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Economia Sectorial (1)

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ISCTE – Instituto Universitário de Lisboa
Economia Sectorial
2011/2012
Docentes: João Leão e Mónica Meireles
Joana Tavares
Objectivo, Teoria e Custos da Empresa
Qual o objectivo de uma Empresa?
As empresas deverão ter como objectivo a maximização do lucro? A maximização das receitas? Ou devem maximizar a quota de mercado? Ou devem ainda maximizar outros objectivos, como o bem-estar social?
Supondo que a Sara é a única dona e gestora do restaurante do ISCTE: é possível que ela queira maximizar o “rendimento” que obtém com a empresa. No final de cada período, o que fica para a Sara é a diferença entre as receitas e os custos.
Se, ∏ ≡ Lucro e TC ≡ Custo Total:
Max ∏ = Receitas – Custos de Produção = PxQ – TC (Q)
Assim, a maximização das receitas e a maximização do lucro serão objectivos coincidentes? Se o aumento das receitas conduzir ao aumento dos custos, então o lucro não aumentará. Desta forma, os economistas frequentemente assumem que o objectivo das empresas é a maximização do lucro. 
Mesmo que as empresas tenham como objectivo o melhoramento do bem-estar social, elas não podem afastar-se em demasia do objectivo de maximização do lucro, pois, se o fizerem, poderão incorrer em prejuízo e ficar sem recursos, pelo que a sua riqueza dimunui. Contudo, embora o objectivo principal seja, de facto, o mais importante, por vezes, há alguma margem para que as empresas apostem noutros objectivos. 
Dimensão Intertemporal
Os Economistas costumam assumir que as empresas maximizam o valor actual dos “lucros” actuais e futuros; para tal somam os “lucros” correntes e futuros (em que os lucros futuros são descontados).
Max ∏1 + + + ...
em que, r ≡ taxa de actualização.
Assim, o objectivo da empresa é maximizar o valor actual dos lucros presentes e futuros. As empresas, por questões de marketing, fazem campanhas que prejudicam o lucro de muito curto prazo, oferecendo amostras, por exemplo, que aumentam os custos de produção da empresa, com o objectivo de atrair novos clientes e aumentar o lucro futuro. Assim, o facto das empresas maximizarem o valor actual dos “lucros” actuais e futuros, não implica que as empresas devem maximizar os lucros em cada um dos períodos, pois a empresa pode querer sacrificar um lucro num período se isso lhe permitir aumentar os lucros nos períodos seguintes. 
Mas nem todas as empresas são como a da Sara. Muitas empresas têm vários proprietários e o CEO da empresa nem sempre é o seu dono. As empresas são muitas vezes estruturas complexas que podem afastar-se do objectivo de maximização do lucro. 
Propriedade das Empresas
Dentro de uma grande empresa há uma hierarquia: no topo estão os accionistas, que são seguidos pelos executivos de topo/administração, depois pelos gestores intermédios, que são nomeados pelos executivos de topo e, por último, estão os trabalhadores em geral, que são nomeados pelos gestores intermédios. Os accionistas desejam que os trabalhadores da empresa trabalhem com um único objectivo, o de maximização dos lucros. Porém, os accionistas das grandes empresas, por norma, estão muito dispersos; a estrutura da empresa é muito complexa, pelo que não é possível que os accionistas consigam supervisionar os restantes trabalhadores, nem é possível que se assegurem que os trabalhadores de esforçem em prol daquele objectivo máximo. 
Há três tipos de propriedade de empresas: em nome individual; sociedade por quotas e, ainda, sociedade por acções (cotadas ou não na Bolsa de Valores).
A importância das sociedades por acções cotadas na Bolsa tem aumentado ao longo do tempo. Por exemplo, nos US, em 1900 havia apenas 113 empresas cotadas, em 1920 havi 391 e hoje mais de 1900 empresas estão cotadas. Apesar das sociedades por acções constituírem apenas 20% de todas as empresas, o seu contributo para o total das vendas na economia americana é esmagador: 90%. Ainda nos US, as sociedades por acções são especialmente importantes na indústria transformadora: 82% do número de empresas, 98% do valor acrescentado e 97% do emprego desse sector. Em Portugal, a importância das sociedades por acções também tem aumentado ao longo do tempo. No entanto, as sociedades por acções ainda têm um peso na economia menor do que os outros dois tipos de empresas, que são, geralmente, PMEs.
Separação entre Propriedade e Controlo
Nas sociedades por acções, os accionistas não controlam directamente as empresas; apenas elegem, em assembleia geral, o conselho de administração, pois são os gestores de topo que controlam directamente a empresa.
Estes gestores podem ter objectivos que prejudiquem o objectivo dos accionistas (a maximização do lucro da empresa): maximizar os seus próprios salários, ter gabinetes luxuosos, viajar em aviões privados da empresa, entre outras coisas. Ainda, se estes gestores tiverem como objectivo controlarem uma grande empresa, pretenderão maximizar as vendas e não os lucros.
O que poderá evitar que os gestores de topo se desviem do objectivo de maximização do lucro?
Se a empresa não for gerida com o objectivo de maximizar o lucro, poderá não resistir à concorrência de empresas rivais (maximizadoras do lucro) e ter taxas de lucro baixas ou ir à falência. Consequentemente, os gestores poderão perder o emprego na empresa, perderão também a reputação e terão dificuldades em encontrar emprego em outras empresas. 
Os accionistas podem fazer depender parte da remuneração dos gestores do lucro da empresa. Como? Atribuindo-lhes acções da empresa, opções de compra sobre acções da empresa (stock options), ou outros bónus dependentes dos lucros da empresa. Mas estes mecanismos também podem gerar incentivos perversos, pois os gestores podem tentar influenciar artificialmente o lucro ou o preço das acções no curto prazo, caso consigam, ou podem querer correr muitos riscos.
Se houver pouca dispersão do capital da empresa, os accionistas tendem a conseguir que os gestores de topo não se desviem significativamente da maximização do lucro: quando parte significativa do capital está concentrado em poucos accionistas, como por exemplo a Sonae, que é dominada por Belmiro de Azevedo, estes têm um grande controlo sobre o comportamentos dos gestores; quando o capital está disperso por muitos accionistas, como é o caso do BCP, estes têm dificuldade em organizarem-se para controlar o comportamento dos gestores. Daqui advém uma consequência: na prática, as remunerações dos gestores de topo das empresas com maior concentração do capital accionista, como é o exemplo da Sonae, tendem a ser menores do que as remunerações dos gestores de topo das empresas equivalentes, mas com maior dispersão do capital accionista, como é o BCP. 
Mesmo quando a empresa serve os interesses dos accionistas, a empresa pode não querer investir nos projectos que tenham maior rentabilidade esperada, pelo que pode haver um conflito entre os accionistas e os detentores de obrigações de uma empresa. Por exemplo, uma empresa começa a sua actividade com um financiamento de 1000 euros obtido com a emissão, em partes iguais, de acções e de obrigações, com taxa de juro fixa igual a 10%). Supondo que a empresa tem de decidir entre dois projectos com o mesmo investimento inicial de 1000 euros e duração de um ano:
Projecto A: com igual probabilidade, a empresa obtém, dentro de um ano, 1400 euros (sucesso) ou apenas 1000 euros (fracasso). O resultado esperado é de 1200 euros.
Projecto B: com igual probabilidade, dará um lucro de 2300 euros (sucesso) ou de 0 euros (fracasso). O resultado esperado é de 1150 euros.
Neste caso, haverá um conflito entre os interesses dos accionistas e dos detentores de obrigações:
Projecto A: os obrigacionistas recebem integralmente os juros (10%*500 euros = 50 euros), mesmo se ele tiver um fracasso.
Projecto B: os obrigacionistas recebem os juros inicialmente previstos apenas se ele tiver sucesso; no caso de fracasso, não recebem os juros nem o empréstimo inicial.
Conclusão: os detentores de obrigações preferem o projecto A, pois é menos arriscado. 
Projecto
A: os accionistas receberão 850 euros (= 1400 – 500 mil) no caso de ter sucesso e 500 (ou nada) no caso de ele ter um fracasso. O Payoff esperado dos accionistas é o seguinte: 850*0.5+500*0.5=675
Projecto B: os accionistas receberão 1750 mil euros (=2300-500-50) em caso de sucesso e nada no caso de fracasso relativo. O Payoff esperado dos accionistas é o seguinte: 1750*0.5=875.
Conclusão: os accionistas neste caso preferem o projecto B, com menor rentabilidade e com maior risco. 
Note-se que os accionistas preferem o projecto B apenas porque a empresa está endividada. Se a empresa não tivesse dívida, os accionistas prefeririam o projecto A. Em empresas muito endividadas, os accionistas podem querer investir em projectos muito arriscados, porque sentem que estão a arriscar o “dinheiro dos outros”: se o projecto correr bem, são os accionistas que mais beneficiam (os obrigacionistas apenas recebem o seu empréstimo de volta mais os juros); se o projecto correr mal, não têm de pagar aos obrigacionistas.
Por causa deste conflito, os empréstimos obrigacionistas incluem, normalmente, cláusulas que restringem os tipos de projectos em que as empresas podem investir.
Informação Assimétrica
A informação assimétrica é crucial para se compreender o funcionamento das grandes empresas, pois a informação não está distribuída de forma simétrica.
Numa empresa, o Principal recruta um Agente e é suposto que este se esforce em prol dos objectivos do Principal. Por exemplo, numa grande empresa, os accionistas são o Principal e os executivos são o Agente. Mas, quem tem mais informação são os executivos de topo. O facto do Agente ter mais informação que o Principal, faz com que este tenha uma maior margem de gestão da empresa.
Quando há muita informação assimétrica, é difícil assegurar que todos os trabalhadores se esforçam em prol do objectivo dos accionistas. Quanto maior e mais complexa for a estrutura de uma empresa, mais difícil será para os accionistas assegurarem-se de tal. Os accionistas podem resolver este problema, fazendo depender as remunerações dos trabalhadores dos lucrros da empres, tal como foi sugerido acima. Esta questão atenua o problema, uma vez que os trabalhadores passam a esforçar-se mais pelo facto da maximização dos lucros ser agora também um objectivo próprio.
Acção vs. Opção
Uma acção é distinta de uma opção. Uma opção é um instrumento financeiro que dá ao seu titular a opção de compra futura da acção. (Por exemplo, opção de compra (Oc): Oc (A=0,2) durante cinco anos). Se, ao final de cinco anos, o preço da acção subir para 0,5 e se o títular da obrigação pode comprá-la por 0,2, então este vai ter um ganho de 0,3. Quando uma empresa dá uma opção de compra aos seus colaboradores, faz com que estes lutem pelas acções e pelas opções. Esta é outra forma de motivar os trabalhadores e de atenuar ou até resolver o problema levantado anteriormente.
Estas acções e opções são utilizadas mais ao nível dos gestores de topo do que propriamente ao nível dos trabalhadores em geral, pois, o impacto que estes últimos têm no lucro da empresa é muito diminuto. Análogamente, a gestão de topo tem muito poder e influência sobre o lucro da mesma empresa. O lucro agregado da empresa depende de milhões de decisões e não apenas da decisão de um trabalhador singular.
Os gestores podem ainda maximizar o lucro no primeiro ano e depois fazê-lo diminuir nos anos seguintes, o que prejudica a empresa. Aqui está mais uma prova de que a lógica dos accionistas no muito curto prazo pode ter efeitos preversos (que foram muito mencionados no explodir da crise económica).
Os gestores de topo têm, muitas vezes, um papel determinante na determinação das suas remunerações. Eles vão querer o máximo ganho possível, mas, muitas vezes, este objectivo pode ser atingido à custa dos accionistas. 
Assim, os pontos focados acima representam um problema real da gestão moderna: as compensações fantásticas dos gestores de topo. Muitos destes gestores, por vezes, investem em projectos de demasiada expansão, que comprometem os lucros das empresas. Deste modo, os interesses dos accionistas não vão, muitas vezes, ao encontro dos objectivos dos gestores.
Teoria da Empresa e Dimensão das Empresas
Porque é que há empresas de dimensão tão diferente? Por exemplo, a Sara do exemplo anterior, tem um restaurante no ISCTE apenas com cinco trabalhadores e a PT tem milhares de trabalhadores. Porque é que a maioria das empresas de restauração são de pequena dimensão? Porque é que em muitas cadeias de fast-food existem contractos de franchising, em vez de existir uma única empresa que controla todas as operações?
Porque é que existem empresas? Em geral, uma empresa integra várias pessoas, potencialmente envolvidas em diferentes fases do processo produtivo. Porque é que certa fase do processo produtivo não é feita individualmente por cada pessoa que depois trocaria o seu produto no mercado? A existência de empresas substitui o uso do mercado e do sistema de preços (mecanismo descentralizado) entre estas fases do processo produtivo pela coordenação por parte da Gestão da empresa.
A dimensão de uma empresa pode aumentar de diversas formas:
A empresa decide aumentar a produção do seu produto básico;
A empresa entra num processo de integração vertical, passando a produzir também os seus inputs, ou então expandindo-se a jusante;
A empresa começa também a produzir produtos afins;
A empresa alarga a sua actividade a produtos não afins (conglomeração).
Dois factores que afectam a dimensão de uma empresa são os custos de monitorização e os custos de transacção.
Quando a dimensão de uma empresa aumenta, aumentam os custos de monitorização não só dos gestores, mas também dos trabalhadores da empresa, aumentam as tarefas que são realizadas no seu interior e diminuem os custos de transacção com outras empresas.
Segundo Coase, a dimensão óptima de uma empresa depende do balanço entre estes custos e benefícios associados a uma expansão. Essa dimensão será normalmente atingida se a empresa desempenhar apenas as tarefas em que é eficiente e depender de outras empresas (isto é, do mercado) nas outras funções necessárias para a conclusão dos seus produtos. 
Dimensão da Empresa e Estrutura de Custos
Exemplo: Electricidade
EDP/Endesa			REN Redes			EDP
Produção			Distribuição			Venda ao consumidor final
- Hídrica
-Eólica			 Monopólio Natural
-Carvão
-Gás
Economias de Escala 
A existência de fortes economias de escala é uma das razões que pode levar à existência de grandes empresas em determinados sectores. Existem economias de escala (ou rendimentos crescentes à escala) quando um aumento da produção conduz a uma diminuição do custo médio de produção, ou seja, quando os custos médios de produção diminuem com a escala/dimensão da empresa, à medida que a quantidade produzida aumenta. 
Assim, se se verificarem fortes economias de escala, as empresas que produzam o seu produto básico em grande escala, isto é, grandes produtores, têm vantagem de produzir com custos médios mais baixos. 
Custo médio de produção: custo total a dividir pela quantidade, ou seja, é o custo por unidade de produção. 
Average cost (AC) = 
Um mercado onde existam fortes economias de escala, os custos médios têm tendência a cair, pelo que as grandes empresas têm vantagem sobre as pequenas empresas, que acab, por desaparecer, pois as grandes empresas dominam. Assim, sectores com fortes economias de escala, como a produção de aviões, automóveis, distribuição de electricidade, água e gás, tendem a ser dominados por poucas grandes empresas. 
Rendimentos cresentes à escala: o sector é dominado por uma ou poucas empresas. Este é o factor principal que nos ajuda a perceber a estrutura do sector.
Rendimentos constantes à escala: quando a produção varia os custos médios de produção mantêm-se constantes, ou seja, o custo médio de produção não varia com a quantidade produzida. As sucessivas unidades do bem de uma empresa são produzidas aumentando K e L na mesma proporção.
Rendimentos decrescentes à escala: quando a produção aumenta os custos médios também aumentam, ou seja, o custo médio de produção aumenta com a quantidade produzida. A partir de certo nível de produção, os custos de monitorização podem tornar-se mais importantes. À medida que a dimensão da empresa aumenta, os custos médios da empresa aumentam, pelo que há uma grande vantagem para a empresa ter pequena dimensão, é mais eficiente. Este mercado é dominado por pequenas e muitas empresas. 
Se pensarmos no exemplo da restauração, existem perdas de escala, pois é difícil uma empresa assegurar-se que os trabalhadores estão a ser eficientes e estão a dar o melhor pela empresa, quando nos referimos a uma grande empresa, em que a estrutura de gestão é muito complexa. Assim, estas empresas são mais eficientes quanto mais próxima dos empregados estiver a estrutura de gestão.
Factores importantes que justificam a existência de Economias de Escala
Existência de custos fixos no longo prazo (custos indivisíveis);
Especialização do trabalho.
Custos Fixos
AC = 
O custo variável (VC) depende da quantidade produzida, ou seja, quando a quantidade produzida aumenta, o custo variável aumenta, pelo que há uma relação directa entre as duas forças. O custo total, em geral, aumenta com a produção, mas isto não significa que o custo médio não diminua. Podemos ter o custo total a aumentar e o custo médio a diminuir. 
Custo Variável Médio (AVC) = 
AC = 0
Neste caso, à medida que a quantidade produzida aumenta, o custo médio diminui. Quando temos custos fixos apenas, temos necessariamente economias de escala. Uma primeira razão para a existência de economias de escala é então a existência de custos fixos muito importantes. 
AC = 
Neste caso, também haveriam economias de escala. 
Imaginando diferentes situações:
MC = 10 (constante)
Custo marginal: custo de produzir uma unidade adicional, isto é, o aumento do custo total quando se produz mais uma unidade.
TC = 10xQ 		MC = 
Neste caso temos economias de escala? Relativamente aos custos fixos não, porque estes não existem. A partir dos custos variáveis não temos economias de escala, porque aqueles custos são constantes. Neste exemplo concreto, os custo médio (AC = ) é constante. Quando se aumenta a quantidade, o custo médio não varia. Existem rendimentos constantes à escala, independentemente da dimensão da empresa, pelo que o custo de produzir uma unidade é sempre 10. Não há vantagens em ter uma grande empresa sobre ter 10 empresas pequenas, porque não existem economias de escala. Para haver economias de escala os custos marginais devem ser decrescentes e, neste caso, há vantagem em ter uma empresa de maior dimensão. 
Quando os custos fixos são nulos, FC = 0, para haver economias de escala, os custos marginais têm de ser decrescentes, ou seja, à medida que a quantidade aumenta, o custo marginal vai dimunuindo.
Assim, os dois factores que justificam as economias de escala são, então, a existência de custos marginais decrescentes e a existência de custos fixos. Mesmo que não existam custos fixos, se os custos marginais forem decrescentes, existem economias de escala. 
VC = 0, FC > 0 		existem economias de escala (pelas duas razões atrás descritas).
Se os custos fixos forem importantes e os custos marginais forem crescentes, a existência de economias de escala depende da importância de cada um dos factores; se os custos fixos forem importantes e os custos variáveis forem constantes, então, um factor favorece as economias de escala (a existência de custos fixos positivos) e o outro não favorece nem desfavorece (os custos variáveis que são constantes), pelo que existem economias de escala.
Outra forma de olhar para as economias de escala é a seguinte: quando a produção duplica, os custos menos que duplicam.
AC = 
O numerador aumenta mais que o denominador, pelo que o custo médio vai aumentar. Neste caso temos uma deseconomia de escala.
AC = 
Neste caso, o numerador aumenta menos que o denominador, pelo que o custo médio vai diminuir. Dizemos, portanto, que estamos perante a existência de uma economia de escala.
Exemplo: uma editora incorre em custos fixos altos para que um livro seja escrito: é preciso pagar ao editor e editores.
Quando a produção duplica de 50 para 100 exemplares, os custos aumentam menos do que duas vezes. Isto porque não temos de incorrer nos custos fixos outra vez para produzir as 50 unidades adicionais (não temos de aumentar os factores produtivos todos na mesma proporção).
Especialização do Trabalho
À medida que a produção de uma empresa aumenta, torna-se mais viável a especialização dos seus trabalhadores.
Exemplo 1: Uma empresa de advocacia com um baixo nível de negócios terá de afectar um advogado para os casos de divórcio e de falência. Mas, à medida que a empresa se expande, um advogado pode especializar-se em divórcios e outro em falências; cada um torna-se um especialista na sua área, podendo tornar-se mais produtivo e reduzir os custos médios.
Exemplo 2: Ford tornou-se o maior produtor de automóveis, desenvolvendo a linha de montagem: divide a produção de automóveis numa série de tarefas em que os trabalhadores se especializavam.
Quando a especialização do trabalho se torna muito importante, é importante que a dimensão da empresa seja grande, se não tal especialização não pode ocorrer. 
Evidência empírica sobre Economias de Escala
Os estudos empíricos de empresas industriais mostram que as curvas de custo têm, frequentemente, a forma de um L: quando a produção aumenta a partir de níveis muito baixos, os custos médios diminuem drasticamente; depois diminuem mais lentamente porque as economias de escala se começam a esgotar; finalmente, a partir da chamada escala mínima eficiente (EME), tornam-se constantes ou sobem. A dimensão da EME, comparando com a dimensão do mercado, é um dos factores que afecta o número de empresas que podem operar no mercado. 
Economias de Gama
A maior parte das empresas produz vários produtos. Por exemplo, uma empresa de bolos produz pastéis de nata e bolas de berlim; um canalizador repara chuveiros e faz desentupimentos. 
Há economias de gama quando é mais barato produzir e/ou comercializar dois produtos ao mesmo tempo do que cada um separadamente. 
Exemplo: Comunicação Social: Televisão, Rádio, Jornais, Sites, etc. (diferentes serviços e bens).
As empresas tendem a produzir apenas um bem? Não. Por exemplo, a SIC não faz só televisão, tem também o jornal Expresso, tem o site. Porque é que o mesmo grupo tende a produzir vários bens? Porque existe um custo relevante e fica mais barato produzir tudo em conjunto do que se cada empresa produzisse os mesmos bens separadamente. O custo acrescido à recolha de informação é distribuído pelos vários bens. Assim, estas empresas tendem a ter custos mais baixos, pois são mais produtivas. 
A existência de fortes economias de gama tende a fazer aparecer empresas que produzem vários produtos diferentes. As fortes economias de escala relacionam-se com a dimensão e a reputação da empresa. A criação da reputação e do prestígio é algo em que as empresas têm de investir muito, em publicidade, por exemplo, é um custo fixo que conduz às economias de gama. As empresas têm de criar esse prestígio quer com a venda dos bens e criando uma boa relação com o cliente, quer investindo em publicidade. Uma outra forma de criar economias de gama importantes são as redes de distribuição e as redes de retalho, muitas vezes. 
Algumas razões para haver Economias de Gama entre dois ou mais produtos:
Por esses produtos serem inputs comuns.
Por esses produtos usarem conhecimentos comuns na produção e na comercialização.
Por esses produtos usarem canais de distribuição comuns.
Inputs comuns
Exemplo 1: Uma empresa de caminho de ferro transporta passageiros, mas também pode usar as linhas de caminho de ferro para transportar mercadorias. Existe um equipamento ou instalações que são inputs não divisíveis. Se a capacidade destes inputs for superior às necessidades
da produção de um bem, a empresa pode usar esta capacidade extra para produzir outros bens. Fica mais barato transportar passageiros e mercadorias nas mesmas linhas férreas, do que construir outras linhas férreas só para transportar mercadorias. Neste caso, fica mais barato produzir ambos os bens usando o mesmo input, do que produzir os bens separadamente e duplicar os custos com o input.
Exemplo 2: Uma fábrica de pão pode usar o equipamento comum, como os fornos, para produzir croissants (isto se a produção de pão não for tão alta que esgote a capacidade de produção da empresa).
Conhecimentos comuns na Produção e na Comercialização
Exemplo: Saber como produzir barras de aço a custos baixos (por exemplo, saber onde obter ferro de minério barato) pode permitir produzir folhas de aço a custos baixos. Saber onde estão os clientes de barras de aço pode ajudar na comercialização também de folhas de aço. Nestes casos, a produção e a venda destes dois produtos em simultâneo evita a duplicação de custos e, portanto, reduz os custos médios. 
Canais de Distribuição Comuns
Exemplo: Muitas padarias servem áreas geográficas relativamente pequenas, em parte, porque os seus produtos (pão, bolos, entre outros) são parecíveis. Mas, uma carrinha que entrega diariamente pão, pode também entregar bolos. Por isso, a distribuição conjunta de pão e bolos tem custos mais baixos do que a distribuição separada. E este facto tende a gerar produção conjunta (apesar de poder não estar sujeita a economias de gama na produção).
Revisão sobre Custos das Empresas
Diferença entre Curto e Longo Prazo
Curto Prazo
É um período de tempo suficientemente pequeno que não permite às empresas instaladas alterar a quantidade utilizada de, pelo menos, um factor de produção (ex.: stock de capital: edifícios, máquinas e equipamentos) e não permite, também, a entrada e saída de empresas num sector. No curto prazo, em certos sectores, parte do stock de capital instalado num sector está fixo e a produção pode variar apenas através do aumento ou da diminuição do nível de utilização da capacidade produtiva instalada.
Longo Prazo
É um período de tempo suficientemente grande que torna possível às empresas instaladas num sector aumentarem ou dimunuírem todos os seus factores produtivos (ex.: stock de capital) e torna possível a entrada ou a saída de empresas num sector produtivo. No longo prazo, a produção de um sector pode aumentar ou dimunuir não só em função do aumento ou diminuição do nível de utilização da capacidade produtiva, mas também em resultado de um aumento ou diminuição da capacidade produtiva da indústria: através do aumento ou diminuição da capacidade produtiva das empresas instaladas ou através da entrada/saída de empresas. 
A distinção entre curto e longo prazo, no que respeita ao período de tempo, varia de sector para sector: no sector da extracção e refinação de petróleo, o curto prazo pode estender-se por vários anos; no sector do pequeno comércio e serviços, o curto prazo estende-se por apenas alguns meses. A noção de rendimentos à escala aplica-se ao longo prazo. 
Custos Variáveis, Custos Fixos e Custos Afundados
Custos Variáveis
São custos que aumentam quando a produção aumenta (ex.: custos em trabalho, matérias-primas, produtos intermédios e energia necessários para produzir as excessivas unidades de produção).
O custo marginal de produção (custo de produzir uma unidade adicional) é constante (crescentes/decrescentes) se a produtividade marginal dos factores variáveis for constante (decrescente/crescente). 
Custos Fixos
São custos que não dependem do nível de produção. São exemplos os custos com K corpóreo, como máquinas, equipamentos e edifícios, ou custos com K incorpóreo, como o I&D e estudos de mercado, ou ainda, custos com pessoal (overhead), como as despesas com trabalhadores que actuam fora da linha de produção, como os engenheiros ou contabilistas, e que são independentes do nível de produção realizado.
Custos Afundados
Por exemplo, a renda mensal de um restaurante (por exemplo, 2000 euros) com contracto anual até Março é um custo fixo porque não depende da quantidade vendida. Em Setembro, o restaurante tem um prejuízo médio mensal de 1500 euros e não há perspectivas que esta situação se altere. O restaurante deve fechar? Não necessariamente. Se a empresa tiver de pagar a renda até Março e não puder renegociar o contracto, então a renda até Março, além de ser um custo fixo, é um custo afundado.
Um custo afundado é um custo fixo que já não é recuperável mesmo que a empresa deixe de produzir (Q=0). Como este custo já não é recuperável, não deve afectar as decisões futuras da empresa. Um custo afundado é como o leite derramado: uma vez derramado não devemos mais preocuparmo-nos com ele. Se ignorarmos este custo, a empresa passa a ter um lucro de 500, pelo que vale a pena manter o restaurante aberto até Março.
E se a empresa puder deixar de pagar a renda em Outubro? Neste caso, a renda de Outubro é um custo fixo, pois não depende da quantidade produzida, mas não é um custo afundado, pois, se a empresa decidir fechar não tem de incorrer neste custo. Neste caso, devemos fechar o restaurante em Outubro. Os custos fixos, caso não sejam custos afundados, afectam a decisão de fechar ou não a empresa. 
Uma vez tomada a decisão de efectuar um custo afundado, depois já não há forma de reaver a situação. Um custo afundado pode ser um custo fixo, mas um custo fixo não é um custo afundado. 
Decisão: Devo produzir? Quanto produzir e a que preço?
Para tomar a primeira decisão, deve comparar-se as receitas com os custos, mas excluindo os custos afundados; deve olhar-se para os custos variáveis e para os custos fixos, pois são custos recuperáveis. Para a segunda decisão, os custos afundados também não são relevantes, mas os custos fixos também não o são, porque não dependem da quantidade produzida. Os custos relevantes, neste caso, são os custos variáveis, em particular, dentro destes, o custo marginal é que é relevante. 
Concorrência Perfeita
O Pedro é um produtor que vende cada saca de trigo a 15 euros para o mercado mundial. O facto curioso é que o Pedro não pode escolher o preço a que vende o trigo. Como é que isto é possível? Se o Pedro aumentar o preço para P=16, ninguém lhe compra o trigo. Ele pode vender a quantidade de sacas de trigo que quiser ao preço de 15 euros e nunca vai querer vender a um preço abaixo deste. Para o Pedro, o preço do trigo é um dado que ele não afecta. 
Em concorrência perfeita, o produtor é um tomador de preços, isto é, toma o preço de mercado como um dado que não é influenciado pelas suas acções (do bem que vende). Se o Pedro diminuir ou aumentar a sua produção, o preço de mercado não se altera. Exemplos de mercados em concorrência perfeita são os mercados agrícolas e de matérias primas, certos produtos intermédios, etc. 
Em concorrência perfeita, o consumidor também é tomador de preços, pois as suas acções não têm efeito no preço de mercado (do bem que compra).
Um mercado perfeitamente concorrencial é um mercado no qual todos os participantes são tomadores de preço. 
Condições Necessárias para a Concorrência Perfeita
Há muitos produtores, todos eles com uma pequena quota de mercado (fracção da produção do sector (Q) vendido pelo produtor i: qua«ota de mercado = ).
Os consumidores consideram que os produtos dos diferentes produtores são equivalentes (produto estandardizado (commodity) ou produto homogéneo). 
Livre entrada e saída num sector: quando novos produtores podem, facilmente, entrar ou sair deste sector (condição apenas relevante no longo prazo). A livre entrada e saída de empresas no mercado garante que o número de produtores do sector pode ajustar-se a alterações das condições de mercado. 
Produção e Lucros
A implicação fundamental do mercado de concorrência perfeita e que o distingue de todos os outros mercados é a de que, em concorrência perfeita, só pode haver um preço, o preço de equilíbrio. Este é o único mercado em que os produtores ou os
vendedores tomam o preço, são price-takers; é o único mercado em que os vendedores olham para o preço do bem e não tentam influênciá-lo, tomam-no como dado. 
O Pedro quer maximizar o lucro (∏): ∏ = Receita Total – Custo Total
∏ = P*Q – CT(Q)
O preço de mercado do trigo é 15 euros. O Pedro não pode escolher o preço, mas pode escolher quanto produzir de modo a maximizar o lucro. 
Regra de Produção Óptima
Receita Marginal (Rmg): alteração na receita total ao produzir uma unidade adicional: Rmg = 
Custo Marginal (Cmg): custo de produzir uma unidade adicional: Cmg = 
Regra de Produção Óptima: o lucro é maximizado produzindo uma quantidade para a qual o custo marginal da última unidade produzida é igual à receita marginal. 
Em concorrência perfeita, cada produtor pode vender a quantidade que quiser ao preço de mercado. O aumento da receita de vender mais uma unidade (Rmg) é o preço de mercado (P): Rmg = P
O Pedro pode vender 100 ou 1000 sacas de trigo ao preço de 15 euros, pelo que, sempre que vende mais uma saca de trigo a sua receita aumenta em 15 euros. 
A regra de produção óptima de uma empresa em concorrência perfeita tomadora de preços é a seguinte: Cmg = P. A empresa deve aumentar a produção até ao ponto em que o custo marginal é igual ao preço de mercado. Se Cmg=11 < P=15, então, se a empresa aumentar a produção, o lucro aumenta. Se vender mais uma unidade a receita aumenta. 
Quanto é que a Empresa deve produzir?
A regra de produção óptima (Cmg=P) diz-nos apenas quanto a empresa deve produzir caso decida produzir o bem. Mas a empresa apenas deve produzir se o preço for maior que o custo variável médio mínimo: P ≥ CVM mínimo = 10. Se P < CVM mínimo, a empresa não deve produzir. Se o custo (variável) médio de produzir é menor que o preço não vale a pena produzir. 
Em Concorrência Perfeita...
MC = 2*q; TC = 20 + ; = 20
Max q ∏ = Receita – Custo
∏ = P*Q – (20 + )
Max ∏ = 20*q – 20*
Condições de 1ª ordem de maximização: 
∏ = 20*10 – (20 + ) = 200 – 120 = 80 > 0
Quando há lucros económicos positivos, estes lucros tornam-se muito atractivos.
Curva de Oferta de Mercado de Curto Prazo
Curto Prazo: o número de empresas é fixo, não há entrada nem saída de empresas.
Curva de Oferta de Mercado de curto prazo: relação entre o preço do bem e a quantidade oferecida pelos produtores do sector, considerando que o número de produtores é fixo.
Curva de Oferta de Mercado: é igual à soma horizontal das curvas de oferta individual: para cada preço somam-se as quantidades oferecidas por cada empresa.
A curva de oferta de mercado de curto prazo tem inclinação positiva: quanto maior o preço, maior é a quantidade oferecida pelos produtores de trigo. 
Curva de Oferta de Mercado de Longo Prazo
No longo prazo, muitos outros produtores podem entrar no mercado com custos de produção semelhantes.
Supondo que o preço de mercado actual de trigo é alto e que os produtores têm lucro económico positivo, ∏>0; Preço = 18 > Custo Total Médio (Mínimo) = 14. As receitas são mais elevadas do que os custos totais, incluindo todos os custos de oportunidade. 
Muitos produtores vão querer entrar nestes mercados, pois não existem barreiras à entrada, pelo que, a quantidade oferecida para cada nível de preços aumenta (curva de oferta de curto prazo desloca-se para a direita). Deste modo, o preço de equilíbrio diminui e os lucros das empresas também diminuem. 
(Gráfico)
Enquanto ∏>0, novas empresas vão entrando no mercado, pelo que o preço de equilíbrio diminui, ou seja, enquanto o lucro económico não for nulo, as empresas continuam a entrar no mercado. Quando o preço diminui para P = CTM mínimo (=14), as empresa passam a ter ∏=0 e deixam de entrar novas empresas no mercado (equilíbrio de longo prazo), pois este mercado deixa de ser atractivo. Neste caso, a curva de oferta de longo prazo é horizontal para P=14.
A oferta é perfeitamente elástica no longo prazo.
Dado tempo suficiente para a entrada e saída de empresas, estas estão dispostas a oferecer qualquer quantidade que os consumidores procurem a um preço de 14. 
Em muitos sectores, a oferta é perfeitamente elástica no longo prazo. Noutros sectores, a curva de oferta de longo prazo tem inclinação positiva (é necessário um aumento do preço para aumentar a oferta). A razão é porque os produtores precisam de utilizar um input de oferta limitada à medida que o sector se expande. A elasticidade da curva da oferta no longo prazo é maior do que no curto prazo. Um aumento do preço leva a um maior aumento da oferta no longo prazo do que no curto prazo. No longo prazo, o aumento do preço de mercado leva à entrada de novas empresas, o que conduz a um maior aumento da oferta. 
Concorrência Monopolística
O José gere uma pizzaria na Avenida de Roma. Na área da Avenida de Roma há muitos restaurantes, por isso, o José tem de ter em conta que os consumidores têm várias alternativas quando decide o preço da refeição. Mesmo que alguém goste bastante de pizzas não vai querer pagar 25€ por um almoço de pizza quando pode pagar cerca de 6€ noutros restaurantes. Mas, o José sabe que não perde todos os seus clientes se cobrar um pouco mais do que os outros restaurantes. Comer pizzas é diferente de comer hambúrgueres ou comida portuguesa, pelo que algumas pessoas vão querer comer pizza, mesmo que custe um pouco mais. 
O José vende um produto diferenciado, que não é exactamente igual ao dos seus concorrentes. Por isso, o José tem algum poder de mercado, isto é, ele tem alguma capacidade de fixar o seu próprio preço. O José não está numa situação de concorrência perfeita, em que as empresas vendem um bem homogéneo e são tomadoras de preço, ou seja, não conseguem vender nada se cobrarem um preço mais alto do que as outras. Por outro lado, o José não é um monopolista, pois o José está em concorrência com muitos outros restaurantes. Isso limita a capacidade do José subir muito o preço. Porém, ele também não é um oligopolista, pois, num oligopólio há concorrência entre um pequeno número de empresas protegidas por algumas barreiras à entrada cujos lucros são altamente interdependentes. É por esta razão que os oligopolistas tentam, muitas vezes, fazer conluio. No caso do José, há uma grande quantidade de restaurantes na área e seria muito difícil fazer conluio tácito. O sector dos restaurantes, onde o José actua, é um sector de concorrência monopolística.
Significado de Concorrência Monopolística
Concorrência monopolística é uma estrutura de mercado em que se verificam três condições:
Há muitos produtores concorrentes no sector, pelo que não é um monopólio ou um oligopólio;
Há livre entrada e saída de empresas no longo prazo: não existem barreiras à entrada, pelo que, se este sector tiver lucros económicos positivos, entram novas empresas neste mercado;
Cada produtor vende um produto diferenciado: os consumidores consideram este produto diferente do das outras empresas, embora sejam considerados substitutos próximos. Assim, este não é um sector de concorrência perfeita.
Concorrência Monopolística
Num sector de concorrência monopolística, cada empresa tem alguma capacidade de escolher o preço do seu bem diferenciado, os produtores são price-makers, mas o nível a que o preço pode chegar é limitado pela concorrência com muitas outras empresas.
Cada empresa oferece um produto diferente, pelo que, tal como um monopolista, enfrenta uma curva de procura dirigida à empresa negativamente inclinada, o que significa que a empresa tem algum poder de mercado. Como a curva é negativamente inclinada, a curva de receita marginal é também negativamente inclinada.
A empresa i maximiza o lucro e sabe que para vender mais tem de baixar o preço: 
Max ∏ = Receitas – Custos = P(Q)*Q – CT = P(Q)*Q – (20 + ) , P = 100 – Q ⇼ Q = 100 – P
Max [(100 – q) x q – 20 - ]	
∏ = 75*25 – (20 + = 1375 – (20 + 625) = 1230 > 0
Regra de maximização do lucro: Cmg = Rmg
No longo prazo entram empresas, pelo que a procura dirigida a cada empresa diminui e há um aumento da concorrência,
o que conduz a uma dimunuição do preço. Assim, o lucro diminui até que o lucro da empresa típica seja igual a zero.
Situação com Lucros Económicos no Curto Prazo em Concorrência Monopolística
Supondo que as primeiras lojas de aluguer de filmes que apareceram obtiveram lucros muito elevados. Estas empresas, no curto prazo, conseguem obter lucros económicos positivos. Será que esta situação pode manter-se por muito tempo? Será que pode manter-se no longo prazo?
Ajustamento no Longo Prazo em Concorrência Monopolística
A ideia central é a de que neste sector não há barreiras à entrada (não há economias de escala, etc.). No longo prazo, muitas empresas de aluguer de filmes entram neste mercado. As novas empresas retiram consumidores às empresas existentes, pelo que, consequentemente, asssiste-se a uma redução da procura dirigida a cada uma das empresas existentes, o que significa que a curva de procura dirigida a cada empresa se contrai e se desloca para a esquerda. À medida que a procura diminui, os lucros das empresas dimunuem. Quando os lucros económicos baixarem para zero, deixam de querer entrar novas empresas neste sector. No equilíbrio de longo prazo, a empresa típica tem lucros económicos iguais a zero. Apesar da procura de mercado ser muito alta, as empresas não têm lucros altos. A certa altura, havia lojas de aluguer de filmes praticamente em todo o lado. 
O preço da empresa típica é igual ao custo total médio 		 ∏ = 0
Contudo, o preço é superior ao custo marginal (a empresa cobra uma margem): P > Cmg (ao contrário da concorrência perfeita). Mas, o que a empresa típica ganha nas unidades que vende permite-lhe apenas compensar os custos fixos, pelo que os lucros económicos de cada empresa típica são nulos. 
O que distingue a Concorrência Perfeita da Concorrência Monopolística?
	Em concorrência perfeita, os produtos são homogéneos. Do ponto de vista do consumidor, este é indiferente entre comprar o bem ao produtor A ou ao produtor B, o único factor relevante para ele é o preço. Por exemplo a Nescafé tem de comprar café na Colômbia, pelo que a única coisa que interessa à marca é o preço. Porém, para nós enquanto consumidores finais, isto raramente acontece: para além de nos interessar o preço, também nos importa a localização. Mas em mercados de concorrência perfeita tal hipótese não é assumida. 
Monopólio
O que distingue a Concorrência Monopolística do Monopólio?
Em concorrência monopolística, há muitas empresas no mercado, pelo que existem imensos concorrentes, pelo que, cada empresa pode escolher o preço mas não tem muita margem para alternativas, pois existem muitos concorrentes e os consumidores têm muitoas alternativas onde comprar os produtos. Em monopólio, as empresas também são price-makers, mas como não há concorrência, estas podem ter margens muito altas. Isto implica que estas empresas têm lucros económicos muito atractivos. Quando os lucros económicos são muito superiores a zero no curto prazo, novas empresas são atraídas para estes mercados, e vão entrar novas empresas no mercado até que os lucros tendam para zero. Isto é verdade para o monopólio? Esta afirmação será verdadeira para mercados em concorrência monopolística, pois não existem barreiras à entrada; em monopólio existem barreiras à entrada que impedem a entrada de novas empresas no mercado. 
Concorrência Monopolística
Em concorrência monopolística existem muitas empresas no mercado e não existem barreiras à entrada de novas empresas. Os produtores são price-makers, pelo que conseguem atingir lucros elevados, mas, quando tal acontece, o mercado torna-se atractivo à entrada de novas empresas; vão entrar novas empresas no mercado até que os lucros tendam para zero.
Monopólio
Em monopólio existe uma só empresa no mercado, pelo que não há concorrência e o prosutores podem atingir margens muito elevadas. Os produtores são price-makers e estes obtêm lucros económicos muito atractivos. A existência de barreiras à entrada impede a entrada de novas empresas no mercado em análise. 
Exemplos de monopólios são a EPAL (distribuição de água), a REN (distribuição de energia), os CTT, a PT (rede fixa telefónica). Também existem monopólios associados à Internet e aos Softwares.
Possíveis Causas do Monopólio
Legislação/Patentes
Uma Patente é um direito atribuído pelo Estado a um inventor/inovador de poder ser o único a vender um determinado bem ou serviço, normalmente durante um número limitado de anos. Assim, a lei das patentes garante ao inventor de um novo produto o monopólio da sua venda durante 10, 15 ou 20 anos. Há leis que, apesar de não criarem monopólios, restringem fortemente o número de empresas que se podem instalar em certos sectores. 
Se existe a ideia de que a concorrência éa melhor estratégia para garantir o bem-estar social, por que razão o Estado cria monopólios? O Estado fá-lo para incentivar a inovação e este incentivo é necessário, pois os custos de investimento são muito elevados. Uma inovação tem um custo fixo em I&D muito elevado; este processo de I&D tem um carácter de bem público, todos podem recriá-lo. Ora, se pensarmos num laboratório que investe 100M€ na criação de um novo medicamento. Sem a atribuição de patentes este laboratória iria ter prejuízo, pois, uma vez o investimento já feito, outras empresas poderiam imitar o bem, sem incorrerem em custos tão elevados. Deste modo, sem a existência de patentes, passaríamos para um mercado em concorrência monopolística ou em concorrência perfeita, pelo que os lucros das empresas tenderiam para zero, passado algum tempo. Uma vez que o primeiro laboratório tinha-se esforçado em investir 100M€, este perde neste montante; as restantes empresas não perdem porque aproveitaram o investimento da primeira empresa (Free Ridding). Assim, o Estado atribui patentes para incentivar a inovação, já que, como foi visto, sem patentes, as empresas não teriam qualquer incentivo em investir em inovações. 
Porque é que a patente não é vitalícia? No fundo há um trade-off: por um lado, o Estado atribui as patentes para incentivar a inovação, mas, por outro lado, reconhece que, ao fazê-lo, está a eliminar a concorrência. Durante o tempo em que uma empresa goza da patente, pratica preços muito elevados, para bens que têm um custo de produção reduzido. Por exemplo, um monopólio pratica um preço de 100€, para um bem que apresenta um Cmg de 0,20€. É um preço muito elevado para grande parte dos consumidores. Se um consumidor está disposto a pagar, no máximo 40€ pelo bem, poderia haver um ganho, já que o bem tem um custo de produção apenas de 0,20€, mas este ganho não é explorado, porque a empresa só está disposta a vender o bem por 100€. Então e o que acontece quando acaba a patente referente ao bem? Quando isto acontece, o preço de monopólio baixa, cai a pique, mas nunca até ao valor do custo de produção. Agora aparecem outras empresas que passam a vender o mesmo bem quase ao Cmg, enquanto a marca original vende a um preço mais elevado. Exemplo disto são os medicamentos originais e os medicamentos genéricos. Assim, a patente tem uma duração limitada, pois a sua atribuição gera uma vantagem, o incentivo à inovação, mas também gera um custo, a ausência de concorrência e a existência de um preço muito elevado que não é bom para o bem-estar social, pois, o que a situação que gera o máximo de bem-estar social é aquela em que o preço se aproxima do Cmg, e o Estado reconhece-o. 
(Gráfico)
Um exemplo de um monopólio que goza de patentes são as farmácias: a lei actual garante a cada farmácia instalada numa zona exclusiva dentro de um certo raio, proibindo que aí se instalem novas farmácias.
Monopólio Natural
O Monopólio Natural resulta da existência de economias de escala. Sectores deste tipo são sectores onde o custo médio de produção com duas ou mais empresas instaladas é maior do que com uma única empresa instalada. As economias de escala podem surgir quando os custos fixos necessários para operar são muito elevados, pelo que a curva CTM da empresa
diminui no intervalo de produção relevante. A existência de duas empresas distintas a produzir os bens conduz à duplicação dos custos fixos. 
(Gráfico)
Exemplo 1: Duas empresas de recolha de lixo a um bairro terão de fazer duas vezes o percurso, enquanto que uma única empresa terá de fazer apenas uma vez o percurso para garantir a mesma recolha do lixo.
Exemplo 2: Duas empresas de distribuição de correio, electricidade, gás, água ou telefone a um bairro terão percursos/canos/fios sobrepostos ao longo das várias ruas. 
As economias de escala dão origem a uma grande vantagem de custo de ter toda a produção do sector numa única empresa. Uma dada quantidade é produzida de forma mais barata através de uma grande empresa do que através de duas ou mais empresas menores. Isto cria uma barreira à entrada: um monopolista instalado tem um custo médio total menor do que uma empresa mais pequena que procure entrar no mercado. Como no exemplo listrado no gráfico acima mostra, criar uma infra-estrutura eléctrica em Lisboa para servir poucos clientes teria um custo médio altíssimo. 
Externalidades de Rede: Bem cujo benefício/utilidade do seu consumo aumenta com o número de utilizadores do bem
Se uma empresa produz um bem que começa a ter muita procura, então, uma grande parte da população quer usufruir desse bem e mais procura a empresa vai ter. Este comportamento dos consumidores torna a empresa mais poderosa e esta começa a aumentar a sua quota de mercado, o que torna a empresa ainda mais atractiva para os consumidores, o que permite à empresa aumentar ainda mais a sua quota de mercado, o que faz com que esta tenha mais procura, ... É um ciclo vicioso que se forma à volta desta empresa, um ciclo virtuoso à empresa. 
Exemplos de externalidades de rede são os Social Networking Websites, como o facebook, o hi5, entre outros. Muitos outros serviços ligados à internet têm externalidades de rede, tais como o eBay, o youtube, o skype, etc. Porque é que o youtube tem efeitos de rede? O facto deste serviço ter muitos utilizadores, faz com que muitos carreguem vídeos, o que torna o site mais atractivo, pois há uma base de vídeos maior, ou seja, gera-se um ciclo virtuoso a este site. O mesmo acontece com o excell ou o word, pois cada um de nós quer aderir ao sistema que todos utilizam, pois, assim, é mais fácil partilhar ficheiros. Assim, os sistemas operativos, como o Windows, e as telecomunicações tambêm têm externalidades de rede, pois o benefício de usar estes serviços aumenta com o número de utilizadores. Quando um bem tem externalidades de rede, todos os consumidores querem escolher o bem mais popular, pelo que tende a surgir apenas uma ou poucas empresas no Mercado, isto é, este comportamento beneficia o aparecimento do monopólio. 
Controlo de Recursos Naturais ou Inputs
Uma empresa consegue manter lucros extraordinários sempre que controla um recurso ou algo que as outras empresas não conseguem ter acesso. Por exemplo, no mercado de diamantes é difícil entrarem novas empresas porque a De Beers já controla grande parte das minas de diamantes. 
Vantagem Tecnológica Mantida em Segredo (em vez de patenteada)
Uma empresa pode ser monopolista porque tem conhecimentos secretos que lhe permitem produzir um produto novo ou melhor que as outras empresas não conseguem imitar. Por exemplo, uma empresa pode ter um conhecimento secreto sobre técnicas de produção, que lhe permite produzir o mesmo produto a custos muito mais baixos do que as outras. Neste caso, a empresa defrontará uma curva da procura abaixo dos custos médios das outras, definirá um preço de monopólio abaixo dos custos médios das outras, conduzindo à saída das outras empresas do mercado, pelo que a empresa ficará monopolista. 
Licenças Governamentais
Os monopólios existem, também, porque o Estado pode atribuir uma licença de operar em determinado sector a uma só empresa. Por exemplo, com o TDT, existem muitos canais que podem estar disponíveis em canal aberto. Mas, será que o Estado o vai permitir? Não, pois os restantes canais privados vão manifestar-se e afirmar que vão ter prejuízos enormes se tal for permitido. Por exemplo, as hipóteses de privatização da RTP, têm sido bastante contestáveis pela SIC e pela TVI, pois representará mais concorrência para estes dois canais. 
Porque é que o Estado atribui a licença apenas a uma empresa? Por motivos políticos e para garantir a existência de um monopólio. Depois de criado o monopólio, a empresa vai pressionar o Estado para não retirar a licença. Uma vez atribuída a licença, é muito difícil de retirá-la, pois há muito a perder com o fim de tais licenças. Cria-se um lobi muito poderoso que evita o desaparecimento ou a renovação, pela CML, destas licenças. A Rede de Táxis não é um monopólio, mas ilustra bem a questão das licenças. 
Preços em Monopólio
Maximização do Lucro pelo Monopolista
O monopolista é o único vendedor do bem, pelo que a sua curva da procura é a curva da procura do mercado, que é negativamente inclinada. O monopolista pode afectar o preço, pois é o único vendedor no mercado: reduzindo a produção aumenta o preço, ou para vender mais pode baixar o preço. O aumento das vendas através da diminuição do preço tem dos efeitos opostos na receita total:
Efeito quantidade: mais uma unidade vendida aumenta a receita total pelo preço a que essa unidade é vendida.
Efeito preço: para vender mais essa unidade, o monopolista tem de baixar o preço de mercado em todas as unidades vendidas, o que reduz a receita total. 
Qd = 100 – P (curva de procura de viagens: Lisboa – Açores)
Supondo que Q = 250 e P = 750 e se vender mais uma viagem, Q = 251 e P = 749.
Efeito quantidade: ganho de vender mais uma unidade ao preço de P = 749: aumenta a receita total em 749.
Efeito preço: vende as 250 unidades que já vendia a um preço mais baixo: reduz a receita em 250. 
Alteração na RT = 749 – 250 = 499 (Rmg=499).
A receita adicional de vender mais uma unidade (Rmg) é menor que o preço: Rmg = 499 < P = 749.
Devido ao efeito preço, a curva de receita marginal de uma empresa com poder de mercado fica abaixo da sua curva de procura. Para o mesmo preço, o ganho do monopolista de vender mais uma unidade é menor do que para a empresa concorrencial, pelo que o monopolista vai querer vender menos e praticar um preço mais alto do que num sector concorrencial. 
A Rmg diminui com o aumento da quantidade produzida, quer devido ao efeito quantidade, quer devido ao efeito preço. 
Quantidade mais alta: Q = 500, P = 500. Se vender mais uma viagem, Q = 501, P = 499 (preço mais baixo). 
Efeito quantidade: vende essa unidade a um preço de 499, o que aumenta a receita em 499.
Efeito preço: vende as 500 unidades que já vendia a um preço mais baixo, o que diminui a receita em 500.
Rmg = 499 – 500 = -1.
A partir de Q = 500, o aumento das vendas através da diminuição dos preços, já não leva aumentos na RT. Neste caso, a RT aumenta até Q = 500 e depois diminui.
Assim, para baixos níveis de produção, o efeito quantidade é maior do que o efeito preço: ao vender mais, a empresa tem de baixar o preço em muito poucas unidades, pelo que o efeito preço é baixo. Quando aumenta a produção acima de 500, a receita total diminui porque para níveis altos de produção, o efeito preço é mais forte do que o efeito quantodade: quando o monopolista já vende muitas unidades, quando aumenta a quantidade vendida, baixando o preço, tem de baixar o preço em muitas unidades, o que faz com que o efeito preço seja maior. 
Max q ∏ = P(q)*q – TC(q)
O monopolista maximiza a diferença entre a receita e os custos variáveis (pode ignorar-se os custos fixos).
CPO: 
Para maximizar o lucro, o monopolista escolhe a produção ao nível para o qual o custo marginal é igual à receita marginal e não ao preço. Se a receita marginal exceder o custo marginal, aumenta o lucro, baixando o preço e vendendo mais. Se a receita total for menor do que o custo marginal, aumenta o lucro, subindo o preço e vendendo menos.
Regulação de Monopólios
Monopólio
Privado sem Regulação
=E		Variação percentual da quantidade		
										
				Variação percentual do preço
Variação percentual da quantidade quando o preço varia (%).
E: Elasticidade da Procura
E < 1: Procura rígida – quando o preço aumenta, a procura reage (cai) pouco, pelo que a receita aumenta.
E > 1: Procura elástica – quando o preço aumenta, a quantidade procurada reage (cai) muito, pelo que a receita diminui. 
E = 1: Ponto de diferenciação – a receita não se altera.
O preço em monopólio será tanto maior quanto menor for a elasticidade da procura. A razão pela qual isto acontece relaciona-se com o seguinte: quando a elasticidade da procura diminui, menor é a diminuição percentual das vendas resultante de um aumento do preço, e então mais alto será o preço do monopolista. Ou seja, quando a elasticidade diminui, a margem óptima da empresa aumenta, pois E 		
					 Margem percentual
Por exemplo, no caso da empresa EPAL, a solução do Estado passa por manter a empresa pública ou privatizá-la, mas com regulação. 
(Gráfico)
Nota: No curto prazo, os consumidores poderão ter dificuldade em diminuir a procura em resposta a um aumento do preço. Assim, a curva da procura tende a ser mais rígida no curto prazo do que no longo prazo. Se um monopólio decidir com base na curva da procura de longo prazo, o seu preço e o seu lucro serão menores do que seria possível no curto prazo.
Soluções para a Perda de Eficiência
Monopólio Estatal
O Estado fixa um preço abaixo daquele praticado pelo monopólio privado. A desvantagem desta solução, ou seja, o argumento dos liberais contra esta solução é que o Estado, por vezes, não é um bom produtor de bens e serviços pela falta de qualidade da Gestão e pelo facto da capacidade de reduzir custos ser inferior à do sector privado. No fundo, o Estado não é eficiente a desempenhar esta função. 
Monopólio Privado com Regulação
O Estado reserva-se apenas ao papel de regulador do preço ou da quantidade. Que preço?
P = MC, ∏ = (P – MC) * q – FC = -200. Isto implica, por exemplo, o Estado transferir um subsídio à empresa no valor de 200. O preço pode ser igual ao MC e, neste caso, o Estado tem de conceder um subsídio à empresa no valor dos custos fixos. 
Mas, a empresa pode sempre estabelecer um preço acima do MC, conseguindo ela própria cobrir os custos fixos, não sendo necessário o Estado conceder o tal subsídio:
P ≈ AC (Custo Médio)
Este modelo tem sido considerado o melhor até então, mas apresenta a seguinte desvantagem: quando as empresas são fracas e não têm capacidade de regulação, conseguem, muitas vezes, manipular os reguladores. 
Oligopólio
Definição de Oligopólio
Um oligopólio diz respeito a um mercado onde operam um pequeno número de grandes empresas, cada uma das quais possuindo uma importante quota de mercado. Para além disso, um oligopólio é um mercado onde há barreiras à entrada significativas. O facto do sector ser dominado por poucas e grandes empresas, não significa que não existam outras empresas no mesmo; o que acontece é que existem poucas empresas que detêm uma grande parte da quota de mercado em tal sector.
Sectores onde existe
Indústria Extractiva: petróleo, cobre, ouro, etc.
Transportes: linhas de transportes aéreos, linhas de autocarro inter-cidades.
Alguns Serviços: seguros, telemóveis, telefones fixos, bancos (em Portugal, cinco bancos, CGD, BES, BCP, Santander-Totta, BPI, possuem mais de 80% do mercado dos depósitos e do mercado de crédito).
Indústria Transformadora: aço – cimentos, automóveis (nos EUA, C3 = 65%), cigarros (nos EUA, C3 = 90%), refrigerantes (nos EUA, C3 = 90%), etc.
Distribuição: Alimentar (em Portugal dominada pelas grandes cadeias, Continente, Jumbo, Pingo Doce, entre outras); Combustíveis (em Portugal Repsol, Galp e BP detêm uma quota de mercado muito elevada).
Telecomunicações Móveis: TMN, Vodafone, Optimus.
Muitas das marcas que nos são familiares pertencem a mercados de oligopólios, como por exemplo, a Coca-cola e a Pepsi, que são concorrentes.
Porque é que surgem Oligopólios?
Os oligopólios surgem pelas mesmas razões que levam ao aparecimento do monopólio, mas, neste caso, estas razões actuam de forma menos acentuada. Talvez a principal razão para o aparecimento de oligopólios sejam as economias de escala, pois dão aos grandes produtores uma vantagem de custos sobre os pequenos produtores. Quando estas economias de escala são muito importantes levam ao monopólio, mas quando não são tão acentuadas conduzem ao aparecimento de um pequeno número de empresas. 
(Gráfico)
Se as economias de escala forem até uma determinada quantidade de produção, não há apenas uma empresa, há espaço para mais algumas. Desta forma, deixa de existir um monopólio e passa a existir um oligopólio. 
Monopólio e Oligopólio
Em monopólio não há qualquer concorrência, ao passo que em mercados de oligopólio há alguma concorrência, embora seja reduzida.
Concorrência Monopolística e Oligopólio
Em concorrência monopolística e em oligopólio há concorrência. O que distingue estes dois mercados é o facto de que na primeira não existem barreiras à entrada de novas empresas, e em oligopólio existirem. Como existem barreiras à entrada em mercados deste tipo, mesmo no longo prazo as empresas podem ter lucros económicos positivos.
Em oligopólio, a interdependência entre as poucas empresas existentes no sector é fortíssima, pelo que o impacto da decisão de cada uma delas é enorme para as outras. Por exemplo, se a TMN baixar o preço das chamadas e a Vodafone não reagir, perde imensos clientes e receitas. Esta é uma grande diferença face aos mercados de concorrência perfeita e de concorrência monopolística.
Dilema do Prisioneiro
O Dilema do Prisioneiro permite entender os problemas mais cruciais dos oligopólios e até dos monopólios. 
Por exemplo, a Daniela e a Inês cometem um conjunto de crimes. Para o crime menos grave, um assalto, a polícia tem um vídeo que o prova. Para o crime mais grave, um assassinato, não há provas. A única forma de o provar é a confissão. 
Dilema do Prisioneiro
O equilíbrio, aquilo que se espera que aconteça, é o seguinte (se ambas estiverem em celas separadas):
Inês: se a Daniela cooperar, a Inês prefere não cooperar, porque 0 > -2. Mas, se a Daniela não cooperar, a Inês prefere também não cooperar, porque -25 > -30. Assim, o equilíbrio entre as duas é ambas não confessarem. 
A ideia central subjacente a este Dilema do Prisioneiro é de que elas vão acabar por escolher um equilíbrio que é pior para as duas. Se ambas cooperassem, o resultado seria melhor para as duas, mas elas não o vão fazer, e por isso, acabam numa situação em que ambas ficam pior: Equilíbrio de Nash. Isto acontece com a TMN e a Vodafone: ambas estariam melhor se elevassem as duas o preço das chamadas. Mas não o fazem porque cada uma quer ganhar à custa da outra e vão baixando os preços cada vez mais, numa competição sem fim. 
Três Modelos de Oligopólio
Estes modelos assumem as seguintes três hipóteses:
As empresas apenas competem num período: estes são modelos que são apropriados para mercados em que as empresas competem por um curto período de tempo. Esta é uma hipótese que não se verifica na maior parte dos mercados em que as empresas competem. No entanto, estes modelos são importantes para perceber os modelos dinâmicos em que as empresas competem em vários períodos.
Produto homogéneo: os consumidores consideram os bens/serviços iguais (por exemplo, produtos agrícolas, matérias-primas, venda de genéricos para hospitais, entre outros). 
Não existe livre entrada de pessoas: não podem entrar outras empresas neste mercado.
Para simplificar, assumimos que existem apenas duas empresas (duopólio), com custos marginais constantes e iguais.
Modelo de Bertrand (Concorrência em Preços)
Hipóteses Cruciais
As hipóteses cruciais subjacentes a este modelo são as seguintes: é um modelo estático, de um só período, em que a variável de decisão, ou seja, a variável que as empresas
fixam, é o preço (como já foi referido acima)
Hipóteses Simplificadoras
Consideremos duas empresas. Não há diferenciação do produto, o que significa que a única empresa que vende é a que pratica o preço mais baixo, pelo que a variável de decisão é o preço (o que também já foi referido). Cada empresa escolhe o preço, assumindo que o preço da empresa rival está fixo, ou seja, cada empresa assume que a rival não a acompanha na descida/subida de preço. Assume-se ainda que as empresa têm capacidade de produção ilimitada, o que lhes permite satisfazer toda a procura mesmo a um preço baixo. Para simplificar, se as duas empresas praticarem os mesmos preços, assume-se que terão quotas de mercado iguais (50%, 50%).
Exemplo:
 Procura de Mercado (Q): Qd = 10 – P
Preço (P) = Min {P1, P2} (para os consumidores o que interessa é o preço mais baixo das duas empresas)
Empresa 1: 	 0, P1 > P2		 P1 10
	q1	 (10 – P1)/2, P1 = P2	
		 (10 – P1), P1 < P2
O que acontece neste modelo?
Com MC = 2 (constantes)
Em Monopólio: P = 6, q = 4, ∏ = 16
Em Concorrência Perfeita: P = MC = 2, ∏ = 0
Em oligopólio, será que as empresas conseguem ter um lucro conjunto perto do lucro de monopólio, ou a concorrência entre elas faz com que este lucro se aproxime de zero?
Que preço vigorará nestas condições?
Suponha-se que, à partida, as empresas estão a praticar o mesmo preço:
P1 = P2 = 6 > MC
q1 = q2 = 2
∏ = * (P – MC) = 8
∏1 + ∏2 = 16 = ∏monopólio
Este seria o equilíbrio que as empresas desejariam, mas isto não vai acontecer.
Dado que o produto é homogéneo, se a empresa 1 praticar um preço ligeiramente inferior ao da empresa 2, por exemplo P = 5,99, conquistará todo o mercado, pois tem capacidade produtiva ilimitada, pelo que praticamente duplica a quantidade vendida e desce o preço. 
P1 = 5,99, q1 = 4,01 , ∏ = 4,01 * (5,99 – 2) ≈ 16
O lucro desta empresa aproxima-se de 16, quase que duplica. 
Esta situação depende crucialmente da hipótese de que a empresa 1 pensa que se diminuir o preço abaixo da rival, esta não acompanhará e, por isso, pensa que conquistará todo o mercado. 
Mas, a empresa 2 pensa e faz o mesmo que a empresa 1. Ambas as empresas baixam o seu preço sucessivamente abaixo da rival enquanto P > Cmg e instala-se uma guerra de preços. Quando finalmente o preço diminui para P = Cmg, as empresas deixam de ter interesse em diminuir o preço, porque a partir daí iriam vender a um preço abaixo do custo marginal e teriam prejuízo. 
Assim, quando as duas empresa praticam o mesmo preço não é um equilíbrio, pois as empresas vão tentar melhorar as suas situações. Desta forma, P1 = P2 > MC não é um equilíbrio. P1 = 5 > P2 = 4 > MC = 2, então q1 = 0. Esta situação também não é um equilíbrio, pois a empresa 1 quererá baixar o seu preço para 3,99. A única condição de equilíbrio será a seguinte: P1 = P2 = MC = 2, q1 = q2 = = 4, ∏ = (P – MC) * q1 = 0*4 =0 e qualquer empresa que se desvie desta situação entra em prejuízo; então todas as empresas vão praticar o preço igual ao custo marginal. 
Assim, a conclusão de Bertrand é a seguinte: num oligopólio, Preço = Custo Marginal. 
Em que é que o Modelo é semelhante ao Dilema do Prisioneiro?
No Dilema do Prisioneiro, se as criminosas cooperassem os anos de prisão diminuiriam. Mas como cada uma incrimina a outra, a pena de prisão é mais elevada para as duas, porque cada uma quer o maior ganho para si própria (à custa da outra).
Neste caso, se as empresas cooperassem, obteriam o lucro máximo. Mas, como as empresas iniciam uma guerra de preços entre si, ambas vão baixando os preços de forma a competirem uma com a outra, até que chegam a uma situação em que P = Cmg e o lucro tende para zero. Tal como no Dilema do Prisioneiro ambas acabam pior. P = Cmg é o único equilíbrio de Nash: é a única situação em que nenhuma empresa quer mudar a sua estratégia dada a estratégia da outra empresa. 
O facto do produto ser completamente homogéneo dá o incentivo a que cada empresa baixe o seu preço até ao valor do custo marginal, pois, assim, a quantidade procurada vai aumantando para a empresa que conseguir, por instantes, praticar o preço mais baixo. Ou seja, se uma empresa baixa o preço, enquanto a rival não reage, ela vai retirar os clientes à segunda empresa. Se o produto fosse diferenciado, então o preço não teria de igualar o custo marginal, já que a concorrência não seria tão intensa.
Resultado estranho: apenas com duas empresas obtemos o mesmo resultado que em concorrência perfeita, resultado este, que é socialmente óptimo. O problema desta conclusão é o seguinte: se P = Cmg e se a empresa tiver custos fixos, então incorre em grandes prejuízos, que igualam o valor dos custos fixos. Esta situação não é sustentável. Este é um resultado extremo que é pouco frequente na realidade, por três razões:
As empresas têm, frequentemente, capacidade produtiva limitada: quando uma empresa baixa um pouco o preço não consegue produzir para o mercado todo.
As empresas, na maior parte dos casos, vendem bens que não são subtitutos perfeitos, ou seja, não são homogéneos. Mesmo quando o bem é igual, o local e o serviço são ligeiramente distintos, o que faz com que quando a empresa baixa o preço apenas capture parte do mercado da empresa rival.
As empresas, por vezes, conseguem fazer conluio e procuram evitar entrar em guerras de preços, concertando entre si, esclher preços mais elevados.
Se pensarmos no exemplo dos postos de abastecimento: neste caso as empresas cooperam entre si, mas, de acordo com o Modelo de Bertrand, as empresas não poderiam criar um mecanismo de cooperação, porque assumimos que é um modelo de só um período. Então, as empresas só concorrem uma vez, pelo que não há espaço para a interacção entre elas. Mas na realidade, por exemplo a Shell e a Galp interagem diariamente, combinando preços.
Modelo de Cournot (Concorrência em Quantidades)
De acordo com este modelo, a variável de decisão é a quantidade (e não o preço como no modelo de Bertrand). 
Consideremos os mercados de matérias-primas, em que existem produtores com uma grande quota de mercado e onde o preço é “determinado no mercado”: neste caso, existe uma bolsa que determina um preço, que garante que a oferta seja igual à procura. Cada empresa escolhe independentemente a quantidade óptima a produzir, dada a quantidade que espera que a outra empresa produza. O equilíbrio de Nash-Cournot é o seguinte: cada empresa produz a quantidade óptima dada a quantidade produzida pela outra empresa. 
Pensemos noutro exemplo: o petróleo. A produção de petróleo é feita em poucos países, e, portanto, são poucos os países que detêm a maioria da quota de mercado relativa a este bem. Os produtores de petróleo decidem entre si a quantidade do bem que vão colocar no mercado. A definição da quantidade tem uma importância central neste caso, porque as empresas têm uma dada quota de mercado e o preço, em última análise, é o resultado disso. Estas empresas não podem escolher um preço e estar dispostas a vender todo o petróleo por esse preço, até porque têm fortes restrições de produção. 
Cournot vs. Concorrência Perfeita (Cournot: P > Cmg)
De acordo com este modelo, a quantidade vendida por ambas as empresas é inferior à quantidade vendida em concorrência perfeita (P = Cmg). Neste caso, o preço de mercado é superior ao custo marginal, pelo que o mercado é ineficiente. As empresas conseguem ter lucro e os consumidores ficam em pior situação do que em concorrência perfeita. 
Cournot vs. Monopólio (P Cournot < P Monopólio)
No entanto, de acordo com o modelo de Cournot,a quantidade total vendida pelas duas empresas é superior à de monopólio e o preço de mercado é mais baixo que o de monopólio, o que faz com que o oligopólio de Cournot seja melhor para os consumidores que o monopólio e é mais eficiente. 
MC = 2 (constante)
P = 10 – Q
Quantidade (Q) = q1 + q2
Max q1 ∏1 = P * q1 – TC (q1) ⇼ Max q1 ∏1 = [ 10 – (q1 + q2)] * q1 – 2q1 = 10q1 - – q1q2 – 2q1
 ⇼ 10 – 2q1 – q2 – 2 = 0 ⇼ q1 = 		 Função Reacção da Empresa
1: quanto é que a empresa 1 quer colocar no mercado, em função do que a outra empresa coloca no mercado. Esta relação é negativa.
Max q2 ∏2 = ... q2 = 
As empresas são iguais e por isso as suas funções reacção são também iguais. 
Como é que se define este equilíbrio?
Como a decisão de uma empresa depende da decisão da outra empresa, vamos ter um sistema de duas equações com duas incógnitas:
	 q1 = ⇼ q1* = ...
Equilíbrio: 
	 q2 = ⇼ q2* = ...
Como as empresas são completamente iguais/simétricas: q1 = q2. Esta igualdade só pode ser estabelecida porque os custos marginais das duas empresas são iguais e o produto é homogéneo. 
q1 = ⇼ 2q1 = 8 – q1 ⇼ q1 = = q2
P = 10 – (q1 + q2) ⇼ P = 10 - = 
Neste caso: P > MC = 2 
Então, a concorrência é menos intensa no modelo de Cournot do que no modelo de Bertrand.
∏1 = q1 * (P – MC) = x ( – 2) = x = > 0
Ao contrário do modelo de Bertrand, neste modelo as empresas têm lucros económicos muito atractivos. Novas empresas têm dificuldade em entrar neste mercado porque existem barreiras à entrada. 
Modelo de Cournot com mais de duas empresas (n > 2)
Neste caso, cada empresa escolhe a quantidade a produzir, dada a quantidade que espera que todas as outras empresas produzam. O equilíbrio é o seguinte: cada empresa q = , P = x 
Quanto maior o número de empresas (n), menor é a quantidade vendida por cada empresa, mas maior é a produção de mercado e menor é o preço. Quando o número de empresas é muito grande, a quantidade e o preço aproximam-se do socialmente óptimo, como em concorrência perfeita. 
Modelo de Stackelberg
A hipótese associada a este modelo é a seguinte: uma empresa escolhe a quantidade primeiro e depois as outras empresas escolhem a quantidade depois de observarem a escolha da primeira. 
Alguns sectores, por razões históricas, institucionais, ou legais, determinam que uma empresa tenha a possibilidade de escolher primeiro (empresa 1, líder). A empresa líder antecipa quanto é que a empresa seguidora (empresa 2) vai produzir para cada quantidade que a empresa 1 escolher. A empresa 2 observa q1 e depois escolhe a quantidade que maximiza o seu lucro q2(q1). A empresa 1 vai, portanto, escolher a quantidade que maximiza o seu lucro, tendo em consideração a quantidade que antecipa que a empresa 2 vai produzir, q2(q1). A empresa líder sabe que, se produzir mais, deixa menos espaço para a empresa 2: a empresa 2 fica com uma procura residual menor, pelo que vai produzir menos, o que beneficia a empresa líder. A empresa líder produz mais e obtém um lucro maior do que no modelo de Cournot, enquanto que a empresa seguidora produz menos e obtém um lucro menor. 
Ou seja, 
A empresa 1 decide primeiro q1. Esta antecipa que a empresa 2 vai observar q1 e escolher com base na sua função reacção: q2 = . 
Assim, E1: Max q1 ∏1 = P * q1 – TC = [10 – q1 – ()] x q1 – 2q1, isto é, a empresa 1 maximiza o seu lucro antecipando a empresa 2. 
Como neste modelo existe informação perfeita, a empresa 1 consegue antecipar-se e condicionar a empresa 2, pelo que a empresa 1 decide e a empresa 2 vai decidir com base na sua função reacção, ou seja, esta empresa está dependente da primeira. 
Diferenciação do Produto
Até aqui foi assumido que as empresas vendem substitutos perfeitos. Mas, na maioria dos mercados existe alguma diferenciação do produto: os consumidores consideram que os bens que as empresas vendem não são exactamente iguais fisicamente, ou por causa da localização, da qualidade do serviço, etc. Quando existe diferenciação do produto uma empresa, ao praticar um preço um pouco mais baixo do que as outras empresas, não consegue obter todos os consumidores do mercado, pelo que a diferenciação do produto reduz a concorrência entre as empresas e conduz à prática de preços mais elevados. Mesmo que as empresas concorram em preços, o preço de equilíbrio é maior do que o custo marginal. 
Uma estratégia das empresas para evitarem uma concorrência muito forte é, então, produzir produtos diferenciados, introduzindo pequenas diferenças no produto e investindo em campanhas de publicidade de tal modo que os consumidores percebam os bens como diferentes, mesmo que não o sejam.
Cartéis e Conluio Tácito
A GE e Westinghouse
Em 1960, nos EUA, 29 empresas, incluindo as poderosaa GE e Westinghouse, são acusadas de fixar preços, manipular leilões e dividir mercados no sector do material eléctrico pesado. Como resultado as empresas receberam multas de 400 milhões de dólares e os sete executivos de topo foram condenados a penas de prisão. 
Tudo começou quando o repórter Granger noticiou que num leilão todas as 7 empresas submeteram propostas iguais a 198438,24. Coincidência? Não.
A GE e a Westinghouse, as duas maiores empresas de materiais eléctricos entre 1947 e 1957 subiram os preços 10 vezes de forma paralela, sendo que os anúncios destes aumentos ocorreram num espaço de dias entre si. 
Em 1958, sete dos executivos de topo da GE encontraram-se com os seus concorrentes no Hotel Traymore em Atlantic City para concertar preços mais altos para os seus produtos. As empresas tinham um acordo para dividir o mercado da seguinte forma: GE: 42%, Westinghouse: 38%, AC: 11%, ITE: 9%. Durante os 12 meses seguintes ocorrera, pelo menos, mais 35 encontros iguais a este, em que a GE teve o papel predominante. Mesmo quando as submissões em leilão não eram iguais, as empresas seguiam um padrão de rotação baseado nas fases da lua: a empresa que tinha direito a submeter a proposta mais baixa, que ganharia o leilão, dependia de quão cheia estava a lua.
O cartel neste sector foi facilitado pela existência de um pequeno número de empresas e pelas quotas de mercado altas de algumas empresas: C4 > 75% em muitas áreas e C4 > 95% em vários bens. A multa foi elevada (400 milhões), mas mesmo que o cartel tivesse subido os preços em apenas 10%, os ganhos anuais das empresas seriam de 175 milhões. O crime compensou?
Cartel vs. Conluio Tácito
“Pessoas do mesmo negócio, raramente se encontram, mesmo para se divertirem, sem que a conversa termine numa conspiração contra o público ou num esquema para subir os preços...”
										Adam Smith
Cartel: uma associação de empresas que, de forma explícita, coordena os preços ou as quantidades produzidas.
Conluio Tácito: quando as empresas coordenam os preços ou as quantidades apesar de não haver um acordo explícito entre empresas. 
Cartéis Legais e Ilegais
Cartéis Ilegais
Na generalidade dos países, a lei proíbe as empresas de um sector de fazer acordos explícitos de preços.
Cartéis Legais
Muitas exportações de produtos primários, como alimentos, energia ou metais, para os mercados mundiais são dominados por um pequeno número de países. Dado que esses países são soberanos, os restantes países não têm o poder de lhes impor leis. Assim, os países exportadores de produtos primários podem combinar explicitamente os preços ou as quantidades a que vendem nos mercados mundiais. Um exemplo de cartel legal é a OPEP. 
Porque é que as Empresas formam Cartéis?
Para simplificar assumamos que existem apenas duas empresas neste mercado: a GE e a Westinghouse e que podem escolher apenas uma de duas alternativas: preço baixo ou preço alto. Os lucros conjuntos das empresas são máximos se ambas escolherem preços altos, mas, cada empresa consegue aumentar os seus lucros se escolher um preço mais baixo, enquanto a outra empresa escolhe um preço alto. Desta forma, o equilíbrio é ambas as empresas escolherem um preço baixo. Mas, se ambas escolherem um preço baixo, ambas terão lucros menores do que se ambas escolhessem preços altos (Dilema do Prisioneiro). Isto acontece porque cada empresa, quando baixa o preço, embora aumente o seu lucro, faz diminuir os lucros conjuntos da empresas. 
O objectivo do cartel ou do conluio é garantir que ambas as empresas não escolhem preço baixo. O ideal do cartel é ambas as empresas acordarem entre si um preço alto igual ao preço de monopólio, Pm, que é o que maximiza os lucros obtidos neste mercado. Depois,

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