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RESUMO 1º GQ - MODOS DE SOLUÇÃO DOS CONFLITOS O primeiro tópico a ser estudado por nós são os modos de solução dos conflitos Ponto 1: Modo de solução de conflitos. Você pode perguntar: o que é conflito? Segundo ALVIM o conflito pode ser de dois tipos: ❏ Conflito subjetivo de interesses: ❏ Se dá dentro da própria pessoa. Quando você quer comprar dois produtos mas possui dinheiro para comprar apenas um objeto. Então deve escolher entre a compra de um ou outro produto, por exemplo. ❏ Conflito intersubjetivo de interesses ❏ Ocorre entre duas ou mais pessoas. Exemplo: quando disputam um mesmo bem. Esse é o que nos interessa! Pessoal, o conflito pode ter algumas causas diferentes: a) Quando uma pessoa deixa de satisfazer pretensão de outra, quando poderia voluntariamente atendê-la. Ex. Poderia reparar um dano causado, uma batida entre carros em um estacionamento e a pessoa que foi responsável não assume os custos de reparação voluntariamente); b) O conflito pode ser também penal, quando um indivíduo pratica um tipo penal, um homicídio, um roubo, um estelionato… c) Pode acontecer também quando uma pessoa se volta contra a pretensão do seu adversário (uma legítima defesa para se defender de uma tentativa de homicídio praticada em seu desfavor). Mas qual a importância da solução do conflito para sociedade? Sabemos que a insatisfação é um fator antissocial. A falta de resposta para determinadas situações gera angústia entre as pessoas envolvidas. Uma sociedade repleta de conflitos não é o lugar ideal e saudável para se viver, é por isso que métodos eficazes de solução dos conflitos contribuem para uma sociedade mais justa, igualitária e por que não, melhor de se viver. E aí a gente cai nos possíveis modos de resolução desses conflitos, pois alguns casos exigem a sua resolução por um juiz estatal enquanto outros podem ser resolvidos pelas próprias partes. AUTÔNOMO 1º PONTO: A AUTOTUTELA ou AUTODEFESA Conhecida também como justiça de mão própria. Tem como conceito: É a solução decisória imposta por apenas um dos sujeitos do embate. → É a forma mais antiga de solução dos conflitos. Como não existia a figura do Estado, o meio de resolução de conflitos se dava através do choque, da briga mesmo, entre os indivíduos empregando a força bruta para obrigar um ao outro a abandonar a sua pretensão. Até que a vontade de um deles, vença. ____________________________________________________________________________ Pablo Medeiros | Aulas Particulares | pablovmedeiros@gmail.com | (81) 99703.1155 Ex-monitor de TGP. Mestrando em Direito (UNICAP). Pós-Graduando em Processo Civil (PUC-MG). Advogado Apesar disso, o direito atual aceita a autotutela ante a impossibilidade da presença do Estado-juiz, somente quando um direito esteja sendo violado ou na iminência de sê-lo. Então é permitido em caráter excepcional, como veremos. ➔ São exemplos ◆ o desforço possessório, no Direito Civil, presente no art. 1210 do Código Civil. Art. 1.210, §1º “O possuidor turbado, ou esbulhado, poderá manter-se ou restituir-se por sua própria força, contanto que o faça logo; os atos de defesa, ou de desforço, não podem ir além do indispensável à manutenção, ou restituição da posse”. Ex. Alguém tentando invadir o seu imóvel à força. ◆ A autoexecutoriedade que os atos administrativos gozam, que nada mais é que a possibilidade de a Administração Pública impor sanções sem a necessidade de ser judicializada uma demanda para este fim. Ex. A Vigilância Sanitária ao encontrar alimentos com a data de validade vencida em certo mercado não precisa se socorrer do Judiciário para poder fechar o estabelecimento comercial. Sendo assim, são características da autotutela 1) a ausência de um juiz, distinto das partes litigantes. Seja porque realmente não existe um juiz ou porque a lei dispensa; 2) A urgência da atuação; e, 3) a imposição não Jurisdicional da decisão por uma das partes à outra. Há doutrinadores que fazem grande diferença entre a autotutela e a autodefesa, outros entendem ser dois nomes para a mesma situação. Bem, concordem comigo que essa não é a melhor forma para solucionar os conflitos pois não necessariamente vence quem tem razão e sim, quem possui mais força. 2º PONTO: AUTOCOMPOSIÇÃO Como o próprio nome sugere, autocomposição, é a solução dada ao conflito pelas próprias partes envolvidas na relação controvertida, é a solução consensual obtida pelos envolvidos no embate. Sendo assim, pode-se dizer, também, que isso é uma forma parcial de resolução do conflito. Porque são as partes que o resolvem! Se baseia no fato de que a solução dada pelas próprias partes de forma consensual é melhor do que a solução dada, imposta, por um terceiro. Então apesar das várias espécies de autocomposição, acredito que a grosso modo elas se dividem em 3. 1 São elas 1. Renúncia ou desistência: Desiste do processo. Renuncia a sua pretensão em favor do devedor. 1 Sinônimo de “espécies” cobrado: tipologia, tipo, exemplo. ____________________________________________________________________________ Pablo Medeiros | Aulas Particulares | pablovmedeiros@gmail.com | (81) 99703.1155 Ex-monitor de TGP. Mestrando em Direito (UNICAP). Pós-Graduando em Processo Civil (PUC-MG). Advogado a. Renúncia é mais profunda pois se refere ao direito material. Desistência é apenas em relação ao processo e por isso não evita uma nova propositura para discussão da mesma matéria. A priori, compreendamos que a pessoa que tinha direito a algo, deixa pra lá, abdica. Certo? O segundo tipo é a 2. Submissão ou reconhecimento: Reconhece a sua dívida, o seu status de devedor e se submete a pretensão da outra parte, da parte credora. 3. Transação: A transação é um negócio jurídico pelo qual os sujeitos de uma obrigação resolvem extingui-la mediante concessões recíprocas, colocando um fim ao conflito. Apenas nos direitos disponíveis. A partir desses 3 grupos, podemos ver várias espécies/tipologias no roteiro de aula da disciplina, mas se você perceber elas vão sempre se encaixar em uma dessas três que nós vimos e assim fica mais fácil para você identificar que tipo de autocomposição é aquela. Pois bem, vou dar um exemplo que vai me servir para este tópico. Vamos dizer que José me ofereceu seu celular por R$500,00 e eu acabei comprando….. ele diz que vai levar pra casa hoje e me trazer amanhã, com a caixa, tudo certinho e eu acredito... mas esse amanhã nunca chega….ele enrola, enrola. Se eu renuncio para não perder a amizade ou evitar estresse, eu pratiquei uma forma de autocomposição. Eu renunciei a minha pretensão. Agora...se ele, José, como a gente diz, põe a mão na consciência e resolve me prestar o serviço ou a coisa contratada, no caso o celular, ele praticou uma submissão ou reconhecimento. Entretanto, se ele não dispõe mais do bem, pois perdeu, digamos, e não tem mais o dinheiro para me devolver por completo, me oferece a metade do valor ou um celular diferente, por exemplo… então nós, por meio de concessões recíprocas, colocamos um fim à controvérsia, ao nosso conflito. Ocorreu umatransação. Certo? Agora, trataremos de duas técnicas bastante conhecidas são a mediação e a conciliação... Elas não são tipologias/espécies de autocomposição. São técnicas utilizadas para que a gente consiga chegar a uma autocomposição (se tudo der certo, claro). São métodos que ajudam as pessoas “a se entenderem”. Caso a mediação/conciliação não tenha sucesso, o jeito será ir para um modo heterônomo de solução de conflitos. Na autocomposição as próprias partes resolvem o conflito em que estão envolvidos, mas na mediação e na conciliação essas partes são auxiliadas por um terceiro. Percebam o terceiro não é parte e também não decide o conflito, apenas auxilia o entendimento entre as partes. Mas percebam (!) cada um deles atua de forma diferente. Apesar da disciplina ser Teoria Geral do Processo e não se reduzir apenas ao Processo Civil é muito difícil deixar de fazer algumas referências, principalmente por causa do Código de Processo Civil que entrou em vigor em 2015...Bem em seu artigo terceiro nós encontramos o seguinte: Art. 3º (omissis) ____________________________________________________________________________ Pablo Medeiros | Aulas Particulares | pablovmedeiros@gmail.com | (81) 99703.1155 Ex-monitor de TGP. Mestrando em Direito (UNICAP). Pós-Graduando em Processo Civil (PUC-MG). Advogado § 2o O Estado promoverá, sempre que possível, a solução consensual dos conflitos. § 3o A conciliação, a mediação e outros métodos de solução consensual de conflitos deverão ser estimulados por juízes, advogados, defensores públicos e membros do Ministério Público, inclusive no curso do processo judicial. Mas qual a diferença entre ambos, mediação e conciliação? O novo Código de Processo Civil reservou um espaço para ambos e lá existe as distinções entre essas duas técnicas de solução dos conflitos. Encontraremos a resposta no art. 165 do Novo CPC: § 2o O conciliador, que atuará preferencialmente nos casos em que não houver vínculo anterior entre as partes, poderá sugerir soluções para o litígio, sendo vedada a utilização de qualquer tipo de constrangimento ou intimidação para que as partes conciliem. Nas palavras de Fredie Didier, o conciliador tem uma atuação mais ativa no processo de negociação podendo, inclusive, sugerir soluções para o conflito. Já o mediador… § 3o O mediador, que atuará preferencialmente nos casos em que houver vínculo anterior entre as partes, auxiliará aos interessados a compreender as questões e os interesses em conflito, de modo que eles possam, pelo restabelecimento da comunicação, identificar, por si próprios, soluções consensuais que gerem benefícios mútuos. Fábio Monnerat, ensina que na mediação, “o terceiro estranho à lide exerce um papel de facilitador 2 do diálogo entre as partes”. Fredie Didier nos explica que cabe ao mediador servir como veículo de comunicação entre os interessados, um facilitador do diálogo entre eles. Nos dois casos, é expressamente vedado a utilização, pelo mediador ou conciliador de constrangimentos ou intimidação para que as partes entre em acordo. A conciliação e a mediação não se dão exclusivamente de forma endoprocessual (ou seja, dentro do processo) ela pode ocorrer em câmaras privadas e é bastante utilizada no meio empresarial para solucionar conflitos de forma mais célere e com a confidencialidade que é de costume desses dois métodos. É bastante utilizada em outros países, como nos EUA. A mediação possui lei própria… MEDIAÇÃO Lei 13.140/2015 Esta Lei dispõe sobre a mediação como meio de solução de controvérsias entre particulares e sobre a autocomposição de conflitos no âmbito da administração pública. (art. 1) Parágrafo único. Considera-se mediação a atividade técnica exercida por terceiro imparcial sem poder decisório, que, escolhido ou aceito pelas partes, as auxilia e estimula a identificar ou desenvolver soluções consensuais para a controvérsia. Quem pode funcionar como mediador? Dos Mediadores Extrajudiciais 2 Lide: conflito entre duas ou mais pessoas. ____________________________________________________________________________ Pablo Medeiros | Aulas Particulares | pablovmedeiros@gmail.com | (81) 99703.1155 Ex-monitor de TGP. Mestrando em Direito (UNICAP). Pós-Graduando em Processo Civil (PUC-MG). Advogado Poderá funcionar como mediador extrajudicial qualquer pessoa capaz que tenha a confiança das partes e seja capacitada para fazer mediação, independentemente de integrar qualquer tipo de conselho, entidade de classe ou associação. (art. 9) Dos Mediadores Judiciais Art. 11. Poderá atuar como mediador judicial a pessoa capaz, graduada há pelo menos dois anos em curso de ensino superior de instituição reconhecida pelo MEC e que tenha obtido capacitação em escola ou instituição de formação de mediadores |I|, reconhecida pela Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de Magistrados - ENFAM ou pelos tribunais, observados os requisitos mínimos estabelecidos pelo Conselho Nacional de Justiça em conjunto com o Ministério da Justiça. Da Confidencialidade Uma das vantagens da mediação está em que ao contrário da jurisdição estatal, Toda e qualquer informação relativa ao procedimento de mediação será confidencial em relação a terceiros. (Art. 30) Mudando de assunto...mas continuando a tratar de autocomposição, segue a explicação de uma das tipologias/espécies. Vamo falar de Transação Adesiva (ou Transação por Adesão). Adentrando os conflitos envolvendo a Administração Pública Federal Direta, suas Autarquias e Fundações. Vejam aí nas fichas do roteiro de aula e acompanhem por esse resumo, beleza? Art. 35. As controvérsias jurídicas que envolvam a administração pública federal direta, suas autarquias e fundações poderão sim, ser objeto de transação por adesão, e elenca alguns requisitos como: I - autorização do Advogado-Geral da União, com base na jurisprudência pacífica do Supremo Tribunal Federal ou de tribunais superiores; ou II - parecer do Advogado-Geral da União, aprovado pelo Presidente da República. Existem aqueles casos em que a Administração Pública é reiteradamente vencida nos tribunais. Sempre perde em determinado tipo de causa (imaginem um benefício do INSS que seja sempre negado às pessoas). Aí os cidadãos vão ao Poder Judiciário e conseguem... Assim, para evitar um maior prejuízo a Administração pode propor soluções através de transações. O interessado em resolver seu problema com a Administração Pública Federal pode então, aderir a essa transação (que é uma espécie de autocomposição), sem entrar na justiça. Como? Nas hipóteses mencionadas acima e mais explicado em nossa aula. Apesar de os direitos da Administração serem indisponíveis, pois é tudo dinheiro público, nesses casos é possível ocorrer a solução extrajudicial. → → Ultrapassando a autocomposição, vamos agora para outro modo de solução dos conflitos que é o HETERÔNOMO. Vamo nessa! HETERÔNOMO Ocorre quando a solução para o conflito é dada por uma pessoa estranha ao conflito, por um terceiro. Por isso também se diz que a solução é imparcial, porque o sujeito que decide não é parte interessada.____________________________________________________________________________ Pablo Medeiros | Aulas Particulares | pablovmedeiros@gmail.com | (81) 99703.1155 Ex-monitor de TGP. Mestrando em Direito (UNICAP). Pós-Graduando em Processo Civil (PUC-MG). Advogado Entrando nas espécies, temos apenas duas: Arbitragem e a Jurisdição. Começando com a… 1. Arbitragem ou juízo arbitral: O art. 3º do CPC, § 1o diz o seguinte: É permitida a arbitragem, na forma da lei. O que é arbitragem? Solução dada ao conflito por julgamento de terceiro escolhido pelos sujeitos do embate. É muito utilizado no meio empresarial pois o procedimento não exige publicidade e ocorre de forma mais célere. Ocorre bastante nas câmaras privadas (aquelas que já falei...que englobam tanto a mediação como a conciliação e a arbitragem). É uma grande contribuição para desafogar o Poder Judiciário mas isso deve ser visto como consequência não como objetivo. O juízo arbitral se desenvolve de forma muito semelhante ao processo judicial, cada parte submete suas petições, realiza-se a devida instrução, o contraditório, tudo isso e então o árbitro (que é geralmente um especialista na área do conflito) decide quem tem razão no caso concreto. Existe um pressuposto de admissibilidade, que é o seguinte, a arbitragem cabe apenas nos conflitos de direitos patrimoniais disponíveis. Não cabe em matéria penal, por exemplo. Direito patrimonial disponível: a título exemplificativo, uma pessoa que tem apenas um apartamento simples para sua moradia não pode perdê-lo em uma ação arbitral pois não compõe um direito disponível. Mas aquela pessoa que possui vários apartamentos, os apartamentos são então disponíveis. Vê só! Se exitoso, o produto desse julgamento será uma sentença arbitral, que possui a mesma força executiva de uma sentença prolatada/feita, por um juiz estatal. É tanto que se a parte vencida não cumprir com os termos determinados nessa sentença a parte vencedora não precisará rediscutir o direito perante o juiz, pois o seu direito já foi provado diante do árbitro e dessa forma a sentença irá direto para uma fase chamada de cumprimento de sentença, (assunto de Processo Civil IV). Só salientando, as sentenças proferidas por árbitro não podem ser executadas por eles pois o árbitro detém o poder decisório mas não o poder executivo, a coertio que cabe apenas à Jurisdição. 2. JURISDIÇÃO Etimologia A palavra jurisdição deriva do latim juris (direito) dictionis (dicção, ação de dizer). O termo jurisdição significa exatamente isso: dizer o direito. ● No direito romano se distinguia a jurisdictio (dizer o direito) do imperium (poder de executar o que foi decidido). O juízes eram denominados jurisconsultos e não possuíam o poder de determinar a execução direta de uma ordem. Apenas os pretores, possuíam esse poder. ____________________________________________________________________________ Pablo Medeiros | Aulas Particulares | pablovmedeiros@gmail.com | (81) 99703.1155 Ex-monitor de TGP. Mestrando em Direito (UNICAP). Pós-Graduando em Processo Civil (PUC-MG). Advogado ● Em determinado momento, por mudanças políticas, houve evidente concentração de poder. Com isso os pretores passaram a decidir e executar suas próprias ações. ● Hoje, o juiz brasileiro, profere decisões com a mesma eficácia que os pretores, com poderes de dizer o direito e de executar o que foi decidido. OBJETO Nem toda atividade do homem constitui efetivo interesse do Estado. São como as normas sociais, encontradas nas relações de amizade, relações amorosas, cotidianas, de cortesia. Mas há outro tipo de norma, como código civil, código de defesa do consumidor, código penal. Essas normas geram outro tipo de relação, chamada de relação jurídica. Quando alguma norma de direito material é descumprida, ocorrendo a insatisfação de uma pessoa, jurídica ou física, opera-se o que se chama de LIDE, um litígio, conflito. Lide Segundo CARNELUTTI é: ● Um conflito de interesses qualificado pela pretensão de um dos interessados e pela resistência do outro. Para dirimir esses conflitos de interesses, nós temos algumas formas alternativas de solução de conflitos, ou como alguns doutrinadores chamam, equivalentes jurisdicionais ou _______________________. No novo CPC (Lei 13.105/2015) alguns costumam falar em Sistema Multiportas (Fredie Didier é um deles). Vejam só alguns desses exemplos: ● A autotutela → Como já falei, ao contrário do que se pode pensar, ainda está presente no nosso ordenamento jurídico, caracterizada por exemplo pelo desforço imediato no direito civil; legítima defesa no direito penal... ● A autocomposição ● A arbitragem Mas o que nos importa agora é aquele modo de solução do conflito em que o estado avoca para si a função de dirimir conflitos: jurisdição. Existe uma possibilidade de conceituar jurisdição como um poder do Estado em dirimir conflitos. Ainda mais, o poder-dever do Estado-juiz em dirimir conflitos. Então, a possibilidade de resolver os conflitos, que também é de interesse do Estado pois com isso se busca a pacificação social, denominamos, jurisdição. Ao contrário do legislador, ou do administrador, que atuam sem a exigência de um conflito, a atuação do Estado-juiz dá-se em uma situação concreta a ser resolvida, de forma imperativa (inclusive, falaremos disso mais à frente durante a aula presencial). SISTEMAS DE JURISDIÇÃO Temos a a) Dualidade ou sistema francês: b) Por outro lado, temos a Jurisdição Única ou sistema inglês: ____________________________________________________________________________ Pablo Medeiros | Aulas Particulares | pablovmedeiros@gmail.com | (81) 99703.1155 Ex-monitor de TGP. Mestrando em Direito (UNICAP). Pós-Graduando em Processo Civil (PUC-MG). Advogado Vamos agora para os PRINCÍPIOS DA JURISDIÇÃO ● Juiz Natural: Assegura expressamente a Constituição Federal que “ninguém será processado nem sentenciado senão pela autoridade competente” (artigo 5º, inciso LIII) e que “não haverá juízo ou tribunal de exceção” (artigo 5º, inciso XXXVII). Esse princípio garante ao cidadão o direito de não ser subtraído de seu Juiz Constitucional ou Natural, aquele por lei, pré-constituído para exercer validamente a função jurisdicional. ● Inércia O art. 2o do Novo CPC diz o seguinte “O processo começa por iniciativa da parte”. Existe alguns termos em latim para expressar esse princípio como Nemo iudex sine actore - não há juiz sem autor-, o Ne procedat iudex ex officio...esse último que fala exatamente sobre a impossibilidade de o Estado-juiz atuar sem que haja prévia provocação da parte. Diz, a grosso modo, o princípio da inércia que a prestação da tutela jurisdicional só se dará mediante provocação. ● Inafastabilidade: !!! Dispõe o artigo 5º, inciso XXXV, da Constituição Federal que “a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito”. Desta forma, a Constituição Federal garante o acesso ao Poder Judiciário a todos aqueles que tiverem seu direito violado ou ameaçado, não sendo possível ao Poder Legislativo, editar leis que dificultem oacesso do jurisdicionado ao Poder 3 Judiciário. ● Indelegabilidade: !!! A jurisdição não pode ser transferida nem pode ser delegada pelo Poder Judiciário...ou seja a atividade jurisdicional não poderá ser exercida por outro órgão. Devendo ser atividade unicamente dos magistrados estatais. Com isso, todos nós ganhamos na qualidade e segurança das decisões. ● Indeclinabilidade !!! O magistrado, competente é obrigado a prestar a tutela ao autor do processo, não pode se recusar a julgar por simples vontade. ● Inevitabilidade/irrecusabilidade !!! Quando provocado o exercício jurisdicional, as partes sujeitam-se ao resultado mesmo contra a sua vontade. Nesse sentido o vencedor acaba se beneficiando enquanto a parte vencida precisa acatar a decisão. ● Investidura peculiar O Estado exerce a jurisdição por seus órgãos constitucionalmente definidos e essa função jurisdicional é exercida por agentes que preencham rigorosos critérios legais (aprovação em concurso de provas e títulos, três anos de prática jurídica, formação em direito; ou nomeados pelo chefe do Poder Executivo para ingresso pelo quinto constitucional em tribunais). 3 jurisdicionado: aquele sobre quem se exerce jurisdição. Aquele que está com uma causa na justiça (autor ou réu). ____________________________________________________________________________ Pablo Medeiros | Aulas Particulares | pablovmedeiros@gmail.com | (81) 99703.1155 Ex-monitor de TGP. Mestrando em Direito (UNICAP). Pós-Graduando em Processo Civil (PUC-MG). Advogado ● Territorialidade/aderência ao território Por se tratar de um ato de poder, o juiz exerce a jurisdição dentro de um limite espacial sujeito à soberania do Estado. Além desse limite ao território do Estado, sendo numerosos os juízes de um Estado, normalmente o exercício da jurisdição que lhes compete é delimitado à parcela do território, conforme a organização judiciária da Justiça em que atua, Sendo as áreas de exercício da autoridade dos juízes divididas na Justiça Federal em seções judiciárias e na Justiça Estadual em comarcas. ● Duplo Grau de Jurisdição ◦ Não é um princípio expresso e se depreende da previsão constitucional de órgãos de revisão. ◦ Se funda na falibilidade humana, dando ao jurisdicionado a chance de ter a sentença que foi proferida em seu desfavor reexaminada. ◦ Conteúdo: reexame ◦ Modalidades: ▪ Facultativo ▪ Voluntário Uma pergunta que pode surgir, é, sabendo que a jurisdição é o poder do estado de dirimir conflitos, como ele faz isso? Dado o fato objetivo que duas pessoas não se compuseram no direito material o conflito dessas pessoas será projetado no judiciário, o que o judiciário deve fazer? Segundo Chiovenda, o estado vai fazer isso através do que se chama, atividade substitutiva, pois, a grosso modo, substitui a vontade das partes. Aplicar a norma ao caso concreto ou seja exercer o poder de “dizer o direito”. Mas existe uma consideração importante que nós temos que levar em conta: A jurisdição não vive somente de resolução de conflitos. Isso fez com que o legislador estabelecesse uma classificação da jurisdição civil. Então hoje, podemos dividir a jurisdição em dois grupos: Nós temos uma jurisdição chamada ● CONTENCIOSA E também, temos uma jurisdição chamada de ● VOLUNTÁRIA. Quando a gente fala em contenciosa, pressupõe-se uma lide. O conflito entre pretensões. Porém, existem situações, em que o Estado precisa participar das relações particulares para que essa relação possa produzir seus regulares efeitos, mesmo sem a existência de um conflito. A esse tipo de jurisdição, chamamos de JURISDIÇÃO VOLUNTÁRIA ou graciosa. Parte da doutrina costuma chamar essa modalidade de jurisdição de administração pública de interesses privados. Fredie Didier, entre outros, entretanto, defende a natureza jurisdicional da jurisdição voluntária. Temos como exemplo, uma ação de divórcio consensual. ____________________________________________________________________________ Pablo Medeiros | Aulas Particulares | pablovmedeiros@gmail.com | (81) 99703.1155 Ex-monitor de TGP. Mestrando em Direito (UNICAP). Pós-Graduando em Processo Civil (PUC-MG). Advogado Então para facilitar o entendimento, apresentá-lo de forma mais didática, nós podemos fazer uma tabela comparativa entre a Jurisdição Voluntária x Jurisdição Contenciosa. JURISDIÇÃO CONTENCIOSA JURISDIÇÃO VOLUNTÁRIA 1. LIDE Ausência de LIDE 2. Partes Interessados 3. Sentença Pronunciamento Judicial 4. Processo Procedimento (Grinover, 2003. pag. 156) 5. Ato substitutivo Ato integrativo 1º. Quando pensamos em jurisdição contenciosa, a primeira coisa que nos vem à mente é a lide. Enquanto que na JURISDIÇÃO VOLUNTÁRIA, é a ausência de lide. 2° Partes = contraposição / interessados = não ocorre essa contraposição 3° Segundo parte da doutrina Não existe uma sentença, mas um pronunciamento judicial de administração de interesse privado com relevante repercussão pública. 4º “Fala a doutrina, por outro lado, em procedimento, e não processo, pois este seria também ligado ao exercício da função jurisdicional contenciosa e da ação” Ada Pellegrini Grinover (2003, p.156). 5º Não substitui a vontade das partes mas integra, confirma a vontade de ambas. Bibliografia utilizada: ALVIM, José Eduardo Carreira. Teoria Geral do Processo. 18ª ed. - Rio de Janeiro: Forense, 2015. CINTRA, Antonio Carlos Araujo. DINAMARCO, Cândido Rangel. GRINOVER, Ada Pellegrini. Teoria Geral do Processo. 31ª ed. São Paulo: Malheiros, 2014. DIDIER JR. Fredie. Curso de Direito Processual Civil: introdução ao Direito Processual Civil, parte geral e processo de conhecimento, 19ª ed. - Salvador:JusPodivm, 2017. ____________________________________________________________________________ Pablo Medeiros | Aulas Particulares | pablovmedeiros@gmail.com | (81) 99703.1155 Ex-monitor de TGP. Mestrando em Direito (UNICAP). Pós-Graduando em Processo Civil (PUC-MG). Advogado
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