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INFECTOLOGIA-INTENSIVA

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1 
 
 
 
2 
 
SUMÁRIO 
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................ 4 
2 INFECTOLOGIA ......................................................................................... 5 
3 ISOLAMENTO E PRECAUÇÕES ............................................................... 5 
3.1 Conceitos fundamentais ....................................................................... 6 
3.2 Fontes .................................................................................................. 6 
3.3 Hospedeiros ......................................................................................... 6 
3.4 Recomendações de precaução para o pessoal hospitalar ................. 12 
4 INFECÇÕES RELACIONADAS À ASSISTÊNCIA EM SAÚDE EM 
UNIDADES DE TERAPIA INTENSIVA ...................................................................... 12 
5 HIV/AIDS ................................................................................................... 14 
5.1 Terapia antirretroviral ......................................................................... 16 
6 HEPATITES VIRAIS ................................................................................. 17 
6.1 Hepatite A ........................................................................................... 19 
6.2 Hepatite B ........................................................................................... 19 
6.3 Hepatite C .......................................................................................... 20 
Tratamento para hepatite C ........................................................................ 21 
Complicações da hepatite C ....................................................................... 21 
6.4 Hepatite D (Delta) ............................................................................... 21 
6.5 Hepatite E ........................................................................................... 22 
7 INFECÇÃO URINÁRIA ............................................................................. 25 
8 INFECÇÕES POR PSEUDOMONAS AERUGINOSA .............................. 28 
9 TUBERCULOSE ....................................................................................... 30 
9.1 Epidemiologia ..................................................................................... 32 
9.2 Transmissão ....................................................................................... 33 
9.3 Quadro clínico e diagnóstico .............................................................. 34 
 
3 
 
9.4 Isolamento de pacientes com suspeita ou diagnóstico de tuberculose
 ............................................................................................................35 
10 SARAMPO ............................................................................................. 37 
10.1 Manifestações clínicas .................................................................... 38 
11 VARICELA ............................................................................................. 39 
11.1 Tratamento da varicela.................................................................... 41 
12 ORIENTAÇÕES DE CUIDADOS NO ATENDIMENTO DE PACIENTES 
COM SUSPEITA OU CONFIRMAÇÃO DE INFLUENZA A (H1N1) .......................... 42 
12.1 Orientações gerais .......................................................................... 43 
12.2 Medidas de precaução para o transporte de pacientes suspeitos de 
infecção por influenza A/H1N1 .............................................................................. 43 
13 COVID-19 .............................................................................................. 46 
13.1 Fisiopatologia da Doença ................................................................ 47 
13.2 Transporte do paciente intra-hospitalar e o Controle de Visitas ...... 49 
13.3 Medidas de Isolamento ................................................................... 50 
BIBLIOGRAFIA ............................................................................................... 52 
 
 
 
4 
 
1 INTRODUÇÃO 
O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é semelhante 
ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável - um 
aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma 
pergunta, para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum é 
que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a 
resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas 
poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão respondidas em 
tempo hábil. 
Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa 
disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das 
avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora 
que lhe convier para isso. 
A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser 
seguida e prazos definidos para as atividades. 
 
Bons estudos! 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
5 
 
2 INFECTOLOGIA 
 
Fonte: clinicaredemaissaude.com.br 
A infectologia é a especialidade clínica mais comum e não depende de 
qualquer campo orgânico, mas estimula o raciocínio clínico, geralmente envolve a 
integração da fisiopatologia de vários tecidos e sistemas. Seu treino envolvendo o 
desafio de encontrar patógenos, a possibilidade de diagnóstico Precisão do estado 
de infecção e compreensão do paciente sobre o tratamento geralmente leva à cura. 
Doenças endêmicas, surtos, epidemias, doenças infecciosas Emergência e 
reaparecimento são questões atuais, indicando a necessidade por infectologistas, 
desde aqueles que trabalham com doenças comunitárias até aqueles coopere com 
o Departamento de Medicina Intensiva. 
3 ISOLAMENTO E PRECAUÇÕES 
Um dos principais riscos em hospitais é a disseminação de bactérias e outros 
microrganismos entre pacientes colonizados / infectados para pacientes suscetíveis 
e profissionais de saúde. O isolamento de pacientes com doenças infecciosas é 
muito antigo (século XVIII). Os pacientes são isolados em seus próprios hospitais 
(por exemplo, hospitais de doenças infecciosas, hospitais de tuberculose). À medida 
que novas doenças e fontes de infecção continuam a ser descobertas, as 
recomendações sobre isolamento e medidas preventivas são dinâmicas. 
 
6 
 
3.1 Conceitos fundamentais 
A propagação de uma infecção requer três elementos (SILVA, 2012): 
1. Fonte de microorganismos (agente infectante) 
2. Hospedeiro suscetível 
3. Meios de transmissão do microorganismo. 
Como não é possível, maioria das vezes, interferir nos dois primeiros fatores, 
cabe então atuar nos mecanismos de transmissão 
3.2 Fontes 
Pacientes, profissionais de saúde e visitantes ocasionais. Eles incluem 
pessoas com doenças agudas, pessoas no período de incubação da doença, 
portadores crônicos de patógenos infecciosos e pessoas que são colonizadas por 
patógenos infecciosos, mas não apresentam doenças óbvias. (EBSERH, 2020). 
3.3 Hospedeiros 
A resistência a microorganismos patogênicos varia de pessoa a pessoa. 
Fatores como: idade, doença de base, uso de antibióticos, corticosteróides e 
imunossupressores e procedimentos invasivos, entre outros, podem tornar os 
hospedeiros mais suscetíveis a infecções (BRASIL, 2006). 
Transmissão (BRASIL, 2006): 
1. CONTATO 
Direto: Superfície corporal (transferência física inter-humana) 
Indireto: objetos contaminados (instrumentos, agulhas, curativos, luvas). 
2. GOTÍCULAS (PERDIGOTOS) 
 Ocorre quando perdigotos contaminados são impelidos a uma distância de até 
1 metro através do ar e são depositados na conjuntiva, mucosa nasal, boca ou pele 
íntegra, produzindo colonização. Os perdigotos são gerados através da fala, espirro, 
tosse e na realizaçãode procedimentos como aspiração e broncoscopia (EBSERH, 
2020). 
 
7 
 
3. AEROSSÓIS 
Ocorre pela transmissão de pequenas partículas (5 mícrons ou menores) 
contendo patógenos infecciosos. Essas partículas estão suspensas no ar e podem 
ser amplamente disseminadas pelas correntes de ar e inaladas por indivíduos 
suscetíveis (EBSERH, 2020). 
4. VEÍCULO COMUM 
Ocorre por itens contaminados: comida, água, medicamentos, aparelhos e 
equipamentos (EBSERH, 2020). 
5. VETOR 
Ocorre quando vetores como mosquitos, moscas, ratos ou outros insetos 
transmitem microorganismos (EBSERH, 2020). 
Definições 
ISOLAMENTO: Técnica utilizada para prevenir a transmissão de 
microorganismos a partir de pacientes infectados ou colonizados para outros 
pacientes, profissionais de saúde e visitantes. Os tipos de isolamento são baseados 
no conhecimento da forma de transmissão do microorganismo (EBSERH, 2020). 
PRECAUÇÕES: Aplicação de técnicas em qualquer paciente hospitalizado, 
independente do isolamento físico ou como complemento deste, visando 
especificamente bloquear a transmissão de microorganismos (EBSERH, 2020). 
Precaução padrão 
É a mais importante e está designada para o cuidado de todos os pacientes. 
São planejadas para, qualquer que seja o diagnóstico do paciente, reduzir o risco de 
transmissão de microorganismos através do sangue e de outros fluídos corpóreos, 
secreções e excreções, exceto suor, independente de haver sangue visível ou não 
(EBSERH, 2020). 
Paramentação: 
 
8 
 
Luvas: todas às vezes que houver manipulação de sangue, fluídos corpóreos, 
secreções e excreções (exceto suor). Deve ser considerada como barreira protetora 
auxiliar, não substituindo a necessidade da lavagem das mãos. 
Avental: quando possibilidade de contaminação através de respingo de fluidos 
corpóreos. Deve ser preferencialmente impermeável. 
MÁSCARA/ÓCULOS: para proteger mucosas em caso de respingo de fluidos 
corpóreos. 
Lavagem das mãos: Obrigatório antes e após a manipulação de pacientes e 
imediatamente após a retirada de luvas. Entre procedimentos no mesmo paciente 
quando houver risco de infecção cruzada de diferentes sítios anatômicos. Em locais 
em que o acesso a pias é limitado à lavagem pode ser substituída por fricção com 
álcool 70% glicerinado (2%) por 30 segundos. Em áreas/unidades com altas taxas de 
microorganismos resistentes a antibióticos (Gram negativos multiresistentes e 
enterococos resistentes à vancomicina) recomenda-se o uso de antissépticos 
(clorexidina) (EBSERH, 2020). 
Objetivos: Impedir a contaminação de profissionais de saúde por patógenos 
(bactérias, vírus, fungos) que possam estar presentes em sangue, fluídos corpóreos 
e secreções, diminuindo assim o risco de infecção para estes profissionais e para os 
pacientes por eles assistidos (EBSERH, 2020). 
Duração 
Todo o período da hospitalização. 
Observações: 
São considerados fluídos corpóreos – liquor, líquido pleural, líquido aminiótico, 
líquido sinovial, sêmen, secreção vaginal, etc. São consideradas secreções/excreções 
– urina, fezes pús, escarro, feridas exsudativas, secreções de dreno, etc. 
Precaução respiratória - por aerossóis 
Além das medidas de PRECAUÇÃO PADRÃO, recomenda-se (EBSERH, 
2020): 
Quarto privativo: Internação quarto privativo com pressão negativa em relação 
à área adjacente, manter portas fechadas. Filtragem de ar do quarto de alta eficiência 
– filtro HEPA (“high-efficiency particulate air”). 
 
9 
 
Máscara: Com capacidade de filtragem e vedação lateral adequada (N95), de 
uso obrigatório toda vez que entrar no quarto. Quando o paciente tiver que sair do 
quarto (para exames complementares, por exemplo) deverá usar máscara cirúrgica. 
Objetivo: Impedir a propagação de doenças transmissíveis por secreções 
aerossolizadas (partículas < 5 μm) (EBSERH, 2020). 
Indicações (EBSERH, 2020).: 
 Varicela (incluindo Herpes zoster disseminado) - manter o isolamento até 
todas as lesões estejam em fase de crosta. 
 Sarampo - durante toda a internação. Indivíduos susceptíveis a sarampo e 
varicela não devem entrar no quarto de pacientes com suspeita destas infecções. 
Indivíduos susceptíveis à varicela também apresentam risco de desenvolver varicela 
quando expostos a pacientes com lesões por H. zoster devendo evitar contato. 
 TBC pulmonar ou laríngea (confirmada ou suspeita) - O isolamento pode ser 
suspenso quando o paciente estiver recebendo terapêutica adequada, com três (3) 
baciloscopias consecutivamente negativas, desde que coletadas em dias diferentes 
ou se a tuberculose for excluída do diagnóstico. 
Precaução respiratória – perdigotos 
Quarto privativo: Quando não houver vagas, fique internado no mesmo quarto 
que o paciente infectado com o mesmo microrganismo, e observe a distância entre 
os pacientes de pelo menos um metro. Nenhuma circulação de ar ou ventilação 
especial é necessária. Mantenha a porta do quarto fechada. 
Máscara: Contanto que a distância do paciente seja inferior a um metro, tanto 
os profissionais de saúde quanto os visitantes devem usar procedimentos cirúrgicos 
padrão. Paciente deve usar máscara ao ser transportado. 
Objetivo: Previne a propagação de doenças transmitidas por gotículas 
maiores que 5μm que são eliminadas ao falar, tossir, espirrar, falar e realizar vários 
procedimentos. 
 Difteria - até completar antibioticoterapia e cultura negativa. 
 Coqueluche - até 5 dias após o início da terapêutica específica. 
 Rubéola - até 7 dias após o início da exantema. 
 Caxumba – até 9 dias após início do edema da parótida. 
 
10 
 
 Infecção por estreptococo grupo A (faringite, pneumonia e escarlatina) em 
crianças pequenas – por 24 horas. 
 Sepse, meningite, pneumonia ou epiglotite por Haemophylus Influenzae 
(suspeita ou confirmada) em crianças – até 24 horas 
 Após o início da terapêutica antibiótica específica. 
 Infecções Meningocócicas (suspeitas ou confirmadas) até 24 horas após o 
início da terapêutica especifica. Outras infecções virais: adenovirus, influenza, 
parvovirus B19 – durante internação. 
Precauções de contato 
São indicados para pacientes com infecções microbianas 
epidemiologicamente importantes ou colonizações transmitidas por contato direto 
(pele a pele) ou indireto (contato com superfícies ambientais ou itens utilizados pelo 
paciente). 
Luvas – Deve ser usado ao entrar no quarto e removido antes de sair. Depois 
de tirar as luvas, você deve lavar bem as mãos imediatamente para evitar a 
recontaminação antes de sair da sala. 
Avental – limpo, não estéril, deve ser usado quando houver risco aumentado 
de contato com material potencialmente infeccioso, por exemplo: pacientes com 
diarréia, incontinência fecal, ileostomia, colostomia, feridas com drenagem não 
contida de secreção. O avental deve ser retirado entes da saída do quarto, evitando 
contaminação da própria roupa. 
Lavagem das mãos. Obrigatória antes e após a manipulação do paciente. Uso 
de antissépticos quando indicado. 
Observações (EBSERH, 2020): 
 O transporte do paciente para fora do quarto deve ser reduzido ao mínimo 
possível. As precauções devem ser mantidas quando o paciente for transportado. 
 Os itens que paciente tem contato e as superfícies ambientais devem ser 
submetidas à limpeza diária. 
 Equipamentos de cuidado ao paciente como termômetro, estetoscópio e 
esfigmomanômetro, sempre que possível, devem ser de uso exclusivo. Quando não 
for possível, é recomendada a desinfecção após o uso ente um paciente e outro. 
Indicações: 
 
11 
 
 Rubéola congênita - sempre que a criança for internada durante o primeiro 
ano de vida, exceto se cultura urina e nasofaringe negativa após os 3 meses de idade. 
 Conjuntivite viral hemorrágica - durante internação. 
 Celulite, abscessos e úlceras que não podem ser cobertos ou cuja drenagem 
não pode ser contida - durante internação. 
 Infecção ou colonizaçãopor bactérias multi-resistentes em trato GI, 
respiratório e tegumento (pele, feridas, queimaduras) - até término da 
antibioticoterapia e cultura negativa. 
 Furunculose (estafilocócica) em crianças pequenas – durante internação 
 Diarréias infecciosas (virais ou bacterianas) em pacientes incontinentes ou 
em uso de fralda – durante internação. 
 Hepatite A em pacientes incontinentes ou em uso de fralda. 
 Herpes simples muco-cutâneo disseminado – durante internação. 
 Herpes simples neonatal - apenas quando RN de mãe com lesões ativas e 
bolsa rota >4-6 horas, durante internação. 
 Herpes zoster localizado em paciente imunocomprometido ou disseminado - 
durante internação 
 Impetigo - até 24h após início tratamento eficaz. 
 Ectoparasitoses (escabiose, pediculose) - até 24h após início tratamento 
eficaz. 
 Grandes lesões de pele (feridas ou queimaduras) causadas por S. aureus - 
durante internação. 
 Grandes lesões de pele (feridas ou queimaduras) causadas por 
Estreptococos beta hemolíticos do grupo A - até 24h após início de antibioticoterapia 
eficaz. 
 Doenças febris hemorrágicas 
 Infecções respiratórias virais, principalmente laringo-traqueíte e bronquiolite, 
em lactentes e crianças pequenas – durante internação. 
 Doenças com exantema vesicular, nas quais a probabilidade de varicela for 
grande – manter precauções até que todas as lesões estejam em fase de crosta. 
Paciente vindo de outra Instituição com sete ou mais dias internação e que vai 
para a UTI – adotam-se precauções de contato até os resultados de swabs de 
vigilância mostrarem-se negativos. 
 
12 
 
3.4 Recomendações de precaução para o pessoal hospitalar 
No caso de um dos funcionários apresentar alguma doença infecciosa ou ser 
exposto a alguma delas devem ser observadas algumas precauções para que ele não 
seja o transmissor da doença (EBSERH, 2020). 
1- Se estiver com diarréia: 
 Lavar as mãos cuidadosamente após usar o banheiro e antes de manuseio e 
pacientes ou equipamentos. 
 Evitar trabalhar com crianças menores de dois anos. 
2- Se estiver com resfriado: 
 Lavar as mãos cuidadosamente. 
 Usar luvas e máscara para contato direto com crianças menores de (2) anos. 
 Evitar contato com recém-nascidos, imunodeficientes e portadores de 
cardiopatias congênitas. 
3- Se estiver com herpes labial: 
 Lavar as mãos. 
 Usar máscaras. 
 Evitar contato com recém-nascidos, queimados e imunodeficientes. 
4- Se for exposto a sangue através de contato com mucosas, olho e pele: 
 Comunicar a CCIH/SCIH ou Serviço de Saúde Ocupacional para verificar a 
necessidade de profilaxia para Hepatite B e HIV. 
4 INFECÇÕES RELACIONADAS À ASSISTÊNCIA EM SAÚDE EM UNIDADES 
DE TERAPIA INTENSIVA 
Uma infecção nosocomial, também chamada “infecção adquirida no hospital”, 
“infecção hospitalar” ou “Infecção Relacionada a Assistência em Saúde (IRAS)”, é 
definida, de acordo com a Portaria nº 2.616 do Ministério da Saúde do Brasil, como 
aquela que se surge após 72 horas de internação, ou antes, desde que relacionada a 
procedimentos diagnósticos e/ou terapêuticos realizados com o paciente, assim como 
após a alta hospitalar ou infecções ocupacionais nos profissionais de saúde 
(ARAÚJO, 2018) 
 
13 
 
 
Fonte: uniaoquimicaconecta.com.br 
As infecções nosocomiais constituem um grave problema de saúde pública 
mundial e estima-se que, no mundo, quase meio milhão de casos de infecções 
nosocomiais ocorrem a cada ano nas Unidades de Terapia Intensiva (UTIs). No Brasil 
as IRAS apresentam taxas de incidência de 22,8% quando comparado aos países 
desenvolvidos europeus cujas taxas são menores que 9% (COELHO et al., 2011; 
COSTA et al., 2020). 
A causa deve estar nas várias intervenções diagnósticas ou terapêuticas 
invasivas, tais como o uso frequente de um amplo espectro de antibióticos, 
presença de doenças subjacentes e ventilação mecânica, cateterismo 
venoso central, monitoramento invasivo de pressão e cateterismo urinário, 
bem como internações mais longas e o uso contínuo de desinfetantes e 
antissépticos, como o álcool em gel. (DERELI et al., 2013; REIS et al., 2011). 
Com esses procedimentos, o paciente internado vive em constante exposição 
à sua própria microbiota e a do ambiente hospitalar. A maioria das vezes eles são 
acometidos por diversas complicações do processo hospitalar, como doenças agudas 
ou até mesmo complicações de doenças crônicas, nas quais as mais comuns 
são as infecções hospitalares (MOREIRA e SOUZA, 2016; HESPANHOL et al., 2019). 
Outro potencial reservatório de microrganismos, não menos importante, são 
os jalecos utilizados pelos profissionais de saúde em geral. Esse Equipamento de 
Proteção Individual (EPI), que tem função primordial de proteger o profissional, se 
contaminado, pode tornar-se veículo de disseminação de microrganismos 
sensíveis e resistentes (MODESTO e FERREIRA, 2019). 
Diversos são os organismos relacionados a contaminações em ambientes 
hospitalares e processos de Infecções Relacionados à Assistência à Saúde, no 
 
14 
 
entanto, os principais patógenos incluem Staphylococcus aureus resistente à 
oxacilina (ORSA), Enterococcus sp. resistente à vancomicina (VRE) e, mais 
recentemente, enterobactérias produtoras de Beta Lactamase de Espectro 
Estendido (ESBL) e Acinetobacter baumannii resistente à antibióticos 
carbapenêmicos (ROCHA et al., 2015; BORDIGNON e LIMA, 2017). 
5 HIV/AIDS 
 
Fonte: 5aessence.com.br 
O vírus HIV é membro do gênero Lentivirus, da família Retroviridae. É 
responsável por grande morbimortalidade, associada em grande número dos casos à 
Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (AIDS) (MORAES; OLIVEIRA; COSTA, 
2014). 
O Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV) e a Síndrome da Imunodeficiência 
Adquirida (Aids) são temas discutidos, mundialmente, cuja gênese apresenta 
transformações epidemiológicas ascendentes que requer um aprofundamento nos 
aspectos sociodemográficos, políticos, éticos, culturais, psicossociais e de saúde. 
Desde o início da década de 80, no século XX, a identificação do HIV/Aids, constitui 
um desafio para a comunidade científica global, pois é considerado um problema de 
saúde pública, de grande magnitude e caráter pandêmico que envolve diversos atores 
sociais, atingindo os indivíduos sem distinção social, econômica, racial, cultural ou 
política (PERUCCHI et al., 2011). 
 
15 
 
No início da década de 1980, a epidemia causada pelo vírus da 
imunodeficiência humana (HIV) /síndrome da imunodeficiência adquirida (aids) trouxe 
à tona e atualizou antigas representações sociais vinculadas às doenças 
infectocontagiosas: mal, horror, definhamento, contaminação, desordem, 
transgressão e morte (WILSON D, WHITESIDE, 2016). Desde então, em todo o 
mundo, 32 milhões de pessoas morreram de doenças relacionadas à aids e, em 2018, 
estimava-se que havia 37,9 milhões de pessoas vivendo com HIV/aids (PVHA), sendo 
a maioria adultos (36,2 milhões) (JOINT UNITED NATIONS PROGRAMME, 2019). 
Nesse panorama, destaca-se a incidência desigual do HIV/aids entre regiões e países, 
o que requer atenção para dificuldades estruturais (educação, economia, custos, 
estigma, sistema de saúde, etc.) que não são mitigadas apenas pelo sistema de saúde 
(MCGRATH et al., 2014; SANGARAMOORTHY, 2018). Calcula-se que, em 2018, do 
total de PVHA no mundo, apenas 23,3 milhões tinham acesso à terapia antirretroviral 
(TARV) (JOINT UNITED NATIONS PROGRAMME, 2019). 
Diante dos anos de história do Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV) e após 
a transformação da Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (AIDS) de doença 
aguda e fatal e crônica, sustenta-se a necessidade de ir além da terapêutica 
medicamentosa combinada, ultrapassando a barreira simplória da ausência 
sintomática, chegando ao bem-estar propriamente dito,que resvala nos 
determinantes e condicionantes da Saúde e da QV. Estudos têm apontado fatores 
específicos de repercussão na QV das pessoas vivendo com HIV/AIDS (PVHA), 
entre eles: o estigma, o acesso à assistência nos serviços de saúde, as 
relações com os profissionais de saúde, o trabalho e os vínculos empregatícios, 
a vivência da sexualidade, as alterações corporais, a percepção da autoimagem, o 
suporte social e as relações familiares (COSTA, et al., 2015). 
Alguns estudos sugerem que a contaminação, o reconhecimento do HIV 
e da morbimortalidade implicada à doença é, por si só, um fator preditivo 
negativo na Quedos indivíduos. Outros evidenciam discursos emotivos, repletos de 
tristeza e revolta, sobre o fastígio da entrega do resultado, que estabelece um divisor 
de águas entre uma vida supostamente saudável, tranquila e feliz, para uma 
nova realidade; ressignificando de modo positivo os acontecimentos pré-revelação e 
de modo negativo os acontecimentos pós-revelação (CATUNDA et al., 2016; 
FERNANDES et al., 2017). 
 
16 
 
5.1 Terapia antirretroviral 
Apesar de inúmeros relatos datados de 1975, foi catalogado o primeiro caso de 
depressão imunológica aguda apenas em 1981 pelo Centers for Disease Control and 
Prevention (CDC) nos Estados Unidos, com identificação processada em 1982, sendo 
seu agente etiológico o retrovírus, pertencente aos lentivírus. Neste ínterim, o vírus 
recebeu a denominação "Wrath of God" (WOG) ou ira de Deus em português 
(PASCHOAL; SANTO; GOMES, 2014) 
Segundo Paschoal; Santo e Gomes, (2014) o novo vírus não demora a receber 
o nome HTLV-III pelas características de sua constituição estrutural e biologia, como 
o fato de ser linfotrópico, e, em 1986, a comunidade científica aceita a nomenclatura 
final de Vírus da Imunodeficiência Adquirida (HIV). O HIV foi alvo de intenso 
preconceito pelo fato de os primeiros casos terem sido identificados em grupos 
homossexuais masculinos, os quais tinham seu comportamento sexual julgado e 
considerado, na época, promíscuo pela sociedade. 
Na década de 90, a terapêutica para o HIV, baseada no TARV (terapia 
antirretroviral), surge como opção à monoterapia centrada na Zidovudina. A 
morbimortalidade, após a utilização do tratamento em questão, apresentou 
decréscimo considerável, representando, se não a cura, uma perspectiva 
completamente diferente no cenário epidemiológico (PASCHOAL; SANTO; 
GOMES, 2014) 
Porém, nem todos os aspectos são favoráveis nesta seara, e a adesão ao 
tratamento tem se mostrado difícil, devido às condições de toxicidade e interação dos 
medicamentos. A não adesão ao tratamento poderá proporcionar o surgimento de 
cepas virais resistentes à terapia antirretroviral, diminuindo a sobrevida do paciente e 
se tornando uma preocupação extra para os organismos de saúde internacionais 
(BAZIN, GASPAR, SILVA, 2014). 
Em 1996, a intervenção clínica sofreria uma revolução, com a implantação da 
Terapia Antirretroviral de Alta Eficácia (HAART). O HAART, é a combinação dos 
inibidores de protease e transcriptase reversa, perfazendo ao menos três drogas 
antirretrovirais (ARV), e representa na atualidade a forma mais eficaz na redução da 
carga viral plasmática de RNA-HIV-1 para níveis indetectáveis (Bazin, Gaspar, Silva, 
2014). 
Os esquemas terapêuticos utilizados seguem algoritmo baseado em condições 
clínicas e laboratoriais, encontrando-se normatizado pelo Ministério da Saúde e 
 
17 
 
divulgado no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS) no Protocolo Clínico e 
Diretrizes Terapêuticas para Adultos Vivendo com HIV. A Organização Mundial de 
Saúde (OMS) estimou, em 2002, que, em todo o mundo, 6 milhões de pessoas 
necessitariam de Terapia Antirretroviral (TARV), sendo que somente 230.000 tiveram 
acesso ao coquetel (BAZIN, GASPAR, SILVA, 2014). 
Os Antirretrovirais (ARV) dividem-se em quatro grupos: 
1. Inibidores da transcriptase reversa: São exemplos neste grupo, fármacos 
pertencentes à lista de medicamentos essenciais (LME), a zidovudina (AZT), a 
didanosina, a estavudina, a lamivudina, o abacavir. Além destes, temos a nevirapina, 
o efavirenz. Este grupo de ARV se subdivide em três elementos: inibidores 
nucleosídicos da transcriptase reversa (INTR), inibidores não nucleosídicos da 
transcriptase reversa (INNTR); inibidores nucleotídicos da transcriptase reversa 
(BRASIL, 2013). 
2. Inibidores de protease: São exemplos neste grupo, o Saquinavir, o Ritonavir, 
a Indinavir, o Nelfinavir e o Lopinavir. 
3. Inibidores de integrase: O único exemplar é o Raltegravir. 
4. Inibidores de fusão: O único exemplar é o Enfuvirtida. 
O mecanismo de atuação em conjunto dos antirretrovirais reside no fato de 
bloquearem a atuação de enzimas fundamentais na replicação, e, portanto, na 
propagação do vírus no interior das células do hospedeiro (BRASIL, 2013). 
6 HEPATITES VIRAIS 
 
Fonte: navegantes.sc.gov.br 
 
18 
 
A história das hepatites virais remonta milênios, tendo as últimas décadas sido 
marcadas por notáveis conquistas relacionadas à prevenção e ao controle da doença. 
Estão entre elas a identificação dos agentes causadores, o desenvolvimento de testes 
laboratoriais com alta especificidade, o rastreamento dos portadores e a implantação 
de vacinas protetoras (BRASIL, 2015). São doenças causadas por diferentes agentes 
etiológicos, que têm em comum o tropismo pelo fígado. Apresentam, portanto, várias 
semelhanças no tocante à apresentação clínico-laboratorial, com diferenças em 
termos de epidemiologia e evolução (GOMES et al., 2012). 
Cinco espécies virais são responsáveis pela maior parte dos episódios de 
hepatite aguda e de hepatite crônica: vírus da hepatite A (HAV), vírus da hepatite B 
(HBV), vírus da hepatite C (HCV), vírus da hepatite D (HDV) – viroide defeituoso 
revestido pelo antígeno da hepatite B, e vírus da hepatite E (HEV). Outros vírus, tais 
como os da família Herpesviridae (citomegalovírus humano, Epstein-Barr e herpes 
simples) e o parvovírus B19, também, podem causar hepatite, porém em menor escala 
(GOLDMAN; SCHAFER, 2014) 
As elevadas taxas de incidência e prevalência, no caso das hepatites A e E, 
correlacionam-se com as condições sanitárias, tendo em vista a principal via de 
transmissão a fecal-oral, e isso contribui para a predominância significativa dessas 
formas de hepatite em países em desenvolvimento. Por outro lado, no que diz respeito 
às hepatites B, C e D, os grupos de risco são definidos pelo comportamento individual 
e social, sendo eles: profissionais da área da saúde, homossexuais masculinos, 
usuários de drogas intravenosas, profissionais do sexo e pacientes em hemodiálise. 
Isso explica, em parte, a distribuição epidemiológica mais homogênea desses tipos 
de hepatite (SILVA et al., 2012) 
A Organização Panamericana de Saúde estima que, no Brasil, ocorram 
atualmente cerca de 130 novos casos de hepatite A por 100.000 habitantes, sendo 
essa a principal causa de hepatite viral no mundo. Estima-se que no país existam 
cerca de dois milhões de portadores crônicos do HBV, com maior prevalência nas 
regiões norte e nordeste. Em relação ao HCV, evidências sugerem a prevalência entre 
1% e 3% da população brasileira. Segundo dados do Centers for Disease Control and 
Prevention (CDC), as hepatites B e C são as principais causas de câncer de fígado e 
de indicação do transplante hepático (GOMES et al., 2012). 
A região amazônica ocidental apresenta uma das maiores incidências do HDV 
no mundo e, no Acre, a prevalência do anticorpo anti-delta é de 1,3% da população. 
 
19 
 
Apesar de o Brasil apresentar condições sanitárias favoráveis às epidemias do HEV, 
nenhuma foi descrita ainda. Alguns casos isolados já foram notificados (BRASIL, 
2016). Foi implantado, pelo Ministério da Saúde, em 2002, o Programa Nacional de 
Hepatites Virais, objetivando aprimorar açõesde controle e prevenção das hepatites 
(BRASIL, 2015). Trata-se de doenças incluídas na lista nacional de doenças de 
notificação compulsória (BRASIL, 2016). 
6.1 Hepatite A 
É uma doença viral aguda de grupo de transmissão fecal-oral (em que está o 
HAV). Tem seu mecanismo de transmissão ligado a condições de saneamento básico, 
higiene pessoal, qualidade da água e dos alimentos. As transmissões percutâneas 
(inoculação acidental) ou parental (transfusão) do vírus A são muito raras. Áreas que 
ainda não dispõem de saneamento básico e tratamento de esgoto adequado também 
deixam as pessoas mais vulneráveis à infecção pelo vírus da hepatite A. Geralmente, 
a infecção é benigna em crianças e mais grave em adultos. Contudo, podem ocorrer 
formas fulminantes da doença, capazes de causar morte ou desencadear doença 
autoimune grave (ABCMED, 2015). 
O Ministério da Saúde incluiu a vacina da hepatite A no calendário vacinal 
infantil, a qual está disponível para crianças menores de 5 anos. Além das crianças, 
há indicação de vacinação para grupos específicos (ABCMED, 2015). 
6.2 Hepatite B 
É uma doença sexualmente transmissível, sendo a via sexual a mais relevante 
para a transmissão da hepatite B. Todavia, também pode ser transmitida por meio do 
compartilhamento de seringas e agulhas contaminadas, colocação de piercing, 
procedimentos de tatuagem e manicure/pedicure com materiais não esterilizados, 
compartilhamento de utensílios e objetos de higiene contaminados com sangue 
(escovas de dente, lâminas de barbear ou de depilar), acupuntura, procedimentos 
médico-odontológicos, transfusão de sangue, hemoderivados e hemodiálise, sem as 
adequadas normas de biossegurança. Além do sangue, outros líquidos orgânicos, 
como sêmen e secreção vaginal, podem constituir fontes de infecção (BRASIL, 2020). 
 
20 
 
A transmissão vertical do vírus da hepatite B, que se dá quando acontece a 
transmissão da mãe para o filho durante a gestação ou parto, pode ocorrer pela 
exposição do recém-nascido ao sangue. Por isso, é importante que todas as gestantes 
da comunidade façam o teste para hepatite B. Caso seja diagnosticada a infecção, o 
SUS dispõe de métodos para evitar a transmissão para o bebê. A gestante com 
hepatite B precisa ser assistida pela equipe de saúde para receber todas as 
orientações necessárias acerca do parto e aleitamento materno (BRASIL, 2020). 
6.3 Hepatite C 
É uma patologia infecciosa viral, contagiosa, devido ao vírus da hepatite C – 
HCV, antigamente definido por hepatite não A não B, sendo representado por 90% 
dos casos de hepatites adquiridos via transfusão sanguínea. Podendo o portador 
apresentar ou não sinais e sintomas da doença. Existe duas formas da patologia a 
aguda e a crônica. No entanto, a média é de 80% dos portadores evoluem para 
cronicidade e 20% desenvolve somente a fase aguda realizando o tratamento no início 
da infecção (BRASIL, 2005). 
Conforme Varaldo (2003) a evolução da doença depende de cada organismo e 
também do tempo em que ocorreu a infecção, sabendo o tempo o médico tem a 
possibilidade de esquematizar um tratamento o mais rápido possível após sua 
detecção. O diagnóstico da hepatite C é obtido através de teste rápido, testagens de 
amostras de sangue total, soro, plasma ou fluído oral para detectar o vírus da hepatite 
C (BRASIL, 2015). 
Segundo Brasil (2013) as maiores taxas do HVC no nosso país são registradas 
no Sudeste, e em seguida na região Sul, sendo a maioria dos casos com pessoas 
com mais de 40 anos e atingido também em sua maioria o sexo masculino, tendo 
predominância as seguintes vias de transmissão: transfusão sanguínea, compartilhar 
objetos perfuro cortantes sem esterilizar, e uso de drogas. 
De acordo com Brasil (2011) em torno de 3% da população mundial são 
portadoras do HCV, sendo este dado mais por volta de 170 milhões de pessoas com 
a fase crônica e com chance de desencadear as complicações da patologia. 
 
21 
 
Tratamento para hepatite C 
De acordo com Brasil (2015) existem critérios para o início do tratamento da 
hepatite C na sua fase assintomática, sintomática e aguda. Segundo Nettina (2011) o 
tratamento da hepatite C é obrigatório seu monitoramento, contendo hemograma 
completo, provas de função hepática e também carga viral do HCV no decorrer do 
tratamento, sendo utilizado medicações de ação prolongada os interferons injetáveis 
no tratamento do vírus, como peginterferon alfa-2a (Pegasys), juntamente com 
ribavirina antiviral oral (Virazole), podendo levar a um resultado sustentável de níveis 
virais não detectáveis em média de 41 a 50% dos genótipos 1 e já nas pessoas com 
genótipos 2 e 3 é de 70 a 80%. É de extrema relevância que o atendimento na atenção 
básica com o portador do vírus seja orientado com medidas simples, como a proibição 
de ingesta álcool, diminuindo a probabilidade da evolução de cirrose ou câncer no 
fígado, podendo assim modificar ou desacelerar o curso natural da patologia (BRASIL, 
2006). 
Complicações da hepatite C 
De acordo com OMS (2014) no período da fase crônica da hepatite C os 
infectados podem apresentar na maioria dos casos cirrose hepática ou câncer no 
fígado, também é relatado que em média 300 mil a 500 mil pessoas morrem por ano 
de doenças hepáticas ligadas a hepatite C. 
Segundo Nettina (2011) a cirrose hepática é uma patologia crônica que é 
definida pela fibrose tecidual, à proporção que o tecido necrótico é trocado por tecido 
fibrótico as estruturas do fígado são modificadas, e assim prejudicando o mesmo e 
podendo levar a uma insuficiência hepática e hipertensão portal. Conforme o Instituto 
Nacional do Câncer – INCA (2016) o carcinoma hepatocelular é um tumor maligno 
primário, teve origem no fígado, que ocorre com mais frequência, sendo mais de 80% 
dos casos. 
6.4 Hepatite D (Delta) 
É importante entender que só terão hepatite D aquelas pessoas que já estão 
infectadas pelo vírus da hepatite B. Dessa forma, a transmissão da hepatite Delta é 
igual à do vírus B, ou seja, por meio do contato com sangue ou outros líquidos 
orgânicos, como sêmen e secreção vaginal contaminados. No Brasil, essa infecção 
 
22 
 
tem grande importância na Região Amazônica; entretanto, com as migrações 
constantes no país, além maior da facilidade de as pessoas viajarem, é possível 
encontrar casos de hepatite D em outras regiões do Brasil (BRASIL, 2020). 
Por se tratar de um vírus que infecta apenas os portadores de hepatite B, a 
vacina para o vírus B também protege da infecção pelo vírus D (Delta). 
6.5 Hepatite E 
A transmissão da hepatite E assemelha-se à da hepatite A, ou seja, se dá pela 
via fecal-oral, ocorrendo principalmente por meio de água e alimentos contaminados 
por fezes humanas ou de animais. Além disso, a transmissão pode acontecer pelo 
consumo de carne suína mal cozida ou crua. A disseminação da hepatite E está 
relacionada à infraestrutura de saneamento básico e a aspectos ligados às condições 
de higiene praticadas. No Brasil, é uma infecção de baixa ocorrência, sendo mais 
comumente encontrada em países da Ásia e a África (BRASIL, 2020). 
Sintomas 
As hepatites virais podem não apresentar sinais e sintomas. Porém, quando 
aparecem, estes podem se manifestar com (BRASIL, 2020).: 
 Febre; 
 Vômitos; 
 Fraqueza (fadiga); 
 Mal-estar; 
 Dor abdominal; 
 Enjoo/náuseas; 
 Perda de apetite; 
 Urina escura (“cor de coca-cola”); 
 Icterícia (olhos e pele amarelados); 
 Fezes esbranquiçadas (como massa de vidraceiro). 
 
A infecção pelos vírus A e E das hepatites pode ser evitada com as seguintes 
precauções (BRASIL, 2020): 
 Lavar as mãos depois de ir ao banheiro, após trocar fraldas das crianças e 
antes de comer ou preparar alimentos; 
 
23 
 
 Cozinhar bem os alimentos antes de consumi-los, principalmente mariscos, 
frutos do mar e carne suína; Lavar adequadamente pratos, copos, talheres e 
mamadeiras; 
 Orientar aspessoas nas creches, pré-escolas, lanchonetes, restaurantes e 
instituições fechadas quanto à importância da adoção de medidas rigorosas de 
higiene, como a desinfecção de objetos, bancadas e chão, utilizando hipoclorito de 
sódio a 2,5% ou água sanitária; 
 Evitar a construção de fossas sépticas próximas a poços e nascentes de rios, 
a fim de não comprometer o lençol d’água que alimenta fontes de consumo de água; 
 Respeitar a distância mínima de 15 metros entre o poço e a fossa do tipo seca, 
e de 45 metros para os demais focos de contaminação, como: chiqueiros, estábulos, 
valões, galerias de infiltração e outros; 
 Não tomar banho ou brincar perto de valões, chafarizes, enchentes ou 
próximo a locais em que haja esgoto a céu aberto; 
Para evitar a infecção pelas hepatites B, C e D, orientar as pessoas a adotarem 
as seguintes precauções (BRASIL, 2020): 
 Realizar o esquema completo da vacina contra a hepatite B, que geralmente 
é feito com a aplicação de três doses no intervalo de 0, 1 e 6 meses. As pessoas que 
apresentam a documentação com esquema incompleto podem completar o esquema 
já iniciado; 
 Evitar contato com sangue e outros fluidos contaminados; 
 Usar camisinha em todas as relações sexuais; 
 Exigir material esterilizado ou descartável nos consultórios médicos e 
odontológicos, e na realização de acupuntura; 
 Exigir material esterilizado ou descartável nas barbearias e nos salões de 
manicure/pedicure. Para evitar o uso compartilhado de material perfurocortante, o 
ideal é que cada pessoa leve o seu kit com: tesoura, alicate, cortador de unha, lixa de 
unha, lixa de pé, empurrador/espátula, escova e toalha; 
 Procurar estúdios de tatuagem e estabelecimentos de estética que sigam as 
normas de segurança; 
 Exigir material esterilizado ou descartável para realização de tatuagens e 
colocação de piercings e brincos; 
 
24 
 
 Exigir que o estabelecimento tome o necessário cuidado para que as tintas 
não estejam contaminadas. Para isso, existem técnicas de utilização individual de 
tintas; 
 Não compartilhar escova de dente, lâminas de barbear ou de depilar, ou 
qualquer objeto perfurocortante; 
 Não compartilhar objetos para o uso de drogas (agulhas, seringas, cachimbos 
ou canudos); 
 Buscar atendimento médico ao apresentar qualquer sinal ou sintoma da 
doença, ou em caso de exposição a alguma situação de transmissão das hepatites 
virais. 
Tratamento da hepatite aguda 
Ainda que as hepatites B, C e D possam se manifestar de forma aguda, há 
maior relevância de casos agudos quando se trata de infecções pelos vírus A e E. O 
uso de medicamentos para vômitos e febre pode ser realizado quando recomendado 
pelo médico. Entretanto, faz-se necessária a máxima atenção quanto às medicações 
utilizadas. Os medicamentos não devem ser administrados sem recomendação 
médica, para não agravar o dano no fígado. O repouso é considerado uma medida 
adequada. Como norma geral, recomenda-se que seja orientado pelo médico, pois o 
tempo de repouso depende de exames que mostrem a melhoria do dano no fígado, 
liberando-se progressivamente o paciente para retorno às atividades cotidianas 
(BRASIL, 2020). 
A dieta pobre em gordura e rica em carboidratos é de uso popular; porém, seu 
maior benefício decorre do fato de ser mais agradável para a pessoa que apresenta 
perda de apetite. De forma prática, recomenda-se que a dieta seja definida em 
conjunto com a própria pessoa, de acordo com a sua aceitação alimentar. A única 
restrição está relacionada à ingestão de álcool, que deve ser suspensa por seis meses 
no mínimo e, preferencialmente, por um ano. Nas hepatites agudas, o 
acompanhamento clínico é fundamental e os intervalos das consultas devem ser 
definidos pelo médico (BRASIL, 2020). 
 
Tratamento da hepatite crônica 
É importante que, na Atenção Primária, os profissionais estejam atentos para 
identificar possíveis portadores de hepatites crônicas, com destaque para a infecção 
pelos vírus B, C e D. O diagnóstico precoce minimiza as chances de progressão de 
 
25 
 
hepatite crônica para cirrose ou câncer de fígado. A decisão para o tratamento 
depende da análise do estado geral do paciente e de exames específicos, com base 
em protocolos clínicos publicados pelo Ministério da Saúde. Para as hepatites B e D, 
está prevista a oferta de medicamentos de uso crônico no SUS, que podem controlar 
essas infecções, diminuindo as chances de evolução para cirrose e câncer (BRASIL, 
2020). 
Geralmente, o tratamento dessas hepatites é feito na Atenção Especializada. 
Dessa forma, quando os casos forem identificados na Atenção Primária, deve-se 
proceder ao encaminhamento para os serviços adequados. No que se refere à 
hepatite C, o SUS disponibiliza medicamentos de última geração, que curam mais de 
95% dos casos. Quanto mais precoce o diagnóstico, maiores as chances de a infecção 
não evoluir para cirrose e câncer. Nos últimos anos, os medicamentos utilizados para 
tratar a hepatite C tiveram avanços significativos, tornando-se muito mais seguros e 
eficazes, com expressiva redução na duração do tratamento. Essa evolução permite 
que os pacientes que não apresentam complicações possam ser tratados pelos 
profissionais da Atenção Primária à Saúde (BRASIL, 2020). 
7 INFECÇÃO URINÁRIA 
 
Fonte: escolakids.uol.com.br 
A infecção do Trato Urinário (ITU) está entre as doenças infecciosas de 
maior prevalência no mundo perdendo apenas para as respiratórias, e envolve 
todas as faixas etárias. As ITU’s podem ser definidas como uma infecção 
 
26 
 
causada por agentes patogênicos ou não, que geram, por consequência, 
um intenso processo inflamatório (COSTA et al., 2010; BRASIL, 2017). 
Alguns fatores podem estar relacionados com a origem da ITU, como o 
comprimento da uretra a vida sexualmente ativa, o uso de contraceptivo e 
espermicida, a menopausa (alterações hormonais), bloqueio o trato urinário (pedra 
nos rins e aumento da próstata), alguma deficiência no sistema imunológico ou 
a utilização de cateter ou sonda, assim como a deficiência de higiene dos pacientes 
com ITU, as falhas relacionadas à prescrição de antibióticos e a interrupção do 
tratamento, colaboram com a recorrência da mesma (PESSOA DE ASSIS et al., 
2019). 
A infecção urinária pode ser assintomática ou sintomática, e dentre os 
sintomas mais comuns podem ser citados: ardência forte ao urinar, frequência 
elevada de micções, urina de cor escura podendo vir acompanhada de sangue e/ou 
odor forte, dor pélvica e dor no reto variando de acordo com o tipo de infecção 
(LIMA; ASSIS; CUSTÓDEO, 2013). 
As infecções urinárias podem ser divididas em: infecções graves/altas e 
não complicadas ou infecções baixas. As infecções altas apresentam maior risco de 
falha terapêutica, ocorrem na parte superior do trato urinário, como a pielonefrite. 
As cistites, não causam danos tão severos, pois estão associadas ao trato 
urinário inferior, demostrando assim menor risco (MATA et al., 2005 apud PESSOA 
DE ASSIS et al., 2019). 
As infecções urinárias podem ser agrupadas em quatro entidades clínicas, 
sendo inter-relacionadas, de acordo com a localização da infecção em bacteriúria 
assintomática (urina), uretrite (infecção na uretra), cistite (infecção na bexiga) e 
pielonefrite (infecção nos rins) (COSTA et al., 2010).As ITUs quando alcançam um 
estágio avançando podem resultar na perda da função renal, trazendo 
sequelas permanentes, assim como aumentam os riscos a partos prematuros 
(BERALDO-MASSOL et al., 2012; SILVA, 2012). 
Dentre as complicações há de se destacar a septicemia que ocorre 
principalmente idosos e crianças, podendo estar associada a várias condições clínicas 
como bacteriúriaassintomática, cistite, pielonefrite, prostatite, abscesso renal e peri-
renal (PESSOA DE ASSIS et al., 2019). 
O diagnóstico pode ser confirmado somente através da urocultura, 
considerada padrão ouro. Entretanto em muitos casos os médicos não solicitam 
 
27 
 
a urocultura assim como o teste de sensibilidade aos antimicrobianos, e 
prescrevem a antibioticoterapia a partir dos exames clínicos e dos resultados da 
urinálise, pela interpretação dos elementos anormais e sedimentos (EAS) 
(SOARES; NISHI; WAGNER, 2006; BRASIL, 2017). 
As infecções urinárias são causadas por diversos microorganismos tais como 
fungos e bactérias, porém os mais prevalentes são as bactérias Gram negativas, 
sendo a Escherichia coli o microorganismo invasor mais comum, sendo isolada em 
cerca de 70 a 90% das infecções agudas de origem bacteriana. Porém, outras também 
podem estar associadas às ITUs, destacando-se Pseudomonas sp., Proteus 
sp., Klebsiella pneumoniae, Enterobacter sp., Streptococcus sp., e Proteus 
sp., e Staphylococcus saprophyticus, sendo esta última a segunda causa mais 
frequente desta infecção (PESSOA DE ASSIS et al., 2019). 
A Escherichia coli é uma bactéria que é prevalente na microbiota 
intestinal, podendo também colonizar a mucosa genital. Em determinadas 
situações pode penetrar no sistema urinário, através do canal uretral, aderir 
e colonizar a mucosa urogenital (utilizando fímbrias e adesinas). Ela é capaz de 
resistir à eliminação pelo fluxo urinário causando uma bacteriúria acentuada 
(FERNANDES et al., 2015). 
Os principais antibióticos de origem natural utilizados para tratamento 
clinico, são classificados em β-lactâmicos, Tretraciclinas aminoglicosideos, 
macrolideos, peptídicos, cíclicos, estreptograminas entre outros. Para os de origem 
sintética podem-se apontar os sulfonamidas, fluoroquinolonas e oxazolidinonas. Cada 
composto possui mecanismo de ação distinto, atuando em diversas etapas da 
replicação ou na estrutura bacteriana (GUIMARÃES; MOMESSO; PUPO, 2010). 
 
28 
 
8 INFECÇÕES POR PSEUDOMONAS AERUGINOSA 
 
Fonte: pt.nextews.com 
Pseudomonas aeruginosa é um bacilo gram-negativa aeróbica (ROCHA et al., 
2019). Apesar da sua ampla distribuição no ambiente, esta raramente coloniza seres 
humanos. Em contrapartida, a chance de colonização aumenta consideravelmente em 
pacientes hospitalizados. Sendo assim, esta bactéria é considerada um patógeno 
oportunista, o qual mais de 70% das infecções por P. aeruginosa ocorrem com 
infecções nosocomiais ou associadas à saúde (TUO; GORTZ; ROCHA, 2012), 
sobretudo em pacientes queimados imunossuprimidos, pessoas com fibrose cística e 
usuários de Unidades de Terapia Intensiva (UTI) (OSSA-GIRALDO, 2014). 
A P. aeruginosa pode causar pneumonia, infecções do trato urinário, e 
bacteremias, bem como alta morbidade e mortalidade em pacientes com fibrose 
cística, em detrimento de infecções crônicas que acarretam danos ao nível pulmonar 
e insuficiência respiratória (OCHOA et al., 2013). 
A importância clínica da infecção por P. aeruginosa caracteriza-se pela 
expressão de múltipla resistência a antibacterianos associada a uma difícil 
erradicação da doença, com elevados índices de morbidade e mortalidade. Esse 
microrganismo pode apresentar resistência natural ou adquirida (NEVES et al., 2011). 
Dessa forma, a resistência intrínseca tem maior expressão de resistência aos agentes 
antimicrobianos devido à redução da permeabilidade de sua membrana externa, à 
expressão constitutiva de várias bombas de ejeção e à produção de enzimas que 
 
29 
 
inativam antibióticos (LUJAN ROCA, 2014) e a capacidade de adquirir resistência por 
mutação e transferência horizontal (FARHAN et al., 2019). 
Cortes e colaboradores (2009) observaram que o ambiente hospitalar é 
propício para a aquisição de infecções bacterianas, e que pacientes submetidos à 
ventilação mecânica desenvolveram infecções hospitalares, como por P. aeruginosa, 
por exemplo, além disso, as cepas isoladas apresentaram resistência aos antibióticos. 
Hoang e colaboradores (2018) obtiveram uma observação similar, em sua 
avaliação de pacientes recém hospitalizados, estes adquiriram infecção por P. 
aeruginosa em 70% dos casos através da ventilação mecânica e 90% dos casos 
através da ventilação na admissão. A colonização apresentou-se significativamente 
crescente com a prescrição de antibiótico inativo caracterizado como fator de risco 
juntamente com a contaminação da água da torneira do quarto dos pacientes, assim 
como o transporte e procedimentos invasivos. 
Gonçalves e colaboradores (2017) relataram que as infecções hospitalares 
causadas por P. aeroginosa eram resistentes a carbapenem. Dos fatores de riscos 
apresentados, a ventilação mecânica está classificada como o principal, em seguida, 
instrumentos de manuseio no paciente como tubos entéricos e nasogástricos, seguido 
de terapia inadequada e bacteremia primária com foco desconhecido. Valderrama e 
colaboradores (2016) em busca da determinação dos fatores de risco para bacteremia 
causada por P. aeruginosa de cepas resistentes ao carbapenem, em pacientes 
hospitalizados, definiu-os de acordo com a significância estatística encontrada, sendo 
os mais relevantes: internação, tempo de uso de antibióticos, uso prévio de 
meropenem, ciprofloxacino ou cefepime, cirurgia, nutrição prévia e parenteral. 
Outros fatores de riscos também foram pesquisados em trabalhos como de 
Harris e colaboradores (2017), que em concordância com outras literaturas, averiguou 
o aumento da idade como um fator de risco, o que pode ser biologicamente justificado 
pela fragilidade do indivíduo colocando-o em exposição a diversas infecções. No 
entanto, para a análise dos fatores de riscos que envolvem anemia e doenças 
neurológicas apesar de serem relevantes para aquisição de infecções por P. 
aeruginosa, não houve relatos que esclarecessem a relação dos mesmos. 
Para Tuon, Gortz e Rocha (2012) não houve diferença significativa em relação 
ao aumento da idade com infecções, bem como, o tempo de internação do paciente. 
Verifica-se que doenças hematológicas são importantes na aquisição de infecções por 
P. aeruginosa, bem como maior permanência no hospital antes da administração de 
 
30 
 
carbapenem, neutropenia persistente durante o tratamento, uso de 
imunossupressores e colonização prévia por microrganismos (LEE, et al., 2016). 
9 TUBERCULOSE 
 
Fonte: glbimg.com 
A tuberculose é uma das doenças mais antigas da humanidade. O 
Mycobacterium tem origem estimada em 150 milhões de anos, tendo provavelmente, 
durante o período de contato humano, matado mais pessoas do que qualquer outro 
microrganismo patogênico. Há registros da doença em múmias egípcias, em trechos 
de livros hebraicos bíblicos, em antigos escritos chineses, e em estudos de Hipócrates 
na Grécia antiga, revelando a presença letal do patógeno nas principais civilizações. 
A tuberculose, em seus primórdios, deve ter atingido inicialmente animais, através de 
uma variante que antecedeu o Mycobaterium bovis. A zoonose provavelmente se 
disseminou pelo consumo humano de carne ou leite contaminado. Aos poucos, novas 
linhagens mutantes, de localização pulmonar e melhor transmissão aerógena, 
associada a uma menor virulência, facilitando a disseminação do patógeno, 
conseguiram firmar-se como parasitas importantes da espécie humana (VERONESI; 
FOCACCIA, 2010). 
A disseminação da doença pelas Américas decorreu do contato com 
navegantes europeus, na época das grandes navegações. A prova bacteriológica 
mais antiga sobre a presença do patógeno nas Américas remonta a 1.100 AC, em 
uma índia inca, possuidora de sinais clínicos e bacilos preservados em seu corpo 
 
31 
 
mumificado pelas condições ambientais ondehavia sido sepultada. Muito embora o 
M. tuberculosis e o M. bovis já existissem entre os povos pré-colombianos, foi o 
contato prolongado com exploradores europeus o fator disseminador da doença. 
Entretanto, somente mais tarde, no século XX, com a urbanização experimentada 
pelos países americanos, é que realmente houve a explosão epidêmica da 
tuberculose em todo o continente, inclusive no Brasil (KOZAKEVICH; SILVA, 2016). 
A tuberculose é uma doença infecciosa, causada pelo Mycobacterium 
tuberculosis, que compromete principalmente os pulmões, podendo, entretanto, 
manifestar-se clinicamente de inúmeras maneiras e em diversos órgãos. O agente é 
uma forma de transição entre eubactérias e actinomicetos, sendo constituído por 
bacilos imóveis, não capsulados, não esporulados, e não formadores de colônias, de 
dimensões variando entre 0,2 e 0,6 por 1 a 10 micras. Formam agrupamentos 
característicos de ramos alongados e tortuosos, conhecidos como cordas, 
característica importante para a visualização e diferenciação do bacilo em análises 
microscópicas (VERONESI; FOCACCIA, 2010). 
Apresenta um tempo de geração variando de três horas, para espécies de 
crescimento rápido, e 18 horas para espécies de crescimento lento, característica 
devida ao alto teor de lipídios presente em suas cápsulas. O patógeno cresce 
lentamente, tendo seu metabolismo voltado especialmente para a construção da 
cápusla que o protege de agentes químicos, podendo sobreviver durante semanas ou 
meses sobre objetos inanimados. Entretanto, é facilmente destruído por agentes 
físicos como calor, e raios ultravioleta dos raios solares e de radiações ionizantes. Sua 
resistência à dessecação, à ação de álcool, ácidos e antimicrobianos, se estabelece 
em virtude da constituição de sua parede, organizada por ácidos micólicos e lipídios, 
formando uma barreira hidrofóbica resistente. Por outro lado, a presença de alto teor 
lipídico da membrana, proporciona efeitos biológicos importantes, tais como a 
propriedade do patógeno na indução da formação de granulomas nos tecidos 
infectados (VERONESI; FOCACCIA, 2010). 
De metabolismo aeróbico, tem tempo de duplicação em 18 a 48 horas, sendo 
um parasita intracelular facultativo, com preferência pela infecção de macrófagos. 
Pode permanecer em estado de dormência sem se dividir, dificultando a erradicação 
da doença e propiciando, clinicamente, a recidiva de infecções antigas subclínicas. 
Considerado como o protótipo do M. tuberculosis complex, o M. tuberculosis 
faz parte de uma família composta ainda pelo M. bovis, M. microti, M. africanum e M. 
 
32 
 
canetti, fenotipicamente e genotipicamente similares, compartilhando cerca de 99% 
de seus genes, e marcados pela presença nos genomas do fragmento IS6110 
(VERONESI; FOCACCIA, 2010). Outras espécies de micobactérias, não pertencentes 
ao complexo do M. tuberculosis, são responsáveis por 10 a 30% das linhagens 
isoladas em laboratório, constituindo um grupo extremamente heterogêneo e de difícil 
caracterização, com diferentes níveis de patogenicidade, sendo as linhagens mais 
importantes constituídas pelo M. leprae, M. avium, M. kansassi, M. gordonae, M. 
fortuitum, M. chelonae, M. kansasii e M. scrofulaceum (VERONESI; FOCACCIA, 
2010). 
M. tuberculosis não é encontrado livre na natureza, sendo transmitido 
principalmente por via aerógena. Sua infecção possui baixa morbidade, o que, aliado 
a seu crescimento lento, proporciona uma manifestação patológica de curso lento e 
crônico em indivíduos de baixa imunidade. Tem preferência pela colonização dos 
pulmões, já que sendo um aeróbico estrito encontra neste órgão melhores condições 
de crescimento e transmissão. Durante a infecção, o bacilo é exposto a diversos 
contextos ambientais, dependendo do estágio e da severidade da doença, possuindo 
a capacidade de sobreviver em situações extremamente hostis para outras bactérias, 
como dentro do fagossomo de macrófagos (VERONESI; FOCACCIA, 2010). 
9.1 Epidemiologia 
A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que um terço da população 
mundial esteja infectada pelo M. tuberculosis. Neste contexto, 8 a 10 milhões 
desenvolverão a doença durante a vida, sendo que cerca da metade apresentará 
formas contagiantes. O número de novos casos é estimado em cerca de 8,7 milhões, 
sendo 80% concentrado em 22 países subdesenvolvidos, dentre eles o Brasil. O 
quadro completa-se com três milhões de óbitos conhecidos e determinados, 
anualmente, levando a OMS a estabelecer o cenário da tuberculose mundial em 1993 
como de emergência global, sendo considerado um “desastre da saúde pública” 
(BRASIL, 2008). 
As principais causas de morte no mundo, atualmente, no grupo etário de 15 a 
44 anos são, entre os homens, os acidentes de trânsito, em primeiro lugar, seguidos 
pela tuberculose, violência e suicídio. Entre as mulheres, a tuberculose está em 
primeiro lugar, matando mais que suicídio, guerras e hemorragias pós-parto. Em 
 
33 
 
países em desenvolvimento, a tuberculose mata mais que todas as outras doenças 
infectocontagiosas juntas, incluindo a Aids. Tudo isso se agrava ainda mais pela 
perspectiva de que, caso o cenário mundial da doença não se reverta, teme-se que 
até 2020, um bilhão de pessoas sejam infectadas, 200 milhões adoeçam, e 35 milhões 
possam morrer em decorrência da doença (VERONESI; FOCACCIA, 2010). 
No Brasil, o Ministério da Saúde estima anualmente uma prevalência de 58 
casos/100.000 habitantes, com cerca de 111.000 casos novos, um coeficiente de 
incidência de 47,2/100.000 e 6.000 óbitos, com maior concentração entre as faixas 
etárias entre 20 e 49 anos. Esses números variam de acordo com os diferentes 
estados da União, onde os valores de incidências varim de 29,6/100.000 na região 
Centro-Oeste, para 53,1/100.000 nas regiões Nordeste e Sudeste. Nesse cenário, ao 
considerar os números de taxa de incidência por 100.000 habitantes, o Brasil 
encontra-se ranqueado na 92º posição mundial, entretanto, há uma clara tendência 
de diminuição dos níveis de incidência no país durante o decorrer destas últimas 
décadas, com queda dos números de 53/100.000 em 1990 para 48/100.000 no ano 
de 2002. (VERONESI; FOCACCIA, 2010). 
9.2 Transmissão 
A fonte da infecção habitual tem origem no indivíduo com a forma pulmonar da 
tuberculose. A capacidade do bacilo de ser transmitido para outra pessoa é 
consequência do estado bacilífero do caso índice, e da intensidade do contato em 
termos de proximidade, tempo, continuidade da exposição, e do contexto favorável do 
ambiente onde ele ocorre. Estima-se, por exemplo, que o tempo de exposição 
necessário para uma infecção bem sucedida seja entre 100 e 200 horas, dependendo 
da intensidade e da proximidade do contato (VERONESI; FOCACCIA, 2010). 
Calcula-se que durante um ano, em uma comunidade, uma fonte de infecção 
poderá infectar em média até 15 pessoas. A fala, o espirro, e principalmente a tosse, 
lançam no ar gotículas contaminadas denominadas gotículas de Flügge. As mais 
pesadas se depositam rapidamente no ambiente, enquanto as mais leves 
permanecem em suspensão no ar. Somente as gotículas desidratadas, com diâmetro 
de até 5 micra, contendo 1 a 2 bacilos em suspensão, podem atingir os bronquíolos e 
alvéolos pulmonares, iniciando assim o processo infeccioso. As partículas infectantes 
são denominadas núcleos de Weels. As partículas médias são, em sua maioria, 
 
34 
 
retidas pela mucosa do trato respiratório superior e removidas dos brônquios através 
do mecanismo muco-ciliar. Os bacilos assim removidos são deglutidos, inativados 
pelo suco gástrico e eliminados nas fezes. Já as partículas menores alcançam os 
alvéolos, onde o germe se implanta. Os patógenos depositados no ambiente 
normalmente se dispersam em aerossóis, não desempenhando papel importante na 
transmissão da doença (BRAUNWALD et al., 2013). 
As características da tosse e do indivíduo que expectora, interferemnas 
relações de comunicabilidade do bacilo entre o foco de transmissão, e o contato 
exposto. Pacientes apresentando melhor estado geral e nutricional tendem a 
apresentar tosse mais vigorosa, com maior poder de dispersão de partículas 
bacilíferas de maior capacidade de transmissão. A transmissão também é influenciada 
pelas propriedades físico-químicas da expectoração, tais como espessura e 
aderência. Ainda nesse contexto, observa-se que a vigência de tratamento interfere 
no contágio. Caso o paciente não apresente história de tratamento anterior ou outros 
riscos conhecidos de resistência, considera-se que após 15 dias de tratamento, 
havendo melhora do quadro clínico, o paciente passa a ser considerado como não 
infectante. Entretanto, visto a existência de bacilos resistentes às drogas de primeira 
escolha, é recomendado que a não infectividade do paciente em tratamento seja 
comprovada pelo status de paucibacilífero através da baciloscopia negativa do 
escarro (BRASIL, 2011). 
9.3 Quadro clínico e diagnóstico 
A tuberculose normalmente se apresenta como uma doença de curso 
subagudo ou crônico, proporcionando manifestações de sintomatologia indolente, de 
intensidade crescente, com períodos de remissão e bem estar. Logo, é comum a 
demora na procura por assistência médica, com 66% dos acometidos levando uma 
média de três meses para entrarem em contato com algum serviço de saúde. Dentre 
a diversidade sintomatológica que pode ser manifestada durante a infecção, certos 
sinais e sintomas são mais comumente referidos pelo paciente, e observado pelos 
cuidadores. Logo, quadros envolvendo tosse, hemoptise, dispneia, dor torácica, 
rouquidão, febre, sudorese, perda ponderal, são parte importante e clássica da imensa 
gama de manifestações possíveis. É fundamental lembrar, entretanto, que pode existir 
ampla sintomatologia inespecífica da doença, dependente do órgão acometido pelo 
 
35 
 
bacilo. A tosse está presente em praticamente todos os pacientes, resultando do 
estímulo inflamatório alveolar ou comprometimento granulomatoso das vias aéreas. 
Inicialmente apresenta-se como tosse seca, evoluindo para produtiva com 
expectoração mucosa ou purulenta, geralmente em pequena quantidade, e 
ocasionalmente associada à hemoptise. É fundamental suspeitar do diagnóstico da 
tuberculose em pacientes que apresentarem tosse produtiva persistente por período 
maior que três semanas. (VERONESI; FOCACCIA, 2010). 
A hemoptise não é uma sintomatologia obrigatoriamente presente, podendo se 
manifestar como estrias sanguíneas misturadas ao escarro (hemoptoicos) ou como 
hemoptise maciça, geralmente rara e associada à existência de aneurismas de 
Rasmussen. É possível, por outro lado, que a hemoptise ocorra até mesmo em 
pequenas lesões, podendo eventualmente ser a sintomatologia de deflagração da 
doença, durante a formação das cavidades parenquimatosas (VERONESI; 
FOCACCIA, 2010). 
A dispneia também é uma sintomatologia pouco comum, devido a aspectos 
específicos da fisiopatologia da ação do Mycobacterium no parênquima pulmonar. A 
destruição difusa do tecido pulmonar pelo processo inflamatório, envolvendo o 
ambiente alveolar e a vascularização adjacente, não provoca mudanças expressivas 
na relação de ventilação/perfusão local. A situação já toma outra configuração em 
inúmeros outros contextos específicos no desenvolvimento da doença. Atelectasias, 
grandes cavitações, o padrão miliar, as lesões de grande acometimento inflamatório 
agudo, o desenvolvimento de pneumotórax, derrame pleural, e as lesões avançadas 
da doença, em consequência ao padrão fibrótico restritivo estabelecido, estabelecem 
a dispneia como manifestação importante do quadro (VERONESI; FOCACCIA, 2010). 
A dor torácica está relacionada ao acometimento pleural. Pode ocorrer já no 
início do adoecimento do indivíduo, devido à proximidade do alvéolo, sítio inicial de 
acometimento infeccioso, à superfície pleural. 
9.4 Isolamento de pacientes com suspeita ou diagnóstico de tuberculose 
Nos casos de suspeita de tuberculose: 
 Tosse com expectoração há 3 semanas ou mais, ou 
 
36 
 
 Tosse produtiva há menos de 3 semanas porém com outros sintomas 
compatíveis e/ou história de contato domiciliar, ou 
 Quadro atípico em portador de imunodeficiência (AIDS, neoplasia, diabetes, 
etilismo). 
Conduta: 
 Precaução com aerossóis; 
 Pesquisa e cultura de BAAR no escarro ou suco gástrico (03 amostras em 
dias diferentes); 
 Se a baciloscopia (03 amostras) for negativa, suspender o isolamento; 
 Quando em tratamento, suspender o isolamento após 3 amostras de BAAR – 
pesquisa direta - forem negativas e colhidas após 2 semanas de tratamento 
específico. 
Medidas (vide quadro de precauções com aerossóis): 
 O paciente deve usar máscara cirúrgica para sair do quarto para exames; 
 O funcionário deve usar máscara N95 para entrar no quarto de isolamento; 
 Fazer coorte ou quarto individual se não houver suspeita de tuberculose 
multirresistente, se paciente com tuberculose multirresistente quarto individual. 
Visitantes e acompanhantes: 
 Usar máscara cirúrgica; 
 Recomenda-se a proibição da presença de acompanhantes de pacientes 
bacilíferos; 
 A visita é restrita aos horários do serviço, sendo liberada nas situações 
especiais, as quais devem ser discutidas com a equipe de saúde e o SCIH.29 
 A presença de acompanhantes de pacientes bacilíferos serão definidos com 
a equipe interdisciplinar (enfermagem, serviço social, médico) e o SCIH, 
considerando-se riscos e gravidade do paciente. 
 
37 
 
10 SARAMPO 
 
Fonte: googleusercontent.com 
O sarampo é uma doença febril exantematosa aguda, altamente transmissível, 
causada por vírus da família Paramyxoviridae do gênero Morbillivirus. É uma das 
infecções clássicas da infância, de distribuição global, sem predileção por raça ou 
gênero. O vírus do sarampo tem oito classes (A-H), que podem ser subdivididas em 
24 genótipos. A distribuição de cada genótipo é contínua e geograficamente modelada 
(OPAS, 2019). 
A transmissão ocorre de pessoa a pessoa, por secreções nasofaríngeas 
expelidas na fala, tosse, espirro ou respiração. O vírus pode ser transmitido quatro a 
seis dias antes ou quatro dias depois do surgimento do exantema. Embora possa 
acometer recém-nascidos de mães suscetíveis, o sarampo é relativamente raro nos 
primeiros seis meses, graças à transferência transplacentária de anticorpos maternos 
(BRASIL, 2017). 
O sarampo representa uma importante causa de hospitalização, morbidade e 
mortalidade na infância; o desfecho fatal está intimamente relacionado com grau de 
desenvolvimento socioeconômico dos indivíduos afetados, padrões de higiene, 
nutrição e cuidados de saúde apropriados. Um problema mundial decisivo na 
eliminação dessa doença é a inabilidade de imunizar a população inteira. Portanto, 
indivíduos que são suscetíveis ao vírus podem transmitir a doença e causar um surto 
regional (BRASIL, 2017). 
 
38 
 
Desde o advento da vacinação, a doença tem-se tornado rara na América do 
Norte e em muitos países desenvolvidos. De modo geral, o número de casos 
reportados de sarampo diminuiu de 146 casos por milhão em 2000 para 36 casos por 
milhão em 2015. Nos EUA, a incidência anual de sarampo foi 2,06 e 0,08 por milhão 
de habitantes em 2001 e 2015, respectivamente. Atualmente, o sarampo em países 
desenvolvidos é principalmente resultado de casos importados de lugares onde a 
doença é endêmica e quase exclusivamente em indivíduos que não são vacinados ou 
que têm um esquema de vacinação incompleto. Por exemplo, houve um surto de 
sarampo em Okinawa, Japão, em março de 2018. Acredita-se que o vírus tenha 
entrado no território japonês por intermédio de imigrantes tailandeses (BRASIL, 2014). 
10.1 Manifestações clínicas 
O sarampo tem fases distintas: a de incubação, a prodrômica e a exantemática. 
Sua transmissão é possível cinco dias antese quatro dias depois do surgimento do 
exantema, e mais de 90% das pessoas expostas desenvolverão a doença. A fase de 
incubação dura 10-14 dias e é geralmente assintomática, quando há viremia após 
transmissão respiratória, seguida de replicação viral. A fase prodrômica dura 2-8 dias, 
com a presença de sintomas não específicos, como febre, mal-estar, tosse, coriza e 
conjuntivite. Em alguns pacientes, os sinais de Koplik aparecem 24-48 horas antes do 
surgimento do exantema (MOSS, 2017). 
O exantema maculopapular emerge na fase exantemática, inicialmente na face, 
espalhando-se para o tronco e extremidades 3-4 dias após o início da febre, com 
duração de cerca de três dias. A melhora clínica ocorre em aproximadamente uma 
semana em casos não complicados. Crianças com imunodeficiências celulares, como 
os portadores de vírus da imunodeficiência humana (HIV), podem não desenvolver o 
exantema característico, ou este pode aparecer com atraso (WHO, 2017). 
O sarampo pode apresentar complicações comuns, principalmente pneumonia 
primária ou secundária, especialmente em jovens malnutridos e imunocomprometidos 
e em crianças com deficiência de vitamina A. Outras complicações são otite média, 
ceratoconjuntivite e diarreia (MOSS, 2017). 
Como forma de complicação mais rara e mais séria, temos a encefalomielite 
aguda disseminada, na qual o paciente pode apresentar febre, dor de cabeça, ataxia 
e convulsões com evidências nas imagens de ressonância magnética (RM), 
 
39 
 
mostrando lesões na substância branca, às vezes tálamo, gânglios da base e tronco 
encefálico. Outra complicação é a panencefalite subaguda esclerosante, que pode 
ocorrer meses ou anos depois do quadro inicial de sarampo, com piora progressiva 
das funções motora e cognitiva, convulsões e até morte. Em indivíduos 
imunocomprometidos, uma complicação rara que pode ocorrer é a encefalite de 
corpos de inclusão por sarampo, na qual o paciente pode se apresentar com estado 
mental alterado, convulsões, epilepsia focal, perda auditiva, cegueira momentânea, 
além de progredir para coma e morte (GRIFFIN, 2014). 
A definição clínica de sarampo (exantema maculopapular, febre, associada a 
coriza, conjuntivite ou tosse) apresenta alta sensibilidade (entre 75% e 90%), mas 
possui baixo valor preditivo quando a incidência do sarampo é baixa, indicando a 
importância de métodos que confirmem um caso quando não há muitos novos casos 
(MOSS, 2017). 
11 VARICELA 
A varicela é uma doença infecciosa muito contagiosa e de relevância mundial. 
Anualmente, gera cerca de 4,2 milhões de internações por complicações graves no 
mundo. No Brasil, entre 2012 e 2017, foram notificados 602.136 casos e registradas 
38.612 internações relacionadas à doença, acometendo sobretudo a faixa etária de 
um a quatro anos. Decorrente da infecção primária pelo vírus varicela-zóster (VVZ), a 
varicela manifesta-se por lesões cutâneas e mucosas associadas a sinais e a 
sintomas sistêmicos inespecíficos (BRASIL, 2019). 
As lesões são pruriginosas, com distribuição centrípeta e polimorfismo regional. 
Inicialmente, surgem máculas; estas se transformam em pápulas, em vesículas e, 
posteriormente, em crostas. O diagnóstico é clínico (BEREZIN; FELDMAN, 2015). A 
confirmação ocorre por isolamento viral em cultura ou por reação em cadeia de 
polímeras (WHITLEY, 2017). Apesar de geralmente ser benigna, a varicela pode 
cursar com complicações de morbidade e de mortalidade importantes. Esses casos 
são mais comuns em menores de um ano de idade, desnutridos e imunodeprimidos. 
(BEREZIN; FELDMAN, 2015). 
A infecção secundária da pele por bactérias piogênicas (Streptococcus 
pyogenes, Staphylococcus aureus) é a complicação mais observada (EUROPEAN 
 
40 
 
CENTRE FOR DISEASE PREVENTION AND CONTROL, 2015). Esse tipo de 
infecção oferece ao paciente o risco de sepse e de infecções focais, como a 
pneumonia. O risco de desenvolver complicações viscerais é maior em 
imunodeprimidos (30–50%), com 15% de letalidade na ausência de tratamento 
(WHITLEY, 2017). Em crianças, as complicações associadas ao sistema nervoso 
central (SNC) constituem a segunda maior causa de internação por varicela 
(BEREZIN; FELDMAN, 2015). Outras complicações incluem: miocardite, nefrite, 
artrite, síndrome de Reye, hepatite e lesões oftalmológicas (WHITLEY, 2017). 
O uso de vacinas é adotado em muitos países como estratégia fundamental 
para profilaxia da varicela. A vacina contra a varicela foi desenvolvida por Takahashi, 
em 1974, sendo composta de vírus atenuados, feitos da cepa Oka (HIROSE et al., 
2016). A soroconversão com uma dose vacinal varia de 85 a 100% nas crianças 
previamente saudáveis entre 12 meses e 12 anos (EUROPEAN CENTRE FOR 
DISEASE PREVENTION AND CONTROL, 2015). 
O Ministério da Saúde, por meio do Programa Nacional de Imunizações (PNI), 
implantou a vacina contra a varicela no Calendário Nacional de Vacinação em 
setembro de 2013. Essa vacina é utilizada, juntamente com as vacinas contra 
sarampo, rubéola e caxumba, na vacina tetraviral. A criança recebe a vacina tríplice 
viral (sarampo, rubéola, caxumba) aos 12 meses e a tetraviral aos 15 meses de idade. 
A partir de 2018, a segunda dose da vacina contra varicela passou a ser administrada 
aos quatro anos (BRASIL, 2019). Porém, durante o período avaliado neste estudo, a 
vacina era disponibilizada apenas para a faixa etária de 15 a 24 meses incompletos, 
em dose única (BRASIL, 2013). 
A vacinação contra a varicela modificou drasticamente a epidemiologia da 
infecção, reduzindo a sua incidência em comunidades sentinela (WHITLEY, 2017). 
Publicações nacionais e internacionais relatam que o uso da vacina tem gerado 
impacto favorável, incluindo: diminuição de internações, de desfechos graves e de 
despesas hospitalares e proteção de rebanho de não imunizados. (HIROSE et al., 
2016). Em estudo realizado no Brasil, verificou-se redução de 37,9% com despesas 
hospitalares após três anos da introdução da vacina e espera-se que essa economia 
chegue a 80% em 30 anos (SCOTTA et al, 2018). No Brasil, apenas casos graves 
internados e óbito por varicela são de notificação compulsória (BRASIL, 2019). 
Portanto, os trabalhos para avaliar a variação da incidência da doença após a 
introdução da vacina devem se basear principalmente em dados hospitalares. 
 
41 
 
11.1 Tratamento da varicela 
A maioria das crianças apresenta evolução autolimitada e benigna, não 
requerendo tratamento específico para a doença. O uso de antivirais como aciclovir 
está indicado nos imunossuprimidos, na varicela intrauterina e nas complicações 
relacionadas ao vírus, como encefalite, acometimento ocular e pneumonite. Ao longo 
das últimas décadas a medicação passou a ser indicada para adolescentes e adultos 
com varicela, para pacientes com dermatite crônica ou cardiopatia, para usuários de 
corticosteróides inalatórios ou salicilatos e em casos secundários no domicílio, tendo 
como objetivo a redução da chance de evoluir para formas graves e para evitar 
complicações. Um estudo de revisão foi publicado por Klassen e colaboradores em 
2005 com objetivo de avaliar a ação do aciclovir na redução dos sintomas e da 
duração da varicela, além de analisar possíveis complicações da doença relacionadas 
ao uso da medicação e os efeitos adversos (HIROSE, 2018). 
Medidas: 
 O paciente deve usar máscara cirúrgica para sair do quarto (consultório) para 
exames; 
 O profissional deve usar máscara PFF2 no atendimento; 
 Manter o paciente em quarto (consultório) isolado, com janela aberta e porta 
fechada, caso não seja possível, oferecer uma máscara cirúrgica e manter na sala de 
espera o mínimo possível até resultado dos exames. 
 Evitar fazer inalação em sala comum. 
Visitantes e acompanhantes: 
 Usar máscara cirúrgica; 
A presença de acompanhantes de pacientes deve ser avaliada 
individualmente, considerando-se o estado de imunização dos mesmos; 


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