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APELAÇÃO 1

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 7ª VARA CÍVEL DA COMARCA DE GOIÂNIA/GO
PROTOCOLO n°: 200600408315
REQUERENTE : THAIS DE OLIVEIRA CARVALHO E OUTROS 
REQUERIDO : BRADESCO AUTO/RE CIA DE SEGUROS S/A E OUTROS
	BRADESCO AUTO/RE COMPANHIA DE SEGUROS, devidamente qualificada nos autos em epígrafe, por meio de seus advogados e procuradores, vem, a Vossa Excelência, nos termos dos arts. 724 e 1.009 do CPC, interpor 
RECURSO DE APELAÇÃO
C/C PEDIDO DE EFEITO SUSPENSIVO
	para o Egrégio Tribunal de Justiça do Estado de Goiás, consoante as razões fáticas e jurídicas declinadas a seguir, em face de decisão de fls. 762 e seguintes, que julgou procedentes os pedidos dos requerentes na ação de indenização em epígrafe.
	Observando que todas as formalidades foram cumpridas, requer que o presente recurso seja recebido, considerando-se os efeitos devolutivo e suspensivo, na forma da lei, e que seja juntado aos autos o substabelecimento em anexo para os fins de direito.
Requer também que os interessados sejam intimados para, querendo, apresentar contrarrazões ao presente recurso e, após, seja remetido o presente ao Egrégio Tribunal de Justiça do Estado de Goiás.
Goiânia/GO, 5 de junho de 2016.
Advogado
OAB/Go n° XXXX
RAZÕES DE APELAÇÃO
EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE GOIÁS
COLENDA CÂMARA
DOUTOS JULGADORES
 
1- DOS FATOS:
	Os requerentes propuseram ação de REPARAÇÃO DE DANOS em face dos requeridos, tendo o objetivo de pagamento de danos morais e materiais em decorrência da morte de Thiago Junio de Souza Carvalho, um dos seus genitores, em acidente de trânsito. Pelo fato dos autores serem menores de idade, estão sendo representados por seu mãe.
	Tal acidente ocorreu no dia 08/02/2013, quando o veículo VW GOL, de propriedade da empresa TRANSKOPPER Transportes Rodoviárias Ltda, e conduzido por Paulo Altair Rost, colidiu com o veículo SEAT/IBlZA onde estava Thiago, fazendo com que este perdesse o controle da direção. 
	Na inicial, os requerentes afirmaram que, à época do acidente, Thiago de Souza Carvalho trabalhava como eletricista, percebendo uma quantia mensal de R$1.050,00, fato comprovados pelos contracheques anexados. Desta quantia, asseguraram que 2/3 (dois terços) era destinado à subsistência da família. 
	No primeiro momento, esta recorrente alegou, em Contestação, a ilegitimidade passiva, visto que não possui vínculo de natureza contratual com os requerentes. Observa-se também que esta seguradora já havia sido condenada em outro processo, com sentença transitada em julgado, pelo sinistro da requerida TRANSKOPPER Transportes Rodoviárias Ltda.
	Na sentença, o douto juiz proferiu que não se deve desconsiderar a “intrínseca observância aos limites estabelecidos na apólice de seguro”, principalmente, no caso em tela, por haver inexistência do dolo.
		 Outrossim, a sentença julgou procedentes os pedidos de condenação solidária dos requeridos (incluindo esta seguradora, figurando como 4ª requerida) ao pagamento de pensão alimentícia mensal correspondente a 2/3 (dois terços) de 3,5 salários mínimos, devidamente corrigidos monetariamente pelo INPC, a partir da data do sinistro até quando os requerentes tiverem completos 25 anos. 
	Ademais, a título de danos morais, os requeridos ficaram condenados ao pagamento de R$ 90.000,00 para cada um dos autores, também corrigidos pelo mesmo índice acima citado. Quanto à sucumbência, foram condenados ao pagamento de 15% sobre o valor da condenação.
	Acreditando ter havido obscuridade na sentença, esta requerida objetou Embargos de Declaração, que foram conhecidos e não providos.
	São os fatos.
 
2- DAS RAZÕES RECURSAIS:
2.1. DA RESPONSABILIDADE DA SEGURADORA QUANTO À APOLICE DE SEGURO E DA AUSÊNCIA DE PREVISÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS CORPORAIS 
	 Inicialmente, cabe dizer que existe relação contratual apenas entre este seguradora e a empresa TRANSKOPPER Transportes Rodoviários Ltda, através de apólice de seguro n° XXXXXXXXXXX. 
	 No que concerna a esta apólice, é importantíssimo destacar algumas informações importantíssimas. Primeiramente, que possui cláusula de Responsabilidade Civil Facultativa (RCF-V), que garante o pagamento de indenização por força de sentença APENAS quando for comprovada a culpa do segurado. Fato este, que conforme veremos a seguir, não procede. 
	 Esta mesma apólice estipula limites máximos indenizáveis, de acordo com a cobertura contratada, sendo neste caso: R$ 50.000,00 para danos corporais, R$ 50.000,00 para danos materiais e R$ 100.000,00 para danos morais. Sendo assim, o valor é limitado, conforme demonstrado no Código Civil:
Art. 760. A apólice ou o bilhete de seguro serão nominativos, à ordem ou ao portador, e mencionarão os riscos assumidos, o início e o fim de sua validade, o limite da garantia e o prêmio devido, e, quando for o caso, o nome do segurado e o do beneficiário. (Grifo nosso)
		 Conforme visto, à Seguradora cabe o dever de ressarcir até o limite previsto na apólice, não havendo porque se falar em responsabilidade solidária de indenização aos requerentes; visto que esta não assume a responsabilidade, se o dano não for correspondente ao risco contratado na apólice de seguro.
	 Posto isso, cabe também salientar que, de acordo com a apólice contratada, a indenização por danos corporais é a única que pode ser utilizada com o objetivo de pagamento de pensão, observado o limite de R$ 50.000,00, e se comprovada de forma incontestável a culpa do condutor do veículo segurado (que, conforme será apresento no item 2.2, não foi feita).
	 Entretanto, a sentença condenou os requeridos a pagar de pensionamento o “valor de 2/3 (dois terços) de três salários mínimos, sendo que o pensionamento mensal dos autores é devido desde a data do acidente até estas completarem 25 (vinte e cinco) anos.”
	 Diante disto, requer que este Tribunal analise as alegações e reforme a decisão no sentido de que esta requerida não possui obrigação além da contratual para com o segurado. 
2.2. DA INEXISTÊNCIA DE CULPA DO CONDUTOR DO VEÍCULO SEGURADO
	 Conforme dito no item 2.1, é necessária que haja a comprovação da culpa do condutor do veículo segurado, para que haja possibilidade de indenização; considerando a cláusula RCF-V constante da apólice de seguro. 
	 Ademais, o laudo pericial constante no processo (anexo) informa claramente que o fator determinante para que tal acidente ocorresse foram as condições da pista (entulhos, galhos de árvores e pouca visibilidade), e o fato do veículo SEAT/IBlZA estar trafegando em alta velocidade; fato este que não deu margem para que a condutora do veículo tomasse decisão em tempo hábil de prevenir o ocorrido.
	 Sendo assim, não há que se falar em dolo ou culpa por parte do condutor do veículo segurado, ocorrência que exime esta requerida do dever de indenizar os requeridos. 
	 Requer que o Nobre Julgador reforme a sentença neste sentido, atendo-se aos fatos e ao laudo pericial anexo, como demonstração do que foi relatado até o momento.
2.3. FALTA DE COMPROVAÇÃO DE PROFISSÃO E RENDA DA VÍTIMA E DESCONSIDERAÇÃO DA PENSÃO JÁ PERCEBIDA PELOS AUTORES
	 Inicialmente, salta aos olhos a ausência de comprovação de renda fixa por parte da vítima, Thiago Junio de Souza Carvalho. Ainda que tenham sido juntados os contracheques referentes aos meses de março, abril e setembro/2002 da empresa L C Serviços Elétricos LTDA, não foi comprovado o vínculo empregatício e a renda fixa mensal deste à época do acidente que o vitimou. Nota-se também que, há uma lacuna de tempo entre os contracheques de abril e setembro de 2002, o que pode levar a crer que esta renda poderia ser percebida de forma esporádica. 
	 Fato é, que na ausência de comprovação de renda fixa por parte da vítima, também não se confirma a dependência financeira dos requerentes, à qual
fixaram em cerca de 2/3 (dois terços) do que Thiago ganhava.
	 Importantíssimo ressaltar que a Sra. Eliane Francisco de Oliveira, esposa de Thiago, e representante dos requerentes, já recebe pensão por morte, paga pelo INSS, conforme seu próprio depoimento. O pensionamento requerido nesta ação não é somado a este já percebido, e não visa complementação da renda; caso em que a jurisprudência se pronuncia:
	
APELAÇÕES CÍVEIS. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO. DANOS MATERIAIS, MORAIS E LUCROS CESSANTES. ACIDENTE AUTOMOBILÍSTICO. MORTE DA VÍTIMA. AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO DE RENDA DA VÍTIMA.  TERMO PARA CORREÇÃO DOS VALORES. RECURSO INTERPOSTO ANTES DA DECISÃO QUE JULGOU OS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO.
(...) 2. O quantum a ser fixado a título de indenização por danos morais deve assegurar a justa reparação, tomando-se como base o critério da razoabilidade, a fim de evitar-se que a dor sofrida pelos ofendidos converta-se em instrumento de captação de vantagem indevida, capaz de gerar enriquecimento sem causa, não podendo, por outro lado, representar quantia ínfima. 3. Não cabe condenação aos autores do ato ilícito por danos materiais na forma de pensão quando inexiste prova que confirme o exercício de profissão remunerada por parte da vítima. (Grifo nosso) (TJGO, Apelação Cível n° 76608- 20.2005.8.09.0137, Relator Des. Fausto Moreira Diniz).
CIVIL. RECURSO ESPECIAL. AÇÃO DE REPARAÇÃO POR DANOS MATERIAIS E COMPENSAÇÃO POR DANOS MORAIS. ATROPELAMENTO COM MORTE. PRETENSÃO AO PAGAMENTO DE PENSÃO MENSAL VITALÍCIA À ESPOSA DO FALECIDO, NÃO OBSTANTE ESTA RECEBER PENSÃO VITALICIA INTEGRAL DO ESTADO, EM FACE DE ESPECÍFICA LEGISLAÇÃO APLICÁVEL À CARREIRA NAQUAL A VÍTIMA SE APOSENTOU. 
(...) Se o acórdão afirma existir o direito da viúva à percepção integral, a título de pensão por morte, dos vencimentos do falecido, qualquer quantia recebida a mais sobre a mesma base representaria a fruição de uma vantagem pecuniária indevida, ultrapassando os limites do ressarcimento ao dano causado". (STJ, Resp/RJ n° 675147, Min. Rel. Carlos Alberto Menezes Direito).
		 Visto isso, esta requerida requer a reforma da sentença no sentido de que, se exima esta requerida do pagamento de tal pensionamento; e que na hipótese da condenação, fato em que não se acredita, o valor da indenização deverá ser limitado ao valor da cobertura prevista na apólice em caso de danos corporais.
2.4. DA REDUÇÃO DA CONDENAÇÃO PELO PRINCÍPIO DA RAZOABILIDADE E DA APRECIAÇÃO DO SEGURO DPVAT
	 Conforme já mencionado anteriormente, a apólice de seguro contratada pelo requerido tem importância máxima de R$ 100.000,00 para o caso de danos morais, não podendo ultrapassar este limite. Contudo, a sentença condenou os requeridos solidariamente ao pagamento de R$ 90.000,00 PARA CADA UM dos requerentes.
	 Ainda que esta Seguradora devesse ser responsabilizada pelos danos morais cabíveis (o que não ocorre, conforme explicado acima), o valor deveria ser fixado dentro do limite da apólice contratada. 
	 Considerando então o limite da razoabilidade, previsto no art. 944 do Código Civil, observa-se que o valor total objeto da condenação é abusivo, mesmo em face da morte de uma das vítimas. 
	 Diante disto, requer que seja a sentença reformada no sentido de minimizar o valor fixado a título de danos morais, em respeito ao princípio da proporcionalidade e razoabilidade, sob o risco de enriquecimento ilícito das requerentes.
	 Ademais, o seguro obrigatório DPVAT envolve a reparação de danos corporais, e deve ser deduzida daquela judicialmente fixada, conforme se anuncia na Súmula n.° 246, do Superior Tribunal de Justiça: 
"Súmula 246. O valor do seguro obrigatório deve ser deduzido da indenização judicialmente fixada".
	 Nos autos, os autores não informaram se o seguro DPVAT foi recebido ou não, seguro este que prescinde a comprovação de culpa do acidente, e pode ser pago por qualquer seguradora que o componha. 
	 Requer então, que os doutos julgadores tomem conhecimento quanto ao recebimento do seguro DPVAT pelos requerentes, e caso já tenham sido indenizados, que se deduza este valor no montante que esta seguradora vier a ser condenada, aplicando-se o disposto na Súmula 246, do STJ.
3. DOS PEDIDOS
	 Perante os fatos e o contexto acima delineado, esta requerida requer que o presente recurso de apelação seja CONHECIDO em ambos os efeitos e, quando de seu julgamento, seja totalmente PROVIDO para reformar a sentença monocrática recorrida. 
	 Nestes termos, pede deferimento.
	 
Goiânia/GO, 5 de junho de 2016.
Advogado
OAB/GO n° XXXX

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