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Resumo do livro “Dos delitos e das penas”, de Cesare Beccaria

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Resumo do livro “Dos delitos e das penas”, de Cesare Beccaria
PREFÁCIO
Os princípios morais e políticos que orientam os homens derivam-se a partir de três fontes, são elas: a lei revelada, a lei natural e as convenções não naturais da sociedade.
A virtude e o vício possuem três categorias: a religiosa, a natural e a política. Observa-se ainda a variabilidade da virtude política, enquanto as demais tendem a manter uma certa constância.
A justiça humana por ser uma relação estabelecida entre a ação e o estado variável da sociedade, pode sofrer mutações conforme a necessidade e utilidade desta perante a sociedade.
INTRODUÇÃO
Analisando a história das leis percebe-se que a maioria das vezes estas foram elaboradas apenas como instrumentos das paixões de uma minoria ou surgiram ainda por uma necessidade momentânea da sociedade.
I. ORIGENS DAS PENAS
Os homens cansados de viverem em um estado de guerra em que a liberdade não tinha real serventia, visto que a sobrevivência era difícil e acabava comprometendo a certeza da conservação da vida e, por conseguinte, da liberdade, estes decidiram unir-se em uma sociedade que tinha as leis como condição necessária para funcionamento ideal deste agrupamento.
Para evitar o retorno ao estado de guerra foi necessário a implantação de penas contra os infratores das leis.
II. DIREITO DE PUNIR
A tirania surge quando o soberano impõe sua autoridade sobre os demais homens desnecessariamente. Para evitar atos tirânicos, o soberano tem que punir os delitos de forma justa, respeitando os seus súditos, que cederam parte de sua liberdade pela necessidade da formação de uma sociedade.
A justiça seria o vínculo necessário para manter unidos os interesses particulares para que os homens não retornem ao estado de natureza. As penas que não conseguirem manter este vínculo são consideradas injustas por natureza.
III. CONSEQUÊNCIAS
As penas correspondentes aos delitos podem apenas ser fixadas por leis elaboradas pelo legislador que representa a sociedade unida através de um contrato social.
Por o soberano não poder julgar alguém que tenha violado o contrato social, torna-se necessário que uma outra figura o faça. Com isso, surge o magistrado com a função de exercer tal papel.
Se uma pena for considerada cruel e inútil, esta deveria extinguir-se por ir contra a natureza do próprio contrato social.
IV. INTERPRETAÇÃO DAS LEIS
A interpretação das leis penais não é o ofício dos juízes criminais, e sim dos legisladores. 
O juiz deve verificar a lei geral e observar se a ação analisada está conforme a lei ou não, concluindo se o réu será liberado ou penalizado
Ao depender da instável interpretação de um juiz um mesmo delito pode ser punido de maneira distinta pelo mesmo tribunal.
V. OBSCURIDADE DAS LEIS
A lei quando escrita numa linguagem rebuscada para o povo, torna estes dependentes de uma minoria. No momento em que mais pessoas tenham o conhecimento do código de leis, diminuirá a ocorrência de delitos, uma vez que se desfazendo da ignorância os indivíduos conseguirão controlar seus anseios que causariam danos a sociedade.
VI. PROPORÇÃO ENTRE OS DELITOS E AS PENAS
De acordo com Beccaria deve haver uma proporção entre os delitos e as penas. Deve sempre haver obstáculos que distanciem os homens dos delitos, pois os delitos causam danos a sociedade e incitam a ocorrência de novas transgressões. Caso a dois delitos distintos sejam impostos uma mesma pena, os indivíduos não encontrarão um obstáculo mais forte que o impeça de cometer um delito mais grave que seja mais vantajoso para o mesmo.
VII. ERROS NA MEDIDA DA PENA
A única e verdadeira medida dos delitos é dano que este causa à nação. Outros analisam os delitos mais pela ofensa da dignidade da pessoa ofendida, enquanto outros ainda tem como base para análise a perspectiva religiosa.
VIII. CATEGORIAS DOS DELITOS
Alguns delitos que são mais graves e danosos por destruírem a sociedade ou quem a representa são chamados de lesa a majestade. Tendo como punição a pena máxima.
Outros delitos prejudicam a vida, bens ou honra de determinado cidadão, sendo uma violação do direito à segurança particular. A punição para tal delito é uma das mais fortes previstas pela lei.
Um dos delitos mais graves são os atentados contra a segurança e a liberdade dos cidadãos, tais como assassinato e furto, tendo a pena igual para todos os infratores, independente de classe econômica.
IX. DA HONRA
As leis de honra, que têm como base a opinião do cidadão, distinguem-se das leis civis, que cuidam do corpo e bens do cidadão. Esta honra surgiu depois da formação da sociedade e, por isso, não pôde ser colocada no depósito comum; antes pode ser considerada um rápido regresso ao estado natural.
X. DOS DUELOS
Originando-se na anarquia das leis, os duelos privados surgiram por causa da necessidade da proteção da honra. A melhor maneira de resolver tal delito é punir o agressor e inocentar a outra parte que foi coagida a defender sua honra, pois esta não é assegurada pelas leis.
XI. DA TRANQUILIDADE PÚBLICA
Os delitos que perturbam a tranquilidade pública e a quietude dos cidadãos são exemplificados como estrépitos e os festins nas vias públicas destinadas ao comércio e à circulação dos cidadãos. 
Beccaria ainda sugestiona medidas que podem sanar tal incômodo.
XII. FINS DAS PENAS
A finalidade não é de atormentar o réu nem de anular de alguma forma um delito que já foi cometido. O fim das penas é o de impedir que o réu cause novos danos a sociedade, além de desencorajar que outros sigam seu exemplo, para isso a lei deve ser escolhida de forma que a punição seja eficaz e duradoura.
XIII. DAS TESTEMUNHAS
Todo homem dotado de razoabilidade e que tenha credibilidade pelo anseio em falar a verdade pode ser testemunhas, na época as mulheres não eram consideradas detentoras de tais características. Dependendo da relação, seja de amor ou de ódio, que a testemunha tenha com réu sua credibilidade fica comprometida. Quanto maior a atrocidade de um delito, diminui-se a credibilidade de uma testemunha. Caso a testemunha faça parte de uma sociedade privada que possua princípios distintos dos públicos, a credibilidade desta tende a ser menor.
A calúnia se fundamenta mais facilmente sobre as ações de um homem do que sobre suas palavras, visto que quanto mais provas forem analisadas, mais chance o réu tem de se defender.
XIV. INDÍCIOS E FORMAS DE JUÍZOS
As provas de um crime podem ser perfeitas, determinando a culpabilidade do réu, ou imperfeitas, não excluindo a possibilidade de sua inocência. Um único indício pode ser suficiente para a condenação, sendo considerada como uma prova perfeita; no entanto, são necessários diversos indícios imperfeitos para formar uma prova perfeita.
Para um juiz constatar um fato de forma adequado é necessário que as leis sejam claras e precisas.
XV. ACUSAÇÕES SECRETAS
As acusações secretas são em muitas nações necessárias pela fraqueza da constituição. 
Beccaria defende a necessidade de acusações públicas, e para fundamentar seu posicionamento diz que Montesquieu já dizia: “as acusações públicas são mais conformes à república onde o bem público deveria ser a primeira paixão dos cidadãos, do que à monarquia, onde este sentimento é extremamente fraco devido à própria natureza do governo, onde a melhor instituição consiste em nomear comissários que em nome de todos acusem os infratores das leis”.
XVI. DA TORTURA
Uma crueldade utilizada em várias nações é a tortura do réu na formação do processo, seja para obrigá-lo a confessar um delito, para que ele exponha seus cúmplices ou até mesmo devido a outros delitos que ele possa ser autor.
Um homem apenas torna-se réu a partir do momento que o juiz profere a sentença. Quando o delito é certo, a pena a ser aplicada é a estabelecida pela lei, sendo considerada inútil a confissão obtida através da tortura; quando o delito é incerto, presume-se que o réu seja inocente até que o delito seja provado, sendo assim a tortura completamente abominável.
O interrogatório de um réu realizadoatravés da tortura não obtém uma verdade, pode obter-se apenas uma resposta aleatória para que se cessem os maus-tratos. Um fato perturbador é que o inocente pode ser colocado em uma situação pior que o culpado, visto que sofre totalmente em vão.
XVII. DO FISCO
Nos processos ofensivos, predominante na Europa do século XVIII, para que o homem prove sua inocência ele deve antes necessariamente ser declarado culpado. Já nos processos informativos, considerados os verdadeiros processos, a investigação indefere do fato e são comandados pela razão, sendo usados por poucos tribunais na Europa.
XVIII. DOS JURAMENTOS
O juramento ao exigir que o réu seja verdadeiro gera uma contradição entre as leis e os sentimentos dos homens, sendo difíceis de serem cumpridos tornam-se uma mera formalidade. Para comprovar a inutilidade dos juramentos, cada juiz pode testemunhar que nenhum juramento serviu para que o réu dissesse a verdade. 
XIX. PRONTIDÃO DAS PENAS
Para que a pena seja mais justa e útil possível, ela deve tentar se aproximar ao máximo do delito cometido.
A detenção nada mais é que a custódia de um cidadão até que seja declarado culapado, e por ser penosa, deve ter uma duração breve e ser pouco danosa. O processo em si deve acabar no menor tempo possível.
Para Beccaria a prontidão das penas é mais útil quanto menor é a distância temporal entre o crime e a pena. Ainda é importante estreitar a relação entre o crime e a pena, mostrando o contraste que deve existir entre o estímulo ao delito e a repercussão da pena.
XX. VIOLÊNCIAS
Os delitos cometidos contra um cidadão devem ter como punição penas corporais.
De acordo com Beccaria, não existe liberdade quando as leis permitem que em determinados casos o homem deixe de ser pessoa e passe a ser considerado coisa.
XXI. PENAS DOS NOBRES
Beccaria defende o princípio de que não deve haver distinção das penas para qualquer cidadão, independente da sua classe socioeconômica.
XXII. FURTOS
Os furtos, por não haver emprego da violência, deveriam ser punidos com penas pecuniárias, devendo ser reduzido o patrimônio do réu que busca o enriquecimento à custa dos outros.
O furto que cometido devido à miséria ou ao desespero deveria ser punido com escravidão temporária. No entanto, se constatar-se o uso de violência neste tipo de delito, a pena deverá ser de igual maneira corporal e servil.
XXIII. INFÂMIA
As injúrias pessoais e contrárias à honra devem ter como punição a infâmia, sendo esta um sinal de desaprovação da sociedade, com isso, privando o réu de votos públicos, da confiança da pátria e da fraternidade social. As penas de infâmia não devem ser impostas com frequência nem devem punir várias pessoas simultaneamente.
XXIV. OCIOSOS
Beccaria caracteriza como ocioso político o indivíduo que não contribui para a nação nem com o trabalho nem com sua riqueza que fora adquirida sem o risco de perdê-la. Não considera-se ocioso politicamente quem possui riquezas provindas dos antepassados e contribui para o aperfeiçoamento da sociedade. Sabendo do exposto acima, cabe à lei definir qual o ócio merecedor de punição.
XXV. EXPULSÃO E CONFISCO
A pena que determina a perda de bens do réu é maior que a de expulsão. Beccaria afirma ser contra a confiscação de todos os bens, uma vez que isto colocaria a preço a cabeça dos fracos, faria sofrer aos inocentes a pena do réu, além de pôr os próprios inocentes na desesperada necessidade de cometer os delitos.
XXVI. DO ESPÍRITO DE FAMÍLIA
Quando a república é composta por homens, em suas famílias a subordinação ocorre por acordo e não por constrangimento pela figura patriarcal.
As contradições entre moral familiar, que suscita sujeição e temor, e moral pública, que suscita coragem e liberdade, são as condições existentes entre as leis da família e as leis fundamentais da república.
XXVII. SUAVIDADE DAS PENAS
Os delitos possuem como um de seus maiores freios a não crueldade das penas, mas sim sua infalibilidade. A certeza de uma punição, ainda que moderada, causa sempre mais impacto no indivíduo do que o temor de uma penalidade que por mais que seja pior, ainda há a possibilidade da impunidade.
A crueldade das penas dificulta a conservação da proporção essencial entre o delito e a pena, além de gerar a impunidade através da perversidade dos suplícios.
XXVIII. DA PENA DE MORTE
A morte de um cidadão só pode ser considerada necessária quando ele, ainda privado de liberdade, possua relações e poder que interessem à segurança da nação, ou se ainda sua execução fosse a única maneira de desencorajar outros indivíduos de cometerem delitos.
O que mais impacta o homem não é a dureza da pena, mas sim sua duração. A pena de morte torna-se um espetáculo para o público, enquanto que nas penas que apesar de serem moderadas, são contínuas e acabam por aterrorizar a sociedade de forma geral.
XXIX. DA CAPTURA
A lei indica se há indícios que provem a existência de algum delito que determinem a reclusão do réu, sujeitando este a um exame e a uma pena. Estes indícios não devem ser estabelecidos por juízes, visto que eles podem sofrer influências particulares. As leis poderão limitar-se a indícios mais fracos quando as penas tornarem-se mais moderadas, a prisão seja menos degradante e haja mais sentimento de humanidade nos ministros da justiça.
Beccaria ainda analisa o sistema criminal de sua época e indica a predominância da ideia de força e prepotência diante da justiça, tratando da mesma forma um acusado e um condenado.
Beccaria defende a ideia que o lugar da pena é o lugar do delito, expondo a ideia que o criminoso só pode ser julgado pela nação onde cometeu o delito e que outra nação não pode puni-lo, devendo limitar-se apenas a expulsá-lo caso ache necessário.
XXX. PROCESSOS E PRESCRIÇÕES
Constatando-se a existência de um delito, a lei determina um prazo para a defesa do réu e para as provas do delito, tempo este estipulado de forma que não atrase demasiadamente a aplicação da pena.
Os crimes mais cruéis por serem mais raros devem ter pouco tempo de investigação pelo fato da maior probabilidade de inocência do réu, aumentando o tempo de prescrição. Já nos crimes mais brandos deve ter um tempo maior para investigação por causa da menor probabilidade de inocência do réu, reduzindo a chance de impunidade e o tempo de prescrição. Beccaria neste caso defende que não deveria haver tal distinção se o risco de impunidade do réu se reduz à medida que cresce a probabilidade do delito.
XXXI. DELITOS DE PROVA DIFÍCIL
Há delitos que além de serem recorrentes são difíceis de serem provados, sendo a dificuldade da prova equivalente à probabilidade de inocência, reduzindo ainda o tempo de investigação e de prescrição. Um claro exemplo de uma transgressão seria o adultério.
Tem-se como regra geral que a pena torna-se um estímulo para aqueles delitos que tendem a ficar impunes.
Um delito grave, como o infanticídio, tem como melhor forma de prevenção a proteção, por meio das leis, das fraquezas contra a tirania. Beccaria defende que enquanto a lei não adotar melhores meios de prevenir tais crimes, não haverá precisão justa nas penas.
XXXII. SUICÍDIO
O suicídio parece não demandar a aplicação de uma pena propriamente dita, uma vez que ela não deve ser sentenciada ao suicida nem à um inocente. Este delito não pode ser punido logo que cometido, e puni-lo antes é punir a vontade do homem e não o seu ato. Logo, uma lei que não tenha fundamentos concretos não deveria ser promulgada, haja vista sua inutilidade.
De acordo com Beccaria, quem tira a própria vida traz um dano menor a sociedade comparado com aquele que abandona a nação, pois o suicida deixa para o Estado seus bens, enquanto aquele que se muda leva consigo seu patrimônio.
XXXIII. CONTRABANDOS
O contrabando é o tipo de delito que ofende tanto o soberano quanto a nação, no entanto a pena a ser aplicada não deve ser a infâmia, pelo fato das consequências do contrabando não serem tão facilmente percebidas pela sociedade por atingirem primeiramente o príncipe. A pena justa para taldelito vai da prisão até a escravidão, diferenciando-se conforme a natureza do contrabando.
XXXIV. DOS DEVEDORES
O falido fraudulento deve ser punido com a mesma pena que um falsificador, uma vez que este falsifica sua própria obrigação. O falido inocente recebe uma pena mais branda, tendo como obrigação o pagamento da dívida e a privação da liberdade. A lei de forma imparcial deve distinguir esses dois delitos, podendo ser graves ou leves.
XXXV. O ASILO
Beccaria afirma que multiplicando os asilos, novos pequenos reinos surgem, visto que onde há a inexistência de leis que regulem, abre-se a hipótese da criação de novas leis que se opõem as leis comuns. Ele ainda constata que os asilos podem geram grandes revoluções no Estado e na opinião dos homens.
XXXVI. DO RESGATE
Questiona-se se é útil pôr preço à cabeça de um homem culpado. Beccaria então defende que as leis que premeiam a traição e que acabam incitando uma guerra clandestina que gera desconfiança entre os cidadãos opõem-se a união necessária entre moral e política.
XXXVII. ATENTADOS, CÚMPLICES, IMPUNIDADE
A importância de prevenir um atentado legitima uma pena, no entanto esta pena pode transforma-se em um simples arrependimento se o delito não for consumado.
Na questão dos cúmplices, o executor recebe uma pena maior pelo delito. Em alguns casos é prometida a impunidade à quem delatar os seus cúmplices, neste caso percebe-se uma inconveniência a partir do momento que o tribunal autoriza a traição, considerada um ato detestável. Em acréscimo o tribunal ainda expõe sua fragilidade ao pedir ajuda ao réu. No entanto, há o ponto positivo da prevenção de novos delitos, além de expor a abertura a outras ferramentas. Apesar de sair impune, o delator deveria ser banido da nação.
XXXVIII. INTERROGATÓRIOS SUGESTIVOS, DEPOIMENTOS
As leis locais não aprovam os interrogatórios sugestivos. Sendo permitido o tipo de interrogatório que fazem perguntas que rodeiam o fato, sem ser muito direto no questionamento.
O interrogado que negar ser colaborativo e responder aos questionamentos deverá ser punido por uma pena fixada pela lei, sendo uma pena grave que sirva de exemplo para os demais cidadãos. No entanto, esta pena pode ser dispensada caso constate-se que o interrogado não é culpado de determinado delito
XXXIX. DE UMA ESPÉCIE PARTICULAR DE DELITOS
Ao explicitar fatos que dão a entender que compõe a época da Inquisição, Beccaria demonstra toda sua aversão a esse período. No entanto, Beccaria não explana a questão de delitos e penas, explicando que não se pode analisar tais acontecimento sob a ótica de uma filosofia limitada.
XL. FALSAS IDEIAS DE UTILIDADE
As falsas ideias de utilidade valorizam antes os inconvenientes particulares em detrimento dos inconvenientes públicos, além de renunciar várias vantagens por causa de um simples inconveniente. Com isso, percebe-se que estas ideias são fontes de erros e injustiças. 
XLI. COMO SE PREVINEM OS DELITOS
De maneira a fornecer o máximo de felicidade aos cidadãos, uma boa legislação deve ter com pretexto a ideia de que é melhor prevenir os delitos do que ter que puni-los posteriormente. No entanto, se fosse vedado tudo o que pode incentivar a prática de um delito seria necessário privar os homens de seus sentidos.
Para prevenir um delito torna-se necessário a instituição da clareza e da simplicidade nas leis, sendo dever da nação defende-las. A lei deve ainda beneficiar antes os homens do que as classes que pertencem.
XLII. DAS CIÊNCIAS
Para prevenir os delitos a razão tem fundamental importância. O homem esclarecido é precioso para a sustentação da nação, uma vez que ele pode tornar-se um depositário e guardião das leis, sendo habituado a conhecer a verdade ao invés de temê-la.
XLIII. MAGISTRADOS
Para prevenir os delitos é necessário que a assembleia executante das leis se preocupe mais pelas observâncias das mesmas do que pela sua corrupção. Se os súditos temerem mais os magistrados que as próprias leis, eles tirarão mais proveito deste temor do que ganharia a segurança pública a sua própria.
XLIV. RECOMPENSAS
Um meio de prevenir os delitos é a recompensa da virtude, no entanto esta maneira não está presente no código de leis.
XLV. EDUCAÇÃO
Uma maneira segura e de difícil execução de prevenir delitos é através do aperfeiçoamento da educação.
XLVI. DAS GRAÇAS
À proporção que as penas tornam-se mais suaves a clemência e o perdão tornam-se menos necessários. Ainda que as leis e seus executores em cada caso particular sejam rígidos, o legislador tem que ser dotado de humanidade.
XLVII. CONCLUSÃO
Beccaria encerra sintetizando sua tese: “para que toda a pena não seja uma violência de um ou de muitos contra um cidadão particular, deve ser essencialmente pública, pronta, necessária, a mais pequena possível nas circunstâncias dadas, proporcional aos delitos, fixada pelas leis.

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