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Contratos em Espécie
Professor Sardinha
Prova: dia 28/01/16 - objetiva e sem consulta - matéria até gestão de negócios
Prova2: discursiva, com consulta - dia 16/03/16 
Haverá seminários sobre temas polêmicos a respeito de determinados contratos, valendo 4 
pontos na segunda prova. O trabalho deverá tratar da evolução legislativa, doutrinária e 
jurisprudencial do assunto.
Aula 1 - dia 25/11/15
• Contratos em espécie - programa:
- Contrato de empréstimo
- Contrato de depósito
- Contrato de mandato
- Contrato de comissão *
- Vigência e distribuição *
- Corretagem
- Transporte 2
- Seguro 2
- Constituição de renda 2
- Jogo e aposta 2
- Fiança 2
*não fazem parte do programa
• Atos Unilaterais
- Promessa de recompensa 2
- Gestão de negócio
- Pagamento indevido 2
- Enriquecimento sem causa 2
- Títulos de crédito 2
Prova: serão 2 - uma objetiva e uma subjetiva
Empréstimo
Meio pelo qual pessoa transfere o domínio da coisa emprestada a outra, que deve devolvê-lo em 
certo prazo.
Orlando Gomes: "é o contrato onde uma das partes recebe, para usar ou utilizar, algo, que deve 
ser restituído, ou dado outro em mesmo gênero, quantidade e qualidade, após um determinado 
tempo."
Modalidades de empréstimo: Comodato e Mútuo
- Comodato é o empréstimo de coisa infungível e mútuo é o empréstimo de coisa fungível.
- O conceito de infungibilidade é relativo.
- Mútuo pode ser gratuito ou oneroso -> empréstimo de consumo
- No comodato, ao ser entregue, a própria coisa deve ser restituída -> empréstimo de uso.
- Carro -> tem posse, não é o dono
- Dinheiro -> não tem posse, é o dono
Partes do Comodato
- Comodante -> quem entrega
- Comodatário -> quem recebe
Restrição para comodante: art. 580 -> Os Tutores/curadores e administradores de bens alheios 
não podem dar em comodato sem autorização especial do juiz.
Art. 580. Os tutores, curadores e em geral todos os administradores de bens alheios não 
poderão dar em comodato, sem autorização especial, os bens confiados à sua guarda.
Característica importante do Comodato: contrato essencialmente gratuito. Se houver 
remuneração, passa a ser locação.
Obs.: Não descaracteriza o comodato o fato de o o comodatário arcar com as despesas da coisa.
Enunciado 584 - Em casos excepcionais, a jurisprudência admite que o comodatário cobre as 
despesas.
Comodato tem que estipular uma data para a devolução?
-> Art 581 - Se for indeterminado, o comodatário pode exigir a qualquer hora.
Contrato com a entrega = contrato real
Contrato sem a entrega = consensual
Art. 581. Se o comodato não tiver prazo convencional, presumir-se-lhe-á o necessário 
para o uso concedido; não podendo o comodante, salvo necessidade imprevista e 
urgente, reconhecida pelo juiz, suspender o uso e gozo da coisa emprestada, antes de 
findo o prazo convencional, ou o que se determine pelo uso outorgado.
A solenidade é uma exceção ao princípio da liberalidade das formas.
Obs: o comodatário deve restituir o bem conservado. Se não agir dessa forma, poderá responder 
por culpa e será obrigado a reparar o dano.
Art. 583: Numa situação de perigo, o bem do comodante deve ser salvo primeiramente. Ex.: 2 
carros em um incêndio.
Art. 583. Se, correndo risco o objeto do comodato juntamente com outros do 
comodatário, antepuser este a salvação dos seus abandonando o do comodante, 
responderá pelo dano ocorrido, ainda que se possa atribuir a caso fortuito, ou força maior.
A lei estabelece solidariedade no caso de múltiplos comodatários. Entretanto, a solidariedade não 
se presume, devendo advir da lei ou vontade das partes.
Aula 2 - dia 26/11/15
A jurisprudência entende que somente as obras necessárias e urgentes poderão ser pleiteadas 
pelo comodatário (a quem foi emprestado algo gratuitamente) ao comodante (quem empresta). A 
interpretação segue no sentido de que aquele que pratica um ato gratuito deve ser prestigiado.
São poucos os precedentes que existem especificamente sobre comodato, pois ele normalmente 
é feito entre pessoas muito próximas. Os litígios mais comuns estão nos contratos mais 
complexos que envolvem também o comodato.
Art. 582. O comodatário é obrigado a conservar, como se sua própria fora, a coisa 
emprestada, não podendo usá-la senão de acordo com o contrato ou a natureza dela, 
sob pena de responder por perdas e danos. O comodatário constituído em mora, além 
de por ela responder, pagará, até restituí-la, o aluguel da coisa que for arbitrado 
pelo comodante.
Na verdade, não é um aluguel, é uma indenização.
Obs.: mora é o inadimplemento relativo da obrigação. Inadimplemento absoluto é aquele que o 
adimplemento já não importa à outra parte. O relativo é aquele que ainda importa.
Tanto a locação como o comodato não exigem forma escrita, mas os atos gratuitos não devem ser 
presumidos.
Mútuo
Modalidade de empréstimo para bens fungíveis, enquanto o comodato é o empréstimo para 
coisas infungíveis.
Art. 586. O mútuo é o empréstimo de coisas fungíveis. O mutuário é obrigado a restituir 
ao mutuante o que dele recebeu em coisa do mesmo gênero, qualidade e quantidade.
O exemplo mais comum é o mútuo de dinheiro.
O mútuo, assim como o comodato, é um contrato real, pois se perfaz com a entrega da coisa. 
Pode ser também gratuito ou oneroso. Será gratuito quando não houver a estipulação de juros. 
Oneroso, quando houver. Correção monetária não é considerada juros para essa classificação.
Qualquer um pode praticar contrato de mútuo gratuito ou oneroso. Não é atividade exclusiva de 
instituições financeiras. A diferença é que os bancos podem cobrar juros sem limitação de taxa, 
desde que esteja dentro dos limites e média de mercado. O valor máximo, para outras pessoas, é 
de 1% ao mês, ou 12% ao ano. Na lei de usura (Decreto 22.626/33) há limitação de não poder 
utilizar-se juros sobre juros (capitalização de juros, salvo a capitalização anual) e o máximo de 
12% ao ano.
Outra coisa que distingue o mútuo do comodato é que, no mútuo, a coisa mutuada cai no domínio 
do mutuário, ou seja, passa a pertencer ao mutuário. No comodato, somente a posse é 
transferida, e não o domínio (propriedade) da coisa.
Art. 587. Este empréstimo transfere o domínio da coisa emprestada ao mutuário, por cuja 
conta correm todos os riscos dela desde a tradição.
Prazo do mútuo:
Art. 592. Não se tendo convencionado expressamente, o prazo do mútuo será:
I - até a próxima colheita, se o mútuo for de produtos agrícolas, assim para o consumo, 
como para semeadura;
II - de trinta dias, pelo menos, se for de dinheiro;
III - do espaço de tempo que declarar o mutuante, se for de qualquer outra coisa 
fungível.
Em relação ao mútuo em dinheiro, prevalece o princípio do nominalismo, no qual a moeda 
utilizada deve ser a corrente no país (Real), salvo contratos internacionais.
Quanto à taxa, há uma confusão se o que deve ser usado é correção monetária + 12% ao ano ou 
taxa Selic. O art 591 fala que deve ser aplicado o devido à mora de impostos, que é a taxa Selic.
Art. 591. Destinando-se o mútuo a fins econômicos, presumem-se devidos juros, os 
quais, sob pena de redução, não poderão exceder a taxa a que se refere o art. 406, 
permitida a capitalização anual.
Art. 406. Quando os juros moratórios não forem convencionados, ou o forem sem taxa 
estipulada, ou quando provierem de determinação da lei, serão fixados segundo a taxa 
que estiver em vigor para a mora do pagamento de impostos devidos à Fazenda 
Nacional.
A restituição do mútuo deve conter a quantia mais correção monetária mais juros. Tudo o que 
exorbite a isso é ilegal. Os bancos cobravam algo além disso, que era a taxa de permanência. 
Isso foi vetado pela jurisprudência, fruto de várias ações coletivas para a defesa de consumidores.
Obs.: Enunciado 20, da Jornada de Direito Civil.
Enunciado 20 - Art. 406: a taxa de juros moratórios a que se refere o art. 406 é a do art. 
161, §1º, do Código Tributário Nacional, ou seja, um por cento ao mês.
A utilização da taxa SELIC como índice de apuração dos juros legais não é juridicamente 
segura, porque impede o prévio conhecimento dos juros; não é operacional, porque seu 
uso será inviável sempre que se calcularem somente juros ou somente correção 
monetária; é incompatível com a regra do art. 591 do novo Código Civil, que permite 
apenas a capitalização anual dos juros, e pode ser incompatível com o art. 192, § 3º, da 
Constituição Federal, se resultarem juros reais superiores a doze por cento ao ano.
Para o cálculo da taxa Selic, o governo já inclui a correção monetária.
AgRg no REsp 895075/RS - Admitiu a utilização da taxa Selic, desacompanhada de 
encargos remuneratórios e correção monetária.
Observar também a Súmula 382, do STJ:
SÚMULA Nº 382 A estipulação de juros remuneratórios superiores a 12% ao ano, por si 
só, não indica abusividade.
Aula 3 - dia 02/12/15
Contrato de Depósito - Art. 627 e ss.
É o contrato em que uma pessoa entrega coisa a outra para que esta guarde, devolvendo ao final 
do contrato.
Art. 627. Pelo contrato de depósito recebe o depositário um objeto móvel, para guardar, 
até que o depositante o reclame.
Partes: depositante (quem entrega) e depositário (quem recebe para guardar).
O depositante tem a necessidade que objeto seu seja guardado.
Quando se fala em depósito, tanto se fala em contrato de depósito quanto ao objeto de depósito.
É um contrato real, pois se perfaz com a entrega da coisa. O depósito, nesse aspecto, se 
aproxima de um contrato de prestação de serviço, embora o contrato de prestação de serviços 
não seja um contrato real.
Algumas legislações até admitem o contrato de depósito de imóveis, como a portuguesa, mas no 
Brasil isso não é admitido.
Pode ocorrer de o depósito necessitar conservação, mas alguns desses casos estão em uma 
zona cinzenta entre depósito, locação de espaço ou prestação de serviços. O que se deve levar 
em consideração é o interesse do depositante e a ausência deste. O contrato de depósito exige 
este requisito.
Ex.: guarda de dinheiro e objetos de valor em cofre no banco. A doutrina majoritária entende esse 
caso como locação.
A guarda da coisa, no contrato de depósito, está relacionada ao interesse daquele que entrega a 
coisa, diferentemente do comodato, onde o interesse é daquele que recebe a coisa.
Não descaracteriza o depósito a existência de serviços agregados à conservação da coisa.
Art. 640. Sob pena de responder por perdas e danos, não poderá o depositário, sem 
licença expressa do depositante, servir-se da coisa depositada, nem a dar em depósito a 
outrem.
Pode haver licença do depositante para que o depositário use a coisa, sem que isso 
descaracterize o contrato de depósito.
A guarda não se confunde com posse nem domínio, pois ela é uma relação física com a coisa. A 
posse é mais do que a guarda, pois ela exige mais do que um poder físico, um "animus" 
específico. O domínio é a completa disposição do bem e de seus frutos.
Obs.: o contrato de conta corrente não é depósito. É um contrato sui generis inominado.
Quando se diz que o depositário tem o uso da coisa, esse uso tem um caráter acidental 
(secundário, periférico ou subsidiário), pois o aspecto principal não é esse. Se o aspecto principal 
do contrato é o uso, ele deixa de ser depósito e passa a ser locação, por exemplo.
A obrigação principal do depositário é de restituir a coisa.
O contrato de depósito voluntário presume-se gratuito (salvo se atividade empresarial do 
depositário), mas pode também ser oneroso. Será gratuito quando não houver remuneração a ser 
paga ao depositário. Oneroso, por outro lado, quando houver remuneração combinada.
Classificação:
O depósito pode ser voluntário (decorre da vontade das partes) ou necessário (surge de obrigação 
legal ou circunstância calamitosa). O depósito necessário se presume oneroso.
Art. 646. O depósito voluntário provar-se-á por escrito.
Art. 647. É depósito necessário:
I - o que se faz em desempenho de obrigação legal;
II - o que se efetua por ocasião de alguma calamidade, como o incêndio, a inundação, o 
naufrágio ou o saque.
Art. 648. O depósito a que se refere o inciso I do artigo antecedente, reger-se-á pela 
disposição da respectiva lei, e, no silêncio ou deficiência dela, pelas concernentes ao 
depósito voluntário.
Parágrafo único. As disposições deste artigo aplicam-se aos depósitos previstos no inciso 
II do artigo antecedente, podendo estes certificarem-se por qualquer meio de prova.
O depósito voluntário prova-se por escrito, enquanto o necessário, por qualquer meio.
O depósito também pode ser regular ou irregular. O regular ou ordinário é aquele em que a 
coisa depositada tem a característica de ser infungível. Ao passo em que o depósito irregular é 
aquele em que a coisa depositada tem um caráter fungível.
Sendo a coisa fungível, surge para o depositário a obrigação de restituir coisa do mesmo gênero. 
Nesse sentido, a doutrina explica que o depósito irregular se equipara ao mútuo.
Art. 645. O depósito de coisas fungíveis, em que o depositário se obrigue a restituir 
objetos do mesmo gênero, qualidade e quantidade, regular-se-á pelo disposto acerca do 
mútuo.
Obrigações do depositário
- Principal: restituir a coisa dada em depósito. Essa responsabilidade é tamanha, que a lei definiu 
a pena de prisão para o depositário infiel. Entretanto, o STF pacificou o entendimento de que 
não cabe a prisão do depositário infiel, por força do Pacto de São José da Costa Rica.
CF, Art. 5º, LXVII - não haverá prisão civil por dívida, salvo a do responsável pelo 
inadimplemento voluntário e inescusável de obrigação alimentícia e a do depositário 
infiel;
A ação de depósito é aquela que tem por objetivo reaver a coisa depositada. Está prevista no art. 
901, CPC e ocorre com o estabelecimento de uma multa, pelo juiz, para o cumprimento da 
obrigação de restituir.
DA AÇÃO DE DEPÓSITO
Art. 901. Esta ação tem por fim exigir a restituição da coisa depositada. (Redação dada 
pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)
Obs.: No novo CPC, não há mais o instituto da ação de depósito.
Aula 4 - dia 03/12/15
Outra obrigação importante do depósitário é a de guardar a coisa e conservá-la com toda a 
diligência.
Art. 629. O depositário é obrigado a ter na guarda e conservação da coisa depositada o 
cuidado e diligência que costuma com o que lhe pertence, bem como a restituí-la, com 
todos os frutos e acrescidos, quando o exija o depositante.
Caso fortuito ou força maior: caso o depositário os comprove, não será responsabilizado pelo 
dano.
Art. 631. Salvo disposição em contrário, a restituição da coisa deve dar-se no lugar em 
que tiver de ser guardada. As despesas de restituição correm por conta do depositante.
Se o depositante se furtar em receber a coisa, o depositário poderá depositá-la judicialmente.
Art. 644. O depositário poderá reter o depósito até que se lhe pague a retribuição devida, 
o líquido valor das despesas, ou dos prejuízos a que se refere o artigo anterior, provando 
imediatamente esses prejuízos ou essas despesas.
Parágrafo único. Se essas dívidas, despesas ou prejuízos não forem provados 
suficientemente, ou forem ilíquidos, o depositário poderá exigir caução idônea do 
depositante ou, na falta desta, a remoção da coisa para o Depósito Público, até que se 
liquidem.
O direito de retenção, do art 644, é um meio de defesa indireto do depositário, no qual ele se 
recusa a devolver a coisa, até que o depositante arque com as despesas do depósito. Nesse 
caso, se o depositante ingressar com uma ação (de depósito), o depositário poderá alegar que 
exerce o seu direito de retenção.
Estabelecimentos hoteleiros têm depósitos necessários sobre as bagagens dos viajantes.
Contrato de Mandato - Art. 653 e ss.
Vem do direito romano - mano dato: dar a mão.
Contratoem que uma pessoa confere a outra o poder de representação, de praticar atos em nome 
alheio. 
Enquanto a representação legal decorre da Lei, a convencional é aquela que advém da vontade 
das partes, por um contrato de mandato.
O representante pratica o ato em nome próprio, mas não se obriga pessoalmente.
A procuração é o sinal exterior, o instrumento do mandato.
Art. 653. Opera-se o mandato quando alguém recebe de outrem poderes para, em seu 
nome, praticar atos ou administrar interesses. A procuração é o instrumento do mandato.
O mandato é o contrato pelo qual alguém se obriga a praticar atos jurídicos ou a praticar 
interesses por conta de outrem. (Orlando Gomes)
As partes do contrato são o mandante (pessoa que confere os poderes) e o mandatário (pessoa 
em favor de quem os poderes são conferidos). O mandatário é também chamado de procurador.
Nesse contrato, a confiança é um fator relevante. Assim, ele pode ser extinto a qualquer tempo, 
caso seja rompida essa relação de confiança, mesmo que o contrato seja por prazo determinado.
Outro cuidado que se deve ter no contrato de mandato é a delimitação dos poderes do 
mandatário.
Não há forma especial para o mandato. Pode ser expresso ou tácito, verbal ou escrito.
Art. 656. O mandato pode ser expresso ou tácito, verbal ou escrito.
Art. 659. A aceitação do mandato pode ser tácita, e resulta do começo de execução.
A doutrina divergia quanto à necessidade de forma específica para o mandato em que o ato para 
o qual o mandato seria conferido a exigia. Hoje não existe mais essa discussão, pois o art. 657 
trata do assunto:
Art. 657. A outorga do mandato está sujeita à forma exigida por lei para o ato a ser 
praticado. Não se admite mandato verbal quando o ato deva ser celebrado por escrito.
Entretanto, hoje é pacífico o entendimento de que a procuração seguirá as mesmas formalidades 
que o ato para o qual ela será utilizada.
O contrato de mandato não é um contrato acessório (sua existência não depende da existência de 
outro negócio principal), mas se diz que ele é um contrato preparatório, pois estará normalmente 
ligado a outro negócio a que se diz respeito, embora deste não dependa a sua existência.
Art. 658. O mandato presume-se gratuito quando não houver sido estipulada 
retribuição, exceto se o seu objeto corresponder ao daqueles que o mandatário trata por 
ofício ou profissão lucrativa.
Parágrafo único. Se o mandato for oneroso, caberá ao mandatário a retribuição prevista 
em lei ou no contrato. Sendo estes omissos, será ela determinada pelos usos do lugar, 
ou, na falta destes, por arbitramento.
Quem pode ser mandante/mandatário?
Art. 654. Todas as pessoas capazes são aptas para dar procuração mediante 
instrumento particular, que valerá desde que tenha a assinatura do outorgante.
§ 1º O instrumento particular deve conter a indicação do lugar onde foi passado, a 
qualificação do outorgante e do outorgado, a data e o objetivo da outorga com a 
designação e a extensão dos poderes conferidos.
§ 2º O terceiro com quem o mandatário tratar poderá exigir que a procuração traga a 
firma reconhecida.
Alguns autores defendem que os incapazes só podem dar procuração por instrumento público, 
não particular. Esse é um entendimento minoritário da doutrina. O entendimento predominante é 
que o incapaz pode ser dar procuração particular, desde que sejam representados ou assistidos.
A jurisprudência majoritária entende que a procuração conferida por menor a advogado não 
precisa ser conferida por instrumento público, podendo ser realizada por instrumento particular, 
desde que devidamente representado ou assistido.
Aula 5 - dia 9/12/15
Mandato (Cont.)
A relação de confiança é um traço característico do contrato de mandato, o que o torna, segundo 
a doutrina, um contrato intuitu personae.
O poder de administração de um mandato legal (pais em relação a filhos) se restringe aos atos de 
administração.
O mandato será útil sempre que o indivíduo não quiser, não puder praticar o ato sozinho, ou for 
legalmente obrigado a nomear um procurador, como no caso da necessidade de advogado.
Com relação ao mandante, exige-se, de modo geral, a capacidade plena.
A lei não exigiu, para a prática do ato, o reconhecimento de firma. A redação anterior do art. 38, do 
CPC, continha a exigência de reconhecimento de firma.
Art. 38, CPC. A procuração geral para o foro, conferida por instrumento público, ou 
particular assinado pela parte, habilita o advogado a praticar todos os atos do processo, 
salvo para receber citação inicial, confessar, reconhecer a procedência do pedido, 
transigir, desistir, renunciar ao direito sobre que se funda a ação, receber, dar quitação e 
firmar compromisso. (Redação dada pela Lei nº 8.952, de 1994)
Parágrafo único. A procuração pode ser assinada digitalmente com base em certificado 
emitido por Autoridade Certificadora credenciada, na forma da lei específica. (Incluído 
pela Lei nº 11.419, de 2006).
Alguns doutrinadores entendem que não se exige o reconhecimento de firma para a procuração 
geral, necessitando, por outro lado, para a procuração com poderes específicos.
A procuração para o foro em geral também é chamada de procuração AD JUDICIA.
O terceiro pode exigir o reconhecimento de firma na procuração, mas isso não é requisito de 
validade para o negócio jurídico.
O contrato de mandato vai se corporificar em uma procuração, que não se exige forma especial. 
Ele poderá ser verbal ou escrito, conforme o art 656, mas o terceiro interessado raramente 
aceitará a procuração verbal.
Art. 654. Todas as pessoas capazes são aptas para dar procuração mediante 
instrumento particular, que valerá desde que tenha a assinatura do outorgante.
§ 1º O instrumento particular deve conter a indicação do lugar onde foi passado, a 
qualificação do outorgante e do outorgado, a data e o objetivo da outorga com a 
designação e a extensão dos poderes conferidos.
§ 2º O terceiro com quem o mandatário tratar poderá exigir que a procuração traga a 
firma reconhecida.
Não é comum que o mandatário assine a procuração, pois o que caracteriza a aceitação tácita é o 
início da execução dos atos, conforme o art. 659, do CC.
O substabelecimento é o ato que transfere os poderes conferidos pelo mandatário a terceiro. O 
substabelecimento com reserva é aquele em que o substabecente passa os poderes ao 
substabelecido, mas reserva também para si os mesmos poderes.
Art. 667. O mandatário é obrigado a aplicar toda sua diligência habitual na execução do 
mandato, e a indenizar qualquer prejuízo causado por culpa sua ou daquele a quem 
substabelecer, sem autorização, poderes que devia exercer pessoalmente.
§ 1º Se, não obstante proibição do mandante, o mandatário se fizer substituir na 
execução do mandato, responderá ao seu constituinte pelos prejuízos ocorridos sob a 
gerência do substituto, embora provenientes de caso fortuito, salvo provando que o caso 
teria sobrevindo, ainda que não tivesse havido substabelecimento.
§ 2º Havendo poderes de substabelecer, só serão imputáveis ao mandatário os danos 
causados pelo substabelecido, se tiver agido com culpa na escolha deste ou nas 
instruções dadas a ele.
§ 3º Se a proibição de substabelecer constar da procuração, os atos praticados pelo 
substabelecido não obrigam o mandante, salvo ratificação expressa, que retroagirá à 
data do ato.
§ 4º Sendo omissa a procuração quanto ao substabelecimento, o procurador será 
responsável se o substabelecido proceder culposamente.
Se o mandante desejar, pode fazer uma notificação extrajudicial (no cartório de títulos e 
documentos) destituindo o mandatário (por exemplo, advogado).
Art. 660. O mandato pode ser especial a um ou mais negócios determinadamente, ou 
geral a todos os do mandante.
Art. 661. O mandato em termos gerais só confere poderes de administração.
§ 1º Para alienar, hipotecar, transigir, ou praticar outrosquaisquer atos que exorbitem da 
administração ordinária, depende a procuração de poderes especiais e expressos.
§ 2º O poder de transigir não importa o de firmar compromisso.
A procuração que não delimita poderes ao mandatário é inexistente.
Art. 662. Os atos praticados por quem não tenha mandato, ou o tenha sem poderes 
suficientes, são ineficazes em relação àquele em cujo nome foram praticados, salvo se 
este os ratificar.
Parágrafo único. A ratificação há de ser expressa, ou resultar de ato inequívoco, e 
retroagirá à data do ato.
O ato praticado por quem não tenha poderes para tal padece no plano de eficácia, salvo se 
houver a ratificação.
O art. 664 também confere ao mandatário o direito de retenção.
Art. 664. O mandatário tem o direito de reter, do objeto da operação que lhe foi cometida, 
quanto baste para pagamento de tudo que lhe for devido em conseqüência do mandato.
Art. 665. O mandatário que exceder os poderes do mandato, ou proceder contra eles, 
será considerado mero gestor de negócios, enquanto o mandante lhe não ratificar os 
atos.
Art. 666. O maior de dezesseis e menor de dezoito anos não emancipado pode ser 
mandatário, mas o mandante não tem ação contra ele senão de conformidade com as 
regras gerais, aplicáveis às obrigações contraídas por menores.
O art. 666 é uma exceção às regras de capacidade, pois o menor relativamente incapaz poderá 
ser mandatário, uma vez que isso não afeta o patrimônio do menor, mas sim do mandante, que 
deverá ser maior e capaz.
As obrigações do mandatário são de cumprir fielmente os termos do mandato, prestar contas e 
demais regras previstas nos artigos 667 e seguintes, do CC.
Dia 10/12/15 - NÃO HOUVE AULA
Aula 6 - dia 16/12/15
Ainda que o mandatário tenha poderes para a prática de todos os atos permitidos em lei, deve 
seguir às ordens do mandante, sob pena de violar os termos contratuais.
A prática de ato para o qual o mandatário não tem poderes leva à não responsabilidade do 
mandante sobre aqueles atos. O ato não é eficaz perante o mandante.
Art. 673. O terceiro que, depois de conhecer os poderes do mandatário, com ele celebrar 
negócio jurídico exorbitante do mandato, não tem ação contra o mandatário, salvo se 
este lhe prometeu ratificação do mandante ou se responsabilizou pessoalmente.
Pela teoria da aparência, o ato realizado pelo mandatário sem poderes é considerado válido 
perante o terceiro de boa fé.
O mandatário não pode ter interesse conflitante com o do mandante.
- Obrigações do Mandante
Principal: responder pelos atos praticados pelo mandatário. Este somente pratica atos 
representando o mandante.
Secundária: Pagar a remuneração do mandatário (caso o mandato não seja gratuito).
Se o mandante resolve destituir o mandatário (no caso, advogado) antes do término do mandato, 
quanto deve ser pago de remuneração? 
Se houver cláusula penal no contrato, ela deve ser seguida. Se não houver, as partes devem 
entrar em consenso ao fazer o distrato.
Se não houver o consenso, deverá haver uma ação de arbitramento.
Existe também o direito de retenção em favor do mandatário:
Art. 681. O mandatário tem sobre a coisa de que tenha a posse em virtude do mandato, 
direito de retenção, até se reembolsar do que no desempenho do encargo despendeu.
Se o mandato foi a mais de um mandatário, a cada um deles incumbe atuar separadamente, a 
menos que o mandato exija o mandato em conjunto. O mandato ainda responsabilizará os 
mandatários solidariamente.
Art. 672. Sendo dois ou mais os mandatários nomeados no mesmo instrumento, 
qualquer deles poderá exercer os poderes outorgados, se não forem expressamente 
declarados conjuntos, nem especificamente designados para atos diferentes, ou 
subordinados a atos sucessivos. Se os mandatários forem declarados conjuntos, não terá 
eficácia o ato praticado sem interferência de todos, salvo havendo ratificação, que 
retroagirá à data do ato.
Art. 680. Se o mandato for outorgado por duas ou mais pessoas, e para negócio comum, 
cada uma ficará solidariamente responsável ao mandatário por todos os compromissos 
e efeitos do mandato, salvo direito regressivo, pelas quantias que pagar, contra os outros 
mandantes.
- Extinção do mandato
Normalmente, os contratos, em geral, terminam por decurso do prazo contratual, conclusão do 
negócio ou pelo distrato.
Art. 682. Cessa o mandato:
I - pela revogação ou pela renúncia;
II - pela morte ou interdição de uma das partes;
III - pela mudança de estado que inabilite o mandante a conferir os poderes, ou o 
mandatário para os exercer;
IV - pelo término do prazo ou pela conclusão do negócio.
A morte da parte, no processo judicial, gera duas consequências: a suspensão imediata do 
processo e destituição do advogado.
A incapacidade superveniente do mandante extingue o mandato.
Terceiro de boa fé:
Art. 689. São válidos, a respeito dos contratantes de boa-fé, os atos com estes ajustados 
em nome do mandante pelo mandatário, enquanto este ignorar a morte daquele ou a 
extinção do mandato, por qualquer outra causa.
- Renúncia do mandato
É o ato unilateral pelo qual o mandatário extingue o contrato. Pode ser por escrito ou verbalmente, 
embora seja ideal fazê-la por escrito.
Como o elemento confiança é extremamente relevante no mandato, a lei autoriza o desfazimento 
do contrato a qualquer tempo. Isso poderá ter implicações financeiras, mas, independentemente 
disso, qualquer uma das partes, seja mandante ou mandatário, a qualquer tempo, pode resolver o 
contrato.
A renúncia inoportuna é um ato ilícito. É aquela renúncia que prejudica a prática de ato relevante. 
O mandatário não pode renunciar às vésperas de um ato relevante, sem o qual serão gerados 
prejuízos para o mandante. Em caso de renúncia inoportuna, o mandante fará jus a ação 
indenizatória contra o mandatário.
Art. 688. A renúncia do mandato será comunicada ao mandante, que, se for prejudicado 
pela sua inoportunidade, ou pela falta de tempo, a fim de prover à substituição do 
procurador, será indenizado pelo mandatário, salvo se este provar que não podia 
continuar no mandato sem prejuízo considerável, e que não lhe era dado substabelecer.
- Revogação do mandato
É o ato unilateral pelo qual o mandante extingue o mandato. Deverá ser feita através de 
comunicação ao mandatário.
Em algumas situações, pode ser estabelecida uma cláusula de irrevogabilidade no contrato. Essa 
cláusula não significa que o mandato será irrevogável, mas que o mandante que revogar pagará 
perdas e danos ao mandatário.
Art. 683. Quando o mandato contiver a cláusula de irrevogabilidade e o mandante o 
revogar, pagará perdas e danos.
Art. 684. Quando a cláusula de irrevogabilidade for condição de um negócio bilateral, ou 
tiver sido estipulada no exclusivo interesse do mandatário, a revogação do mandato será 
ineficaz.
Art. 685. Conferido o mandato com a cláusula "em causa própria", a sua revogação não 
terá eficácia, nem se extinguirá pela morte de qualquer das partes, ficando o mandatário 
dispensado de prestar contas, e podendo transferir para si os bens móveis ou imóveis 
objeto do mandato, obedecidas as formalidades legais.
Art. 686. A revogação do mandato, notificada somente ao mandatário, não se pode opor 
aos terceiros que, ignorando-a, de boa-fé com ele trataram; mas ficam salvas ao 
constituinte as ações que no caso lhe possam caber contra o procurador.
Quando as partes querem realizar um negócio em que não poderá ser finalizado logo, uma boa 
alternativa é a procuração "em causa própria", pois autoriza o mandatário que atue em interesse 
próprio, além de ser irrevogável e não ser extinta com a morte do mandante. Essa cláusula vem 
do latim: "IN REM SUAM".
Aula 6 - dia 16/12/15
Art. 692. O mandato judicial fica subordinado às normas que lhe dizem respeito, 
constantes da legislação processual, e, supletivamente, às estabelecidas neste Código.
Entende-seque o mandato judicial é o mandato específico para que os advogados representem 
seus clientes em juízo. O art. 692 remete-se à legislação processual. 
Se a parte não tem a assistência do advogado, falta-lhe a capacidade postulatória, que é um 
pressuposto de validade do processo. Assim, será julgada a extinção do processo sem julgamento 
de mérito.
***O recurso interposto pelo advogado que não tem poderes é inexistente, segundo a 
jurisprudência. 
Se o advogado necessita praticar atos urgentes, pode realizar a ressalva de que ainda não possui 
a procuração. Será dado um prazo para a juntada da procuração.
Ao advogado será dada a procuração AD JUDICIA.
CPC/76:
Art. 37. Sem instrumento de mandato, o advogado não será admitido a procurar em 
juízo. Poderá, todavia, em nome da parte, intentar ação, a fim de evitar decadência ou 
prescrição, bem como intervir, no processo, para praticar atos reputados urgentes. 
Nestes casos, o advogado se obrigará, independentemente de caução, a exibir o 
instrumento de mandato no prazo de 15 (quinze) dias, prorrogável até outros 15 
(quinze), por despacho do juiz.
Parágrafo único. Os atos, não ratificados no prazo, serão havidos por inexistentes, 
respondendo o advogado por despesas e perdas e danos.
Art. 38. A procuração geral para o foro, conferida por instrumento público, ou particular 
assinado pela parte, habilita o advogado a praticar todos os atos do processo, salvo para 
receber citação inicial, confessar, reconhecer a procedência do pedido, transigir, desistir, 
renunciar ao direito sobre que se funda a ação, receber, dar quitação e firmar 
compromisso. (Redação dada pela Lei nº 8.952, de 1994)
Parágrafo único. A procuração pode ser assinada digitalmente com base em certificado 
emitido por Autoridade Certificadora credenciada, na forma da lei específica. (Incluído 
pela Lei nº 11.419, de 2006).
Art. 13. Verificando a incapacidade processual ou a irregularidade da representação das 
partes, o juiz, suspendendo o processo, marcará prazo razoável para ser sanado o 
defeito.
Não sendo cumprido o despacho dentro do prazo, se a providência couber:
I - ao autor, o juiz decretará a nulidade do processo;
II - ao réu, reputar-se-á revel;
III - ao terceiro, será excluído do processo.
NOVO CPC:
Art. 105. A procuração geral para o foro, outorgada por instrumento público ou particular 
assinado pela parte, habilita o advogado a praticar todos os atos do processo, exceto 
receber citação, confessar, reconhecer a procedência do pedido, transigir, desistir, 
renunciar ao direito sobre o qual se funda a ação, receber, dar quitação, firmar 
compromisso e assinar declaração de hipossuficiência econômica, que devem constar de 
cláusula específica.
§ 1º A procuração pode ser assinada digitalmente, na forma da lei.
§ 2º A procuração deverá conter o nome do advogado, seu número de inscrição na 
Ordem dos Advogados do Brasil e endereço completo.
§ 3º Se o outorgado integrar sociedade de advogados, a procuração também deverá 
conter o nome dessa, seu número de registro na Ordem dos Advogados do Brasil e 
endereço completo.
§ 4º Salvo disposição expressa em sentido contrário constante do próprio instrumento, a 
procuração outorgada na fase de conhecimento é eficaz para todas as fases do 
processo, inclusive para o cumprimento de sentença.
Art. 104. O advogado não será admitido a postular em juízo sem procuração, salvo para 
evitar preclusão, decadência ou prescrição, ou para praticar ato considerado urgente.
§ 1º Nas hipóteses previstas no caput, o advogado deverá, independentemente de 
caução, exibir a procuração no prazo de 15 (quinze) dias, prorrogável por igual período 
por despacho do juiz.
§ 2º O ato não ratificado será considerado ineficaz relativamente àquele em cujo nome 
foi praticado, respondendo o advogado pelas despesas e por perdas e danos.
Art. 76. Verificada a incapacidade processual ou a irregularidade da representação da 
parte, o juiz suspenderá o processo e designará prazo razoável para que seja sanado o 
vício.
§ 1º Descumprida a determinação, caso o processo esteja na instância originária:
I - o processo será extinto, se a providência couber ao autor;
II - o réu será considerado revel, se a providência lhe couber;
III - o terceiro será considerado revel ou excluído do processo, dependendo do polo em 
que se encontre.
§ 2º Descumprida a determinação em fase recursal perante tribunal de justiça, tribunal 
regional federal ou tribunal superior, o relator:
I - não conhecerá do recurso, se a providência couber ao recorrente;
II - determinará o desentranhamento das contrarrazões, se a providência couber ao 
recorrido.
Em algumas situações, não se exige a procuração, como é o caso de procuradores de entes 
públicos, defensores e atos praticados em causa própria.
Quando a procuração em causa própria contém todos os elementos da compra e venda, é 
considerada um negócio apto a transferir a propriedade. Passa, então, a equivaler a um 
instrumento de transmissão (Escritura definitiva de compra e venda). Em algumas legislações, 
isso se configura fato gerador do ITBI.
- Gestão de Negócios (Art. 861 e ss.)
A gestão de negócios não é um contrato. Alguns autores a classificam como "quase contrato". Ela 
é encarnada pelo código como um ato unilateral.
Assim como no mandato, o que ocorre na gestão é a administração de interesse alheio. A 
diferença é que, no mandato, existe uma vontade prévia, expressa ou tácita. Na gestão, também 
existe vontade, mas presumível. Ela, de fato, não existe. A pessoa que tem seus interesses 
representados por outra se presume com vontade para tal.
Ex.: vizinho viaja para o exterior. Ocorre forte tempestade que destrói o seu telhado. Como os 
prejuízos serão muito maiores se o telhado não for consertado, presume-se que o viajante 
realmente estaria interessado que seu confrontante atuasse para consertar o telhado, sanando o 
problema. Se esse vizinho conserta o telhado, age de acordo com uma vontade presumível do 
dono da casa que foi destruída. Esse vizinho que conserta o telhado age em nome alheio (do 
viajante) para administrar interesse alheio.
Temos, nesse caso, o dono do negócio e o gestor.
"Gestor é a pessoa que, espontaneamente e sem mandato, interfere em negócio alheio" - 
Washington de Barros
"A gestão é uma administração oficiosa de interesse alheio" - Caio Mário
Características da gestão:
1 - Principal - espontaneidade do gestor.
2 - que o negócio seja alheio
3 - que haja uma vontade presumível do dono do negócio
4 - que haja necessidade e utilidade da gestão
Corre-se o risco de o dono do negócio não aprovar a gestão. Assim, o juiz decidirá se a gestão foi 
necessária e útil ou não.
Art. 861. Aquele que, sem autorização do interessado, intervém na gestão de negócio 
alheio, dirigi-lo-á segundo o interesse e a vontade presumível de seu dono, ficando 
responsável a este e às pessoas com que tratar.
Art. 862. Se a gestão foi iniciada contra a vontade manifesta ou presumível do 
interessado, responderá o gestor até pelos casos fortuitos, não provando que teriam 
sobrevindo, ainda quando se houvesse abatido.
Art. 863. No caso do artigo antecedente, se os prejuízos da gestão excederem o seu 
proveito, poderá o dono do negócio exigir que o gestor restitua as coisas ao estado 
anterior, ou o indenize da diferença.
Art. 869. Se o negócio for utilmente administrado, cumprirá ao dono as obrigações 
contraídas em seu nome, reembolsando ao gestor as despesas necessárias ou úteis que 
houver feito, com os juros legais, desde o desembolso, respondendo ainda pelos 
prejuízos que este houver sofrido por causa da gestão.
§ 1º A utilidade, ou necessidade, da despesa, apreciar-se-á não pelo resultado obtido, 
mas segundo as circunstâncias da ocasião em que se fizerem.
§ 2º Vigora o disposto neste artigo, ainda quando o gestor, em erro quanto ao dono do 
negócio, der a outra pessoa as contasda gestão.
Art. 874. Se o dono do negócio, ou da coisa, desaprovar a gestão, considerando-a 
contrária aos seus interesses, vigorará o disposto nos arts. 862 e 863, salvo o 
estabelecido nos arts. 869 e 870.
Art. 871. Quando alguém, na ausência do indivíduo obrigado a alimentos, por ele os 
prestar a quem se devem, poder-lhes-á reaver do devedor a importância, ainda que este 
não ratifique o ato.
Art. 872. Nas despesas do enterro, proporcionadas aos usos locais e à condição do 
falecido, feitas por terceiro, podem ser cobradas da pessoa que teria a obrigação de 
alimentar a que veio a falecer, ainda mesmo que esta não tenha deixado bens.
Parágrafo único. Cessa o disposto neste artigo e no antecedente, em se provando que o 
gestor fez essas despesas com o simples intento de bem-fazer.
O artigo 874 passa a impressão de que o dono do negócio pode aprovar ou desaprovar a gestão 
como quiser, mas isso não é verdade. Essa desaprovação não pode ser feita por puro capricho.
Uma vez confirmados os atos, essa ratificação retroage ao início da gestão e produz efeitos de 
mandato.
Art. 873. A ratificação pura e simples do dono do negócio retroage ao dia do começo da 
gestão, e produz todos os efeitos do mandato.
Art. 864. Tanto que se possa, comunicará o gestor ao dono do negócio a gestão que 
assumiu, aguardando-lhe a resposta, se da espera não resultar perigo.
O gestor deve tentar sempre se comunicar com o dono do negócio.
Aula 07 - dia 13/01/16
O que caracteriza a gestão é a falta do acordo de vontade. Há uma vontade presumida do dono 
do negócio.
Muito embora a vontade seja presumível, o dono do negócio pode desaprovar a gestão, por 
entender que a gestão não era necessária ou que não foi útil.
Se o dono do negócio autoriza o potencial gestor a intervir, será o caso de um mandato, e não de 
gestão de negócios.
(SEGUNDA PROVA - A PARTIR DAQUI)
- Contrato de Transporte (Art. 730 e ss, do CC)
Art. 730. Pelo contrato de transporte alguém se obriga, mediante retribuição, a 
transportar, de um lugar para outro, pessoas ou coisas.
O art. 730 já deixa claras duas modalidades de transportes: de coisas e de pessoas.
O CC, em caráter inédito (contrato de transporte era regulado no código comercial, e não no CC 
anterior), regulou o contrato de transportes, estabelecendo as disposições gerais, as regras do 
transporte de pessoas e as regras do transporte de coisas.
No transporte de pessoas, normalmente o contratante é o passageiro, enquanto no transporte de 
coisas, é o remetente da mercadoria.
O preço cobrado no transporte de coisas normalmente é o frete, enquanto no transporte de 
pessoas, é a passagem.
No caso de transportes regidos por regime público de concessão, permissão ou autorização, ele é 
extensamente regulado em normas específicas. Por isso, o transporte de pessoas sofre grande 
influência das normas de direito administrativo. Pela sua relevância para a sociedade, o transporte 
de pessoas é considerado um serviço público.
Dia 14/01/16 - Sem aula
Aula 8 - dia 20/01/16
Contrato de transporte
O transporte de pessoas, no Brasil, é entendido pela jurisprudência como relação de consumo, 
incidindo o CDC. 
O transporte de bagagens é um contrato acessório ao contrato de transporte.
Conceito: "É o contrato pelo qual alguém se vincula, mediante retribuição, a transferir, de um lugar 
para o outro, pessoa ou bens." - Pontes de Miranda
Elementos essenciais:
1. Partes envolvidas:
- transportador/remetente
- passageiro/destinatário
2. Trasladação
Remoção ou deslocamento, de um local a outro, da coisa ou pessoa.
É um tipo especial de contrato de prestação de serviço, que ganhou tratamento especial, cuja 
atividade preponderante é justamente o deslocamento físico de pessoas ou coisas.
No contrato de transporte, se costuma dizer que a obrigação do transportador é DE RESULTADO.
No contrato de transporte, está implícita a incolumidade: se a pessoa ou coisa transportada sofrer 
danos ou avaria, ocorre a responsabilidade do transportador. Nesse caso, a responsabilidade é 
objetiva. A jurisprudência afasta algumas hipóteses nessa objetividade: 1) culpa exclusiva da 
vítima e 2) caso fortuito, força maior ou fortuito externo. São causas em que e responsabilidade é 
afastada.
Antes do transporte em si, a responsabilidade é extracontratual (aquiliana), devendo haver a 
comprovação de culpa (responsabilidade objetiva), por isso é necessário demarcar o início e fim 
do contrato de transporte.
Art. 736 - transporte por cortesia
Não se aplicam as regras do CC (exceto se houver vantagem indireta para o transportador), 
sendo a responsabilidade extracontratual (aquiliana), logo, subjetiva. A jurisprudência vai além, 
dizendo que só haverá responsabilidade se houver dolo ou culpa grave, conforme a SUM 145, 
STJ.
Aula 9 - dia 21/01/16
Na questão do transporte gratuito (carona), não havendo vantagem indireta, a responsabilidade é 
extracontratual. Havendo vantagem indireta, a responsabilidade é contratual. O entendimento da 
jurisprudência aplicável ao caso, segundo a súmula 145, do STJ, é que o transportador (por 
cortesia ou amizade) só responde civilmente se age com dolo ou culpa grave.
Se o transportador se envolve em acidente por culpa leve, não é obrigado a indenizar os danos 
causados ao carona.
SÚMULA Nº 145
No transporte desinteressado, de simples cortesia, o transportador só será civilmente 
responsável por danos causados ao transportado quando incorrer em dolo ou culpa 
grave.
Se a responsabilidade é extracontratual (aquiliana), a regra aplicada é a da culpa.
No caso de carona, estando o motorista embriagado, alguns delegados e juízes enquadram o 
caso como homicídio doloso (dolo eventual), outros, como homicídio culposo.
A Cia transportadora, segundo Art. 737, é obrigada a seguir os horários e itinerários previstos. A 
pessoa transportada, por outro lado, deve seguir as normas regulamentares, segundo o art. 738.
Art. 737. O transportador está sujeito aos horários e itinerários previstos, sob pena de 
responder por perdas e danos, salvo motivo de força maior.
Art. 738. A pessoa transportada deve sujeitar-se às normas estabelecidas pelo 
transportador, constantes no bilhete ou afixadas à vista dos usuários, abstendo-se de 
quaisquer atos que causem incômodo ou prejuízo aos passageiros, danifiquem o veículo, 
ou dificultem ou impeçam a execução normal do serviço.
Parágrafo único. Se o prejuízo sofrido pela pessoa transportada for atribuível à 
transgressão de normas e instruções regulamentares, o juiz reduzirá eqüitativamente a 
indenização, na medida em que a vítima houver concorrido para a ocorrência do dano.
Art. 739. O transportador não pode recusar passageiros, salvo os casos previstos nos 
regulamentos, ou se as condições de higiene ou de saúde do interessado o justificarem.
O Art. 740 trata da possibilidade de desfazimento do contrato por iniciativa do passageiro.
Art. 740. O passageiro tem direito a rescindir o contrato de transporte antes de iniciada 
a viagem, sendo-lhe devida a restituição do valor da passagem, desde que feita a 
comunicação ao transportador em tempo de ser renegociada.
§ 1º Ao passageiro é facultado desistir do transporte, mesmo depois de iniciada a 
viagem, sendo-lhe devida a restituição do valor correspondente ao trecho não utilizado, 
desde que provado que outra pessoa haja sido transportada em seu lugar.
§ 2º Não terá direito ao reembolso do valor da passagem o usuário que deixar de 
embarcar, salvo se provado que outra pessoa foi transportada em seu lugar, caso em que 
lhe será restituído o valor do bilhete não utilizado.
§ 3º Nas hipóteses previstas neste artigo, o transportador terá direito de reter até cinco 
por cento da importância a ser restituída ao passageiro, a título de multa 
compensatória.
Havendo interrupção da viagem por responsabilidade do transportador, este deveráencontrar 
outro modo de realizar a viagem, arcando com todas as despesas necessárias, conforme o Art. 
741.
O Art. 742 estabelece o direito de retenção da bagagem do passageiro.
Transporte de Coisas
O bem a ser transportado deve ser caracterizado, descrito e individualizado.
Ao receber a mercadoria, o transportador emite um título chamado Conhecimento de 
Transporte. O portador desse título é autorizado a retirar a mercadoria. Desse título pode surgir 
também o Warranty, que é um tipo de garantia.
O Art. 745 prevê o prazo decadencial de 120 dias para que o transportador reclame sobre 
prejuízos gerados por informações falsamente prestadas por quem enviou a mercadoria.
Art. 745. Em caso de informação inexata ou falsa descrição no documento a que se 
refere o artigo antecedente, será o transportador indenizado pelo prejuízo que sofrer, 
devendo a ação respectiva ser ajuizada no prazo de cento e vinte dias, a contar daquele 
ato, sob pena de decadência.
O transportador tem a obrigação de zelar pela coisa.
Ao receber a coisa, o destinatário deve conferi-la. Se houver avaria perceptível a olho nu, ele 
deve reclamar de imediato. Se a avaria não puder ser percebida de imediato, ele terá o prazo 
de 10 dias para reclamar.
REsp 1280372/SP - atraso de voo superior a 4 horas - falha no serviço.
AgRg no AREsp 624.246/SP - roubo de carga - transportador não responde, em regra. Fortuito 
externo.
AgRg no REsp 1453920/CE - transporte aéreo - agência de turismo - responsabilidade solidária 
pela venda do pacote de viagem, mas não pela simples venda da passagem 
REsp 748.322/RS - Roubo de carga - Fortuito externo
***RESp 1136885/SP - Cláusula de incolumidade - transporte de pessoas - irresponsabilidade do 
transportador em fortuito externo
RECURSO ESPECIAL Nº 1.136.885 - SP (2009/0078922-7)
RELATORA : MINISTRA NANCY ANDRIGHI
EMENTA
CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. RESPONSABILIDADE CIVIL. TRANSPORTE DE 
PESSOAS. CASO FORTUITO. CULPA DE TERCEIRO. LIMITES. APLICAÇAO DO 
DIREITO À ESPÉCIE. NECESSIDADE DE REEXAME DE PROVA. IMPOSSIBILIDADE.
1. A cláusula de incolumidade é ínsita ao contrato de transporte, implicando obrigação 
de resultado do transportador, consistente em levar o passageiro com conforto e 
segurança ao seu destino, excepcionando-se esse dever apenas nos casos em que ficar 
configurada alguma causa excludente da responsabilidade civil, notadamente o caso 
fortuito, a força maior ou a culpa exclusiva da vítima ou de terceiro.
2. O fato de um terceiro ser o causador do dano, por si só, não configura motivo 
suficiente para elidir a responsabilidade do transportador, sendo imprescindível aferir se a 
conduta danosa pode ser considerada independente (equiparando-se a caso fortuito 
externo) ou se é conexa à própria atividade econômica e aos riscos inerentes à sua 
exploração.
3. A culpa de terceiro somente romperá o nexo causal entre o dano e a conduta do 
transportador quando o modo de agir daquele puder ser equiparado a caso fortuito, isto é, 
quando for imprevisível e autônomo, sem origem ou relação com o comportamento da 
própria empresa.
4. Na hipótese em que o comportamento do preposto da transportadora é determinante 
para o acidente, havendo clara participação sua na cadeia de acontecimentos que leva à 
morte da vítima - disparos de arma de fogo efetuados logo após os passageiros 
apartarem briga entre o cobrador e o atirador -, o evento não pode ser equiparado a caso 
fortuito.
5. Quando a aplicação do direito à espécie reclamar o exame do acervo probatório dos 
autos, convirá o retorno dos autos à Corte de origem para a ultimação do procedimento 
de subsunção do fato à norma. Precedentes.
6. Recurso especial provido.
AgRg no REsp 1060288/SP - pedra atirada contra a composição férrea - lesão corporal de 
passageiro - ato de terceiro - Cia de transporte não responde.
REsp 37765/RJ - início da responsabilidade do transportador - momento da execução do contrato 
- chegada no recinto de embarque.
REsp 38668/RJ - Transporte simples cortesia - responsabilidade somente por dolo ou culpa 
grave
Aula 10 - dia 27/01/16
Contrato de Constituição de renda
Por esse contrato, alguém se obriga a prestar uma renda em favor de outro.
Art. 803. Pode uma pessoa, pelo contrato de constituição de renda, obrigar-se para com 
outra a uma prestação periódica, a título gratuito.
Não é um contrato normalmente utilizado no dia a dia, pois não é comum que pessoas queiram 
assumir obrigações. Geralmente, quando alguém quer praticar um ato de liberalidade, faz doação.
Pode ser também que seja deixado um montante ou imóvel para alguém com a obrigação de que 
este preste renda em favor de quem entrega ou de outro. Isso pode acontecer em testamentos. 
Nesse caso, o contrato será oneroso.
Art. 804. O contrato pode ser também a título oneroso, entregando-se bens móveis ou 
imóveis à pessoa que se obriga a satisfazer as prestações a favor do credor ou de 
terceiros.
Isso se assemelha à entrega de patrimônio para a formação de um montante de previdência 
privada, onde é feito o cálculo financeiro que definirá a renda a ser recebida pelo beneficiário.
A renda é a prestação em dinheiro ou em outros bens.
Partes:
- Instituidor da renda - aquele que constitui os bens.
- Rendeiro - aquele que presta a renda. É o devedor dos pagamentos da renda. Também 
chamado de Censuário.
- Beneficiário - a pessoa designada para receber a renda, podendo sério próprio instituidor ou 
terceiro.
Normalmente, o beneficiário não é parte do contrato, caso não seja o instituidor. É só quem se 
beneficiará das prestações.
Art. 806. O contrato de constituição de renda será feito a prazo certo, ou por vida, 
podendo ultrapassar a vida do devedor mas não a do credor, seja ele o contratante, seja 
terceiro.
Tem também um caráter aleatório, na medida em que seu prazo de duração esteja vinculado à 
vida do beneficiário. Nesses casos, não se poderá aferir o equilíbrio financeiro do contrato.
Há formalidade especial para a sua constituição, que é a escritura pública, conforme o art. 807. A 
escritura pública deverá ser feita no Ofício de Notas.
Art. 809. Os bens dados em compensação da renda caem, desde a tradição, no domínio 
da pessoa que por aquela se obrigou.
Os bens passam a pertencer ao rendeiro, segundo o art. 809.
Art. 808. É nula a constituição de renda em favor de pessoa já falecida, ou que, nos 
trinta dias seguintes, vier a falecer de moléstia que já sofria, quando foi celebrado o 
contrato.
No caso do art. 808, o contrato será nulo e os bens voltam para a propriedade do instituidor.
Se o rendeiro deixa de cumprir a sua obrigação, o credor poderá exigir judicialmente os 
pagamentos, segundo o art. 810.
O art. 812 estabelece a pluralidade de beneficiários.
Art. 812. Quando a renda for constituída em benefício de duas ou mais pessoas, sem 
determinação da parte de cada uma, entende-se que os seus direitos são iguais; e, salvo 
estipulação diversa, não adquirirão os sobrevivos direito à parte dos que morrerem.
Se o rendeiro não especificar, será dividida a renda entre os beneficiários. Falecendo um destes, 
não há o direito de acrescer para o que sobreviver.
O art. 813 estabelece a possibilidade de se instituir cláusula de impenhorabilidade da renda.
Jogo e Aposta
"No jogo, duas ou mais pessoas se obrigam a pagar certa soma àquela, dentre os contratantes, 
que resulte vencedora na prática de determinado ato, que todos integram, enquanto aposta é a 
convenção em que duas ou mais pessoas de opiniões discordantes sobre qualquer assunto 
prometem, entre si, pagar certa quantia ou entregar determinado bem àquela cuja opinião 
prevalecer em virtude de um evento incerto." - Washington de Barros
Existem jogos e apostas permitidos, proibidos e tolerados.
Os permitidos, são os jogos da caixa econômica e outros regulamentados e autorizados pelo 
poder público. Os proibidos,seria o caso do jogo do bicho. O carteado em casa, por exemplo, é 
um jogo tolerado.
Art. 814. As dívidas de jogo ou de aposta não obrigam a pagamento; mas não se pode 
recobrar a quantia, que voluntariamente se pagou, salvo se foi ganha por dolo, ou se o 
perdente é menor ou interdito.
§ 1º Estende-se esta disposição a qualquer contrato que encubra ou envolva 
reconhecimento, novação ou fiança de dívida de jogo; mas a nulidade resultante não 
pode ser oposta ao terceiro de boa-fé.
§ 2º O preceito contido neste artigo tem aplicação, ainda que se trate de jogo não 
proibido, só se excetuando os jogos e apostas legalmente permitidos.
§ 3º Excetuam-se, igualmente, os prêmios oferecidos ou prometidos para o vencedor em 
competição de natureza esportiva, intelectual ou artística, desde que os interessados se 
submetam às prescrições legais e regulamentares.
Não é possível cobrar dívidas de jogo e nem empréstimos feitos para esse fim. A dívida de jogo, 
nesse aspecto, se equipara à dívida natural, que é aquela que carece de exigibilidade, como a 
dívida prescrita. Isso só se aplica, no entanto, aos jogos proibidos e tolerados. Para os 
permitidos, há exigibilidade.
Aula 11 - dia 03/02/16
Contrato de Seguro - Art. 757 a 802, CC.
Art. 757. Pelo contrato de seguro, o segurador se obriga, mediante o pagamento do 
prêmio, a garantir interesse legítimo do segurado, relativo a pessoa ou a coisa, contra 
riscos predeterminados.
Parágrafo único. Somente pode ser parte, no contrato de seguro, como segurador, 
entidade para tal fim legalmente autorizada.
Temos, nesse contrato, o segurador, que paga a quantia, o segurador, que se obriga a ressarcir o 
segurado caso os riscos venham a ocorrer e, muitas vezes, o beneficiário, que pode não ser o 
segurado.
É um contrato aleatório por natureza, mas não se trata de jogo ou aposta. Apesar de ser aleatório 
em seu caráter individual, todavia, coletivamente, ele não é aleatório, pois o risco é diluído entre a 
coletividade de segurados.
O seguro se desenvolveu com muita ênfase no Direito Marítimo, por conta do transporte de 
mercadorias.
O Contrato de seguro é uma pulverização do risco. A seguradora faz o cálculo atuarial para chegar 
ao preço a ser cobrado do segurado.
Apesar de ser instituto de direito privado, sofre acentuada interferência do poder público. Além do 
Código Civil, pode também sofrer regulamentação do CDC, respeita os ditames do Dec-Lei 73/66 
e das normas da ANS, por exemplo.
A autorização pode ser dada pelo poder público, ao segurador, de forma ampla e ilimitada ou 
restrita a certos ramos de atividade.
O valor pago pelo segurado se chama prêmio. O valor pago pelo segurador, se ocorrido o sinistro, 
se chama indenização. Sinistro é o evento que dá ensejo à indenização. O contrato do seguro 
se chama apólice.
Por força de lei, existe a necessidade e obrigatoriedade do corretor de seguro. Não se pode 
realizar o contrato diretamente com a seguradora. O corretor de seguro se presume representante 
da seguradora.
Art. 775. Os agentes autorizados do segurador presumem-se seus representantes 
para todos os atos relativos aos contratos que agenciarem.
Os riscos do contrato devem ser estritamente estabelecidos na apólice. Não se pode empreender 
uma interpretação analógica ou extensiva do risco previsto no contrato, pois o prêmio é calculado 
sobre esses elementos.
O risco pode estar ligado ao patrimônio (à perda de um bem, por exemplo) ou à vida do segurado.
Co-seguro ocorre quando mais de um segurador se obriga ao mesmo risco do mesmo segurado. 
Resseguro é o seguro do seguro, ou seguro em cascata, regulamentado pelo IRB (Instituto de 
Resseguros do Brasil).
Toda vez que se faz financiamento de imóveis pelo SFH, é obrigatório a se realizar um seguro de 
vida atrelado a esse financiamento, uma vez que o segurado venha a falecer, o financiamento fica 
quitado.
É um contrato bilateral, pois há obrigações de ambas as partes. Para o segurado, de pagar o 
prêmio, para o segurador, de pagar a indenização na hipótese de sinistro. É contrato também 
oneroso, pois ambas as partes visam objetivos econômicos.
A boa-fé é questão essencial no contrato de seguro. Costuma-se dizer que, nesse contrato, exige-
se uma boa-fé qualificada.
Art. 765. O segurado e o segurador são obrigados a guardar na conclusão e na 
execução do contrato, a mais estrita boa-fé e veracidade, tanto a respeito do objeto 
como das circunstâncias e declarações a ele concernentes.
Art. 766. Se o segurado, por si ou por seu representante, fizer declarações inexatas ou 
omitir circunstâncias que possam influir na aceitação da proposta ou na taxa do prêmio, 
perderá o direito à garantia, além de ficar obrigado ao prêmio vencido.
Parágrafo único. Se a inexatidão ou omissão nas declarações não resultar de má-fé do 
segurado, o segurador terá direito a resolver o contrato, ou a cobrar, mesmo após o 
sinistro, a diferença do prêmio.
Art. 768. O segurado perderá o direito à garantia se agravar intencionalmente o risco 
objeto do contrato.
Art. 769. O segurado é obrigado a comunicar ao segurador, logo que saiba, todo 
incidente suscetível de agravar consideravelmente o risco coberto, sob pena de 
perder o direito à garantia, se provar que silenciou de má-fé.
Art. 771. Sob pena de perder o direito à indenização, o segurado participará o sinistro ao 
segurador, logo que o saiba, e tomará as providências imediatas para minorar-lhe as 
conseqüências.
Aula 12 - 17/02/16
Art. 206. Prescreve:
§ 1º Em um ano:
[...]
II - a pretensão do segurado contra o segurador, ou a deste contra aquele, contado o 
prazo:
a) para o segurado, no caso de seguro de responsabilidade civil, da data em que é 
citado para responder à ação de indenização proposta pelo terceiro prejudicado, ou da 
data que a este indeniza, com a anuência do segurador;
b) quanto aos demais seguros, da ciência do fato gerador da pretensão;
Violado o direito, nasce a pretensão.
A Accio Nata é o nascimento da ação, ou seja, o termo a quo da prescrição.
Há divergência doutrinária sobre o início da pretensão, que começa a contar a prescrição. A 
dúvida é "qual seria o fato gerador da pretensão?", se seria a ocorrência do sinistro ou a negativa 
de pagamento por parte do segurador.
A jurisprudência é mais ou menos uniforme no sentido de que é a partir da negativa do 
segurador que nasce a pretensão. Ou seja, de que é a partir do inadimplemento por parte da 
seguradora.
Art. 758. O contrato de seguro prova-se com a exibição da apólice ou do bilhete do 
seguro, e, na falta deles, por documento comprobatório do pagamento do respectivo 
prêmio.
Art. 759. A emissão da apólice deverá ser precedida de proposta escrita com a 
declaração dos elementos essenciais do interesse a ser garantido e do risco.
Há jurisprudência no sentido de que, se a proposta for remetida à seguradora e esta não 
responder em 15 dias, será considerado formado o contrato de seguro, por aceitação tácita do 
segurador.
Normalmente, o contrato de seguro é um contrato de adesão e, por isso, deve-se ter sempre uma 
interpretação favorável ao aderente, as cláusulas restritivas devem ser destacadas etc.
Deve haver a delimitação dos riscos a serem garantidos, pois é a partir disso que ocorre o cálculo 
do prêmio a ser pago pelo segurado.
O segurado não deve agravar intencionalmente os riscos relativos ao contrato, conforme o art. 
768. Dúvida ainda reside no fato do segurado dirigir embriagado, se isso seria agravamento dos 
riscos. A tendência é no sentido de ser isso um agravamento intencional sim.
Outro ponto polêmico do contrato de seguro é sobre a mora do segurado.
Art. 763. Não terá direito a indenização o segurado que estiver em mora no pagamento 
do prêmio, se ocorrer o sinistro antes de sua purgação.
A jurisprudência aponta que, para que o segurado perca o direito, deve o segurador constituí-loem mora, interpelando-o, e não o simples inadimplemento. 
Se ocorrer redução considerável do risco, o segurado pode solicitar ao segurador a revisão do 
prêmio ou a resolução do contrato, conforme o art. 770.
Seguro de dano
O segurado tem interesse em se precaver de riscos que possam atingir o bem ou interesse que 
lhe pertence. Este seguro tem um caráter reparador, no sentido de repor ao segurado o bem que 
ele perdeu.
Não pode haver seguro de dano por valor superior à coisa e nem mais de um seguro sobre 
a mesma coisa.
Art. 778. Nos seguros de dano, a garantia prometida não pode ultrapassar o valor do 
interesse segurado no momento da conclusão do contrato, sob pena do disposto no art. 
766, e sem prejuízo da ação penal que no caso couber.
Art. 782. O segurado que, na vigência do contrato, pretender obter novo seguro sobre o 
mesmo interesse, e contra o mesmo risco junto a outro segurador, deve previamente 
comunicar sua intenção por escrito ao primeiro, indicando a soma por que pretende 
segurar-se, a fim de se comprovar a obediência ao disposto no art. 778.
Se o segurado contrata um seguro de até 100 mil reais em seu estoque e este pega fogo, o 
segurador vai analisar quanto tinha no estoque no momento da destruição. Se só tinha 10 mil, a 
indenização será somente de 10 mil, embora o prêmio tenha sido pago sobre os 100 mil.
Apesar disso, a jurisprudência, algumas vezes, aceita o pagamento da indenização integral, uma 
vez que o prêmio pago foi sobre esse valor.
Outro efeito importante é a sub-rogação. Uma vez paga a indenização, a seguradora se sub-roga 
nos direitos do segurado. A seguradora, então, passa a ser a titular em possíveis pretenções 
contra terceiros.
Art. 786. Paga a indenização, o segurador sub-roga-se, nos limites do valor respectivo, 
nos direitos e ações que competirem ao segurado contra o autor do dano.
§ 1º Salvo dolo, a sub-rogação não tem lugar se o dano foi causado pelo cônjuge do 
segurado, seus descendentes ou ascendentes, consangüíneos ou afins.
§ 2º É ineficaz qualquer ato do segurado que diminua ou extinga, em prejuízo do 
segurador, os direitos a que se refere este artigo.
Outra modalidade é o seguro de responsabilidade civil, que não é muito comum mas tem sido 
usado por médicos, empresas de ônibus, dentre outros. É utilizado para cobrir possíveis 
reparações cíveis a que o segurado seja obrigado. Também é comum, no seguro de veículos, já 
ser incluído o seguro de responsabilidade civil para terceiros e também passageiros do próprio 
carro.
Art. 787. No seguro de responsabilidade civil, o segurador garante o pagamento de 
perdas e danos devidos pelo segurado a terceiro.
§ 1º Tão logo saiba o segurado das conseqüências de ato seu, suscetível de lhe acarretar 
a responsabilidade incluída na garantia, comunicará o fato ao segurador.
§ 2º É defeso ao segurado reconhecer sua responsabilidade ou confessar a ação, bem 
como transigir com o terceiro prejudicado, ou indenizá-lo diretamente, sem anuência 
expressa do segurador.
§ 3º Intentada a ação contra o segurado, dará este ciência da lide ao segurador.
§ 4º Subsistirá a responsabilidade do segurado perante o terceiro, se o segurador for 
insolvente.
Aula 13 - dia 18/02/16
No seguro de dano, há dois limites a serem observados pela seguradora, para a indenização, que 
são o valor da apólice e o valor do dano. Será utilizado, destes, o menor valor.
A seguradora se sub-roga nos direitos ressarcidos ao segurado, mas somente até o limite dos 
valores pagos. O segurado poderá cobrar o restante do dano normalmente, do terceiro que 
causou o dano. Assim, esse terceiro pode sofrer duas ações de ressarcimento: uma da 
seguradora (até o limite da indenização paga) e outra do segurado (referente ao que não foi 
indenizado pela seguradora).
No seguro de responsabilidade civil, há uma polêmica, com relação à possibilidade do terceiro que 
sofreu o dano agir diretamente contra a seguradora.
Súmula 529-STJ: No seguro de responsabilidade civil facultativo, não cabe o 
ajuizamento de ação pelo terceiro prejudicado direta e exclusivamente em face da 
seguradora do apontado causador do dano.
Súmula 537-STJ: Em ação de reparação de danos, a seguradora denunciada, se aceitar 
a denunciação ou contestar o pedido do autor, pode ser condenada, direta e 
solidariamente junto com o segurado, ao pagamento da indenização devida à vítima, nos 
limites contratados na apólice.
Art. 788. Nos seguros de responsabilidade legalmente obrigatórios, a indenização por 
sinistro será paga pelo segurador diretamente ao terceiro prejudicado.
Parágrafo único. Demandado em ação direta pela vítima do dano, o segurador não 
poderá opor a exceção de contrato não cumprido pelo segurado, sem promover a citação 
deste para integrar o contraditório.
No caso de seguro obrigatório, é aceita essa possibilidade. No caso de seguro facultativo, não, 
exceto se o segurador aceitou a denunciação ou contestou o pedido do autor.
Seguro de pessoa
Neste tipo, não há tanto o caráter reparador, como no seguro de dano. Por isso, pode-se realizar 
o seguro no valor que as partes quiserem e mais de um seguro para a mesma pessoa. Além 
disso, não há sub-rogação da seguradora nos direitos pagos ao segurado.
Art. 789. Nos seguros de pessoas, o capital segurado é livremente estipulado pelo 
proponente, que pode contratar mais de um seguro sobre o mesmo interesse, com o 
mesmo ou diversos seguradores.
Art. 790. No seguro sobre a vida de outros, o proponente é obrigado a declarar, sob 
pena de falsidade, o seu interesse pela preservação da vida do segurado.
Parágrafo único. Até prova em contrário, presume-se o interesse, quando o segurado é 
cônjuge, ascendente ou descendente do proponente.
No seguro de vida, deve-se indicar quem é o beneficiário. O art. 792 trata da falta dessa 
indicação.
Art. 792. Na falta de indicação da pessoa ou beneficiário, ou se por qualquer motivo 
não prevalecer a que for feita, o capital segurado será pago por metade ao cônjuge não 
separado judicialmente, e o restante aos herdeiros do segurado, obedecida a ordem da 
vocação hereditária.
Parágrafo único. Na falta das pessoas indicadas neste artigo, serão beneficiários os que 
provarem que a morte do segurado os privou dos meios necessários à subsistência.
É importante observar-se que o seguro de vida não é uma herança. Logo, não é tributado e não 
há a limitação de parte legítima.
Art. 794. No seguro de vida ou de acidentes pessoais para o caso de morte, o capital 
estipulado não está sujeito às dívidas do segurado, nem se considera herança para 
todos os efeitos de direito.
Observação do professor quanto ao VGBL: por serem um misto de plano de previdência com 
seguro de vida, a jurisprudência tem entendido que, quando utilizados como investimento, esses 
planos podem ser atingidos por credores, há tendência de tributação e podem ser considerados 
herança, caso prejudiquem aos herdeiros necessários.
O beneficiário pode ser substituído a qualquer tempo, no seguro de vida, conforme regra do 791.
Art. 791. Se o segurado não renunciar à faculdade, ou se o seguro não tiver como causa 
declarada a garantia de alguma obrigação, é lícita a substituição do beneficiário, por 
ato entre vivos ou de última vontade.
Parágrafo único. O segurador, que não for cientificado oportunamente da substituição, 
desobrigar-se-á pagando o capital segurado ao antigo beneficiário.
O prêmio pode ser calculado por tempo certo ou por toda a vida do segurado, conforme art. 796.
Art. 796. O prêmio, no seguro de vida, será conveniado por prazo limitado, ou por toda a 
vida do segurado.
Também não é permitido acordo que diminua o valor contratado a título de indenização.
Art. 795. É nula, no seguro de pessoa, qualquer transação para pagamento reduzido do 
capital segurado.
Sempre se discutiu muito a hipótese de suicídio, se deve ser pago pela seguradoraou não. O CC/
02 procurou, então, criar um critério objetivo para essa questão:
Art. 798. O beneficiário não tem direito ao capital estipulado quando o segurado se 
suicida nos primeiros dois anos de vigência inicial do contrato, ou da sua recondução 
depois de suspenso, observado o disposto no parágrafo único do artigo antecedente.
Parágrafo único. Ressalvada a hipótese prevista neste artigo, é nula a cláusula contratual 
que exclui o pagamento do capital por suicídio do segurado.
Processo: REsp 1334005 GO 2012/0144622-7
Relator(a): Ministro PAULO DE TARSO SANSEVERINO
Julgamento: 08/04/2015
Órgão Julgador: S2 - SEGUNDA SEÇÃO
Publicação: DJe 23/06/2015
Ementa
RECURSO ESPECIAL. AÇÃO DE COBRANÇA. SEGURO DE VIDA. SUICÍDIO DENTRO 
DO PRAZO DE DOIS ANOS DO INÍCIO DA VIGÊNCIA DO SEGURO. RECURSO 
ESPECIAL PROVIDO.
1. Durante os dois primeiros anos de vigência do contrato de seguro de vida, o suicídio é 
risco não coberto. Deve ser observado, porém, o direito do beneficiário ao ressarcimento 
do montante da reserva técnica já formada (Código Civil de 2002, art. 798 c/c art. 797, 
parágrafo único).
2. O art. 798 adotou critério objetivo temporal para determinar a cobertura relativa ao 
suicídio do segurado, afastando o critério subjetivo da premeditação. Após o período de 
carência de dois anos, portanto, a seguradora será obrigada a indenizar, mesmo diante 
da prova mais cabal de premeditação.
Aula 14 - dia 24/02/16
Análise de jurisprudência relativa ao contrato de seguro
Processo: REsp 1273204 SP 2011/0133691-4
Relator(a): Ministro RICARDO VILLAS BÔAS CUEVA
Julgamento: 07/10/2014
Órgão Julgador: T3 - TERCEIRA TURMA
Publicação: DJe 28/10/2014
Ementa
RECURSO ESPECIAL. CIVIL. SEGURO DE AUTOMÓVEL. FORMAÇÃO DO 
CONTRATO. NÃO OCORRÊNCIA. ENVIO DA PROPOSTA APÓS O SINISTRO (FURTO 
DO VEÍCULO). VONTADE DO CONSUMIDOR MANIFESTADA A DESTEMPO. 
AUSÊNCIA DE ACEITAÇÃO EXPRESSA OU TÁCITA DA SEGURADORA. PERDA DO 
OBJETO DO CONTRATO. INEXISTÊNCIA DE RISCO SEGURÁVEL.
1. Ação de cobrança visando ao pagamento de indenização securitária, cingindo-se a 
controvérsia a perquirir se o contrato de seguro de automóvel, após prévias negociações, 
perfectibiliza-se quando a proposta for encaminhada pelo consumidor à seguradora 
depois de ocorrido o sinistro.
2. O contrato de seguro, para ser concluído, necessita passar, comumente, por duas 
fases: i) a da proposta, em que o segurado fornece as informações necessárias para o 
exame e a mensuração do risco, indispensável para a garantia do interesse segurável, e 
ii) a da recusa ou aceitação do negócio pela seguradora, ocasião em que emitirá, nessa 
última hipótese, a apólice.
3. A proposta é a manifestação da vontade de apenas uma das partes e, no caso do 
seguro, deverá ser escrita e conter a declaração dos elementos essenciais do interesse a 
ser garantido e do risco. Todavia, apesar de obrigar o proponente, não gera por si só o 
contrato, que depende de consentimento recíproco de ambos os contratantes.
4. A seguradora, recebendo a proposta, terá o prazo de até 15 (quinze) dias para 
recusá-la, caso contrário, o silêncio importará em aceitação tácita (cf. Circular Susep 
nº 251/2004).
5. No contrato de seguro de automóvel, o início da vigência será a partir da realização da 
vistoria, exceto para os veículos zero quilômetro ou quando se tratar de renovação do 
seguro na mesma sociedade seguradora, pois, nessas situações, a vigência será a partir 
da data da recepção da proposta pelo ente segurador (art. 8º, caput e § 1º, da Circular 
Susep nº 251/2004).
6. Para que o contrato de seguro se aperfeiçoe, são imprescindíveis o envio da proposta 
pelo interessado ou pelo corretor e o consentimento, expresso ou tácito, da seguradora, 
mesmo sendo dispensáveis a apólice ou o pagamento de prêmio.
7. Não há contrato de seguro se o particular envia a proposta após ocorrido o sinistro (a 
exemplo de furto de veículo), visto que não há a manifestação da vontade em firmar a 
avença em tempo hábil, tampouco existe a concordância, ainda que tácita, da 
seguradora. Além disso, nessa hipótese, quando o proponente decidiu ultimar a avença, 
já não havia mais o objeto do contrato (interesse segurável ou risco futuro).
8. Recurso especial não provido.
REsp 1306367/SP
DIREITO CIVIL. DIREITO DOS CONTRATOS. SEGURO. CONTRATO CONSENSUAL. 
MOMENTO EM QUE É CONSIDERADO PERFEITO E ACABADO. MANIFESTAÇÃO DE 
VONTADE, AINDA QUE TÁCITA. CONTRATAÇÃO JUNTO À CORRETORA. 
PREENCHIMENTO DA PROPOSTA COM AUTORIZAÇÃO DE PAGAMENTO DO 
PRÊMIO POR DÉBITO EM CONTA. SINISTRO. OCORRÊNCIA ANTES DA EMISSÃO 
DA APÓLICE. NEGATIVA DE COBERTURA. DESCABIMENTO.
1. O seguro é contrato consensual e aperfeiçoa-se tão logo haja manifestação de 
vontade, independentemente de emissão da apólice - ato unilateral da seguradora -, de 
sorte que a existência da avença não pode ficar a mercê exclusivamente da vontade de 
um dos contratantes, sob pena de ter-se uma conduta puramente potestativa, o que é, às 
expressas, vedado pelo art. 122 do Código Civil. 
2. O art. 758 do Código Civil não confere à emissão da apólice a condição de requisito de 
existência do contrato de seguro, tampouco eleva tal documento ao degrau de prova 
tarifada ou única capaz de atestar a celebração da avença.
3. É fato notório que o contrato de seguro é celebrado, na prática, entre a corretora e o 
segurado, de modo que a seguradora não manifesta expressamente sua aceitação 
quanto à proposta, apenas a recusa ou emite, diretamente, a apólice do seguro, 
enviando-a ao contratante, juntamente com as chamadas condições gerais do seguro.
Bem a propósito dessa praxe, a própria Susep disciplinou que a ausência de 
manifestação por parte da seguradora, no prazo de 15 (quinze) dias, configura aceitação 
tácita da cobertura do risco, conforme dispõe o art. 2º, § 6º, da Circular Susep n. 
251/2004.
4. Com efeito, havendo essa prática no mercado de seguro, a qual, inclusive, recebeu 
disciplina normativa pelo órgão regulador do setor, há de ser aplicado o art. 432 do 
Código Civil, segundo o qual "[s]e o negócio for daqueles em que não seja costume a 
aceitação expressa, ou o proponente a tiver dispensado, reputar-se-á concluído o 
contrato, não chegando a tempo a recusa". Na mesma linha, o art. 111 do Estatuto Civil 
preceitua que "[o] silêncio importa anuência, quando as circunstâncias ou os usos o 
autorizarem, e não for necessária a declaração de vontade expressa". Doutrina e 
precedente.
5. No caso, não havendo nenhuma indicação de fraude e tendo o sinistro ocorrido 
efetivamente após a contratação junto à corretora de seguros, ocasião em que o 
consumidor firmou autorização de pagamento do prêmio mediante débito em conta, se 
em um prazo razoável não houve recusa da seguradora, só tendo havido muito tempo 
depois e exclusivamente em razão do sinistro noticiado, há de considerar-se aceita a 
proposta e plenamente aperfeiçoado o contrato. Deveras, vulnera os deveres de boa-fé 
contratual a inércia da seguradora em aceitar expressamente a contratação, vindo 
a recusá-la somente depois da notícia de ocorrência do sinistro e exclusivamente 
em razão disso.
6. Recurso especial não provido.
(REsp 1306367/SP, Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, QUARTA TURMA, julgado em 
20/03/2014, DJe 05/05/2014
AgRg no AREsp 292544/SP
PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO INTERNO NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. 
SEGURO. CANCELAMENTO DE APÓLICE POR INADIMPLEMENTO. AUSÊNCIA DE 
PRÉVIA NOTIFICAÇAO DO SEGURADO. CLÁUSULA ABUSIVA. INCIDÊNCIA DA 
SÚMULA 284 DO STF, BEM COMO DA SÚMULA 83 DO STJ. DISSÍDIO NAO 
DEMONSTRADO.
1. Nos termos dos precedentes desta Corte, considera-se abusiva a cláusula 
contratual que prevê o cancelamento ou a extinção do contrato de seguro em razão 
do inadimplemento do prêmio, sem a prévia constituição em mora do segurado, 
mediante prévia notificação.
2. Para a configuração do dissídio jurisprudencial, faz-se necessária a indicação das 
circunstâncias

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