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AULA 3 BENS

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AULA 03
BENS = OBJETO DO DIREITO
(arts. 79 a 103 CC) 
Meus Amigos e Alunos. Enquanto no tema “pessoas” estudamos os 
sujeitos de direito, ou seja, quem pode ser considerado como um sujeito de 
direitos e deveres na ordem civil, No tema de hoje vamos analisar o quê pode 
ser um objeto do Direito. Assim, a primeira coisa a se fazer, é conceituar o 
termo BEM.
Não existe uma unanimidade na doutrina quanto à distinção entre coisa e 
bem. Alguns autores conceituam coisa como tudo o que pode satisfazer uma 
necessidade do homem. Já bem é designado para a conceituação de coisa 
material útil ao homem enquanto economicamente valorável e suscetível de 
apropriação. Desta forma coisa seria o gênero (tudo que existe na natureza) e 
bem a espécie (que proporciona ao homem uma utilidade, sendo suscetível de 
apropriação). Os bens são coisas; porém nem todas as coisas podem ser 
consideradas como bens. No entanto outros autores fornecem conceitos 
completamente inversos de bem e coisa. E ainda há quem diga que mesmo 
atualmente, as expressões “coisa” e “bem” sejam sinônimas. 
Certo é que o Código Civil anterior não fazia a distinção entre bem e coisa, 
usando ora um, ora outro termo, como sinônimos. Já Código atual utiliza apenas 
o termo BENS (evitando a expressão coisa). Portanto, o que nos interessa é a 
expressão termo Bens. Desta forma, podemos fornecer o seguinte conceito 
inicial, sob o ponto de vista do Direito: bens são valores materiais ou imateriais 
que podem ser objeto de uma relação de direito. De qualquer maneira, toda 
relação jurídica entre dois sujeitos tem por objeto um bem sobre o qual recaem 
direitos e obrigações. 
Nesta aula vamos estudar uma vasta classificação de Bens e sua 
implicação na Parte Especial do Código Civil. O estudo da classificação é 
importante, pois a inclusão de um bem em uma determinada categoria faz com 
que se apliquem regras próprias e específicas desta categoria. No entanto um 
bem pode enquadrar-se em mais de uma categoria conforme as características 
que apresenta. Esta aula é importante por si só e também porque tem reflexos 
na Parte Especial do Código, especialmente no que toca os Direitos das Coisas 
(propriedade, posse, usucapião, penhor, hipoteca...). Desta forma, vamos 
adiantar muitos temas que também serão abordados com maior profundidade 
em aulas posteriores. 
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A primeira classificação que é realizada sobre os bens não está prevista 
expressamente no Código Civil. É a doutrina quem faz esta importante 
classificação. Assim, inicialmente, podemos classificar os Bens em: 
x Corpóreos, Materiais, Tangíveis ou Concretos  são aqueles 
que possuem existência física; são os percebidos pelos sentidos. Ex:
imóveis, jóias, carro, dinheiro, etc. 
x Incorpóreos, Imateriais, Intangíveis ou Abstratos  são 
aqueles que possuem existência abstrata e que não podem ser percebidos 
pelos sentidos. Ex: propriedade literária, o direito do autor, a propriedade 
industrial (marcas e patentes), fundo de comércio, software (ou programa 
de computador), know-how (conhecimento técnico de valor econômico), 
etc.
Na prática, os bens corpóreos são objetos de contrato de compra e venda, 
enquanto os bens incorpóreos são objetos de contratos de cessão (transferência 
a outrem). Mas ambos integram o patrimônio de uma pessoa. 
Os bens incorpóreos diferem também dos corpóreos, porque não podem 
ser objeto de usucapião.
CLASSIFICAÇÃO LEGAL DOS BENS 
De acordo com o Código Civil, os bens podem ser divididos em diferentes 
classes, visando facilitar o estudo, aproximando os que apresentam um 
elemento comum. Costumo fazer a seguinte classificação inicial: 
x Bens considerados em si mesmos 
x Bens reciprocamente considerados 
x Bens considerados em relação ao titular do domínio 
x Coisas fora do comércio 
Cada um desses itens possui uma vasta subclassificação. Vejamos cada 
uma delas de forma minuciosa. 
I – BENS CONSIDERADOS EM SI MESMOS 
 Quanto a essa primeira classificação os bens se dividem em: móveis ou 
imóveis; infungíveis ou fungíveis; inconsumíveis ou consumíveis; indivisíveis ou 
divisíveis e singulares ou coletivos. Vamos à primeira delas: 
1 – BENS QUANTO À MOBILIDADE (arts. 79/84) 
Segundo essa classificação os bens se dividem em móveis e imóveis. 
A) BENS IMÓVEIS (arts. 79/81 CC) 
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São aqueles que não podem ser removidos, transportados, de um lugar 
para o outro, sem a sua destruição. O avanço da engenharia e da ciência em 
geral fez com que esse conceito perdesse sua força posto que atualmente há 
modalidades de imóveis que não se amoldam a este conceito (ex: edificações
que, separadas do solo, conservam sua unidade, podendo ser removida para 
outro local – arts. 81, I e 83 CC). Podem ser divididos em: 
x por natureza  é o solo e tudo quanto se lhe incorporar naturalmente 
(árvores, frutos pendentes), mais adjacências (espaço aéreo, subsolo). O 
art. 1229 CC dispõe que a propriedade do solo abrange a do espaço aéreo e 
subsolo correspondente em altura e profundidade úteis ao seu exercício. 
Pergunto: o dono do solo será, também, o dono do subsolo? Resposta para 
o Direito Civil: SIM. O dono do solo é também o dono do subsolo, 
especialmente para construção de passagens, garagens subterrâneas, 
porões, adegas, etc. No entanto esta regra pode sofrer algumas limitações. 
Pelo artigo 176 da C. F. as jazidas, os recursos minerais e hídricos 
constituirão propriedade distinta da do solo, para efeito de exploração ou 
aproveitamento, ficando sob o domínio da União. Mas, convenhamos, é 
difícil qualquer um de nós comprar um terreno e nele “achar” uma mina de 
ouro ou de diamantes ou um lençol petrolífero. No entanto se isso ocorrer, 
você não será dono deste recurso mineral. A pesquisa e a lavra de recursos 
minerais e o aproveitamento dos potenciais somente poderão ser efetuados 
mediante autorização ou concessão da União. Todavia a própria 
Constituição garante ao dono do solo a participação nos resultados da 
lavra. Portanto, como regra, o dono do solo será também o do subsolo. Mas 
se for encontrado algum recurso mineral, o subsolo será destacado do solo 
e a União será a proprietária deste recurso mineral. 
x por acessão física, industrial ou artificial (acessão quer dizer aumento, 
acréscimo de uma coisa a outra)  tudo quanto o homem incorporar 
permanentemente ao solo, não podendo removê-lo sem destruição, 
modificação ou dano (ex: sementes plantadas, edifícios, construções – 
pontes, viadutos, etc.). Segundo o art. 1.253 CC, toda construção ou 
plantação existente em um terreno presume-se feita pelo proprietário e a 
sua custa, até que se prove o contrário. É bom que acrescentemos: não
perdem o caráter de imóvel (ou seja, continuam sendo imóveis – art. 81 
CC):
a) Edificações que, separadas do solo, mas conservando a sua unidade, 
forem removidas para outro local. Entende a doutrina que esta 
hipótese serve para o caso em que se transporta uma “casa pré-
fabricada” de uma localidade para outra, sem que a mesma perca a 
qualidade de imóvel para os efeitos legais. 
b) Materiais provisoriamente separados de um prédio, para nele se 
reempregarem.
x por acessão intelectual  o que foi empregado intencionalmente para a 
exploração industrial, aformoseamento e comodidade. São bens móveis que 
foram imobilizados pelo proprietário. É uma ficção jurídica. Exemplos: um
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trator destinado a uma melhor exploração de propriedade agrícola, 
máquinas de uma fábrica têxtil, para aumentar a produtividade da 
empresa, veículos, animais e até objetos de decoração de uma residência.
O Código Civil atual não acolhe mais essa classificação em relação a bens 
imóveis. Seguindo a doutrina moderna sobre o tema, o Código qualifica 
esses bens como pertenças, onde a coisa deve ser colocada a serviço do 
imóvel e não da pessoa, constituindo, portanto, a categoria de bens 
acessórios. Este tema tem caído muito em concursos, portanto voltaremos 
a ele mais adiante, quando analisaremos os bens acessórios. A pertença 
pode ocorrer também na hipoteca, que abrange os bens móveis dentro de 
um imóvel (ex: hipotecar uma fazenda juntamente com os bois). Vejam 
que a imobilização não é definitiva neste caso; o bem poderá voltar a ser 
móvel, por mera declaração de vontade. 
x por disposição legal  trata-se de uma ficção jurídica, pois na 
realidade esses bens não são imóveis nem móveis; eles são incorpóreos. 
Tais bens são considerados pela lei como imóveis, apenas para que 
possam receber melhor proteção jurídica. São eles (veremos melhor todos 
esses temas na aula sobre o Direito das Coisas): 
 os direitos reais sobre os imóveis (ex: direito de propriedade, de 
usufruto, uso, a habitação, a servidão, a enfiteuse, etc.). 
 o penhor agrícola e as ações que o asseguram.
 o direito a sucessão aberta, ainda que a herança seja formada apenas 
por bens móveis. O que se considera imóvel não é o direito aos bens que 
compõe a herança, mas o direito à herança como uma unidade. É 
considerada aberta a sucessão no instante da morte do de cujus; a partir 
de então, seus herdeiros poderão ceder ou renunciar seus direitos 
hereditários, considerados como imóveis. No entanto isso deve ser feito 
por escritura pública ou termo nos autos, com autorização do cônjuge. 
Somente após a partilha é que se cuida dos bens individualmente. 
 as jazidas e as quedas d’água com aproveitamento para energia 
hidráulica são considerados bens distintos do solo onde se encontram 
(artigos 20, inciso IX e 176 da Constituição Federal), conforme vimos no 
item anterior. 
B) BENS MÓVEIS (arts. 82/84 CC) 
São aqueles que podem ser removidos, transportados, de um lugar 
para outro, por força própria ou estranha, sem alteração da substância ou da 
destinação econômico-social. Podemos classificá-los em: 
x por natureza  coisas corpóreas são aquelas que podem ser 
transportadas sem a sua destruição, por força própria ou alheia. Força 
alheia – móveis propriamente ditos - carro, cadeira, livro, jóias, ações etc. 
Força própria (suscetíveis de movimento próprio) – semoventes = bois, 
cavalos, carneiros, animais em geral. 
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Observações:
- Os materiais de construção enquanto não forem nela empregados 
são bens móveis. 
- As árvores enquanto ligadas ao solo são bens imóveis por 
natureza, exceto se se destinam ao corte (convertem-se, neste 
caso, em móveis por antecipação). 
x por antecipação  a vontade humana pode mobilizar bens imóveis em 
função da finalidade econômica; inicialmente o bem é imóvel, mas pode 
ser mobilizado por uma intervenção humana. Exemplo: uma árvore é um 
bem imóvel; no entanto se ela for cortada e transformada em lenha, se 
transforma em móvel (outros exemplos: frutos, pedras e metais aderentes 
ao imóvel também são bens imóveis; separados para fins humanos, 
tornam-se móveis). A mudança da natureza dispensa os requisitos para a 
transmissão da propriedade; não são mais exigidos os requisitos rígidos da 
propriedade imóvel para sua transmissão. 
x por determinação legal  O art. 83 CC considera como bens móveis 
para efeitos legais: 
 a) as energias que tenham valor econômico – a energia elétrica, 
embora não seja um bem corpóreo é considerada como bem móvel. O art. 
155, §3° do Código Penal também a equipara a bem móvel, podendo ser 
objeto do crime de furto. Da mesma forma acrescente-se o gás 
canalizado.
 b) direitos reais sobre bens móveis e as ações correspondentes (ex:
direito de propriedade e de usufruto sobre bens móveis, etc.).
 c) direitos pessoais de caráter patrimonial e as respectivas ações. 
 d) ainda incluem-se: direitos autorais (este é um dos exemplos mais 
importantes, pois além de ser classificado como bem móvel, é também 
considerado como um bem incorpóreo – Lei n° 9.610/98); propriedade 
industrial (direitos oriundos do poder de criação e invenção da pessoa = 
protegem-se as patentes de invenção, marcas de indústria, nome 
comercial, contra a utilização alheia e concorrência desleal – Lei n° 
9.279/96); quotas e ações de sociedades, etc. 
Observação Importante: Os navios e aeronaves são bens móveis ou 
imóveis? A doutrina diz que eles são bens móveis sui generis. Sempre que 
doutrina não consegue definir algo com exatidão, utiliza essa expressão em 
latim: sui generis. No caso dos navios (e também das aeronaves) realmente 
não há uma resposta objetiva para eles. Apesar de serem fisicamente bens 
móveis (pois podem ser transportados de um local para outro; encaixam, 
portanto, no conceito de bens móveis), são tratados pela lei como imóveis, 
necessitando de registro especial e admitindo hipoteca. O navio tem nome e 
o avião marca, possuindo identificação e individualização próprias. Ambos têm 
nacionalidade. Podem ter projeção territorial no mar e no ar (território ficto). 
Alguns autores os consideram como quase pessoa jurídica, no sentido de se 
constituírem num centro de relações e interesses, como se fossem sujeitos de 
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direitos, embora não tenham personalidade jurídica. E vocês podem estar 
pensando... muito bem... e se cair no concurso o que eu coloco?? Em tese a 
questão não pode cair assim, de forma direta: “o navio é um bem móvel ou 
imóvel”. Aliás, já vi essa questão cair algumas vezes, mas nunca desta forma 
direta. Sempre tem algo que deve ser analisado com maior profundidade, 
como por exemplo, o fato de recair hipoteca (que é um instituto típico dos 
bens imóveis). O conselho que dou é analisar todas as alternativas com muito 
cuidado. Dentre as alternativas haverá uma que melhor se adapte ao que eu 
estou dizendo. Em resumo os navios e as aeronaves, fisicamente são bens 
móveis, mas eles têm uma disciplina jurídica como se imóveis fossem. 
Conseqüência prática da distinção: Imóveis z Móveis. – A 
classificação dos bens em imóveis ou móveis tem uma razão de ser. E essa 
classificação é de suma relevância, principalmente em relação à Parte Especial 
do Código (veremos mais adiante no Direito das Coisas). Assim, os bens imóveis 
se distinguem dos móveis pela: forma de aquisição, necessidade de outorga, 
prazos de usucapião e os direitos reais. Todos estes temas são muito 
importantes. Portanto, vejamos item por item: 
1) Formas de aquisição da propriedade
A principal forma de se adquirir a propriedade dos bens móveis é com a 
tradição (essa palavra vem do latim tradere, que significa entregar; traditio = 
entrega do bem), ou seja, somente com a entrega do bem, adquire-se a 
propriedade dos bens móveis. Outras modalidades: usucapião, achado de 
tesouro, ocupação (que é o assenhoramento do bem, como a caça, a pesca, a 
invenção, etc). Já os bens imóveis são adquiridos com o Registro ou 
transcrição do título da escritura pública no Registro de Imóveis. Lembrem-se 
que a alienação de imóveis com valor superior a 30 salários mínimos exigem 
escritura pública (vejam o que diz o art. 108 CC). 
2) Outorga 
Os bens imóveis não podem ser vendidos, doados ou hipotecados por 
pessoa casadasem a outorga (uma espécie de autorização ou anuência ou 
mesmo ciência) do outro cônjuge, exceto na separação absoluta de bens. Já os 
bens móveis não necessitam dessa outorga. Assim, a mulher (ou o marido) 
pode vender um carro, jóias, ações de uma sociedade anônima sem autorização 
de seu cônjuge. 
Vou dar um exemplo que pode causar surpresa em alguns alunos. E este 
exemplo costuma cair muito. Digamos que uma mulher solteira tenha comprado 
e registrado um imóvel em seu próprio nome. Lógico, este imóvel é só dela!! 
Posteriormente ela se casa pelo regime da comunhão parcial de bens (falarei 
dos regimes de bens do casamento em aula posterior – Direito de Família). O 
imóvel continua sendo só dela!! Passado um ano do casamento ela deseja 
vender esse imóvel. Pergunto: Ela precisa da autorização do marido (apesar do 
imóvel ser somente dela)? Resposta = SIM!! Ela precisa da chamada... outorga 
marital. A lei obriga essa outorga (que somente é dispensável no regime da 
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separação total de bens, como veremos). Continuo a perguntar: E se o marido 
não quiser fornecer a outorga? Resposta = Simples! O imóvel pertence somente 
a ela e vai continuar sendo só dela. Mas ela precisa da outorga e o marido não a 
fornece. Portanto a mulher, se quiser vendê-lo deve pedir ao Juiz, em uma 
petição bem simples, relatando o ocorrido. E o Juiz então dará uma ordem para 
que a escritura seja lavrada (e também seja feito o registro posteriormente), 
mesmo sem a sua anuência. É o que chamamos de “suprimento da outorga”. E 
Se a situação fosse a inversa (o imóvel é do marido e ele precisa vender)? O 
fato seria o mesmo, ou seja, o marido também necessitaria da outorga. Só que 
neste caso essa outorga é chamada de uxória. Vejam que em cada caso a 
outorga recebe um nome diferente. Assim, a outorga pode ser: 
x marital  o marido concede à mulher, ou seja, o bem pertence à 
mulher e o marido assina também os documentos anuindo na venda do 
imóvel.
x uxória  a mulher concede ao homem, ou seja, a mulher assina a 
documentação para a venda do imóvel, que pertence ao marido (uxor – 
em latim quer dizer mulher casada). 
Concluindo. Um bem será vendido. Trata-se de um bem imóvel? – Sim. 
Trata-se de proprietário casado em regime de bens que não seja separação total 
de bens? – Sim. Logo essa pessoa irá necessitar da outorga (uxória ou marital). 
Obs. – Já vi cair em um concurso a expressão “vênia conjugal”, que é 
uma expressão mais genérica, abrangendo tanto a outorga uxória quanto a 
marital.
3) Usucapião 
Tanto os bens imóveis quanto os móveis podem ser objeto de usucapião. 
O que vai diferenciar é o prazo para que isso ocorra. Os prazos para se adquirir 
a propriedade imóvel por usucapião são, em regra, maiores. Vamos antecipar 
um pouco esses prazos. Voltaremos ao assunto quando falarmos sobre o Direito 
das Coisas – Usucapião, oportunidade em que aprofundaremos o assunto, 
fornecendo muito mais detalhes sobre o tema. Por enquanto vamos ficar só com 
um “aperitivo”, tendo em vista o enfoque específico desta aula o a importância 
e as diferenças na classificação entre bens móveis e imóveis. Caso fique 
qualquer dúvida sobre o tema aguarde a aula específica. Repetindo, aqui estou 
mostrando apenas um “aperitivo sobre o tema”. Lembrem-se que atualmente, 
tanto a Constituição como o Código Civil referem-se à usucapião como uma 
palavra feminina: é a usucapião (embora muitos dicionários ainda falem em o 
usucapião ou admitam as duas versões como corretas). 
A) Bens Imóveis
1) Usucapião Extraordinária 
x 15 anos – sem título, sem boa-fé. 
x 10 anos – sem título, desde que resida no local ou tenha realizado obras 
produtivas.
2) Usucapião Ordinária 
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x 10 anos – com título, boa-fé. 
x 05 anos – com título, boa-fé, adquirido onerosamente, desde que resida no 
local ou tenha realizado investimento de interesse social e econômico. 
B) Bens Móveis 
x 05 anos – sem justo título e sem boa-fé – usucapião extraordinária. 
x 03 anos – com justo título e boa-fé – usucapião ordinária. 
A Constituição Federal, o Código Civil e o Estatuto da Terra estabelecem 
outras formas de usucapião de bens imóveis, como veremos oportunamente. 
Vejamos o que diz a Constituição Federal: 
i ART. 183 C.F. – Área Urbana
- área do imóvel não pode ser superior a 250 m2 
- posse – 05 anos ininterruptos e sem oposição 
- destinado a sua moradia ou de sua família 
- a pessoa não pode ser proprietária de outro imóvel (seja na 
área rural ou urbana) 
- concedido apenas uma vez 
- imóveis públicos – proibição de usucapião 
i ART. 191 C.F. – Área Rural
- área do imóvel não pode ser superior a 50 hectares 
- posse – 05 anos ininterruptos e sem oposição 
- destinado a sua moradia ou de sua família 
- a pessoa não pode ser proprietária de outro imóvel (seja de 
área rural ou urbana) 
- deve tornar a propriedade produtiva por força de seu trabalho 
ou de sua família 
- imóveis públicos – proibição de usucapião 
4) Direitos Reais 
x para bens imóveis  regra o hipoteca. 
x para bens móveis  regra o penhor.
Qualquer dúvida sobre o tema aguarde a aula específica. 
Vejam como o tema “imóveis e móveis é amplo”. Praticamente tudo o que 
falamos até aqui se refere apenas a esse primeiro item (imóveis ou móveis) da 
primeira classificação (bens considerados em si mesmos). Vamos ao segundo 
item.
2 – BENS QUANTO À FUNGIBILIDADE (art. 85 CC) 
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Essa classificação resulta da individualização do bem, ou seja, de sua 
quantidade e da sua qualidade. A pergunta é: um bem pode ser substituído por 
outro? Se eu tomar um bem emprestado posso devolver outro? Resposta – 
Depende!! Por isso classificamos os bens em infungíveis ou fungíveis. Vejamos: 
A) INFUNGÍVEIS 
São os bens que não podem ser substituídos por outros da mesma 
espécie, qualidade e quantidade. São bens personalizados, individualizados (ex:
imóveis; carro; um quadro famoso, etc.). 
B) FUNGÍVEIS 
São os bens móveis que podem ser substituídos por outros da mesma 
espécie, qualidade e quantidade (ex: uma saca de arroz, uma resma de papel, 
dinheiro, gêneros alimentícios de uma forma geral, etc.). 
Para facilitar um pouco nosso estudo, costumo sempre deixar bem claro: 
- Os bens imóveis só podem ser infungíveis. 
- Os bens móveis podem ser fungíveis ou infungíveis. 
Explicando melhor. Todos os bens imóveis são personalizados (pois há 
uma escritura, um número, possuem um registro, etc.), daí serem todos 
infungíveis, pois estão totalmente individualizados. Porém, excepcionalmente, 
é possível que sejam tratados como fungíveis Ex: devedor se obriga a fazer o 
pagamento por meio de três lotes de terreno, sem que haja a precisa 
individualização deles; o imóvel nesse caso não integra o negócio pela sua 
essência, mas pelo seu valor econômico.
Os bens móveis como regra, são também bens fungíveis. Mas em alguns 
casos podem ser considerados como infungíveis. Ex: um selo de carta. Ele é um 
bem fungível, pode ser substituído por outro. Mas o selo “olho de boi” é 
infungível, pois são raros e caríssimos, para colecionadores. Da mesma forma 
uma moeda, que, para colecionares se torna infungível. Outros exemplos: o
cavalo de corrida Furacão ou o cavalo de passeio Sossego; um quadro pintado 
por Renoir, etc. 
Questão interessante: os veículos automotores são fungíveis ou 
infungíveis? Como regra são infungíveis, pois possuem número dechassis, de 
motor, etc. que os personalizam, os individualizam e os diferenciam dos demais.
A fungibilidade pode ser da própria natureza do bem ou da vontade 
manifestada pelas partes. Ex: uma cesta de frutas é fungível, mas pode se 
tornar infungível se ela for emprestada apenas para ornamento de uma festa 
(chamamos neste caso: comodatum ad pompam vel ostentationem) para ser 
devolvida posteriormente, intacta.
Uma obrigação de fazer pode ser infungível (ex: contrato “Z”, pintor 
famoso, para pintar um quadro; a atuação de “Z” é personalíssima – no caso de 
recusa, transforma-se em perdas e danos) ou fungível, podendo ser realizada 
por qualquer pessoa (ex: engraxar sapato, pintar uma parede, etc.).
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Conseqüências práticas 
x A locação, o comodato e o mútuo são contratos de empréstimo 
(conforme veremos na aula sobre contratos). No entanto: O mútuo é um 
contrato que se refere ao empréstimo apenas de coisas fungíveis, ou seja, o 
devedor pode devolver outra coisa, desde que seja igual. Já o comodato é um 
contrato de empréstimo gratuito de coisas infungíveis. E a locação é um 
empréstimo oneroso de bens infungíveis. Nestes dois últimos contratos a pessoa 
deve devolver o mesmo bem. Mas, conforme já disse, veremos isso de forma 
mais minuciosa na aula sobre contratos.
x O credor de coisa infungível não pode ser obrigado a receber outra coisa, 
ainda que mais valiosa (art. 313 do CC); ou seja, ele tem o direito de receber a 
mesma coisa que emprestou. 
x A compensação (“A” deve para “B”; mas “B” também deve para “A”) 
efetua-se entre dívidas líquidas, vencidas e de coisas fungíveis entre si. Dinheiro 
se compensa com dinheiro; café se compensa com café; feijão se compensa 
com feijão, etc. Esses temas serão abordados na aula sobre Direito das 
Obrigações.
3 – BENS QUANTO À CONSUNTIBILIDADE (art. 86 do CC) 
Tal classificação decorre da destinação que será dada aos bens, sendo que 
a vontade do homem pode influir. Dividem-se em consumíveis ou 
inconsumíveis. Vejamos: 
A) CONSUMÍVEIS 
São bens móveis, cujo uso importa na destruição imediata da própria 
coisa. Admitem um uso apenas (ex: gêneros alimentícios, um maço de cigarros, 
giz, dinheiro, gasolina, etc.). 
Observação – Há bens que são consumíveis, conforme a destinação. Ex:
os livros, em princípio, são bens inconsumíveis, pois permitem usos reiterados. 
Mas expostos numa livraria são considerados como consumíveis, pois a 
destinação é a venda. Sob o ponto de vista do vendedor são considerados como 
bens consumíveis (assim como outros bens considerados em princípio como 
inconsumíveis). Pergunto: Quantas vezes um vendedor pode vender um mesmo 
bem? Uma vez! Por isso sob a ótica do vendedor esses bens são consumíveis 
(permitem um uso apenas). E é por isso que nós somos chamados de 
‘consumidores’.
B) INCONSUMÍVEIS 
São os que proporcionam reiterados usos, permitindo que se retire toda 
a sua utilidade, sem atingir sua integridade (ex: roupas de uma forma geral, 
automóvel, casa, etc.), ainda que haja possibilidade de sua destruição em 
decorrência do tempo.
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Quando alguém empresta algo (ex: frutas) para uma exibição, devendo 
restituir o objeto, o bem permanece inconsumível até a sua devolução (a 
doutrina chama isso de ad pompam vel ostentationem).
A consuntibilidade não decorre da natureza do bem, mas da destinação 
econômico-jurídica. O usufruto somente pode recair sobre bens inconsumíveis. 
Se for instituído sobre bens fungíveis, é chamado pela doutrina de quase-
usufruto ou usufruto impróprio. Também veremos esses temas de forma mais 
minuciosas, na aula específica sobre usufruto. 
Aqui há uma “pegadinha” interessante: o sapato... é um bem consumível 
ou inconsumível? Pelos conceitos fornecidos é um bem inconsumível, pois 
permite usos reiterados. Mas alguém pode perguntar: mas o sapato não gasta? 
Como disse acima, não é o fato de se gastar ou não o bem. No fundo, no 
fundo... tudo gasta. Mas não é isso que é importante. O importante é se eu 
posso ou não usá-lo por diversas vezes. E o sapato permite usos reiterados, 
portanto é um bem inconsumível. 
Por último, não confundir fungibilidade com consuntibilidade. Estas 
qualidades podem estar combinadas em um mesmo bem. Em geral um bem 
fungível é também consumível (ex: gêneros alimentícios). No entanto um bem 
pode ser consumível e ao mesmo tempo infungível (ex: partitura de um 
compositor famoso colocada à venda). O bem pode ser também inconsumível e 
fungível (ex: uma picareta).
4 – BENS QUANTO À DIVISIBILIDADE (arts. 87/88 do CC) 
Refere-se a possibilidade ou não de se fracionar um bem em partes 
homogêneas e distintas, sem alteração das qualidades essenciais do todo: 
divisíveis ou indivisíveis. 
A) DIVISÍVEIS 
São os bens que podem se fracionar em porções reais e distintas, 
formando cada qual um todo perfeito (ex: papel, quantidade de arroz, milho, 
etc.), sem alteração em sua substância, diminuição considerável de valor, ou 
prejuízo do uso a que se destinam. Se repartirmos uma saca de arroz, cada 
metade conservará as qualidades do produto. Já vi cair em um concurso o 
exemplo do lápis. É divisível ou indivisível? Em tese é um bem divisível, pois 
podemos fracioná-lo e em cada um dos pedaços podemos fazer “uma ponta” e, 
portanto, teremos dois lápis (lógico que menores). Quanto a expressão 
“diminuição considerável de valor” é interessante notar seguinte exemplo: 05 
pessoas herdaram um brilhante de 50 quilates. Esse diamante pode ser dividido 
em 05 partes iguais (05 brilhantes de 10 quilates cada). No entanto esta divisão 
fará com que haja uma diminuição considerável no valor do bem, ou seja, o 
brilhante inteiro terá muito mais valor do que os dez pedaços reunidos. Por isso 
esse bem será considerado indivisível. 
B) INDIVISÍVEIS 
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São os bens que não podem ser fracionados em porções, pois deixariam 
de formar um todo perfeito (ex: uma jóia, um anel, um par de óculos ou 
sapatos, etc.). No entanto a indivisibilidade pode ser subclassificada em: 
x por natureza  um cavalo vivo, um relógio, um quadro, etc. 
x por determinação legal  servidões prediais, módulo rural, lotes 
urbanos, hipoteca, etc. (estes temas serão abordados oportunamente). 
x por vontade das partes  o bem era divisível e se tornou indivisível 
por contrato. Ex: entregar 100 sacas de café. Em tese é divisível (posso 
entregar 50 hoje e 50 na semana que vem). Mas eu posso pactuar no contrato 
a indivisibilidade da prestação: as 100 sacas devem ser entregues todas hoje. 
Observações
As obrigações podem ser divisíveis ou indivisíveis segundo a natureza 
das respectivas prestações. Estas podem ser pactuadas pelas partes. 
O condômino de coisa divisível poderá alienar (ou seja, vender ou doar) 
sua parcela a quem quiser; se o bem for indivisível não poderá vendê-lo a 
estranho, se o outro ‘comunheiro’ (ou condômino) quiser o bem para si. Isto 
porque neste caso ele tem o chamado ‘direito de preferência’.
Se o bem for divisível, na extinção de condomínio, cada comunheiro 
receberá o seu quinhão; se indivisível, ante a recusa dos condôminos de 
adjudicá-lo a um só deles (indenizando os demais), o bem será vendido e o 
preço repartido entre eles. 
5 – BENS QUANTO À INDIVIDUALIDADE (arts. 89/91) 
Nesta classificação os bens podem ser singulares ou coletivos. 
A) SINGULARES 
São singulares os bens que, embora reunidos, se consideramde per si, ou 
seja, independentemente dos demais (ex: um cavalo, uma casa, um carro, uma 
jóia, um livro, etc.). São consideradas em sua individualidade. As coisas 
singulares podem ser simples ou compostas. Simples são as coisas cujas partes 
formam um todo homogêneo (ex: pedra, cavalo, folha de papel, etc.).
Compostas são as que têm suas partes ligadas artificialmente pelo homem. Ex: 
navio, materiais de construção em uma casa (a janela, a porta), etc. A doutrina 
ainda vai mais além afirmando que as coisas simples que formam a coisa 
composta, mantendo sua identidade, denominam-se partes integrantes. Se 
perderem a identidade, chamam-se partes componentes. As partes integrantes, 
como as peças de uma máquina, podem ser separadas do todo; as 
componentes, como o cimento de uma parede, não.
B) COLETIVOS OU UNIVERSAIS 
São as coisas que se encerram agregadas em um todo. São as 
constituídas por várias coisas singulares, consideradas em seu conjunto, 
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formando um todo único (universitas rerum), passando a ter individualidade 
própria, distinta da dos seus objetos componentes. As universalidades podem se 
apresentar:
x Universalidade de Fato  é a pluralidade de bens singulares, 
corpóreos e homogêneos, ligados entre si pela vontade humana. 
Exemplos: biblioteca (livros), pinacoteca (quadros), rebanho (bovino, 
ovino, suíno, caprino, etc), hemeroteca (jornais e revistas), cardume 
(peixes), matilha (cachorros), alcatéia (lobos), cáfila (camelos), panapaná 
(borboletas), etc. Acrescenta o Código Civil que esses bens devem ser 
pertinentes à mesma pessoa e tenham destinação unitária.
x Universalidade de Direito  é a pluralidade de bens singulares, 
corpóreos e heterogêneos ou até incorpóreos, a que a norma jurídica, 
com o intuito de produzir certos efeitos, dá unidade; é o complexo de 
relações jurídicas de uma pessoa, dotadas de valor econômico. Exemplos:
o patrimônio é o conjunto de relações da pessoa incluindo posse, direitos 
reais, obrigações e ações correspondentes. Prepondera o entendimento 
que abrange tanto o ativo (conjunto de direitos) como o passivo (conjunto 
de obrigações). O patrimônio do devedor responde por suas dívidas e 
constitui garantia geral dos credores. O espólio é a herança, o patrimônio 
(direitos e deveres) deixado pelo falecido que se transmite aos herdeiros). 
Outros exemplos: estabelecimento comercial, massa falida, etc. 
Nas coisas coletivas, se houver o desaparecimento de todos os indivíduos, 
menos um, ter-se-á a extinção da coletividade, mas não o direito sobre o que 
sobrou.
Com isso terminamos a primeira classificação (Bens Considerados em 
Relação a si Mesmos). Vejamos agora as demais classificações. 
II - BENS RECIPROCAMENTE CONSIDERADOS (arts. 92/97 do CC) 
Esta forma de classificação é feita a partir de uma comparação entre os 
bens, a relação entre uns e outros. O quê um bem é em relação a outro bem. 
Segundo esta classificação os bens podem ser Principais ou Acessórios. 
Exemplo: uma casa. É um bem principal ou acessório? Resposta – Depende!! 
Depende do quê? – Depende em relação a quê! A casa em relação a quê? A casa 
em relação ao terreno! Neste caso a casa é acessória; o terreno é o principal. 
Mas, e se for a casa em relação aos bens móveis que a guarnecem, ou a casa 
em relação a uma piscina? Neste caso a casa será o principal e os demais bens 
serão acessórios. 
Uma árvore é um bem principal ou acessório? Depende! A árvore em 
relação aos frutos é o bem principal. Mas em relação ao solo é acessório. 
Acompanhe então a classificação completa: 
A) PRINCIPAIS 
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São os que existem por si, abstrata ou concretamente, 
independentemente de outros (ex: o solo, um crédito, uma jóia, etc.). Exercem 
função e finalidade independentemente de outra coisa. 
B) ACESSÓRIOS 
São aqueles cuja existência pressupõe a existência de um bem principal 
(ex: uma árvore em relação ao solo, um prédio em relação ao solo, a cláusula 
penal, o contrato de fiança em relação ao contrato de locação, os juros, os 
frutos, etc.).
Regra o o bem acessório segue o principal (salvo 
disposição especial em contrário) – acessorium sequitur suum 
principale.
Por essa razão, quem for o proprietário do principal, em regra, será 
também o do acessório. Para que isso não ocorra é necessário que se 
convencione o contrário (ex: venda de um automóvel convencionando-se a 
retirada de alguns acessórios, como o “som” nele instalado). Outro efeito: a 
natureza do principal será também a do acessório (ex: se o solo é imóvel, a 
árvore nele plantada também o será). Trata-se do princípio da gravitação 
jurídica (um bem atrai o outro para a sua órbita, comunicando-lhe seu próprio 
regime jurídico). Isto também se aplica aos contratos. Ex: se um contrato de 
locação (principal) for nulo, nula também será a fiança, que é cláusula acessória 
(já o contrário não é verdadeiro – se nula a fiança o contrato principal pode ser 
válido). O credor que tem direito de receber uma coisa pode reclamar os seus 
acessórios.
São Bens Acessórios: 
1 – Frutos  são as utilidades que a coisa principal produz 
periodicamente; nascem e renascem da coisa e cuja percepção mantém intacta 
a substância do bem que as gera. Os frutos podem ser classificados em: 
a) Naturais – são os que se desenvolvem pela própria força orgânica da 
coisa (ex: frutas, crias de animais, ovos, etc.).
b) Industriais – são os que surgem em razão do engenho humano (ex:
produção de uma fábrica).
c) Civis – são os rendimentos produzidos pela coisa, em virtude sua 
utilização por outrem que não o proprietário (ex: juros de caderneta de 
poupança, aluguéis, dividendos ou bonificações de ações, etc.).
Os frutos ainda podem ser classificados, quanto ao seu estado em: 
Pendentes (ainda estão ligados à coisa que os produziu); Percebidos ou Colhidos
(já separados da coisa principal); Estantes (armazenados em depósitos); 
Percipiendos (deveriam ser, mas não foram percebidos) e Consumidos (já não 
existem mais). 
2 – Produtos  são as utilidades que se extraem da coisa, alteram a 
substância da coisa, com a diminuição da quantidade até o seu esgotamento, 
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porque não se reproduzem (ex: pedras de uma pedreira, minerais de uma 
jazida, carvão mineral, lençol petrolífero, etc.). 
3 – Rendimentos  são os frutos civis ou prestações periódicas em 
dinheiro, decorrentes da concessão do uso e gozo de um bem (ex: aluguel).
4 – Produtos orgânicos da superfície da terra (ex: vegetais, animais, 
etc.).
5 – Obras de aderência  obras que são realizadas acima ou abaixo da 
superfície da terra (ex: uma casa, um prédio de apartamentos, o metrô, pontes, 
túneis, viadutos, etc.). 
6 – Pertenças – segundo o art. 93 CC, são os bens que, não constituindo 
partes integrantes (como os frutos, produtos e benfeitorias), se destinam de 
modo duradouro, ao uso, ao serviço ou ao aformoseamento de outro. Exemplos:
a moldura de um quadro; acessórios de um veículo; um trator destinado a uma 
melhor exploração de propriedade agrícola, etc. Pertença vem do latim pertinere
(pertencer, fazer parte de). Trata-se de um bem acessório, pois depende 
economicamente de outra coisa. É necessário, para caracterizá-lo, o vínculo 
intencional (material ou ideal), duradouro, estabelecido por quem faz uso da 
coisa e colocado a serviço da utilidade do principal. Segundo a regra do art. 94 
CC os negócios jurídicos que dizem respeito aobem principal não abrangem as 
pertenças, salvo se o contrário resultar da lei ou da vontade das partes. Assim, 
em relação às pertenças, nem sempre pode se usar o adágio de que “o 
acessório segue o principal”. Quando se tratar de negócio que envolva 
transferência de propriedade que contenha uma pertença é conveniente que as 
partes se manifestem expressamente sobre os acessórios (se eles acompanham 
ou não o bem principal), evitando situações dúbias posteriores. Exemplos:
quando se vende um carro deve o vendedor mencionar se o equipamento de 
som está incluso ou não no negócio; quando se vende uma casa, os bens 
móveis não acompanham, salvo disposição em contrário. Só são pertenças os 
bens que não forem partes integrantes, isto é, aqueles que, se forem retirados 
do principal não afetam a sua estrutura. Exemplo: Uma casa é composta por 
diversas partes integrantes. Uma porta ou uma janela são fundamentais para a 
existência desta casa, portanto são consideradas como partes integrantes. Já o 
ar condicionado ou um quadro desta casa podem ser considerados como 
pertenças (eles pertencem à casa, mas não são parte integrantes). Quando se 
vende uma casa, a porta, a janela (partes integrantes) acompanham a venda. 
Já o ar condicionado e o quadro (pertenças) podem ser vendidos juntos ou 
podem ser retirados da casa pelo vendedor, não fazendo parte do negócio. Tudo 
vai depender do que estiver escrito no contrato. Da mesma forma os 
instrumentos agrícolas e os animais em relação a uma fazenda.
7 – Acessões (de modo implícito) – aumento do valor ou do volume da 
propriedade devido a forças externas, fatos eventuais ou fortuitos (formação de 
ilhas, aluvião, avulsão, abandono de álveo, construções de obras e plantações – 
falaremos sobre esses temas nos Direito das Coisas). Em regra não são 
indenizáveis. 
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8 – Benfeitorias  são obras ou despesas que se fazem em um bem 
móvel ou imóvel, para conservá-lo, melhorá-lo ou embelezá-lo. Talvez seja item 
mais importante em termos de bens acessórios, ao lado das pertenças (sob o 
ponto de vista de concursos públicos). Quanto às benfeitorias precisamos saber: 
quais são elas, qual o conceito e exemplos de cada uma delas e o efeito que 
elas podem ter no direito possessório que já iremos adiantar aqui. Vamos por 
etapas. Dividem-se as benfeitorias em: 
a) Necessárias  são as que têm por fim conservar ou evitar que o bem 
se deteriore. Exemplos: reforços em alicerces, restauração de assoalhos, 
reforma de telhados, substituição de vigamento podre, desinfecção de 
pomar, etc.
b) Úteis  são as que aumentam ou facilitam o uso da coisa. Exemplos:
construção de uma garagem, uma edículas, instalação de aparelho 
hidráulico moderno, etc. 
c) Voluptuárias  são as de mero embelezamento, recreio ou deleite, 
que não aumentam o uso da coisa. Exemplos: construção de uma piscina, 
uma churrasqueira, uma pintura artística, um jardim com flores exóticas, 
etc.
Obs: esta classificação não é absoluta, pois uma mesma benfeitoria pode 
enquadrar-se em uma ou outra espécie, dependendo da circunstância. Exemplo: 
uma pintura pode ser necessária em uma casa de praia para evitar uma 
infiltração ou voluptuária se for apenas para embelezá-la. 
Relevância jurídica da distinção das benfeitorias 
Vamos supor que eu tenho a posse de um imóvel. Neste imóvel eu 
realizei benfeitorias necessárias, úteis e voluptuárias. Passado algum tempo 
uma pessoa que se diz proprietário deste bem ingressa com uma ação contra 
mim e ganha a ação. Eu perdi... tenho que sair deste imóvel. No entanto eu 
realizei benfeitorias neste imóvel. Pergunto: eu serei indenizado por estas 
benfeitorias que eu realizei?? Reposta: Depende!! – Depende do quê?? 
Resposta: Depende do tipo de posse que eu tenho (se era de boa-fé ou de má-
fé) e depende do tipo de benfeitoria que eu fiz. Dependendo da situação o efeito 
será diferente. Observem. 
O possuidor de boa-fé (isto é, desconhecia eventuais vícios que esta posse 
tinha) tem direito à indenização das benfeitorias necessárias e úteis. Caso não 
indenizadas, o possuidor tem o direito de retenção pelo valor das mesmas, isto 
é, pode reter o bem até que seja indenizado pela benfeitoria feita. Já as 
benfeitorias voluptuárias não serão indenizadas, mas elas poderão ser 
levantadas (isto é, retiradas do bem – a doutrina chama isso de jus tollendi),
desde que não haja danificação da coisa. 
Por outro lado, ao possuidor de má-fé (sabia que aquele bem não era seu; 
conhecia os defeitos de sua posse) serão ressarcidas somente as benfeitorias 
necessárias. Este possuidor não será indenizado pelas benfeitorias úteis e 
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voluptuárias. Além disso, não poderá levantar nenhuma benfeitoria e também 
não terá direito de retenção sobre nenhuma benfeitoria. Nem mesmo sobre as 
necessárias. É o preço que se paga por estar de má-fé. Vejam o quadrinho 
abaixo que retrata bem o que foi dito agora sobre as indenizações das 
benfeitorias.
Benfeitorias Posse de Boa-fé Posse de Má-fé
Necessárias Indeniza Indeniza 
Úteis Indeniza Não indeniza 
Voluptuárias Não indeniza, 
mas podem ser levantadas 
Não indeniza 
É interessante acrescentar que a atual Lei sobre Locações (Lei 8.245/91), 
dispõe:
Art. 35. Salvo expressa disposição contratual em contrário, as benfeitorias 
necessárias introduzidas pelo locatário, ainda que não autorizadas pelo locador, 
bem como as úteis, desde que autorizadas, serão indenizáveis e permitem o 
exercício do direito de retenção. 
Art. 36. As benfeitorias voluptuárias não serão indenizáveis, podendo ser 
levantadas pelo locatário, finda a locação, desde que sua retirada não afete a 
estrutura e a substância do imóvel. 
Cuidado!! Não confundir Acessão artificial com Benfeitoria 
Acessão Artificial  são obras que criam coisa nova, como as 
construções e as plantações (ex: construção de um quarto a mais na 
casa, atelier, plantação de cana ou café, etc.).
Benfeitoria  são obras ou despesas feitas em bem já 
existente, para conservar, melhorar ou embelezar, sem modificar sua 
substância.
Deixam de ser bens acessórios e passam a ser principais os seguintes 
bens:
a) a pintura em relação à tela; 
b) a escultura em relação à matéria-prima; 
c) a escritura ou qualquer trabalho gráfico em relação à matéria-
prima;
d) melhoramentos ou acréscimos sobrevindos sem a intervenção do 
homem (acessões naturais – aluvião, avulsão, etc. – veremos isso 
melhor e outra aula). 
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III – BENS CONSIDERADOS EM RELAÇÃO AO TITULAR DO DOMÍNIO 
Tal classificação se refere aos sujeitos a que pertencem os bens. De 
quem são os bens? Eles podem ser divididos em: 
x BENS PARTICULARES  são os que pertencem às pessoas naturais 
(físicas) ou às pessoas jurídicas de direito privado.
x RES NULLIUS  são coisas de ninguém, coisas sem dono. Ex: animais 
selvagens em liberdade, pérolas no fundo do mar, peixes no mar, conchas 
na praia, tesouros escondidos, etc. As coisas abandonadas (também 
chamadas de res derelictae), são espécies do gênero ‘coisas de ninguém’ 
(ex: jogo fora um par de sapatos que não tem mais serventia). Observe 
que o abandono é ato voluntário e não deve ser confundido com a coisa 
perdida (involuntário), em que a coisa continua a pertencer ao patrimônio 
do titular. 
x BENS PÚBLICOS (res publicae)  são os bens do domínio nacional 
pertencentes às pessoas jurídicas de direito público interno: União, 
Estados,Distrito Federal, Territórios, Municípios, Autarquias, etc. Os bens 
públicos possuem uma classificação legal que veremos adiante.
Observação – atualmente os autores se referem também aos bens 
difusos, sendo seu exemplo típico o meio ambiente, protegido pelo art. 225 da 
Constituição Federal. Essa proteção visa assegurar a sadia qualidade de vida dos 
cidadãos.
Classificação dos Bens Públicos (art. 99 CC) 
A) Uso Comum do Povo – São Destinados à utilização do público em 
geral; podem ser usados sem restrições por todos, sem necessidade de 
permissão especial (ex: praças, jardins, ruas, estradas, mares, rios, praias, 
etc.). Não perdem a característica de uso comum se o Estado regulamentar seu 
uso, ou torná-lo oneroso (ex: pedágio nas rodovias, fechamento de uma praça à 
noite por questão de segurança, etc.).
Curiosidade – o art. 285 da Constituição do Estado de São Paulo prevê: 
“Fica assegurado a todos livre e amplo acesso às praias do litoral paulista. §1º - 
Sempre que, de qualquer forma, for impedido ou dificultado esse acesso, o 
Ministério Público tomará imediata providência para a garantia desse direito”. 
B) Uso Especial – são os imóveis (edifícios ou terrenos) utilizados pelo 
próprio poder público para a execução de serviço público (federal, estadual, 
territorial ou municipal). Exemplos: prefeituras, secretarias, ministérios, prédios 
onde funcionam tribunais, escolas públicas, hospitais públicos, etc. Incluem-se, 
também, as autarquias. Estes bens possuem uma destinação especial. O Direito 
Administrativo se refere a eles como bens públicos afetados. Afetação quer dizer 
que há a imposição de um encargo, um ônus a um bem público. Indica ou 
determina o fim a que ele se destina ou para o qual será destinado.
C) Dominicais (ou dominiais  dominus  relativo ao domínio, senhorio)
– São os bens que constituem o patrimônio disponível da pessoa jurídica de 
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direito público. Abrange os bens móveis e imóveis. Na verdade são os outros 
bens públicos, por exclusão (pois eles não são de uso comum do povo e nem 
têm uma destinação especial). São eles (apenas exemplificativamente):
x terrenos de marinha (e acrescidos)  terrenos banhados por mar, 
lagoas e rios (públicos) onde se faça sentir a influência das marés. Estão 
compreendidos na faixa de 33 metros para dentro da terra medidos à 
linha de preamar média. Pertencem à União. 
x mar territorial  compreende a faixa de 12 milhas marítimas de 
largura, de propriedade da União. Além disso, há a zona econômica 
exclusiva - de 12 a 200 milhas - onde o Brasil tem direitos de soberania 
exclusivos, para fins de exploração econômica, preservação ambiental e 
investigação científica. 
x terras devolutas  são terras que, embora não destinadas a um uso 
público específico, ainda se encontram sob o domínio público. São terras 
não aproveitadas. Como regra pertencem aos Estados, que podem passá-
las aos Municípios; serão da União se indispensáveis à segurança nacional. 
x outros bens considerados dominicais: estradas de ferro (se forem 
públicas, pois algumas são privadas); títulos da dívida pública; ilhas 
formadas em mares territoriais e rios públicos navegáveis; quedas d’água, 
jazidas e minérios; terras indígenas; sítios arqueológicos, etc. 
Costuma-se dizer que os bens públicos de uso comum do povo e os de uso 
especial são bens do ‘domínio público do Estado’. Já os dominicais são do 
‘domínio privado do Estado’. 
Não há um critério rigoroso para se estabelecer qual a classificação exata 
de um bem público. Os exemplos que costumam cair nos exames são os 
previstos no próprio Código Civil. 
Características dos Bens Públicos
x inalienabilidade  os bens públicos não podem ser vendidos, doados 
ou trocados, desde que destinados ao uso comum do povo e uso 
especial, ou seja, enquanto tiverem afetação pública (art. 100 CC). Os 
bens públicos dominicais podem ser alienados, observadas as exigências 
legais. Ex: uma praça pública não poderá ser vendida enquanto tiver esta 
destinação (uso comum do povo). Caso contrário, o Município poderá, por
lei, vender o terreno, desde que o faça em hasta pública ou por meio de 
concorrência administrativa. 
x impenhorabilidade  impede que o bem passe do devedor ao credor 
por força de execução judicial (adjudicação ou arrematação). Também não 
pode recair hipoteca sobre esses bens. 
x imprescritibilidade (usucapião)  a Constituição Federal proíbe a 
aquisição, por usucapião, de bens públicos (confiram os arts. 183, §3° e 
191, parágrafo único da CF). 
x conversão  os bens públicos dominicais podem ser convertidos em 
bens de uso comum ou especial. Por meio da afetação (conceito de 
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Direito Administrativo) o bem passa da categoria de bem do domínio 
privado do Estado para a categoria de bem do domínio público. Já 
desafetação inclui bem de uso comum do povo ou de uso especial na 
categoria de bens dominicais, para possibilitar sua alienação. 
Conferir também: 
x Bens da União – art. 20 da Constituição Federal. 
x Bens dos Estados – art. 26 da Constituição Federal. 
IV – COISAS FORA DO COMÉRCIO 
Este capítulo não consta mais do atual Código Civil. Mas a doutrina ainda 
costuma se referir a ele. Assim, os bens que se acham no comércio podem ser 
alienados e adquiridos livremente. Já os que estão fora do comércio não podem 
ser transferidas de um acervo patrimonial a outro. 
Comércio  sentido técnico = possibilidade de compra e 
venda, doação, ou seja, liberdade de circulação. 
São considerados coisas fora do comércio, os bens: 
x Insuscetíveis de apropriação  são bens de uso inexaurível (ex: ar,
luz solar, água do alto-mar, etc.). São chamados de coisas comuns. 
x Personalíssimos  são os preservados em respeito à dignidade 
humana (ex: vida, honra, liberdade, nome, bem como os órgãos do corpo 
humano, cuja comercialização é expressamente proibida pela lei, etc. 
x Legalmente inalienáveis  apesar de suscetíveis de apropriação, têm 
sua comercialidade excluída pela lei para atender a interesses econômicos-
sociais, defesa social e proteção de certas pessoas. Alguns exemplos: 
a) bens públicos (uso comum do povo e especial – art. 100 CC) 
b) bens das fundações (arts. 62 a 69 CC) 
c) terras ocupadas pelos índios (art. 231, §4º CF) 
d) bens de menores (art. 1.691 do CC) 
e) terreno onde foi construído um edifício de condomínio por andares, 
enquanto persistir o regime condominial (art.1.331, § 2º) 
f) bens de família (*)
g) bens gravados com cláusula de inalienabilidade (*)
Observação – os bens móveis e imóveis tombados, cuja conservação 
seja de interesse público (fatos históricos, valor arqueológico, bibliográfico, 
artístico, etc.), não estão propriamente fora do comércio. Mas a sua 
alienabilidade é restrita, não podendo ser livremente transferidos sem 
autorização; não podem sair do País, nem ser demolidos ou mudados. 
Os bens legalmente inalienáveis poderão ser alienados, com autorização 
judicial, em certas circunstâncias excepcionais.
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(*) Caros alunos. Como vimos, também são exemplos de coisas fora do 
comércio o bem de família e os bens gravados com cláusulas de inalienabilidade.
No entanto, devido a sua importância, destacamos estes itens, aprofundando o 
tema com comentários mais detalhados. Acompanhem: 
BEM DE FAMÍLIA
(arts. 1.711 a 1.722 do CC) 
CONCEITO
Bem de família é um instituto do direito civil pelo qual sevincula o 
destino de um prédio para ser domicílio ou residência de sua família. Originou-
se no direito americano. O governo da então República do Texas, com o objetivo 
de fixar famílias em suas vastas regiões, promulgou um ato em 1.839, 
garantindo a cada cidadão determinada área de terra, isentas de penhora 
(Homestead Exemption Act).
No Brasil, podem os cônjuges ou entidade familiar (famílias legítimas 
ou às uniões estáveis entre homem e mulher), mediante escritura pública ou 
testamento, destinar parte de seu patrimônio (desde que não ultrapasse um 
terço do patrimônio líquido) para instituir o bem de família (voluntário). É 
necessário que seja imóvel residencial (rural ou urbano, com seus acessórios 
e pertenças), não havendo limite de valor. Admite-se que também sejam 
gravados valores mobiliários, cuja renda será aplicada na conservação do imóvel 
e no sustento da família. O Bem de Família é mais uma forma de se proteger a 
família reforçando o art. 6o da Constituição Federal determina que “São direitos 
sociais a educação, a saúde, o trabalho, a moradia, o lazer, a segurança, a 
previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos 
desamparados, na forma desta Constituição”. 
CONSEQÜÊNCIAS 
Com a instituição do bem, o prédio se torna inalienável e 
impenhorável. E o prédio fica isento de execuções por dívidas posteriores à 
instituição, salvo as que provierem de:
x tributos relativos ao prédio (ex: IPTU), ou 
x despesas de condomínio.
Para se constituir um bem de família, é necessária a escritura pública e o 
registro no Registro de Imóveis, além de publicação na imprensa local, para 
ciência de terceiros. 
A condição para que se faça esta instituição é que inexistam ônus 
(dívidas) sobre o imóvel bem como dívidas anteriores. É nula a instituição se for 
feita com fraude contra credores. 
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A duração da instituição é até que ambos os cônjuges faleçam, sendo que, 
se restarem filhos menores de 18 anos, mesmo falecendo os pais, a instituição 
perdura até que todos os filhos atinjam a maioridade. Falecendo um dos 
consortes o imóvel não entrará em inventário e nem será partilhado enquanto 
viver o outro. Se este também falecer, deve-se esperar a maioridade de todos 
os filhos. O prédio entrará em inventário para ser partilhado somente quando a 
cláusula for eliminada. Desta forma, a dissolução da sociedade conjugal 
(separação judicial ou divórcio), por si só, não extingue o bem de família. No 
entanto o art. 1.721 do CC faz a ressalva de que dissolvida a sociedade conjugal 
pela morte de um dos cônjuges, o sobrevivente poderá pedir a extinção do bem 
de família, se for o único bem do casal. 
ALIENAÇÃO 
Somente haverá a alienação (venda, doação, etc.) do bem de família 
instituído quando houver anuência dos dois consortes e de seus filhos, quando 
houver. Havendo a participação de incapazes o Juiz irá designar um curador 
especial e irá consultar o Ministério Público. A cláusula somente poderá ser 
levantada por mandado judicial (mandado de liberação), justificado o motivo
relevante. Se foi solenemente instituído pela família como domicílio desta, não 
pode ter outro destino. 
Se houver menores impúberes a situação ainda fica mais complicada: a 
cláusula não poderá ser eliminada, salvo se houver sub-rogação (substituição 
da coisa; transferência das qualidades de uma coisa para outra) em outro 
imóvel para a moradia da família. 
LEI Nº 8.009/90
Caros Alunos. Não devemos confundir o Bem de Família instituído pelo 
Código Civil com o ‘Bem de Família’ previsto em uma lei especial. É muito 
comum cair questões confundindo estes temas. E também é comum ainda o 
aluno durante o curso fazer confusão entre os dois institutos. Portanto, tomem 
cuidado... Vou reforçar bem este assunto. 
Atualmente a Lei 8.009/90, dispõe sobre a impenhorabilidade (a não 
fala em inalienabilidade) do bem de família, que passou a ser o imóvel 
residencial (rural ou urbano) próprio do casal ou da entidade familiar, 
independente de inscrição no Registro de Imóveis. A impenhorabilidade 
compreende, além do imóvel em si, as construções, plantações, benfeitorias de 
qualquer natureza, equipamentos de uso profissional, ou móveis que guarnecem 
a casa (necessários para uma vida digna, porém sem luxos), ressalvados os 
veículos de transporte, obras de arte e adornos suntuosos. A jurisprudência vem 
admitindo que a impenhorabilidade pode alcançar um imóvel alugado. Exemplo:
um casal possui uma casa grande. No entanto, devido às despesas que desta 
casa, resolvem alugá-la, sendo que com o dinheiro alugam um apartamento 
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pequeno e ainda sobra um “dinheirinho”. Para a jurisprudência mesmo não 
morando na casa, a mesma é impenhorável, pois se trata do único bem 
residencial de propriedade familiar. 
No caso da pessoa não ter imóvel próprio (ex: locação, usufruto), a 
impenhorabilidade recai sobre os bens móveis quitados que guarneçam a 
residência e que sejam da propriedade do locatário. 
 Se o casal ou entidade familiar for possuidor de vários imóveis, a 
impenhorabilidade recairá sobre o de menor valor (salvo se outro tiver sido 
registrado).
Repito – não confundir – bem de família (voluntário ou 
instituído pelo próprio interessado - arts. 1711/1722 do C.Civil) com 
impenhorabilidade do único imóvel do casal (legal ou automático - Lei 
8.009/90). As duas leis convivem normalmente. 
No primeiro caso trata-se afetação de bem imóvel para certa finalidade, 
tornando-o impenhorável (exceto por impostos do próprio imóvel e 
condomínio), bem como inalienável e insuscetível de ser inventariado ou 
partilhado. No segundo caso trata-se de mera impenhorabilidade, não tornando 
o imóvel inalienável e nem isento de inventário e partilha. 
EXCEÇÕES
Vimos que o bem de família do Código Civil só pode ser penhorado em 
duas hipóteses: tributos devidos em relação ao próprio bem imóvel ou 
condomínio. Já os bens de que trata a lei 8.009/90 tem um número maior de 
exceções, ou seja, de hipóteses em que o bem será vendido para pagar a dívida. 
Assim esses bens (da lei 8.009/90), não responderão por dívidas civis, 
mercantis, fiscais trabalhistas, etc., salvo se o processo de execução for movido 
em razão de: 
x crédito de trabalhadores da própria residência (ex: domésticos). 
x execução de hipoteca sobre o imóvel oferecido como garantia. 
x crédito decorrente do financiamento destinado à construção ou à 
aquisição do imóvel. 
x cobrança de impostos (ex: IPTU ou ITR) taxas e contribuições devidas 
em função do imóvel.
x condomínio.
x credor de pensão alimentícia. 
x bem adquirido com produto de crime.
x obrigação decorrente de fiança nos contratos de locação(*). 
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(*) Cuidado com o último exemplo = Fiança nos contratos de locação.
Atualmente, tanto a lei, como a jurisprudência assim dispõem: Se uma pessoa é 
proprietário de um imóvel e quiser alugá-lo vai desejar que o locatário 
(inquilino) apresente um fiador. Este fiador precisa ser proprietário de um bem 
imóvel, para garantir a fiança. Ou seja, se o locatário (inquilino) não pagar o 
aluguel o proprietário (locador) irá acioná-lo. Se este não conseguir pagar, o 
proprietário aciona o fiador e este será responsável pela dívida. Poderá o fiador 
alegar que aquele é o único bem que dispõe e requerer o chamado “bem de 
família” para não pagar a dívida? Resposta: – atualmente (depois de várias idase vindas), não. Ou seja, se uma pessoa se dispuser a ser fiador, neste momento 
está abrindo mão do chamado bem de família. Não poderá invocar esse 
benefício para deixar de pagar a dívida do inquilino. Nos últimos anos essa 
posição já foi alterada diversas vezes. Atualmente é essa a posição que está 
vigorando, inclusive com decisão do Supremo Tribunal Federal (o direito social à 
moradia incluído na EC 26/2000, não se confunde necessariamente com o 
direito de propriedade imobiliária). Assim, tomem muito cuidado, não só com 
questões em concursos, mas também em nosso dia-a-dia. Devemos estar bem 
conscientes de que ao assumirmos o risco de sermos fiador de alguém, estamos 
abrindo mão do bem de família da Lei 8.009/90. Mas é evidente que esta 
situação não se aplica àquele bem de família previsto no Código Civil, pois neste 
caso o bem foi registrado e se tornou inalienável. 
DIFERENÇAS:
1 – Bem de Família (previsto no Código Civil)
a) ato voluntário – deve ser registrado; 
b) deve representar no máximo um terço do patrimônio líquido da pessoa 
que está registrando; 
c) acarreta inalienabilidade e impenhorabilidade do bem; 
d) admitem-se apenas duas exceções: dívidas decorrentes de condomínio 
e as dívidas tributárias que recaem sobre o bem. 
2 – Bem de Família (previsto na Lei 8.009/90) – na verdade não torna a coisa 
propriamente em um “bem de família”; esta coisa fica apenas impenhorável,
ou seja, não pode recair penhora sobre ele. Assim: 
a) uma família que tem um único imóvel para sua residência – este bem, 
de forma automática é considerado bem de família; decorre da lei; 
b) acarreta somente a impenhorabilidade (e não a inalienabilidade, ou seja, 
o bem não pode ser penhorado por terceiros, mas se o proprietário 
quiser, poderá vendê-lo); 
c) possui diversas exceções conforme vimos acima. 
BENS GRAVADOS COM CLÁUSULA DE INALIENABILIDADE 
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São aqueles que se tornam inalienáveis pela vontade humana, por meio 
de uma cláusula temporária ou vitalícia, nos casos previstos em lei, por ato 
inter vivos (ex: doação) ou causa mortis (ex: testamento). Exemplo: um pai, 
percebendo que seu filho irá dilapidar o patrimônio, faz testamento, com essa 
cláusula especial, a fim de que os bens não saiam do patrimônio do filho, 
protegendo esses bens do próprio filho, impedindo que os atos de 
irresponsabilidade ou má administração possam levar o filho à insolvência - 
dívidas superiores aos créditos. O art. 1.911 do CC determina que “a cláusula de 
inalienabilidade, imposta aos bens por ato de liberalidade, implica 
impenhorabilidade e incomunicabilidade”. Atualmente essa cláusula tem valor 
restrito, pois o testador deverá apontar expressamente a justa causa para essa 
sua decisão de tornar o bem inalienável (art. 1.848 CC), ou seja, deverá 
justificar o porquê desta medida. 
Observação:
x Embora o corpo humano esteja fora do comércio, há possibilidade de se 
dispor do próprio corpo para após a morte, de forma gratuita, servir a fins 
científicos ou altruísticos (art. 14 do CC) e de se dispor de órgãos de pessoas 
falecidas para transplantes (Lei nº 9.434/97). 
Vamos agora apresentar o nosso quadro sinótico, que é um resumo
do que foi falado na aula de hoje. Esse resumo tem a função de ajudar o aluno a 
melhor assimilar os conceitos dados em aula e também de facilitar a revisão da 
matéria para estudos futuros. 
QUADRO SINÓTICO 
OBJETO DO DIREITO – DOS BENS 
(arts. 79 a 103 CC) 
I – CONCEITO – são as coisas (materiais ou imateriais) enquanto 
economicamente valoráveis, satisfazendo a necessidade humana.
II – CLASSIFICAÇÃO LEGAL 
1. BENS CONSIDERADOS EM SI MESMOS – arts. 79/91 CC 
a) Imóveis – não podem ser removidos, transportados, de um 
lugar para o outro, sem a sua destruição. Móveis – podem ser 
transportados de um lugar para outro, por força própria 
(semoventes) ou estranha, sem alteração da sua substância. 
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b) Infungíveis – não podem ser substituídos por outros do mesmo 
gênero, qualidade e quantidade. Fungíveis – podem ser 
substituídos por outros do mesmo gênero, qualidade e 
quantidade.
c) Inconsumíveis – proporcionam reiterados usos, permitindo que 
se retire toda a sua utilidade, sem atingir sua integridade. 
Consumíveis – são bens móveis, cujo uso importa na 
destruição imediata da própria coisa. Admitem apenas um uso.
d) Divisíveis – podem ser partidos em porções reais e distintas, 
formando cada qual um todo perfeito. Indivisíveis – não 
podem ser partidos em porções, pois deixariam de formar um 
todo perfeito (por natureza, por determinação legal e pela 
vontade das partes). 
e) Singulares – são os que, embora reunidos, se consideram de 
per si, independentemente dos demais. Coletivos (ou
Universais) – são as coisas que se encerram agregadas em um 
todo. Universalidade de Fato – pluralidade de bens singulares, 
corpóreos e homogêneos, que, pertinentes à mesma pessoa, 
tenham destinação unitária. b) Universalidade de Direito 
pluralidade de bens singulares, corpóreos, dotadas de valor 
econômico.
2. BENS RECIPROCAMENTE CONSIDERADOS – arts. 92/97 CC 
a) Principais – existem por si mesmos. 
b) Acessórios – sua existência depende da existência de outro (regra 
o acessório segue o principal). Espécies: frutos, produtos, 
pertenças, rendimentos. Benfeitorias: necessárias (conservação do 
bem – alicerce da casa), úteis (facilitam o uso - garagem) e 
voluptuárias (embelezamento, comodidade - piscina). 
3. BENS CONSIDERADOS EM RELAÇÃO AO TITULAR DO 
DOMÍNIO – arts. 98/103 CC 
a) Particulares – são os que pertencem às pessoas físicas ou pessoas 
jurídicas de direito privado
b) Res nullius – coisas de ninguém (ex: peixe no fundo do mar, 
coisas abandonadas). 
c) Públicos – uso comum do povo (rios, mares, estradas, ruas, etc.) 
uso especial (hospitais e escolas públicas, secretarias, ministérios, 
etc.) e dominicais (patrimônio disponível das pessoas de direito 
público: terras devolutas e terrenos de marinha). 
Observação – Os bens públicos de uso comum do povo e os de uso 
especial (afetados) são inalienáveis, enquanto conservarem a sua 
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qualificação. Os bens públicos dominicais podem ser alienados, 
observadas as exigências da lei.
4. COISAS FORA DO COMÉRCIO 
a) Insuscetíveis de apropriação – uso inexaurível (ar, luz solar, 
etc.)
b) Personalíssimos – vida, integridade física, honra, liberdade, etc. 
c) Legalmente inalienáveis – bens públicos, das fundações, terras 
indígenas, bem de família e bens gravados com cláusula de 
inalienabilidade.
x Bem de Família – arts. 1.711 a 1.722 CC (voluntário) X Lei 8.009/90 
(Impenhorabilidade do único imóvel – legal) – Não confundir os 
institutos!! Cuidado, também, com a fiança nos contratos de locação 
(aplica-se somente em relação a Lei 8.009/90). 
x Bens gravados com cláusula de inalienabilidade – art. 1.911 CC. 
TESTES
Lembrando que estes testes já caíram em concursos anteriores e têm a 
finalidade de revisar o que foi ministrado hoje, completando a aula. Muitas 
informações relativas à matéria, principalmente algumas situações especiais 
estão nas respostas dos testes. Algumas dúvidas que o aluno ficou em aula 
podem ser esclarecidas com os exercícios. Além disso, o aluno vai “pegando a 
malícia dos testes”; o quê exatamente o examinador quer com tal questão. Daí 
a importância de fazer os testes e ler todas as respostas com atenção.01 – Dadas as seguintes afirmações: 
I – Os bens podem ser classificados doutrinariamente em: considerados em 
si mesmos, reciprocamente considerados, considerados em relação ao 
titular do domínio e coisas fora do comércio. 
II – Os bens considerados em si mesmos possuem uma vasta subdivisão, 
sendo que uma delas é: bens infungíveis ou fungíveis. 
III – Os bens reciprocamente considerados podem ser classificados como 
principais e particulares. 
IV – O direito a autoria de um livro é uma coisa fora do comércio. 
Podemos concluir que SOMENTE estão corretas: 
a) I e III. 
b) II e IV. 
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c) I e II e III. 
d) I, III e IV. 
e) todas estão corretas. 
02 – (T.R.F. – 1a. Região – Analista – Técnico Administrativo – 2006) 
Mário possui direito real sobre imóvel; João direito à sucessão aberta e 
Maria direito pessoal de caráter patrimonial. Neste caso, de acordo com 
o Código Civil brasileiro, os direitos de Mário, João e Maria são 
considerados, para os efeitos legais, respectivamente, bem 
a) imóvel, imóvel e móvel. 
b) móvel, imóvel e imóvel. 
c) imóvel, móvel e imóvel. 
d) imóvel, móvel e móvel. 
e) móvel, móvel e imóvel. 
03 – (T.R.F. – 4a. Região – Analista Judiciário – 2004) Consideram-se, 
dentre outros, bens imóveis para os efeitos legais: 
a) tijolos, azulejos e pisos provenientes da demolição de algum prédio. 
b) telhas provisoriamente retiradas de um prédio para nele se reempregaram. 
c) energias que tenham valor econômico. 
d) direitos pessoais de caráter patrimonial e respectivas ações. 
e) direitos reais sobre objetos móveis e as ações correspondentes. 
04 – (T.R.F. – 1a. Região – Analista Judiciário – 2006) De acordo com a 
classificação dos bens adotada pelo Código Civil brasileiro, é correto 
afirmar que: 
a) os bens naturalmente divisíveis podem tornar-se indivisíveis por 
determinação da lei, mas não por vontade das partes. 
b) o direito à sucessão aberta é considerado bem móvel para os efeitos legais, 
havendo expressa determinação legal neste sentido. 
c) são infungíveis os móveis que podem substituir-se por outros da mesma 
espécie, qualidade e quantidade. 
d) as energias que tenham valor econômico são consideradas bens imóveis 
para os efeitos legais, havendo expressa determinação legal neste sentido. 
e) são singulares os bens que, embora reunidos se consideram de per si,
independentemente dos demais. 
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05 – (T.R.F. – 1a. Região – Analista Judiciário – 2006) De acordo com o 
Código Civil brasileiro, constitui universalidade de fato 
a) a pluralidade de bens singulares que, pertinentes a duas ou mais pessoas, 
tenham destinação unitária. 
b) o complexo de relações jurídicas de uma pessoa, dotadas de valor 
econômico expressivo. 
c) a pluralidade de bens singulares que, pertinentes à mesma pessoa, tenham 
destinação unitária. 
d) o complexo de relações jurídicas, de duas ou mais pessoas, dotadas de 
valor econômico expressivo. 
e) o complexo de relações jurídicas de uma pessoa, dotadas ou não de valor 
econômico.
06 – Em relação aos bens imóveis, assinale a alternativa correta:
a) os frutos pendentes e as árvores não são bens imóveis. 
b) os direitos reais sobre os imóveis não podem ser tidos como imóveis para 
efeitos legais. 
c) o direito à sucessão aberta é considerado como sendo um bem imóvel 
mesmo que os bens deixados pelo de cujus sejam todos bens móveis. 
d) todo bem móvel é fungível. 
e) os direitos autorais são considerados como bens imóveis. 
07 – Não são considerados bens móveis:
a) o direito à sucessão aberta. 
b) as energias que tenham valor econômico. 
c) os materiais destinados a alguma construção, enquanto não forem 
empregados.
d) os direitos pessoais de caráter patrimonial e respectivas ações. 
e) os direitos autorais. 
08 – Marque a alternativa FALSA:
a) a energia eólica que tenha valor econômico, é considerada como um bem 
móvel para efeitos legais. 
b) as características identificadoras dos bens fungíveis são a espécie, a 
qualidade e quantidade. 
c) são divisíveis os bens cujo uso importa destruição imediata da própria 
substância, sendo também considerados tais os destinados à alienação. 
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d) universalidade de direito é o complexo de relações jurídicas, de uma 
pessoa, dotadas de valor econômico. 
e) universalidade de fato é a pluralidade de bens singulares que, pertinentes à 
mesma pessoa, tenham destinação unitária. 
09 – Sobre as pertenças, tendo em vista o Código Civil de 2002, é 
correto afirmar que: 
a) são bens acessórios e por isso sempre seguem a sorte do principal. 
b) constituem parte integrante do bem principal e se destinam ao seu 
aformoseamento.
c) são consideradas benfeitorias úteis, pois ampliam o uso da coisa. 
d) apesar de serem consideradas como bens acessórios, nem sempre seguem 
a sorte do principal. 
e) são bens acessórios e equiparados aos frutos e aos produtos. 
10 – (Analista Judiciário – 4a. Região – 2005) Em razão de obras de 
restauração de uma Igreja, foram cuidadosamente retirados de uma parede os 
azulejos portugueses do século XVIII, pra tratamento da umidade e posterior 
recolocação. Durante as obras, enquanto separados do prédio da Igreja, tais 
azulejos são bens: 
a) móveis, infungíveis e consumíveis. 
b) imóveis, infungíveis e inconsumíveis. 
c) móveis, fungíveis e consumíveis. 
d) imóveis, fungíveis e inconsumíveis. 
e) móveis, fungíveis e inconsumíveis. 
11 – (Tribunal Regional Eleitoral - Analista Judiciário – 2005) Segundo 
classificação adotada pelo Código Civil Brasileiro, o conjunto dos materiais 
resultantes da demolição de uma casa, o direito à sucessão aberta, o saco de 60 
kg de feijão-preto e uma pintura de Leonardo da Vinci, são considerados 
respectivamente:
a) móvel, móvel, consumível e infungível. 
b) móvel, imóvel, infungível e fungível. 
c) imóvel, móvel, fungível e infungível. 
d) móvel, imóvel, fungível e infungível. 
e) imóvel, móvel, consumível e fungível. 
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12 – (Tribunal Regional Eleitoral/São Paulo – Analista Judiciário – 
2006) Com relação à classificação dos bens adotada pelo Código Civil 
Brasileiro, é correto afirmar: 
a) constitui universalidade de fato a pluralidade de bens singulares que, 
pertinente à mesma pessoa, tenham destinação unitária. 
b) consideram-se bens imóveis, para os efeitos legais, os direitos pessoais de 
caráter patrimonial e respectivas ações. 
c) são bens infungíveis os móveis que podem substituir-se por outros da 
mesma espécie, qualidade e quantidade. 
d) consideram-se bens móveis, para os efeitos legais, o direito à sucessão 
aberta, bem como os direitos reais sobre imóveis e as ações que os 
asseguram.
e) são públicos os bens de domínio nacional pertencentes às pessoas jurídicas 
de direito público externo. 
13 – (Ministério Público do Estado de Santa Catarina – 2006) Assinale a 
alternativa correta. De acordo com o Código Civil de 2002, Consideram-
se bens móveis, para efeitos legais: 
a) o direito à sucessão aberta. 
b) as ações assecuratórias de direitos reais sobre imóveis. 
c) materiais provisoriamente separados de um prédio, para nele se 
reempregarem.
d) as edificações que, separadas do solo, mas

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