Buscar

Intervenção de terceiros no processo do trabalho

Esta é uma pré-visualização de arquivo. Entre para ver o arquivo original

Intervenção de terceiros no processo do trabalho
1 Conceito
Segundo Carlos Leite Bezerra (2016, p. 615): “Dá-se a intervenção de terceiros quando uma pessoa ou ente que não figurou originariamente como autor ou réu no processo judicial nele ingressa para defender seus próprios interesses ou os de uma das partes primitivas da relação processual.” (LEITE, Carlos Henrique Bezerra. Curso de direito processual do trabalho / Carlos Henrique Bezerra Leite. – 14. ed. de acordo com o novo CPC – Lei n. 13.105, de 16-3-2015. – São Paulo: Saraiva, 2016)
Segundo Cândido Rangel Dinamarco, intervenção de terceiro é o “ingresso de um sujeito no processo pendente, tornando-se com isso parte e deixando de ser terceiro”. (DINAMARCO, Cândido Rangel. Intervenção de terceiros. São Paulo: Malheiros, 1997.)
Podemos conceituar a intervenção de terceiros como o instituto jurídico pelo qual um terceiro ingressa no processo para defender interesse próprio ou de uma das partes primitivas da lide. O conceito de terceiro é dado por um critério de exclusão. É considerado terceiro aquele que não é parte. E parte é aquele que pleiteia no Poder Judiciário a entrega do seu bem da vida, bem como aquele contra quem essa demanda é proposta. (PEREIRA, Leone. Manual de processo do trabalho / Leone Pereira. – 4. ed. – São Paulo: Saraiva, 2017).
Segundo Athos Gusmão Carneiro (2010, p. 69): No plano do direito processual, o conceito de terceiro terá igualmente de ser encontrado por negação. Suposta uma relação jurídica processual pendente entre A, como autor, e B, como réu, apresentam-se como terceiros C, D, E etc., ou seja, todos os que não forem partes (nem coadjuvantes de parte) no processo pendente. (CARNEIRO, Athos Gusmão. Intervenção de terceiros. 19. ed. São Paulo: Saraiva.)
Segundo Leonardo Greco (2011, p. 413), os sujeitos do processo que exercem no processo atividade preponderantemente postulatória, mas não são as partes originárias, serão considerados terceiros. O perito e a testemunha, por exemplo, não exercem, em caráter preponderante, atividade postulatória, mas probatória, de modo que não são considerados terceiros intervenientes – que são sujeitos postulantes –, mas sujeitos probatórios.
Todavia, não é qualquer interesse que justifica a validade da intervenção de terceiros. É preciso que esse interesse seja jurídico. O simples interesse exclusivamente econômico, financeiro, político, moral etc. não autoriza a intervenção de terceiros. Dá-se o interesse jurídico quando há uma relação jurídica material entre o terceiro e a(s) parte(s) que figura(m) no processo, como, por exemplo, o interesse do sublocatário em face do locatário na ação de despejo proposta pelo locador. O sublocatário, in casu, que vier a intervir no processo tem interesse jurídico no resultado da demanda, pois, certamente, o seu contrato de sublocação será atingido com a decisão judicial. Pelo fenômeno da intervenção, um terceiro, até então estranho ao processo, torna-se parte, ou seu coadjuvante. Ao se tornar parte na relação processual, o terceiro poderá sofrer os efeitos da coisa julgada. O processo do trabalho é omisso a respeito da intervenção de terceiros. Daí a necessidade da aplicação subsidiária do CPC, com as necessárias cautelas e adaptações, como veremos mais adiante.
O NCPC dedica o Título III do Livro II da Parte Geral (arts. 119 a 138) à intervenção de terceiros, abrangendo a assistência, a denunciação da lide, o chamamento ao processo, o incidente de desconsideração da personalidade jurídica e o amicus curiae.
2 Classificação
Segundo Carlos Henrique Bezerra Leite (2016, p. 617):
A intervenção de terceiros pode ser: a) provocada (ou coacta); b) espontânea (ou voluntária); c) ad coadjuvandum; d) ad excludendum.
Na denunciação da lide e no chamamento ao processo a intervenção é A provocada, pois o incidente da intervenção é provocado por uma das partes originárias do processo. Já na assistência, na oposição e nos embargos de terceiro, a intervenção é espontânea, porquanto o próprio terceiro, independentemente de provocação das partes originárias da relação processual, requer ao juiz autorização para intervir no feito. Dá-se a intervenção ad coadjuvandum quando o terceiro interveniente auxilia uma das partes a obter um pronunciamento judicial favorável, como na assistência simples. Por outro lado, na intervenção ad excludendum o terceiro intenta a exclusão de uma ou de ambas as partes, como na oposição, respectivamente.
Leone Pereira (2017, p.317): 
Segundo a doutrina clássica, assim podemos classificar o fenômeno jurídico da intervenção de terceiros:
a) Intervenção de terceiro voluntária (espontânea): é aquela em que o terceiro ingressa nos autos
por vontade própria. São intervenções voluntárias:
• assistência;
• oposição.
b) Intervenção de terceiro provocada (forçada ou coacta): é aquela em que o terceiro ingressa nos
autos mediante provocação da parte. São intervenções provocadas:
• nomeação à autoria;
• denunciação da lide;
• chamamento ao processo.
3 Tipologia
Carlos Henrique Bezerra Leite (2016, p. 617-620)
São diversas as modalidades de intervenção de terceiro no processo civil. Analisaremos, em seguida, aquelas que podem ou não ser adotadas no processo do trabalho.
O NCPC, que reconhece a assistência simples e a assistência litisconsorcial como modalidades de intervenção de terceiros, corrigiu equívoco do CPC/73, que inseria tal instituto no capítulo reservado ao litisconsórcio.
Assistência: é uma espécie de intervenção espontânea, na qual o terceiro simplesmente ingressa na relação processual em curso, sem necessidade de propor uma ação para tal fim. Na verdade, o terceiro assistente torna-se sujeito do processo, mas não chega a se tornar parte, uma vez que se insere na relação processual com a finalidade exclusiva de auxiliar uma das partes. Seu interesse é “jurídico”, pois consiste em que a sentença venha a ser favorável ao assistido.
A assistência pode ser simples (ou adesiva) ou litisconsorcial. A assistência simples está prevista nos arts. 121 a 123 do NCPC.
Assistência simples: é também permitida nas ações civis públicas (ou coletivas lato sensu), em defesa dos interesses individuais homogêneos como prevê o art. 94 do CDC (Lei n. 8.078/90), embora essa norma empregue, de forma atécnica, o termo “litisconsorte”.
Assistência litisconsorcial: dispõe o art. 124 do NCPC:
Art. 124. Considera-se litisconsorte da parte principal o assistente sempre que a sentença influir na relação jurídica entre ele e o adversário do assistido.
A assistência litisconsorcial assemelha-se a uma espécie de litisconsórcio facultativo ulterior, na medida em que o assistente litisconsorcial poderia, desde o início do processo, ter sido litisconsorte facultativo da parte assistida.
É admissível a assistência simples ou adesiva no processo do trabalho, tal como prevê a Súmula 82 do TST, in verbis:
“ASSISTÊNCIA. A intervenção assistencial, simples ou adesiva, só é admissível se demonstrado o interesse jurídico e não o meramente econômico”. BRASIL, Súmulas do TST. Disponível em: <http://www3.tst.jus.br/jurisprudencia/Sumulas_com_indice/Sumulas_Ind_51_100.html#SUM-82>.)	
Oposição: Trata-se de modalidade de intervenção voluntária, na medida em que ninguém é obrigado a ser opoente. Na verdade, aquele que poderia intervir como opoente e não o faz não será afetado pela coisa julgada, razão pela qual é lícito ao terceiro, em princípio, aguardar o término do processo e ajuizar ação autônoma em face da parte vencedora da demanda.
Há relação entre oposição e embargos de terceiro? Parece-nos que sim. Oposição e embargos de terceiro são processos incidentes, instaurados por meio de ação (com petição inicial, por força dos arts. 683 e 677 do NCPC) que fará nascer uma nova relação jurídica processual. Tanto é assim que haverá citação, contraditório, instrução, sentença, recursos etc. A única ressalva, no processo do trabalho, a rigor, fica por conta do formalismo: nos embargos de
terceiro há formação de novos autos; na oposição, as duas relações processuais correm nos mesmos autos. Os embargos de terceiro cabem no processo de conhecimento, no cumprimento da sentença e no processo de execução (NCPC, art. 675); a oposição não cabe no cumprimento da sentença ou no processo de execução, pois, de acordo com o art. 682 do NCPC, ela só tem lugar antes de proferida a sentença no processo de conhecimento.
Como bem observa Cláudio Armando Couce de Menezes, “a oposição pressupõe a disputa entre autor e réu sobre determinado direito ou coisa, que um terceiro interveniente entende ser seu ou sua. Consequentemente, ele intervém na relação processual como terceiro interessado, apresentando uma nova demanda em face dos dois litigantes originários, autor e réu, que passam a ser opostos.” (MENEZES, Cláudio Armando Couce de. Intervenção de terceiros no processo civil e no processo do trabalho. Revista Ciência Jurídica do Trabalho, Belo Horizonte, n. 2, p. 9 e s., fev. 1998.)
Nomeação a autoria: O Código de Processo Civil de 2015 extinguiu o instituto da nomeação à autoria. Entretanto, o art. 339 do NCPC, aplicável ao processo do trabalho (CLT, art. 769; NCPC, art. 15), introduziu uma modalidade semelhante à nomeação à autoria nos seguintes termos:
Art. 339. Quando alegar sua ilegitimidade, incumbe ao réu indicar o sujeito passivo da relação jurídica discutida sempre que tiver conhecimento, sob pena de arcar com as despesas processuais e de indenizar o autor pelos prejuízos decorrentes da falta de indicação.
§ 1º O autor, ao aceitar a indicação, procederá, no prazo de 15 (quinze) dias, à alteração da petição inicial para a substituição do réu, observando-se, ainda, o parágrafo único do art. 338.
§ 2º No prazo de 15 (quinze) dias, o autor pode optar por alterar a petição inicial para incluir, como litisconsorte passivo, o sujeito indicado pelo réu.
Denunciação da lide: A denunciação da lide estava prevista nos arts. 70 a 76 do CPC/73. O NCPC regula o instituto nos arts. 125 a 129.
Trata-se de uma forma provocada de intervenção de terceiro. O principal objetivo da denunciação da lide é antecipar uma ação que o denunciante poderia propor após a eventual sucumbência na demanda principal, uma vez que no mesmo processo surgem duas relações jurídicas processuais.
Na denunciação da lide, a sentença conterá dois títulos, uma vez que julgará tanto a lide entre as partes originárias quanto a lide que decorre da denunciação.
Parece-nos incabível a denunciação da lide no Processo do Trabalho na hipótese do inciso I do art. 125 do NCPC. Há, todavia, cizânia doutrinária e jurisprudencial no tocante ao inciso III do mesmo artigo, sendo a hipótese mais citada a prevista no art. 455 da CLT, que trata da responsabilidade subsidiária do empreiteiro em relação aos débitos trabalhistas não adimplidos pelo subempreiteiro, pois, se o empreiteiro cumpre a obrigação, a lei lhe assegura direito de regresso em face do subempreiteiro. Outro exemplo de discutível cabimento da denunciação da lide na seara laboral é o previsto no art. 486 da CLT, que trata do chamado factum principis.
Não obstante o cancelamento da OJ 227 da SBDI-1, parece-nos que não há razão para admitirmos a denunciação da lide no processo do trabalho, pois a competência da Justiça do Trabalho continua vinculada à matéria e às pessoas, isto é, às lides oriundas da relação de emprego (entre empregado e empregador) e, por força da EC n. 45/2004, da relação de trabalho (entre trabalhador e tomador do seu serviço), inexistindo previsão na CF ou na lei para a Justiça do Trabalho processar e julgar as ações entre tomadores de serviço ou entre trabalhadores. Também entendemos incabível, no processo do trabalho, a denunciação da lide entre empregador e empresa seguradora.
Chamamento ao processo
O NCPC regula o instituto do chamamento ao processo nos arts. 130 a 132. O chamamento ao processo é uma espécie de intervenção facultada ao réu para requerer ao juiz a convocação para integrar a lide, como seu litisconsorte, o devedor principal, os corresponsáveis ou coobrigados solidários que serão responsabilizados pelas obrigações correspondentes.
A finalidade do instituto é trazer para o mesmo processo outros responsáveis pelo débito reclamado pelo autor.
Nos domínios do processo do trabalho, a única hipótese plausível de cabimento do instituto sob exame é a prevista no inciso III do art. 130 do NCPC e, ainda assim, não se mostra cabível o instituto no processo (ou fase) de execução ou no dissídio coletivo. Eis algumas hipóteses de chamamento ao processo admitidas na Justiça do Trabalho:
• “grupo empresarial”, também chamado de “solidariedade de empregadores”, consubstanciado no art. 2º, § 2º, da CLT;
• condomínio residencial que não possui convenção devidamente registrada, situação em que o condômino demandado pode chamar ao processo os demais condôminos como corresponsáveis pelas obrigações trabalhistas;
• sociedade de fato irregularmente constituída, na qual todos os sócios são solidariamente responsáveis pelas obrigações trabalhistas;
Desconsideração da personalidade jurídica
Na seara trabalhista, a desconsideração da personalidade jurídica do empregador vem sendo tradicionalmente utilizada, mormente em sede de execução trabalhista, e consiste na possibilidade de a execução em face da empresa executada ser redirecionada ao patrimônio dos seus sócios, a fim de
viabilizar a satisfação dos créditos dos trabalhadores constantes do título judicial. Uma das características da adoção do instituto na seara trabalhista é a ausência de regras claras para o procedimento a ser adotado na prática.
O Novo CPC (Lei n. 13.105/2015) passou a discipliná-lo expressamente não como um princípio e sim como um incidente processual. É o que se infere dos seus arts. 133 a 137.
Amicus curiae: Trata-se de uma figura que pode contribuir para a democratização do acesso ao Judiciário e às decisões judiciais, especialmente naquelas situações em que o Direito, por si só, não se revela suficiente para
a resolução justa e adequada dos conflitos sociais. Os poderes do amicus curiae na relação processual serão determinados pelo magistrado que
solicitar ou admitir esta modalidade de intervenção de terceiro (NCPC, art. 138, § 2º).
Gustavo Filipe Barbosa Garcia (2017, p. 190-191):
Assistência: 
A regulamentação da assistência está no Livro III, Título III, Capítulo I, da Parte Geral do Código de Processo Civil em vigor, sob o título “Da Assistência”. Assim, trata-se de modalidade típica de intervenção de terceiro.
A assistência pode ser simples (art. 121 do CPC) ou litisconsorcial (art. 124 do CPC). Em ambas, o terceiro é quem voluntariamente intervém em processo alheio, diante de seu interesse jurídico de que a sentença seja favorável ao assistido. Na assistência simples, o assistente apresenta relação jurídica com o assistido, enquanto na assistência litisconsorcial o assistente figura na relação jurídica com o adversário do assistido. O assistente simples atua como auxiliar da parte principal, exerce os mesmos poderes e está sujeito aos mesmos ônus
processuais que o assistido (art. 121 do CPC). Sendo revel ou, de qualquer outro modo, omisso o assistido, o assistente é considerado seu substituto processual.
Considera-se litisconsorte da parte principal, por sua vez, o assistente sempre que a sentença influir na relação jurídica entre ele e o adversário do assistido (art. 124 do CPC). 
A assistência é cabível no processo do trabalho, conforme Súmula 82 do TST, que apresenta a seguinte redação, determinada pela Resolução 121/2003: “A intervenção assistencial, simples ou adesiva, só é admissível se demonstrado o interesse jurídico e não meramente econômico”. No caso, tem-se omissão a respeito dessa modalidade de intervenção de terceiro na CLT, verificando se,
ainda, a sua compatibilidade com as normas do processo do trabalho.
Como exemplo de assistência litisconsorcial, tem-se a intervenção do substituído processual (titular do direito
material), em
ação ajuizada pelo substituto processual. 
(Garcia, Gustavo Filipe Barbosa. Curso de direito processual do trabalho - 6ª ed. rev., atual. e ampl. – Rio de Janeiro: Forense, 2017)
Cláudio Armando Couce de Menezes aponta, com referência a dispositivos do CPC/73, as seguintes diferenças entre assistência simples e litisconsorcial:
a) na assistência simples, a relação jurídica é com o assistido e na assistência litisconsorcial é com a parte contrária à do assistido;
b) na assistência litisconsorcial, o direito é tanto do assistido quanto do assistente; já na assistência simples o direito é somente do assistido;
c) na assistência litisconsorcial, não se aplica o disposto no art. 53 do CPC, pois o assistente litisconsorcial poderá se opor à desistência do assistido, à procedência do pedido, à transação e ao acordo, porque ele é parte, é litisconsorte;
d) o assistente coadjuvante não pode assumir, em face do pedido, posição diversa da do assistido; o assistente litisconsorcial pode fazê-lo;
e) a assistência simples cessa nos casos em que o processo termina por vontade do assistido (art. 53); a litisconsorcial possibilita a defesa do interveniente, mesmo que a parte originária tenha desistido, transacionado ou reconhecido. 
(MENEZES, Cláudio Armando Couce de. Intervenção de terceiros no processo civil e no processo do trabalho. Revista Ciência Jurídica do Trabalho, Belo Horizonte, n. 2, p. 9 e s., fev. 1998.)
A oposição é a espécie de intervenção de terceiro voluntária ou espontânea na qual terceiro, denominado opoente, ingressa nos autos pleiteando o reconhecimento como seu, no todo ou em parte, do direito ou da coisa de que controvertem autor e réu, denominados opostos.
Partindo-se da premissa da adoção da corrente favorável à compatibilidade da oposição ao Processo do Trabalho, podemos elencar os seguintes exemplos:
• um empregado ingressa com oposição e pleiteia o reconhecimento como seu da patente ou invenção disputada entre outro empregado e o empregador;
• um empregado ingressa com oposição e pleiteia o reconhecimento como seu de um instrumento de trabalho disputado entre outro empregado e o empregador;
• um sindicato ajuíza ação e pleiteia o recebimento de contribuição sindical, e outro sindicato oferece oposição, com a alegação de que a contribuição sindical deve ser-lhe revertida, por ser o legítimo representante da categoria a que pertence o trabalhador. 
Nomeação à autoria
Tratava-se de intervenção que tem por escopo corrigir vício de legitimidade passiva, corrigir erro de postulação.
Como a nomeação à autoria pressupõe demanda sobre determinada coisa, a discussão remontava à competência da Justiça do Trabalho para decidir sobre ações possessórias. Conforme o art. 114, inciso I, da Constituição Federal de 1988, derivando a controvérsia da relação de emprego (ou da relação de trabalho em que a lei fixou a competência desse ramo do Poder Judiciário), a Justiça do Trabalho será competente para solucioná-la. Por isso, quanto à ação possessória, como destaca Sergio Pinto Martins: “Se esta ação decorrer de relação de emprego, competente será a Justiça do Trabalho para solucionar o conflito”. (MARTINS, Sergio Pinto. Comentários à CLT. 10. ed. São Paulo: Atlas, 2006.)
Chamamento ao processo
	O chamamento ao processo é o ato pelo qual o réu pede que terceiro, coobrigado, passe a integrar a relação jurídica processual como litisconsorte, para que, caso seja proferida decisão procedente quanto ao pedido do autor, aquele seja alcançado pela condenação, possibilitando ao que saldar a dívida receber dos demais a parcela que cada um deve (art. 130, incisos I a III, do
CPC). A citação daqueles que devam figurar em litisconsórcio passivo será requerida pelo réu na contestação e deve ser promovida no prazo de 30 dias, sob pena de ficar sem efeito o chamamento (art. 131 do CPC).
Nesse sentido, Athos Gusmão Carneiro assevera que “o chamamento ao processo consiste basicamente numa ampliação subjetiva do polo passivo da relação processual”. (CARNEIRO, Athos Gusmão. Intervenção de terceiros. 9. ed. São Paulo: Saraiva, 2002.)
O objetivo central do processo do trabalho é resolver, de forma eficaz, o conflito trazido em juízo pelo autor da ação, concentrando os atos em audiência, e não discussões que interessam somente ao demandado. Ao autorizar o chamamento ao processo, obrigando o demandante a litigar com alguém indicado pelo réu, a regra trabalhista de que a audiência, em tese, deve ser una (arts. 849 e 852-C da CLT), passaria a ser uma exceção, principalmente em razão do aumento da prática de terceirização entre empresas, dando origem a adiamentos injustificáveis. Na integração à lide é diverso, pois a sua concretização ocorre em benefício e com a concordância do autor.
Frise-se que, mesmo com a ampliação da competência da Justiça do Trabalho pela Emenda Constitucional 45/2004, as ações ajuizadas nesse ramo do Poder Judiciário devem seguir os procedimentos previstos na Consolidação das Leis do Trabalho, como se conclui pelo disposto no seu art. 763.
4 PROCEDIMENTOS INCOMPATÍVEIS
Em primeiro lugar, vale lembrar que o procedimento é a forma pela qual o processo se desenvolve.
É inegável que o instituto jurídico da intervenção de um terceiro no processo traz complexidade e complicadores processuais, que não se coadunam com os princípios da economia processual (em sua dimensão microscópica), da celeridade e da efetividade do processo. Assim, alguns procedimentos são incompatíveis com o instituto em tela, principalmente pela questão
da celeridade. No Processo Civil, a mencionada incompatibilidade é verificada em dois procedimentos, nos
seguintes termos:
1º) Procedimento sumaríssimo (Juizado Especial Cível): não é cabível nenhuma espécie de intervenção de terceiro, nem mesmo assistência. Este é o teor do art. 10 da Lei n. 9.099/95: “Não se admitirá, no processo, qualquer forma de intervenção de terceiro nem de assistência. Admitir-se-á o litisconsórcio”.
2º) Procedimento sumário: em regra, não é cabível a intervenção de terceiro. Entretanto, essa regra não é absoluta, diante das seguintes exceções: a assistência; o recurso de terceiro prejudicado; e a intervenção fundada em contrato de seguro. Assim dispunha o art. 280 do CPC/73 (sem correspondência
no CPC/2015): “No procedimento sumário não são admissíveis a ação declaratória incidental e a intervenção de terceiros, salvo a assistência, o recurso de terceiro prejudicado e a intervenção fundada em contrato de seguro.
Referências
BRASIL, Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13105.htm>. Acesso em 16/11/2018.
LEITE, Carlos Henrique Bezerra. Curso de direito processual do trabalho / Carlos Henrique Bezerra Leite. – 14. ed. de acordo com o novo CPC – Lei n. 13.105, de 16-3-2015. – São Paulo: Saraiva, 2016
PEREIRA, Leone. Manual de processo do trabalho / Leone Pereira. – 4. ed. – São Paulo: Saraiva, 2017
DINAMARCO, Cândido Rangel. Intervenção de terceiros. São Paulo: Malheiros, 1997
CARNEIRO, Athos Gusmão. Intervenção de terceiros. 19. ed. São Paulo: Saraiva.
MARTINS, Sergio Pinto. Comentários à CLT. 10. ed. São Paulo: Atlas, 2006
Garcia, Gustavo Filipe Barbosa. Curso de direito processual do trabalho – 6ª ed. rev., atual. e ampl. – Rio de Janeiro: Forense, 2017.
GRECO, Leonardo. Instituições de processo civil. 3. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2011. v. I, p. 413.
MENEZES, Cláudio Armando Couce de. Intervenção de terceiros no processo civil e no processo do trabalho. Revista Ciência Jurídica do Trabalho, Belo Horizonte, n. 2, p. 9 e s., fev.
1998.
BRASIL, Súmulas do TST. Disponível em: http://www3.tst.jus.br/jurisprudencia/Sumulas_com_indice/Sumulas_Ind_51_100.html#SUM-82>. Acesso em 16/11/2018.

Teste o Premium para desbloquear

Aproveite todos os benefícios por 3 dias sem pagar! 😉
Já tem cadastro?

Continue navegando