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MICROBIOLOGIA BACTÉRIAS Bactéria é um domínio de microrganismos unicelulares, procariontes (desprovidos de envoltório nuclear e organelas membranosas) pertencentes ao Reino Monera. Possuem a capacidade de sobreviver como célula única, realizando processos metabólicos necessários à sua perpetuação. • ARQUEOBACTÉRIA: São bactérias que apresentam maior resistência a ambientes adversos. São bactérias primitivas, possuem a capacidade de viver em locais onde as condições de vida são extremamente adversas para a grande maioria dos seres vivos. Habitam em locais com grande presença de sal, extremamente ácidos, baixíssima umidade, ausência de oxigênio, temperaturas muito elevadas ou muito baixas. • EUBACTÉRIAS: São bactérias propriamente ditas. Crescem em ambientes mais favoráveis. São organismos procariontes e representam o maior número de espécies dentro do Reino Monera. Fazem parte do Grupo Eubactéria todas as bactérias (excluindo as arqueobactérias) e as cianobactérias. • UNIDADE FORMADORA DE COLÔNIA (UFC): É a célula que, por divisão binária, produz uma colônia. A divisão binária ocorre quando uma bactéria duplica o seu material genético e logo em seguida se divide, originando duas bactérias idênticas a ela. UNIDADE FORMADORA DE COLÔNIA Os microrganismos ser encontrados isolados ou em colônias. Podemos classificar as colônias em 2 tipos: • COLÔNIAS PURAS: Está constituída por uma mesma espécie de microrganismos • COLÔNIAS MISTAS: Estão formadas por X espécie + 1 espécie de microrganismos. Os microrganismos também podem ser encontrados em um outro tipo de comunidade, chamados de Biofilmes. • BIOFILMES: É uma associação entre microrganismos da mesma espécie, ou de espécies diferentes, ou ainda de reinos diferentes. • Os biofilmes residem em uma matriz feita essencialmente de polissacarídeos, mas contendo também DNA e proteínas, com frequência chamada de limo. Uma comunicação química permite às bactérias coordenarem sua atividade e se agrupar em comunidades que fornecem benefícios a esses microrganismos. Portanto, os biofilmes não são somente camadas limosas bacterianas, mas sistemas biológicos; as bactérias são organizadas em uma comunidade funcional coordenada. Os biofilmes geralmente são fixados em superfícies como uma pedra em um lago, um dente humano ou uma membrana mucosa. Essa comunidade pode ser de uma única espécie ou de grupos diversos de micro-organismos. Os biofilmes também podem ter outras formas. Dentro da comunidade de um biofilme, as bactérias são capazes de compartilhar nutrientes e são protegidas de fatores danosos do ambiente, como a dissecação, os antibióticos e o sistema imune corpal. Um biofilme geralmente começa a se formar quando uma bactéria livre nadadora (planctônica) se fixa em uma superfície. Micro-organismos individuais e agregados de limo eventualmente deixam o biofilme e se movem para um novo local, para onde o biofilme vai se estender. Os microrganismos nos biofilmes podem trabalhar em cooperação para desenvolver tarefas complexas. Por exemplo, o sistema digestório dos animais ruminantes, como o gado, requer muitas espécies diferentes de micro-organismos para quebrar a celulose. (digestão fermentativa). Uma abordagem para prevenir a formação de biofilme é a aplicação de antimicrobianos sobre as superfícies nas quais os biofilmes podem se formar. MORFOLOGIA BACTERIANA As bactérias podem ser classificadas morfologicamente pelo seu tamanho, forma e o arranjo. Elas possuem algumas formas básicas: cocos, bacilos e espiral. ESTRUTURA BACTERIANA • FLAGELO: Estes apêndices alongados e finos são compostos por uma proteína chamada flagelina. Esta estrutura é responsável pela locomoção de algumas espécies de bactérias. Portanto, nem todas as bactérias possuem flagelos. • PILI - FIMBRIAS: São filamentos formados por tubos curtos e em grande quantidade. Embora parecidas com os flagelos, não possuem função locomotora. A função das fimbrias varia de espécie para espécie. Em algumas, desempenha o papel de fixação em substratos e, em outras, exerce a troca de DNA em processos sexuais. Geralmente presentes nas gram-negativas. • CAPSULAS: Envoltório mais externo que nem todas as bactérias possuem, estas cápsulas ficam ao redor da parede celular. Além de favorecerem a aderência ao substrato, também ajudam as bactérias a resistirem ao processo de fagocitose (aumentam a virulência) e retém líquidos (materiais de reserva). Sua composição é de polissacarídeos e polipeptídicos. PAREDE BACTERIANA E SUA DIFERENCIAÇÃO NAS GRAM POSITIVAS E GRAM NEGATIVAS. A parede celular bacteriana é uma estrutura complexa, semirrígida, responsável pela forma da célula. Sua principal função é prevenir a ruptura das células bacterianas. • As paredes bacterianas das Gram positivas possuem ácidos teicóicos, muitas camadas de peptideoglicano, e espaço periplasmático curto • As paredes bacterianas das Gram negativas não possuem ácidos teicóicos, possuem poucas camadas de peptideoglicano, espaço periplasmático extenso, além de possuírem a camada/membrana externa de lipopolissacarídeo (LPS) e o periplasma. O lipossacarídeo da membrana externa (LPS) é uma molécula grande e complexa que contém lipídeos e carboidratos e que consiste em três componentes: Lipídeo A, um cerne polissacarídeo e um polissacarídeo O. • O lipídeo A está embebido na parede superior da membrana externa. Quando as gram- negativas morrem, elas liberam o lipídio A que funciona como uma endotoxina. O lipídeo A é responsável pelos sintomas associados a bactérias gram-negativas, como febre, dilatação de vasos venosos, choque e formação de coágulos sanguíneos. • O Cerne Polissacarídeo é ligado ao lipídeo A e contém açucares incomuns. Seu papel é estrutural: fornece estabilidade. • O polissacarídeo O, se estende para fora do cerne polissacarídeo, e é composto por moléculas de açúcar., funcionando como um antígeno, sendo útil para diferenciar espécies de bactérias gram-negativas. A camada LPS exerce várias funções especializadas, como a lise de células e evasão da fagocitose, fornecendo também uma barreira para certos antibióticos, como a penicilina, não sendo totalmente impermeável. Parte da permeabilidade da membrana é devida a proteínas denominadas Porinas, que formam canais, permitindo a passagem de moléculas. COLORAÇÃO DE GRAM A coloração de Gram foi desenvolvida em 1884 pelo bacteriologista dinamarquês Hans Christian Gram. Ela é um dos procedimentos de coloração mais úteis, pois classifica as bactérias em dois grandes grupos: gram-positivas e gram-negativas. Neste procedimento: 1. Um esfregaço fixado pelo calor é recoberto com um corante básico púrpura, geralmente o cristal violeta. Uma vez que a coloração púrpura impregna todas as células, ela é denominada coloração primária. 2. Após um curto período de tempo, o corante púrpura é lavado, e o esfregaço é recoberto comiodo, um mordente. Quando o iodo é lavado, ambas as bactérias gram-positivas e gram-negativas aparecem em cor violeta escuro ou púrpura. 3. A seguir, a lâmina é lavada com álcool ou uma solução de álcool-acetona. Essa solução é um agente descolorante, que remove o púrpura das células de algumas espécies, mas não de outras. 4. O álcool é lavado, e a lâmina é então corada com safranina, um corante básico vermelho. O esfregaço é lavado novamente, seco com papel e examinado microscopicamente. O corante cristal violeta (púrpura), cora as células gram-positivas e gram-negativas de púrpura, pois penetra no citoplasma de ambos os tipos celulares. Quando o mordente (Iodo), é aplicado, forma cristais com o corante que são muito grandes para escapar pela parede celular, fixando então a coloração. A aplicação de álcool desidrata a peptideoglicana das células gram-positivas para torná-la mais impermeável ao cristal violeta-iodo, impedindo sua saída. O efeito nas células gram-negativas é bem diferente; o álcool dissolve a camada de LPS, deixando também pequenos buracos na fina camada de peptideoglicana, pelos quais os cristais violeta-iodo escapam, e a bactéria se torna incolor após a lavagem. Como as bactérias gram-negativas ficam incolores, a adição de safranina torna as células gram- negativas cor-de-rosa. Embora as células gram-positivas e gram-negativas absorvam a safranina, as gram- positivas disfarçam a cor pelo roxo do cristal violeta das quais foram tingidas antes. O método da coloração de Gram é baseado na capacidade das paredes celulares de bactérias Gram-positivas de reterem o corante cristal violeta no citoplasma durante um tratamento com etanol- acetona enquanto que as paredes celulares de bactérias Gram-negativas não o conseguem reter e perdem a cor (sendo coradas com safranina tardiamente). A reação de Gram de uma bactéria pode fornecer informações valiosas para o tratamento da doença. As bactérias gram-positivas tendem a ser mortas mais facilmente por penicilinas e cefalosporinas. As bactérias gram-negativas geralmente são mais resistentes porque os antibióticos não podem penetrar a camada de lipopolissacarídeo (LPS). ESTRUTURAS INTERNAS • MEMBRANA CITOPLASMÁTICA: é uma dupla camada de lipídios - fosfolipídios, semipermeável, composta quimicamente de proteínas, lipídios, carboidratos e esterol (apenas na Eucariótica, a procariótica não possui esterol). Suas principais funções são transporte, respiração e replicação de DNA e RNA. • MESOSSOMOS: São invaginações formadas a partir do citoplasma, sendo mais encontradas nas células Gram-positivas (bacillus). Essa estrutura é composta por proteínas e lipídios e tem como principal função a respiração bacteriana. • MESOSSOMOS SEPTAIS: Orientem o DNA na divisão celular – segregação dos cromossomos. • MESOSSOMOS LATERAIS: Envolvido na formação de esporos – Segregação de enzimas hidrolíticas e de PTN’s envolvidas com os ribossomos • RIBOSSOMOS: São estruturalmente 2 subunidades de 30s e 50s (obs.: nos eucariontes 40s e 60s). São quimicamente compostos por RNA e PTN. Suas principais funções são a biossíntese de proteínas e formação de cadeia de RNAm. Encontram-se livre no citoplasma ou associados a membrana citoplasmática ou mesossomos. INCLUSÕES CITOPLASMÁTICAS Dentro do citoplasma das células procarióticas, há vários tipos de depósitos de reserva, conhecidos como inclusões. As células podem acumular certos nutrientes quando eles são abundantes e usá-los quando estão escassos no ambiente. Algumas inclusões são comuns a uma ampla variedade de bactérias, enquanto outras são limitadas a um número pequeno de espécies, servindo assim como base para a identificação. • GRÂNULOS DE LIPÍDEOS: aparecem na célula como grãos que não se coram • GRÂNULOS DE POLISSACARÍDICOS: São caracteristicamente compostos de glicogênio e amido. • GRÂNULOS DE POLIMETAFOSFATO: servem como reserva de fósforo para a biossíntese e elementos que servem de fosfato). • GRÂNULOS DE ENXOFRE (S): Bactérias sulfurosas (produção de energia) ESPOROS Quando os nutrientes essenciais se esgotam, certas bactérias gram-positivas formam células especializadas de “repouso”, denominadas endósporos. Os endósporos são células desidratadas altamente duráveis, com paredes espessas e camadas adicionais. Eles são formados dentro da membrana celular bacteriana. Quando liberados no ambiente, podem sobreviver a temperaturas extremas, falta de água e exposição a muitas substâncias químicas tóxicas e radiação. O processo de formação do endósporo é conhecido como esporulação ou esporogênese. Células vegetativas de bactérias que formam endosporos iniciam a esporulação quando um nutriente - chave, como uma fonte de carbono ou nitrogênio, torna-se escassa ou indisponível. No primeiro estágio observável da esporulação, um cromossomo bacteriano recém-replicado e uma pequena porção de citoplasma são isolados por uma invaginação da membrana plasmática, denominada septo do esporo. O septo do esporo torna-se uma membrana dupla que circunda o cromossomo e o citoplasma. Essa estrutura, inteiramente fechada dentro da célula original, é denominada pré-esporo. Camadas espessas de peptideoglicana são dispostas entre as duas lâminas da membrana. Então, uma espessa capa de proteína se forma em torno de toda a membrana externa. Esse revestimento é responsável pela resistência dos endosporos a muitas substâncias químicas agressivas. A célula original é degrada, e o endósporo é liberado. GENÉTICA BACTERIANA O gene é um segmento de uma molécula de DNA que contém um código para a produção dos aminoácidos da cadeia polipeptídica e as sequências reguladoras para a expressão. As sequências codificantes são chamadas de éxons. Elas são intercaladas por regiões não codificantes, chamadas de íntrons, que são inicialmente transcritas em RNA no núcleo, mas não estão presentes no mRNA final no citoplasma, não sendo representada no produto proteico final. • DNA CROMOSSÔMICO: Único, circular, de fita dupla e sua replicação é semi-conservativa e bidirecional. • VARIAÇÕES FENÓTIPAS: Resultam das adaptações das bactérias ao ambiente (são reversíveis sem comprometimento genético). • VARIAÇÕES GENÓTIPAS: Alterações na sequência do nucleotídeo – Alterações na sequência de nucleotídeos. São irreversíveis (através dos processos de mutação e recombinação).. O DNA BACTERIANO NÃO POSSUI INTRONS AS BACTÉRIAS POSSUEM ALTA TAXA DE MUTAÇÃO • OPERON: São grupos de um ou mais genes estruturais expressos a partir de um promotor específico. Operons com muitos genes estruturais são chamados policistrônicos. • PROMOTORES E OPERADORES: são sequências de nucleotídeos que controlam a expressão de um gene determinando as sequências que serão transcritas no mRNA. A duplicação do DNA cromossômico bacteriano é semi-conservativa, simétrica e bidirecional, a partir de uma origem única (oriC). O processo requer enzimas, tais como as girases, helicases, primases, polimerases, ligases e topoisomerases. A direção da síntese é sempre no sentido 5’ – 3’. O DNA cromossômico precisa duplicar-se antes do processo de divisão celular, para que todas as células da progênie bacteriana recebam uma cópia do cromossomo (transferência vertical de genes).• PLASMÍDEOS: Os plasmídeos são pequenos segmentos de DNA circular com replicação independente, presentes em bactérias. O plasmídeo pode conter genes relacionados com a resistência aos antibióticos, garantindo a sobrevivência da bactéria. Essa condição torna algumas infecções por bactérias difíceis de serem controladas. Possuem forma circular, com fita dupla e números variados de cópias. Sua replicação é semi-conservativa, unidirecional ou bilateral. CARACTERISTICAS FENOTÍPICAS CONDICIONADAS POR GENES PLASMÍDICOS: ✓ Fertilidade ✓ Produção de antibióticos ✓ Resistência a íons de metais pesados ✓ Resistencia a U.V ✓ Resistência a drogas ✓ Produção de enterotoxinas ✓ Utilização de carboidratos ✓ Degradação de hidrocarbonetos • TRANSPOSSONS: também chamados genes saltadores ou sequências de inserção (IS), são elementos genéticos móveis que podem transferir DNA dentro de uma célula, de uma posição para outra no genoma ou entre diferentes moléculas de DNA (plasmídeo > plasmídeo ou plasmídeo > cromossomo). Possuem tamanho variável e informação genética mínima necessária para sua própria transferência. Um evento de transposição na célula procariótica põe em risco a sua sobrevivência, pois estes elementos são responsáveis por cerca de 5 a 15% das mutações que ocorrem no genoma bacteriano. • INTEGRONS: Segmentos de DNA fita dupla, geralmente menores que os transposons; não autoduplicam, e que podem conter um ou mais genes de resistência inseridos por meio de um sistema de recombinação sítio-específica. Ocorrem sobre transposons e podem ser transferidos ligados a eles, a plasmídeos e ao cromossomo. Um integron inclui: ✓ Um gene codificador de uma integrase (intI), ✓ Um sítio adjacente de recombinação (attI); ✓ Uma região promotora, utilizada na expressão dos genes componentes do cassete ✓ Um ou mais cassetes de genes • CASSETES: Podem existir como moléculas circulares livres incapazes de duplicação autônoma ou integrados em sítio de recombinação. Contém uma ORF e um sítio de recombinação (attC) - integração do cassete ao integron. PRINCIPAIS TIPOS DE MUTAÇÕES Mecanismos de recombinação genética bacteriana Embora as mutações sejam responsáveis pela expressão de várias novas características por uma célula, muitos fenótipos procarióticos são decorrentes da aquisição de novos fragmentos de DNA, por meio de processos de transferência horizontal de genes: Transformação – Conjugação – Transdução. • Transformação: Incorporação de DNA livre, geralmente decorrente da lise celular. Na natureza, o processo ocorre quando uma célula sofre lise, liberando seu DNA. Este, por ser de grande tamanho tende a sofrer fragmentação e outras células podem absorver alguns fragmentos. Para que o processo ocorra, é necessário que a célula encontre-se competente – apresentar sítios de superfície para a ligação do DNA da célula doadora - e apresentar a membrana em uma condição que permita a passagem deste DNA. O estabelecimento da competência envolve a participação de diferentes proteínas (ligação ao DNA, autolisinas, nucleases), e depende de fatores distintos como fase de crescimento, condições ambientais, temperatura e a concentração de cátions • CONJUGAÇÃO: processo de transferência de DNA de uma bactéria para outra, envolvendo o contato entre as duas células. A conjugação está associada à presença de plasmídeos F. Estes plasmídeos contêm genes que permitem a transferência do DNA plasmidial de uma célula para outra ou, em outras palavras, a capacidade conjugativa. Quando a célula porta um plasmídeo de natureza F é denominada F+, doadora, enquanto células desprovidas de tais plasmídeos são denominadas F-, receptoras. A conjugação pode ser de dois tipos: entre células F+ e F-, resultando em duas células F+ e entre células Hfr e F- , resultando em uma célula Hfr e outra F-. Nos dois processos, acredita-se que o mecanismo provável de transferência do DNA seja pelo círculo rolante, onde apenas uma das fitas é transferida, sendo a fita complementar sintetizada pela célula receptora.
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