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O GREGO BÍBLICO NA FILOSOFIA E NA TEOLOGIA

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1 
 
 
O GREGO BÍBLICO NA FILOSOFIA E NA 
TEOLOGIA: Uma abordagem hermenêutica e exegética 
entre as palavras do filósofo Aristóteles em Ética a 
Nicômaco e do apóstolo Paulo nas epístolas do Novo 
Testamento 
 
 
 
André da Silva Barros 
 
 
Monografia 
 
 
 
 
 
 
Rio de Janeiro 
2014 
 
2 
 
 
 
 
 
Banca Examinadora 
 
 
Dr. __________________________________ 
Dr. __________________________________ 
Dr. __________________________________ 
 
 
 
Orientador 
 
 
Prof. Ms. Luiz Felippe Matta Ramos 
 
 
 
 
3 
 
O GREGO BÍBLICO NA FILOSOFIA E NA 
TEOLOGIA: Uma abordagem hermenêutica e exegética 
entre as palavras do filósofo Aristóteles em Ética a 
Nicômaco e do apóstolo Paulo nas epístolas do Novo 
Testamento 
 
 
André da Silva Barros 
 
 
 
 
 
Monografia apresentada ao Departamento de Filosofia da 
Universidade Estácio de Sá como requisito parcial para a 
obtenção do grau de pós-graduação em Teologia 
 
 
 
 
 
 
4 
Aluno: Prof. Mestrando André da Silva Barros
1
 
 Curso: Pós-graduação em Filosofia: TEOLOGIA 
Disciplina: Trabalho de Conclusão de Curso 
 
O GREGO BÍBLICO NA FILOSOFIA E NA TEOLOGIA: Uma 
abordagem hermenêutica e exegética entre as palavras do filósofo 
Aristóteles em Ética a Nicômaco e do apóstolo Paulo nas epístolas 
do Novo Testamento 
 
Resumo 
O artigo consiste em estudar as virtudes e vícios descritos por Aristóteles, comparando 
sua lista ética com os frutos e pecados trazidos pelo apóstolo Paulo através de algumas de 
suas cartas (επηζηνιέο) registradas na Bíblia. Através da hermenêutica, ―interpretação ou 
exegese dos textos antigos, especialmente dos textos bíblicos‖ (Japiassú e Marcondes, 2006, 
p. 130) e da exegese, ―interpretação filológica e doutrinal de textos fundamentais 
caracterizados por sua incompreensibilidade literal e por sua obscuridade devidas ao fato de 
terem sido escritos há muito tempo, em outro contexto cultural‖ (id., p. 130), pretendemos 
descobrir as associações possíveis entre os textos destinados ao público grego no tocante à 
ética e moral e de como isso pode ser visto atualmente. Através de pesquisa da língua da 
época dos dois pensadores, o grego comum (θνηλή) ou grego bíblico, queremos ver como 
filosofia e teologia se encontram, buscando ações que levem o homem ao seu 
aperfeiçoamento, revelando e educando seu caráter para que viva bem política e 
espiritualmente. 
Palavras-chave: Grego Bíblico, Hermenêutica, Ética, Filosofia, Novo Testamento. 
 
Abstract 
The article consists in to study the virtues and vices described by Aristotle, comparing 
his ethics list with the fruits and sins brought by the Apostle Paul through some of his letters 
(επηζηνιέο) written in the Bible. Through of the hermeneutic, 'interpretation or exegesis of 
ancient texts, especially biblical texts" (Japiassu and Marcondes, 2006, p. 130) and of the 
exegesis "philological and doctrinal interpretation of key texts characterized by its literal 
incomprehensibility and his dark due to the fact having been written long ago, in another 
cultural context" ( id., p. 130), we intend to find out the possible associations between the 
 
1
 Possui graduação plena em Teatro/Arte-Educação pela Universidade de Sorocaba (2006), sendo professor 
efetivo e coordenador pedagógico na Secretaria de Estado da Educação em São Paulo, desde 2008. É 
Especialista em Arte na Educação Básica pela Universidade Estadual Júlio de Mesquita Filho, UNESP (2011). 
Concluiu a Licenciatura Plena em Filosofia na Universidade Metropolitana de Santos, UNIMES (em 2013) e 
cursa Pós-graduação em Filosofia, área Teologia pela Universidade Estácio de Sá. Cursou Pedagogia para 
Licenciados pela UNINOVE (em 2013). É supervisor do programa institucional de bolsas com iniciação à 
docência (PIBID) na área de Ciências Biológicas pela UFSCAR Sorocaba desde novembro de 2012. Cursou 
Aprendizagem Industrial - Mecânica de Autos (1999) pela escola SENAI/Sorocaba, Técnico em Ator (2002) 
pela escola SENAC/Sorocaba, obtendo o registro na Delegacia Regional do Trabalho (DRT), Técnico em 
Secretariado (2003) pela Escola Técnica Estadual Fernando Prestes/Sorocaba, e os níveis Básico e Médio livres 
em Teologia (2010) pelo Centro Cultural e Acadêmico das Igrejas Evangélicas Assembleias de Deus em 
Sorocaba, CECADS. É presbítero dessa Igreja e capelão pela Chaplains Humanitarian International por Miami, 
Florida (2010). É Mestrando em Educação na Universidade Federal de São Carlos, campus Sorocaba. 
5 
texts destined to the Greek public with regard to ethics and morality and how it can be seen 
currently. Through research of the language of the time the two thinkers, the common Greek 
(θνηλή) or Biblical Greek, we wanto to relate philosophy and theology are seeking actions that 
lead man to his improvement, revealing and educating his character so well politically and 
spiritually alive . 
The article to study the virtues and vices described by this philosopher, comparing his 
ethics list with the fruits and sins brought by the Apostle Paul through some of his letters 
written in the Bible. Through hermeneutic 'interpretation or exegesis of ancient texts, 
especially biblical texts" (Japiassu and Marcondes, 2006, p . 130) and exegesis, "philological 
and doctrinal interpretation of key texts characterized by its literal incomprehensibility and his 
dark due to the fact having been written long ago, in another cultural context" (id., p . 130), 
we intend to find out the possible associations between the texts for the Greek public 
regarding the ethics and morals of the ancient world and how it can be seen currently. 
Through research of the language of the time the two thinkers, the common Greek or koiné 
Greek, want to see how philosophy and theology are approaching, seeking actions that lead 
man to his improvement, revealing and educating his character for him to live well politically 
and spiritually 
Keywords: Biblical Greek, Hermeneutics, Ethics, Philosophy, New Testament. 
 
Αθεξεκέλν 
Σν άξζξν είλαη λα κειεηήζεη ηηο αξεηέο θαη θαθίεο πνπ πεξηγξάθνληαη από ηνλ 
Αξηζηνηέιε, ζπγθξίλνληαο ιίζηα εζηθή ηνπ θαξπνί θαη ηηο ακαξηίεο πνπ άζθεζε ν απόζηνινο 
Παύινο κέζα από κεξηθά από θαηαγξάθεηαη ζηελ Αγία Γξαθή επηζηνιέο ηνπ. Μέζσ 
εξκελεπηηθή ―εξκελεία ή εμήγεζε ησλ αξραίσλ θεηκέλσλ , ηδηαίηεξα βηβιηθά θείκελα‖ 
(IAΠIA΢΢Τ θαη MAΡΚOΝΓΔ΢, 2006, ζ. 130) θαη εμήγεζε, ―θηινινγηθή θαη δνγκαηηθή 
εξκελεία ησλ βαζηθώλ θεηκέλσλ πνπ ραξαθηεξίδεηαη από γξακκαηηθή αθαηαλνεζία θαη ηα 
ζθνηεηλά ηνπ νθείιεηαη ζην γεγνλόο έρεη γξαθηεί εδώ θαη πνιύ θαηξό, ζε έλα άιιν 
πνιηηηζκηθό πιαίζην" (ό.π., ζ. 130), έρνπκε ηελ πξόζεζε λα κάζεηε ηηο πηζαλέο ζπζρεηίζεηο 
κεηαμύ ησλ θεηκέλσλ γηα ην ειιεληθό δεκόζην ζε ζρέζε κε ηελ εζηθή θαη ηα ρξεζηά ήζε θαη 
πώο κπνξεί λα δεη θαλείο ζήκεξα. Μέζα από ηελ έξεπλα ηεο γιώζζαο ηνπ ρξόλνπ νη δύν 
ζηνραζηέο, Διιεληθή θνηλώλ ή Διιεληθή Βηβιηθή, ζέινπκε λα λα δνύκε πώο ηε θηινζνθία 
θαη ηε ζενινγία πξνζέγγηζε, αλαδεηνύλ ελέξγεηεο πνπ νδεγνύλ ηνλ άλζξσπν ζηε βειηίσζε 
ηνπ, απνθαιύπηνληαο θαη ηελ εθπαίδεπζε ηνπ ραξαθηήξα ηνπ ηόζν θαιά πνιηηηθά θαη 
πλεπκαηηθά δσληαλόο . 
Λέμεηο-θιεηδηά: Κνηλή Διιεληθή, Δξκελεπηηθή, Ηζηθή, Φηινζνθία, Καηλή Γηαζήθε. 
 
INTRODUÇÃO 
 
Neste trabalho falaremos quase que unicamente nos dois pensadores da Idade Antiga 
que já lemos no título: Aristóteles (384 a.C. – 322 a.C.) e Saulo Paulo de Tarso (c. 5 d.C. – 67 
d.C.). Estes dois não foram contemporâneos, havendo uma diferença de pouco mais de 
trezentos anos de vida entre eles. Enquanto Paulo era contemporâneo de Cristo e oque 
recebeu o legado deste de difundir o Cristianismo por todo o mundo (At 9:15), Aristóteles é 
do século IV a.C., ou seja, do final da Grécia Clássica e do rápido apogeu do poderio 
macedônico, sua terra natal, através de seu aluno mais ilustre, Alexandre Magno. Para 
Japiassu e Marcondes (2006, p. 16): 
6 
Aristóteles (384-322 a.C.) Filósofo grego nascido em Estagïra, Macedônia. Discípulo 
de Platão na Academia. Preceptor de Alexandre Magno. Construiu um grande 
laboratório, graças à amizade com Felipe e seu filho Alexandre. Aos cinqüenta anos. 
funda sua própria escola. o Liceu, perto de um bosque dedicado a Apolo Líelo. Daí o 
nome de seus alunos: os peripatéticos. Seus últimos anos são entremeados de lutas 
políticas. O partido nacional retoma o poder em Atenas. Aristóteles se exila na Eubéia, 
onde morre. Sua obra aborda todos os ramos do saber: lógica, física, filosofia, 
botânica, zoologia. metafísica etc. Seus livros fundamentais: Retórica, Ética a 
Nicômaco, Ética a Eudemo, Órganon: conjunto de tratados da lógica, Física, Política 
e Metafísica. Para Aristóteles, contrariamente a Platão, que ele critica, a idéia não 
possui uma existência separada. Só são reais os indivíduos concretos. A idéia só existe 
nos seres individuais: ele a chama de "forma". Preocupado com as primeiras *causas e 
com os primeiros princípios de tudo, dessacraliza o "ideal" platônico, realizando as 
idéias nas coisas. O primado é o da experiência. Os caminhos do conhecimento são os 
da vida. Sua teoria capital é a distinção entre *potência e *ato. O que leva à segunda 
distinção básica, entre matéria e forma: "a substância é a forma". Daí sua concepção 
de Deus corno Ato puro, Primeiro Motor do mundo, motor imóvel, Inteligência, 
Pensamento que ignora o mundo e só pensa a si mesmo. Quanto ao homem, é um 
"animal político" submetido ao Estado que, pela educação, obriga-o a realizar a vida 
moral, pela prática das virtudes: a vida social é um meio, não o fim da vida moral. A 
felicidade suprema consiste na contemplação da realização de nossa forma essencial. 
A política aparece como um prolongamento da moral. A virtude não se confunde com 
o heroísmo, mas é uma atividade racional por excelência. O equilíbrio da conduta só 
se realiza na vida social: a verdadeira humanidade só é adquirida na sociabilidade. 
 
O apóstolo Paulo é descrito por ele mesmo conforme o historiador e evangelista Lucas 
descreveu no Novo Testamento: 
 
Quanto à minha vida, desde a mocidade, como decorreu desde o princípio entre os da 
minha nação, em Jerusalém, todos os judeus a conhecem, sabendo de mim desde o 
princípio (se o quiserem testificar), que, conforme a mais severa seita da nossa 
religião, vivi fariseu. E agora pela esperança da promessa que por Deus foi feita a 
nossos pais estou aqui e sou julgado. À qual as nossas doze tribos esperam chegar, 
servindo a Deus continuamente, noite e dia. Por esta esperança, ó rei Agripa, eu sou 
acusado pelos judeus. Pois quê? julga-se coisa incrível entre vós que Deus ressuscite 
os mortos? Bem tinha eu imaginado que contra o nome de Jesus Nazareno devia eu 
praticar muitos atos; o que também fiz em Jerusalém. E, havendo recebido autorização 
dos principais dos sacerdotes, encerrei muitos dos santos nas prisões; e quando os 
matavam eu dava o meu voto contra eles. E, castigando-os muitas vezes por todas as 
sinagogas, os obriguei a blasfemar. E, enfurecido demasiadamente contra eles, até nas 
cidades estranhas os persegui. Sobre o que, indo então a Damasco, com poder e 
comissão dos principais dos sacerdotes, ao meio-dia, ó rei, vi no caminho uma luz do 
céu, que excedia o esplendor do sol, cuja claridade me envolveu a mim e aos que iam 
comigo. E, caindo nós todos por terra, ouvi uma voz que me falava, e em língua 
hebraica dizia: Saulo, Saulo, por que me persegues? Dura coisa te é recalcitrar contra 
os aguilhões. E disse eu: Quem és, Senhor? E ele respondeu: Eu sou Jesus, a quem tu 
persegues; mas levanta-te e põe-te sobre teus pés, porque te apareci por isto, para te 
pôr por ministro e testemunha tanto das coisas que tens visto como daquelas pelas 
quais te aparecerei ainda; livrando-te deste povo, e dos gentios, a quem agora te envio, 
para lhes abrires os olhos, e das trevas os converteres à luz, e do poder de Satanás a 
Deus; a fim de que recebam a remissão de pecados, e herança entre os que são 
santificados pela fé em mim. Por isso, ó rei Agripa, não fui desobediente à visão 
celestial. Antes anunciei primeiramente aos que estão em Damasco e em Jerusalém, e 
por toda a terra da Judéia, e aos gentios, que se emendassem e se convertessem a 
Deus, fazendo obras dignas de arrependimento. Por causa disto os judeus lançaram 
mão de mim no templo, e procuraram matar-me. Mas, alcançando socorro de Deus, 
ainda até ao dia de hoje permaneço dando testemunho tanto a pequenos como a 
grandes, não dizendo nada mais do que o que os profetas e Moisés disseram que devia 
7 
acontecer, isto é, que o Cristo devia padecer, e sendo o primeiro da ressurreição dentre 
os mortos, devia anunciar a luz a este povo e aos gentios. E, dizendo ele isto em sua 
defesa, disse Festo em alta voz: Estás louco, Paulo; as muitas letras te fazem delirar. 
Mas ele disse: Não deliro, ó potentíssimo Festo; antes digo palavras de verdade e de 
um são juízo. Porque o rei, diante de quem também falo com ousadia, sabe estas 
coisas, pois não creio que nada disto lhe é oculto; porque isto não se fez em qualquer 
canto. (Atos 26:4-26) 
 
Podemos ver pela narração do apóstolo que ele havia sido criado no mais severo 
judaísmo, aos pés do rabino Gamaliel, mas possuía sua cidadania romana desde o nascimento. 
(At 22:28), nascido em Tarso, na Cilicia, região da Ásia Menor, conheceu Jerusalém, 
Damasco, a Arábia, Antioquia, Chipre, Síria, Derbe, Listra, Filipos, Bereia, Atenas, Corinto, 
Éfeso, Cesareia, Galácia, Frígia, Macedônia, Ilíria, Roma, Malta, entre outros lugares. 
Portanto, é de se supor que falasse no mínimo, as línguas predominantes destes lugares, a 
saber, o hebraico (At 21:40), o latim (At 22:28) e o grego (At 21:37). 
Quanto ao grego, sabemos que os amigos eram, na maioria, ou da Grécia ou das 
cidades que foram absorvidas por tal cultura. É assim com Timóteo (At 16:1), Tito (Tt 1:12), 
Trófimo (At 21:28-29), o casal Dionísio e Dâmaris (At 17:34), algumas autoridades (Atos 
17:12), Sópater ou Sópatro de Beréia, (Rm 16:21), Aristarco de Tessalônica (Fl 1:24, Cl 
4:10), Gaio de Derbe (Rm 16:23), Tíquico (Cl 4:7) entre outros. Talvez o mais ilustre 
seguidor de Paulo era da mesma nação de Aristóteles, a Macedônia (At 16:9) e possuía a 
mesma função de Nicômaco, o pai do filósofo. Estamos falando de Lucas, o médico amado 
(Cl 4:14). 
Não é de se surpreender, portanto, que muitos dos termos usados pelo missionário 
provinham da cultura a qual ele se destinara a pregar, ou seja, todo o mundo não-judeu os 
chamados gentios (Δζληθνί) e, porque não dizer, muitas palavras vieram da filosofia do qual 
eles estavam acostumados a ouvir. Sabemos também que Paulo foi autor de treze ou quatorze 
epístolas de um total de vinte e sete livros do Novo Testamento e que, para atender a este 
público, precisou escrever em grego. Bem como nesta língua foram escritos outros dois livros, 
uma vez que o autor do Evangelho de Lucas e Atos dos Apóstolos é o evangelista da 
Macedônia (Lc 1:1 e At 1:1). O fato de bem menos da outra metade ter sido escrito na mesma 
língua é um assunto que não abordaremos aqui. Então, sobre o que falaremos? 
No capítulo I, falamos sobre a biografia de Aristóteles e de Paulo, bem como sua 
formação filosófica e sobre o propósito e público de seus escritos. No capítulo II, ponto 
crucial da pesquisa, as duaslistas serão esmiuçadas e, ao se unirem, serão classificadas em 
vícios por excesso e por deficiência ao lado dos pecados, buscando a raiz grega de cada 
palavra. No capítulo III, buscaremos entender quais são as possíveis conseqüências para os 
8 
que se consideravam desavisados e as propostas de atitudes e mudança, além de sabermos 
quais virtudes e frutos podem ser desenvolvidos no ser humano a fim de atingir os objetivos 
dos pensadores. No capítulo IV, falaremos brevemente sobre são Tomás de Aquino, o maior 
expoente da relação bíblico-aristotélica, que influenciou a primeira filosofia brasileira: a 
jesuítica. 
 
CAPÍTULO I: A FORMAÇÃO DE ARISTÓTELES E PAULO 
 
A biografia de Aristóteles já explica muito sobre seu envolvimento com a filosofia e 
porque ele é considerado parte da tríade da Filosofia Ocidental tal como a conhecemos pelo 
famoso quadro ―Escola de Atenas (1509-1511), pintura de Rafael Sanzio que retrata os 
filósofos ocupados numa discussão tendo ao centro Platão [discípulo de Sócrates] E 
Aristóteles. Palácio do Vaticano, Roma.‖ (Chauí, 2010, p. 18). 
Vejamos mais uma vez a biografia deste último filósofo, desta vez conforme escreveu 
Abrão (1999, p. 53,4), que aborda outros aspectos de sua trajetória: 
 
Aristóteles nasce em 384 a.C. na cidade de Estagira (daí ser conhecido também por O 
Estagirita), na Calcídica, que se encontra sob a dependência da Macedônia. Mas sua 
relação com este reino – que logo mais seria um grande império, subjugando a Grécia 
e, depois, a Pérsia – não se limita ao local de nascimento. Nicômaco, seu pai, era 
médico da corte de Filipe, rei da Macedônia. O filho deste, o célebre Alexandre 
Magno, teve o próprio Aristóteles como preceptor, entre 343 e 340 a.c. 
(As relações do filósofo com Alexandre são motivo de suspeitas: em 323 a.C., 
qujando morre este, Aristóteles é levado ao tribunal de Atenas sob pretextos 
religiosos. Condenado, prefere não seguir o exemplo de Sócrates, para que, segundo 
suas palavras, os atenienses ―não pequem uma vez mais contra a filosofia‖. 
Desterrado, morre no ano seguinte.) 
Aristóteles revela-se um destacado discípulo da Academia, onde realiza seus estudos 
de 366 a.C. até a morte de Platão (347 a.C.). Mais tarde, quando Alexandre sucede ao 
pai e inicia a consolidação do império, o ex-preceptor volta a Atenas para fundar sua 
própria escola, o Liceu, próximo ao templo dedicado a Apolo Liceano, nos arredores 
da cidade. Ao contrário da Academia, que se ocupa sobretudo da matemática, o Liceu 
é antes um centro de estudo de ciências naturais. Ali, Aristóteles mantém dois tipos de 
cursos: o chamado ―exotérico‖, destinado a um público amplo, e o ―esotérico‖, 
ministrado a um círculo mais restrito de discípulos. 
 
A respeito de Paulo e a filosofia, sabemos pelo Novo Testamento que ele conhecia 
muito bem as principais linhas de pensamento de sua época e usava isso a favor de sua 
pregação aos chamados gentios, citando inclusive trechos destes autores em suas epístolas. 
Em At 17, vemos Paulo numa posição estratégica para a Filosofia da época: 
 
E os que acompanhavam Paulo o levaram até Atenas, e, recebendo ordem para que 
Silas e Timóteo fossem ter com ele o mais depressa possível, partiram. E, enquanto 
Paulo os esperava em Atenas, o seu espírito se comovia em si mesmo, vendo a cidade 
9 
tão entregue à idolatria. De sorte que disputava na sinagoga com os judeus e 
religiosos, e todos os dias na praça com os que se apresentavam. E alguns dos 
filósofos epicureus e estóicos contendiam com ele; e uns diziam: Que quer dizer este 
paroleiro? E outros: Parece que é pregador de deuses estranhos; porque lhes anunciava 
a Jesus e a ressurreição. E tomando-o, o levaram ao Areópago, dizendo: Poderemos 
nós saber que nova doutrina é essa de que falas? Pois coisas estranhas nos trazes aos 
ouvidos; queremos pois saber o que vem a ser isto (Pois todos os atenienses e 
estrangeiros residentes, de nenhuma outra coisa se ocupavam, senão de dizer e ouvir 
alguma novidade). E, estando Paulo no meio do Areópago, disse: Homens atenienses, 
em tudo vos vejo um tanto supersticiosos; Porque, passando eu e vendo os vossos 
santuários, achei também um altar em que estava escrito: AO DEUS 
DESCONHECIDO. Esse, pois, que vós honrais, não o conhecendo, é o que eu vos 
anuncio. O Deus que fez o mundo e tudo que nele há, sendo Senhor do céu e da terra, 
não habita em templos feitos por mãos de homens; (At 17:15-24) 
 
Outra referência que podemos extrair da Bíblia é de Paulo ensinando aos gregos por 
dois anos na escola de Tirano: 
 
Mas, como alguns deles se endurecessem e não obedecessem, falando mal do 
Caminho perante a multidão, retirou-se deles, e separou os discípulos, disputando 
todos os dias na escola de um certo Tirano. E durou isto por espaço de dois anos; de 
tal maneira que todos os que habitavam na Ásia ouviram a palavra do Senhor Jesus, 
assim judeus como gregos. (At 19:9,10) 
 
E ainda podemos citar passagens bíblicas espelhadas nos filósofos, nenhuma delas 
vista com bons olhos pelo apóstolo: 
 
 O paradoxo de Epimênides: (Japiassú e Marcondes, 2006, p. 211) 
 
Um deles, seu próprio profeta, disse: Os cretenses são sempre mentirosos, bestas 
ruins, ventres preguiçosos. Este testemunho é verdadeiro. Portanto, repreende-os 
severamente, para que sejam sãos na fé. (Tt 1:12-13) 
 
 “Conhece-te a ti mesmo”, frase sobre o portal de entrada do santuário de Delfos, no 
oráculo de Apolo (deus patrono do conhecimento verdadeiro (Chauí, 2010, p. 7, 44) 
 
Examine-se, pois, o homem a si mesmo. (1Co 11:28 ) 
 
 “A morte é a dissolução do ser total “alma e corpo”. Epicuro. (Japiassú e 
Marcondes, 2006, p. 194) 
 
Ora, se se prega que Cristo ressuscitou dentre os mortos, como dizem alguns dentre 
vós que não há ressurreição de mortos? (1Co 15:12) 
 
 Os Jogos Olímpicos (Chauí, 2010, p. 28) 
 
Não sabeis vós que os que correm no estádio, todos, na verdade, correm, mas um só 
leva o prêmio? Correi de tal maneira que o alcanceis. (1Co 9:24) 
 
 A mitologia grega (Japiassú e Marcondes, 2006, p. 189) 
 
E as multidões, vendo o que Paulo fizera, levantaram a sua voz, dizendo em língua 
licaônica: Fizeram-se os deuses semelhantes aos homens, e desceram até nós. E 
10 
chamavam Júpiter a Barnabé, e Mercúrio a Paulo; porque este era o que falava. E o 
sacerdote de Júpiter, cujo templo estava em frente da cidade, trazendo para a entrada 
da porta touros e grinaldas, queria com a multidão sacrificar-lhes. Ouvindo, porém, 
isto os apóstolos Barnabé e Paulo, rasgaram as suas vestes, e saltaram para o meio da 
multidão, clamando, E dizendo: Senhores, por que fazeis essas coisas? Nós também 
somos homens como vós, sujeitos às mesmas paixões, e vos anunciamos que vos 
convertais dessas vaidades ao Deus vivo, que fez o céu, e a terra, o mar, e tudo quanto 
há neles. (At 14:11-15) 
 
 A filosofia (Japiassú e Marcondes, 2006, p. 108) 
 
Tende cuidado, para que ninguém vos faça presa sua, por meio de filosofias e vãs 
sutilezas, segundo a tradição dos homens, segundo os rudimentos do mundo, e não 
segundo Cristo; (Cl 2:8) 
 
Propósito e destinatários do livro e das epístolas 
 
Já falamos dos discípulos gregos de Paulo e também dos lugares pelos quais ele 
passou, sendo que para alguns, ele escreveu, como para a Grécia ou Acaia: como Corinto e 
Creta; para a Macedônia: Filipos e Tessalônica; e para a Ásia Menor: como Galácia, 
Colossos e Éfeso. O que falaremos agora é como eram os costumes (ήζε, εζηθά) do homem 
grego, tanto o cidadão da polis que foi o objeto da Ética de Aristóteles quanto os crentes que 
receberam as epístolas paulinas. Falaremos também dos objetivos dos dois pensadores ao 
escreveremsuas listas éticas, sejam como virtudes (αξεηέο) sejam como frutos do Espírito 
(θαξπνύο ηνπ Πλεύκαηνο). Abrão (1999, p. 21) diz que: 
 
Na Grécia, entre os séculos VIII e V a.C., empreendeu-se a busca pela construção de 
uma sociedade justa e de um pensamento racional, livre de preconceitos. Dessa 
procura originam-se, de um lado, a democracia e, de outro, a filosofia. […] A 
sociedade grega, ao contrário de outras civilizações de seu tempo, desconhece castas 
sacerdotais que tenham o monopólio dos livros sagrados e da verdade revelada. 
Tampouco a escrita é segredo de governantes e escribas. Ao contrário, é de domínio 
comum, e isso possibilita a ampla difusão e a discussão de ideias. […] (O homem 
seria definido, mais tarde, por Aristóteles, como zóon politikón, isto é, animal político. 
 
Assim, é com essa perspectiva que Aristóteles escreve para seu filho Nicômaco. 
Mostrar a ele como se pode viver bem e feliz em sociedade, uma vez que o homem realiza-se 
no coletivo e é disso que ―o ateniense se orgulha, como característica que o distingue de 
outros povos.‖ (Abrão, 1999, p. 22) Na mesma página, a autora diz que o homem grego, ―ao 
contrário dos bárbaros, que despreza, não está submetido ao mando de um rei. Tem 
consciência de viver em sociedade; sabe que é ateniense porque é cidadão, e que é cidadão 
porque participa da vida pública da cidade.‖ Por isso podemos dizer que, para o estagirita, o 
homem precisa se conscientizar de que não está só e que precisa viver com o seu próximo. 
11 
Precisa lutar por uma sociedade justa, sem excessos e deficiências, buscando o meio termo, 
como é apresentado por ele mesmo em seu livro (2010, Livro I, cp. I, p. 19): 
 
Mas como muitas são as ações, artes e ciências, muitas também são as suas 
finalidades. O fim da medicina é a saúde, o da construção naval é um navio, o da 
estratégia militar é a vitória, e o da economia é a riqueza. Entretanto, onde tais artes se 
subordinam a uma única faculdade — como por exemplo, a selaria e as outras artes 
relativas aos aprestos dos cavalos incluem-se na arte da equitação, e esta subordina-se, 
junto com todas as ações militares, na estratégia, e igualmente há algumas artes que se 
subordinam em terceiras —, em todas elas os fins das artes fundamentais devem ter 
precedência sobre os fins subordinados, pois, com efeito, estes últimos são procurados 
em função dos primeiros. Não faz diferença alguma que as finalidades das ações 
sejam as próprias atividades ou sejam algo distinto destas, como ocorre com as artes e 
as ciências que mencionamos. 
 
E com Paulo: qual o motivo de suas epístolas e para quem estavam destinadas? Não 
apresentaremos as razões específicas das treze cartas, mas devemos fazê-las do cânone 
escolhido que para pauta as listas dos pecados e dos frutos que o apóstolo descreve. Estas 
listas estão nas cartas aos Romanos, 1 Coríntios, Gálatas, Efésios, Filipenses, Colossenses e as 
duas cartas a Timóteo. Vejamos pela Palavra tais razões: 
 
Aos Romanos: (BÍBLIA, NT, 1998, p. 418) 
Assim, quanto está em mim, estou pronto para também vos anunciar o evangelho, a 
vós que estais em Roma. Porque não me envergonho do evangelho de Cristo, pois é o poder 
de Deus para salvação de todo aquele que crê; primeiro do judeu, e também do grego. (Rm 
1:15-16) 
 
1ª Carta aos Coríntios: (BÍBLIA, NT, 1998, p. 455) 
Rogo-vos, porém, irmãos, pelo nome de nosso Senhor Jesus Cristo, que digais todos 
uma mesma coisa, e que não haja entre vós dissensões; antes sejais unidos em um mesmo 
pensamento e em um mesmo parecer. Porque a respeito de vós, irmãos meus, me foi 
comunicado pelos da família de Cloé que há contendas entre vós. (1Co 1:10-11) 
 
Aos Gálatas: (BÍBLIA, NT, 1998, p. 519) 
Maravilho-me de que tão depressa passásseis daquele que vos chamou à graça de 
Cristo para outro evangelho; O qual não é outro, mas há alguns que vos inquietam e querem 
transtornar o evangelho de Cristo. Mas, ainda que nós mesmos ou um anjo do céu vos anuncie 
outro evangelho além do que já vos tenho anunciado, seja anátema. Assim, como já vo-lo 
12 
dissemos, agora de novo também vo-lo digo. Se alguém vos anunciar outro evangelho além 
do que já recebestes, seja anátema. (Gl 1:6-9) 
 
Aos Efésios: (BÍBLIA, NT, 1998, p. 538,9) 
Rogo-vos, pois, eu, o preso do Senhor, que andeis como é digno da vocação com 
que fostes chamados, com toda a humildade e mansidão, com longanimidade, suportando-
vos uns aos outros em amor, procurando guardar a unidade do Espírito pelo vínculo da 
paz. Há um só corpo e um só Espírito, como também fostes chamados em uma só esperança 
da vossa vocação; um só Senhor, uma só fé, um só batismo; um só Deus e Pai de todos, o qual 
é sobre todos, e por todos e em todos vós. (Ef 4:1-6) 
 
Aos Filipenses: (BÍBLIA, NT, 1998, p. 547) 
E peço isto: que o vosso amor cresça mais e mais em ciência e em todo o 
conhecimento, para que aproveis as coisas excelentes, para que sejais sinceros, e sem 
escândalo algum até ao dia de Cristo; cheios dos frutos de justiça, que são por Jesus Cristo, 
para glória e louvor de Deus. E quero, irmãos, que saibais que as coisas que me 
aconteceram contribuíram para maior proveito do evangelho; de maneira que as minhas 
prisões em Cristo foram manifestas por toda a guarda pretoriana, e por todos os demais 
lugares; e muitos dos irmãos no Senhor, tomando ânimo com as minhas prisões, ousam falar a 
palavra mais confiadamente, sem temor. (Fp 1: 9 -14) 
 
Aos Colossenses: (BÍBLIA, NT, 1998, p. 560) 
E digo isto, para que ninguém vos engane com palavras persuasivas. Porque, ainda 
que esteja ausente quanto ao corpo, contudo, em espírito estou convosco, regozijando-me e 
vendo a vossa ordem e a firmeza da vossa fé em Cristo. Como, pois, recebestes o Senhor 
Jesus Cristo, assim também andai nele, arraigados e sobreedificados nele, e confirmados na 
fé, assim como fostes ensinados, nela abundando em ação de graças. Tende cuidado, para 
que ninguém vos faça presa sua, por meio de filosofias e vãs sutilezas, segundo a tradição 
dos homens, segundo os rudimentos do mundo, e não segundo Cristo; (Cl 2:4-8) 
 
1ª Carta a Timóteo: (BÍBLIA, NT, 1998, p. 583-5) 
Como te roguei, quando parti para a Macedônia, que ficasses em Éfeso, para 
advertires a alguns, que não ensinem outra doutrina, nem se dêem a fábulas ou a 
genealogias intermináveis, que mais produzem questões do que edificação de Deus, que 
13 
consiste na fé; assim o faço agora. Ora, o fim do mandamento é o amor de um coração puro, e 
de uma boa consciência, e de uma fé não fingida. Do que, desviando-se alguns, se entregaram 
a vãs contendas; Querendo ser mestres da lei, e não entendendo nem o que dizem nem o que 
afirmam. (1Tm 1:3-7) 
E entre esses foram Himeneu e Alexandre, os quais entreguei a Satanás, para que 
aprendam a não blasfemar. (1:20) 
Admoesto-te, pois, antes de tudo, que se façam deprecações, orações, intercessões, 
e ações de graças, por todos os homens; pelos reis, e por todos os que estão em 
eminência, para que tenhamos uma vida quieta e sossegada, em toda a piedade e 
honestidade. (2:1-2) 
 
2ª Carta a Timóteo: (BÍBLIA, NT, 1998, p. 599) 
Conjuro-te, pois, diante de Deus, e do Senhor Jesus Cristo, que há de julgar os vivos e 
os mortos, na sua vinda e no seu reino, que pregues a palavra, instes a tempo e fora de 
tempo, redarguas, repreendas, exortes, com toda a longanimidade e doutrina. (2Tm 4:1-
2) 
Mas tu, sê sóbrio em tudo, sofre as aflições, faze a obra de um evangelista, cumpre o 
teu ministério. Porque eu já estou sendo oferecido por aspersão de sacrifício, e o tempo da 
minha partida está próximo. Combati o bom combate, acabei a carreira, guardei a fé. (4:5-7) 
Quando vieres, traze a capaque deixei em Trôade, em casa de Carpo, e os livros, 
principalmente os pergaminhos. (4:13) 
 
Contudo, talvez o principal propósito do apóstolo Paulo em relação aos gregos é, sem 
dúvida, a salvação deles. Paulo diz em Rm 1:16: ―Porque não me envergonho do evangelho 
de Cristo, pois é o poder de Deus para salvação de todo aquele que crê; primeiro do judeu, e 
também do grego.‖ O mesmo grego que é persuadido por seu amor à sabedoria (filosofia), 
como vemos em 1Co 1:22: ―Os judeus pedem sinal e os gregos sabedoria; nós, porém, 
pregamos a Cristo crucificado, o qual, de fato, é escândalo para os judeus e loucura para os 
gentios mas para os que foram chamados, tanto judeus como gregos, Cristo é o poder de Deus 
e a sabedoria de Deus.‖ E em todas as áreas da vida do homem, inclusive a política, ―ter 
louvor das autoridades: ―porque os magistrados não são terror para as boas obras, mas para as 
más. Queres tu, pois, não temer a potestade? Faze o bem, e terás louvor dela.‖ (Rm 13:3) e 
―para que o homem de Deus seja perfeito, e perfeitamente instruído para toda a boa obra.‖ 
(2Tm 4:12) 
14 
A respeito das características do público-alvo das epístolas, escolhemos a cidade de 
Corinto por ser a cidade bíblica mais próxima da capital grega, Atenas, tanto geograficamente 
e, quem sabe, filosoficamente, sofrendo os impactos do Império Romano, mas buscando 
manter sua cultura e seu pensamento. 
 
Ser cristão em meio a um povo ímpio. Ser crente em Corinto, uma cidade afundada 
no pecado, era um grande desafio. Ali, ninguém sabia o que é ser um santo de Deus. 
Porém, ser ímpio, fornicário, beberrão, ladrão, enganador, imoral, assassino, 
pervertido sexualmente, viciado, idólatra, era normal. Havia, inclusive, a ―prostituição 
cultural‖ em que o templo dedicado a Afrodite reunia mil sacerdotisas prostitutas que 
ofereciam religiosamente seus corpos á luxúria e aos demônios. (Gilberto, 2009, p. 5). 
 
Esse quadro não era muito diferente do das outras cidades a quem Paulo dirigiu suas 
epístolas. Quanto à idolatria, vemos Diana dos Efésios (At 19:28), Zeus dos filipenses 
(14:12), César Augusto de Roma (25:11) e de suas províncias (16:21). Havia ainda os 
judaizantes que pregavam sob a lei mosaica (15:5), os judeus (26:24) e gentios (17:4,32) que 
escarneciam da pregação pela fé com os apóstolos e o início de uma perseguição contra a 
Igreja a partir do assassinato de Estevão (7:58) e com a morte de Tiago (12:3,4). Com tantas 
coisas para se esquivar, era difícil manter o caráter ilibado, conforme pedia o apóstolo. No 
entanto, ele solicita firmeza (2 Tessalonicenses 2:15) nas virtudes que exporemos no capítulo 
a seguir após os comentarmos sobre a ética aristotélica. 
 
CAPÍTULO II: AS PALAVRAS-CHAVE DA ÉTICA A NICÔMACO E 
DAS CARTAS PAULINAS 
 
Aristóteles escreve no livro Ética a Nicômaco (2010, Livro II, cp. 7, pp. 50-52) 
algumas palavras-chave que definem a sua ―filosofia moral‖ (Chauí, 2010, p. 270). A forma 
que encontramos para definir estas palavras em seu original é colocando o verbete ao lado de 
sua tradução, cuja frase estará em Língua Portuguesa para nossa maior interpretação 
(εξκελεία), citando-as em parágrafos. No segundo momento, faremos isso também com as 
palavras paulinas e, finalmente, estabeleceremos uma concordância na teoria dos dois 
pensadores: 
 
Ética a Nicômaco, Livro II, capítulo 7 
 
Todo o texto abaixo foi recortado do livro Ética a Nicômaco, na versão brasileira 
(Aristóteles, 2010, p. 50-52), inclusive as palavras que nós grifamos para maior visualização 
15 
do leitor. As palavras que estão entre parênteses são da versão grega (Aξηζηνηέινπζ, Ηθικά 
Νικομάχεια. 2014). 
 
―§ 2: Podemos tirar estes casos de nosso quadro geral. Em relação ao medo (θόβνπο) 
e à temeridade (ζάξξε), a coragem (άλδξεία) é o meio-termo; das pessoas que excedem, as 
excessivamente corajosas (άθνβία) não tem nome um nome especial (muitas disposições não 
o têm), enquanto as que excedem na audácia (ππεξβαιισλ ην ζξάζνο) são temerárias 
(ζξάζνο), e as que excedem no medo (θνβείζζαη) e mostram falta de audácia (ζαξξείλ 
έιιείπσλ) são covardes (δεηιόο). 
Com relação aos prazeres (εδνλάο) e sofrimentos (ιύπαο) – não todos, e nem tanto 
no que concerne aos sofrimentos — o meio-termo é a temperança (ζσθξνζύλε) e o excesso 
é a intemperança (άθνιαζία). Pessoas que apresentam deficiência na fruição dos prazeres 
são bastante raras, e, por este motivo não receberam designação especial; mas podemos 
chamá-las "insensíveis" (άλαίζζεηνη). 
§3: Quanto ao dinheiro (ρξεκάησλ) que se dá (δόζηλ) ou recebe (ιεςηλ), o meio-
termo é a liberalidade (έιεπζεξηόηεο); o excesso e a deficiência são, respectivamente, 
prodigalidade (άζσηία) e avareza (άλειεπζεξία). Nesta espécie de ações as pessoas se 
excedem e são deficientes de maneiras opostas: o pródigo excede quanto aos gastos e é 
deficiente quanto aos ganhos, ao passo que o avaro se excede em ganhar e é deficiente no 
gastar. […] 
 
§4: Ainda quanto ao dinheiro (ρξεκάηα), existem outras disposições: um meio-termo, 
a magnificência (κεγαινπξέπεηα) [o homem magnificente difere do liberal; o primeiro lida 
com grandes somas, o último com somas pequenas]; um excesso, que é a vulgaridade 
(άπεηξνθαιία) e a ostentação (βαλαπζία); e uma falta, que é a mesquinhez (κηθξνπξέπεηα); 
estas disposições diferem das disposições opostas à liberalidade (έιεπζεξηόηεηα), e 
posteriormente diremos em que. 
 
§5: Com relação à honra (ηηκελ) e à desonra (αηηκίαλ), o meio-termo é o justo 
orgulho (κεγαινςπρία), o excesso é chamado de "pretensão" (ραπλόηεο) e a falta é uma 
espécie de humildade inadequada (κηθξνςπρία) […] De fato, é possível desejar a honra 
como se deve, e mais, ou menos, do que é proporcional ao mérito, e o homem se excede em 
tais desejos é chamado ambicioso (θηιóηηκνο), o que é deficiente, desambicioso 
(αθηιóηηκνο), e o que fica na posição intermediária não tem um nome próprio para designá-lo. 
16 
 
§6: Com respeito à cólera (óξγελ) também há excesso, falta e meio-termo. Embora 
praticamente não tenham nomes, visto que chamamos calmo (πξανλ) o homem que está na 
situação intermediária, chamemos calma (πξαóηεηα) o meio-termo; quanto aos que se 
encontram nos extremos, chamemos irascível (óξγεινο) o que se excede e irascibilidade 
(óξγηιóηεο) o seu vício; e chamemos apático (αóξγεηóο) ao que fica aquém da justa medida, 
e a sua deficiência de apatia (αóξγεζίαία). […] 
 
§8: Com referência à verdade (αιεζεο), o intermediário é a pessoa veraz (αιεζεο) e 
ao meio-termo podemos chamar veracidade (αιεζεηα); o exagero é a jactância (αιαδνλεία) e 
a pessoa caracterizada por esse hábito é jactanciosa (αιαδνσλ); a falsa modéstia (είξσλεία) é 
a que fica aquém, e falsamente modesta (είξσλ) é a pessoa caracterizada por esta disposição. 
Quanto à afabilidade (εδπ) no proporcionar divertimento (παηδηα), a pessoa intermediária é 
espirituosa (επηξαπεινο) e o meio-termo chamamos espirituosidade (επηξαπειηα); o excesso 
é a chocarrice (βσκνινρηα), e a pessoa caracterizada por ele, é o chocarreiro (βσκνινρνο), e 
a pessoa que apresenta a falta é uma espécie de rústico (αγξνηθνο), e sua disposição é a 
rusticidade (αγξνηθηα). Quanto à terceira espécie de afabilidade (εδπ), a que se manifesta na 
vida em geral, o homem que sabe agradar a todos, da maneira adequada, é amável (θηινο), e o 
meio-termo é a amabilidade (θηιηα); o que excede os limites é obsequioso (σθειεηαο) se não 
visa a nenhum propósito determinado (νπδελνζ ελεθα), e um adulador (θνιαμ) se visa ao 
interesse próprio (δ᾽σθειεηαο ηεζ απηνπ); e o homem que apresenta a falta, mostrando-se 
sempre desagradável (αεδεο) é um misantropo (δποεξηζ ηηζ θαη δπζθνινο). 
 
§9: Há também meios-termosnas paixões (παζεκαζη) e em relação a elas, pois a 
vergonha (αηδσο) não é uma virtude, e todavia louvamos os homens que agem com recato 
(αηδεκσλ). Com efeito, mesmo nestes assuntos diz-se que um homem está em uma situação 
intermediária e outro a excede, como, por exemplo, o homem acanhado (θαηαπιεμ) que se 
envergonha de tudo; e em constraste, o que mostra deficiência e não se envergonha de coisa 
alguma é um despudorado (αλαηζρπληνο), e o homem que observa o meio-termo é recatado 
(αηδεκσλ). 
 
§10: A justa indignação (λεκεζηο) é um meio-termo entre a inveja (θζνλνπ) e o 
despeito (επηραηξεθαθηαο), e estas disposições se referem ao sofrimento (ιππελ) e ao prazer 
(εδνλελ) que sentimos diante da boa ou má fortuna de nossos semelhantes.‖ 
17 
 
A partir da comparação entre o livro em português e o original grego encontramos as 
palavras descritas abaixo. Na tabela que se segue, veremos como a filósofa Marilena Chauí 
(2010, p. 273) resume o tema e o expõe em seu livro. Para todos os fins, manteremos nela os 
termos gregos já pesquisados, além de acrescentar à tabela os quadros relacionais (coluna 1: 
relação de). Quando as palavras de Chauí e da tradução que usamos acima, de Torrieri 
Guimarães (Aristóteles, 2010), forem diferentes, colocaremos as palavras entre parênteses. 
 
Nº Relação de Virtude (κεζoηεο) 
Excesso 
(ππεξβάιισλ) 
Falta (έιιεηςε) 
1. 
Medo (θνβνπο) e 
confiança (ζάξξε) 
Coragem 
(άλδξεία) 
Temeridade 
(ζξάζνο) 
Covardia 
(δεηιόο) 
2. 
Prazer (εδνλελ) e 
sofrimento 
(ιππελ) 
Temperança 
(ζσθξνζύλε) 
Libertinagem 
(intemperança) 
(άθνιαζία) 
Insensibilidade 
(άλαίζζεηνη) 
3. 
Dar (δόζηλ) e 
receber (ιεςηλ) 
dinheiro 
(ρξεκάησλ) 
Liberalidade 
(έιεπζεξηόηεο) 
Prodigalidade 
(άζσηία) 
Avareza 
(άλειεπζεξία) 
4. 
Honra (ηηκελ) e 
desonra (αηηκίαλ) 
Respeito Próprio 
(justo orgulho) 
(κεγαινςπρία) 
Vulgaridade 
(pretensão) 
(ραπλόηεο) 
Vileza (humildade 
inadequada) 
(κηθξνςπρία) 
5. 
Quanto ao 
dinheiro 
(ρξεκάησλ) 
Magnificência 
(κεγαινπξέπεηα) 
Vaidade 
(vulgaridade e 
ostentação) 
(άπεηξνθαιία/ 
βαλαπζία) 
Modéstia 
(mesquinhez) 
(κηθξνπξέπεηα) 
6. Cólera (óξγελ) 
Gentileza (calma) 
(πξαóηεηα) 
Irascibilidade 
(óξγηιóηεο) 
Indiferença (apatia) 
(αóξγεζίαία) 
7. Verdade (αιεζεο) 
Veracidade 
(αιεζεηα) 
Orgulho (jactância) 
(αιαδνλεία) 
Descrédito Próprio 
(falsa modéstia) 
(είξσλεία) 
8. 
Afabilidade (εδπ) 
de divertimento 
(παηδηα) 
Agudeza de 
Espírito 
(espirituosidade) 
(επηξαπειηα) 
Zombaria 
(chocarrice) 
(βσκνινρηα) 
Grosseria/ 
rusticidade (αγξνηθηα) 
9. 
Afabilidade (εδπ) 
da vida em geral 
Amizade 
(amabilidade) 
(θηιία) 
Condescendência 
(> obsequiosidade e 
< adulação) 
(σθειεηαο e θνιαμ) 
Tédio (misantropia) 
(δποεξηζ ηηζ θαη 
δπζθνινο) 
10. 
Prazer (εδνλελ) e 
sofrimento 
(ιππελ) 
Justa Indignação 
(λεκεζηο) 
Inveja 
(θζνλνπ) 
Malevolência 
(despeito) 
(επηραηξεθαθηαο) 
 
Como vimos, a autora não cita a relação de desejar a honra como se deve, dividido em 
ambição (θηιóηηκνο) e desambição (αθηιóηηκνο), nem a relação das paixões (παζεκαζη), no 
18 
que tange à vergonha (αηδσο), como o recato (αηδεκσλ), o acanhamento (θαηαπιεμ) e o 
despudor (αλαηζρπληνο). 
Há ainda outra virtude que é a justiça (δηθαηνοπλεζ), que Aristóteles promete tratar 
em outro capítulo ou livro de Ética a Nicômaco. Como restringimos nossos estudos no 
capítulo sete do livro dois, vamos apenas citar sua existência apresentada no final da lista. 
 
Lista de Vícios conforme Paulo no Novo Testamento 
 
Agora, através de fragmentos do Novo Testamento bíblico, veremos as recomendações 
morais de Paulo para aqueles que habitavam no meio de uma sociedade que ele mesmo 
condenava a postura. 
 
Romanos 1:29-31 (BÍBLIA, NT, 1998, p. 419) 
Estando cheios de toda a injustiça (αδηθηα), malícia (πνλεξηα), avareza (πιενλεμηα), 
maldade (θαθηα); cheios de inveja (θζνλνπ), homicídio (θνλνπ), contenda (εξηδνο), dolo 
(δνινπ), malignidade (θαθνεζεηαο); sendo difamadores (ςηζπξηζηαο), caluniadores 
(θαηαιαινπο), aborrecidos de Deus (ζενζηπγεηο), insolentes (πβξηζηαο), soberbos 
(ππεξεθαλνπο), presunçosos (αιαδνλαο), inventores de males (εθεπξεηαο θαθσλ), 
desobedientes (γνλεπζηλ απεηζεηο) aos pais e às mães; insensatos (αζπλεηνπο), pérfidos 
(αζπλζεηνπο), sem afeição natural (αζηνξγνπο) e sem misericórdia (αλειεεκνλαο); 
 
1 Coríntios 5:11 (BÍBLIA, NT, 1998, p. 463) 
Mas agora vos escrevi que não vos associeis com aquele que, dizendo-se irmão, for 
impuro (πνξλνη), ou avarento (πιενλεθηεο), ou idólatra (εηδσινιαηξεο), ou maldizente 
(ινηδνξνο), ou beberrão (κεζπζνο), ou roubador (αξπαμ); com o tal nem ainda comais. 
 
1 Coríntios 6:9-10 (BÍBLIA, NT, 1998, p. 464) 
―Não sabeis que os injustos (αδηθνη) não hão de herdar o reino de Deus? Não vos 
enganeis (πιαλαζζε): nem impuros (πνξλνη), nem idólatras (εηδσινιαηξαη), nem adúlteros 
(κνηρνη), nem efeminados (καιαθνη), nem sodomitas (αξζελνθνηηαη), nem ladrões (θιεπηαη), 
nem avarentos (πιενλεθηαη), nem bêbados (κεζπζνη), nem maldizentes (ινηδνξνη), nem 
roubadores (αξπαγεο) herdarão o reino de Deus. 
 
 
 
 
19 
Gálatas 5:19-21 (BÍBLIA, NT, 1998, p. 529) 
Porque as obras da carne são manifestas, as quais são: prostituição (κνηρεηα), 
impureza (αθαζαξζηα), lascívia (αζειγεηα), idolatria (εηδσινιαηξεηα), feitiçaria 
(θαξκαθεηα), inimizades (ερζξαη), porfias (εξεηο), ciúmes (δεινη), iras (ζπκνη), discórdias 
(εξηζεηαη), dissensões (δηρνζηαζηαη), facções (αηξεζεηο), invejas (θζνλνη), bebedices (κεζαη), 
glutonarias (θσκνη), e coisas semelhantes a estas, acerca das quais vos declaro, como já antes 
vos disse, que os que cometem tais coisas não herdarão o reino de Deus. 
 
 
Efésios 4:31 (BÍBLIA, NT, 1998, p. 541) 
Toda a amargura (πηθξηα), e cólera (ζπκνο), e ira (νξγε), e gritaria (θξαπγε), e 
blasfêmia (βιαζθεκηα) e toda a malícia (αξζεησ) sejam tiradas dentre vós. 
 
Efésios 5:3-6 (BÍBLIA, NT, 1998, p. 541) 
Mas a impudidícia (πνξλεηα), e toda a impureza (αθαζαξζηα) ou cobiça (πιενλεμηα), 
nem ainda se nomeie entre vós, como convém a santos; Nem conversação torpe (αηζρξνηεο), 
nem palavras vãs (κσξνινγηα), nem chocarrices (επηξαπειηα), que não convêm; mas antes, 
ações de graças (επραξηζηηα). Porque bem sabeis isto: que nenhum incontinente (πνξλνο), ou 
impuro (αθαζαξηνο), ou avarento (πιενλεθηεο), que é idólatra (εηδσινιαηξεο), tem herança 
no reino de Cristo e de Deus. Ninguém vos engane com palavras vãs; porque por estas coisas 
vem a ira de Deus sobre os filhos da desobediência (απεηζεηαο). 
 
Colossenses 3:5-10 (BÍBLIA, NT, 1998, p. 562) 
Mortificai, pois, os vossos membros, que estão sobre a terra: a prostituição 
(πνξλεηαλ), a impureza (αθαζαξζηαλ), a paixão lasciva (παζνο επηζπκηαλ), a desejo maligno 
(θαθελ), e a avareza (πιενλεμηαλ), que é idolatria (εηδσινιαηξεηα); Pelas quais coisas vem a 
ira de Deus sobre os filhos da desobediência (πηνπο ηεο απεηζεηαο); Nas quais, também, em 
outro tempo andastes, quando vivíeis nelas. Mas agora, despojai-vos também de tudo: da ira 
(νξγελ), da indignação (ζπκνλ), da maldade (θαθηαλ), da maledicência (βιαζθεκηαλ), das 
linguagem obscena (αηζρξνινγηαλ) da vossa boca. Não mintais (ςεπδεζζε) uns aos outros, 
pois que já vos despistes do velho homem com os seus feitos, e vos vestistes do novo, que se 
renova para o conhecimento, segundo a imagem daquele que o criou; 
 
 
 
 
20 
1 Timóteo 1:9-10 (BÍBLIA, NT, 1998, p. 583,4) 
Tendo em vista que não se promulga lei para quem é justo, mas para transgressores 
(αλνκνηο)e rebeldes (αλππνηαθηνηο), para os írreverentes (αζεβεζηλ) e pecadores 
(ακαξησινηο), para os ímpios (αλνζηνηο) e profanos (βεβεινηο), parricidas (παηξoισαηο) e 
matricidas (κεηξoισαηο), homicidas (αλδξνθνλνηο), impuros (πνξλνηο), para os sodomitas 
(αξζελνθνηηαηο), para os raptores de homens (αλδξαπνδηζηαηο), mentirosos (ςεπζηαηο), 
perjuros (επηνξθνηο) e para o que for contrário à sã doutrina, 
 
2 Timóteo 3:2-5 (BÍBLIA, NT, 1998, p. 583,4) 
Porque haverá homens egoístas (θηιαπηνη), avarentos (θηιαξγπξνη), jactanciosos 
(αιαδνλεο), arrogantes (ππεξεθαλνη), blasfemadores (βιαζθεκνη), desobedientes a pais e 
mães (γνλεπζηλ απεηζεηο), ingratos (αραξηζηνη), irreverentes (αλνζηνη), desafeiçoados 
(αζηνξγνη), implacáveis (αζπνλδνη), caluniadores (δηαβνινη), sem domínio de si (αθξαηεηο), 
cruéis (αλεκεξνη), inimigos do bem (αθηιαγαζνη), traidores (πξνδνηαη), atrevidos 
(πξνπεηεηο), enfatuados (ηεηπθσκελνη), mais amigos dos prazeres (θηιεδνλνη) do que 
amigos de Deus, tendo aparência de piedade, mas negando a eficácia dela. Destes afasta-te. 
 
A comparação dos vícios de Aristóteles com os pecados de Paulo 
 
A proposta agora é comparar as afirmativas ético-aristotélicas com as paulinas. Para 
isso, usaremos o grego. É claro que o grego que vamos nos basear não é o clássico, 
provavelmente usado pelo filósofo, mas o koiné, usado pelo mundo antigo na época do 
império romano do primeiro século. Temos no autor de Ética a Nicômaco vinte vícios, sendo 
dez por excesso e dez por falta. Com o apóstolo, conseguimos encontrar, nos trechos que 
escolhemos por conterem as listas de pecados cometidos pelos contemporâneos de Paulo, 
cento e dezesseis ocorrências, divididos em oitenta e duas palavras variadas. O léxico grego 
do Novo Testamento, de Edward Robinson apresenta o termo na língua original e reúne em 
cada verbete os sinônimos que poderemos usar para agrupar estes pecados (como o termo 
aparece na Teologia) em vícios (conforme apresentado pela Filosofia.). Vejamos então estas 
palavras, que é o que nos interessa nesta pesquisa. 
 
Os vícios por excesso ou ππεξβάιισλ 
 
Os vícios por excesso ou ππεξβάιισλ são como se segue: temeridade, libertinagem 
(ou intemperança), prodigalidade, vaidade (ou mau gosto), vulgaridade, irascibilidade, 
21 
orgulho (ou jactância), zombaria, condescendência (ou obsequiosidade se for sem motivo e 
lisonja se houver um interesse próprio), inveja, despudor e ambição. Os pecados serão 
apresentados em negrito e sublinhados na definição de cada verbete conforme o que diz o 
dicionário: 
 
1. Temeridade, ζξάζνο, άθνβία. Apesar de o livro Ethika Nikomakeia traduzir a palavra 
como ζξάζνο ou άθνβία como um vício, Robinson (2012, p. 140) diz que significa sem 
medo, com confiança, significando uma virtude, conforme Paulo aconselha em Fp 1:14. 
Por isso, recorreremos às palavras do apóstolo em 2Tm 3:4: πξνπεηεηο, traduzido por 
atrevidos. Para Robinson (2012, p. 782), ―πξνπεηεηο, que cai para frente, lat. prociduus, 
propenso, inclinado, pronto para fazer alguma coisa. No NT num mau sentido, 
precipitado, impetuoso, temerário.” 
 
2. Libertinagem (ou intemperança), άθνιαζία (α + θνιαζία). θνιαζίζ (Robinson, 2012, p. 
509) significa ―uma restrição, poda, punição.‖ Então o libertino é uma pessoa irrestrita, e 
a intemperança faz dele uma pessoa desequilibrada, que não se contém, sem domínio de 
si (αθξαηεηο) [2Tm 3:3], tanto no alimento, como as glutonarias (θσκνη) [Gl 5:21] e 
bebedices (κεζαη) [1Co 5:11, 6:9-10; Gl 5:21] quanto no corpo, como a incontinência 
(πνξλνο) [Ef 5:5]. Assim, πνξλεηαη (Robinson, 2012, p. 765) é ―fornicação, lascívia 
(αζειγεηα) [Gl 5:19], κνηρεηαη (adultério) [1Co 6:9] πνξλεηαη (prostituição) [Gl 5:19; Cl 
3:5]. 2. Simbol. Do heb. para idolatria, o abandono do Deus verdadeiro a fim de adorar 
ídolos; idolatria (εηδσινιαηξεηα) [1Co 5:11, 6:9-10; Cl 3:5; Gl 5:20; Ef 5:5].‖ Donde 
temos (impudicícia) [Ef 5:3] (impureza como πνξλεηαη) [1Co 5:11, 6:9-10; 1Tm 1:10] 
(impureza como αθαζαξζηα) [Gl 5:19; Ef 5:3; Cl 3:5]. Há também, segundo Paulo, os 
que têm a paixão lasciva (παζνο επηζπκηαλ) [Cl 3:5] e ele acrescenta à lista falando 
daqueles que cometem outros tipos de pecados sexuais como os efeminados (καιαθνη) 
[1Co 6:9] e os sodomitas (αξζελνθνηηαη) [1Co 6:9; 1Tm 1:10]. 
 
3. Prodigalidade, άζσηία. Robinson (2012, p. 130) traduz por ―devassidão, libertinagem e 
intemperança, Ef 5:18; Tt 1:6; 1 Pe 4:4.‖ O άζσησζ significa ―dissolutamente, 
desenfreadamente.‖ Ao escrever para Tito (1:6), Paulo usa o termo descriminando o 
dissoluto, conforme diz o segundo verbete. Mas ao escrever para os efésios, na referência 
bíblica acima, Paulo fala da contenda (εξηδνο) [Rm 1:29]. Segundo Robinson (2012, p. 
22 
367), este o verbete ―εξηο, ηδνο significa ―disputa, contenda, briga Rm 1:29, 13:13.‖ 
Assim: porfias (εξεηο) [Gl 5:20] e discórdias (εξηζεηαη) [Gl 5:20]. 
 
4. Vaidade e mau gosto, άπεηξνθαιία θαη βαλαπζία. Vaidade, no grego, também pode ser 
traduzido por καηαηνηεο (Robinson, 2012, p. 560) significando ―futilidade, vaidade; 2 Pe 
2:18. fragilidade, transitoriedade; Rm 8:20.‖ O apóstolo Paulo faz referência às palavras 
vãs (κσξνινγηα) em Ef 5:4. 
 
5. Vulgaridade, ρπδαίνο. Também entendido como mau gosto (άζρεκε). Para Robinson 
(2012, p. 129), άζρεκσλ é o mesmo que ―deformado, feio. No NT, impróprio, 
inconveniente, indecoroso. 1Co 12:23.‖ άζρεκνζύλε é traduzido por ―deformidade; donde 
impropriedade, indecoro, vergonha. No NT, indecência, vergonha. Por eufemismo, 
vergonha, para nudez, partes pudendas 1 Co 12:23 Podemos ainda adicionar à lista o 
despudor, αλαηζρπληνο. Em Robinson (2012, p. 57), observamos que αλαηδεία é 
―impudência, descaramento; usado para importunação Lc 11:8, como em impudicícia 
(πνξλεηαη) [Ef 5:3] 
 
6. Irascibilidade, óξγηιóηεο. Robinson (2012, p. 646) aponta óξγηινο como ―inclinado a 
ira, irascível. Tt 1:7.‖ Ainda segundo Paulo de Tarso, a palavra ira (νξγε) [Ef 4:31; Cl 
3:8] e ira (ζπκνη) [Gl 5:20] como sinônimo de indignação [Cl 3:8] e cólera [Ef 4:31]. 
Robinson, 2012,(p. 425) explica esta diferença: 
 
Donde ger. e no NT, paixão, ou seja, violenta comoção da mente, indignação, ira, 
fúria; diferindo de óξγε por denotar a mente provocada pela ira, enquanto que óξγε é 
a própria ira, a emoção, incluindo o desejo de vingança. 
 
A respeito de encolerizar-se, o próprio Senhor Jesus já havia declarado sobre sua 
semelhança com o assassinato: 
 
Ouvistes que foi dito aos antigos: Não matarás (νπ θνλεπζεηο); mas qualquer que 
matar (θνλεπζε) será réu de juízo. Eu, porém, vos digo que qualquer que, sem 
motivo, se encolerizar (νξγηδνκελνο) contra seu irmão, será réu de juízo; e qualquer 
que disser a seu irmão: Raca, será réu do sinédrio; e qualquer que lhe disser: Louco, 
será réu do fogo do inferno. Mateus 5:21-22 
 
Podemos então associar as palavras de Paulo sobre o assassinato a este vício. 
Adotemos, portanto, suas recomendações tais como o homicídio (θνλνπ) [Rm 1:29; 1Tm 
1:9], o parricídio (παηξoισαηο) e o matricídio (κεηξoισαηο) [ambos também em 1Tm 1:9] 
 
23 
7. Orgulho ou jactância, αιαδνλεία. Robinson (2012, p. 34) diz que: ―αιαδνλεία, αο, ε 
(αιαδσλ) jactância, ostentação, orgulho, Tg 4:16; 1 Jo 2:16.‖ Paulo adverte os crentes a 
não terem ππεξεθαληα (id, p. 937): arrogância, insolência, orgulho […], soberba, com a 
ideia suplementar de impiedade, descrença, Mc 7:22.‖ Assim, [soberba, Rm 1:30; 
arrogância, 2Tm 3:2] e ainda os enfatuados (ηεηπθσκελνη) [2Tm 3:4], os jactanciosos 
(αιαδνλεο) [2Tm 3:2], os presunçosos (αιαδνλαο) [Rm 1:30] e os rebeldes 
(αλππνηαθηνηο) [1Tm 1:9] 
 
8. Zombaria, βσκνινρηα, επηξαπειηα. Robinson (2012, p. 385) fala que επηξαπειηα, ―no 
NT, num mau sentido,leviandade, gracejo, conversa frívola e indecente, Ef 5:4. Assim 
Aristot. Ethic 1. 31.‖ Temos, portanto, a recomendação em Ef 5:4: chocarrices. 
 
9. Condescendência, sem motivo: obsequiosidade: δνπινπξεπήο (formado pelas palavras 
gregas δνπινο [escravo] + πξεπήο [convém]). Robinson (2012, p. 238), diz que ―2. Trop. 
usado para o serviço voluntário, um servo, implicando obrigação, obediência, dedicação, 
Jo 15:15; também em modéstia, Mt 20:27; Mc 10:44.‖ Condescendência, se houver um 
interesse próprio: lisonja: θνιαθεία, cujo significado é ―lisonja, adulação, 1Ts 2:5.‖ 
(Robinson, 2012, p. 509). A condescendência paulina aparece em outros trechos de suas 
cartas, como em Rm 6:16; 1Co 7:23 e Gl 4:7. 
 
10. Inveja, θζνλνπ, νο, ν: ―inveja, Mt 27:18; Mc 15:10; Tg 4:5‖ (Robinson, 2012, p. 958). 
Em Paulo, encontramos a inveja (Rm 1:29; Gl 5:21; Fp 1:15; 1Tm 6:4 e Tt 3:3) e também 
ciúmes (δεινη) [Gl 5:20]. 
 
11. Ambição (θηιóηηκνο). Para Robinson (2012, p. 962), θηιóηηκενκαη significa ―amar a 
honra, ser ambicioso. No NT com um inf. aspirar fazer alguma coisa, empenhar-se, 
esforçar-se, por amor e senso de honra.‖ Reunimos aqui aqueles que têm amor e afeição 
desordenados como os egoístas (θηιαπηνη) [2Tm 3:2] e os amigos dos prazeres 
(θηιεδνλνη) [2Tm 3:4]. 
 
Os vícios por carência ou έιιεηςεο 
 
Os vícios por carência ou έιιεηςεο são como se segue: covardia, insensibilidade, 
avareza, modéstia (ou mesquinhez), vileza (ou humildade indébita), indiferença (ou pacatez), 
descrédito próprio (ou falsa modéstia), grosseria (ou rusticidade), tédio (ou mau humor e 
24 
rixa), malevolência, acanhamento e desambição (ou moleza). Os pecados serão apresentados 
em negrito e sublinhados na definição de cada verbete conforme o que diz o dicionário: 
 
1. Covardia, δεηιόο. Robinson (2012, p. 197) diz: ―δεηιηα, αο, ε (δεηιόο), timidez, medo.‖ 
Paulo apresenta o termo em sua segunda carta a Timóteo (1:7), na frase um espírito de 
timidez, (πλεπκα δεηιηαο). 
 
2. Insensibilidade, άλαίζζεηνη. (άλ privativo αίζζεηηο). ―Αίζζεηηο, εσο, ε: percepção pelos 
sentidos externos. No NT, trop. entendimento, a capacidade de discernimento, Fp 1:9.‖ 
(Robinson, 2012, p. 23) Então o insensível é uma pessoa sem entendimento, sem 
discernimento, sem conhecimento. Paulo fala dos insensatos (αζπλεηνπο) [Rm 1:31] e dos 
αζηνξγνη, que quer dizer, ―αζηνξγνο, νπ, ν, ε, adj. (α privativo ζηνξγε) sem afeição 
natural, especialmente para com os pais ou os filhos. Rm 1:31; 2Tm 3:3.‖ (Richardson, p. 
128) Donde podemos supor também que os desobedientes a pais e mães (γνλεπζηλ 
απεηζεηο) são igualmente insensíveis [Rm 1:30; Ef 5:6; Cl 3:6; 2Tm 3:2] e pecadores 
(ακαξηεκα) [1Tm 1:9]: 
 
ακαξηεκα. um equívoco, um erro, em julgamento, afastamento voluntário da justiça, 
do dever, da lei, incluindo a ideia de exposição da penalidade. Consequentemente, 
ακαξηηα difere de αλνκηα ‗transgressão da lei‘ e a inclui; e também de αδηθηα injustiça, 
iniquidade‘; cp. 1 Jo 5:17 […] Às vezes, os pecados específicos pretendidos podem 
ser obtidos a partir do contexto; p. ex. incredulidade, απηζηία, Jo 8:21, 24; 15:22; 
falsidade, engano; Jo 8:46; lascívia, 2 Ped 2:14; apostasia, Hb 11:25; 12:1,4. 
(ROBINSON, 2012, p. 45) 
 
Paulo cita estas palavras, como por exemplo transgressores (αλνκνηο) [1Tm 1:9], 
injustiça (αδηθηα) [Rm 1:29; 1Co 6:9]. 
 
3. Avareza, άλειεπζεξηα, πιενλεμηα, θηιαξγπξνη. 
 
πιενλεμηα, αο, ε (πιενλ, ερσ) pr. um ter mais, ou seja, vantagem, superioridade, Jos. 
Ant. 5,1. 20 Po.l. 2.19. Xen. Mem. 1.6. 12 ׀ No NT, pr. ‗o desejo de ter mais‘, ou seja, 
cobiça, ganância por ganho, que leva uma pessoa a defraudar os outros. Mc 7:22. 
πιενλεμηαη, ou seja, pensamentos cobiçosos, planos de fraude e extorsão. Lc 12:15; 
Rm 1:29; Ef 4:19; 5:3; Cl 3:5; 1Ts 2:5; 2 Pe 2:3,14; 2Co 9:5 νπησο σο επινγίαλ θαη κε 
πιενλεμηαλ, como generosidade e não como avareza, ou seja, uma dádiva que não seja 
parcimoniosa; paral. é θεηδνκελσο v. 6 LXX para בצע Jr 22:17; Hc 2:9 ׀ Æl. V. H. 
3:16. Xen. Cyr. 1:6,28. (ROBINSON, 2012, p. 739,40) 
 
 
Com certeza, a avareza um dos vícios mais atacados pelo apóstolo, ocorrendo oito 
vezes nos escritos paulinos. [Rm 1:29; 1Co 5:11, 6:10; 2Co 9:5; Ef 5:5; Cl 3:5; 1Ts 2:5; 
1Tm 3:3] e mais uma como sinônimo de cobiça [Ef 5:3]. 
25 
4. Modéstia (mesquinhez), κηθξνπξέπεηα (κηθξνο, pequeno + πξέπεηα, convém). Robinson 
(2012, p. 587) apresenta cinco conceitos para a palavra κηθξνο, sendo ―de magnitude, de 
quantidade, de número, de tempo e de dignidade e autoridade.‖ Como esta pesquisa tem o 
caráter ético, descreveremos esta última definição, que é ―pequeno, pequenino, humilde; 
Mt 10:42 ελα ηνλ κηθξνλ ηνπηνλ, usado para os discípulos. 18:6,10,14; Mc 9:42; Lc 17:2; 
Mt 11:11 (Robinson, 2012, p. 587).‖ Realmente, é tudo aquilo que abaixa, invalida, torna 
parco, insignficante. Neste sentido, Paulo diz a Timóteo em 1Tm 4:12 que ninguém o 
despreze (θαηαθξνλεηησ) devido à sua mocidade. 
 
5. Vileza (humildade indébita), αρξείνο. Para Robinson (2012, p. 142), é o mesmo que 
―inútil, inaproveitável, falado de si mesmo, Lc 7:10, que para nada serve, mau, Mt 
25:30.‖ Paulo valoriza a humildade verdadeira, não a falsa apontada por Aristóteles. 
Passagens bíblicas que afirmam isso encontram-se em Ef 4:2: “Com toda a humildade e 
mansidão, com longanimidade, suportando-vos uns aos outros em amor‖, em Fp 2:3: 
―Nada façais por contenda ou por vanglória, mas por humildade; cada um considere os 
outros superiores a si mesmo.‖, em Cl 2:18: ―Ninguém vos domine a seu bel-prazer com 
pretexto de humildade e culto dos anjos, envolvendo-se em coisas que não viu; estando 
debalde inchado na sua carnal compreensão.‖ em Cl 2:23: ―As quais têm, na verdade, 
alguma aparência de sabedoria, em devoção voluntária, humildade, e em disciplina do 
corpo, mas não são de valor algum senão para a satisfação da carne.‖, e em Cl 3:12: 
―Revesti-vos, pois, como eleitos de Deus, santos e amados, de entranhas de misericórdia, 
de benignidade, humildade, mansidão, longanimidade‖, 
 
6. Indiferença (apatia), αóξγεζηαία. (α + óξγε). Óξγε (Robinson, 2012, p. 646) significa 
―um esforço para alcançar, propensão, impulso natural, ou seja, o caráter ou a disposição 
como resultante de impulsos. Donde no ger. e no NT, paixão, ou seja, uma violenta 
comoção mental, indignação, raiva, ira, especialmente como incluindo desejo de vingança, 
punição e, nesse sentido diferente de ζπκóο.‖ Ou seja, o indiferente ou pacato tem aqui o 
sentido de quem não se esforça, não tem caráter ou disposição, não se comove. Paulo 
alerta sobre os implacáveis (αζπνλδνη) [2Tm 3:3], os ingratos (αραξηζηνη) [2Tm 3:2], os 
cruéis (αλεκεξνη) [2Tm 3:3], os sem misericórdia (αλειεεκνλαο); [Rm 1:31], os 
irreverentes (αζεβεζηλ) [1Tm 1:9] e (αλνζηνη) [2Tm 3:2] 
 
7. Descrédito Próprio (falsa modéstia), είξσλεία ou ππνθξηηήο. Para Robinson (2012, p. 
943), ―No NT, um hipócrita, dissimulador, em relação à religião, piedade, Mt 6:2,5,16; 
26 
7:5; 15:7; 16:3; 22:18; 23:13-15,23,25,27,29; 24:51; Mc 7:6; Lc 6:42 [11:44]; 12:56; 
13:15.‖ Para adverte os gentios sobre os cheios de dolo [Rm 1:30]: δνινπ, ―fraude, logro, 
engano, Mt 26:4; Mc 7:22; 14:1; Jo 1:48; At 13:10; Rm 1:29; 2Co 12:16; 1Ts 2:3; 1Pe 
2:1,22; 3:10; Ap 14:5‖ (Robinson, 2012, p. 235) e o enganador (πιαλαζζε) [1Co 6:9], 
sendo πιαλνζ: ― errante, vagabundo, ilusionista, que engana, que seduz, um enganador, 
um impostor (Robinson, 2012, p. 737), donde ímpio (αλνζηνηο) [1Tm 1:9], mentiroso 
(ςεπζηαηο) [Cl 3:9; 1Tm 1:10] e perjuro (επηνξθνηο) [1Tm 1:10]. 
 
8. Grosseria (rusticidade), αγξνηθηα. A palavra αγξηνο, conforme Robinson (2012, p. 12), 
―representa selvagem, p. ex. animais. No NT, silvestre. Significa tambémondas bravias, 
violentas, tempestuosas, um símbolo de homens perversos, Jd 13.‖ Paulo recomenda a 
Timóteo em sua primeira carta (3:3) que escolha homens com as seguintes características 
para o ministério: ―não dados ao vinho, não espancador, não cobiçoso de torpe ganância, 
mas moderado, não contencioso, não avarento‖. Também escreve para Tito (1:7) ―Porque 
convém que o bispo seja irrepreensível, como despenseiro da casa de Deus, não soberbo, 
nem iracundo, nem dado ao vinho, nem espancador, nem cobiçoso de torpe ganância‖. 
 
9. Tédio (misantropia), αεδεο e δπζθνινο: ―dificuldade em relação à alimentação; donde 
ger. duro de agradar, mal-humorado, rabugento. Neutro alguma coisa desagradável, 
dificuldade, calamidade.‖ Robinson (2012, p. 243). Paulo fala de pessoas amarguradas 
(πηθξηα) [Ef 4:31], profanas (βεβεινηο) [1Tm 1:9]; aborrecedoras de Deus (ζενζηπγεηο) 
[Rm 1:30], como as praticantes de feitiçaria (θαξκαθεηα) [Gl 5:20], blasfemadoras 
(βιαζθεκνη) [Ef 4:31; 2Tm 3:2], caluniadoras (δηαβνινη) [2Tm 3:3], difamadoras 
(ςηζπξηζηαο) [Rm 1:29], insolentes (πβξηζηαο) [Rm 1:30], traidoras (πξνδνηαη) [2Tm 
3:4], caluniadoras (θαηαιαινπο) [Rm 1:30], pérfidas (αζπλζεηνπο) [Rm 1:29-31], que 
promovem dissensões (δηρνζηαζηαη) [Gl 5:20], facções (αηξεζεηο) [Gl 5:20], inimizades 
(ερζξαη) [Gl 5:20], que usam conversação torpe (αηζρξνηεο) [Ef 5:4] linguagem obscena 
(αηζρξνινγηαλ) [Cl 3:8], que gritam (θξαπγε) [Ef 4:31]. 
 
10. Malevolência (despeito), επηραηξεθαθηαο (επηρεηξεσ, empreendo + θαθηαο, mal). No 
Léxico Grego do Novo Testamento, 
 
kαθνο. Mau, desprezível, de má qualidade, p. ex. um peitoral, Xen. Mem. 3.10.14; 
solo Œc. 16:7; de um soldado, covarde, medroso, Xen. Cyr. 2.2.27. No NT, mau, 
doente, malvado. 
1. Num sentido moral, malvado, perverso, mau, de coração, conduta, caráter. Mt 
21:41 θαθνπο θαθσο απνιεζεη, vide em θαθσο nº1. cp. 24:48; Fp 3:2; Ap 2:2 θαθνπο, 
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ou seja, impostores. De pensamentos, palavras, atos; Mc 7:21. […] Neut, ην θαθνλ, pl. 
ηα θαθα, o mal, coisas más, ou seja, perversidade, iniqüidade, crime (Mt 27:23). 
2. At. que faz mal, ou seja, pernicioso, nocivo, Rm 14:20, dano, ferimento, At 16:28. 
Com palavras, maledicência, 1 Pe 3:10. Também pl. ηα θαθα, males, ou seja, 
problemas, aflições, Lc. 16:25‖ (Robinson, 2012, p. 465) 
 
Assim, Paulo lembra constantemente destes malfeitores (θαθνύξγνπο), como portadores 
de desejo maligno (θαθελ) [Cl 3:5], maldade (θαθηα) [Rm 1:29; Cl 3:8], maledicência 
(βιαζθεκηαλ) [Cl 3:8], malícia como πνλεξηα [Rm 1:29] e como αξζεησ [Ef 4:31] e 
malignidade (θαθνεζεηαο); [Rm 1:29]. Para o missionário, estes homens são maldizentes 
(ινηδνξνη) [1Co 5:11, 6:9-10], inimigos do bem (αθηιαγαζνη) [2Tm 3:3] e inventores de 
males (εθεπξεηαο θαθσλ) [Rm 1:30]. Ainda daqueles que cometem mal contra as outras 
pessoas, temos os ladrões (θιεπηαη) [1Co 6:10], os roubadores (αξπαγεο) [1Co 5:11, 6:9-10] 
e os raptores de homens (αλδξαπνδηζηαηο) [1Tm 1:10]. 
Vemos em Chauí (2010, p. 275,6) que alguns vícios presentes em Aristóteles 
transformaram-se em frutos a serem cultivados pelos fiéis do Cristianismo, como acabamos 
de ver com a humildade indébita, o qual Paulo diz que devemos agir ―por humildade; cada um 
considerando os outros superiores a si mesmo‖ (Fp 2:3). No entanto, este não é o único. E 
para não deixarmos nosso hábito, helenizemos as palavras mais importantes do texto abaixo. 
 
Comparando Aristóteles e cristianismo 
Quando examinamos as virtudes [αξεηή] definidas pelo cristianismo, descobrimos 
que, embora as aristotélicas não sejam afastadas, deixam de ser as mais relevantes. 
Observamos o aparecimento de virtudes novas, concernentes a relação do crente 
com Deus (virtudes teologais), à posição da justiça [δηθαηνζύλε] e da prudência 
[ζύλεζε] como virtudes particulares (virtudes que, para Aristóteles, não eram 
particulares, pois a justiça é o resultado da virtude e não uma das virtudes, e a 
prudência é a condição de todas as virtudes); à substituição da amizade [Φηιία] pela 
caridade [θηιαλζξσπία] (entendida como amor ao próximo [αγάπε πξνο ηνλ 
πιεζίνλ] e esse amor como responsabilidade pela salvação [ζσηεξία] do outro). 
Podemos também observar que o que Aristóteles chamava de vício [θαθόο] são 
transformados em pecados [ακαξηίεο], portanto, em algo voltado para a relação do 
crente com a lei divina. Quanto ás virtudes morais, encontramos entre elas uma que, 
para Aristóteles, era um vicio – a modéstia [κεηξηνθξνζύλε] –, além de 
verificarmos o aparecimento de virtudes ignoradas ou desconhecidas por Aristóteles, 
como a humildade [ηαπεηλόηεηα], a castidade [αγλόηεηα] e a mansidão 
[πξαόηεηα]. 
Com o cristianismo, surge também como virtude algo que, para um grego ou um 
romano, jamais poderia fazer parte dos valores do homem livre: o trabalho 
[εξγαζία]. Em contrapartida e como consequência, o ócio [ειεύζεξνο ρξόλνο], 
valorizado pelos antigos e considerado pela sociedade escravista greco-romana 
como condição para o exercício da filosofia e da política, torna-se, a partir de então, 
o vicio da preguiça [ηεκπειηά]. 
 
 
 
28 
CAPÍTULO III: CONSEQÜÊNCIAS, ATITUDES E MUDANÇAS: AS 
VIRTUDES E OS FRUTOS 
 
O que receberemos com os vícios e como pecado 
 
Certo que é mais cômodo fazer as coisas como se elas fossem por necessidade e não 
por vontade, Aristóteles define assim nossas ações: a natural e a possível. A própria virtude é 
algo que ele considera possível e assim, realizada se tivermos vontade para tal. Somos, 
portanto, potencialmente virtuosos, para exercitamos as virtudes. E mesmo sabendo que a 
exposição do meio-termo, do excesso e da deficiência tivesse sido feita, nem todos receberiam 
estes preciosos conselhos. Assim, Aristóteles diz o que aconteceria com aqueles que 
procedessem assim. Vejamos em ARISTÓTELES (2010, Livro II, cp. I, p. 40) 
 
Ademais, de todas as coisas que nos vêm por natureza, primeiro recebemos a potência 
e só exteriorizamos a atividade. Isso fica bem claro no caso dos sentidos, pois não foi 
por ver ou ouvir repetidamente que adquirimos a visão e a audição, mas, pelo 
contrário, nós as tínhamos antes de começar a usá-las, e não foi por usá-las que 
passamos a tê-las. No entanto, com as virtudes dá-se exatamente o oposto: adquirimo-
las pelo exercício, tal como acontece com as artes. Efetivamente, as coisas que temos 
de aprender antes de poder fazê-las, aprendemo-las fazendo; por exemplo, os homens 
tornam-se arquitetos construindo, e tocadores de lira tocando esse instrumento; e do 
mesmo modo, tornamo-nos justos praticando atos justos, moderados agindo 
moderadamente, e igualmente com a coragem, etc. 
O que estamos dizendo é confirmado pelo que acontece nas cidades-Estados: os 
legisladores tornam bons os cidadãos por meio de hábitos que lhes incutem. Esse é o 
propósito de todos os legisladores, e quem não consegue alcançar tal meta, falha no 
desempenho de sua missão, e é exatamente neste ponto que reside a diferença entre a 
boa e a má constituição. 
 
Isso quer dizer que através da falta de prática das virtudes, permanecendo tanto no 
excesso quanto na carência, todos falharão em sua missão: teremos as más constituições, os 
maus músicos, as más construções, os injustos, os imoderados os sem coragem, os maus 
legisladores etc. Aristóteles (2010, Livro I, cp. IV, p. 20) ainda rebate a esses: 
 
Ótimo é aquele que de si mesmo conhece todas as coisas; 
Bom, o que escuta os conselhos dos homens judiciosos. 
Mas o que por si não pensa, nem acolhe a sabedoria alheia, 
Esse é, em verdade, um homem inteiramente inútil. 
 
Em relação a Paulo de Tarso, aqueles que não praticam as boas obras, dizendo-se 
sábios, tornaram-se loucos (Romanos 1:22), não herdarão o reino de Deus (1 Coríntios6:9) e 
no reino de Cristo (Efésios 5:5), suas obras são manifestadas (Gálatas 5:19), portanto, 
devemos denunciá-las, expondo-as à luz (Efésios 5:11). Não devemos nos associar a eles e 
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nem comer com eles (1 Coríntios 5:11), não sendo participantes com eles dessas coisas 
(Efésios 5:7-8) para que estas más obras sejam tiradas dentre nós (Efésios 4:31), pois ―por 
estas coisas vem a ira de Deus sobre os filhos da desobediência‖ (Efésios 5:6, Colossenses 
3:6). Devemos ―mortificar os nossos membros, que estão sobre a terra (Colossenses 3:5) 
porque já nos despimos do velho homem com os seus feitos e nos vestimos do novo, que se 
renova para o conhecimento, segundo a imagem daquele que o criou; (Colossenses 3:9,10). 
Assim, a lei não será para nós, mas para os que cometem estas ações (1 Timóteo 1:9). Destas 
pessoas, a recomendação de Paulo é clara: ― Destes afasta-te! (2 Timóteo 3:2-5) 
 
Como adquirir as virtudes e os bons frutos 
 
O filósofo continua falando a respeito de como adquiri-las. Isso acontece pela 
educação, mas não pelo aprendizado. Aristóteles (Livro II, cp. I, p. 40), diz que a educação 
nos incentiva a praticar e é pelo hábito que as desenvolvemos as virtudes: 
 
Além disso, toda virtude é gerada e destruída pelas mesmas causas e pelos mesmos 
meios, do mesmo modo como acontece com toda arte: tocando a lira é que se formam 
os bons e os maus músicos. Isso se aplica igualmente aos arquitetos e a todos os 
demais; construindo bem, tornam-se bons arquitetos; construindo mal, maus. Com 
efeito, se assim não fosse não haveria necessidade de mestres, e todos os homens 
teriam nascido bons ou maus em suas profissões. 
 
E os bons frutos, como serão despertados em nosso caráter? Através do hábito, como 
pregava Aristóteles? Ou espiritualmente agimos diferente? Paulo diz em Romanos (8:5-9): 
 
Quem vive segundo a carne tem a mente voltada para o que a carne deseja; mas quem, 
de acordo com o Espírito, tem a mente voltada para o que o Espírito deseja. A 
mentalidade da carne é morte, mas a mentalidade do Espírito é vida e paz; a 
mentalidade da carne é inimiga de Deus porque não se submete à lei de Deus, nem 
pode fazê-lo. Quem é dominado pela carne não pode agradar a Deus. Entretanto, 
vocês não estão sob o domínio da carne, mas do Espírito, se de fato o Espírito de Deus 
habita em vocês. E, se alguém não tem o Espírito de Cristo, não pertence a Cristo. 
 
É através do andar no Espírito, que conseguiremos alcançar todas as virtudes 
propostas pelo apóstolo. Além do Espírito, a leitura da Palavra é outra poderosa ferramenta 
contra as obras da carne. Cristo nos declara em João 6:63-64: 
 
O Espírito é o que vivifica, a carne para nada aproveita; as palavras que eu vos digo 
são Espírito e vida. Mas há alguns de vós que não crêem. Porque bem sabia Jesus, 
desde o princípio, quem eram os que não criam, e quem era o que o havia de entregar. 
 
Tanto o Espírito quanto a Palavra nos fazem praticar e andar na verdade, se seguirmos 
as prescrições bíblicas: 
30 
Medita estas coisas; ocupa-te nelas, para que o teu aproveitamento seja manifesto a 
todos. Tem cuidado de ti mesmo e da doutrina. Persevera nestas coisas; porque, 
fazendo isto, te salvarás, tanto a ti mesmo como aos que te ouvem. 1 Timóteo 4:15-16. 
 
Além disso, Paulo nos oferece outra lista, desta vez para que tenhamos facilidade em 
seguir os frutos do Espírito, sendo santificados em tudo e recebermos sua paz. (1Ts 5:23): 
 
Por isso consolai-vos (παξαθαιεηηε) uns aos outros, e edificai-vos (νηθνδνκεηηε) uns 
aos outros, como também o fazeis. E rogamo-vos, irmãos, que acateis com apreço 
(κε εθηίκεζε) os que trabalham entre vós e que presidem sobre vós no Senhor, e vos 
admoestam; e que os tenhais em grande estima e amor (ππεξ εθπεξηζζνπ ελ αγαπε), 
por causa da sua obra. Tende paz (εηξελεπεηε) entre vós. Rogamo-vos, também, 
irmãos, que admoesteis (λνπζεηεηηε) os desordeiros, consoleis (παξακπζεηζζε) os de 
pouco ânimo, sustenteis (αληερεζζε) os fracos, e sejais pacientes (καθξνζπκεηηε) 
para com todos. Vede que ninguém dê a outrem mal por mal (θαθνλ αληη θαθνπ), 
mas segui sempre o bem (αγαζνλ δησθεηε), tanto uns para com os outros, como para 
com todos. Regozijai-vos (ραηξεηε) sempre. Orai (πξνζεπρεζζε) sem cessar. Em tudo 
dai graças (επραξηζηεηηε), porque esta é a vontade de Deus em Cristo Jesus para 
convosco. Não extingais (κε ζβελλπηε) o Espírito. Não desprezeis (κε εμνπζελεηηε) 
as profecias. Examinai (δνθηκαδεηε) tudo. Retende o bem (θαινλ θαηερεηε). 
Abstende-vos de toda a aparência do mal πνλεξνπ απερεζζε. (1Ts 5:11-22). 
 
Quais são estas virtudes e estes bons frutos 
 
 As virtudes que devemos adquirir na opinião de Aristóteles são: a coragem (άλδξεία), 
a temperança (ζσθξνζύλε), a liberalidade (έιεπζεξηόηεο), a magnificência 
(κεγαινπξέπεηα), o respeito próprio (justo orgulho) (κεγαινςπρία), a gentileza (calma) 
(πξαóηεηα), a veracidade (αιεζεηα), a agudeza de espírito (espirituosidade) (επηξαπειηα), a 
amizade (θηιία) e a justa indignação (λεκεζηο). 
Os frutos do Espírito que devemos galgar na opinião do apóstolo Paulo citados em 
suas cartas estão escritas abaixo. Vamos trabalhar com trinta e seis palavras sendo 
apresentadas em cinqüenta e uma ocorrências. 
 
Gálatas 5:22 (BÍBLIA, NT, 1998, p. 529) 
Mas o fruto do Espírito é: amor (αγαπε), gozo (ραξα), paz (εηξελε), longanimidade 
(καθξνζπκηα), benignidade (ρξεζηνηεο), bondade (αγαζσζπλε), fé (πηζηηο), mansidão 
(πξανηεο), temperança (εγθξαηεηα). 
 
Efésios 4:32 (BÍBLIA, NT, 1998, p. 541) 
Antes sede uns para com os outros benignos (ρξεζηνη), misericordiosos 
(επζπιαγρλνη), perdoando-vos uns aos outros, como também Deus vos perdoou em Cristo. 
 
 
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Efésios 5:9 (BÍBLIA, NT, 1998, p. 541) 
9 (Porque o fruto do Espírito está em toda a bondade [αγαζσζπλε], e justiça [δηθαηνζπλε] e 
verdade [αιεζεηα]); 
 
Filipenses 4:8 (BÍBLIA, NT, 1998, p. 554) 
Quanto ao mais, irmãos, tudo o que é verdadeiro (αιεζε), tudo o que é honesto 
(ζεκλα), tudo o que é justo (δηθαηα), tudo o que é puro (αγλα), tudo o que é amável 
(πξνζθηιε), tudo o que é de boa fama (επθεκα), se há alguma virtude (αξεηε), e se há algum 
louvor (επαηλνο), nisso pensai. 
 
Colossenses 3:12 (BÍBLIA, NT, 1998, p. 562) 
Revesti-vos, pois, como eleitos de Deus, santos e amados, de entranhas de 
misericórdia (νηθηηξκσλ), de benignidade (ρξεζηνηεηα), humildade (ηαπεηλνθξνζπλελ), 
mansidão (πξανηεηα), longanimidade (καθξνζπκηαλ); 
 
1 Timóteo 3:2-4,11 (BÍBLIA, NT, 1998, p. 586) 
Convém, pois, que o bispo irrepreensível (αλεπηιεπηνλ), marido de uma mulher 
(αλδξα κηαο γπλαηθνο), temperante (λεθαιηνλ), sóbrio (ζσθξνλα), modesto (θνζκηνλ), 
hospitaleiro (θηινμελνλ), apto para ensinar (δηδαθηηθνλ); não dado ao vinho (κε 
παξνηλνλ), não violento (κε πιεθηελ), cordato (επηεηθε ακαρνλ), inimigo de contendas 
(αθηιαξγπξνλ), não avarento (κε αηζρξνθεξδε). que governe bem (θαισο πξνηζηακελνλ) a 
sua própria casa (ηνπ ηδηνπ νηθνπ), tendo seus filhos em sujeição (ηεθλα ερνληα ελ 
ππνηαγε), com toda a modéstia (κεηα παζεο ζεκλνηεηνο). Da mesma sorte as esposas sejam 
honestas (ζεκλαο), maldizentes (κε δηαβνινπο), sóbrias (λεθαιενπο), fiéis em tudo (πηζηαο 
ελ παζηλ). 
 
Tito 1:8 (BÍBLIA, NT, 1998, p. 601) 
Mas dado à hospitalidade (θηινμελνλ), amigo do bem (θηιαγαζνλ), moderado 
(ζσθξνλα), justo (δηθαηνλ), santo (νζηνλ), temperante (εγθξαηε). 
 
A comparação das virtudes de Aristóteles com os frutos do Espírito de Paulo 
 
Vamos comparar agora as virtudes de Aristóteles com as virtudes de Paulo, como 
fizemos com os vícios e os pecados. Logo após, vamos ver qual delas é a maior, ou seja, qual 
nos permite mais facilmente exercitar todas as outras.

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