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CENTRO UNIVERSITÁRIO UNA INSTITUTO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE BIOMEDICINA ADRIANA JACAUNA DE OLIVEIRA ANGÉLICA DE ASSIS SOUZA CLARISSE NADÚ DE ALMEIDA CRISTIANE DE MORAIS GONÇALVES CRUZ DANIELA DE MELO FERREIRA JOYCE DUTRA FERNANDES MÁRCIA CAROLINA SOUZA RIBEIRO OLIVEIRA SILVIAMAR DE OLIVEIRA FERMAN VALQUÍRIA DA SILVA SILVEIRA HEPATITES VIRAIS (B e C) Exposição ocupacional BELO HORIZONTE 2016 ADRIANA JACAUNA DE OLIVEIRA ANGÉLICA DE ASSIS SOUZA CLARISSE NADÚ DE ALMEIDA CRISTIANE DE MORAIS GONÇALVES CRUZ DANIELA DE MELO FERREIRA JOYCE DUTRA FERNANDES MÁRCIA CAROLINA SOUZA RIBEIRO OLIVEIRA SILVIAMAR DE OLIVEIRA FERMAN VALQUIRIA DA SILVA SILVEIRA HEPATITES VIRAIS (B e C) Exposição ocupacional Trabalho acadêmico apresentado como requisito de avaliação do curso de Biomedicina, 4º período do Centro Universitário UNA para aprovação na disciplina de Trabalho Interdisciplinar Dirigido (TIDIR). Professora Orientadora: Cristina Aparecida de Jesus Souza BELO HORIZONTE 2016 RESUMO As hepatites virais denotam elevadas taxas de morbidade e de mortalidade em todo o mundo e demandam altos investimentos em seus tratamentos. As hepatites B e C podem frequentemente ter forma assintomática, o que ocasiona uma elevada quantidade de indivíduos infectados que acabam por desconhecer o fato de portarem a doença. Ao contato com materiais biológicos se tem a possibilidade de acidentes, principalmente quanto ao uso errôneo dos Equipamentos de Proteção Individual (EPI’S) e ainda a falta dos mesmos, que asseguram a segurança dos profissionais da área da saúde, desde aqueles que fazem a manipulação dentro do laboratório quanto os que fazem o descarte, limpeza e que de alguma forma estão inseridos no processo que envolve o contato com esses materiais. As Hepatites Virais também podem ser causadas pelo contato com material contaminado e se tratando de uma doença em que na maioria dos casos se manifestam tardiamente, com prognóstico ruim aos acometidos quando em sua fase crônica, com uma quantidade exorbitante de casos relatados, se faz a necessidade de uma maior conscientização não somente dos profissionais que já atuam em laboratórios e hospitais, mas também os futuros profissionais da área de saúde. Para isso como referência foi escolhido um laboratório na região de Belo Horizonte, onde através de coleta de informações iniciais se elaborou uma palestra educativa voltada para Hepatites Virais e importância ao uso dos EPI’S com os colaboradores juntamente dinâmica havendo interação e discussão do tema relacionado. Paralelamente, na Universidade houve a divulgação de materiais visuais e escritos (cartazes afixados em locais de maior circulação, e observações nos murais dos andares), para que os alunos tenham acesso às informações, já que se tem aulas práticas em laboratórios o que denota a importância de tais medidas de segurança. Palavras chaves: Hepatites Virais, Equipamentos de Proteção Individual, laboratório, medidas de segurança. ABSTRACT Viral hepatitis denotes high rates of morbidity and mortality worldwide and require large investments in their treatments. Hepatitis B and C can often be asymptomatic, which causes a high number of infected individuals eventually ignore the fact possessing the disease. The contact with biological materials has the possibility of accidents, particularly for the misuse of Personal Protective Equipment ('S PPE) and even the lack thereof, to ensure the safety of health professionals, from those who are manipulating within the laboratory and those who do disposal, cleaning and that somehow are included in the process involving contact with these materials. The Viral Hepatitis can also be caused by contact with contaminated material and it comes to a disease that in most cases manifest themselves late with poor prognosis for affected when in the chronic phase, with an exorbitant amount of reported cases, it is the need for greater awareness not only of professionals already working in laboratories and hospitals, but also the future health professionals. For this reference was chosen a laboratory in the region of Belo Horizonte, where through gathering initial information was developed a focused educational lecture for Viral Hepatitis and importance to the use of'S EPI with together dynamic employees having interaction and related topic of discussion. At the same time, the University was the dissemination of visual and written materials (posters in increased circulation sites, and observations on the murals of the floors), so that students have access to information, as it has practical classes in laboratories which denotes importance of such security measures. Key words: Viral Hepatitis, personal protective equipment, laboratory safety measures. SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................ 1 2 OBJETIVOS .................................................................................................... 3 2.1 OBJETIVO GERAL ................................................................................... 3 2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ..................................................................... 3 3 METODOLOGIA .............................................................................................. 4 4 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ....................................................................... 6 4.1 Aspectos epidemiológicos das hepatites virais ......................................... 6 4.2 Organização estrutural do vírus e replicação viral .................................... 6 4.3 Evolução das hepatites virais, formas clínicas e manifestações extra e intra hepáticas ................................................................................................. 9 4.4 Síntese e secreção de proteínas realizadas pelo fígado que com patogênese da infecção estará comprometido ............................................. 13 4.5 A exposição a materiais perfurocortante contaminados com sangue acarreta doenças infecciosas e parasitárias ................................................. 13 4.6 Diagnóstico das hepatites ....................................................................... 14 4.7 Tratamento e prevenção das hepatites virais ........................................ 16 4.8 Medidas de biossegurança e controle para evitar a contaminação dos profissionais em saúde ................................................................................. 18 4.9 Reprodução Assistida em pacientes soro discordantes .......................... 19 5 RESULTADOS E DISCUSSÃO ..................................................................... 21 6 CONCLUSÃO ................................................................................................ 23 ANEXO ............................................................................................................. 24 FIGURAS ......................................................................................................... 26 APÊNDICE A - QUESTIONÁRIO ..................................................................... 29 APÊNDICE B - CARTILHA ............................................................................... 30APÊNDICE C - GRÁFICOS.............................................................................. 34 REFERÊNCIAS ................................................................................................ 38 1 1 INTRODUÇÃO As Hepatites Virais possuem causas relacionadas a diversos agentes e tem como principal manifestação acometer lesão nos hepatócitos. Na cronicidade da doença ocorre lesão de maneira irreversível o tecido hepático. Possuem semelhanças quanto a sua epidemiologia, manifestação no indivíduo e testes de diagnóstico laboratorial, porém, existem especificidades entre si, sendo no Brasil dividido em cinco classes de vírus predominantes: Hepatite A (HAV); Hepatite B (HBV); Hepatite C (HCV); Hepatite D (HDV) e Hepatite E (HEV) (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2015). A hepatite A tem contágio oro-fecal, pela ingestão de alimentos e água contaminada ou contato com pessoas infectadas, ocorrendo mundialmente em áreas onde as condições sanitárias e de higiene são precárias. Na hepatite E a transmissão é mais frequente por ingestão de água contaminada, sendo poucos casos de infecção por contato com pessoas portadoras do vírus, causam inflamações agudas não evoluindo para sua forma crônica observando maior gravidade em gestantes, podendo evoluir para sua forma fulminante. Já as hepatites B e C, que sua via de transmissão primária é a parenteral, contato com sangue e hemoderivados, também transmitida por via sexual e vertical. Ao evoluir para uma forma crônica, apresentam complicações hepáticas como cirrose e o carcinoma hepatocelular. A imunização oferecida hoje é somente para o vírus da hepatite B (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2016). A hepatite D possui o agente Delta que é um vírus incapaz de replicar após a infecção precisando da função auxiliar do vírus da hepatite B, sendo sua forma de transmissão semelhante o da hepatite B suscetível principalmente entre os que utilizam drogas injetáveis e os hemofílicos (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2016). As origens das hepatites virais levam atualmente ao grande aumento no número de indivíduos que adquirem a doença na sua forma viral e com sua progressão podem levar a óbito demonstrando assim se tratar de um grave problema de saúde pública em todo continente. A Organização Mundial de Saúde (OMS) em 2014 relatou que 30% da população contraiu Hepatite B 2 (HBV) onde 240 milhões de pessoas já apresentam cronicidade da doença, o que é oito vezes mais se comparado àqueles que possuem o Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV), observando-se ainda 185 milhões de contaminados pela Hepatite C (HCV) (SANTOS et al., 2015). Um estudo de base populacional sobre as infecções pelos vírus das hepatites A, B e C nas capitais brasileiras aponta que há maior prevalência de Hepatite C na região nordeste com um total de 2,1% de infectados, se comparado com as regiões Norte, Sudeste, Sul, Centro-Oeste e Distrito Federal (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2015). Devido às peculiaridades dos procedimentos realizados, os trabalhadores da área da saúde estão mais expostos a acidentes com materiais biológicos onde há maior risco de infecção o contato com objetos perfurocortantes, com mucosa ou pele não íntegra, sangue e fluidos potencialmente contaminados (sêmen, secreção vaginal, suor, lágrima, fezes, urina, líquor e líquidos sinovial, pleural, peritoneal, pericárdico e amniótico). Mundialmente para prevenir acidentes relacionados à exposição a material biológico é estabelecido o uso de Equipamentos de Proteção Individual (EPI) (JULIO et al., 2015) (SILVA et al., 2009). As medidas de precaução são recomendadas visando prevenir o profissional da área da saúde sobre a exposição não só ao vírus das hepatites B e C, mas também ao vírus HIV e protozooses na fase aguda como malária, leishmaniose e chagas. Há uma grande dificuldade em obter estimativas sobre a exposição destes profissionais ao risco de contaminação por muitos omitem sobre acidentes com materiais perfurocortantes ou com fluidos corporais dentre outros, evitando a notificação e a tomada de procedimentos coerentes além de não gerar uma comunicação de acidente de trabalho (CAT) (SILVA et. al., 2009). 3 2 OBJETIVOS 2.1 OBJETIVO GERAL Adquirir e compartilhar conhecimento multidisciplinar a respeito do tema, com ênfase no papel do biomédico na área, correlacionando com as disciplinas Bioquímica, Microbiologia, Parasitologia, Patologia, Química II e Embriologia. 2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS Correlacionar os elementos do trabalho e o conhecimento adquirido com o papel do biomédico. Conscientizar os profissionais que atuam em laboratório escolhido na cidade de Belo Horizonte sobre o risco de contaminação pelas hepatites virais. Informar didaticamente a respeito das Hepatites Virais, afixando cartazes nos andares da Una Guajajaras, transmitindo o conhecimento adquirido aos alunos da instituição. 4 3 METODOLOGIA Trata-se de um estudo onde realizou um levantamento bibliográfico referente ao tema: Hepatites Virais - exposição ocupacional. Foi realizado um questionário (apêndice A) avaliando o conhecimento sobre quais a formas de contágio das Hepatites Virais e sua exposição no ambiente de trabalho (laboratorial e hospitalar) além da importância do uso das EPI’s, ministrada palestra explicativa onde o grupo apresentou as formas de contaminação, bem como os riscos de não proceder à comunicação em caso de acidente de trabalho (CAT), com o objetivo de orientar os profissionais sobre as condutas a serem tomadas ao acidente com qualquer material perfurocortante ou amostras biológicas. Foi empreendida uma dinâmica sócio-educativa em que se dividiram em dois grupos que disputaram entre si, num jogo de perguntas e respostas transcritas em quadro branco baseadas em conhecimentos gerais sobre Hepatites Virais e importância das EPI’s, em que no final o grupo vencedor recebeu pirulitos como brinde simbólico. Foi ofertada uma cartilha explicativa (apêndice B) aos participantes sobre o conteúdo abordado para que estes pudessem realizar consulta posteriormente. Ao final da apresentação foi realizada uma pesquisa de satisfação com os participantes para que pudéssemos avaliar a eficácia da apresentação, cujo resultados se encontram no apêndice C. Também foi realizada intervenção simbólica nas áreas de convivência do Centro Universitário Una - Campus Guajajaras em forma de cartazes e escritas em quadros de giz. Local: a pesquisa bibliográfica foi realizada nas bases de dados eletrônicos (BVS, Medline, Scielo), dados do Ministério da Saúde e através de livros presentes ao acervo da biblioteca do Centro Universitário UNA - Campus Guajajaras. A intervenção foi realizada em um Laboratório, com os técnicos do local, informando a importância do uso correto dos EPI’s (Equipamentos de Proteção Individual) e da importância de realizar a comunicação de acidente de trabalho (CAT) além da imunização contra as hepatites. Já a informação aos alunos foi transmitida através de exposição informativa em quadros negros expostos nos andares da universidade. 5 Critérios de inclusão: foram utilizados artigos científicos e dados do Ministério da Saúde publicados entre os anos de 2000 a 2016 no idioma português com as seguintes palavras chaves: HVC, VHB, Hepatites Virais, Hepatites Virais - exposição ocupacional, Epidemiologia e as Hepatites. Utilizando como critério de exclusão os artigos que não tinham pertinência ao tema proposto. 6 4 FUNDAMENTAÇÃOTEÓRICA 4.1 Aspectos epidemiológicos das hepatites virais As hepatites virais têm como causa, agentes etiológicos diferentes tendo em comum o hepatotropismo e muitas semelhanças do ponto de vista clínico- laboratorial. São doenças que apresentam notável importância para a saúde pública brasileira com um perfil epidemiológico importante, principalmente as Hepatites B e C que tem larga distribuição geográfica e são causadoras de infecções crônicas (FERREIRA; SILVEIRA, 2004). De acordo com o Ministério da Saúde (MS) existem cerca de 3 milhões de brasileiros infectados. Entre 1999 a 2015 foram 514.678 novos casos no Brasil, sendo os casos registrados de hepatite A no Brasil de 161.615 e em Minas Gerais 11.134 casos (6,89%); hepatite B no Brasil registrou 196.701 casos e em Minas Gerais 10.432 casos (5,30%); a hepatite C no Brasil 152.712 casos e em Minas Gerais 6.960 casos (4,56%) e a hepatite D no Brasil 3.660 casos e em Minas Gerais 76 casos (2,08%). Os óbitos associados às hepatites entre os anos de 2000 a 2014 foram em torno de 56.335 casos, dentre eles 75,2% infectados com hepatite C, 21,9% infectados com hepatite B, 1,8% infectados com hepatite A e 1,1% infectados com hepatite D. Dados parciais da Secretaria de Saúde do Estado de Minas Gerais só este ano até agora foram 16.833 casos notificados. Destacam-se entre as Hepatites virais as Hepatites B e C por estarem associadas ao elevado risco de fibrose hepática, cirrose hepática e hepatocarcinomas (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2016) (SECRETARIA DE SAÚDE DE MINAS GERAIS, 2016). 4.2 Organização estrutural do vírus e replicação viral O HBV é o vírus da hepatite B e este possui DNA de cadeia dupla, envelopado, partícula de Dane medindo 42nm e da família dos hepadnavírus. Apresentam distintos componentes antigênicos e por isso são divididos em dois grupos: antígenos de superfície e antígenos centrais. O HBV é o antígeno de superfície enquanto o HBsAg é o antígeno essencial do envelope. A replicação é por intermédio do RNA com sua própria transcriptase, possuem quatro genes (s,c,p e x) que fazem a regulação de produção de proteínas no ciclo de replicação viral. Na região do core encontra dois antígenos: HBcAg não detectado livre no 7 soro e o HBeAG identificado no soro do paciente infectado. O HBV pode sobreviver por uma semana em temperatura ambiente, mas se o ambiente estiver úmido, sua sobrevida será maior, acima de tudo se em sangue, plasma ou soro ao abrigo da luz. O DNA do HBV resiste por aproximadamente 10 horas a 60ºC ou em 100ºC por 5 minutos (MORAIS et. al., 2007). A microscopia eletrônica detecta os três tipos de partículas virais presente no vírus do HBV. Duas partículas menores de forma esférica com diâmetro aproximado de 20 nm e filamentosa com largura de 22 nm, o antígeno de superfície do HBV (HBsAG) e lipídeos do hospedeiro e uma partícula infecciosa Dane, que representa o vírion, partícula esférica de 42 nm de diâmetro, revestida por um bicamada lipídica que está ancorando proteínas de transmembrana que compõem o HBsAG (proteínas small (S), middle (M) e large (L)- associada à virulência figura 1.1 - Estrutura do virion (VIEIRA, 2012). No interior junto ao vírion encontra-se o núcleo capsídeo icosaédrico, composto por antígeno core do HBV (HBsAG), complexado a polimerase 8 virial e o genoma de DNA. O HBV é considerado o menor vírus por causa do tamanho do seu genoma. Seu material genético corresponde ao DNA, apresenta características peculiar, equivalente aos retrovírus (VIEIRA; 2012). O vírus da hepatite C (VHC) figura 1.2 - Vírus da Hepatite C, pertence ao gênero Hepacivirus da família Flaviridae, e é transmitido por contato direto, parenteral/percutâneo, ou através de sangue contaminado, sendo na sua infecção aguda usualmente assintomática (FERREIRA; SILVEIRA, 2004). O material genético é um fita simples de RNA, envelopado, possui uma ampla variação genética originando em 6 diferentes genótipos (1,2,3,4,5,6) e subtipos. As partículas virais são esféricas com 50nm de diâmetro com envelope lipoproteico de core viral esférico com cerca de 30 nm. O genoma do HCV tem um RNA de fita simples com polaridade positiva em torno de 9,6 KB com uma matriz aberta de leitura (ORF) que codifica uma poliproteína precursora. O RNA do HCV não faz transcrição reversa e não integra o genoma do hospedeiro, sua capacidade é de levar ao processo de doenças necro- inflamatórias que irão exercer como agente causador da carcinogênese. Os genótipos descritos acima estão associados às manifestações clínicas da evolução da doença e a 8 resposta de tratamento, o genótipo é associado a infecções crônicas, com excessivo dano hepático e de alta resistência ao tratamento em comparação aos demais genótipos (FECURY, 2011). A replicação do HBV (hepatite B) ocorre com ligação do vírion em um receptor específico (S1) de membrana dos hepatócitos. O mecanismo de acesso nas células ainda não está claro, por isso algumas vias têm sido sugeridas, como a entrada por endocitose com fusão direta do envelope viral com a membrana plasmática. Ao entrar na célula o vírus libera o nucleocapsídeo no citosol que o transporta até o núcleo do hepatócitos. Como a descapsidação viral e transporte intracelular do genoma no núcleo ainda não está lúcido, supõe-se que o mecanismo é feito através de modificações da proteína do nucleocapsídeo. O genoma viral no núcleo se encontra na forma circular relaxada (rcDNA) é arranjado e transformado em uma molécula circular fechada covalentemente (cccDNA) pela maquinaria enzimática celular (VIEIRA, 2012). Sugere-se que o vírus do HCV (hepatite C) se adere à célula hospedeira via interação específica entre as glicoproteínas do envelope e receptores celulares. As partículas são endocitadas e se ligam aos receptores. Quando o genoma viral é liberado no citoplasma (desnudamento) acontece à tradução no retículo endoplasmático rugoso (RER) em uma poliproteína clivada em proteínas estruturais e não estruturais. As proteínas não estruturais favorecem a replicação viral enquanto as proteínas estruturais são estruturas do capsídeo e glicoproteínas do envelope. A montagem das partículas virais acontece nas membranas intracelulares derivados do retículo endoplasmático ou do compartimento do Golgi. Após a montagem dos vírions ele é liberado da célula hospedeira por meio da via secretora causando a lise celular. Estudos relatam a produção e liberação de nucleocapsídeos não envelopados do HCV na circulação sanguínea e que o acúmulo de partículas do core em hepatócitos durante a fase inicial da infecção faz com que a resposta imune não identifique o vírus, o que assegura uma infecção persistente via interação com os receptores de complemento reduzindo a resposta dos linfócitos (URBACZEK, 2012). 9 Os vírus possuem capacidade de replicação, mas não tem aparato enzimático para tal replicação necessitando assim usar a maquinaria celular de seu hospedeiro para fazer seu ciclo de novos vírus, o que o torna um parasita intracelular obrigatório. O vírus precisa possuir propriedades de interações físico-químicas e biológicas com a célula dos hospedeiros como pH, temperatura, composição proteica (lipídeos e carboidratos), densidade, afinidade antigênica, tropismo, transmissão e patogenicidade. Esta interação vírus/hospedeira segue as seguintes etapas: penetração do agente viral pela via adequada; replicação nos tecidos e órgãos-alvos; resistência à resposta imune do hospedeiro; produção de patogenia viral e excreção de novos vírus (STEPHENS et al., 2009). 4.3 Evolução das hepatites virais, formas clínicas e manifestações extrae intra hepáticas Ao apresentar uma infecção viral é produzida uma resposta imunitária celular onde posteriormente apresenta uma inflamação penetrada de leucócitos mononucleares contendo linfócitos, macrófagos e poucos neutrófilos. Como acontece nas hepatites B e C, a lesão é proporcional à agressão imunitária. A grande concentração de anticorpos com o antígenos virais induzem a formação de trombos obstruindo os vasos muitas vezes responsáveis pela exacerbação da lesão. Sendo este um possível mecanismo de necrose maciça que ocorre na hepatite B fulminante. Esta concentração de anticorpos circulantes ao se depositarem nos tecidos causam lesões inflamatórias que na hepatite B, podem apresentar artrite (FILHO, 2009). Os sinais e sintomas são comuns às demais doenças parenquimatosas crônicas do fígado e costumam manifestar-se apenas em fases mais avançadas da doença. Essas características também afetam negativamente o diagnóstico da infecção, contribuindo para os números de portadores assintomáticos em todo o mundo. A agressão hepatocelular provocada pelo vírus da hepatite C (HCV) causa a fibrose hepática, a cirrose e o câncer hepático levando o indivíduo a óbito na fase avançada (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2015). O aparecimento dos sinais da infecção com vírus da hepatite B (HBV) vai depender de alguns fatores como a quantidade de patógeno e o modo de 10 transmissão, podendo variar de 30 á 180 dias. A capacidade de infectividade conforme a replicação viral pode decorrer em várias semanas, nos primeiros sintomas ou na fase aguda podendo se prolongar por vários anos (MORAIS et al., 2007). A hepatite B na fase aguda, período prodrômico ou pré-ictéricos, apresentam sintomas inespecíficos como anorexia, vômitos, diarreia, constipação, aumento de temperatura, mal estar, fadiga, mialgia, colúria, hipocolia fecal, dores abdominais, exantema cutâneo com duração de três a dez dias, evoluindo o quadro de icterícia sendo este o primeiro sinal. Em icterícias acentuadas há colestase associada. Ocorre a hiperbilirrubinemia caracterizada pelas enzimas hepáticas alteradas com aumento das transaminases alanino aminotransferase (TGP), transaminase aspartato aminotransferase (TGO), fosfatase alcalina (FAL) e gamaglutamiltransferase (GGT) (MORAIS et al., 2007). Hepatite fulminante ou insuficiência hepática grave inicia-se com a icterícia, sendo os sintomas intensificados nas oito primeiras semanas, regredindo após a necrose hepatocelular maciça. Quando agrava o paciente começa a apresentar confusão mental, sonolência, períodos de excitabilidade, surgimento de hemorragias, principalmente no tubo digestivo. Apresenta letalidade em 80% dos casos (MORAIS et al., 2007). A infecção aguda do HCV é frequentemente assintomática. Supõe que dentre as pessoas infectadas pelo HCV de 15% a 20% eliminam de forma espontânea o vírus, e 80% a 85% progride para a cronicidade. Estima-se que dependendo de cada organismo a evolução ocorra em 20 a 30 anos. Quando evoluída para a cirrose cerca de 1% a 4% dos infectados, se não se cuidarem evoluem para o quadro de carcinoma hepatocelular (MORAIS et al., 2007). A fase ictérica é precedida por dois a três dias por colúria. Hipocolia ou acolia fecal surge em prazos curtos entre sete a dez dias onde o paciente apresenta sintomas digestivos. Não ocorre uma grande alteração nas enzimas hepáticas, porém o anti HCV persiste por toda a vida (MORAIS et al., 2007). Hepatite crônica se anti HCV reagente e HCV-RNA positivo é necessário dosar duas vezes por um período de seis meses a ALT além de realizar o PCR qualitativo. Se a ALT der alterada seguida de PCR positivo sugere a realização 11 de biópsia hepática que definirá se o paciente é portador crônico, leve, moderado ou grave, sendo necessário o tratamento em casos moderado ou grave. Pacientes que não respondem ao tratamento inicial apresentando recidivas evolui para cirrose hepática e hepatocarcinoma (MORAIS et al., 2007). A cirrose hepática, que configura na diferenciação dos hepatócitos em estruturas anormais, acometidos de fibrose, vem de alterações patológicas com diversas causas, entre elas as hepatites crônicas virais. A sua associação com o Carcinoma Hepatocelular (CHC) pressupõe que o processo pode declinar para essa condição neoplásica, onde nem sempre haverá o reconhecimento inicial, ocasionando prognóstico ruim tendo como duração de sobrevida em torno de um ano (IIDA et al., 2005). Dados clínicos destacam a maior agressividade ao CHC associado ao HVC do que HVB, por se tratar da maior quantidade de casos diagnosticados de cirrose hepática proveniente de HVC.Diferindo do HVB, o HVC possui seus vírus de RNA não incorporados ao genoma da célula infectada, porém interações entre vírus\célula acarretam a hepatocarcinogênese indireta do vírus, por intermédio de sua proteína situada no núcleo, que controla a multiplicação celular, apoptose e resposta imune (GOMES et al., 2013). As manifestações relacionadas à infecção pelo vírus da hepatite B (HBV) podem ser consideradas raras em comparação ao descritos pela hepatite C (HCV): Glomerulonefrite: doença glomerular quando acomete crianças possui remissão espontânea, porém já para os indivíduos do sexo masculinos progridem para a falência renal, acarretando em diálise ou transplante renal. O mecanismo patogênico da doença se deve a deposição nos glomérulos de imunocomplexos que estimula o sistema complemento causando injúria glomerular que através da formação de um complexo que ataca a membrana de outros eventos, induzindo a proteases, lesões oxidativas e rompimento do citoesqueleto (LOPES; SCHINONI, 2010); Crioglobulinemia mista essencial: doença sistêmica no qual ocorre a precipitação de imunocomplexos a temperatura baixa. Esta síndrome clínica é definida pela tríade de artrite recorrente (LOPES; SCHINONI, 2010); Poliarterite nodosa (PAN): é uma 12 vasculite necrosantes sistêmica com presença de processos inflamatórios agudos e necrose fibrinóide de artérias de pequeno e médio porte (LOPES; SCHINONI, 2010); Artrite-dermatite: Síndrome caracterizada por poliartralgias ou artrite com edema nas articulações, envolve as pequenas articulações das mãos e pés (LOPES; SCHINONI, 2010). Os comprometimentos hepáticos pelo vírus da hepatite C (HCV) podem provocar em alguns órgãos, pele, pulmões, sistema neuromuscular e rins, manifestações clínicas como Icterícia: pele, mucosa e esclera com coloração amarelada por causa da hiperbilirrubinemia (VIEIRA, 2013); Alterações respiratórias: infecções pulmonares recorrentes, o que diminui a função pulmonar, causando a ascite e o derrame pleural já a síndrome hepatopulmonar (SHP) é causada pelo excesso de óxido nítrico (NO) e supressão do receptor do endotélio no epitélio vascular pulmonar. A disfunção pulmonar pode ocorrer por causa da vasoconstrição, hipóxica, resistência vascular diminuída, ventilação e perfusão desequilibrada e troca gasosas alteradas (VIEIRA, 2013); Alterações neuromusculares: o não metabolismo de ácidos graxos, gliconeogênese e glicogenólise favorecem a atrofia muscular esquelética, pois os aminoácidos contidos nos músculos são retirados para a síntese proteica. O que favorece o aparecimento da sarcopenia (perda muscular) e caquexia (perda de gordura). O estresse oxidativo ocorrido na mitocôndria e no citocromo P450 dentro dos hepatócitos faz com que o indivíduo infectado tenha fadiga e baixo desempenho durante a realização de exercícios físicos (VIEIRA, 2013); Alterações renais: tido com frequência em pacientes com insuficiência hepática e hipertensão portal, pois ocorre vasoconstriçãorenal, diminuindo a perfusão renal, taxa de filtração glomerular (TGF) e excreção de sódio e água. A hipertensão portal vai desencadear o processo de síntese de vasodilatadores na circulação esplâncnica causando a vasodilatação arteriolar esplâncnica, esta vasodilatação diminui o volume sanguíneo arterial efetivo ativando o sistema renina- angiotensina- aldosterona, sistema nervoso simpático e hormônios diuréticos, porém com a progressão da doença as atividades citadas acima serão persistentes favorecendo acúmulo de água e sódio causando a ascite (VIEIRA, 2013). 13 4.4 Síntese e secreção de proteínas realizadas pelo fígado que com patogênese da infecção estará comprometido O fígado é considerado o maior órgão do organismo, realiza diversas funções no metabolismo de lipídeos, proteínas (conversão de amônia em ureia), armazenamento e liberação de glicose. Sintetiza a maioria das proteínas plasmáticas essenciais como a albumina, fatores da coagulação, fibrinolíticos, fibrinogênio, fatores de crescimento, globulinas, lipoproteínas. Emulsifica gorduras no processo de digestão através da secreção da bile entre outras, além da função de armazenar vitaminas A, D, B12 e ferro como ferritina (GUYTON ; HALL, 2011). O fígado remove ou excreta fármacos assim como vários hormônios onde a lesão hepática pode levar ao excesso de acúmulo de um ou mais desses hormônios nos líquidos corporais provocando hiperatividade dos sistemas hormonais e outras substâncias que são excretadas pela bile, passando para o intestino sendo perdido nas fezes. Possui grande capacidade de regeneração se a lesão não se complicar por infecção virótica ou inflamatória. Porém nas doenças hepáticas como fibrose, inflamação ou infecções viróticas, o processo de regeneração do fígado fica seriamente comprometido e a função hepática se deteriora (GUYTON ; HALL, 2011) 4.5 A exposição a materiais perfurocortante contaminados com sangue acarreta doenças infecciosas e parasitárias Os acidentes envolvendo materiais perfurocortantes são extremamente perigosos. Possuem potencial capaz de transmitir aproximadamente mais de 50 tipos de patógenos diferentes, sendo os agentes mais relatados o vírus da Imunodeficiência Humana (HIV), os vírus das hepatites B (HBV) e C (HCV) (FAVARO; PATRICIA, 2013). As doenças parasitárias são consideradas por apresentarem relevantes quadros de morbidade e mortalidade no mundo e de difícil diagnóstico por muitas vezes não apresentar sintomas, sendo assintomáticas. Seus diagnósticos devem ser avaliados além da anamnese médica, pois a investigação laboratorial é de extrema necessidade para definir a infecção deste paciente (MENEZES; RUBENS,2013). 14 Uma infecção causada por um agente que passe por uma fase sanguínea assintomática possui a capacidade de ser transmitido inadvertidamente. Este agente infeccioso para ser transmitido por via sanguínea. Precisa sobreviver ao processamento e conservação dos compostos sanguíneos, terem a capacidade de invasão e estar em sua forma infectante, porém este quadro vai depender do hospedeiro, do seu estado nutricional e de sua competência imunológica que vai propiciar a periodicidade e gravidade das infecções transmitidas. Algumas das doenças infecciosas parasitárias que possui estas particularidades incluem a Malária, Tripanossomíase Americana, Leishmaniose e toxoplasmose. Algumas são consideradas doenças endêmicas em países das regiões tropicais e subtropicais e em certos casos importados por viajantes e imigrantes de áreas endémicas. Pode ocorrer por transfusão sanguínea, transmissão congênita, acidentes com perfurocortantes, transmissão oral, coito ou transplantes. (PEREIRA; et al 2011). 4.6 Diagnóstico das hepatites A abordagem laboratorial inicial e de rotina do paciente portador da hepatite C crônica possui múltiplos objetivos: os exames podem definir o momento de início do tratamento; o tipo de tratamento instituído; a qualidade da resposta obtida com a terapêutica e o rastreamento de câncer. A fim de facilitar o monitoramento do paciente portador de hepatite C crônica e auxiliar no melhor uso dos recursos técnicos e financeiros, o Ministério da Saúde, elaborou listas de exames complementares (ANEXO I). Contudo, salienta-se que exames adicionais ou modificações na rotina de exames poderão ocorrer conforme a presença de comorbidades e a consequente instituição – ou não – de tratamento antiviral. Além dos exames laboratoriais comuns estabelecidos pelo Ministério da Saúde há a necessidade da realização de uma biópsia para a definição do grau de acometimento hepático. Quando indisponível ou contraindicada, recomenda-se a realização de métodos não invasivos, como a elastografia hepática (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2015). A biópsia hepática é o exame padrão-ouro para a avaliação da fibrose hepática. Pode ser realizada com diferentes técnicas e tipos de agulha e é útil no diagnóstico de outras doenças hepáticas concomitantes com hepatite 15 crônica viral – como a doença gordurosa que impacta de maneira significativa a evolução dos casos e o manejo dos pacientes. Dá-se preferência à biópsia por agulha transcutânea, pois esta permite a retirada de fragmentos de áreas distantes da cápsula de Glisson e dispensa a anestesia geral. Na realização de biópsia em cirurgia, orienta-se o cirurgião a realizar coleta de material em cunha profunda e evitar a região subcapsular. A biópsia também pode ser realizada por via transjugular (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2015). O diagnóstico histológico da hepatite crônica C baseia-se na presença de infiltrado inflamatório portal predominantemente linfocitário, geralmente com número variável de plasmócitos, linfócitos e histiócitos, acompanhado por grau variável de atividade periportal (atividade de interface ou necrose em saca- bocados), parenquimatosa (lobular) e fibrótica. Quando disponível, a principal limitação da biópsia é o erro de amostragem – muitas vezes relacionado ao tamanho do fragmento e ao local do qual foi coletado. A biópsia ideal deve ser cilíndrica, não fragmentada, contendo de 10 a 20 espaços-porta. Após a coleta, o material deverá ser imediatamente fixado em formol tamponado a 10% ou formol em salina a 10% e encaminhado ao laboratório de anatomia patológica (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2015). O diagnóstico da hepatite B se dá através de técnicas sorológicas. Várias descobertas nas áreas de virologia e biologia foram incorporadas em laboratório de patologia clínica para auxiliar no diagnóstico médico, através de níveis de carga viral juntamente com medicamentos para o tratamento desta doença (FERREIRA, M.S, 2000). Na fase aguda da hepatite B, ocorre uma grande replicação viral, este período de incubação gira em torno de 2 a 6 meses. O HBSAG após 6 semanas de contaminação pelo vírus da hepatite B já encontra-se presente no soro permanecendo positivo por até 180 dias na fase aguda, em seguida anticorpos ANTI-HBS permanecem positivos semanas ou meses depois denominado de janela imunológica. A presença do ANTI-HBS indica sempre imunidade duradoura a infecção pelo vírus. Níveis de HBSAG positivos no soro superior a 6 meses, confere a forma crônica da doença (FERREIRA, M.S, 2000). 16 Nas formas graves da doença o HBSAG desaparece e o diagnóstico se baseia no ANTI-HBC IGM, que indica a infecção aguda pelo vírus e o DNA viral detectado através da PCR , além de anticorpos contra o core viral ( ANTI-HBC) da classe IGG e IGM . O objetivo do tratamento é tentar suprimir a replicação viral antes que o dano se torne irreversível no fígado (FERREIRA,M.S,2000). 4.7 Tratamento e prevenção das hepatites viraisO interferon alfa (ifn alfa) foi a primeira droga para tratamento da hepatite B crônica, por possuir atividades antivirais e imunomoduladores e ambas as ações são importantes para o tratamento desta virose. Inibindo a síntese do DNA-VHB, a partir do RNA pré genômico, a lamivudina (3-thiacytidina-3tc), um análogo de nucleosídeo com potente ação se mostrou a droga mais promissora para o tratamento da hepatite B, bloqueando assim a síntese de novas partículas do vírus (FERREIRA,M.S,2000). Os Interferons são glicoproteínas naturais que induzem um estado de resistência antiviral em células teciduais não infectadas. Possuem diversas ações biológicas dentre elas efeitos antivirais, imunomoduladores, antiproliferativos complexos. O vírus, ao replicar-se, vai ativar o gene codificante do interferon. Após a síntese proteica, a proteína sai da célula e entra na corrente sanguínea, até chegar às células vizinhas que ainda não foram atacadas. A proteína liga-se à membrana celular dessas células e ativa o gene codificante de proteínas antivirais. Estas proteínas antivirais, por sua vez, vão impedir a replicação do vírus, quando este tentar replicar-se nessas células. Um grupo de interferons (IFNalfa (figura 1.3) Estrutura do IFN-α 2b humano recombinante - e IFNbeta) é produzido por células infectadas por vírus, e um outro grupo (IFNgama) é sintetizado por células NK ou linfócitos T ativados. Quanto à atividade antiproliferativa, os interferons são as primeiras proteínas naturais observadas com ação reguladora negativa sobre células em crescimento, tendo ação antagônica a todos os fatores de crescimento conhecidos. O efeito é citostático (mais do que citotóxico) e reversível. O Interferon induz a inibição da replicação do vírus da hepatite B por períodos prolongados. A inibição se produz nos hepatócitos que contém vírus em replicação ativa (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2014). 17 A ribavirina (figura 1.4) é um fármaco antiviral análogo sintético da guanosina frequentemente usado em combinação com interferon alfa-2a ou 2b no tratamento de hepatite C. É um nucleosídeo sintético, que consiste de D-ribose acoplada a 1,2,4 triazole carboxamida. Esta droga tem um largo espectro de atividade antiviral in vitro contra os vírus do RNA e DNA. O nome químico da ribavirina é 1-beta-D-ribofuranosil-1,2,4 triazole-3-carboxamida. A droga é prontamente transportada para dentro das células e então convertida por enzimas celulares a 5-mono-, di-, e derivados de trifosfato, os quais são responsáveis por inibir certas enzimas virais envolvidas na síntese do ácido nucleico viral. A Ribavirina produz seu efeito antiviral principalmente por alterar os agrupamentos de nucleotídeos e a formação de RNA mensageiro normal, o qual pode ser responsável por sua eficácia. A droga é fosforilada ativamente de modo intracelular em mono-, di-, e trifosfatos. O monofosfato é um inibidor da inosina-monofosfato desidrogenase, que é envolvida na síntese de guanosina- monofosfato. A composição dos agrupamentos de nucleotídeos é notadamente alterada após a adição de ribavirina às culturas celulares (GISH, 2005). A hepatite C crônica também é tratada através dos fármacos Boceprevir (figura 1.5) e Telaprevir (figura 1.6). O Boceprevir e o telaprevir são inibidores de proteases, desenvolvidos para combater diretamente o vírus da hepatite C ao bloquear uma função vital à reprodução do organismo nas células hepáticas. O antiviral aumenta a taxa de resposta ao tratamento em pacientes que não obtêm resultados satisfatórios com os medicamentos convencionais como ribavirina e interferon alfa-2b (KWO, 2010). O transplante também é indicado para tratamento de pacientes com hepatite fulminante, formas estas com elevada a mortalidade. O transplante é realizado em vários países com grande sucesso, com sobrevida após 5 anos de transplantado em até 80% dos casos (FERREIRA, 2000). Uma nova terapia para o tratamento da hepatite c aumenta a chance de cura e diminui o tempo de tratamento. Dá-se através da combinação dos medicamentos DACLATASVIR, SIMEPREVIR E SUFOSBUVIR e poderá ser usado por pacientes que se submeteram a tratamentos anteriores e não obtiveram sucesso. Os novos medicamentos possuem a taxa de cura em torno 18 de 90%, em vista que o tratamento anterior apresentava uma eficácia em torno de 70%, além do tempo de tratamento ter diminuído para 12 semanas, o anterior era em torno de 48 semanas, sendo este novo tratamento todo feito por via oral o que possibilita ao paciente maior conforto e uma melhor qualidade de vida (MINISTERIO DA SAUDE, 2015). A prevenção às hepatites é dividida em três tipos: a primária, que tem como objetivo diminuir a incidência da infecção e secundária e terciária que procuram identificar indivíduos infectados para reduzir o risco de transmissão e evolução para hepatopatia crônica. São considerados grupos de risco usuários de drogas, presos e aqueles com práticas sexuais sem proteção, os quais recebem aconselhamentos como medida primária de prevenção. Em locais com situações de risco como prisões, clínicas de DST, HIV e AIDS, centro de reabilitação de viciados e doentes neurológicos e mentais, é realizado atendimento multidisciplinar de prevenção, onde testes laboratoriais e aconselhamentos são conduzidos como atividades de prevenção secundária e terciária. A vacinação contra o VHB é a maneira mais eficaz de prevenção, na fase aguda ou na fase crônica. A vacina é extremamente eficaz, com índices de 90 a 95% de resposta vacinal positiva em adultos. Com poucos significativos efeitos colaterais, a vacina garante eliminar a transmissão do vírus em todas as faixas etárias. (FERREIRA; SILVEIRA, 2004). 4.8 Medidas de biossegurança e controle para evitar a contaminação dos profissionais em saúde O risco de acidentes de trabalho associados à perfuro cortantes constituem um grave problema e uma preocupação frequente entre os profissionais que lidam diariamente com material biológico. Essa preocupação se deve a possibilidade de transmissão de patógenos como os vírus da hepatite B e C (ARAÚJO, et al., 2012) (SILVA, et al., 2011). As medidas de biossegurança previnem que os profissionais da saúde se exponham a riscos de materiais biológicos. A aplicação do conhecimento, técnica e uso de equipamentos de segurança individual (EPI’s) tem o objetivo de prevenir a exposição do profissional a microrganismos potencialmente infecciosos (ARAUJO, et al., 2012). 19 Após um acidente a notificação deve ser imediata para que as medidas profiláticas sejam tomadas quando possível como é o caso da Hepatite B. Infelizmente muitos profissionais por desinformação, medo de represálias ou críticas deixem de notificarem estes acidentes podendo gerar danos irreversíveis no futuro para sua saúde (ARAUJO, et al., 2012). 4.9 Reprodução Assistida em pacientes soro discordantes Na Reprodução Assistida (RA) existe o risco de contaminação para os envolvidos no processo e para o embrião a ser gerado em casais sorodiscordantes. No caso de pacientes masculinos positivos para Hepatite C é realizado uma técnica chamada TESA (testicular sperm aspiration), ou aspiração de espermatozóides no epidídimo, os espermatozóides passam por um processo de “lavagem” e dosagem de carga viral para poderem ser utilizados (ALMEIDA, 2005). Para a realização da “lavagem” o homem deve coletar a amostra alguns dias antes da fertilização, esta é colocada junto a um meio de cultivo para manter os espermatozóides vivos. O segundo passo é centrifugar a amostra separando o líquido seminal dos espermatozóides, pois o vírus se encontra no líquido. Logo apóso sêmen é colocado a um meio de cultura que pelo qual os espermatozóides tem afinidade e a amostra é novamente centrifugada tendo assim espermatozóides livres do vírus. Para garantir que o processo foi realizado com sucesso, parte da amostra é congelada e a outra parte participa de teste, no caso de todos os resultados deram negativos a amostra congelada pode ser usada na fertilização, caso contrário deve-se repetir o processo até obtenção de uma amostra saudável (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2005). A microinjecção intracitoplasmática (ICSI) é a metodologia mais utilizada nos casos em que o progenitor masculino é portador de hepatite B ou C. A ICSI é parecida à técnica utilizada num ciclo de Fertilização In vitro (FIV), realiza-se em num microscópio invertido com platina termostatizada e com o auxílio de duas micropipetas acopladas a micromanipuladores, uma que irá sustentar o ovócito na posição adequada e outra que permite a penetração com o intuito de depositar o espermatozóides no plasma (ALMEIDA, 2005). 20 No caso das pacientes do sexo feminino positivas para hepatite B ou C a gravidez deve ser avaliada de acordo com a estabilidade da doença, na hepatite C pode ocorrer a transmissão vertical em 6% dos casos sendo a gestação indicada somente se ela apresentar HCV-RNA negativo. Na hepatite B a transmissão materno-fetal intra-útero é rara, neste caso a transmissão e perinatal e é responsável por 95% dos casos (MINISTÉRIO DA SAÚDE) (FILHO, et al., 2007). Não há relatos de malformações fetais relacionadas aos vírus, mas estudos indicam um aumento na incidência de partos pré-termos, crescimento intra- uterino retardado (CIUR), descolamento de placenta e Índice de Apgar menor que 7 no primeiro minuto de vida do recém-nascido (RN) (FILHO,et al., 2007). A indicação é que o RN cuja mãe é HBsAg-positiva na ocasião do parto receba a primeira dose da vacina e uma dose de imunoglobulina contra o vírus da hepatite B (HBIG) nas primeiras 12 horas do pós-parto. A administração deve ser feita por via intramuscular (IM) em dois locais distintos. Nos seis meses seguintes as duas outras doses da vacina devem ser administradas completando o ciclo. Essa combinação da imunização ativa e passiva mostrou-se bastante eficaz na redução da transmissão do vírus da hepatite B em 85% a 95% dos casos (PIAZZA, et al., 2010). Quando a hepatite B é contraída no período perinatal, há possibilidade de cronificação, decorrente da tolerância imunológica própria dessa etapa da vida. Casos de hepatite fulminante, no entanto, foram descritos em lactentes, nesses casos, uma resposta imunológica exacerbada ocorre no desaparecimento dos anticorpos maternos, as células citotóxicas, sensibilizadas ao AgHBc poderão destruir, de maneira fulminante, os hepatócitos infectados do RN (FERREIRA, SILVEIRA, 2004). 21 5 RESULTADOS E DISCUSSÃO O levantamento bibliográfico e as informações adquiridas sobre os conhecimentos e cuidados que os profissionais atuantes têm no momento de executar suas funções, através dos questionários aplicados sobre Hepatites virais - exposição ocupacional possibilitou uma discussão sobre o tema. Foi aplicado um questionário (apêndice A) adaptado para averiguar o conhecimento dos profissionais de um laboratório em Belo Horizonte sobre o tema. Tivemos a participação de 10 profissionais da saúde, onde obtivemos uma amostragem não probabilística, acompanhado do critério de inclusão: funcionários presentes no laboratório no momento da intervenção. Foi possível observar com o questionário após analisar o gráfico (apêndice C 1) aplicado que os 10 participantes possuem conhecimento sobre o órgão afetado ao adquirir hepatites, mas que os mesmos tem dúvidas sobre os fluidos que são potencialmente infectantes e somente 4 sabem que é possível adquirir qualquer protozoose como leishmaniose, malária e chagas, na fase aguda, através dos mesmos. Pois qualquer fluido, na presença de sangue, é potencialmente contaminante. Dos 10 participantes 8 possuem o conhecimento que não existe vacina para a hepatite C e que são três doses para a hepatite B, porém apenas 2 sabem porque a hepatite C é considerada a hepatite mais perigosa onde os medicamentos são muito fortes e causam diversos efeitos colaterais, não existindo vacina e podendo levar a cirrose ou casos de câncer no fígado e é uma doença silenciosa. Apresentado, em conjunto, uma palestra informativa sobre o tema depois de colocado em forma de jogo de perguntas sobre o assunto finalizando com uma pesquisa de satisfação (apêndice C 2) pela intervenção, com o objetivo de saber sobre o entendimento, aproveitamento da palestra além de obter conhecimento sobre os cuidados que se tem em relação à proteção contra contaminação durante o período de trabalho. Obtivemos os seguintes resultados: 100% dos participantes consideraram que a palestra serviu como orientação e conscientização dos riscos que estão expostos no local de trabalho, acreditando que sua postura tende a mudar referente aos riscos ocupacionais aos quais estão expostos e que é necessário fazer exames 22 periódicos para saber se adquiriu alguma hepatite viral ocupacional. Porém quando questionados sobre o fato de trabalhar por tanto tempo em laboratórios, se julgavam cautelosos quando o assunto é contaminação, apenas 57% declararam que sim deixando claro o porquê o número de casos hepatite B por acidente de trabalho vem diminuindo, mas infelizmente vem aumentando o número de casos hepatite C por acidente de trabalho. Segundo Santos et. al., 2012, a vulnerabilidade é entendida como ações que aumentam ou diminuem os riscos aos quais os indivíduos estão expostos em todas as circunstâncias de suas vidas. É também um modo de classificar as possibilidades dos mesmos adquirirem doenças. Segundo Amaral et. al., 2012, normas educativas e preventivas devem fazer parte do ambiente de trabalho assim como intensificar programas, treinamentos sobre o risco de acidente, bem como garantir a segurança deste profissional, disponibilizando dispositivos seguros para descartes de materiais perfurocortantes mantendo-os em locais apropriados.Exigir que este profissional cumpra rigorosamente as práticas de biossegurança que lhe é oferecida principalmente ao uso dos EPIs, garantindo segurança em suas atividades. Segundo Suarte et al., a resistência a adesão na utilização do EPIs não é pelo fato de não ter, já que as empresas os fornecem gratuitamente de acordo com o risco exposto. Os motivos da não adesão se dá pelo desconhecimento, preguiça, falta de atenção, comodismo e vícios adquiridos ao longo dos anos pela rotina ou pressa, fatores este que geram negligências aos riscos expostos. Por isso a importância da conscientização do profissional de saúde e a mudança de hábitos se fazem necessária devido ao crescente número de acidentes entre estes profissionais em seu ambiente de trabalho. Cabe então às instituições e órgãos da saúde o planejamento e a implementação de orientações específicas para estes profissionais, a fim de que os mesmos adquiram hábitos profissionais seguros (ARAÚJO, et. al., 2012). Os programas de ações permanentes devem ser direcionados não só aos profissionais de saúde bem como aos estudantes em formação. 23 6 CONCLUSÃO São várias as doenças virais ocupacionais em que o profissional de saúde está exposto, sendo de extrema importância o uso dos EPI’S. De acordo com as pesquisas realizadas, pode-se observar que as hepatites ocupacionais têm tido apenas uma inversão de posição onde o que houve de redução nos casos de hepatite B, houve aumento nos casos de hepatite C.As atenções aos cuidados com acidentes de trabalho devem seguir um padrão mais rigoroso, cauteloso para que ao final de uma carreira de sucesso não seja necessário realizar tratamentos que poderiam ser evitados. O entendimento da vulnerabilidade dos profissionais da área da saúde que estão em exposição a riscos ocupacionais, depende de um conjunto de fatores. Dentre eles os comportamentais que provocam desgastes como a sobrecarga de trabalho que levam ao uso inadequado de EPI`s e os trabalhadores mesmo cientes dos riscos que estão expostos não se atentam às medidas de proteção. Para diminuir a exposição dos trabalhadores se faz necessário que os gestores das instituições forneçam medidas estruturais e organizacionais tornando as condições de trabalho seguras. Adotando ações de capacitação e fiscalização, para que os trabalhadores se conscientizem sobre os resultados de suas práticas para a própria saúde, incentivando sua autoproteção, estimulando os profissionais expostos à prática de cuidados para que possam prestá-lo ao outro e a si mesmo. Diante o exposto é imprescindível que todos se conscientizem da necessidade da implementação de estratégias para prevenção e promoção da saúde do profissional e o Biomédico possui o dever muito além realizar exames laboratoriais, mas de informar e buscar meios de educação e prevenção aos profissionais de saúde. 24 ANEXO 25 26 FIGURAS Figura 1.1 - Estrutura do virion Figura 1.2 - Vírus da Hepatite C Fonte: PERKINS, 2016.https://people.rit.edu/japfaa/infectious.html Figura 1.3 - Estrutura do IFN-α 2b humano recombinante. Fonte: SOUZA, 2010. http://tpqb.eq.ufrj.br/download/interferon-alfa-2b-humano-recombinante- peguilado.pdf 27 Figura 1.4 - Estrutura química da ribavirina. Fonte: National Center for Biotechnology Information, U.S. National Library of Medicine, 2016. https://pubchem.ncbi.nlm.nih.gov/compound/37542#section=Top Figura 1.5 - Estrutura química do boceprevir Fonte: National Center for Biotechnology Information, U.S. National Library of Medicine, 2016. https://pubchem.ncbi.nlm.nih.gov/compound/10324367#section=Top 28 Figura 1.6 - Estrutura química do telaprevir Fonte: National Center for Biotechnology Information, U.S. National Library of Medicine, 2016. https://pubchem.ncbi.nlm.nih.gov/compound/3010818#section=Top 29 APÊNDICE A - QUESTIONÁRIO 1- Ao analisar uma amostra existem vários fatores que contribuem para o risco de uma transmissão ocupacional. Dos fluidos citados abaixo quais são potencialmente infectantes? ( ) escarro ( ) suor ( )fezes ( ) urina ( ) sangue ( ) lágrima ( ) todas acima 2- A vacinação ou imunização ativa acontece quando uma pessoa é estimulada a desenvolver uma defesa contra uma doença infecciosa. Sabendo disso quantas doses são necessárias para imunização do vírus da hepatite B e C? ( ) não existe vacina para a hepatite C e três doses para hepatite B. ( ) três para hepatite C e B. ( ) não existe vacina para a hepatite B e C. 3- As diversas profissões exercidas acarretam implicações que podem trazer riscos à saúde, como por exemplo, as que possuem patologias específicas que se tornam doenças ocupacionais. Quais as hepatites virais ocupacionais você está exposto (a)? ( ) B e C. ( ) A, B, C, D e E ( ) Todos as hepatites 4- As hepatites virais (B e C) são causadas por diferentes agentes etiológicos, com tropismo primário por qual órgão? ( ) pâncreas ( ) coração ( ) rim ( ) fígado 5- Porque a Hepatite C é considerada a Hepatite mais perigosa? ( ) Os medicamentos são muito fortes e causam diversos efeitos colaterais. ( ) Não existe vacina. ( ) Pode levar a cirrose ou casos de câncer no fígado. ( )É uma doença silenciosa. ( ) Todas as opções acima 6- Através de fluidos corporais potencialmente infectantes podemos adquirir além das hepatites alguns destes protozoários ( ) Leishmaniose ( ) Malária ( ) Chagas ( ) Nenhuma das alternativas ( ) Todas as alternativas 30 APÊNDICE B - CARTILHA As hepatites virais são causadas por cinco vírus: hepatite A (HAV, do inglês hepatitis A virus), hepatite B (HBV, do inglês hepatitis B virus), hepatite C (HCV, do inglês hepatitis C virus), hepatite D (HDV, do inglês hepatitis D virus) e o vírus da hepatite E (HEV, do inglês hepatitis E virus) (LEMON,1997). A doença tem um amplo espectro clínico, que varia desde formas assintomáticas, anictéricas e ictéricas típicas, até a insuficiência hepática aguda grave (fulminante). Quando apresentam sintomatologia, são caracterizadas por fadiga, mal-estar, náuseas, dor abdominal, anorexia e icterícia. As manifestações clínicas aparecem quando a doença está em estágio avançado, com relato de fadiga, ou, ainda, cirrose. O diagnóstico inclui a realização de exames em ambiente laboratorial e testes rápidos, a fim de caracterizar a doença e sua gravidade. O vírus da hepatite A (HAV) A principal via de contágio do HAV é a fecal-oral, por contato inter-humano ou por meio de água e alimentos contaminados. Contribuem para a transmissão a estabilidade do HAV no meio ambiente e a grande quantidade de vírus presente nas fezes dos indivíduos infectados. A transmissão parenteral é rara, mas pode ocorrer se o doador estiver na fase de viremia do período de incubação. A disseminação está relacionada com a precariedade da infraestrutura de saneamento básico e condições de higiene praticadas. Na maioria dos casos, a hepatite A é autolimitada e de caráter benigno, sendo que a insuficiência hepática aguda grave ocorre em menos de 1% dos casos. Normalmente, os pacientes mais velhos apresentam doença sintomática e de resolução mais lenta. Pessoas que já tiveram hepatite A apresentam imunidade para tal doença, mas permanecem susceptíveis às outras hepatites virais. O vírus da hepatite B (HBV) A hepatite B considerada uma IST, dessa forma o HBV pode ser transmitido por solução de continuidade (pele e mucosa), relações sexuais desprotegidas e por via parenteral (compartilhamento de agulhas, seringas, tatuagens, piercings, procedimentos odontológicos ou cirúrgicos, etc.). Outros líquidos 31 orgânicos, como sêmen, secreção vaginal e leite materno podem igualmente conter o vírus e constituir fontes de infecção. A transmissão vertical (de mãe para filho) também é causa frequente de disseminação do HBV em regiões de alta endemicidade. De maneira semelhante às outras hepatites, as infecções causadas pelo HBV são habitualmente anictéricas. A cronificação da doença, ou seja, a persistência do vírus por mais de seis meses, ocorre em aproximadamente 5% a 10% dos indivíduos adultos infectados. Caso a infecção ocorra por transmissão vertical, o risco de cronificação dos recém-nascidos de gestantes com evidências de replicação viral é de cerca de 70% a 90%, e entre 10 a 40% nos casos sem evidências de replicação do vírus. Cerca de 70% a 90% das infecções ocorridas em menores de cinco anos se cronificam, e 20% a 25% dos casos crônicos com evidências de replicação viral evoluem para doença hepática avançada (cirrose e hepatocarcinoma). Uma particularidade dessa infecção viral crônica é a possibilidade de evolução para câncer hepático, independentemente da ocorrência de cirrose, fato considerado pré-requisitonos casos de surgimento de carcinoma hepatocelular nas demais infecções virais crônicas, como a hepatite C. O vírus da hepatite C (HCV) O HCV foi identificado em 1989 nos Estados Unidos e é o principal agente etiológico da hepatite crônica, anteriormente denominada hepatite Não-A Não- B. Sua transmissão ocorre, principalmente, por via parenteral. É importante ressaltar que, em um percentual significativo de casos, não é possível identificar a via de infecção. São consideradas populações de risco acrescido para a infecção pelo HCV por via parenteral: indivíduos que receberam transfusão de sangue e/ou hemoderivados antes de 1993; pessoas que fazem uso de drogas injetáveis (cocaína, anabolizantes e complexos vitamínicos), e que compartilham os equipamentos ou que apresentem outras formas de exposição percutânea (por exemplo, consultórios odontológicos, clínicas de podologia, salões de beleza, estúdios de tatuagem e piercing e etc., que não obedecem às normas de biossegurança). A transmissão sexual é pouco frequente – menos de 1% em parceiros estáveis – e ocorre, principalmente, em pessoas com múltiplos parceiros e com prática sexual de risco (sem uso de preservativo), sendo que a coexistência de alguma IST, inclusive o vírus da 32 imunodeficiência humana (HIV), constitui um importante facilitador dessa transmissão. A transmissão vertical é rara quando comparada à hepatite B, entretanto já se demonstrou que gestantes com carga viral do HCV elevada ou coinfectadas pelo HIV apresentam maior risco de transmissão da doença para os recém-nascidos. A cronificação ocorre de 70% a 85% dos casos, sendo que, em média, entre um quarto e um terço destes podem evoluir para formas histológicas graves ou cirrose, no período de 20 anos, caso não haja intervenção terapêutica. O restante evolui de forma mais lenta e talvez nunca desenvolva hepatopatia grave. É importante destacar que a infecção pelo HCV já é a maior responsável por cirrose e transplante hepático no mundo ocidental. O vírus da hepatite D (HDV) A hepatite D é causada pelo HDV, podendo apresentar-se como infecção assintomática, sintomática ou como formas graves. O HDV é um vírus defectivo, satélite do HBV, que precisa do HBsAg para realizar sua infecção. A infecção delta crônica é a principal causa de cirrose hepática em crianças e adultos jovens em áreas endêmicas na Itália, na Inglaterra e na região amazônica do Brasil. Devido à sua dependência funcional em relação ao HBV, o vírus delta tem mecanismos de transmissão idênticos aos do HBV. Os portadores crônicos inativos do vírus B são reservatórios importantes para a disseminação do vírus da hepatite delta em áreas de alta endemicidade de infecção pelo HBV. O vírus da hepatite E (HEV) O HEV é um vírus de transmissão fecal-oral favorecendo a disseminação da infecção nos países em desenvolvimento, nos quais a contaminação dos reservatórios de água mantém a cadeia de transmissão da doença. A transmissão interpessoal não é comum. Em alguns casos, os fatores de risco não puderam ser identificados. A doença é autolimitada e pode apresentar formas clínicas graves, principalmente em gestantes e é mais comum em países na Ásia e África, principalmente na Índia. 33 Riscos Ocupacionais A infecção ocupacional nos profissionais da área da saúde é considerada como uma das mais preocupantes devido às possíveis exposições percutâneas ou de mucosas ao sangue de pessoas infectadas por estes vírus, que estão sob seus cuidados. A maioria das exposições ocupacionais com sangue e fluidos corpóreos de indivíduos infectados ocorre por meio da picada acidental com agulhas. O hábito de reecapar as agulhas usadas em pacientes ainda é observado nas atividades diárias dos profissionais da área de saúde mesmo frente às normas atuais de prevenção e controle destas infecções ocupacionais. As luvas cirúrgicas fabricadas em látex, desde que intactas, constituem uma barreira eficiente para a penetração de microrganismos. Preocupante também a situação dos funcionários encarregados da limpeza do ambiente e do descarte do lixo, pois, com maior frequência acidentam-se com agulhas usadas e não devidamente descartadas. Os profissionais da saúde devem apropriar-se das precauções padrão (PP), que são suplementadas pelos equipamentos de proteção individual (EPI), entre eles luvas, máscaras, óculos, aventais, durante a assistência direta ao paciente. Além destas medidas de prevenção, estes profissionais também podem ser imunizados na rede pública de saúde, com a vacina contra o vírus da hepatite B. Caso sejam adotadas adequadamente as PP e haja conscientização sobre a importância desta imunização o risco de infecção ocupacional pode ser significativamente reduzido. 34 APÊNDICE C - GRÁFICOS 1 PESQUISA ANTES DA INTERVENÇÃO 1- Ao analisar uma amostra existem vários fatores que contribuem para o risco de uma transmissão ocupacional. Dos fluidos citados abaixo quais são potencialmente infectantes? 2- A vacinação ou imunização ativa acontece quando uma pessoa é estimulada a desenvolver uma defesa contra uma doença infecciosa. Sabendo disso quantas doses são necessárias para imunização do vírus da hepatite B e C? 3- As diversas profissões exercidas acarretam implicações que podem trazer riscos à saúde, como por exemplo, as que possuem patologias específicas que se tornam doenças ocupacionais. Quais as hepatites virais ocupacionais você está exposto (a)? 35 4- As hepatites virais (B e C) são causadas por diferentes agentes etiológicos, com tropismo primário por qual órgão? 36 5- Porque a Hepatite C é considerada a Hepatite mais perigosa? 6- Através de fluidos corporais potencialmente infectantes podemos adquirir além das hepatites alguns destes protozoários 37 2 PESQUISA PÓS INTERVENÇÃO 38 REFERÊNCIAS ARAÚJO Thiago et al. Acidentes de trabalho com exposição a material biológico entre os profissionais de Enfermagem. 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