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Análise de decisão interlocutória em processo de execução

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PODER JUDICIÁRIO
 
Tribunal de Justiça do Estado de Goiás
 
Gabinete do Desembargador Carlos Escher
 
________________________________________
 
 
 
 
 
 
 
 
VOTO
 
 
 
 
 
Presentes os pressupostos de admissibilidade recursal, conheço do agravo
de instrumento. Diga-se de passagem, é este o recurso cabível contra decisão interlocutória
proferida no processo de execução, a teor do art. 1.015, parágrafo único, do Código de Processo
Civil.
 
 
 
Pois bem, do compulso atento deste caderno, verifico que o cerne do
inconformismo recursal declinado por JOÃO EDSON ARAÚJO DE MELO cinge-se à decisão
interlocutória proferida em primeiro grau de jurisdição, que terminou por rejeitar a impugnação à
execução que lhe move o RESIDENCIAL MARATÁ. O ato judicial questionado manteve a
penhora realizada em conta-corrente do agravante, no valor de R$ 3.755,73 (três mil, setecentos
e cinquenta e cinco reais e setenta e três centavos), além dos acréscimos legais.
 
 
 
A linha de raciocínio apresentada pelo recorrente cuida de defender a
ilegalidade da decisão porque o valor constrito diz respeito a quantia impenhorável obtida noutro
feito processual, no exercício da advocacia, patrocinando os interesses de Rosana Barcelos de
AGRAVO DE INSTRUMENTO Nº 5333236.26.2018.8.09.0000
 
AGRAVANTE JOÃO EDSON ARAÚJO DE MELO
AGRAVADO RESIDENCIAL MARATÁ
RELATOR Juiz FERNANDO DE CASTRO MESQUITA
CÂMARA 4ª CÍVEL
Tribunal de Justiça do Estado de Goiás
Documento Assinado e Publicado Digitalmente em 17/09/2018 09:22:13
Assinado por FERNANDO DE CASTRO MESQUITA
Validação pelo código: 10433564506501480, no endereço: https://projudi.tjgo.jus.br/PendenciaPublica
Souza. Nesse contexto, sustenta que, do dinheiro, parte pertence à sua cliente (70%) e parte diz
respeito aos seus honorários advocatícios (30%), conforme contrato de prestação de serviços que
apresenta.
 
 
 
Com efeito, o Código de Processo Civil orienta que a execução por quantia
certa ocorrerá de diversos modos (adjudicação, alienação, apropriação dos frutos e rendimentos
da empresa, etc.), sempre sobre os bens do executado. O diploma chancela, como regra, a
responsabilidade patrimonial do devedor, nos termos do artigo 789, vejamos:
 
 
 
“Art. 789. O devedor responde com todos os seus bens presentes e
futuros para o cumprimento de suas obrigações, salvo as restrições
estabelecidas em lei.” (negritei e sublinhei)
 
 
 
De certo modo, a redação do dispositivo é lacônica já que não diferencia
responsabilidade, instituto de direito processual, de obrigação, conceito nitidamente material. Isso
porque, há casos em que existe responsabilidade pelo adimplemento de uma dívida não
contraída pelo sujeito cujo patrimônio é alcançado, a exemplo do sócio que, por lei, pode ter os
seus bens atingidos para satisfazer obrigação firmada unicamente pela empresa da qual
participa. É dizer, noutras palavras, que devedor e responsável nem sempre são a mesma
pessoa.
 
 
 
A respeito do assunto, o professor Daniel Amorim Assumpção Neves assim
observa:
 
 
 
“A responsabilidade patrimonial é indiscutivelmente instituto de direito
processual, compreendida como a possibilidade de sujeição de um
determinado patrimônio à satisfação do direito substancial do credor. Por
outro lado, a obrigação é instituto de direito material, representado por uma
situação jurídica de desvantagem. Contraída a obrigação, uma parte tem o
dever de satisfazer o direito da outra, e quando isso não ocorre surge a
dívida, insti tuto atinente ao direito material. Também existe a
responsabilidade patrimonial para o caso de inadimplemento, ou seja,
quando a dívida não é satisfeita voluntariamente pelo devedor, surge a
possibilidade de sujeição do patrimônio de algum sujeito – geralmente o
próprio devedor – para assegurar a satisfação do direito do credor na
execução. Em razão dessa distinção, fala-se que a obrigação é estática,
gerando uma mera expectativa de satisfação, enquanto a responsabilidade
patrimonial é dinâmica, representada pela forma jurisdicional de efetiva
satisfação do direito.” (in Novo Código de Processo Civil Comentado. 
Salvador: JusPodivm, 2016, p. 1241/1242)
 
 
 
Sendo o caso de responsabilidade sem débito, fala-se no responsável
Tribunal de Justiça do Estado de Goiás
Documento Assinado e Publicado Digitalmente em 17/09/2018 09:22:13
Assinado por FERNANDO DE CASTRO MESQUITA
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executivo secundário, assim conceituado pelo ministro Luis Felipe Salomão, por ocasião do voto
proferido nos autos do REsp nº 1.333.431/PR:
 
 
 
“(…) Com efeito, o responsável executivo secundário é alguém alheio ao
relacionamento jurídico de direito material, mas apto a assumir a posição de
sujeito processual executivo passivo. O fundamento da sujeição do
responsável executivo secundário, que o coloca no polo passivo da ação,
pode ser de cunho legal ou, até mesmo, derivar da vontade das partes.”
(REsp 1333431/PR, Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, QUARTA
TURMA, julgado em 19/09/2017, DJe 07/11/2017)
 
 
 
No caso em apreço, a ação de execução que move o RESIDENCIAL
MARATÁ em desproveito de JOÃO EDSON ARAÚJO DE MELO tem por causa de pedir o
inadimplemento das taxas e despesas condominiais referentes ao apartamento 204 do bloco K,
de propriedade do agravante, no importe de R$ 6.452,20 (seis mil, quatrocentos e cinquenta e
dois reais e vinte centavos).
 
 
 
Lícito, portanto, que o patrimônio do agravante responda pela dívida, porque
proprietário do imóvel, a teor do que vem decidindo o Superior Tribunal de Justiça:
 
 
 
“PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO INTERNO EM RECURSO ESPECIAL.
EMBARGOS À EXECUÇÃO. TAXAS CONDOMINIAIS. OBRIGAÇÃO 
PROPTER REM. RESPONSABILIDADE DO PROPRIETÁRIO DO IMÓVEL
1. Julgamento sob a égide do CPC/15. 2. A obrigação pelo pagamento de
débitos de condomínio possui natureza propter rem, sendo o
proprietário do imóvel a responsabilidade pelo adimplemento das
despesas. Súmula 568/STJ. 3. Agravo interno não provido.” (AgInt no REsp
1730607/SP, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, julgado
em 26/06/2018, DJe 02/08/2018) (grifei)
 
 
 
Por isso que, no curso do processo executivo, determinou-se a penhora em
conta-corrente do devedor, medida que culminou na constrição da quantia de R$ 3.755,73 (três
mil, setecentos e cinquenta e cinco reais e setenta e três centavos), conforme documentos que
instruem o agravo (evento nº 03, arquivo nº 02).
 
 
 
Entretanto, há prova a confirmar que mencionada quantia pertence, em
grande parte, a terceiro que não possui responsabilidade alguma pelo adimplemento dos débitos
condominiais.
 
 
 
Éque o valor penhorado alcançou montante depositado na conta do
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Documento Assinado e Publicado Digitalmente em 17/09/2018 09:22:13
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recorrente, mas que diz respeito ao proveito econômico obtido por Rosana Barcelos Souza nos
autos da ação de conhecimento nº 5017541.20.2016.8.09.0051 (já arquivada) e na qual figurou
como um dos seus patronos JOÃO EDSON ARAÚJO DE MELO, ora agravante.
 
 
 
A corroborar o quadro, cito o alvará judicial de levantamento de dinheiro
emitido em 10 de abril de 2018, assinado pelo juiz de direito do 9º Juizado Especial Cível desta
capital, Fernando Ribeiro Montefusco, no importe de R$ 3.739,00 (três mil, setecentos e trinta e
nove reais), com seus acréscimos legais (evento nº 01, arquivo nº 02). A quantia é condizente ao
que foi depositado pelo agravante em 13 de abril de 2018, conforme extrato de conta-corrente
(evento nº 01, arquivo nº 06).
 
 
 
Some-se a isso a procuraçãofirmada por Rosana Barcelos de Souza
constituindo como seu legítimo procurador o atual recorrente (evento nº 01, arquivo nº 07).
 
 
 
Além do mais, no contrato de prestação de serviços e honorários
advocatícios por eles celebrado (evento nº 01, arquivo nº 07) há previsão da seguinte cláusula a
ratificar os argumentos recursais:
 
 
 
“CLÁUSULA SEGUNDA – Pelos serviços prestados, a título de honorários
advocatícios, será cobrado o valor total de 30% (trinta por cento), calculados
sobre o valor bruto da condenação ou na hipótese de realização de
composição amigável entre as partes, independentemente de sucumbência
decorrente da presente ação. As partes estabelecem que, havendo atraso
no pagamento dos honorários, serão cobrados juros de mora na proporção
de 1% (um por cento) ao mês.”
 
 
 
Todos esses elementos de prova chancelam o cenário afirmado pelo
agravante, confirmando que grande parte do recurso aprisionado por ordem judicial (70% dele)
atingiu patrimônio de terceiro que não integra a lide e, por isso mesmo, não tem responsabilidade
executiva secundária pela quitação do débito, malferindo, assim, a redação do mencionado art.
789 do Código de Processo Civil.
 
 
 
A jurisprudência deste Sodalício é vasta em exemplos que referendam os
fundamentos adotados. Confira-se:
 
 
 
“(…) É possível a penhora de quotas de sociedade de responsabilidade
limitada. Integrando o patrimônio do devedor, devendo responder por suas
dívidas. AGRAVO DE INSTRUMENTO CONHECIDO E DESPROVIDO.
DECISÃO AGRAVADA MANTIDA.” (TJGO, Agravo de Instrumento (CPC)
5056928-30.2018.8.09.0000, Rel. OLAVO JUNQUEIRA DE ANDRADE,
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Assessoria para Assunto de Recursos Constitucionais, julgado em
27/04/2018, DJe de 27/04/2018)
 
 
 
“(…) Consoante o princípio da responsabilidade patrimonial direta/primária,
o débito será quitado com o patrimônio do devedor/executado, que deve
responder, para o cumprimento de suas obrigações, com os seus bens
presentes e futuros. (…)” (TJGO, Agravo de Instrumento (CPC) 5258135-
51.2016.8.09.0000, Rel. ITAMAR DE LIMA, Assessoria para assunto de
recursos constitucionais, julgado em 30/04/2017, DJe de 30/04/2017)
 
 
 
O caso, portanto, é de reverter o ato de penhora sobre 70% (setenta por
cento) da quantia bloqueada na conta-corrente do autor junto ao Banco do Brasil, liberando-a em
benefício exclusivo de Rosana Barcelos de Souza (CPF nº 862.479.721-72), única autorizada a
levantar o valor. Todas as medidas instrumentais necessárias ao cumprimento da providência
deverão ser adotadas em primeiro grau de jurisdição, onde tramita o feito de origem.
 
 
 
A respeito da fração monetária pertencente ao agravante, ou seja, 30%
(trinta por cento) sobre o valor bloqueado, penso que a quantia é impenhorável, ante a sua
natureza alimentar.
 
 
 
Em verdade, o Código de Processo Civil orienta que a penhora recairá sobre
tantos bens quanto bastem para o pagamento do principal atualizado, dos juros, das custas e dos
honorários advocatícios (art. 831). O Diploma prescreve, porém, que não estão sujeitos à
execução os bens que a lei considera impenhoráveis ou inalienáveis (art. 832).
 
 
 
Na forma do art. 833 daquele Códex, são impenhoráveis, dentre outros, os
vencimentos, os subsídios, os soldos, os salários, as remunerações, os proventos de
aposentadoria, as pensões, os pecúlios e os montepios, bem como as quantias recebidas por
liberalidade de terceiro e destinadas ao sustento do devedor e de sua família, os ganhos de
trabalhador autônomo e os honorários de profissional liberal. O § 2º do dispositivo ressalva,
porém, duas circunstâncias:
 
 
 
“§2º O disposto nos incisos IV e X do caput não se aplica à hipótese de
penhora para pagamento de prestação alimentícia, independentemente
de sua origem, bem como às importâncias excedentes a 50 (cinquenta)
salários-mínimos mensais, devendo a constrição observar o disposto no
art. 528, § 8º, e no art. 529, § 3º.” (negritei)
 
 
 
Por sua vez, o art. 85, § 14, do mesmo diploma, assegura aos advogados o
direito aos honorários, parcela eminentemente alimentar e que goza dos privilégios dos créditos
Tribunal de Justiça do Estado de Goiás
Documento Assinado e Publicado Digitalmente em 17/09/2018 09:22:13
Assinado por FERNANDO DE CASTRO MESQUITA
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oriundos da legislação do trabalho. Na mesma senda, consta o art. 22 do Estatuto da Ordem dos
Advogados do Brasil (lei nº 8.906/94), que assim dispõe:
 
 
 
“Art. 22. A prestação de serviço profissional assegura aos inscritos na OAB
o direito aos honorários convencionados, aos fixados por arbitramento
judicial e aos de sucumbência.”
 
 
 
No mesmo compasso, menciono a súmula vinculante nº 47 do Supremo
Tribunal Federal:
 
 
 
“Os honorários advocatícios incluídos na condenação ou destacados do
montante principal devido ao credor consubstanciam verba de natureza
alimentar cuja satisfação ocorrerá com a expedição de precatório ou
requisição de pequeno valor, observada ordem especial restrita aos créditos
dessa natureza.”
 
 
 
Enfim, este portfólio de normas confirma a natureza alimentar dos
honorários advocatícios contratuais, bem assim a sua impenhorabilidade, salvo em casos nos
quais a dívida perseguida ostente natureza igualmente alimentar ou o crédito penhorado supere o
patamar de 50 (cinquenta) salários-mínimos.
 
 
 
Segundo a Corte Cidadã:
 
 
 
“AGRAVO INTERNO NO RECURSO ESPECIAL. PENHORA DE SALÁRIO.
POSSIBILIDADE, DADA A NATUREZA ALIMENTAR DA VERBA
EXECUTADA. HONORÁRIOS DE ADVOGADO. APLICAÇÃO DO ARTIGO
649, § 2º, DO CPC/1973. SÚMULA 83/STJ. AGRAVO INTERNO NÃO
PROVIDO. 1. "O caráter absoluto da impenhorabilidade dos vencimentos,
soldos e salários (dentre outras verbas destinadas à remuneração do
trabalho) é excepcionado pelo § 2º do art. 649 do CPC, quando se tratar de
penhora para pagamento de prestações alimentícias" (REsp 1.365.469/MG,
Relatora Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, DJe de
26/6/2013). 2. Os honorários advocatícios, contratuais ou
sucumbenciais têm natureza alimentícia, sendo, assim, possível a
penhora de 30% da verba salarial para seu pagamento. Incidência da
Súmula 83 do STJ. 3. Agravo interno a que se nega provimento.” (AgInt no
R E s p 1 7 3 3 8 3 7 / R S , R e l . M i n i s t r o L Á Z A R O G U I M A R Ã E S
(DESEMBARGADOR CONVOCADO DO TRF 5ª REGIÃO), QUARTA
TURMA, julgado em 02/08/2018, DJe 10/08/2018) (negritei)
 
 
 
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“AGRAVO INTERNO NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL.
PROCESSUAL CIVIL. VERBAS SALARIAIS. PENHORABILIDADE.
PAGAMENTO DE HONORÁRIOS. VERBA ALIMENTAR. PRECEDENTES.
RECURSO NÃO PROVIDO. 1. A jurisprudência desta Corte Superior
consolidou o entendimento no sentido de que o caráter absoluto da
impenhorabilidade dos vencimentos, soldos e salários (dentre outras verbas
destinadas à remuneração do trabalho) é excepcionado pelo § 2º do art. 649
do CPC de 1973 (atual art. 833, § 2º, do CPC de 2015), quando se tratar de
penhora para pagamento de prestações alimentícias. 2. Os honorários
advocatícios, contratuais ou sucumbenciais, têm natureza alimentícia. 
Precedentes 3. Agravo interno a que se nega provimento.” (AgInt no AREsp
1107619/PR, Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, QUARTA TURMA,
julgado em 16/11/2017, DJe 22/11/2017)(grifei)
 
 
 
“PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO INTERNO NO RECURSO ESPECIAL.
CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL DE 2015. APLICABILIDADE. EXECUÇÃO
DE SENTENÇA. VERBA HONORÁRIA. NATUREZA ALIMENTAR.
IMPENHORABILIDADE. SÚMULA 83/STJ. INCIDÊNCIA. ARGUMENTOS
INSUFICIENTES PARA DESCONSTITUIR A DECISÃO ATACADA. I -
Consoante o decidido pelo Plenário desta Corte na sessão realizada em
09.03.2016, o regime recursal será determinado pela data da publicação do
provimento jurisdicional impugnado. In casu, aplica-se o Código de Processo
Civil de 2015. II - É pacífico o entendimento no Superior Tribunal de
Justiça segundo o qual os honorários advocatícios, por possuírem
natureza alimentar, são impenhoráveis. Inaplicabilidade do precedente da
Corte Especial - EREsp 1.264.358/SC -, no qual foi relativizada a regra da
impenhorabilidade em face da elevada monta da verba, situação não
configurada no caso em tela. III - O recurso especial, interposto pela alínea a
e/ou pela alínea c, do inciso III, do art. 105, da Constituição da República,
não merece prosperar quando o acórdão recorrido encontra-se em sintonia
com a jurisprudência dessa Corte, a teor da Súmula 83/STJ. IV - A
Agravante não apresenta, no agravo, argumentos suficientes para
desconstituir a decisão recorrida. IV - Agravo Interno improvido.” (AgInt no
REsp 1236235/PB, Rel. Ministra REGINA HELENA COSTA, PRIMEIRA
TURMA, julgado em 16/05/2017, DJe 22/05/2017) (destaquei)
 
 
 
Na mesma senda, colaciono os seguintes precedentes nascidos deste
Sodalício:
 
 
 
“AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO DE EXECUÇÃO. BLOQUEIO VIA
BACENJUD. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. VERBA DE NATUREZA
ALIMENTAR. IMPENHORABILIDADE. DECISÃO REFORMADA. 1. C
onsiderando que os valores constritos são provenientes de renda
advinda de honorários advocatícios, deve ser declarada sua
impenhorabilidade, nos moldes do artigo art. 833, VI, do Código de
Processo Civil, na medida em que esta possui natureza alimentar,
sendo absolutamente impenhorável. 2. AGRAVO DE INSTRUMENTO
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Assinado por FERNANDO DE CASTRO MESQUITA
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CONHECIDO E PROVIDO.” (TJGO, Agravo de Instrumento (CPC) 5186814-
19.2017.8.09.0000, Rel. NELMA BRANCO FERREIRA PERILO, 4ª Câmara
Cível, julgado em 20/09/2017, DJe de 20/09/2017) (negritei)
 
 
 
“AGRAVO REGIMENTAL EM AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO DE
REPARAÇÃO DE DANOS. CUMPRIMENTO DE SENTENÇA.
HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. IMPENHORABILIDADE. ARTIGO 649,
INCISO IV, DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL. DECISÃO MANTIDA.
RECURSO MANIFESTADAMENTE INFUNDADO. 1. É admissível o
julgamento monocrático do recurso, nos termos do artigo 557 e seus
parágrafos, do Código de Processo Civil, quando houver jurisprudência
dominante a respeito da matéria objeto de discussão, em prestígio ao direito
fundamental à duração razoável do processo. 2. Os honorários
advocatícios contratuais e sucumbenciais possuem natureza alimentar
e, por isso, são absolutamente impenhoráveis, conforme prevê o inciso
IV do artigo 649 da Lei Adjetiva Civil, sendo passíveis de constrição apenas
para assegurar o pagamento de prestação alimentícia. 3. O agravo
regimental deve ser desprovido quando a matéria nele versada tiver sido
suficientemente analisada na decisão recorrida e a parte agravante não
apresentar elementos capazes de demonstrar a ocorrência de prejuízo a
ponto de motivar sua reconsideração ou justificar sua reforma. Inteligência
do artigo 364 do Regimento Interno deste egrégio Tribunal de Justiça. 4.
AGRAVO REGIMENTAL CONHECIDO E DESPROVIDO.” (TJGO, AGRAVO
DE INSTRUMENTO 98988-11.2015.8.09.0000, Rel. DES. ELIZABETH
MARIA DA SILVA, 4ª CÂMARA CÍVEL, julgado em 14/05/2015, DJe 1788 de
20/05/2015) (destaquei)
 
 
 
A situação verificada neste álbum não se adequa a qualquer das exceções
legais, seja porque a dívida perseguida diz respeito a débitos condominiais e não alimentares,
seja porque o crédito penhorado não supera sequer 04 (quatro) salários-mínimos (quando
considerado todo o montante constrito).
 
 
 
Além do mais, confirma a natureza alimentar do montante constrito o fato de
não constar outro relevante valor na conta-corrente do agravante, tanto que, após o bloqueio, o
saldo em conta chegou a R$ 5,40 (30.04.2018), o qual foi consumido para pagamento da tarifa de
pacote de serviços cobrada pelo banco do recorrente (07.05.2018).
 
 
 
Esse cenário atesta o uso da conta como mecanismo de percepção de
proventos para a sua própria manutenção, sem aspectos que denotem investimentos ou receitas
elevadas a descaracterizar o caráter alimentar da verba.
 
 
 
Sob tal perspectiva, revela-se igualmente adequada a revogação da
penhora sobre 30% (trinta por cento) da quantia bloqueada, devendo o respectivo montante ser
liberado em benefício do agravante.
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No que concerne ao pedido versado em sede de contrarrazões, no sentido
de que seja a parte agravante multada pela prática de ato de litigância de má-fé ante a
apresentação de impugnação à execução forçada, porque feito sem cabimento o incidente, tenho
que não é conferido à parte a faculdade de fazer pedidos e requerimentos em sede de resposta
ao recurso, pois referida peça processual não possui tal serventia. Fala-se, portanto, em
inadequação da via eleita, nos conformes da súmula nº 27 deste Sodalício, senão vejamos:
 
 
 
“Não merece ser conhecido o pedido de alteração dos honorários
advocatícios de sucumbência ou de condenação da parte contrária por
litigância de má-fé, quando formulado em sede de contrarrazões à apelação,
ante a inadequação da via eleita.”
 
 
 
A respeito dos honorários advocatícios recursais, matéria também suscitada
em sede de contrarrazões, a hipótese dos autos não se colmata à previsão do art. 85, § 11, do
Código de Processo Civil. Confira-se o dispositivo:
 
 
 
“§11. O tribunal, ao julgar recurso, majorará os honorários fixados
anteriormente levando em conta o trabalho adicional realizado em grau
recursal, observando, conforme o caso, o disposto nos §§ 2º a 6º, sendo
vedado ao tribunal, no cômputo geral da fixação de honorários devidos ao
advogado do vencedor, ultrapassar os respectivos limites estabelecidos nos
§§ 2º e 3º para a fase de conhecimento.”
 
 
 
Com efeito, a decisão a partir da qual o recurso é interposto não condenou a
parte agravante ao pagamento dos honorários sucumbenciais, situação em que é vedado ao
Tribunal de Justiça fazê-lo em segundo grau, já que o seu papel, em casos tais, é o de majorar a
verba inicialmente arbitrada e não defini-la originalmente.
 
 
 
Na situação verificada no agravo, a decisão recorrida limitou-se a não
acolher a impugnação à execução, mantendo a penhora realizada, inexistindo, assim, ordem
judicial a condenar JOÃO EDSON ARAÚJO DE MELO ao pagamento de verba honorária
sucumbencial.
 
 
 
O tema já foi abordado por esta Corte em casos análogos, senão vejamos:
 
 
 
“(…) Confirmado o ato judicial que ordenou o sobrestamento dos descontos.
 Inaplicabilidade dos honorários recursais, como postulado pelo
recorrido, tendo em vista não haver condenação anterior perante o
Tribunal de Justiça do Estado de Goiás
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juízo de primeiro grau (artigo 85, § 11, do Código de Processo Civil). 
RECURSO CONHECIDO E DESPROVIDO.” (TJGO, Agravode Instrumento
(CPC) 5503506-20.2017.8.09.0000, Rel. FAUSTO MOREIRA DINIZ, 6ª
Câmara Cível, julgado em 07/08/2018, DJe de 07/08/2018) (grifei)
 
 
 
“(…) Pretensão de fixação de honorários recursais em agravo de
instrumento (art. 85, §11, CPC). Ausência de condenação prévia da
parte contrária. Impossibilidade. Para que uma parte seja condenada
em honorários recursais (§ 11, art. 85, do CPC), em sede de agravo de
instrumento, é imprescindível que o juízo a quo, ao proferir a decisão
interlocutória agravada, tenha condenado a parte vencida/contrária ao
pagamento de honorários sucumbenciais, o que não se verifica na
espécie. Embargos de declaração rejeitados.” (TJGO, Agravo de
Instrumento (CPC) 5175543-76.2018.8.09.0000, Rel. CARLOS ALBERTO
FRANÇA, 2ª Câmara Cível, julgado em 01/08/2018, DJe de 01/08/2018)
(destaquei)
 
 
 
Ante o exposto, dou provimento ao recurso interposto para reformar a
decisão interlocutória agravada, ordenando a liberação do valor penhorado em conta-corrente de
JOÃO EDSON ARAÚJO DE MELO, devendo o recurso ser assim dispensado: 70% (setenta por
cento) dele direcionado exclusivamente a Rosana Barcelos de Souza (CPF nº 862.479.721-72),
única autorizada a levantá-lo, e o restante, ou seja, 30% (trinta por cento), destinado ao próprio
agravante.
 
 
 
É o voto.
 
 
 
Goiânia, 13 de setembro de 2018.
 
 
 
 
 
FERNANDO DE CASTRO MESQUITA
 
Juiz de Direito Substituto em 2º Grau
 
1/L
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Tribunal de Justiça do Estado de Goiás
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EMENTA: AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO DE EXECUÇÃO DE
DÉBITOS CONDOMINIA IS . PENHORA ONLINE. QUANTIA
PERTENCENTE A TERCEIRO NÃO RESPONSÁVEL PELA EXECUÇÃO.
HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS CONTRATUAIS. IMPENHORABILIDADE.
LITIGÂNCIA DE MÁ-FÉ. PEDIDO FEITO EM CONTRARRAZÕES.
INADEQUAÇÃO DA VIA ELEITA. HONORÁRIOS RECURSAIS.
AUSÊNCIA DE PRÉVIA CONDENAÇÃO.
 
1. Consoante o princípio da responsabilidade patrimonial direta/primária, o
débito será quitado por meio do patrimônio do devedor/executado, que deve
responder, para o cumprimento de suas obrigações, com os seus bens
presentes e futuros.
 
2. Verificando-se que o valor penhorado pertence a terceiro não responsável
pelo adimplemento da dívida, o caso é de revogar o ato de constrição.
 
3. É pacífico o entendimento jurisprudencial segundo o qual os honorários
advocatícios, por possuírem natureza alimentar, são impenhoráveis.
 
4. No que se refere ao pedido do agravado de condenação do agravante por
litigância de má-fé, formulado em sede de contrarrazões, não deve ser
conhecido, porque inadequada a via eleita.
 
5. Para que uma parte seja condenada em honorários recursais, em sede de
agravo de instrumento, é imprescindível que o juízo a quo, ao proferir a
decisão interlocutória agravada, tenha condenado a parte vencida/contrária
ao pagamento de honorários sucumbenciais, o que não se verifica na
espécie.
 
RECURSO PROVIDO.
 
 
 
 
 
ACÓRDÃO
 
 
 
 
AGRAVO DE INSTRUMENTO Nº 5333236.26.2018.8.09.0000
 
AGRAVANTE JOÃO EDSON ARAÚJO DE MELO
AGRAVADO RESIDENCIAL MARATÁ
RELATOR Juiz FERNANDO DE CASTRO MESQUITA
CÂMARA 4ª CÍVEL
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Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as supra
indicadas.
 
 
 
ACORDAM os componentes da 2ª Turma Julgadora da 4ª Câmara Cível do
egrégio Tribunal de Justiça do Estado de Goiás, à unanimidade de votos, em dar provimento ao
agravo, nos termos do voto do Relator.
 
 
 
Votaram com o Relator, o Desembargador Kisleu Dias Maciel Filho e o Dr.
Sebastião Luiz Fleury (subst. da Desª. Elizabeth Maria da Silva).
 
 
 
Presidiu a sessão a Desembargadora Nelma Branco Ferreira Perilo.
 
 
 
Presente a ilustre Procuradora de Justiça Dra. Nélida Rocha da Costa
Barbosa.
 
 
 
Goiânia, 13 de setembro de 2018.
 
 
 
 
 
FERNANDO DE CASTRO MESQUITA
 
Juiz de Direito Substituto em 2º Grau
 
Tribunal de Justiça do Estado de Goiás
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