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Direito Constitucional O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. Sumário 1. Direitos fundamentais em espécie ............................................................................. 2 1.1 Direito à igualdade ............................................................................................ 2 1.1.1 Tipos de igualdade ....................................................................................... 2 1.1.1.1 Igualdade na lei e perante a lei ............................................................ 2 1.1.1.2 Igualdade formal, material e pluralista ................................................ 3 1.1.1.3 Igualdade de oportunidade e de resultado ......................................... 4 1.1.1.4 Igualdade identidade e igualdade proporcionalidade ......................... 5 1.1.1.4.1 Tipos de discriminação.................................................................. 6 1.1.1.4.1.1 Discriminação direta .............................................................. 6 1.1.1.4.1.2 Discriminação indireta ou neutra .......................................... 6 1.1.1.4.1.3 Discriminação positiva ........................................................... 7 1.1.1.4.2 Ação afirmativa ............................................................................. 7 1.2 Liberdade ........................................................................................................ 11 1 www.cursoenfase.com.br Direito Constitucional O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. 1. Direitos fundamentais em espécie 1.1 Direito à igualdade Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes... Tema riquíssimo, merece atenção especial para a prova do MPF. Desde o início do constitucionalismo moderno, já se falava em igualdade. Falava-se que todos os homens nascem livres e iguais. A declaração francesa dos direitos do homem e do cidadão fala em igualdade. O próprio lema da revolução francesa é liberdade, igualdade e fraternidade. Passa-se à análise de eventuais conexões ou antagonismos entre os conceitos de liberdade e igualdade. A frase “Fulano de tal é livre” tem seu sentido completo, não se discute de que tipo de liberdade se está falando. Já a frase “Fulano de tal é igual” precisa de um complemento para ser entendida. A primeira coisa que se pergunta é: Fulano é igual a que ou a quem? A ideia de liberdade é um conceito existencial que se completa em si mesmo; a ideia de igualdade, por sua vez, embute um conceito relacional (uma coisa é igual a outra coisa). Ao falar-se em relação, toda relação demanda uma comparação. Há dois objetos de análise em comparação. A afirmação “homens e mulheres são iguais” não permite concluir que está correta ou incorreta. A igualdade demanda uma relação, essa relação demanda uma comparação, que é feita com base em algum critério. Assim, se o critério para a comparação entre homens e mulheres for o da dignidade da pessoa humana, a afirmação está correta. Se o critério for fisiológico, está incorreta. 1.1.1 Tipos de igualdade 1.1.1.1 Igualdade na lei e perante a lei O art. 5º, caput, inicia assim: “todos são iguais perante a lei”. A igualdade perante a lei é uma igualdade formal e destina-se aos poderes públicos no contexto de sua aplicação. Os poderes públicos, na aplicação de uma lei ou na prática de 2 www.cursoenfase.com.br Direito Constitucional O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. determinado ato deve observar a ideia de igualdade. Tradicionalmente, a ideia de igualdade perante a lei não permite o tratamento diferenciado. A igualdade na lei destina-se ao legislador que, na elaboração das normas genéricas e abstratas, não poderá inserir nessa norma elementos discriminatórios. 1.1.1.2 Igualdade formal, material e pluralista A igualdade formal é declarada na lei. A primeira geração dos direitos fundamentais baseia-se na ideia de liberdade, mas já afirmava a igualdade, que, por sua vez, não se mostrava efetiva na vida em sociedade. Já a igualdade material deixa de analisar a igualdade apenas em um sentido de valor declarado, mas de forma efetiva, concreta. Nessa igualdade material permite-se o tratamento diferenciado a partir do conceito de que “a igualdade consiste em tratar os iguais igualmente e os desiguais desigualmente na proporção em que se desigualam”. Essa ideia vem de Aristóteles, a partir de um conceito de justiça distributiva (dar a cada um o que é seu de acordo com a natureza de cada um). Rui Barbosa, em Oração aos Moços, diz que “a igualdade não consiste senão em quinhoar desigualmente aos desiguais na medida (ou na proporção) em que se desigualam”. A igualdade pluralista pode ser entendida como o direito à igualação se a diferença for fator de prejuízo, e no direito de ser diferentese a diferença for elemento de identidade. Se dentro de algum contexto determinado grupo for prejudicado por causa de suas características, esse grupo tem o direito de ser igualado. Se o grupo tem uma característica que é fator de identidade do próprio grupo, ele tem o direito à proteção dessa identidade. Exemplo1: Para assistir a uma sessão no STF, não se pode entrar descalço ou de chinelo, short e/ou camiseta. No entanto, um grupo de índios foi assistir ao julgamento da demarcação das terras indígenas caracterizados com seus trajes indígenas, pintados e descalços. Em razão daquela maneira de se vestir tratar de uma identidade gregária (do grupo), permitiu-se o tratamento diferenciado, em respeito ao direito à igualdade pluralista, ao direito de continuar sendo diferente. Exemplo2: a pessoa com deficiência tem uma série de limitações e dificuldades de inclusão no mercado de trabalho. O governo cria condições que facilitem o acesso desse grupo de pessoas ao mercado de trabalho. O fator de diferença (deficiência) cria um prejuízo para o grupo, que tem o direito de ser igualado. 3 www.cursoenfase.com.br Direito Constitucional O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. Exemplo3: grupos religiosos de judeus e adventistas, que tem o sábado como dia de guarda, como dia de descanso, e o shabbat começa com o por do sol da sexta-feira e vai até o por do sol do sábado. Nesse período, não é dado a eles fazer nenhum trabalho, seja físico seja intelectual, porque é o dia sagrado, que será dedicado a Deus. Então, se essas pessoas fazem faculdade à noite, não querem frequentar nem fazer prova na sexta à noite. Há várias decisões judiciais entendendo que a instituição de ensino deve oferecer a tais pessoas a opção de frequentar e/ou fazer prova em horário alternativo, para que não seja violado o direito ao dia de descanso. No ENEM, o MEC prevê um mecanismo para que essas pessoas não sejam obrigadas a fazer a prova no sábado. Eles ficam em um ambiente aguardando o término do shabbat, para então começar a fazera prova. Igualdade pluralista. 1.1.1.3 Igualdade de oportunidade e de resultado A igualdade de oportunidade pode também ser chamada de oportunidade no ponto de partida, e a igualdade de resultado de oportunidade no ponto de chegada. Qualquer pessoa pode, de forma igual, ter acesso à universidade pública? A disputa da vaga é possível por todas as pessoas. O acesso está aberto para todos. Mas, na realidade, quem tem acesso efetivamente é basicamente uma faixa da sociedade que tem determinado poder econômico, que pode pagar bons colégios, bons preparatórios. Grande parcela da população, apesar de ter “igual possibilidade de acesso” à universidade, não consegue efetivamente alcançar esse resultado. Isso é igualdade de resultado, que verifica ou analisa se a fruição efetiva daquele bem ou serviço é compartilhada por todas as pessoas sem discriminações de gênero, de raça, ou de situação econômica. A cota visa a promover uma igualdade de resultado. Porque o negro tem a possibilidade de disputar a vaga como qualquer pessoa. Mas, quando se deixa de analisar a oportunidade de acesso, e passa-se a verificar quem efetivamente está na universidade, verifica-se que o percentual de negros é muito baixo. Em tese, a oportunidade de acesso é igual a todos, mas na prática nem todos alcançam esse acesso. A cota é um mecanismo para que essa parcela da população possa efetivamente alcançar a vaga. Igualdade de resultado. No Brasil, a educação é um dos fatores de desenvolvimento social, de mudança de classe econômica. Quem tem nível superior tem maiores oportunidades no mercado de trabalho. A cota, em relação ao ensino, promove a igualdade de resultado, porque permite o acesso efetivo ao ensino. Em relação ao mercado de trabalho, a cota permite igualdade de oportunidades, porque ao permitir que o negro faça o ensino superior público, admite que ele possa concorrer no mercado de trabalho em igualdade de condições com os demais. 4 www.cursoenfase.com.br Direito Constitucional O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. Os defensores das cotas começaram a verificar que, se há igualdade de resultado em relação às universidades, há igualdade de oportunidade em relação ao mercado de trabalho. E daí passou-se a falar na necessidade de igualdade de resultado em relação ao mercado de trabalho, criando-se as cotas ou benefício de acesso efetivo no serviço público. Há quem entenda que se deva instituir cotas também no setor privado. 1.1.1.4 Igualdade identidade e igualdade proporcionalidade Paulo Bonavides leciona que a palavra identidade deve ser entendida não no sentido sociológico, cultural, como uma característica de um grupo, mas no sentido literal de idêntico. Originalmente, a igualdade era concebida como identidade, ou seja, que as pessoas são idênticas, e que o tratamento deve ser igual entre as pessoas, sejam elas homens, mulheres ou crianças. Por isso o trabalho de mulheres e crianças com duração de 12 ou 13 horas ao dia na época da revolução industrial não tinha nenhum problema. Há uma transição da igualdade identidade para a igualdade proporcionalidade no sentido de que há diferenças entre as pessoas ou grupos que podem levar a um tratamento diferenciado na proporção em que essas pessoas se diferenciam. Quando se fala que igualdade é tratar desigualmente aos desiguais na medida (ou na proporção) em que se desigualam, se está falando na aplicação do princípio da proporcionalidade aplicado na análise da igualdade. Assim, é possível o tratamento diferenciado. O tratamento diferenciado pode ser legítimo ou ilegítimo. O tratamento diferenciado será legítimo e válido se for proporcional. Se for desproporcional torna-se ilegítimo, abusivo. Exemplo1: No concurso da magistratura, a lei e o edital passam a afirmar que, por haver menos mulheres na magistratura, nos próximos “x” anos, todas as vagas serão destinadas às mulheres. O tratamento diferenciado não é legítimo. Exemplo2: No concurso para agente penitenciário para um presídio feminino, com vagas exclusivamente destinadas às mulheres. O tratamento diferenciado é legítimo. Analisa-se a natureza do cargo a ser ocupado, a finalidade envolvida no caso concreto, para, a partir da finalidade, verificar se o tratamento atende ou não à finalidade. Isso leva à análise dos três elementos do princípio da proporcionalidade (adequação, necessidade e proporcionalidade em sentido estrito). Na análise da adequação, verifica-se se a medida é apta, eficaz para atingir a uma finalidade. Na análise da necessidade, a medida deve ser a menos onerosa. Na análise da 5 www.cursoenfase.com.br Direito Constitucional O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. proporcionalidade em sentido estrito, as vantagens atingidas por essa medida devem superar as desvantagens superadas por essa mesma medida. Se a medida não observa o princípio da proporcionalidade, é um tratamento diferenciado ilegítimo, que, por sua vez, pode se verificar de duas formas. A primeira forma é o beneficiamento demasiado, desproporcional. Exemplo3: O poder público quer realizar um tratamento diferenciado para determinado grupo socialmente vulnerável1. Mas, ao estabelecer o tratamento diferenciado viola o princípio da proporcionalidade, beneficiando o grupo demasiadamente, prejudicando os demais. Esse fenômeno em que o poder público excede no beneficiamento de um grupo, como no exemplo1 deste tópico é denominado de privilégio odioso. A outra forma de tratamento diferenciado ilegítimo é o inverso dessa. É um tratamento diferenciado que prejudica o grupo, e esse tratamento é denominado de discriminação. 1.1.1.4.1 Tipos de discriminação 1.1.1.4.1.1 Discriminação direta Trata-se da prática de um ato ou edição de uma norma que por si só é discriminatória. Faz-se essa observação apenas para diferenciá-la do próximo tipo de discriminação. 1.1.1.4.1.2 Discriminação indireta ou neutra Verifica-se esse tipo de discriminação quando a norma ou ato é aparentemente neutro, que não discrimina alguém, mas o resultado concreto é discriminatório. Exemplo: Determinada empresa nos EUA foi acusada de tratar discriminatoriamente os negros em suas promoções internas. Então resolveu adotar um critério meritório para a promoção, estabelecendo a realização de uma prova. Aparentemente, a medida é neutra. Um negro questionou isso, alegando que a medida aparentemente promove a igualdade dos dois grupos, mas na prática é discriminatória porque, como o sistema educacional era segregado (negros e brancos estudavam em escolas separadas), o ensino dado aos negros era inferior ao ensino dado aos brancos, o que significa dizer que os negros, na hora de disputar a vaga, não teriam igualdade de resultado. 1 Entende-se por grupo vulnerável aquele que até hoje sofre consequências de um processo histórico de exclusão. 6 www.cursoenfase.com.br Direito Constitucional O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. Nem sempre a análise da discriminação deve ser feita com a norma em tese, mas deve-se verificar se os resultados concretos produzidos pela medida promovem a igualdade ou acentuam ou promovem a discriminação. 1.1.1.4.1.3 Discriminaçãopositiva A discriminação positiva é legítima. É realizar uma diferenciação no sentido de promover a igualdade do grupo prejudicado. Há quem diga que as ações afirmativas são discriminações positivas. O termo ação afirmativa é mais utilizada no âmbito americano, e discriminação positiva no âmbito europeu. O Brasil sofre influência maior dos EUA, até porque o fenômeno da discriminação e promoção da igualdade nos EUA envolve o negro, que, apesar de haver vários aspectos sociológicos diferentes, lembra a situação brasileira, por causa da escravidão, da abolição, da presença de uma população negra significativa. Portanto, a realidade brasileira aproxima-se mais da americana do que da europeia. 1.1.1.4.2 Ação afirmativa É uma ação de beneficiamento e/ou compensação destinada a grupos histórica e socialmente vulneráveis. Vulnerabilidade deve ser entendida como prejuízo atual na vivência em sociedade decorrente de alguma exclusão histórica. Então, por exemplo, as mulheres eram excluídas da vida política. Anteriormente, elas sequer votavam; depois passaram a votar, mas não eram votadas; hoje podem votar e serem votadas. Mas essa exclusão histórica levou a uma presença na vida política brasileira mínima. Por isso há uma lei determinando que 30% dos candidatos de cada legenda ou partido político devem ser do sexo feminino, para estimular a presença da mulher na vida política. Há quem entenda que essa medida no Brasil é extremamente tímida, pois há países em que essa reserva de vagas não é na candidatura, mas no próprio parlamento. No próprio poder legislativo, “x”% das vagas devem ser ocupadas por mulheres. Inclusive há países em que a paridade é absoluta, 50% das vagas devem ser ocupadas por mulheres, garantindo-se a igualdade no sentido original de identidade (homens e mulheres são idênticos, distribuição das vagas meio a meio). Em relação aos portadores de deficiência física, para pessoas que tem uma exclusão que se perpetua ao longo da história por causa da dificuldade de acesso ao mercado de trabalho, criam-se condições de acesso. 7 www.cursoenfase.com.br Direito Constitucional O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. Hoje, um dos temas mais polêmicos no que tange à ação afirmativa é o das cotas para negros. É comum confundir-se ação afirmativa com cotas, mas estas representam um tipo de ação afirmativa. Então, por exemplo, quando o STF entendeu que a licença maternidade será custeada não pelo empregador, mas pelo poder público, isso é uma ação afirmativa em favor das mulheres. Porque, se o empregador tivesse de arcar com esse custo e, além disso, arcar com o custo de outra pessoa substituindo essa empregada ou ter um vazio e ter de dar um jeito de suprir a falta da mulher, os empregadores jamais iriam querer contratar mulheres, por uma questão econômica. Isso é ação afirmativa, mas não é cota. A cota para negros e pardos em concurso público é a grande questão atual. Dentre os argumentos contrários ao sistema de cotas para negros nas universidades públicas pode-se elencar: a) A dificuldade de o Brasil definir quem é negro, diante do alto grau de miscigenação. Para definir há alguns critérios: o primeiro poderia ser o critério visual (altamente criticável, pois exige certo grau de subjetivismo de quem aprecia); o segundo seria um critério genético, de descendência (carga genética europeia ou africana); o terceiro seria o da autodeclaração (a pessoa se declara negra ou branca), o que pode fazer com que pessoas que não são negras se beneficiem do sistema; b) A cota seria uma medida paliativa, pois na verdade haveria a necessidade de melhora da educação de base, para que todas as pessoas, não importa a raça, possam ter efetiva igualdade de disputa; c) No Brasil, não se discrimina o negro, se discrimina o pobre. Então, não haveria preconceito racial, mas sim social. É um argumento apresentado por sociólogos, mas é altamente discutível. Para o professor, há esses os dois tipos de discriminação no Brasil, podendo-se discutir qual deles predomina. Talvez se o negro alcançar um patamar social e econômico superior, ele sinta menos a discriminação racial, mas isso não significa que ela não exista; d) A cota poderia promover uma discriminação não existente, pois o cotista poderia ser discriminado pelo não cotista, dentro da universidade. E no mercado de trabalho, o empregador poderia presumir que, se a pessoa é negra, vem da universidade que tem cotas, então talvez essa pessoa não tenha uma mesma qualidade de formação educacional dos demais; e) A cota geraria um prejuízo para a qualidade ensino, pois, se um grupo tem acesso a uma universidade de forma mais facilitada, é porque esse grupo dificilmente 8 www.cursoenfase.com.br Direito Constitucional O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. teria condições de disputar as vagas de forma ampla porque não teria nota suficiente, em razão de uma formação educacional inadequada anterior, que carrega para a faculdade; e o professor se veria forçado a diminuir o nível das aulas para que todos pudessem acompanha-las; f) A cota viola a justiça individual meritocrática, porque eventualmente um indivíduo que passou pelo sistema de cotas e foi aprovado, pode ter na prática uma nota inferior à de um indivíduo que não participou do sistema de cotas, teve nota superior ao que ingressou na faculdade pelo sistema de cotas, mas não conseguiu ingressar na universidade. Dentre os argumentos favoráveis destacam-se: a) O negro pertence a um grupo que passa por um processo de escravidão com uma abolição não inclusiva. Essa não inclusão perpetua-se até os dias atuais. O negro era escravo, havia todo um sistema econômico de produção fundado na escravidão. O negro é liberto e não absorvido como mão de obra, ele é substituído nas lavouras pelos imigrantes. Ele vai para a zona urbana, porque na zona rural ele não consegue ocupar um posto de trabalho como empregado, e não consegue ser inserido no cenário econômico nas cidades, nem no sistema educacional, e passa a viver de forma marginalizada, no sentido econômico, nos centros urbanos. Portanto, ocorre um empobrecimento da população negra, que se perpetua historicamente. A repercussão desses fatos sociais atualmente pode ser evidenciada a partir de alguns índices socioeconômicos, por exemplo, a média salarial da população negra é aproximadamente a metade da população branca (especialmente porque os negros ocupam os cargos com menor remuneração, com menor exigência de formação educacional); outro dado importante levantado pelo laboratório de pesquisas públicas da UERJ é no sentido de que se todas as vagas de medicina nas universidades públicas e privadas fossem destinadas a negros, seriam necessários 25 anos contínuos para que a quantidade de médicos negros fosse igualada à de médicos brancos. Há um conceito importante nesse debate que é o conceito de sub-representação do grupo, que ocorre quando há grande diferença de participação de um grupo em determinado segmento (indício de fenômeno que prejudicou o grupo). Para exemplificar, no Brasil, apenas 3 a 4 % dos cargos de gerentes e executivos das empresas são ocupados por negros (imaginando-se que 50% da população brasileira é negra, há um hiato acentuado entre o percentual de negros no Brasil e a quantidade de negros que ocupam esses cargos). Outro exemplo é a participação das mulheres na vida política. Se 50% da população é de mulheres,e 9 www.cursoenfase.com.br Direito Constitucional O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. apenas 10% dos cargos políticos são ocupados por elas, há sub-representação do grupo feminino nesse setor. Toda vez que um grupo é sub-representado em determinado setor, isso revela a consequência de algum processo histórico de exclusão. Esse raciocínio seria o eixo central do entendimento para as ações afirmativas ou das cotas para os negros. b) A cota promove não a justiça individual (que nesse caso é mitigada), mas a justiça social. Aqui há o embate clássico entre individualidade e coletividade, entre liberdade e igualdade, entre justiça individual e social, entre capitalismo e socialismo. O fio condutor dessas duas linhas é o mesmo. Pode-se ter a perspectiva mais comunitária, da coletividade, em que se observa a supremacia do interesse público sobre o particular, que se impõe sobre a individualidade, ou adotar-se a perspectiva que parte do indivíduo para a coletividade, que não pode sobrepor ao indivíduo, pois o individuo antecede a coletividade. E daí surge o embate entre comunitarismo e liberalismo ou entre socialismo (ideia central da igualdade) e capitalismo (ideia central da liberdade). É um debate jurídico permeado de concepções ideológicas. Não é a toa que hoje no Brasil se vive um debate mais acentuado entre uma esquerda mais radical, uma esquerda mais moderada, um posicionamento de centro-direita, e quanto mais à esquerda o partido se encontre, mais ativo ele é na defesa de grupos socialmente vulneráveis. Por isso justifica-se partidos muito à esquerda defenderem GLBTTT, mulheres, negros, sem terra, etc. Há uma crítica no sentido de que, na ânsia de promover a igualdade, há uma segmentação tão acentuada de diversos grupos que se acaba por criar mais uma fratura social do que a promoção da igualdade, pois os outros grupos não beneficiados sentem-se prejudicados. Exemplo disso é o bolsa família. Diante das diferenças socioeconômicas entre sul/sudeste e norte/nordeste, na ânsia de promover a igualdade, o governo criou políticas de assistência social que beneficiaram muito mais o nordeste/norte do que o sul/sudeste, que quem não foi beneficiado sentiu-se excluído, sentindo que se não fosse o bolsa família, as eleições não teriam o mesmo resultado. Com relação a Minas Gerais, que mais parece um microssistema brasileiro, o governo do PT obteve mais votos no norte/nordeste de Minas do que no sul/sudeste (há semelhança socioeconômica com o mapa do Brasil), pois o governo inundou MG com o bolsa família. Em nome da promoção da igualdade, o governo acaba por promover essa fratura política, uma fratura social, e essa distensão entre “nós e eles” (seja quem for esse nós e esse eles). 10 www.cursoenfase.com.br Direito Constitucional O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. Diante dos argumentos apresentados pró e contra o sistema de cotas, verifica-se que ambas as posições apresentam teses bem fundamentadas, havendo falta de unanimidade de entendimento e de amplo consenso. Uma das posições pode até ser mais aceita do que a outra, mas não há um amplo consenso ou unanimidade, pois os argumentos contrapostos são razoáveis e bem fundamentados. A esse fenômeno dá-se o nome de desacordo moral razoável, que é um tema mais propriamente de filosofia, mas que se pode pegar emprestado e trazer para o direito. O desacordo moral razoável se mostra mais evidente nas sociedades com amplo grau de pluralidade. Quanto mais plural e diversa for a sociedade, tanto maior será a dificuldade de consenso, pois esses diversos componentes apresentarão suas teses baseadas em fundamentos racionais, o que dificultará esse acordo. Esse tema conecta-se com o tema da igualdade porque o desacordo moral razoável acentua-se nas sociedades plurais (com componentes diferentes), e a ideia atual de igualdade pressupõe o respeito às diferenças (igualdade pluralista). 1.2 Liberdade A liberdade é diferente da igualdade, pois é um conceito existencial, refere-se à liberdade de cada pessoa. Enquanto a igualdade é um conceito relacional, pressupõe a existência de duas pessoas, grupos ou coisas a serem comparadas, a liberdade é um conceito existencial. O ser humano é, de fato, livre? Porque se o ser humano detém (e ele detém) necessidades, essas necessidades condicionam o comportamento humano, que é dirigido por elas, então ele não é livre. Quanto maiores as necessidades do homem maior é o grau de direção que o homem sofre, ou menor o poder decisório que o homem tem de se autodirigir. Independente desse problema filosófico, parte-se do pressuposto de que o homem é livre. Uma das noções de liberdade seria a de autodeterminação. O homem faz suas próprias escolhas, condicionado não por elementos externos, mas por suas próprias convicções ou necessidades, mas ainda assim são escolhas próprias. Quanto menos sujeito a necessidades tanto maior a esfera de autodireção do indivíduo. Essa liberdade se manifesta de diversas formas, e essas manifestações podem ser as seguintes: 11 www.cursoenfase.com.br Direito Constitucional O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. Liberdade de manifestação de pensamento, da qual decorre a liberdade artística, liberdade científica, liberdade de ensino, liberdade religiosa, liberdade de informação. Liberdade de ir e vir. Liberdade econômica, da qual decorre (novamente) a liberdade científica e de ensino (estas liberdades inserem-se em dois cenários diferentes, tanto como manifestação de pensamento, de ser ensinado e de ensinar o que quiser, quanto como elemento econômico que o ensino traz), e ainda liberdade de informação. Liberdade profissional. Livre iniciativa. Direito à concorrência, pelo menos em parte, pode ser entendido como liberdade. O domínio econômico sacrifica a liberdade porque impede que novos players (novos atores) participem desse processo econômico. Por isso a proteção e a defesa da concorrência é um elemento importante no desenvolvimento econômico. Dessas manifestações da liberdade, destacam-se algumas para serem trabalhadas nesta aula: a liberdade de manifestação, de pensamento e a liberdade religiosa. O direito à liberdade de manifestação de pensamento inclui o direito à opinião, que, por sua vez, conecta-se à liberdade de informação. Na liberdade de informação há o direito de expor a informação, de divulgá-la, mas também de recebê-la. Existe o elemento individual de duplo aspecto: divulgar e receber a informação. Mas, além do elemento individual, tem o elemento social, porque a liberdade de informação converte-se em um mecanismo de controle social em relação ao poder público. A liberdade de informação converte-se em uma condição sem a qual não há democracia (conditio sine qua non), porque na democracia (governo do povo) o povo pode tanto escolher os seus governantes quanto controlá-los, e um dos mecanismos vitais na democracia é a liberdade de informação. Como a liberdade de informação também tem um cenário econômico e profissional, se está falando em imprensa. Então, não há liberdade de informação se não houver imprensa livre. Em um sentido objetivo, imprensa é uma atividade de comunicação social. Em um sentido subjetivo ou orgânico, imprensaé o conjunto de pessoas naturais ou jurídicas que atuam na atividade. Quando se fala em liberdade de imprensa, em primeiro lugar fala-se na atividade, que deve ser plenamente livre. Em segundo lugar, no sentido subjetivo orgânico. As pessoas, empresas, instituições que atuam na imprensa devem gozar de liberdade. Mas, aqui, admite- 12 www.cursoenfase.com.br Direito Constitucional O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. se em certo grau limitações. Então, por exemplo, se é uma pessoa jurídica, ela deve estar sujeita às regras tributárias; apesar de existir imunidade tributária, existem outras regras tributárias, regras de personalidade jurídica, enfim, deve estar sujeita a todas as regras como qualquer pessoa jurídica. Há uma proposta atual no governo que enfrenta muitas dificuldades, que é o controle social da mídia (no sentido orgânico). Esse dito controle social, o controle econômico da mídia, seria a criação de regras que evitassem o abuso do poder econômico, em outras palavras, evitassem que grandes grupos econômicos se tornassem detentores dos meios de comunicação e que manipulassem a liberdade de informação de acordo com seus próprios interesses. Se, numa ditadura, tem-se o problema do controle estatal da mídia, nesse outro cenário haveria um controle econômico da imprensa através de grandes conglomerados ou grandes famílias detentoras de poder econômico, a exemplo da família Marinho (Rede Globo) e dos irmãos Civita (Editora Abril). O problema é que, se de um lado, criar normas para evitar que grandes grupos econômicos controlem a mídia parece importante, por outro lado, o chamado controle econômico ou social da mídia poderia gerar um enfraquecimento de todo setor econômico, o que abriria margem para o governo influenciar a mídia. O governo, com seu amplo poder econômico, poder midiático e de controle de verbas para a mídia, poderia, através do enfraquecimento desses grupos, controlar a imprensa, através de verbas de marketing. A partir dessa linha de raciocínio, de que não há democracia sem liberdade de informação, não há plena liberdade de informação sem liberdade de imprensa, o STF chegou a duas conclusões importantes: (i) a lei de imprensa (elaborada na época militar) não foi recepcionada pela CRFB/88, porque impunha aos profissionais da imprensa uma série de sanções, inclusive penais, mais graves do que aquelas impostas à sociedade como um todo, o que seria uma forma de inibir esses profissionais e, em última análise, de controle estatal sobre a imprensa; (ii) o decreto que exigia diploma de jornalista para que o indivíduo atuasse profissionalmente como jornalista também não foi recepcionado pela CRFB/88, pois para o STF a atividade jornalística é tão relevante para a liberdade de informação, que impedir o exercício da atividade pela exigência de diploma ou qualquer outra qualificação específica seria impedir o seu livre exercício. Assim, se uma pessoa com grande cultura e excelente formação pode contribuir de forma significativa com determinado jornal e ele quer contratá-la, impedir isso seria impedir o livre exercício da liberdade de informação. O estado não pode impor essa limitação, mas se o mercado de trabalho quiser exigir o diploma ou um determinado nível de ensino (mestrado, doutorado etc.), é possível. 13 www.cursoenfase.com.br Direito Constitucional O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. A exigência pelo próprio mercado de trabalho é denominada autopoiesis (algo que se origina no próprio mercado de trabalho). A liberdade religiosa envolve a liberdade de credo e de culto. Credo é o direito de crer e de não crer. Nesse sentido, o ateísmo e o agnosticismo são tão protegidos pela liberdade religiosa quanto qualquer convicção religiosa. Basicamente, ateísmo é a crença de que não há Deus. O agnosticismo não afirma que Deus não exista, mas também não se importa com isso, está desconectado da possibilidade da existência de Deus. A liberdade de culto envolve a liturgia, a celebração da fé. A liberdade de culto se materializa através da liberdade de reunião, sendo esta uma liberdade-meio para outras liberdades. Exemplo: a marcha da maconha é uma liberdade de reunião como um meio para a livre manifestação do pensamento. Da mesma forma, o culto religioso se manifesta através da liberdade de reunião. Exemplo2: o culto no trem é uma manifestação da liberdade religiosa que deve ser vista de forma ponderada, pois não seria razoável impor aos que viajam naquele vagão ouvir a pregação sem liberdade de escolha. Para o professor, falar pessoalmente com quem está à sua volta ou distribuir algum tipo de literatura religiosa está dentro da esfera da liberdade individual religiosa, mas promover um culto obrigando a todos do vagão a ouvir, não. Para garantir a liberdade religiosa existe o princípio da laicidade do Estado. Estado laico ou Estado leigo é o Estado que não adota uma convicção religiosa oficial. Pelo contrário, ele adota, em relação a todas as convicções religiosas, uma postura equidistante. Quando se fala que o princípio da laicidade é um instrumento de afirmação da liberdade religiosa, fala-se de um modelo de relação entre Estado-Igreja (igreja no sentido de instituição religiosa). Nessa relação, há três principais modelos: o modelo de confusão (ou fusão), o de união e o de separação. Na confusão, o Estado se confunde com a igreja e a igreja se confunde com o Estado. Na união, o Estado tem uma religião oficial, mas admite a existência de outras (caso do Brasil Império). Na separação, há o Estado-Laico. A separação pode ser total ou absoluta ou pode ser uma separação parcial ou relativa. O Estado é leigo, não adota nenhuma religião oficial, mas, dentro de determinadas circunstâncias, o Estado pode estabelecer algum tipo de colaboração em nome do interesse público. 14 www.cursoenfase.com.br Direito Constitucional O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. Exemplo: questão dos refugiados. No processo de reconhecimento da condição de refugiado no Brasil, existe um procedimento, mas antes disso há um trabalho feito por uma instituição da igreja católica, uma espécie de triagem por essa instituição e, após, o processo continua pelo poder público. Exemplo2: distribuição do cheque-cidadão pelas igrejas. Uma coisa estava errada, pois a maioria das igrejas que distribuíam esse cheque era evangélica, e isso acabava por redundar em uma propaganda institucional daquela igreja. Deveria ser uma situação mais igualitária. Importante analisar as relações entre Estado e Igreja. Uma delas é saber se em repartições públicas pode haver algum símbolo religioso, como é o caso de alguns tribunais em que na sala de audiência ou sessão há um crucifixo. Uma situação semelhante ocorreu na Itália, em que uma mãe foi matricular um filho em uma escola pública e lá havia símbolos católicos. A mulher pediu administrativamente para que os objetos fossem retirados e não conseguiu. Recorreu ao Tribunal Europeu de Direitos Humanos que, em primeiro momento, foi favorável à mulher, entendendo que, pela laicidade, não poderia haver símbolos religiosos naquela escola pública. A decisão do Tribunal levou a uma comoção nacional, todos contra o Tribunal, e diversos outros países do sistemaeuropeu de Direitos Humanos pediram a participação no processo, vários deles se manifestando contra a decisão do Tribunal, argumentando a formação cultural do povo. Há povos cuja formação cultural está essencialmente interligada na raiz com determinadas convicções religiosas, como é o caso da Itália com a religião católica, da Alemanha com o protestantismo (Lutero era alemão). A Alemanha tinha vários dialetos do alemão que na época de Lutero tinham uma fragmentação muito maior. Lutero foi responsável pela tradução da Bíblia do latim para o alemão, pois entendia que toda pessoa poderia ter acesso à Bíblia para formar suas próprias convicções sobre ela, e essa tradução tornou-se um elemento de unificação nacional, pois unifica a língua e confere uma coesão nacional a partir de um fenômeno religioso. No Brasil, mais de 70% da população brasileira de declara católica, e 15% declara-se evangélica. Se esse número for somado aos que professam a fé espírita de uma linha mais próxima ao cristianismo, esse número de vertentes do cristianismo aumenta ainda mais. Então, colocar um crucifixo em um tribunal não é um elemento que seja desconectado com a formação cultural do povo. Então, o Tribunal Europeu de Direitos Humanos reformou sua decisão, entendendo que aqueles símbolos eram elementos da formação cultural do povo. No Brasil, o CNJ entendeu da mesma forma, não sendo obrigatória a retirada do crucifixo dos tribunais, embora alguns tribunais tenham retirado. 15 www.cursoenfase.com.br Direito Constitucional O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. Se, no Brasil, essa questão fosse levada a ferro e fogo, deveria acabar os feriados religiosos, inclusive o natal, a páscoa, mas não se pode imaginar a vida do brasileiro sem essas comemorações. O STF admite que grupos religiosos que estejam sofrendo prejuízos decorrentes de sua convicção religiosa recebam tratamento diferenciado, como é o caso já citado dos judeus e dos adventistas do sétimo dia, na questão de fazer provas durante o shabbat. Curiosidade: Porque o crucifixo nos tribunais? Porque a crucificação de Jesus representa tudo o que um julgamento não deve ser; Jesus foi acusado pelos lideres religiosos de se auto-afirmar filho de Deus, o messias; Ele foi levado a julgamento perante Pilatos; Pilatos fez a inquisição, teve falsas testemunhas, não viu nada para condenar Jesus; Soube que Jesus era oriundo de outra região, a Galiléia, cujo governador responsável era Herodes, e envia Jesus para ser interrogado por Herodes, que também não viu nada de que pudesse ser acusado e devolve-o para Pilatos. A mulher de Pilatos diz para não condená-lo, porque ela havia sonhado com ele toda a noite e que ele era um homem justo. E Pilatos lavou suas mãos e perguntou ao povo qual dos dois presos deveria soltar, e o povo grita Barrabás. E Pilatos disse que somente açoitaria a Jesus e mandaria soltá-lo, e o povo gritou: crucifica-o, e Pilatos atende ao clamor popular. Ali há um problema de ampla defesa e contraditório (Jesus não tem uma defesa técnica), falsas testemunhas, ilegitimidade do acusador (lideres religiosos sem uma formal de acusação), violação ao princípio do juiz natural (conflito negativo de competência). Por fim, há o problema das decisões majoritárias que levam ao sacrifício dos direitos das liberdades individuais. 16 www.cursoenfase.com.br 1. Direitos fundamentais em espécie Direito à igualdade Tipos de igualdade Igualdade na lei e perante a lei Igualdade formal, material e pluralista Igualdade de oportunidade e de resultado Igualdade identidade e igualdade proporcionalidade Tipos de discriminação Discriminação direta Discriminação indireta ou neutra Discriminação positiva Ação afirmativa Liberdade
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