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Aula-03-54

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Direito Empresarial ± OAB 
Teoria e exercícios comentados 
Prof. Gabriel Rabelo ± Aula 03 
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21.3 DISSOLUÇÃO, LIQUIDAÇÃO E EXTINÇÃO DE ACORDO COM A LEI DAS SOCIEDADES 
POR AÇÕES .................................................................................................................. 59 
22 DIREITO DE RETIRADA ......................................................................................... 62 
23 RESUMO DOS PONTOS ABORDADOS NESTA AULA ................................................... 64 
24 QUESTÕES COMENTADAS ..................................................................................... 70 
25 QUESTÕES COMENTADAS NESTA AULA .................................................................. 87 
26 GABARITO DAS QUESTÕES COMENTADAS NESTA AULA ............................................ 90 
 
1 APRESENTAÇÃO 
 
Olá, meus amigos. Como estão?! É com um imenso prazer que estamos aqui, 
no Estratégia Concursos, para ministrar para vocês mais uma aula da 
disciplina de Direito Empresarial para o Exame da OAB. 
 
Hoje, continuaremos a falar sobre os tipos sociais, encerrando os nossos 
trabalhos sobre o direito societário. 
 
Está ok?! É isso! Vamos começar a nossa batalha?! 
 
Atenção! Excepcionalmente, como as questões que envolvem a Lei 
6.404/76 envolvem vários tópicos ao mesmo tempo, nesta aula, 
apresentaremos todas as questões ao fim da aula. Tudo bem? 
 
Forte abraço! 
 
GABRIEL LO 
 
2 SOCIEDADES POR AÇÕES 
 
As sociedades por ações se subdividem basicamente em sociedades anônimas e 
sociedade em comandita por ações. 
 
A sociedade anônima se sujeita à Lei 6.404/76 - LSA, 
e, em suas omissões, reger-se-á pelo Código Civil de 
2002. As sociedades em comanditas por ações, por 
seu turno, regem-se pelo disposto nos artigos 1.090 
a 1.092 do Código e, em caso de omissão, pela Lei 
das sociedades por ações. 
 
 
 
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Lembre-se, ainda, de que, de acordo com o Código Civil: 
 
Art. 2º. Parágrafo único. Independentemente de seu objeto, considera-se 
empresária a sociedade por ações; e, simples, a cooperativa. 
 
Como dissemos, a sociedade anônima é regida pela LSA. Na sua omissão, 
aplicamos as disposições do Código Civil: 
 
Art. 1.089. A sociedade anônima rege-se por lei especial, aplicando-se-lhe, nos 
casos omissos, as disposições deste Código. 
 
Portanto, em caso de omissões na LSA, procuramos a solução normativa no 
Código Civil. 
 
Trataremos inicialmente das sociedades anônimas. Para efeitos didáticos, 
chamaremos a Lei das Sociedades por Ações simplesmente de LSA. 
 
3 SOCIEDADES ANÔNIMAS 
 
3.1 PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS 
 
3.1.1 SOCIEDADE DE CAPITAL 
 
O primeiro aspecto ressaltado pelo nosso ilustre doutrinador Fábio Ulhoa Coelho 
é que a sociedade anônima é uma sociedade de capital. Isto é, os seus títulos 
de participação societária (ações) são livremente negociáveis. Assim, não se 
pode impedir o ingresso de acionista no quadro societário da SA. 
 
3.1.2 OBJETO E FORMAÇÃO POR ESTATUTO SOCIAL 
 
A sociedade anônima é formada através de um estatuto social, e não por 
contrato social, conforme prescreve o artigo 2º, §2º da LSA. 
 
Art. 2º. § 2º O estatuto social definirá o objeto de modo preciso e completo. 
 
Dada a sua feição, as sociedades anônimas são tipos societários que são 
utilizadas para a exploração de atividades que exijam maior volume de 
recursos. Segundo a própria lei: 
 
Art. 2º Pode ser objeto da companhia qualquer empresa de fim lucrativo, não 
contrário à lei, à ordem pública e aos bons costumes. 
 
§ 1º Qualquer que seja o objeto, a companhia é mercantil e se rege pelas leis e 
usos do comércio. 
 
Ademais, a própria lei prevê que o objeto de uma sociedade anônima poderá 
ser a simples participação em outras sociedades. 
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Art. 2º. § 3º A companhia pode ter por objeto participar de outras sociedades; 
ainda que não prevista no estatuto, a participação é facultada como meio de 
realizar o objeto social, ou para beneficiar-se de incentivos fiscais. 
 
3.1.3 RESPONSABILIDADE DOS ACIONISTAS 
 
Nas sociedades anônimas, a responsabilidade do 
acionista é limitada ao preço de emissão das ações 
que subscrever ou adquirir, enquanto não 
integralizadas (LSA, art. 1.º). 
 
Eis a transcrição do artigo 1º da LSA, indubitavelmente, um dos mais 
importantes para o certame: 
 
Art. 1º A companhia ou sociedade anônima terá o capital dividido em ações, e 
a responsabilidade dos sócios ou acionistas será limitada ao preço de emissão 
das ações subscritas ou adquiridas. 
 
Completando-se a realização de suas ações, não terá o sócio mais 
nenhuma responsabilidDGH�³H[WUD´�SHODV�GtYLGDV�VRFLDLV. Não há que se 
falar, portanto, na responsabilidade solidária dos sócios pela parcela do capital 
não integralizada, tal como estudada nas sociedades limitadas. 
 
4 TIPOS DE SOCIEDADES ANÔNIMAS 
 
Há, basicamente, duas espécies de sociedades anônimas no ordenamento 
pátrio: 
 
a) Companhia aberta (também chamada de empresa de capital aberto), que 
capta recursos junto ao público (mercado de valores mobiliários) e é fiscalizada, 
no Brasil, pela CVM (Comissão de Valores Mobiliários); 
b) Companhia fechada (também chamada de empresa de capital fechado), 
que obtém seus recursos dos próprios acionistas. 
 
Portanto, é esta a diferença essencial entre um e outro tipo de sociedade 
anônima: a admissão para negociação de seus valores mobiliários no mercado 
de valores mobiliários, possível apenas para a companhia aberta. 
 
A Lei 6.404 dispõe neste sentido que: 
 
Art. 4o Para os efeitos desta Lei, a companhia é aberta ou fechada conforme os 
valores mobiliários de sua emissão estejam ou não admitidos à negociação no 
mercado de valores mobiliários. 
 
Mas o que é valor mobiliário? É um título emitido pelas empresas que confere a 
seu proprietário (do título) direitos patrimoniais ou creditícios sobre as mesmas. 
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São, principalmente, os seguintes os valores mobiliários emitidos pelas 
sociedades anônimas: ações, partes beneficiárias, debêntures, bônus de 
subscrição. 
 
Vejam que a classificação se dá com a mera admissão para serem negociados 
no mercado de valores mobiliários. A negociação efetiva, neste caso, é 
irrelevante. 
 
Atenção: não se pode confundir a expressão Mercado de valores 
mobiliários com a Bolsa de valores. 
 
5 MERCADO DE VALORES MOBILIÁRIOS 
 
Dissemos que uma companhia é aberta ou fechada conforme tenha admitida a 
emissão de títulos no mercado de valores mobiliários. Para negociar esses 
títulos no mercado de valores mobiliários, existe um órgão competente para 
proceder à respectiva autorização, qual seja, a Comissão de Valores 
Mobiliários (autarquia federal). A CVM fiscaliza e supervisiona o mercado de 
capitais. 
 
Segundo a LSA: 
 
Art. 4º. § 1o Somente os valores mobiliários de emissão de companhia 
registrada na Comissão de Valores Mobiliários podem ser negociados no 
mercado de valores mobiliários. 
 
Esse mercado de valores é dividido basicamente em: 
 
1. Bolsa de valores: segundo Fábio Ulhoa, é uma entidade privada, resultante 
ou da formação de uma sociedade anônima ± tal como a BM&FBovespa) ouda 
associação de sociedades corretoras, que exerce um serviço público, com 
monopólio territorial. A bolsa só opera com o mercado secundário, isto é, para a 
venda e aquisição de valores mobiliários já existentes. 
2. Mercado de balcão: É toda a operação relativa a valores mobiliários que 
não seja realizada na bolsa de valores. Opera tanto no mercado secundário 
como no primário. Ou seja, podemos nele ter a compra e venda de títulos já 
emitidos anteriormente, como a subscrição de valores mobiliários. 
 
6 NOME EMPRESARIAL 
 
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III - depósito, no Banco do Brasil S/A., ou em outro estabelecimento bancário 
autorizado pela Comissão de Valores Mobiliários, da parte do capital realizado 
em dinheiro. 
 
Do inciso I extrai-se que o número mínimo de sócios para a formação de 
uma sociedade anônima é dois (e não sete, como era previsto à legislação 
anterior). 
 
Das ações subscritas, devemos dar entrada de 10% do valor das que forem 
subscritas em dinheiro, salvo se lei exigir percentual maior. 
 
Esse depósito de entrada deve ser feito em um prazo de 05 dias contado do 
recebimento da quantia, pelo subscritor. Até adquirir personalidade jurídica, a 
sociedade ainda não terá a disposição desse dinheiro (a lei utiliza o termo 
levantar). Se a sociedade não se constituir em 6 meses, o depósito deve ser 
devolvido aos seus subscritores. 
 
Art. 81. O depósito referido no número III do artigo 80 deverá ser feito pelo 
fundador, no prazo de 5 (cinco) dias contados do recebimento das quantias, em 
nome do subscritor e a favor da sociedade em organização, que só poderá 
levantá-lo após haver adquirido personalidade jurídica. 
 
Parágrafo único. Caso a companhia não se constitua dentro de 6 (seis) meses 
da data do depósito, o banco restituirá as quantias depositadas diretamente aos 
subscritores. 
 
 
 
2 ± Modalidades de constituição 
 
As modalidades de constituição podem ser de dois tipos, dependendo ou não do 
apelo feito ao investidor para a consecução de recursos. São elas: 
 
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Art. 94. Nenhuma companhia poderá funcionar sem que sejam arquivados e 
publicados seus atos constitutivos. 
 
Ainda, de acordo com a LSA: 
 
Art. 98. Arquivados os documentos relativos à constituição da companhia, os 
seus administradores providenciarão, nos 30 (trinta) dias subseqüentes, a 
publicação deles, bem como a de certidão do arquivamento, em órgão oficial do 
local de sua sede. 
 
E, também, havendo incorporação de bens ao capital social, deve-se 
providenciar a transferência da titularidade para a companhia, competência 
atribuída aos primeiros administradores da SA. Os bens imóveis devem ser 
transferidos no Registro de Imóveis, mas a incorporação ao capital social 
independe de escritura pública. As marcas, no INPI. 
 
Os primeiros administradores são solidariamente responsáveis perante a 
companhia pelos prejuízos causados pela demora no cumprimento das 
formalidades complementares à sua constituição (LSA, art. 99). 
 
Anote-se que o subscritor pode fazer-se representar na assembleia-geral 
ou na escritura pública por procurador com poderes especais (LSA, art. 
90). 
 
É somente após as providências complementares que podemos dizer 
que a companhia estará regularmente constituída. 
 
Vamos ver como isso cai em prova? 
 
(FCC/Julgador Administrativo Tributário/SEFAZ 
PE/2015) Em relação à constituição da companhia, nas 
sociedades anônimas: 
 
a) o subscritor na constituição só pode comparecer pessoalmente na assembleia 
geral, vedada sua representação por procurador, ainda que com poderes 
especiais, por se tratar de ato personalíssimo. 
b) quando a constituição se der por subscrição pública, haverá necessidade de 
prévio registro da emissão acionária no Banco Central, e a subscrição deverá 
ser efetuada com a intermediação de instituições financeiras ou securitárias. 
c) a constituição por subscrição particular do capital só poderá fazer-se por 
deliberação dos subscritores, exclusivamente em assembleia geral, tendo-se 
por fundadores todos os subscritores que aderirem. 
d) a incorporação de imóveis na constituição, para formação do capital social, 
exige escritura pública. 
e) entre outros requisitos preliminares, a constituição depende da subscrição, 
pelo menos por duas pessoas, de todas as ações em que se divide o capital 
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social fixado no estatuto, bem como da realização, como entrada, de 10%, no 
mínimo, do preço de emissão das ações subscritas em dinheiro. 
 
Comentários: 
 
Façamos comentários rápidos para não nos alongarmos em demasia: 
 
a) Errado. Pode comparecer procurador com poderes especiais. 
b) Errado. O registro é na CVM. 
c) Errado. A subscrição particular é por deliberação dos subscritores em 
assembleia-geral ou escritura pública. 
d) Errado. A incorporação de imóveis ao capital social independe de escritura 
pública. 
e) Correto. 
 
8 CAPITAL SOCIAL DA SA 
 
Capital social é o montante financeiro de propriedade da companhia, relativo à 
soma das contribuições dos acionistas. Não se confunde com patrimônio social 
(este abrange outros recursos, como reservas de lucros, reservas de capital, 
entre outros). A sua principal função (do capital social) é constituir o fundo 
inicial, com o qual se tornará viável o início da vida econômica da sociedade. 
 
Segundo a LSA: 
 
Art. 5º O estatuto da companhia fixará o valor do capital social, expresso em 
moeda nacional. 
 
A expressão monetária do valor do capital social realizado será corrigida 
anualmente (LSA, artigo 167). 
 
O capital social somente pode ser alterado se houver obediência aos preceitos 
da Lei 6.404/76 e do estatuto social. 
 
Art. 7º O capital social poderá ser formado com contribuições em dinheiro ou 
em qualquer espécie de bens suscetíveis de avaliação em dinheiro. 
 
Capital social: dinheiro + quaisquer espécies de bens suscetíveis de 
avaliação em dinheiro. 
 
Esse artigo é clássico em provas. 
 
Se a entrega para o capital social for feita em bens, estes bens precisam passar 
por uma avaliação. De acordo com o artigo 8º da LSA: 
 
Art. 8º A avaliação dos bens será feita por 3 peritos ou por empresa 
especializada, nomeados em assembléia-geral dos subscritores, convocada 
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pela imprensa e presidida por um dos fundadores, instalando-se em primeira 
convocação com a presença de subscritores que representem metade, pelo 
menos, do capital social, e em segunda convocação com qualquer número. 
 
§ 1º Os peritos ou a empresa avaliadora deverão apresentar laudo 
fundamentado, com a indicação dos critérios de avaliação e dos elementos de 
comparação adotados e instruído com os documentos relativos aos bens 
avaliados, e estarão presentes à assembléia que conhecer do laudo, a fim de 
prestarem as informações que lhes forem solicitadas. 
§ 2º Se o subscritor aceitar o valor aprovado pela assembléia, os bens 
incorporar-se-ão ao patrimônio da companhia, competindo aos primeiros 
diretores cumprir as formalidades necessárias à respectiva transmissão. 
§ 3º Se a assembléia não aprovar a avaliação, ou o subscritornão aceitar a 
avaliação aprovada, ficará sem efeito o projeto de constituição da companhia. 
§ 4º Os bens não poderão ser incorporados ao patrimônio da companhia por 
valor acima do que lhes tiver dado o subscritor. 
 
Ok? Até aqui tudo certo? Sim! Integralizou em bem? Avaliação por 3 peritos, 
aprovando o laudo pela assembléia-geral dos subscritores. 
 
 
 
 
Ademais, uma aspecto que pode ser cobrado em prova é a responsabilidade dos 
peritos e do subscritor: 
 
Art. 8. § 6º Os avaliadores e o subscritor responderão perante a companhia, os 
acionistas e terceiros, pelos danos que lhes causarem por culpa ou dolo na 
avaliação dos bens, sem prejuízo da responsabilidade penal em que tenham 
incorrido; no caso de bens em condomínio, a responsabilidade dos subscritores 
é solidária. 
 
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Portanto, os avaliadores e subscritores respondem perante companhia, 
acionistas e terceiros pela avaliação dos bens. 
 
Cabe lembrar que, tal como nas sociedades limitadas, 
não é possível a integralização de capital social nas 
SA´s através da prestação de serviços. 
 
Não é possível integralizar capital nas SAs Æ Prestação de serviço. 
 
Ademais, entregando-se um bem à sociedade, se não houver qualquer 
declaração em sentido contrário, os bens são transferidos a título de 
propriedade. É o que manda o artigo 9º da LSA: 
 
Art. 9º Na falta de declaração expressa em contrário, os bens transferem-se à 
companhia a título de propriedade. 
 
Há, por fim, que se frisar que, transferindo créditos à sociedade, o subscritor é 
responsável pela existência do crédito e pela solvência do devedor. 
 
Se o subscritor incorporar à sociedade imóveis, não é necessária 
escritura pública. Basta a certidão de constituição da sociedade arquivada na 
Junta Comercial. 
 
Art. 89. A incorporação de imóveis para formação do capital social não exige 
escritura pública. 
 
A escritura pública é documento feito em cartório de imóveis, transmitindo a 
propriedade de determinado imóvel. A LSA dispensa a exigência de escritura 
pública para incorporar imóveis. Isso cai! 
 
Segundo a Lei da Registro Público de Empresas Mercantis (8.934/94): 
 
Art. 64. A certidão dos atos de constituição e de alteração de sociedades 
mercantis, passada pelas juntas comerciais em que foram arquivados, será o 
documento hábil para a transferência, por transcrição no registro público 
competente, dos bens com que o subscritor tiver contribuído para a formação 
ou aumento do capital social. 
 
O capital social é dividido, como já falamos, em ações. 
 
Estudemos amiúdes este tipo de valor mobiliário. 
 
9 AÇÕES 
 
Uma pessoa se torna acionista de uma sociedade anônima através de duas 
formas. A primeira é pela subscrição de capital, no momento da criação da 
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sociedade. O segundo é a aquisição de ações no mercado de valores 
mobiliários. 
 
As ações representam uma unidade do capital social da sociedade 
anônima. 
 
O acionista é obrigado a realizar, nas condições previstas no estatuto ou no 
boletim de subscrição, a prestação correspondente às ações subscritas ou 
adquiridas (LSA, art. 106). 
 
Não o fazendo, será o acionista considerado remisso. 
 
Art. 107. Verificada a mora do acionista, a companhia pode, à sua escolha: 
 
I - promover contra o acionista, e os que com ele forem solidariamente 
responsáveis (artigo 108), processo de execução para cobrar as importâncias 
devidas, servindo o boletim de subscrição e o aviso de chamada como título 
extrajudicial nos termos do Código de Processo Civil; ou 
II - mandar vender as ações em bolsa de valores, por conta e risco do 
acionista. 
 
Se houver alienação de ações, os alienantes continuam responsáveis pelas 
prestações que faltarem para adimplir sua obrigação, pelo prazo de dois anos 
(LSA, art. 108, caput e parágrafo único). 
 
Lembre-se, igualmente, de que a responsabilidade dos acionistas está limitada 
ao valor de emissão das ações. 
 
Art. 1º A companhia ou sociedade anônima terá o capital dividido em ações, e 
a responsabilidade dos sócios ou acionistas será limitada ao preço de emissão 
das ações subscritas ou adquiridas. 
 
Temos, então, de discernir o conceito de valor de emissão de outros valores 
congêneres. 
 
- Valor nominal: O valor nominal de uma ação é o valor que é mencionado no 
estatuto social da empresa e que determina o valor de uma ação representativa 
de seu capital. É importante lembrar que o valor nominal é uma medida 
puramente contábil/empresarial e, portanto, nada tem a ver com o valor de 
mercado de uma ação, ou seja, o preço que os investidores pagam para 
comprá-la na bolsa de valores. Assim, se uma S.A tem capital social de R$ 10 
milhões, dividido em 5 milhões de ações, cada uma terá valor nominal de R$ 
2,00. Todavia, o valor de mercado pode ser de R$ 15 milhões. 
 
O artigo 11 da LSA dispõe que o estatuto fixará o número das ações em 
que se divide o capital social e estabelecerá se as ações terão, ou não, 
valor nominal. Veja que é facultado atribuir-se valor nominal às ações. 
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Valor de emissão Valor pelo qual a ação é emitida. Valor nominal ou maior 
 
10 CLASSIFICAÇÃO DAS AÇÕES 
 
As ações classificam-se conforme espécie, classe e forma. 
 
10.1 CLASSIFICAÇÃO QUANTO À ESPÉCIE 
 
Quanto à espécie, as ações podem ser: 
 
a) Ordinárias: São as que conferem os direitos comuns de sócio sem 
restrições ou privilégios, em que normalmente se divide o capital social. Toda e 
qualquer sociedade anônima conterá ações desta espécie, já que dela 
decorrem apenas direitos comuns, ordinários, a seus acionistas. O 
direito a voto é inerente às ações ordinárias. 
 
b) Preferenciais: São aquelas que dão aos seus titulares algum privilégio ou 
preferência, como, por exemplo, a prioridade da distribuição dos dividendos em 
montante superior ao que foi atribuído às ordinárias, fixação de dividendos 
mínimos ou cumulativos, prioridade de reembolso em caso de liquidação, com 
prêmio ou sem ele, etc. mas podem ser privadas de alguns direitos, tais 
como o voto. Observe-se, porém, que as ações preferenciais podem ou 
não ter direito a voto. Na prática, esse direito é quase sempre limitado. 
 
Entre os benefícios que os preferencialistas podem obter, a LSA arrola: 
 
Art. 17. As preferências ou vantagens das ações preferenciais podem consistir: 
 
I - em prioridade na distribuição de dividendo, fixo ou mínimo; 
II - em prioridade no reembolso do capital, com prêmio ou sem ele; ou 
III - na acumulação das preferências e vantagens de que tratam os incisos I e 
II. 
 
 
A preferência pode ser a combinação de ambas também. 
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Ressalte-se que a LSA salienta que o número de ações preferenciais sem 
direito a voto, ou sujeitas a restrição no exercício desse direito, não 
pode ultrapassar 50% do total das ações emitidas (LSA, art. 15, §2º). 
 
Portanto. Por exemplo. A companhia ALFA tem 100.000 ações emitidas. O 
número máximo de ações preferenciais poderá ser de 50.000. 
 
Em essência, as ações preferenciais podem ser divididas de acordo com o 
conjunto de direitos e obrigaçõesque conferem a seus titulares. 
 
As ações ordinárias não poderiam, em princípio, ser divididas, já que conferem 
tão-somente direitos comuns aos seus proprietários. Contudo, a LSA prevê que: 
 
Art. 16. As ações ordinárias de companhia fechada poderão ser de classes 
diversas, em função de: 
 
I - conversibilidade em ações preferenciais; 
II - exigência de nacionalidade brasileira do acionista; ou 
III - direito de voto em separado para o preenchimento de determinados cargos 
de órgãos administrativos. 
 
 
 
Vejam que esta possibilidade está presente apenas nas companhias 
fechadas. Para as companhias abertas é proibida a divisão das ações 
ordinárias em classes. Este é o teor do artigo 15, §1 da LSA. 
 
Art. 15. § 1º As ações ordinárias da companhia fechada e as ações preferenciais 
da companhia aberta e fechada poderão ser de uma ou mais classes. 
 
c) Fruição: Segundo a doutrina de Rubens Requião, as ações de fruição 
resultam da amortização das ações comuns ou preferenciais. O artigo 44, 
parágrafo 5º, da Lei das S/A, estabelece que as ações integralmente 
amortizadas poderão ser substituídas por ações de fruição, com as restrições 
fixadas no estatuto da sociedade ou pela assembléia geral que poderá deliberar 
sobre a amortização. 
 
Segundo a LSA: 
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Por fim, sobre as ações nominativas, cabe dizer que segundo a lei: 
 
Art. 36. O estatuto da companhia fechada pode impor limitações à circulação 
das ações nominativas, contanto que regule minuciosamente tais limitações e 
não impeça a negociação, nem sujeite o acionista ao arbítrio dos órgãos de 
administração da companhia ou da maioria dos acionistas. 
 
Um exemplo clássico dessas limitações estabelecidas é o direito de preferência 
da compra de ações aos acionistas anteriores. 
 
b) Ações escriturais: As ações escriturais, por seu turno, são mantidas em 
contas de depósito em nome do titular, com a devida autorização do estatuto 
ou sua determinação. A sua circulação se dá por lançamento no registro da 
instituição financeira depositária. 
 
Art. 34. O estatuto da companhia pode autorizar ou estabelecer que todas as 
ações da companhia, ou uma ou mais classes delas, sejam mantidas em contas 
de depósito, em nome de seus titulares, na instituição que designar, sem 
emissão de certificados. 
 
§ 2o Somente as instituições financeiras autorizadas pela Comissão de Valores 
Mobiliários podem manter serviços de escrituração de ações e de outros valores 
mobiliários. (Redação dada pela Lei nº 12.810, de 2013). 
 
Art. 35. A propriedade da ação escritural presume-se pelo registro na conta de 
depósito das ações, aberta em nome do acionista nos livros da instituição 
depositária. 
 
§ 1º A transferência da ação escritural opera-se pelo lançamento efetuado pela 
instituição depositária em seus livros, a débito da conta de ações do alienante e 
a crédito da conta de ações do adquirente, à vista de ordem escrita do 
alienante, ou de autorização ou ordem judicial, em documento hábil que ficará 
em poder da instituição. 
 
Vejam como isso cai em prova! 
 
 
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(FGV/Direito Empresarial OAB/XXI Exame) Bernardino adquiriu de Lorena 
ações preferenciais escriturais da companhia Campos Logística S/A e recebeu 
do(a) advogado(a) orientação de como se dará a formalização da transferência 
da propriedade. A resposta do(a) advogado(a) é a de que a transferência das 
ações se opera 
 
A) pelo extrato a ser fornecido pela instituição custodiante, na qualidade de 
proprietária fiduciária das ações. 
B) pela inscrição do nome de Bernardino no livro de Registro de Ações 
Nominativas em poder da companhia. 
C) pelo lançamento efetuado pela instituição depositária em seus livros, a 
débito da conta de ações de Lorena e a crédito da conta de ações de 
Bernardino. 
D) por termo lavrado no livro de Transferência de Ações Nominativas, datado e 
assinado por Lorena e por Bernardino ou por seus legítimos representantes. 
 
Comentários: 
 
Segundo a Lei 6.404: 
 
Art. 35. A propriedade da ação escritural presume-se pelo registro na conta de 
depósito das ações, aberta em nome do acionista nos livros da instituição 
depositária. 
 
§ 1º A transferência da ação escritural opera-se pelo lançamento 
efetuado pela instituição depositária em seus livros, a débito da conta 
de ações do alienante e a crédito da conta de ações do adquirente, à 
vista de ordem escrita do alienante, ou de autorização ou ordem 
judicial, em documento hábil que ficará em poder da instituição. 
 
Gabarito Æ C. 
 
 
 
11 DIREITOS ESSENCIAIS DOS ACIONISTAS 
 
Existe na Lei das sociedades por ações um capítulo que denominamos de 
direitos essenciais dos acionistas. Arrolemo-los: 
 
Art. 109. Nem o estatuto social nem a assembléia-geral poderão privar o 
acionista dos direitos de: 
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I - participar dos lucros sociais; 
II - participar do acervo da companhia, em caso de liquidação; 
III - fiscalizar, na forma prevista nesta Lei, a gestão dos negócios sociais; 
IV - preferência para a subscrição de ações, partes beneficiárias conversíveis 
em ações, debêntures conversíveis em ações e bônus de subscrição, observado 
o disposto nos artigos 171 e 172; 
V - retirar-se da sociedade nos casos previstos nesta Lei. 
 
 
 
11.1 DIREITO DE VOTO 
 
Pois bem, pergunto: o voto consta entre os direitos essenciais supracitados? 
Não! Logo, grave-se: o voto não faz parte desses direitos garantidos 
amplamente aos acionistas. Este é um primeiro ponto que pode ser cobrado 
em prova. 
 
Assim, nem todas as ações dão direito a voto. As ações ordinárias conferem 
aos titulares o direito a voto. As ações preferenciais podem não conferir direito 
a voto. 
 
Segundo a LSA: 
 
Art. 110. A cada ação ordinária corresponde 1 (um) voto nas deliberações da 
assembléia-geral. 
 
Contudo, pode o estatuto estabelecer limite ao número de votos de cada 
um dos acionistas. 
 
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Art. 111. O estatuto poderá deixar de conferir às ações preferenciais algum ou 
alguns dos direitos reconhecidos às ações ordinárias, inclusive o de voto, ou 
conferi-lo com restrições, observado o disposto no artigo 109. 
 
Indo mais além, a LSA, art. 110, §2º, estabelece que é vedado atribuir voto 
plural a qualquer classe de ações. Por voto plural, entenda-se atribuir mais de 
um voto a uma mesma ação. Assim, haveria voto plural se eu, Gabriel Rabelo, 
acionista ordinário da Petrobrás, com uma única ação ordinária da sociedade, 
tivesse a possibilidade de votar duas ou mais vezes matéria em pauta. 
 
 
Distinga-se, entretanto, o voto plural do voto múltiplo. 
 
O voto múltiplo verifica-se na eleição de membros do denominado 
Conselho de Administração, que cuida da gestão dos negócios da 
Sociedade Anônima. 
 
Voto plural! Vedado. 
Voto múltiplo! Permitido. 
 
Adota-se o voto múltiplo para a eleição dos membros deste conselho um dos 
seguintes tipos de votação: 
 
a) majoritária: onde existem votações separadas para cada cargo do 
Conselho. Assim, se houver votação para eleição de 3 membros, o titular de 
uma ação votará trêsvezes; 
b) proporcional: é feita uma única eleição para todos os cargos. 
 
Fábio Ulhoa Coelho ilustra brilhantemente a situação com um exemplo prático. 
Vejamos: 
 
³&RQVLGHUH-se que o capital votante de uma SA é distribuído entre dois 
acionista, Antonio, com 60% e Benedito, com 40%, e que o conselho, composto 
por cinco membros, está sendo totalmente renovado. Se adotada a votação 
majoritária, Antonio deposita todos os seus votos nas cinco pessoas de sua 
confiança (na chapa ou nas candidaturas isoladas), e ganha a eleição porque 
tem mais votos que Benedito. Por outro lado, adotada a votação proporcional, a 
tendência será a Antonio eleger trêV��H�%HQHGLWR�GRLV�PHPEURV�GR�&RQVHOKR´�� 
 
O voto múltiplo está previsto no artigo 141 da Lei das Sociedades por Ações ± 
LSA, cuja redação se segue: 
 
Art. 141. Na eleição dos conselheiros, é facultado aos acionistas que 
representem, no mínimo, 0,1 (um décimo) do capital social com direito a voto, 
esteja ou não previsto no estatuto, requerer a adoção do processo de voto 
múltiplo, atribuindo-se a cada ação tantos votos quantos sejam os membros 
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do conselho, e reconhecido ao acionista o direito de cumular os votos num só 
candidato ou distribuí-los entre vários. 
 
Assim, no voto múltiplo cada ação com direito a voto corresponde a tantos 
votos quantos forem os membros a serem eleitos para o conselho de 
administração. 
 
No processo, ainda é facultado ao acionista votante o direito de cumular os 
votos num só candidato ou distribuí-los entre vários, como bem frisou o excerto 
final da questão. Entenderam? 
 
Gravem: Voto plural proibido. 
 Voto múltiplo Æ válido. 
 
12 ACIONISTA CONTROLADOR 
 
Segundo a LSA: 
 
Art. 116. Entende-se por acionista controlador a pessoa, natural ou jurídica, ou 
o grupo de pessoas vinculadas por acordo de voto, ou sob controle comum, 
que: 
 
a) é titular de direitos de sócio que lhe assegurem, de modo permanente, a 
maioria dos votos nas deliberações da assembléia-geral e o poder de eleger a 
maioria dos administradores da companhia; e 
b) usa efetivamente seu poder para dirigir as atividades sociais e orientar o 
funcionamento dos órgãos da companhia. 
 
Parágrafo único. O acionista controlador deve usar o poder com o fim de fazer a 
companhia realizar o seu objeto e cumprir sua função social, e tem deveres e 
responsabilidades para com os demais acionistas da empresa, os que nela 
trabalham e para com a comunidade em que atua, cujos direitos e interesses 
deve lealmente respeitar e atender. 
 
O artigo 243 reforça o citado conceito de controle. Senão vejamos. 
 
Art. 243. § 2º Considera-se controlada a sociedade na qual a controladora, 
diretamente ou através de outras controladas, é titular de direitos de sócio que 
lhe assegurem, de modo permanente, preponderância nas deliberações sociais 
e o poder de eleger a maioria dos administradores. 
 
Em lição comezinha, controlador é o acionista que efetivamente tem o poder de 
controle da companhia, no cotidiano, determinando os rumos dos negócios 
empresariais. 
 
O artigo 116 assevera que o acionista controlador pode ser: 
 
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- Pessoa natural. 
- Pessoa jurídica. 
- Grupo de pessoas vinculadas por acordo de voto ou sob controle comum. 
 
Vejam que a lei em momento algum fala que o controle se materializa pela 
aquisição de 50% + 1 ação das existentes, pois as ações existentes englobam 
ações ordinárias e preferenciais. Essa questão é recorrente em concursos e 
deve ser tida como incorreta, pois o artigo 116 estabelece duas possibilidades: 
 
1) Titular de direitos que assegurem de modo permanente a maioria dos votos 
(ações ordinárias) nas deliberações da assembleia geral e o poder de eleger a 
maioria dos administradores. 
2) Usar efetivamente o seu poder para dirigir as atividades sociais e orientar o 
funcionamento da companhia. 
 
O acionista controlador deve usar o poder com o fim de fazer a companhia 
realizar o seu objeto e cumprir sua função social, e tem deveres e 
responsabilidades para com os demais acionistas da empresa, os que nela 
trabalham e para com a comunidade em que atua, cujos direitos e interesses 
deve lealmente respeitar e atender (LSA, art. 116, parágrafo único). 
 
E mais. Não podendo agir a seu bel-prazer, o acionista controlador responde 
pelos danos causados por atos praticados com abuso de poder (LSA, art. 117). 
 
Art. 117. O acionista controlador responde pelos danos causados por atos 
praticados com abuso de poder. 
 
13 ACORDO DE ACIONISTAS OU CONTRATO PARASSOCIAL 
 
O acordo de acionistas ou contrato parassocial está previsto no artigo 118 da 
LSA, que prescreve: 
 
Art. 118. Os acordos de acionistas, sobre a compra e venda de suas ações, 
preferência para adquiri-las, exercício do direito a voto, ou do poder de controle 
deverão ser observados pela companhia quando arquivados na sua sede. 
 
Assim, vê-se que, com fulcro no texto legal supracitado, o acordo de acionistas 
pode versar sobre: 
 
 
 
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Assinale-se que o artigo acima impõe que o acordo entre os acionistas, se 
houver celebrado conforme os ritos legais e arquivado na sede da sociedade, 
é de observância obrigatória para a sociedade. 
 
Perante terceiros eles também poderão ter caráter obrigatório, desde 
que haja registro, averbação, no órgão público competente (LSA, art. 
118, parágrafo primeiro). 
 
 
 
Sobre outros assuntos também podem versar os acordos de acionistas desde 
que não sejam contrários à lei, à ordem pública e aos bons costumes, nem 
prejudiquem os direitos essenciais dos demais acionistas. 
 
O presidente da assembléia ou do órgão colegiado de deliberação da companhia 
não computará o voto proferido com infração de acordo de acionistas 
devidamente arquivado (LSA, art. 118, §8º). 
 
Vamos ver essa situação, na prática, com um tópico cobrado em certame pela 
FCC, como se vê a seguir: 
 
(FCC/Procurador RR/2006) Alberto, Bartolomeu e César são acionistas da 
ABC S.A., detendo respectivamente 40%, 40% e 20% das ações, todas 
ordinárias. Alberto e Bartolomeu celebraram acordo de acionistas, pelo qual se 
comprometeram a eleger Alberto Diretor-Presidente da companhia, na próxima 
assembléia geral ordinária. O acordo foi arquivado na sede da companhia. 
Durante a assembléia, Bartolomeu mudou de idéia e resolveu apoiar César para 
o cargo, contra Alberto. A solução que atende aos imediatos interesses de 
Alberto, para ser eleito Diretor-Presidente na própria assembléia, é pedir à 
mesa da assembléia geral que desconsidere o voto de Bartolomeu, por estar em 
desconformidade com o acordo de acionistas. 
 
O item acima está correto. O que ocorreu no exemplo acima foi o denominado 
acordo para voto em bloco, certamente lícito entre os acionistas. Ocorre que, 
com o arquivamento (vejam a distinção), este passa a ser vinculante para a 
companhia. 
 
No mesmo sentido, o diretor presidente não poderá computar o voto proferido 
com infração de acordo de acionistas devidamente arquivado. 
 
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14.3 DEBÊNTURES 
 
Debênture é um título decrédito representativo de ³empréstimo´ que uma 
companhia faz junto a terceiros e que assegura a seus detentores direito contra 
a emissora, nas condições constantes da escritura de emissão. 
 
Art. 52. A companhia poderá emitir debêntures que conferirão aos seus 
titulares direito de crédito contra ela, nas condições constantes da escritura de 
emissão e, se houver, do certificado. 
 
São estranhas ao capital social. A debênture poderá assegurar ao seu titular 
juros, fixos ou variáveis, participação no lucro da companhia e prêmio de 
reembolso (LSA, art. 56). 
 
Ou seja, caso você empreste dinheiro a uma companhia, poderá receber: 
 
- Juros, fixou ou variáveis. 
- Participação no lucro existente. 
- Prêmio (ou seja, um bônus) por ter emprestado dinheiro para a sociedade. 
 
Art. 53. A companhia poderá efetuar mais de uma emissão de debêntures, e 
cada emissão pode ser dividida em séries. 
 
Parágrafo único. As debêntures da mesma série terão igual valor nominal e 
conferirão a seus titulares os mesmos direitos. 
 
A debênture poderá ser conversível em ações nas condições constantes 
da escritura de emissão (LSA, art. 57). 
 
A deliberação sobre emissão de debêntures é da competência privativa da 
assembléia-geral (LSA, art. 59). Contudo, na companhia aberta, o conselho de 
administração pode deliberar sobre a emissão de debêntures não conversíveis 
em ações, salvo disposição estatutária em contrário (LSA, art. 59, parágrafo 
primeiro). 
 
15 ADMINISTRADORES DA SOCIEDADE ANÔNIMA 
 
São administradores da companhia os diretores e os conselheiros de 
administração (os últimos, se houver CA). 
 
Art. 153. O administrador da companhia deve empregar, no exercício de suas 
funções, o cuidado e diligência que todo homem ativo e probo costuma 
empregar na administração dos seus próprios negócios. 
 
Art. 154. O administrador deve exercer as atribuições que a lei e o estatuto lhe 
conferem para lograr os fins e no interesse da companhia, satisfeitas as 
exigências do bem público e da função social da empresa. 
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Art. 155. O administrador deve servir com lealdade à companhia e manter 
reserva sobre os seus negócios. 
 
Os administradores nas sociedades anônimas somente podem ser 
pessoas físicas. 
 
Art. 152. A assembléia-geral fixará o montante global ou individual da 
remuneração dos administradores, inclusive benefícios de qualquer natureza e 
verbas de representação, tendo em conta suas responsabilidades, o tempo 
dedicado às suas funções, sua competência e reputação profissional e o valor 
dos seus serviços no mercado. 
 
Falemos agora sobre a responsabilidade destes administradores. 
 
Como é de se concluir, o administrador não é pessoalmente responsável 
pelas obrigações que contrair em nome da sociedade e em virtude de 
ato regular de gestão (LSA, art. 158). 
 
Todavia, os administradores respondem civilmente pelos prejuízos que 
causarem quando procederem: 
 
I ± Dentro de suas atribuições ou poderes, com culpa ou dolo; 
II ± Com violação da lei ou estatuto. 
 
 
 
Esse item foi cobrado na prova de Procurador da AGU, em 2012, com a 
seguinte assertiva (item correto): O administrador de sociedade empresária não 
responde pessoalmente pelas obrigações que contrair em nome da sociedade 
por atos regulares de gestão, estando, contudo, obrigado pessoalmente e 
solidariamente a reparar o dano, por ato ilícito se, no âmbito de suas 
atribuições e poderes, agir de forma culposa. 
 
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Também, em regra, o administrador não é responsável por atos ilícitos 
de outros administradores, salvo se com eles for conivente, se 
negligenciar em descobri-los ou se, deles tendo conhecimento, deixar 
de agir para impedir a sua prática (LSA, art. 158, §1º). 
 
Todavia, quando estivermos falando sobre decisões colegiadas, mesmo que 
determinado administrador tenha votado contra ato ilícito poderá ser 
UHVSRQVDELOL]DGR��3DUD�TXH�WDO�SUHMXt]R�VHMD�HYLWDGR��GLVS}H�D�/6$�TXH�³([LPH-
se de responsabilidade o administrador dissidente que faça consignar sua 
divergência em ata de reunião do órgão de administração ou, não sendo 
possível, dela dê ciência imediata e por escrito ao órgão da administração, no 
conselho fiscal, se em funcionamento, ou à assembléia-JHUDO�´� �/6$��DUW�������
§1º). 
 
Os administradores são solidariamente responsáveis pelos prejuízos causados 
em virtude do não cumprimento dos deveres impostos por lei para assegurar o 
funcionamento normal da companhia, ainda que, pelo estatuto, tais deveres 
não caibam a todos eles. 
 
A própria lei (art. 158, §3º e 4º), contudo, restringe essa responsabilidade às 
companhias fechadas. 
 
Nas cias abertas a responsabilidade solidária ficará restrita aos administradores 
que, por disposição do estatuto, tenham atribuição específica de dar 
cumprimento àqueles deveres, salvo se administrador tiver conhecimento do 
descumprimento desses deveres por seu antecessor (a lei usa o termo 
predecessor), ou pelo administrador que tenha a atribuição específica de dar-
lhes cumprimento, e deixe de comunicar o fato à Assembléia Geral. 
 
Compete à companhia, mediante prévia deliberação da assembléia-geral, 
a ação de responsabilidade civil contra o administrador, pelos prejuízos 
causados ao seu patrimônio (LSA, art. 159). Se a Assembléia deliberar não 
propor a ação, poderá fazê-lo os acionistas que representem 5% do capital 
social. 
 
Contudo, qualquer acionista poderá promover a ação, se não for proposta no 
prazo de 3 (três) meses da deliberação da assembléia-geral (LSA, art. 159, 
§3º). 
 
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16 ÓRGÃOS DA SOCIEDADE ANÔNIMA 
 
Falaremos um poucos sobre os órgãos que integram as SAs. 
 
São órgãos da companhia previstos na Lei 6.404/1976: a Assembleia Geral, o 
Conselho de Administração, a Diretoria e o Conselho Fiscal. 
 
Órgãos das sociedades anônimas 
 
- Assembléia-Geral; 
- Conselho de Administração; 
- Diretoria; 
- Conselho Fiscal. 
 
Inicialmente, vale ressaltar que a LSA não trouxe um rol taxativo de órgãos 
a serem instituídos, conforme se depreende da leitura do art. 160, que 
transcrevemos: 
 
Art. 160. As normas desta Seção aplicam-se aos membros de quaisquer 
órgãos, criados pelo estatuto, com funções técnicas ou destinados a 
aconselhar os administradores. 
 
Esse assunto já foi explorado pela FGV ± Fiscal de Rendas/RJ com o seguinte 
aspecto (item incorreto): é vedada a criação de qualquer outro órgão da 
sociedade ou comitê, ainda que com funções meramente consultivas, diferente 
dos órgãos previstos em lei, isto é, Conselho de Administração e Diretoria. 
 
16.1 ASSEMBLÉIA GERAL 
 
16.1.1 ASSEMBLÉIA GERAL ORDINÁRIA 
 
A assembléia geral é o órgão máximo de deliberação dentro da 
sociedade anônima. O CESPE assim perguntou em um concurso pela banca 
realizado: 
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Cuidado para a prova! Somente estes temas nela poderão ser tratados. 
Outros assuntos (como cisão, fusão, mudança de objeto da companhia, redução 
de dividendos, criação de partes beneficiária, e outros previstos no artigo 136) 
devem ser discutidos em assembléia geral extraordinária,convocada para 
este fim. 
 
16.1.2 ASSEMBLÉIA GERAL EXTRAORDINÁRIA 
 
A Assembleia Geral Extraordinária ocorre nos demais casos em que se faça 
necessária a deliberação por Assembléia, como os do artigo 122, uma vez que 
as competências da Assembléia são indelegáveis. 
 
Essa história de ficar decorando artigos para a prova é triste, mas temos de dar 
uma olhada neste rol: 
 
Art. 122. Compete privativamente à assembléia-geral: 
 
I - reformar o estatuto social; 
II - eleger ou destituir, a qualquer tempo, os administradores e fiscais da 
companhia, ressalvado o disposto no inciso II do art. 142; 
III - tomar, anualmente, as contas dos administradores e deliberar sobre as 
demonstrações financeiras por eles apresentadas; 
IV - autorizar a emissão de debêntures, ressalvado o disposto no § 1o do art. 
59; 
V - suspender o exercício dos direitos do acionista; 
VI - deliberar sobre a avaliação de bens com que o acionista concorrer para a 
formação do capital social; 
VII - autorizar a emissão de partes beneficiárias; 
VIII - deliberar sobre transformação, fusão, incorporação e cisão da companhia, 
sua dissolução e liquidação, eleger e destituir liquidantes e julgar-lhes as 
contas; e 
IX - autorizar os administradores a confessar falência e pedir concordata. 
 
A Assembléia Geral em regra é convocada pelo Conselho de Administração ± 
CA - ou pela diretoria, se não houver CA, conforme preleciona o artigo 123 da 
LSA. 
 
Art. 123. Compete ao conselho de administração, se houver, ou aos diretores, 
observado o disposto no estatuto, convocar a assembléia-geral. 
 
Contudo, a própria lei estabelece outros legitimados para a convocação da 
Assembléia-Geral, senão vejamos: 
 
Legitimados excepcionais para convocação da assembléia-geral 
 
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1) Conselho Fiscal: se os administradores retardarem por mais de um mês a 
convocação da Assembléia Geral Ordinária, ou, também, nos casos graves e 
urgentes, a convocação da Assembléia Geral Extraordinária; 
2) Qualquer acionista: Se os administradores retardarem, por mais de 60 
dias, a convocação da Assembléia Geral nos casos previstos em lei ou no 
estatuto; 
3) Acionistas que representem 5%, no mínimo, do capital social: quando 
os administradores não atenderem, em oito dias, a pedido de convocação que 
apresentarem, devidamente fundamentado, com indicação das matérias a 
serem tratadas; 
4) Acionistas que representem 5%, no mínimo, do capital votante, ou 
5%, no mínimo, dos acionistas sem direito a voto: Se os administradores 
não atenderem, no prazo de oito dias, a pedido de convocação de Assembléia 
para instalação do Conselho Fiscal. 
 
 
 
 
 
 
Em suma, devemos levar essencialmente o seguinte: a assembléia geral é, 
em regra, convocada pelo conselho de administração. Se não existir CA, 
far-se-á a convocação pela diretoria, sem prejuízo de outros legitimados para a 
convocação em hipóteses especiais previstas no art. 123, parágrafo único da 
LSA. 
 
A convocação far-se-á mediante anúncio publicado por 3 vezes, no mínimo, 
contendo, além do local, data e hora da assembléia, a ordem do dia, e, no caso 
de reforma do estatuto, a indicação da matéria (LSA, art. 124). 
 
A primeira convocação da assembléia-geral deverá ser feita: 
 
I - na companhia fechada, com 8 (oito) dias de antecedência, no mínimo, 
contado o prazo da publicação do primeiro anúncio; não se realizando a 
assembléia, será publicado novo anúncio, de segunda convocação, com 
antecedência mínima de 5 (cinco) dias; 
II - na companhia aberta, o prazo de antecedência da primeira convocação será 
de 15 (quinze) dias e o da segunda convocação de 8 (oito) dias. 
 
Salvo motivo de força maior, a assembléia-geral realizar-se-á no edifício onde a 
companhia tiver a sede; quando houver de efetuar-se em outro, os anúncios 
indicarão, com clareza, o lugar da reunião, que em nenhum caso poderá 
realizar-se fora da localidade da sede. 
 
E, independentemente de qualquer formalidade, será considerada regular a 
assembléia-geral a que comparecerem todos os acionistas. 
 
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Ressalvadas as exceções previstas em lei, a assembléia-geral instalar-se-á, em 
primeira convocação, com a presença de acionistas que representem, no 
mínimo, 1/4 (um quarto) do capital social com direito de voto; em segunda 
convocação instalar-se-á com qualquer número (LSA, art. 125). 
 
Pessoal, dissemos que a assembléia pode ser composto por acionistas com ou 
sem direito a voto, certo? Certo! Mas por que motivo acionistas sem direito a 
voto poderiam a assembléia? Pois bem, segunda a LSA: 
 
Art. 125. Parágrafo único. Os acionistas sem direito de voto podem comparecer 
à assembléia-geral e discutir a matéria submetida à deliberação. 
 
Outra questão importante é o quórum para deliberação: Em regra, tomam-se 
as decisões por maioria simples de votos (entenda-se como a maioria do 
capital votante que se fizer presente à Assembléia), deixando de se computar 
os votos em branco (LSA, art. 129). 
 
O acionista pode ser representado na assembléia-geral por procurador 
constituído há menos de 1 (um) ano, que seja acionista, administrador da 
companhia ou advogado; na companhia aberta, o procurador pode, ainda, ser 
instituição financeira, cabendo ao administrador de fundos de investimento 
representar os condôminos (LSA, art. 126, §1º). 
 
E adivinhem se isso já foi cobrado em prova? É claro que já. A FCC assim o fez: 
 
(FCC/OAB SP/2005) A representação do acionista em Assembléia Geral de 
uma sociedade por ações somente será possível por procurador constituído há 
menos de 01 (um) ano, que seja acionista, administrador da companhia ou 
advogado. 
 
O item está claramente incorreto, uma vez que pode ser também instituição 
financeira. 
 
Outra questão interessante é a seguinte. A Assembleia Geral Extraordinária 
acontece para que sejam tratados os seguintes assuntos: 
 
Art. 136. É necessária a aprovação de acionistas que representem metade, no 
mínimo, das ações com direito a voto, se maior quórum não for exigido pelo 
estatuto da companhia cujas ações não estejam admitidas à negociação em 
bolsa ou no mercado de balcão, para deliberação sobre: (Redação dada pela Lei 
nº 9.457, de 1997) 
 
I - criação de ações preferenciais ou aumento de classe de ações preferenciais 
existentes, sem guardar proporção com as demais classes de ações 
preferenciais, salvo se já previstos ou autorizados pelo estatuto; (Redação 
dada pela Lei nº 10.303, de 2001) 
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II - alteração nas preferências, vantagens e condições de resgate ou 
amortização de uma ou mais classes de ações preferenciais, ou criação de nova 
classe mais favorecida; (Redação dada pela Lei nº 9.457, de 1997) 
III - redução do dividendo obrigatório; 
IV - fusão da companhia, ou sua incorporação em outra; 
V - participação em grupo de sociedades (art. 265) 
VI - mudança do objeto da companhia; 
VII - cessação do estado de liquidação da companhia; 
VIII - criação de partes beneficiárias; 
IX - cisão da companhia; 
X - dissolução da companhia. 
 
Atenção! Vejam que o quórum para aprovação das matérias constantes é de 
metade, no mínimo, das ações com direito a voto. Todavia, este quórum 
poderá ser aumentado caso estejamos frente a uma sociedade fechada ou a 
uma sociedade cujas ações nãoestejam admitidas à negociação em bolsa ou 
mercado de balcão. Vejam que o artigo faz expressa menção a ações, o que 
não impede que haja outros títulos mobiliários sendo negociados e haja 
aumento do quórum. 
 
16.2 CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO 
 
Segundo a LSA: 
 
Art. 138. A administração da companhia competirá, conforme dispuser o 
estatuto, ao conselho de administração e à diretoria, ou somente à diretoria. 
 
Falemos, inicialmente, sobre o Conselho de Administração. 
 
O conselho de administração é órgão de deliberação colegiada e cuida da 
gestão dos negócios da sociedade anônima. 
 
O conselho de administração é órgão colegiado de existência facultativa 
nas sociedades anônimas fechadas, conforme se deflui da interpretação a 
contrario sensu do artigo 138, §2º, da LSA. 
 
Art. 138. § 2º As companhias abertas e as de capital autorizado terão, 
obrigatoriamente, conselho de administração. 
 
Portanto, o conselho de administração é obrigatório para companhias 
abertas, sociedades de economia mista e sociedades de capital 
autorizado. Por sua vez, é facultativo para companhias fechadas. 
 
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Art. 146. Poderão ser eleitas para membros dos órgãos de administração 
pessoas naturais, devendo os diretores ser residentes no País. (Redação dada 
pela Lei nº 12.431, de 2011). 
 
Este artigo é importante. Agora, os membros de órgãos da administração 
devem ser pessoas naturais, não havendo mais a necessidade de que os 
conselheiros sejam acionistas (modificação com a Lei 12.431/2011). 
 
São inelegíveis para os cargos de administração da companhia as pessoas 
impedidas por lei especial, ou condenadas por crime falimentar, de 
prevaricação, peita ou suborno, concussão, peculato, contra a economia 
popular, a fé pública ou a propriedade, ou a pena criminal que vede, ainda que 
temporariamente, o acesso a cargos públicos. São ainda inelegíveis para os 
cargos de administração de companhia aberta as pessoas declaradas 
inabilitadas por ato da Comissão de Valores Mobiliários. Essas disposições são 
constantes do artigo 147, §1º e §2º da LSA. 
 
A assembléia-geral fixará o montante global ou individual da remuneração dos 
administradores, inclusive benefícios de qualquer natureza e verbas de 
representação, tendo em conta suas responsabilidades, o tempo dedicado às 
suas funções, sua competência e reputação profissional e o valor dos seus 
serviços no mercado (LSA, art. 152). 
 
Art. 142. Compete ao conselho de administração: 
 
I - fixar a orientação geral dos negócios da companhia; 
II - eleger e destituir os diretores da companhia e fixar-lhes as atribuições, 
observado o que a respeito dispuser o estatuto; 
III - fiscalizar a gestão dos diretores, examinar, a qualquer tempo, os livros e 
papéis da companhia, solicitar informações sobre contratos celebrados ou em 
via de celebração, e quaisquer outros atos; 
IV - convocar a assembléia-geral quando julgar conveniente, ou no caso do 
artigo 132; 
V - manifestar-se sobre o relatório da administração e as contas da diretoria; 
VI - manifestar-se previamente sobre atos ou contratos, quando o estatuto 
assim o exigir; 
VII - deliberar, quando autorizado pelo estatuto, sobre a emissão de ações ou 
de bônus de subscrição; 
VIII ± autorizar, se o estatuto não dispuser em contrário, a alienação de bens 
do ativo não circulante, a constituição de ônus reais e a prestação de garantias 
a obrigações de terceiros; (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009) 
IX - escolher e destituir os auditores independentes, se houver. 
 
Competências resumidas do Conselho de Administração: 
 
- Orientação dos negócios. 
- Eleger e destituir diretores. 
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- Fiscalizar gestão dos diretores. 
- Examinar os livros da companhia. 
- Convocar assembleia geral quando conveniente. 
- Deliberar sobre a emissão de ações ou bônus de subscrição. 
- Autorizar a alienação de bens do ativo não circulante. 
- Escolher os auditores independentes, se for o caso. 
 
16.3 DIRETORIA 
 
A diretoria é de existência obrigatória, tanto nas companhias abertas, como 
nas fechadas, uma vez que a ela incumbe a verdadeira gestão dos negócios 
sociais (LSA, art. 138). 
 
Um outro cuidado que devemos tomar são com as questões que afirmar ser a 
diretoria orgão colegiado. Não é, companheiros. A diretoria é órgão de 
representação da companhia, não se configurando como órgão colegiado de 
deliberação (ao contrário do conselho de administração, que possui este 
status). 
 
À diretoria incumbe a representação legal da companhia e a execução das 
deliberações da assembléia geral e conselho de administração (quando 
existente). 
 
Art. 138. A administração da companhia competirá, conforme dispuser o 
estatuto, ao conselho de administração e à diretoria, ou somente à diretoria. 
 
§ 1º O conselho de administração é órgão de deliberação colegiada, sendo a 
representação da companhia privativa dos diretores. 
 
Sua composição assim se dá: 
 
Diretoria 
 
Membros Æ 2 ou mais, acionistas ou não. 
Eleição Æ Eleitos pelo conselho de administração ou, se não houver, pela 
assembléia geral. 
Duração mandato Æ < 3 anos, permitida reeleição. 
 
Art. 143. A Diretoria será composta por 2 (dois) ou mais diretores, eleitos e 
destituíveis a qualquer tempo pelo conselho de administração, ou, se 
inexistente, pela assembléia-geral, devendo o estatuto estabelecer: 
 
I - o número de diretores, ou o máximo e o mínimo permitidos; 
II - o modo de sua substituição; 
III - o prazo de gestão, que não será superior a 3 (três) anos, permitida a 
reeleição; 
IV - as atribuições e poderes de cada diretor. 
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No silêncio do estatuto e inexistindo deliberação do conselho de administração 
(artigo 142, II e parágrafo único), competirão a qualquer diretor a 
representação da companhia e a prática dos atos necessários ao seu 
funcionamento regular (LSA, art. 144). Entretanto, o estatuto pode estabelecer 
que determinadas decisões, de competência dos diretores, sejam tomadas em 
reunião da diretoria (LSA, art. 143, §2º). 
 
Nos limites de suas atribuições e poderes, é lícito aos diretores constituir 
mandatários da companhia, devendo ser especificados no instrumento os atos 
ou operações que poderão praticar e a duração do mandato, que, no caso de 
mandato judicial, poderá ser por prazo indeterminado (LSA, art. 144, parágrafo 
único). 
 
Os membros do conselho de administração, até o máximo de 1/3 (um terço), 
poderão ser eleitos para cargos de diretores (LSA, art. 143, §1º). 
 
16.4 CONSELHO FISCAL 
 
Ao conselho fiscal incumbe a fiscalização dos órgãos de administração, no 
interesse da companhia e dos acionistas. O. conselho fiscal é de existência 
obrigatória, seja nas sociedades anônimas fechadas, seja nas sociedades 
anônimas abertas, porém, seu funcionamento permanente é facultativo 
 
Nas sociedades de economia mista devemos abrir uma exceção. Segundo a Lei 
6.404/76: 
 
Art. 240. O funcionamento do conselho fiscal será permanente nas companhias 
de economia mista; um dos seus membros, e respectivo suplente, será eleito 
pelas ações ordinárias minoritárias e outro pelas ações preferenciais, se houver. 
 
Atenção! O conselho fiscal é de existência 
obrigatória, porém, de funcionamento facultativo. 
Ressalve-se a sociedade de economia mista,em que 
o conselho fiscal tem funcioanemto permanente. 
 
Apenas um detalhe: lembrem-se de que dissemos que nas limitadas a 
existência de conselho fiscal é facultativo. 
 
A companhia terá um conselho fiscal e o estatuto disporá sobre seu 
funcionamento, de modo permanente ou nos exercícios sociais em que 
for instalado a pedido de acionistas (LSA, art. 161). 
 
A composição do Conselho Fiscal se dá da seguinte maneira: será composto de, 
no mínimo, 3 (três) e, no máximo, 5 (cinco) membros, e suplentes em igual 
número, acionistas ou não, eleitos pela assembléia-geral (LSA, art. 161, §1º). 
 
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Pessoal, se não houver na localidade pessoas habilitadas, em número 
suficiente, para o exercício da função, caberá ao juiz dispensar a 
companhia da satisfação dos requisitos 
 
Essa composição foi cobrada em concurso pela FCC, da seguinte forma: 
 
(FCC/2005) A composição do Conselho Fiscal de sociedade por ações não será 
inferior a três, nem superior a cinco membros efetivos e suplentes em igual 
número, eleitos dentre aqueles que compõem os órgãos da administração. 
 
A composição do Conselho Fiscal de sociedade por ações não será inferior a 
três, nem superior a cinco membros efetivos e suplentes em igual número, 
eleitos pela Assembleia-Geral. 
 
Existe um ponto para o qual devemos nos atentar. Os titulares de ações 
preferenciais sem direito a voto, ou com voto restrito, terão direito de eleger, 
em votação em separado, 1 (um) membro e respectivo suplente; igual direito 
terão os acionistas minoritários, desde que representem, em conjunto, 10% 
(dez por cento) ou mais das ações com direito a voto. 
 
Não podem ser eleitos para o Conselho Fiscal pessoas impedidas por lei 
especial, condenadas por crimes, membros dos órgãos da administração, e 
empregados da companhia ou de sociedade controlada ou do mesmo grupo, e o 
cônjuge ou parente, até terceiro grau, de administrador da companhia (LSA, 
art. 162). 
 
Não podem compor o conselho fiscal membros de órgãos de administração e 
empregados da companhia ou de sociedade controlada ou do mesmo grupo 
(LSA, art. 162, §2º). 
 
Esse assunto foi cobrado no concurso para magistratura do TRT 3ª região, em 
2008, com a seguinte redação (item incorreto): Os empregados de sociedade 
controlada ou do mesmo grupo podem ser eleitos para o Conselho Fiscal. 
 
Além disso, somente podem ser eleitos para o conselho fiscal pessoas naturais, 
residentes no País, diplomadas em curso de nível universitário, ou que tenham 
exercido por prazo mínimo de 3 (três) anos, cargo de administrador de empresa 
ou de conselheiro fiscal. 
 
O mandato dos membros do conselho fiscal dura até a Assembleia Geral 
ordinária seguinte, havendo a possibilidade de reeleição (Lei 6.404, art. 161, 
parágrafo quinto). 
 
A competência do Conselho Fiscal está prescrita no artigo 163 da LSA, como se 
segue: 
 
Art. 163. Compete ao conselho fiscal: 
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I - fiscalizar, por qualquer de seus membros, os atos dos administradores e 
verificar o cumprimento dos seus deveres legais e estatutários; (Redação dada 
pela Lei nº 10.303, de 2001) 
II - opinar sobre o relatório anual da administração, fazendo constar do seu 
parecer as informações complementares que julgar necessárias ou úteis à 
deliberação da assembléia-geral; 
 III - opinar sobre as propostas dos órgãos da administração, a serem 
submetidas à assembléia-geral, relativas a modificação do capital social, 
emissão de debêntures ou bônus de subscrição, planos de investimento ou 
orçamentos de capital, distribuição de dividendos, transformação, incorporação, 
fusão ou cisão; 
IV - denunciar, por qualquer de seus membros, aos órgãos de administração e, 
se estes não tomarem as providências necessárias para a proteção dos 
interesses da companhia, à assembléia-geral, os erros, fraudes ou crimes que 
descobrirem, e sugerir providências úteis à companhia; (Redação dada pela Lei 
nº 10.303, de 2001) 
V - convocar a assembléia-geral ordinária, se os órgãos da administração 
retardarem por mais de 1 (um) mês essa convocação, e a extraordinária, 
sempre que ocorrerem motivos graves ou urgentes, incluindo na agenda das 
assembléias as matérias que considerarem necessárias; 
VI - analisar, ao menos trimestralmente, o balancete e demais demonstrações 
financeiras elaboradas periodicamente pela companhia; 
VII - examinar as demonstrações financeiras do exercício social e sobre elas 
opinar; 
VIII - exercer essas atribuições, durante a liquidação, tendo em vista as 
disposições especiais que a regulam. 
 
17 OPERAÇÕES SOCIETÁRIAS 
 
O concurseiro deve saber discernir os tipos existentes de operações societárias, 
são eles: transformação, incorporação, fusão e cisão. 
 
Essas operações societárias serão propostas pelos órgãos da Administração 
(Conselho de Administração, ou diretoria, se não houver CA), aprovadas pela 
Assembléia Geral, ouvindo-se a opinião do Conselho Fiscal sobre as propostas, 
antes de sua submissão à AG, para a aprovação. 
 
Art. 163. Compete ao conselho fiscal: 
 
III - opinar sobre as propostas dos órgãos da administração, a serem 
submetidas à assembléia-geral, relativas a modificação do capital social, 
emissão de debêntures ou bônus de subscrição, planos de investimento ou 
orçamentos de capital, distribuição de dividendos, transformação, incorporação, 
fusão ou cisão; 
 
Art. 122. Compete privativamente à assembléia-geral: 
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VIII - deliberar sobre transformação, fusão, incorporação e cisão da companhia, 
sua dissolução e liquidação, eleger e destituir liquidantes e julgar-lhes as 
contas; e 
 
Ainda, segundo a Lei 6.404/76: 
 
Art. 223. A incorporação, fusão ou cisão podem ser operadas entre 
sociedades de tipos iguais ou diferentes e deverão ser deliberadas na 
forma prevista para a alteração dos respectivos estatutos ou contratos 
sociais. 
 
§ 1º Nas operações em que houver criação de sociedade serão observadas as 
normas reguladoras da constituição das sociedades do seu tipo. 
 
§ 2º Os sócios ou acionistas das sociedades incorporadas, fundidas ou cindidas 
receberão, diretamente da companhia emissora, as ações que lhes couberem. 
 
§ 3º Se a incorporação, fusão ou cisão envolverem companhia aberta, 
as sociedades que a sucederem serão também abertas, devendo obter o 
respectivo registro e, se for o caso, promover a admissão de negociação 
das novas ações no mercado secundário, no prazo máximo de cento e 
vinte dias, contados da data da assembléia-geral que aprovou a 
operação, observando as normas pertinentes baixadas pela Comissão 
de Valores Mobiliários. (Incluído pela Lei nº 9.457, de 1997) 
 
Portanto, anotem, se na incorporação, fusão ou cisão 
houver uma companhia aberta, a sociedade que 
suceder também deverá ser aberta. Portanto, terá de 
se registrar e promover a admissão das ações no 
mercado secundário. O prazo é de 120 dias, e contará da Assembleia-
Geral que aprovou a operação. 
 
17.1 TRANSFORMAÇÃO 
 
A transformação está prevista no artigo 220 da Lei 6.404/76, cujo teor é o 
seguinte: 
 
Art. 220. Transformação é a operação pela qual a sociedade passa, 
independentemente de liquidação ou dissolução, de um tipo para outro. 
 
Exemplo: 
 
Sociedade limitada Æ Transforma Æ Sociedade anônima 
 
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É o caso, por exemplo, de uma sociedade em comandita simples ou em nome 
coletivo que transmuda para uma sociedade anônima. Pronto! Você já sabe 
quase tudo sobre transformação. 
 
A transformação é plenamente possível para os outros tipos societários. 
 
A LSA exige que a transformação se dê por consentimento unânime dos 
acionistas, salvo se prevista em estatuto ou no contrato social, caso em que o 
sócio dissidente terá o direito de retirar-se da sociedade (LSA, art. 221). 
 
Entretanto, a própria lei prescreve que os sócios podem renunciar, no contrato 
social, ao direito de retirada no caso de transformação da companhia. 
 
Portanto, temos: 
 
Transformação 
 
Regra: Consentimento unânime. 
Exceção: Sócio dissidente tem direito de retirada. 
 
A lei das sociedades por ações dispõe que: 
 
Art. 222. A transformação não prejudicará, em caso algum, os direitos dos 
credores, que continuarão, até o pagamento integral dos seus créditos, com as 
mesmas garantias que o tipo anterior de sociedade lhes oferecia. 
 
Esse é o tópico campeão de cobranças quando o assunto é transformação, 
senão vejamos: 
 
(FCC/Procurador do BACEN/2006) Após a transformação da sociedade de 
um tipo societário em outro os credores da sociedade transformada perdem as 
garantias próprias do tipo societário anterior. 
 
Repita-se: a transformação não prejudicará, em casos algum, os direitos dos 
credores, que continuarão, até o pagamento integral de seus créditos, com as 
mesmas garantias que o tipo anterior de sociedade lhes oferecia. Item 
incorreto. 
 
17.2 FUSÃO 
 
Art. 228. A fusão é a operação pela qual se unem duas ou mais 
sociedades para formar sociedade nova, que lhes sucederá em todos os 
direitos e obrigações. 
 
§ 1º A assembléia-geral de cada companhia, se aprovar o protocolo de fusão, 
deverá nomear os peritos que avaliarão os patrimônios líquidos das demais 
sociedades. 
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§ 2º Apresentados os laudos, os administradores convocarão os sócios ou 
acionistas das sociedades para uma assembléia-geral, que deles tomará 
conhecimento e resolverá sobre a constituição definitiva da nova sociedade, 
vedado aos sócios ou acionistas votar o laudo de avaliação do patrimônio 
líquido da sociedade de que fazem parte. 
§ 3º Constituída a nova companhia, incumbirá aos primeiros administradores 
promover o arquivamento e a publicação dos atos da fusão. 
 
Assim, há a extinção de duas sociedades para a formação de uma única, nova. 
 
 
 
 
17.3 CISÃO 
 
A cisão é a operação pela qual a companhia transfere parcelas do seu 
patrimônio para uma ou mais sociedades, constituídas para esse fim ou 
já existentes, extinguindo-se a companhia cindida, se houver versão de todo o 
seu patrimônio, ou dividindo-se o seu capital, se parcial a versão (LSA, art. 
229). 
 
Art. 229. § 1º Sem prejuízo do disposto no artigo 233, a sociedade que 
absorver parcela do patrimônio da companhia cindida sucede a esta nos direitos 
e obrigações relacionados no ato da cisão; no caso de cisão com extinção, as 
sociedades que absorverem parcelas do patrimônio da companhia cindida 
sucederão a esta, na proporção dos patrimônios líquidos transferidos, nos 
direitos e obrigações não relacionados. 
 
A Æ Transfere patrimônio para B e/ou C. 
 
Se transferir todo o patrimônio Æ cisão total. 
Se transferir parcialmente o patrimônio Æ cisão parcial. 
 
17.4 INCORPORAÇÃO 
 
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A incorporação é a operação pela qual uma ou mais sociedades são 
absorvidas por outra, que lhes sucede em todos os direitos e 
obrigações (LSA, art. 227). Há extinção da sociedade incorporada. Entretanto, 
a incorporadora continua no mundo jurídico. 
 
 
17.5 PONTOS AVANÇADOS SOBRE INCORPORAÇÃO, FUSÃO E CISÃO 
 
Sobre as operações de incorporação e fusão, é 
extremamente importante sabermos o seguinte: 
 
1 ± Quórum para aprovação da fusão e incorporação da sociedade em outra: 
metade da ações com direito a voto. 
2 ± Nas sociedades fechadas o quórum exigido pode ser maior. 
3 ± Se a companhia A vai se incorporar à companhia B, os acionistas 
dissidentes tem o direito de retirada. Todavia, caso a entidade esteja 
incorporando outra, esse direito não é garantido (LSA, art. 136, IV, cc, art. 137, 
II, a e b). 
 
Outro ponto importante, se houver incorporação, fusão ou cisão de 
companhia emissora de debêntures em circulação, deve haver prévia 
aprovação dos debenturistas, reunidos em assembleia especialmente 
convocada para esse fim! 
 
Mais um detalhe (é, eu sei, são muitos detalhes)! A companhia A vai incorporar 
a companhia B, mas detém uma série de ações da Cia B. O que fazer com as 
ações nesta hipótese? Segundo a Lei 6.404/76: 
 
Art. 226. § 1º As ações ou quotas do capital da sociedade a ser 
incorporada que forem de propriedade da companhia incorporadora 
poderão, conforme dispuser o protocolo de incorporação, ser extintas, 
ou substituídas por ações em tesouraria da incorporadora, até o limite 
dos lucros acumulados e reservas, exceto a legal. 
 
Por fim, só mais um ponto que é cobrado em provas, é o seguinte: quando A 
vai incorporar B, uma série de bens e direitos virão junto. Assim, haverá um 
aumento do capital próprio. 
 
Art. 227. § 1º A assembléia-geral da companhia incorporadora, se 
aprovar o protocolo da operação, deverá autorizar o aumento de capital 
a ser subscrito e realizado pela incorporada mediante versão do seu 
patrimônio líquido, e nomear os peritos que o avaliarão. 
 
§ 2º A sociedade que houver de ser incorporada, se aprovar o protocolo da 
operação, autorizará seus administradores a praticarem os atos necessários à 
incorporação, inclusive a subscrição do aumento de capital da incorporadora. 
 
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§ 3º Aprovados pela assembléia-geral da incorporadora o laudo de avaliação e a 
incorporação, extingue-se a incorporada, competindo à primeira promover o 
arquivamento e a publicação dos atos da incorporação. 
 
18 COLIGAÇÃO DE SOCIEDADES 
 
De acordo com a Lei das SA´s: são coligadas as sociedades nas quais a 
investidora tenha influência significativa (art. 243, §1º). 
 
Ainda, de acordo com o Pronunciamento Contábil n. 18 do Comitê de 
Pronunciamentos Contábeis: 
 
Coligada é uma entidade, incluindo aquela não constituída sob a forma de 
sociedade tal como uma parceria, sobre a qual o investidor tem influência 
significativa e que não se configura como controlada ou participação em 
empreendimento sob controle conjunto (joint venture). 
 
Art. 243, § 4º Considera-se que há influência significativa quando a investidora 
detém ou exerce o poder de participar nas decisões das políticas financeira ou 
operacional da investida, sem controlá-la. 
 
Art. 243, §5º É presumida influência significativa quando a investidora for 
titular de 20% (vinte por cento) ou mais do capital votante da investida, sem 
controlá-la. 
 
Para definir se uma empresa é ou não coligada precisamos verificar a existência 
da ³influência significativa´� 
 
Há influência significativa: trata-se de coligada e deve ser usado o método 
da equivalência patrimonial (estudado na disciplina de

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