Ambiente)	
Figura 01: Modelo de Matriz SWOT 
Fonte: Daychouw (2007) 
 
1.2.1 Histórico da Análise SWOT 
 
Segundo Daychouw (2007), a análise SWOT foi criada por Albert Humphrey na década 
de 1960, numa pesquisa da Universidade de Stanford. Para isso, foram utilizados dados das 500 
 
 
15 
maiores empresas da revista Fortune. Rodrigues (2005) afirma que, mais tarde, dois professores 
de Harvard, Kenneth Andrews e Roland Christensen, reforçaram a ideia proposta e aplicaram-
na em diversos projetos. 
Atualmente, em um ambiente competitivo no qual corporações lutam por uma fatia do 
mercado, qualquer erro pode colocar sua sobrevivência em xeque. Nesse contexto, segundo 
Martins (2007), a análise SWOT é utilizada pelas organizações para realizarem seu 
planejamento estratégico e tomar decisões em todos os níveis hierárquicos. 
 
1.2.2 Por que Utilizar a Análise SWOT? 
 
A análise SWOT é um sistema simples para posicionar ou verificar a posição estratégica 
da empresa no ambiente em questão (DAYCHOUW, 2007). 
É uma ferramenta utilizada para a análise de ambientes ou cenários. Pode ser usada por 
grandes e pequenas empresas, cidades, regiões, estados e até mesmo países. Com ela é possível 
mensurar a posição de uma entidade em um determinado contexto e objetivar a missão do 
mesmo. Sendo possível criar algo parecido com um ranking que mostra a situação da entidade 
estudada em relação a outros possíveis concorrentes no ambiente em que atua. 
Através das quatro variáveis, pode-se fazer a inventariação das forças e fraquezas da 
empresa, das oportunidades e ameaças do meio em que a empresa atua. Quando os pontos fortes 
de uma organização estão alinhados com os fatores críticos de sucesso para satisfazer as 
oportunidades de mercado, a empresa será por certo, competitiva no longo prazo 
(RODRIGUES, 2005). 
Segundo Chiavenato & Sapiro (2003), sua função é cruzar as oportunidades e as 
ameaças externas à organização com seus pontos fortes e fracos. A avaliação estratégica 
realizada a partir da matriz SWOT é uma das ferramentas mais utilizadas na gestão estratégica 
competitiva. Tratasse de relacionar as oportunidades e ameaças presentes no ambiente externo 
com as forças e fraquezas mapeadas no ambiente interno da organização. As quatro variáveis 
servem como indicadores da situação da organização. 
 
1.2.3 Como Desenvolver a Análise SWOT? 
 
A primeira etapa do processo é identificar a entidade que será estudada, ou seja, o objeto 
deestudo. A segunda etapa consiste em estudar os possíveis cenários. Para isso serão analisadas 
 
 
16 
características da entidade e dos concorrentes, ações já concluídas e em andamento. É 
necessário saber o que se deve analisar e aonde se quer chegar. 
A próxima fase do processo será obter as informações que foram julgadas necessárias. 
Com a análise SWOT, os dados levantados irão gerar informações que podem ser utilizadas no 
planejamento estratégico da entidade em estudo. 
Os dados serão utilizados para agrupar as forças e fraquezas (ambiente interno) e as 
ameaças e as oportunidades (ambiente externo) em um diagrama. 
 
1.2.3.1 Ambiente Interno 
 
A análise das forças e fraquezas consiste no estudo do ambiente interno. Os gestores 
devem achar os pontos fortes e fracos da entidade que conduzem em relação aos concorrentes. 
Algumas características que podem ser observadas são qualidade, propaganda, inovação, 
colaboradores, incentivos fiscais e custos. 
O ambiente interno pode ser controlado pelos dirigentes da organização, uma vez que 
ele é resultado das estratégias de atuação definidas pelos seus próprios membros 
(DAYCHOUW, 2007). 
 
1.2.3.1.1 Strengths (Forças) 
 
Segundo Matos et al (2007), as forças de uma entidade consistem nos recursos e 
habilidades que essa possui para explorar oportunidades e minimizar as ameaças. 
Elas são os fatores internos e cujas características são positivas em relação a um objetivo 
e são completamente controláveis. Essas forças, quando bem exploradas pela entidade, geram 
o know how, que em um ambiente competitivo ajudam esta a se manter bem posicionada em 
relação aos concorrentes (Martins, 2007). 
 
1.2.3.1.2 Weaknesses (Fraquezas) 
 
Ao contrário das forças, as fraquezas são, segundo Matos et al (2007), “deficiências que 
inibem a capacidade de desempenho da organização”. São as características negativas da 
entidade que podem torná-la menos competitiva e alterar negativamente sua posição em um 
determinado mercado. Esses fatores, se relevantes para a planejamento estratégico, devem ser 
controlados, melhorados ou até mesmo eliminados. 
 
 
17 
1.2.3.2 Ambiente Externo 
 
O estudo do ambiente externo consiste em se analisar as ameaças e as oportunidades, 
num determinado momento, que podem alterar o planejamento estratégico de uma entidade 
(DAYCHOUW, 2007). Dentro de um mercado competitivo, a relação entre o objeto de estudo 
e seus clientes ou consumidores sofre alterações que podem determinar novos rumos, de 
maneira positiva ou negativa. 
Como exemplos de mudanças salutares, é possível citar a alteração de hábitos dos 
consumidores em favor da empresa, surgimento de novos fornecedores, novos mercados a se 
explorar e mudanças políticas que tragam benefícios. 
Já as mudanças negativas podem ser, por exemplo, a entrada de novos concorrentes, 
falência de um bom fornecedor, alteração políticas e habituais que prejudiquem a entidade 
estudada. 
Devido a simplicidade e a abrangência do método, e por ser possível utilizá-lo em 
diversos tipos de entidades, ele foi escolhido para ser aplicado neste estudo. 
 
1.2.3.2.1 Oportunities (Oportunidades) 
 
São fatores que não podem ser controlados pela entidade, mas podem se tornar um 
diferencial na conquista de um mercado e alterar seu planejamento estratégico. Quanto maior a 
abrangência da influência da entidade, maiores as chances de aparecerem situações que 
permitam um ganho de lucratividade. Para Calaes et al (2006), são situações, tendências ou 
fenômenos externos, atuais ou potenciais, que podem contribuir para a concretização dos 
objetivos estratégicos. 
 
1.2.3.2.2 Threats (Ameaças) 
 
Assim como as oportunidades, as ameaças também são situações externas. Para Silveira 
(2001), elas são características da entidade que podem torna-la menos competitiva e 
consequentemente alterar seu planejamento estratégico. 
Estão relacionadas a novos entrantes, alterações bruscas de cenário, mudanças em leis 
e a condições políticas. Se não houver uma prevenção ou um controle, pode ocorrer uma 
diminuição da posição no ranking de concorrentes, perda de uma fatia de mercado e até mesmo 
a falência. 
 
 
18 
1.3 As Cinco Forças de Porter 
 
O modelo das cinco forças de Porter (Figura 02) foi concebido pelo autor Michael Porter 
em 1979, e destina-se a análise da competição entre as empresas. Considera-se as forças 
competitivas como cinco fatores que devem ser estudados, para que as companhias possam 
desenvolver uma estratégia empresarial eficiente. 
 
 
Figura 02: As Cinco Forças de Porter 
Fonte: CRITT (2016) 
 
Segundo Certo & Peter (1993), a análise das cinco forças de Porter possui uma lógica 
simples, mas que exige uma visão abrangente do negócio, onde o administrador precisa ser 
capaz de entender o ambiente competitivo para identificar as ações e as estratégias futuras. Ao 
todo, as cinco forças a serem consideradas são: Rivalidade entre concorrentes, ameaças de 
novos entrantes, poder de barganha dos clientes, poder de barganha dos fornecedores e ameaça 
de produtos substitutos. 
 
1.3.1 Rivalidade entre Concorrentes 
 
 Essa força é considerada como a mais significativa dentre todas as cinco, pois trata-se 
da atividade e agressividade que os concorrentes diretos exercem, uma vez que é importante 
 
 
19 
saber quais são os pontos fortes das empresas que vendem um produto similar, ou que 
participam do mesmo segmento. Os principais fatores a serem analisados nesta força são o 
número de concorrentes, a diversidade dos mesmos e a publicidade que utilizam (CERTO & 
PETER, 1993). 
 
1.3.2 Ameaças de Novos Entrantes 
 
Este ponto estabelece novas condições no mercado, como também da reação das 
empresas que já participam do mercado. Basicamente, são barreiras que atrapalham o 
aparecimento de novas empresas para concorrerem em um determinado setor. Entre as 
principais barreiras encontram-se: a economia de escala, o capital necessário e a dificuldade de 
acesso aos canais de distribuição (CERTO & PETER, 1993). 
A economia de escala está relacionada ao processo produtivo de maneira que se atinja 
a máxima utilização dos recursos produtivos envolvidos no processo, visando os baixos custos 
de produção e o incremento de bens e serviços. 
O capital necessário está relacionado ao capital de giro limitado que uma empresa 
estreante possui em comparação com uma líder no segmento, ou em relação a uma empresa já 
estabelecida no mercado. 
A dificuldade de acesso aos canais de distribuição mostra que, se os canais forem 
limitados, as empresas que iniciarem as atividades em determinado segmento ou mercado 
possuem menores chances de ganhar espaço. 
 
1.3.3 Poder de Barganha dos Clientes 
 
Esta força tem a ver com o poder de decisão dos compradores, principalmente quanto 
ao preço e a qualidade do produto. É válido ressaltar, que o poder de barganha também possui 
relação com os atributos dos produtos e serviços oferecidos pela empresa (CERTO & PETER, 
1993). 
 
1.3.4 Poder de Barganha dos Fornecedores 
 
Segue a mesma ótica do poder de barganha dos clientes, porém, com o foco nos 
fornecedores de insumos e serviços para a empresa. Os fornecedores barganham sobre os 
 
 
20 
participantes quando ameaçam aumentar os preços, ou diminuir a qualidade dos produtos 
(CERTO & PETER, 1993). 
 
1.3.5 Ameaça de Produtos Substitutos 
 
Essas ameaças são representadas pelos bens e serviços que possuem uma finalidade 
semelhante aos seus, ou atendem as mesmas necessidades. No geral, são aqueles que não são 
os mesmos produtos, mas que atendem as mesmas necessidades. Um importante fator aser 
estudado, é se o produto produzido pela empresa passa a ser obsoleto com o passar do tempo, 
sendo que para evitar que isso ocorra é necessário investir em pesquisa e tecnologia (CERTO 
& PETER, 1993). 
 
1.4 Brainstorming 
 
Brainstorming, que em português significa tempestade de ideias, é uma dinâmica de 
grupo utilizada para a geração de novas ideias, conceitos e soluções para qualquer assunto ou 
tópico de discussão em um curto espaço de tempo (WERKEMA, 1995). 
 Osborn (1963) desenvolveu a técnica de brainstorming devido à frustração em relação 
à falta de ideias e criatividade de seus colaboradores na resolução de problemas. 
O brainstorming pode ser usado pelas seguintes formas: Estruturada e Não-Estruturada. 
Na primeira forma, todas as pessoas do grupo devem participar dando ideias a cada 
rodada. Obrigando até mesmo os tímidos a participarem, podendo ocasionar uma certa pressão 
sobre as pessoas. Pela segunda forma, os membros do grupo simplesmente dão as ideias 
conforme elas surgem em suas mentes, tornando o ambiente mais relaxado, mas há o risco de 
dominação por aqueles participantes mais extrovertidos (BRASSARD, 2001). 
 Segundo OSBORN (1963), o brainstorming pode ser utilizado em várias situações, 
sendo as seguintes, as mais populares: 
• Planejamento. Por exemplo: O desenvolvimento de uma estratégia para uma nova 
área de negócio; 
• Novo produto ou conceito de mercado; 
• Resolução de problemas. Por exemplo: Como lidar com a baixa nas vendas; 
• Questões processuais de gestão. Por exemplo: Um sistema de recompensa para 
novas ideias; 
 
 
21 
• Melhoria do processo produtivo. Por exemplo: Como melhorar a produtividade de 
uma linha de montagem; 
• Pesquisa e desenvolvimento. Por exemplo: Levantar informações a respeito das 
necessidades dos clientes, desenvolver novos produtos; 
• Melhoria da comunicação no seio de uma organização. 
 Para Osborn (1963), as quatro regras básicas para que ocorra as sessões de 
brainstorming, descritas abaixo são: 
• Nunca criticar as ideais. O objetivo é obter o maior número possível de ideias; 
• Pensamento livre. Nenhuma ideia deve ser desprezada, ou seja, as pessoas têm 
liberdade total para falarem sobre o que quiserem; 
• Quantidade é necessária. Quanto maior o número de ideias, maior a possibilidade 
de ideias úteis; 
• Buscar combinações e melhorias. O objetivo desta regra é estimular a geração de 
ideias a partir de outras já presentes. 
De acordo com Brassard (2001), o moderador deve mostrar todos os elementos e as 
quatro regras básicas deste processo, para o grupo de pessoas na sessão de brainstorming. O 
autor afirma que cada moderador deve interpretar as regras e explicá-las de um modo que se 
adeque ao grupo. 
 
1.5 Diagrama de Mudge 
 
O diagrama de Mudge é uma ferramenta que permite a comparação de função de duas 
em duas, com o objetivo de ordená-las por relevância (ROCCO & SILVEIRA, 2008). 
Segundo Nickel et al (2010), essa comparação é feita geralmente enumerando as 
funções como 1,2,3... n, onde n é o número de funções, posteriormente atribui-se valores para 
as comparações. 
Na Figura 03 as funções são representadas pelos números (5 funções no total), as letras 
A, B, C, D e E representam a ordem de relevância que uma função tem sobre a outra. Por 
exemplo, na primeira coluna tem-se que a função 1 tem relevância B sobre a função 2. 
Na coluna soma, faz-se a soma dos pesos de cada função e na última coluna tem-se a 
porcentagem que a funções representa sobre o total. 
 
 
22 
 
Figura 03: Exemplo de Diagrama de Mudge 
Fonte: Nickel et al (2010) 
 
1.6 Teoria dos Lugares Centrais 
 
Na década de 30, surgiu o trabalho de Walter Christäller. Segundo Clemente (2000), 
partia da hipótese de que os lugares econômicos seguiam uma lógica hierárquica de acordo com 
uma rede de interdependência que tenderia de forma natural a centralização. No que tange a 
essa centralização sabemos que os lugares centrais (grandes núcleos urbanos) são vistos pela 
ótica econômica como fornecedores de bens e serviços, tanto para si mesmos como para lugares 
de menor centralidade (municípios mais distantes economicamente). 
A centralização da oferta de bens e serviços não pode ser explicada apenas por fatores 
geográficos, como constatou Walter Christäller, pois como ele mesmo afirma o centro 
geográfico frequentemente não é um lugar central. Dessa forma, o conceito de distância 
geográfica deve ser substituído pelo de distância econômica, que leva em conta o custo de frete 
e seguro, embalagem, armazenamento e tempo necessário que leva a mercadoria até chegar ao 
local de destino (CLEMENTE, 2000). 
A partir da exploração de vantagens comparativas, a exportação de bens para localidades 
fora da área de mercado regional constitui fator decisivo de integração inter-regional e 
realimentação do crescimento do lugar central, em função de retornos crescentes de escala ou 
economias de especialização regional (FUJITA et al, 1999). 
Segundo Richardson (1973), por sua vez, a expansão da oferta de bens residenciais de 
baixa transportabilidade, constituídos fundamentalmente pelos serviços, constitui fator decisivo 
de consolidação da integração intra-regional e desenvolvimento de economias de urbanização. 
À medida que o espaço econômico tende a se organizar no entorno de vários lugares centrais, 
com suas áreas de mercado, está aberta a possibilidade de reprodução de regiões e 
desenvolvimento de economias regionais, com níveis diferenciados de integração econômica. 
 
 
23 
Ao mesmo tempo, do ponto de vista intra-regional, podem se desenvolver lugares 
centrais diferenciados, por ordem de tamanho e funcionalidade na oferta de bens, de maneira a 
se conformar sistemas urbanos hierarquizados. Configura-se, assim, uma hierarquia nodal 
urbana, formada pelo centro de maior tamanho, que exerce a função de suprir serviços 
especializados a centros menores em seu entorno, especialmente os serviços ofertados para o 
setor produtivo regional, que exigem uma escala urbana mínima relativamente elevada 
(RICHARDSON, 1973). 
De acordo com Henderson (1974), a explicação para diferentes tamanhos de cidades em 
um sistema urbano deve-se ao papel de cada uma delas na produção de bens e serviços. À 
medida que as economias externas de escala são específicas de atividades particulares, cada 
cidade tende a se especializar em poucas atividades, que requerem, por sua vez, escalas mínimas 
de tamanho urbano eficientes e diferenciadas. 
Assim, uma cidade têxtil não precisa ter uma dimensão além da necessária para abarcar 
um aglomerado de plantas de fiação e tecelagem, enquanto uma cidade com função de centro 
financeiro deve ser grande o suficiente para absorver o conjunto das operações bancárias de um 
país (FUJITA et al, 1999). 
A teoria do lugar central, vista sob esse aspecto, enseja claramente uma concepção de 
“área de mercado”, a ser polarizada pelo centro urbano de maior população e densidade na 
oferta de serviços. 
 
1.7 Modelo Gravitacional 
 
 
O modelo gravitacional, como ferramental econométrico e devido aos bons resultados 
empíricos que fornece, começou a ser utilizado a partir da década de 1960 por Isard e Bramahall 
e, desde então, tem sido amplamente usado, pelos estudiosos do tema, no estudo dos fluxos de 
comércio entre os países (NASCIMENTO & JÚNIOR, 2013). 
No entanto, este modelo sofria críticas de diversos autores no tocante a sua 
fundamentação teórica. Apesar disso, recentemente, vários estudos mostraram que a equação 
gravitacional pode ser derivada tanto de modelos teóricos baseados em vantagens comparativas, 
quanto na nova teoria do comércio internacional. Considerando tais aspectos,por volta dos anos 
1990, vários estudiosos trabalharam para a validação teórica do modelo, tentando vincular seu 
comportamento com o de outras teorias aceitas pela academia (NASCIMENTO & JÚNIOR, 
2013). 
 
 
24 
Nesse contexto, o modelo gravitacional passa a ser utilizado na economia basicamente 
com três objetivos principais: mensurar os efeitos dos acordos preferenciais sobre os fluxos 
internacionais de comércio, avaliar o efeito fronteira e estimar os fluxos de comércio futuro 
entre países, estados ou cidades, onde nesta última aplicação o procedimento é a comparação 
dos resultados obtidos através do modelo com as informações reais advindas dos relatórios 
oficiais. 
De acordo com Nascimento & Júnior (2013), atualmente, o modelo é utilizado como 
um método satisfatório na análise dos fluxos de comércio, possuindo a capacidade de estimar 
fluxos próximos aos efetivos e, ainda detém a capacidade de captar os efeitos de variáveis que 
influenciam no comércio. Desta forma, o modelo gravitacional permite a definição de um 
esboço da área de interação de um polo, próximo à ideia de área de mercado, levando em conta 
o poder de atração determinado positivamente pela intensidade das trocas e negativamente pela 
distância geográfica, esta última refletida economicamente no custo de transporte por unidade 
do produto transportado. 
 
1.8 Marketing de Cidades 
 
Neste ambiente globalizado e intensamente competitivo, não só as organizações 
empresariais, pessoas e outras instituições não empresariais têm a necessidade de apoiar-se em 
estratégias que possam lhes garantir competitividade e sustentabilidade. Os países, estados e 
cidades também precisam estabelecer posições que lhes assegurem um lugar neste contexto, 
podendo assim proporcionar um futuro promissor a seus cidadãos e corporações estabelecidas 
ou que venham a se estabelecer em seus distritos (ARDIGÓ, 2002). 
Então uma nova ordem surge nesta competição, exigindo dos gestores o estabelecimento 
de planejamentos estratégicos para as suas cidades, buscando um posicionamento com foco em 
suas competências e estabelecendo diferenciais baseados num efetivo programa de Marketing. 
 
1.8.1 Evolução do Marketing de Cidades 
 
O desenvolvimento econômico como compromisso do estado e das cidades surgiu em 
1970, à medida que a responsabilidade mudou do nível federal para o estadual – local e os 
recursos para financiar as atividades ligadas ao desenvolvimento mudaram do setor público 
para o privado. As localidades começaram a elaborar seus próprios programas descentralizados 
para atender as suas necessidades específicas (KOTLER et al, 1994). 
 
 
25 
Para Kotler et al (1994), não é recente a iniciativa dos locais pelo desenvolvimento 
econômico, porém somente a partir da década de 80 é que estas atividades foram promovidas 
pelos gestores de países, estados, regiões e localidades através de uma visão mais ampla de 
estratégia de marketing. Esta visão buscava criar mercados competitivos, atingir compradores 
específicos e fazer com que os recursos da comunidade fossem implementados de maneira que 
respondessem mais precisamente aos anseios dos compradores especializados. 
Nesse processo dinâmico, o marketing de cidades surgiu como um processo de 
integração promissor, que ligava as vantagens competitivas de um local aos objetivos gerais de 
seu desenvolvimento econômico (KOTLER et al,1994). 
 
 
Figura 04: Fases do Marketing de Cidades 
Fonte: Kotler et al (1994) 
 
O planejamento estratégico de marketing para localidades alterou-se, seguindo a 
tendência do marketing voltado às organizações, teve seu foco em determinado momento, 
voltado para o marketing de massa, num segundo estágio ao marketing especializado, e 
recentemente, a um marketing de nicho, conforme indicado na Figura 04. Para Kotler et al 
(1994), essas três etapas não se excluem mutuamente, e são reflexos da dinâmica concorrencial 
 
 
26 
vivenciadas pelas localidades, que buscam o desenvolvimento em meio à sofisticação da 
competição global. 
 
1.8.2 Visão e Objetivo do Marketing de Cidade 
 
Kotler et al (1994) alerta quanto à possibilidade de confundir o marketing de lugar, com 
outras ferramentas de gestão governamental, como os orçamentos, que os gestores realizam 
para calcular custos e receitas esperadas, com os planejamentos de projetos e também com o 
planejamento a curto e em longo prazo, que visam tomar decisões referentes a finanças, 
impostos, investimentos, recursos futuros e apuração das necessidades para adequação da 
infraestrutura para suprir as demandas futuras. 
O planejamento estratégico de marketing de lugar, parte do princípio de que o futuro é 
extremamente incerto, desafiando a comunidade e seus gestores a planejarem-se como um 
sistema em atividade, que assimile choques e adapte-se rápida e eficientemente a novos 
cenários e oportunidades (KOTLER et al, 1994). 
Para Kotler et al (1994), o marketing estratégico de lugar, objetiva revitalizar cidades, 
regiões e nações, desenvolvendo a comunidade para satisfazer suas próprias necessidades. A 
localidade alcança o sucesso quando um grupo de indivíduos como cidadãos, trabalhadores e 
negócios produzem satisfação para sua comunidade e turistas; e quando os novos negócios e 
investidores encontram nela a resposta de suas expectativas. 
Para Saraiva & Capelão (2002), a utilização do marketing pelas esferas governamentais, 
acrescentam uma visão diferenciada, ao enfocar o cidadão, suas aspirações, manifestações e 
demandas específicas, mostrando assim, o potencial de adaptação e sobrevivência do estado na 
realidade atual. 
O desafio do marketing de lugar é fortalecer a capacidade de comunidades e regiões, 
para que se adaptem à esfera comercial variável, ocupem oportunidades e sustentem sua 
vitalidade. Kotler et al (1994) propõem que a cidade deve buscar um posicionamento 
estratégico, fazendo do marketing, ferramenta para conquistar seu desenvolvimento de forma 
sustentada. 
Para Kotler et al (1994), o marketing de lugar, no seu conteúdo, visa desenvolver quatro 
atividades: 
• Projetar um correto mix de características da comunidade e seus serviços; 
• Criar uma ambientalização atrativa como incentivo para compradores usuais, 
potenciais e usuários de serviços e bens produzidos no lugar; 
 
 
27 
• Entregar produtos e serviços locais eficientemente e de modo acessível; 
• Promover valores e a imagem do lugar, de forma que os usuários potenciais estejam 
completamente cientes das vantagens distintivas do lugar. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
28 
2 DIAGNÓSTICO 
 
 
A Fase do Diagnóstico foi subdividida em duas Etapas: a Análise dos Antecedentes e a 
Análise dos Ambientes Internos e Externos. 
 
2.1 Análise dos Antecedentes 
 
Neste capítulo, foi realizada uma revisão bibliográfica sobre a origem e o 
desenvolvimento da indústria em Juiz de Fora, Minas Gerais. Para tanto, foram coletados, 
inicialmente, dados históricos sobre a industrialização, desde o nascimento e consolidação das 
primeiras fábricas, no período de 1850 a 1930, passando pela desaceleração e decadência 
industrial, nos anos de 1930 a 1970, até o esforço pela reindustrialização da cidade, nos anos 
70 e 90. Num segundo momento, foram pesquisadas informações sobre o período de 1970 até 
a atualidade. 
 
2.1.1 Desenvolvimento da Indústria em Minas Gerais 
 
A atividade industrial em Minas Gerais concentrava-se na região central do Estado, onde 
situavam-se as minas de exploração do ouro. Três tipos de atividade se destacavam: a 
mineração,a siderurgia e a indústria têxtil. 
No período colonial, a partir de 1690, já haviam centenas de lavras de ouro aluvionar na 
Região Central do Estado. De 1700 a 1780, Minas produziu cerca de dois terços do ouro e boa 
parte das gemas e diamantes extraídos no Brasil. Essa produção mineral fomentou a abertura 
de estradas, a implantação de núcleos urbanos, a unificação do território, a criação de uma 
estrutura administrativa própria e a construção da Estrada Real. Cidades como Ouro Preto, 
Congonhas, Sabará, São João Del Rei, Tiradentes, Diamantina, Serro e várias outras 
prosperaram em torno das minas (ALVES, 2008). 
A siderurgia teve sua origem no século XVIII, mas desenvolveu-se no século XIX, 
misturando contribuições africanas com certas inovações europeias. A principal força de 
trabalho neste tipo de atividade era o escravo, com conhecimentos na arte de fundir ferro, 
podendo-se dizer que constituíam mão-de-obra “especializada”. Por volta de 1880, a siderurgia 
mineira sofreu dois grandes baques: o primeiro, com o início da penetração das ferrovias na 
região central do Estado e o segundo, com a abolição da escravatura, privando a indústria 
 
 
29 
siderúrgica de sua única vantagem diante da concorrência estrangeira, a mão-de-obra regular e 
cativa (PAULA, 2002). 
A indústria têxtil que se desenvolveu ao longo do século XIX em Minas Gerais, se 
dividia em duas ramificações distintas, em termos de processos produtivos: a produção 
doméstica e a produção fabril (OLIVEIRA, 1993). 
No final da década de 1860 e início da década de 1870, a indústria em Minas Gerais 
teve um período favorável. A valorização cambial resultante das medidas de política monetária 
implementadas após os anos da Guerra do Paraguai, bem como o aumento das tarifas de 
importação constituíram estímulos à produção industrial. Daí, ocorreu um surto de investimento 
no setor têxtil durante os anos de 1870 a 1875 (OLIVEIRA, 1993). 
Destaca-se que grande parte das indústrias têxteis se situavam na região central do 
Estado, como também as siderúrgicas. Porém, existia uma grande diferença no emprego de 
mão-de-obra, pois, enquanto as siderúrgicas tinham no escravo sua principal força de trabalho, 
as indústrias têxteis se caracterizavam pelo emprego do trabalho livre. Grande parcela de 
desenvolvimento desse tipo de indústria se deu por conta da tradição que os colonizadores 
traziam em confeccionar seus próprios tecidos (OLIVEIRA, 1993). 
 
2.1.2 A Industrialização em Juiz de Fora 
 
Juiz de Fora, com o início da implementação de um moderno sistema rodoferroviário 
na década de 1850 – Rodovia União e Indústria e Estrada de Ferro Leopoldina – desponta como 
o principal entreposto comercial e, com a abolição da escravatura, passa a receber imigrantes 
para trabalhar na construção da estrada, iniciando o desenvolvimento no setor urbano e 
industrial, criando uma grande massa de trabalhadores assalariados. A construção desta rodovia 
tornou a cidade o maior entreposto comercial da Zona da Mata (BARROS, 2008). 
Um incipiente setor urbano-industrial começa a se desenvolver na cidade a partir de 
1880. A partir de 1890 instalam-se fábricas de maior porte e a população operária aumenta 
significativamente. Forma-se um segmento financeiro-bancário dentro da economia regional, 
sendo este de fundamental importância para a industrialização da cidade (BARROS, 2008). 
Tendo novos estímulos, capitais e investimentos, a circulação comercial na cidade 
cresceu em conjunto com o mercado consumidor e de trabalho, ganhando novos serviços 
urbanos como agências bancárias, telefones e energia elétrica. Neste ambiente favorável, sua 
industrialização avançou com o aparecimento de diversas unidades fabris e com o crescimento 
global de sua economia. A chegada dos italianos ajudou a ampliar o mercado de trabalho e o 
 
 
30 
aparecimento de novos empreendimentos. A presença alemã se envolveu neste contexto e 
assumiu novas funções. Um empreendimento de imigrantes alemães e descendentes era o 
Curtume Krambeck. Surgiram desordenadamente diversas manufaturas, que se transformaram 
em fábricas mecanizadas, mas coexistiam com outros manuais e domésticas, como estava 
ocorrendo no país (BARROS, 2008). 
No início do século XX os principais setores da indústria eram o têxtil e o de alimentos, 
com maior quantia de operários, investimentos e força motriz. As indústrias têxteis já não eram 
artesanais e manufatureiras, enquanto as de alimentos eram, em sua maioria, de pequeno porte. 
Entretanto, nas décadas seguintes uma crise estrutural emperra o crescimento industrial de Juiz 
de Fora. (BARROS, 2008) 
Giroletti apud Barros (2005), aponta que a industrialização em Juiz de Fora se 
desenvolveu em duas fases distintas: num primeiro momento predominaram as pequenas 
unidades, identificadas pela pequena produção, baixos índices de capital investido e 
produtividade, além de pequena concentração de mão-de-obra. Esta fase se desenvolve até o 
final da década de 1880, e seria muito mais um prenúncio do processo de industrialização que 
estaria por vir do que a industrialização propriamente dita. Num segundo momento, quando 
começam a se formar as forças produtivas capitalistas, verificando-se o predomínio de médias 
e grandes unidades com produção em série, tecnologia mais avançada e uma maior 
produtividade e maior concentração de mão-de-obra. 
É nesse momento que se estabeleceram as unidades fabris, já no final do século XIX. 
Em parte, é o próprio desenvolvimento de setores como o da ferrovia, rodovia, sistema 
financeiro, energia elétrica, telefonia, explica o impulso no processo de industrialização, mas a 
organização advinda da organização de trabalho no setor agroexportador, determinando a 
distribuição de renda no sistema, que fornecerá suporte a essa nova fase de industrialização da 
Zona da Mata (BARROS, 2005). 
 
2.1.2.1 O Nascimento e Consolidação das Primeiras Fábricas (Anos de 1850 a 1930) 
 
A indústria de Juiz de Fora teve um dos seus períodos de maior crescimento de 1908 a 
1920, constituindo-se num parque industrial sem precedente no Estado de Minas Gerais, quer 
pelo número de indústrias, quer pela riqueza produzida. Entretanto, o processo de 
industrialização de Juiz de Fora foi limitado e secundário comparativamente aos principais 
centros produtores do país (São Paulo, Rio de Janeiro e Distrito Federal) e esta limitação remete 
 
 
31 
à discussão das possíveis causas da desaceleração do crescimento industrial ao longo do século 
XX (BASTOS, 2002). 
Girolletti apud Barros (2005) aponta a excessiva concentração industrial no setor têxtil 
e a dependência de tecnologia, matéria-prima, insumos básicos e mão de obra qualificada de 
outros centros nacionais, principalmente de São Paulo e das importações. 
Paula (1976) complementa enfatizando a limitada dimensão das empresas, a falta de 
concorrência e o pouco dinamismo do empresariado local, preso à estrutura familiar das 
empresas. 
Externamente ao setor industrial, Girolletti apud Barros (2005) destaca a estrutura 
comercial de exportação de café e importação, bem como o sistema financeiro, que drenavam 
o empresariado têxtil local normalmente não concorria entre si. Cada um se especializava num 
segmento particular do mercado. 
O deslocamento da cafeicultura para São Paulo e a integração do mercado nacional com 
a consequente polarização por este estado do crescimento industrial do país inviabilizou a 
manutenção de polos de industrialização isolados no país (como Juiz de Fora). A rearticulação 
interna da economia mineira, por um lado via deslocamento do café para o norte e nordeste da 
Zona da Mata, e por outro lado devido às consequências econômicas e políticas(marginalização) para Juiz de Fora da construção da capital em Belo Horizonte (BASTOS, 
2002). 
 
2.1.2.2 Desaceleração e Decadência Industrial (Anos de 1930 a 1970) 
 
A partir de 1930 os fatores anteriormente analisados se aliam aos efeitos da grande 
depressão e a fatores políticos. A ascensão de Getúlio Vargas significou o término do 
condomínio estabelecido pelas oligarquias paulista e mineira na gestão do governo federal e o 
fortalecimento do governo central, envolvido com um projeto de modernização capitalista 
(industrialização). As classes dirigentes de Minas, para se tornarem novamente influentes no 
meio político nacional, apresentaram modificações qualitativas, com a redução do poder dos 
coronéis e a consequente ascensão de uma tecnocracia, que optou pelo crescimento da região 
de Belo Horizonte (siderurgia) com o consequente esvaziamento relativo do interior do estado 
(BASTOS, 2002). 
Até o final da década de 40 a indústria de Juiz de Fora permaneceu crescendo. 
Entretanto, no final dos anos 30, já apresentavam sinais de crise que continuaria seu curso após 
o termino da II Guerra Mundial (BASTOS, 2002). 
 
 
32 
Nos anos 50, os setores que passaram a liderar o crescimento econômico brasileiro 
foram os de bens de capital e de bens de consumo durável (siderurgia, metalurgia, química e 
automobilística), em detrimento dos setores tradicionais. Juiz de Fora esteve ausente dos 
grandes projetos de investimentos idealizados pelo Plano de Metas, sendo apenas beneficiada 
marginalmente com a instalação da Facit S.A. Máquinas de Escritório e da Becton Dickinson 
Indústrias Cirúrgicas Ltda., de capital internacional, sem alterar a tendência de decadência 
industrial da cidade (BASTOS, 2002). 
Juiz de Fora entrou num processo de falência, com várias indústrias tradicionais 
fechando suas portas e os novos empreendimentos não foram seguidos de similares, razão pela 
qual não possibilitaram a dinamização da estrutura produtiva da cidade (BASTOS, 2002). 
Paula (1976) destaca, que a partir dos anos 50, Juiz de Fora enfrentou sérias deficiências 
de infraestrutura (energia, transporte, telefonia e abastecimento de água e saneamento) que se 
constituíram em entraves ao processo de industrialização. Com relação aos transportes, a cidade 
continuava servida pelas rodovias e ferrovias do final do século, num período em que a 
unificação do mercado nacional (via construção do sistema viário) permitia que outras regiões 
antes atendidas por Juiz de Fora passassem a receber mercadorias vindas de São Paulo. Além 
disso, o declínio do Rio de Janeiro impedia que impulsos dinâmicos chegassem para a cidade 
do seu exterior, num momento em que a participação relativa de Juiz de Fora e da Zona da Mata 
na atividade industrial do Estado de Minas Gerais decaia e Belo Horizonte se consolidava como 
principal polo do estado. 
A crise econômica e política brasileira dos anos 60 acentuou os problemas da indústria 
local, pois muitas empresas não conseguiram sobreviver e se assistiu ao aparecimento de 
pequenas e médias empresas, principalmente do setor de malharia e confecção. A partir do 
governo local de Itamar Franco (1968/72), inicia-se um processo de reequipamento da 
infraestrutura da cidade (Distrito Industrial de Benfica e sistema de telecomunicações e 
abastecimento de água), objetivando reverter o quadro de estagnação econômica de Juiz de Fora 
(BASTOS, 2002). 
 
2.1.2.3 Reindustrialização da Cidade (Anos de 1970 e 1990) 
 
Na década de 70, negociações políticas reforçadas por grande volume de recursos, 
suportes e incentivos fiscais e creditícios foram importantes para a atração de dois 
investimentos de vulto do setor metalúrgico para a cidade: a Siderúrgica Mendes Júnior (SMJ), 
 
 
33 
do subsetor siderurgia e a Cia Paraibuna de Metais (CPM) do subsetor de metais não ferrosos, 
que entraram em operação em 1984 e 1980, respectivamente (BASTOS, 2002). 
O Estado de Minas Gerais adicionalmente às isenções fiscais (reembolso por dez anos 
de 32% do ICMS recolhido pela empresa após sua entrada em operação), entrou com capital 
acionário e utilizou de empresas como a CEMIG, TELEMIG e do Banco de Crédito Real para 
suprir carências de infraestrutura e recursos. A Lei 3.676 de fevereiro de 1971 isentava dos 
impostos municipais, por dez anos, as indústrias siderúrgicas que se instalassem no município, 
com mão de obra permanente de 400 pessoas (BASTOS, 2002). 
A partir do início dos anos 80 o setor metalúrgico superou o setor têxtil em termos de 
valor da produção e se passou a observar a queda do pessoal ocupado no setor têxtil e 
crescimento do emprego no setor metalúrgico, mecânico e do vestuário. Apesar da 
diversificação da estrutura industrial, da geração de três mil novos empregos e do crescimento 
da massa salarial, os impactos sobre a cidade dos novos projetos industriais foram limitados, 
pois não geraram um conjunto de empresas encadeadas aos processos produtivos que 
viabilizassem a expansão do efeito multiplicador de renda e emprego no município (BASTOS, 
2002). 
Durante os anos 80, o movimento de atração de empresas perdeu fôlego, devido à crise 
econômica nacional. A estratégia de política industrial adotada na cidade foi a de respeitar a 
vocação local e regional, através do estímulo às pequenas e médias empresas, inclusive via 
implantação na cidade do Distrito Industrial do Milho Branco, para as pequenas e 
microempresas dos setores de malharia, confecção e calçados. Entretanto, em 1988 foi criada a 
Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico (SMDE) tendo como escopo atrair 
investimentos que resultem no desenvolvimento da economia da cidade (BASTOS, 2002). 
 
2.1.2.4 Nova Estratégia de Desenvolvimento Econômico Local (Anos de 1990 em Diante) 
 
O setor industrial, em meados dos anos 90, era responsável por 35% do Produto Interno 
Bruto (PIB) de Juiz de Fora, sendo a maior renda gerada no setor de serviços (64%) e 
insignificante a renda do setor agropecuário (0.7%). Apesar do crescimento da renda gerada no 
setor industrial de 1985 a 1995, o desempenho industrial da cidade mostrou-se inferior ao do 
Estado de Minas Gerais, evidenciando uma situação de decadência histórica do setor industrial 
da cidade e a caracterização de Juiz de Fora como uma cidade com forte proeminência nos 
setores terciários de comércio e serviços. A partir do início da década de 90, novo esforço no 
 
 
34 
sentido de retomada do desenvolvimento econômico da cidade é realizado pelo governo de 
Custódio Mattos (1993/1996) (BASTOS, 2002). 
Num primeiro momento, a Prefeitura de Juiz de Fora realizou um convênio de 
cooperação técnica entre o Instituto de Desenvolvimento Industrial de Minas Gerais (INDI) e 
as empresas SMJ e CPM, com a interferência da Secretaria de Estado de Indústria e Comércio 
de Minas Gerais (SEIC), objetivando atrair empresas para a cidade integradas às cadeias 
produtivas das duas empresas. Apesar desta política ter se constituído num esforço de atração 
de empresas dentro de um contexto integrado, os convênios acabaram por não produzir 
resultados (BASTOS, 2002). 
A economia de Juiz de Fora estava decadente até que a construção na cidade da primeira 
unidade da Mercedes-Benz fora da Alemanha, a Mercedes-Benz Juiz de Fora, com um grande 
investimento de US$ 850 milhões, iniciou um processo de transformação econômica do 
município. Sendo uma das mais importantes do mercado automotivo mundial, a empresa 
acarreta uma melhoria da qualidade dos produtos e serviços de seus fornecedores, que acabam 
gerando uma melhoria em cadeia na cidade (CRUZ, 1999). 
 
2.2 Análise dos Ambientes Internos e Externos 
 
Para o desenvolvimento da Matriz SWOT da cidade de Juiz deFora foram isoladas 
cinco variáveis para cada predominância quadrante da matriz (Quadro 01). 
 
Quadro 01: Análise SWOT de Juiz de Fora 
IN
TE
R
N
A
S 
FORÇAS (Strengths) FRAQUEZAS (Weaknesses) 
 
• Localização 
• Hidrografia e Saneamento 
• Qualidade de Vida 
• Porto Seco 
• Logística 
 
• Renda 
• Topografia e Clima 
• Marketing 
• Energia 
• Ausência de uma Política de Planejamento 
EX
TE
R
N
A
S 
OPORTUNIDADES (Opportunities) AMEAÇAS (Threats) 
 
• Incentivos Fiscais 
• Área de Influência 
• Parque Científico e Tecnológico 
• Turismo 
• Ensino 
 
• ICMS 
• Concorrência 
• Flutuações nas Ações Políticas 
• População 
• Êxodo de Talentos 
Fonte: Os Autores (2016) 
 
 
 
35 
2.2.1 Forças 
 
Para a predominância dos pontos fortes foram destacados: localização, hidrografia e 
saneamento, qualidade de vida, porto seco e logística. 
 
2.2.1.1 Localização 
 
Segundo o Instituto Estrada Real (2016), a localização privilegiada de Juiz de Fora, 
entre três capitais (Belo Horizonte, Rio de Janeiro e São Paulo), a coloca como alvo estratégico 
do turismo de eventos e negócios. Esse fator se torna relevante na medida em que coloca a 
cidade próxima dos principais conglomerados urbanos no Brasil, ou seja, uma região com alta 
densidade populacional com necessidade de consumo, conforme mostra a Figura 05. 
 
 
Figura 05: Localização Privilegiada de Juiz de Fora 
Fonte: CRITT (2016) 
 
Além disso, há um aglomerado urbano entre as cidades Rio de Janeiro e São Paulo que 
é chamado Megalópole Brasileira ou Megalópole do Sudeste Brasileiro. Essa região de 82.616 
quilômetros quadrados (0,97% do território brasileiro) é constituída por 232 municípios dos 
 
 
36 
estados Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais. Segundo o IBGE (2016), vivem 42 milhões 
de pessoas nessa região, o que representa 23% da população brasileira. 
Cidades estratégicas como Campinas, Jundiaí, Piracicaba, Santos, São José dos 
Campos, Sorocaba, Duque de Caxias, Volta Redonda, Petrópolis e Niterói estão contidas nessa 
conurbação que inclui a Zona da Mata Mineira. Como consequência disso, Juiz de Fora está 
contida nessa região próximo a divisa entre Minas Gerais e o estado do Rio de Janeiro, distando 
aproximadamente 184 quilômetros da capital carioca, 478 quilômetros da capital paulista e 548 
quilômetros do Porto de Santos. 
O Porto de Santos é hoje considerado o 39º maior do mundo por movimentação 
de contêineres segundo a Container Management e o principal porto do Brasil, possui como 
acessos terrestres as rodovias Anchieta e Imigrantes e as ferrovias FERROBAN, conhecida 
também como Ferrovia Bandeirantes S.A., e MRS Logística S.A. 
A MRS Logística S.A. possui uma de suas Superintendências em Juiz de Fora e opera 
a Malha Regional Sudeste (Figura 06), ligando a cidade ao porto e a Região Metropolitana de 
Belo Horizonte. 
Sendo a 3ª maior região metropolitana do Brasil, a Grande Belo Horizonte possui 
5.873.841 habitantes, equivalente a 25% da população de Minas Gerais e 40% da economia do 
estado. A distância entre Juiz de Fora e a capital mineira é de 266 quilômetros, passando pela 
rodovia BR 040. 
 
 
Figura 06: Malha Regional Sudeste 
Fonte: MRS (2016) 
 
 
37 
2.2.1.2 Hidrografia e Saneamento 
 
Segundo a CEMIG (2016), o município de Juiz de Fora está contido na bacia do Médio 
Paraibuna, pertencente à bacia do rio Paraíba do Sul, e seu perímetro urbano é drenado por 156 
sub-bacias de diversas dimensões. Do ponto de vista morfológico, a bacia do Médio Paraibuna 
possui tributários com perfis longitudinais relativamente acentuados, que desembocam no rio 
principal com gradiente moderadamente baixo. 
Inaugurada em agosto de 2013, a adutora de Chapéu d’Uvas irá garantir o abastecimento 
da cidade pelos próximos 30 anos, se tornando um dos principais mananciais da cidade. Com a 
nova adutora, mais 900 litros de água por segundo poderão ser acrescentados ao sistema, 
fazendo com que Juiz de Fora não precise se preocupar com esta questão pelas próximas 
décadas. Atualmente, cerca de 300 litros de água por segundo já estão sendo retirados da represa 
de Chapéu d’Uvas e adicionados ao sistema, o que trouxe grandes benefícios para a cidade 
durante o período de estiagem. Para que a adutora seja utilizada em sua total capacidade, obras 
complementares, como a ampliação da ETA CDI, ainda estão sendo realizadas. Cerca de R$ 
37,5 milhões foram investidos nos trabalhos (CESAMA, 2016). 
Em 2013 o Instituto Trata Brasil realizou um estudo com as 100 maiores cidades do 
Brasil, criando um ranking do saneamento básico. Juiz de Fora estava na posição 37ª, sendo 
que em 2012 sua posição era 28a. Os dados desse estudo são retirados da base de dados do 
Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS). Segundo esta, apenas 7,85% do 
esgoto de Juiz de Fora era tratado em 2011 (PJF, 2016). 
Segundo o Ranking de Eficiência de Municípios – Folha (REM-F), em um estudo 
realizado com 5.281 cidades, o investimento em saneamento básico de Juiz de Fora é maior do 
que a média nacional. Enquanto a pontuação do município é 0,962, a média nacional é de 0,567 
numa escala que varia de 0 a 1 (PJF, 2016). 
 
2.2.1.3 Qualidade de Vida 
 
Segundo dados do Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM), Juiz de 
Fora ocupa a 145ª posição entre os municípios brasileiros com melhores IDHMs. Esse estudo 
foi realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 2010 e avaliou 5.565 
municípios brasileiros. Ele leva em conta três variáveis: longevidade, renda e educação (IBGE, 
2016). 
 
 
 
38 
 
Figura 07: IDHM em Juiz de Fora 
Fonte: Atlas Brasil (2013) 
 
O último IDHM de Juiz de Fora foi de 0,778, valor que coloca a cidade em uma faixa 
de Desenvolvimento Humano Alto (IDHM entre 0,700 e 0,799). Essa análise é realizada de dez 
em dez anos e mostra que houve um aumento de 0,594 para 0,778 no período de 1991 a 2010. 
Aumento equivalente a 30,98%, conforme mostra a Figura 07. 
Nesse mesmo período, o IDHM da Unidade Federativa (UF) passou de 0,493 para 0,727, 
equivalente a um aumento de 47%. Esse valor coloca o município abaixo do aumento médio 
nacional, porém ainda é considerado alto (Figura 08). 
 
 
Figura 08: Evolução do IDHM em Juiz de Fora 
Fonte: Atlas Brasil (2013) 
 
 
 
39 
A variável que mais contribui para o aumento do IDHM de Juiz de Fora foi a 
longevidade, cujo índice foi de 0,844, seguido pela renda, 0,784. O índice mais baixo foi a 
educação, 0,711 (Figura 09). 
 
 
Figura 09: IDHM e Seus Componentes – Juiz de Fora, MG 
Fonte: Atlas Brasil (2013) 
 
2.2.1.4 Porto Seco 
 
Os portos secos, ou dry ports, possuem a função de receber cargas de portos primários 
e nacionalizá-las ou funcionar como entreposto aduaneiro. Também podem auxiliar 
exportadores a armazenar sua carga e negociar os documentos necessários como se a 
mercadoria já estivesse embarcada (MULTITERMINAIS, 2016). 
São considerados terminais intermodais terrestres diretamente ligados por rodovias, 
ferrovias ou aeroportos. Geralmente estão localizados no interior, na zona secundária como 
uma Estação Aduaneira Interior (EADI). 
Segundo a empresa Multiterminais (2016), uma empresa de logística integrada, o Brasil 
possui 63 portos secos. Em outubro de 1997 foi inaugurado em Juiz de Fora o Porto Seco da 
Zona da Mata com acesso rodoviário através das rodovias BR 040, BR 267 e BR 116. 
O terminal conta com 130.383 m² de área alfandegada, sendo 11.000 m² de armazéns 
cobertos, 116.783 m² de área de pátio para armazenagem de veículos, contêineres ou carga solta 
e mais 2.600 m² de área construída com instalações

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