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AULA UNIDADE 1 PROCESSO CIVIL

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Prof. Carlos Rafael Gomes de Carvalho � HYPERLINK "http://www.ilang.com" \t "_blank" �� INCLUDEPICTURE "http://www.ilang.com/Personalization/Logo/980.png" \* MERGEFORMATINET ���� “Maior que a tristeza de não haver vencido é a vergonha de não ter lutado !” Rui Barbosa
UNIDADE I: Formação do Processo
O processo é a composição ordenada de atos próprios ao exercício da jurisdição pelo juiz, e da ação e defesa pelas partes. Como tal, de acordo com o regramento previsto em lei processual, o processo forma-se e extingue-se, podendo, entre um e outro acontecimento, suspender-se.
O processo, como instituição jurídica, é uma seqüência de atos das partes e do órgão judicial tendentes à formação ou atuação do comando jurídico, conforme lição de Carnelutti. O processo se desenvolve com a colaboração das partes. A pendência do processo dá lugar, entre seus participantes, a uma relação jurídica, que é a relação jurídica processual, gerando uma série de direitos e deveres processuais, que vinculam as partes e o próprio Estado-Juiz.
Ao existir uma lesão ou ameaça ao direito de uma pessoa, nasce então a prerrogativa desta, por meio do processo judicial, pleitear o cumprimento da prestação jurisdicional, sendo que para ser dada a devida prestação faz-se necessário o preenchimento de algumas condições elencadas em nosso Instituto Processual Civil, bem como advindas do direito material, para ser tutelada a sua pretensão.
Daí então, é que não podem ser confundidas as várias espécies de tutela jurisdicional, pois para cada espécie terá um tipo de processo, senão vejamos através do magistério do eminente doutrinador VICENTE GRECO FILHO:
A tutela jurisdicional se concretiza de três formas, segundo o pedido, interesse da parte e as condições em que se encontra.
Será tutela jurisdicional de conhecimento quando o autor pede uma decisão ou sentença ao juiz sobre o mérito de sua pretensão, para que outrem, o réu, seja compelido a submeter-se à vontade da lei que teria violado. Neste caso, o processo desenvolve-se com a produção de provas e termina por uma sentença de declaração, constituição (modificação de relações jurídicas) ou condenação.
Módulo Processual de Conhecimento ou Processo de Conhecimento
	É assim denominado por ter, como atividade preponderante, a cognição, que é a técnica utilizada pelo juiz para, através da consideração, análise e valoração das alegações e provas produzidas pelas partes, formar juízos de valor acerca das questões suscitadas no processo, a fim de decidi-las (Watanabe, Da cognição no processo civil, p. 41).
	Várias são as acepções sobre essa atividade de cognição. Destaque aqui para as mais relevantes:
	1) Humberto Theodoro Júnior (Direito Processual Civil, 1978, p. 57,n. 3), invocando Liebman, sustenta que no processo de cognição há pendência à pesquisa do direito dos litigantes. 
	2) No processo judiciário, a primeira fase é o conhecer dos fatos, ou seja, processo de cognição ou conhecimento, que finda com o querer do juízo – decisão – investido de eficácia especial, e atribuía ao vencedor direito reconhecido - que era conhecido e querido.	
	3) No processo de cognição tem por finalidade declarar a certeza do direito subjetivo numa relação jurídica processual, o que acarretará na prolação de uma sentença condenatória. (AMARAL, Moacyr Amaral. Primeiras Linhas de Direito Processual Civil. Vol III. 16.ed. São Paulo:SARAIVA. 1997. p. 205.)
	4) Processo de conhecimento é aquele em que a tutela jurisdicional se exerce a mais genuína das missões: a de dizer o direito (ius dicere), a do poder de julgar. É exatamente no processo de cognição que se desenvolvem as grandes questões doutrinárias e o muito que estas contribuíram para conquistar a cidadania, o Estado de direito e a autonomia para o Direito Processual Civil nos domínios da ciência jurídica. A cognitio tem por fim compor o litígio mediante a sentença. É meta primordial do processo de cognição a decisão da lide para compô-la secundum ius. No processo de cognição, porém, o juiz recompõe a situação jurídica preexistente ao processo, reconstituindo assim os fatos alegados e aplicando sobre esses, as normas de direito objetivo, para que se solucione o litígio mediante a concretização dos preceitos que devem regular os interesses conflitantes. Quando o juiz decide qual direito aplicável ao caso concreto, pratica ato de imperium e inteligência, define a situação jurídica do litígio com a concessão da tutela ao interesse realmente assegurado pelo direito objetivo vigente. (Adaptado de LEITE, Gisele. Processo de Conhecimento, Definições e Reformas do CPC. [S.I]: s.d. Disponível em <http://www.uj.com.br/publicacoes/doutrinas/3987/
PROCESSO_DE_CONHECIMENTO_DEFINICOES_E_REFORMAS_DO_CPC>.).
1.1 - INÍCIO DO PROCESSO
Dois são os princípios informativos do processo civil, regulados pelo CPC: o dispositivo, chamado de princípio da iniciativa da parte ou da inércia da jurisdição, e o inquisitivo. 
Inicia-se o processo com a propositura da demanda, sendo certo que o CPC, em seu art. 263, fixa o momento em que se dá tal propositura. Assim é que se considera proposta a demanda no momento em que a petição inicial oferecida pelo demandante é despachada (quando há um só juízo competente) ou quando é distribuída (na hipótese da existência de mais de um juízo competente). Após a propositura já produz efeitos em relação ao autor.
1.2 - SUJEITOS DA RELAÇÃO JURÍDICA PROCESSUAL
Uma vez proposta a demanda, que se identifica pelos três elementos que a compõem (partes, causa de pedir e pedido/objeto), já se instaura uma relação processual de configuração linear entre Estado-Juiz e o autor, que vai se angularizar com a citação válida do demandado (art. 219 CPC e art. 263, 2ª parte). 
Na instalação da relação processual, prevalece o princípio dispositivo. O juiz age mediante provocação da parte ou do interessado. Não age de ofício, por conta própria, independentemente de formulação do pedido de alguém. Sem a iniciativa da parte (ou do Ministério Público, arts. 81 e 1.104, esquecido no art. 262) não há processo. Pode existir o direito ferido, a parte pode reclamar, declarar-se vítima de injustiça, mas se não deduzir pretensão e não ingressar em juízo solicitando a proteção do poder judiciário, todas as suas atitudes tornar-se-ão inócuas. (PRATA, Edson. Comentários ao Código de Processo Civil. Rio de Janeiro: Forense, 1987, v. II: arts. 1º a 269, t. I, p. 726-728)
Todavia, vencida essa fase inaugural, o processo passa a se desenvolver por impulso oficial do juiz. É que, estabelecida a relação processual, entra em atividade uma função pública – a jurisdição -, que faz com que o interesse público na justa composição do litígio e na pacificação social predomine sobre o simples interesse privado da parte. (THEODORO JÚNIOR, Humberto. Curso de Direito Processual Civil: Teoria Geral do Direito Processual Civil e Processo de Conhecimento. 38ª ed., Rio de Janeiro: Forense, 2002, v. I, p. 268.). Nesse segundo momento, em que o processo passa a ser inquisitivo, se desenvolvendo por impulso oficial, o Código possibilita ao juiz investigar livremente e coletar as provas que considere oportunas para a apuração da verdade. Não poderá, contudo, iniciar a formação do processo, ainda que diante de direitos indisponíveis, ligados à jurisdição voluntária, haja vista a imperiosa necessidade de se preservar sua imparcialidade. 
A doutrina, no particular, vem ressalvando que o princípio dispositivo (consagrado nos artigos 2º e 262 do CPC e recepcionado pelo art. 1.104 do diploma adjetivo) é mitigado na jurisdiçãovoluntária, quando se autoriza a iniciativa do procedimento ao próprio juiz. São exemplos as hipóteses de exibição de testamento (art. 1.129, CPC), de arrecadação dos bens vagos (arts. 1.142 a 1.149), e da herança jacente (art. 1.160). 
Na jurisdição contenciosa, por seu turno, citam-se como exceções ao princípio da inércia: o inventário de ofício (art. 989, CPC), as medidas cautelares ex offício (art. 797, CPC, - medidas, mas não processo). 
Diante dessas exceções, cabe o seguinte questionamento: se o juiz age de ofício para a propositura, como se há de conceber a relação processual? 
RESPOSTA: As duas funções, a de iniciador do processo e a de julgador, são diferentes, de modo que há dupla missão, que gera a relação jurídica processual. O Estado tem a iniciativa e vai prestar a tutela jurídica que prometera. O juiz, aí, não procede de offício; O Estado injetou no juiz o que poderia injetar no Ministério Público. Não foi como juiz, de ofício, que ele atuou nas hipóteses dos arts. 989, 1.129, 1.142, 1.149 e 1.160, CPC; foi como órgão do Estado, fora da função de julgador. Não procedeu de ofício como juiz, exerceu função que lhe foi atribuída, fora do julgamento: outro ofício. (MIRANDA, Pontes de. Comentários ao Código de Processo Civil. 4ª ed. rev. e aument. Rio de Janeiro: Forense, 1997, t. III: arts. 154 a 281, p. 423.)
1.3 - FORMAÇÃO GRADUAL DA RELAÇÃO PROCESSUAL
O Código trata de estabelecer, no artigo 263, quando se tem por criada a relação jurídica processual, a qual vincula o autor, o juiz e o réu. O processo é uma entidade jurídica de formação gradual. O nascedouro é com a demanda proposta pelo autor, porém somente se completa com a citação, consubstanciando-se como a integração do demandado à relação processual. Observa-se que mesmo antes da citação existe processo, porém não efetuada a citação, deixa-se de angularizar a relação jurídica processual, tendo-se, como conseqüência, a extinção do processo sem resolução do mérito (art. 265, IV). 
Importante frisar que, em determinadas causas, não há essa angularidade da relação jurídica processual, razão pela qual não se exige a citação. Os exemplos trazidos por Pontes de Miranda são os seguintes: separação judicial por mútuo consentimento (art. 34 da Lei 6.515/77 e arts. 1.120-1.124 do CPC) e conversão da separação judicial em divórcio pedida por ambos os cônjuges. No último caso, a citação somente cabe se só um dos cônjuges pedir a conversão - Lei 6.515, art. 36. (MIRANDA, Pontes de. Comentários ao Código de Processo Civil. 4ª ed. rev. e aument. Rio de Janeiro: Forense, 1997, p. 424.)
1.4 - ESTABILIZAÇÃO DO PROCESSO
Depois de citado validamente o demandado as partes deverão permanecer as mesmas até o fim do processo, ou seja, aperfeiçoa-se a relação processual e o processo adquire estabilidade. Em conseqüência, segundo Humberto Theodoro Júnior não mais se permite, desde então:
a) a modificação do pedido ou da causa de pedir, salvo acordo com o réu;
b) a alteração das partes litigantes, salvo as substituições permitidas por lei;
c) a alteração do juízo, pois se vincula pela propositura da ação (art. 87); mas essa vinculação é do órgão (juízo) e não da pessoa física do juiz, e recebe a denominação de perpetuatio iurisdictionis. 
Há, porém, exceções previstas no art. 264 CPC, quanto às “substituições” permitidas por lei.
A lide exposta pelo autor, na inicial, passa a ser objeto do processo, ocorrendo, outrossim, a fixação tanto de seus elementos objetivos como subjetivos. Aliás, a esse respeito também verifica-se fenômenos de alteração, veja-se: 
a) quando ocorre mudança de alguma das partes (alteração no elemento subjetivo); 
b) quando se modifica o pedido ou a causa de pedir (alteração do elemento objetivo).
Sobre as alterações do elemento objetivo, deve-se reconhecer a existência de três fases distintas no processo de conhecimento.
1ª FASE: da propositura da demanda até a citação do demandado, em que é lícito ao autor modificar unilateralmente qualquer elemento objetivo da demanda (pedido ou a causa de pedir)
2ª FASE: da citação até o saneamento do processo, a alteração pode ser realizada desde que haja concordância do demandado.
3ª FASE: após a decisão declaratória de saneamento do processo, nesse passo nenhuma modificação objetiva da demanda será mais possível (art. 264, parágrafo único, CPC). É nesse momento que ocorre o fenômeno conhecido como estabilização da demanda. 
As regras peculiares à estabilização do processo, que importam em não ser permitida a alteração da causa de pedir ou do pedido, nem mesmo com o consentimento deste, após o saneamento do processo, não excluem, porém, a aplicação do direito superveniente. 
 A aplicação do direito superveniente, seja em favor do autor, seja em favor do réu, está explícita no código em diversos dispositivos, a saber: art. 303, I, a propósito da alegações “relativas a direito superveniente”; art. 462, acerca dos “fatos constitutivos, modificativos ou extintivos do direito”. No primeiro caso, a lei consente ao réu ampliar a defesa formulada com a contestação; no segundo, autoriza o juiz a tomar em consideração, mesmo de ofício, os fatos supervenientes, que influam em prol do direito do autor ou das alegações do réu. (MONIZ DE ARAGÃO, Egas Dirceu. Comentários do Código de Processo Civil. 9ª ed., Rio de Janeiro: Forense, 2000, p. 346-347)
REFERÊNCIAS:
ALVIM, Carreira J. E. Teoria Geral do Processo. Revista Ampliada e Atualizada. 9ª ed. Rio de Janeiro: Forense, 2004.
CÂMARA, Alexandre Freitas. Lições de Direito Processual Civil. 18ª ed. Rio de Janeiro: Lúmen Júris, 2008.
CINTRA, Antônio Carlos de Araújo; GRINOVER, Ada Pellegrini; DINAMARCO, Cândido Rangel. Teoria Geral do Processo. 6ª ed. ampl. e atual., São Paulo: Revista dos Tribunais, 1986, p. 257.
DIDIER JR. Fredie. et al. Curso de Direito Processual Civil. Bahia: Editora Podivm, 2009.
GRECO FILHO, Vicente. Direito Processual Civil Brasileiro, v.1: teoria geral do processo. 17.ed. São Paulo: Saraiva, 2003.
JÚNIOR THEODORO, Humberto. Curso de direito processual civil. V.1. 47ª ed. Rio de Janeiro: Forense, 2007.
MARINONI, Luiz Guilherme; MITIDIEIRO, Daniel. Código de processo civil comentado. São Paulo. Revista dos Tribunais, 2008.
MARINONI e ARENHART, Luiz Guilherme e Sérgio Cruz. Curso de Processo Civil. Processo de Conhecimento. Vol. 3. 7ª Ed. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2008.
MONIZ ARAGÃO. Exegese do Código de Processo Civil. v.4. Rio de Janeiro: Aide Editora e Comércio de Livros Ltda., 1981.
MOREIRA, José Carlos Barbosa. O novo Código de Processo Civil Brasileiro: exposição sistemática do procedimento. 21. ed. rev. e atual. Rio de Janeiro: Forense, 2001.
SILVA, Rinaldo Mouzalas de Souza e. Processo Civil. 2ª Ed. Bahia: Editora Podivm, 2009.
�D.P.C II – Unidade I – Formação do Processo - Profª Sônia Ribeiro

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