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1 MÓDULO: TEORIAS DE LÍNGUA E SEGUNDA LÍNGUA Agenda Aula Descrição 4. Funcionalismo Nesta aula, você irá identificar os princípios básicos do Funcionalismo na Linguística, comparar e contrastar o Funcionalismo e o Formalismo e identificar temas relevantes da teoria funcionalista. Esta aula está dividida em três tópicos e você será avaliado por meio de um fórum e uma atividade de portfolio. 2 Tópico 1: Princípios básicos do funcionalismo Caro(a) aluno(a), seja bem vindo(a) ao tópico 1 da aula 4 do Módulo Teorias de Língua e Segunda Língua. São objetivos deste tópico reconhecer os princípios gerais do Funcionalismo para o estudo da linguagem. Os objetivos específicos deste tópico são os de relacionar a teoria funcionalista à pragmática e conceituar o termo função. Tenha uma boa aprendizagem! Reflexão: “outras ciências trabalham com objetos dados previamente e que se podem considerar, em seguida, de vários pontos de vista; em nosso campo nada de semelhante ocorre. (...) Bem longe de dizer que o objeto precede o ponto de vista, (...) é o ponto de vista que cria o objeto” (Saussure, 1995, p. 15). Vimos até agora que o objeto de estudos da Linguística é a língua. Mas o que é língua? Em nosso curso, você já pode perceber que não há uma resposta única que sozinha dê conta do fenômeno da “linguagem”, ou da “língua”. Até mesmo o conceito “fenômeno” é fluído. O que se estuda então? A resposta de Saussure, conforme a citação acima, seria que: em estudos da linguagem, o que estudamos depende do nosso ponto de vista, da maneira como olhamos e entendemos o que é “língua” e “linguagem”. Vamos então saber o ponto de vista funcionalista? As correntes funcionalistas de estudo da linguagem têm os seguintes princípios gerais: 1. A linguagem é entendida como um instrumento de comunicação e de interação social; 2. Para a delimitação do objeto de estudos parte-se do uso real e, assim, não se admite separações entre o sistema e o uso (ou fala e língua, ou competência e desempenho); 3. O fenômeno linguístico é sempre explicado com base nas relações que, no contexto sócio- interacional, se estabelecem entre falante, ouvinte e a pressuposta informação sobre a situação interacional de ambos, ou seja, a informação pragmática. E o que é a interação verbal? Segundo Dik (1989) a interação verbal é uma forma de atividade cooperativa e estruturada em torno de regras sociais, normas ou convenções. As regras propriamente lingüísticas devem ser consideradas instrumentais em relação aos objetivos comunicativos da interação verbal. Desse 3 modo, o compromisso principal do enfoque funcionalista é descrever a linguagem não como um fim em si mesmo, mas como um requisito pragmático da interação verbal (Pezatti, 2005, p.168). Reconhecemos o Funcionalismo por duas propostas bastante divulgadas e que, de certa forma, já pertencem a um domínio comum dos estudiosos da linguagem. Estas propostas têm base em Karl Bühler1 e em Jakobson2. Vamos relembrá-las? Karl Bühler Roman Jakobson *Karl Bühler: A proposta de Karl Bühler é bastante conhecida no contexto escolar através da leitura de Mattoso Câmara (1959, apud Moura-Neves, 1994, p. 110). O autor indica três funções da linguagem que são hierarquicamente organizadas nos enunciados: a função de representação, a de exteriorização e a de apelo. Em cada evento comunicativo podemos reconhecer três elementos: uma pessoa informa outra pessoa de algo e é nessa atividade comunicativa que se manifestam as três funções, que não se excluem. Ao contrário disso, as funções coexistem no mesmo evento de comunicação. *Roman Jakobson: A proposta de Roman Jakobson expande as três funções propostas por Karl Bühler, para seis funções da linguagem, cada uma delas mais diretamente ligada a um dos fatores que interagem no evento de comunicação: são elas a função referencial (relacionada ao contexto), a função emotiva (relacionada ao remetente), a função conativa (relacionada ao destinatário), a função fática (relacionada ao contato), a função metalinguística (relacionada ao código) e a função poética (relacionada à mensagem). Agora, é importante que você entenda bem os conceitos de Sintaxe, Semântica e Pragmática. Estes termos nos acompanharão daqui por diante! Acesse os links indicados abaixo e leia sobre eles! 1 Hiperlink para: http://en.wikipedia.org/wiki/Karl_B%C3%BChler 2 Hiperlink para: http://en.wikipedia.org/wiki/Roman_Jakobson 4 Hiperlink em Sintaxe para: http://pt.wikipedia.org/wiki/Sintaxe (em português) http://en.wikipedia.org/wiki/Syntax (em inglês) Hiperlink em Semântica para: http://pt.wikipedia.org/wiki/Sem%C3%A2ntica (em português) http://en.wikipedia.org/wiki/Semantics (em inglês) Hiperlink em Pragmática para: http://pt.wikipedia.org/wiki/Pragm%C3%A1tica (em português) http://en.wikipedia.org/wiki/Pragmatics (em inglês) As relações funcionais se distribuem, de acordo com Pezatti (2005), por três níveis: o das funções semânticas, o das funções sintáticas e o das funções pragmáticas. No nível de funções semânticas, devemos levar em conta os papéis que os referentes exercem dentro do “estado de coisas” designado pela predicação em que ocorrem, tais como agente, meta, recipiente etc. No nível de funções sintáticas, leva-se em consideração a apresentação do estado de coisas na expressão linguística, como sujeito, objeto etc. Finalmente, no nível de funções pragmáticas, considera-se o estatuto informacional dos constituintes dentro do contexto comunicacional, como foco, tópico, processamento da informação. A gramática funcional se inclui numa teoria pragmática da linguagem, entendendo que a interação verbal é o objeto de análise, e que uma de suas tarefas é revelar as propriedades das expressões linguísticas em relação à descrição das regras que regem a interação verbal. Dessa maneira, a pragmática apresenta maior peso na teoria, uma vez que uma gramática funcional deve ser sempre entendida como uma teoria integrada que se constrói a partir de um modelo de usuário da língua natural. As capacidades humanas que são levadas em consideração são: linguística, epistêmica, lógica, perceptual e social. Sobre a análise linguística ancorada na convenção social, a perspectiva funcional envolve dois tipos de sistema de regras: - as regras que governam a constituição das expressões lingüísticas, que são as regras semânticas, sintáticas, morfológicas e fonológicas. Pragmática Semântica Sintaxe 5 - as regras que governam os padrões de interação verbal em que essas expressões linguísticas são usadas, que são as regras pragmáticas. Parada Obrigatória : Para saber sobre o conceito de função, clique aqui 3 . Tendo definido os princípios básicos do Funcionalismo para o estudo da Linguagem, vamos agora sistematizar o conhecimento? A seguir leia as instruções para o fórum de discussão desta aula e bom trabalho! Fórum 4: A partir das leituras realizadas e suas próprias reflexões, explique o que pode ser entendido por “língua” e “linguagem” do ponto de vista Funcionalista. Exemplifique os seus argumentos com informações dos textos lidos e os conceitos de sintaxe, semântica e pragmática, e não se esqueça de comentar as colocações de seus colegas! Referências bibliográficas: HALLIDAY, M.A.K. An Introduction to FunctionalGrammar. London: Arnold, 2004. MOURA-NEVES, M.H. Uma visão geral da gramática funcional. In: Alfa. São Paulo, 38: 109-127, 1994. PEZATTI, E. G. O funcionalismo em linguística. In: MUSSALIM, F. BENTES, A.C. Introdução à Linguística: fundamentos epistemológicos. São Paulo: Editora Cortez, 2005 (p. 165-218). SAUSSURE, F. Curso de linguística geral. São Paulo: Cultrix, 1995. 3 Inserir hiperlink com texto: O conceito de função.doc (anexo XX) 6 Leia também: Sobre Funcionalismo e Formalismo na Linguística (por Alzenir Rabelo Mendes) http://www.usinadeletras.com.br/ exibelotexto.php?cod=43783&cat=Artigos&vinda=S 7 Tópico 2: A relação formalismo e funcionalismo Caro(a) aluno(a), seja bem vindo(a) ao tópico 2 da aula 4 do Módulo Teorias de Língua e Segunda Língua. São objetivos deste tópico comparar e contrastar o Funcionalismo e o Formalismo. Os objetivos específicos deste tópico são os de identificar diferentes correntes funcionalistas e confrontar os princípios básicos do Formalismo e do Funcionalismo nos estudos da linguagem. Tenha uma boa aprendizagem! Reflexão: “A experiência científica é um método de progresso literalmente ilimitado. De sorte que o homem passou a tudo ver em função dessa mobilidade. Tudo que ele faz é simples ensaio. Amanhã será diferente. Ele ganhou o hábito de mudar, de transformar-se, de progredir, como se diz. E essa mudança e esse progresso o homem moderno os sente: é ele que os faz.” (Teixeira, 1975, p. 28 e 29). Para iniciarmos nossa reflexão neste tópico, propomos uma retomada dos princípios básicos da teoria saussuriana e chomskyana. Tanto Saussure quanto Chomsky foram adeptos irrestritos a uma idealização do que pode ser o sistema linguístico: Saussure se interessa pela língua e Chomsky se interessa pela competência, mas ambos com foco no aspecto formal do que definem por língua ou competência. Cada um a sua maneira, ambos não considerava as condições de uso da língua, ou seja, a fala ou o desempenho, para os estudos da linguagem. Porque focalizavam o aspecto formal nos estudos da linguagem, são ambos considerados formalistas. Muitos linguistas já foram e muitos continuam sendo declaradamente formalistas. Mas há aqueles linguistas que reagem ao formalismo. A reação ao formalismo é provocada, principalmente, pela desconsideração de questões discursivas, de uso da linguagem, o que desencadeou no surgimento de várias tendências, como a Sociolinguística, a Linguística Textual, a Análise do Discurso, a Análise da Conversação, e o Funcionalismo está entre elas. Porém, o Funcionalismo, como você já estudou, não é recente: ostenta uma história quase tão longa quanto a do paradigma formal. Whitney Já em 1897, Whitney (apud Pezatti, 2005) dizia que o estudo da linguagem deve pressupor certas instrumentalidades mediante as quais o ser humano de forma consciente e intencional representa seus pensamentos com a finalidade principal de torná-los conhecidos por outros, ou seja, a função principal da linguagem, segundo Whitney, é a comunicação. Jakobson Também encontramos o funcionalismo na escola de Praga, em que Roman Jakobson propunha a noção de função da linguagem que, por sua vez, leva em conta os participantes da interação, como a função emotiva, a conativa 8 e a fática, e fatores da comunicação como a mensagem, na função poética, e o próprio código, na função metalinguística. Correntes mais recentes Há também uma visão funcionalista na tradição americada de Sapir (1921- 1949) e a tagmêmica de Pike (1967), o trabalho etnográfico de Hymes, introduzindo a noção de competência comunicativa, e na Inglaterra há Firth e Halliday. Também com orientação funcionalista há a tradição filosófica de Austin e Searle que conduziu a teoria dos atos de fala na Pragmática. Na Califórnia há Givon e Chafe, em New York há uma corrente funcionalista denominada gramática do papel e da referência de Van Valin, e, em Berkeley, há uma tendência funcional-cognitiva com Lakoff. Enfim, o termo “funcional” tem sido vinculado a uma variedade tão grande de modelos teóricos, de acordo com Pezatti (2005, p. 167), que se torna impossível a existência de uma teoria monolítica compartilhada por todos que se dizem funcionalistas. Formalismo x Funcionalismo O que podemos distinguir até o momento é que existem dois pólos de atenção opostos no pensamento linguístico: o funcionalismo e o formalismo: O funcionalismo, no qual a função das formas linguísticas parece desempenhar um papel predominante, e o formalismo, no qual a análise da forma linguística parece ser primária, enquanto os interesses funcionais são apenas secundários. (Moura- Neves, 1994, p. 114). De acordo com Pezatti (2005, p. 174), os defensores do Funcionalismo orientam-se em direção oposta ao Formalismo com base, principalmente, nos seguintes argumentos: a) A forma linguística deriva de seu uso no processo real de comunicação. b) A estrutura gramatical é dependente das regularidades das situações de fala, constituindo então objeto probabilístico. c) A explicação da estrutura gramatical depende da comunicação. d) O pesquisador deve fazer sua análise linguística no e não do discurso. e) O enfoque funcional realiza um trabalho indutivo, do particular para o geral, sendo a recorrência de formas regulares, o que permite fazer generalizações, ao invés de critérios de natureza formal. f) Explicam-se fatos linguísticos por meio de fatores não linguísticos, entendidos como as exigências do processo de comunicação, as quais, por sua vez, produzem os 9 parâmetros funcionais para a análise, identificados nos conceitos de figura/fundo, cadeia tópica, transitividade e fluxo de informação. A gramática formal trata a estrutura sistemática das formas da língua e a gramática funcional analisa a relação sistemática entre as formas e as funções em uma língua. Veja no quadro a seguir, proposto por Dik e adaptado por Moura-Neves, um resumo esquematizado sobre esta oposição: Paradigma formal Paradigma Funcional a. Como definir a língua Conjunto de orações Instrumento de interação social b. Principal função da língua Expressão dos pensamentos Comunicação c. Correlato psicológico Competências: capacidade de produzir, interpretar e julgar orações Competência comunicativa: habilidade de interagir socialmente com a língua d. O sistema e seu uso O estudo da competência tem prioridade sobre o da atuação O estudo do sistema deve fazer-se dentro do quadro do uso e. Língua e contexto/situação As orações da língua devem descrever-se independentemente do contexto/situação A descrição das expressões deve fornecer dados para a descrição de seu funcionamento num dado contexto f. Aquisição da linguagem Faz-se com o uso de propriedades inatas, com base em um input restrito e não estruturado de dados Faz-se com a ajuda de um input extenso e estruturado de dados apresentado no contexto natural g. Universais linguísticos Propriedades inatas ao organismo humano Explicados em função das restrições: comunicativas; biológicas ou psicológicas; contextuais h. Relação entre a sintaxe, a semântica e a pragmática A sintaxe é autônoma em relação à semântica; as duas são autônomas em relação à pragmática; as prioridades vão da sintaxe à pragmática, A pragmática é o quadro dentro doqual a semântica e a sintaxe devem ser estudadas; as prioridades vão da pragmática à sintaxe, via 10 via semântica semântica (C.S. Dik, 1978, p. 5, retomado e explicitado em 1989, p. 2-7. Adaptação de M.H.M. Neves, 1994, p. 115). Para Halliday (1985), as gramáticas funcional e formal se distinguem da seguinte maneira: Gramática Formal Gramática Funcional Orientação primariamente sintagmática Orientação primariamente paradigmática Interpretação da língua como um conjunto de estruturas entre as quais podem ser estabelecidas relações regulares Interpretação da língua como uma rede de relações: as estruturas como interpretação das relações Ênfase nos traços universais da língua (sintaxe como base: organização em torno da frase) Ênfase nas variações entre línguas diferentes (semântica como base: organização em torno do texto ou discurso) (M.A.K. Halliday, 1985, Introduction. Adaptação de M.H.M. Neves, 1994, p. 115). Observação: Estudar o sistema da língua, como por exemplo: a ordem das palavras, o fato de uma determinada língua ter a organização verbo-objeto, ou a organização objeto-verbo, parece ser secundário para o funcionalismo. Muitos fenômenos de ordem de palavras (topicalização, extraposição, apassivação) podem ser relacionados a considerações funcionais, por exemplo, à avaliação que o falante faz do ouvinte. (Moura-Neves, 1994) Para finalizar, a discussão sobre a oposição entre Formalismo e Funcionalismo resultou atualmente numa visão “moderada”, que entende que estes são diferentes enfoques que tratam de diferentes fenômenos do mesmo objeto, igualmente importantes, não havendo o que se discutir se o Funcionalismo e melhor que o Formalismo. Para explicar esta visão moderada, Pezatti retoma uma analogia bastante ilustrativa: É, a propósito, bastante ilustrativa a analogia estabelecida por Dillinger (1991) entre o fazer científico e o relatório de avaliação de duas equipes da revista Quatro Rodas: uma deve desmontar o motor, a direção, os freios etc. para determinar a “estrutura” de suas partes; já a outra deve levar o carro até a pista de provas para determinar suas características de aceleração, de frenagem, estabilidade etc. – sua interação com o contexto (a pista, o ar etc.). As duas equipes estudam, assim, o mesmo objeto, elegendo, no entanto, diferentes fenômenos dele, com base em diferentes perspectivas. Ninguém suportaria que a leitura de um dos relatórios das duas equipes fosse alternativa em relação à da outra, pelo contrário, o melhor resultado a respeito da avaliação de um carro é a integração dos dois. Similarmente, como os enfoques 11 funcionalista e formalista tratam de diferentes fenômenos do mesmo objeto, não há nenhuma necessidade de discutir se um é mais importante que o outro: as diferentes perspectivas para o estudo da linguagem são complementares e igualmente necessárias. (Pezatti, 2005, p. 175-176) Vemos que, de um ponto de vista moderado, estes são estudos complementares e igualmente necessários, e não estudos alternativos quando a escolha de uma orientação rejeitaria a outra. Há necessidade da coexistência de diferentes perspectivas teóricas para o estudo da linguagem. Referências bibliográficas: HALLIDAY, M.A.K. An Introduction to Functional Grammar. London: Arnold, 2004. MOURA-NEVES, M.H. Uma visão geral da gramática funcional. In: Alfa. São Paulo, 38: 109-127, 1994. PEZATTI, E. G. O funcionalismo em linguística. In: MUSSALIM, F. BENTES, A.C. Introdução à Linguística: fundamentos epistemológicos. São Paulo: Editora Cortez, 2005 (p. 165-218). TEIXEIRA, Anísio. Pequena introdução à filosofia da educação. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1975. Veja também: Sobre Funções da Linguagem, em português: http://www.youtube.com/watch?v=Ytu96T1qylo&feature=related http://www.youtube.com/watch?v=OcHPa4aTfWo&feature=fvsr 12 Tópico 3: Funcionalismo e segunda língua – o modelo de Halliday Caro(a) aluno(a), seja bem vindo(a) ao tópico 3 da aula 4 do Módulo Teorias de Língua e Segunda Língua. É objetivo deste tópico reconhecer a proposta funcionalista de Halliday. Os objetivos específicos deste tópico são os de reconhecer os princípios de Halliday para o estudo da língua em uso e suas implicações para o estudo da segunda língua com base na análise textos. Tenha uma boa aprendizagem! Reflexão: O que caracteriza a concepção de linguagem defendida pela gramática funcional é o seu caráter não apenas funcional como também dinâmico. Ela é funcional porque não separa o sistema linguístico e suas peças das funções que têm de preencher, e é dinâmica porque reconhece, na instabilidade da relação entre estrutura e função, a força dinâmica que está por detrás do constante desenvolvimento da linguagem (Maria Helena de Moura Neves, 1994, p. 125-126) Você se lembra dos conceitos de paradigma e sintagma? Para entendermos a base da teoria funcionalista de Halliday, vamos ter que retomá-los, mas agora num novo sentido. Parada Obrigatória : Clique aqui4 para ler um resumo sobre a teoria funcional de Halliday. 4 Hiperlink para o documento: A teoria funcional de Halliday.doc 13 Agora que você leu sobre os princípios básicos da teoria sistêmico-funcional de Halliday (que diz que a língua é um sistema de escolhas paradigmáticas que se realizam em uma cadeia sintagmática; que as escolhas não são aleatórias, mas sim dependentes de um contexto e que realizam funções da linguagem; e que o texto é a unidade mínima significativa de qualquer língua, nada pode ser explicado fora dele), lançamos o seguinte desafio: Desafio: Como uma língua estrangeira deve ser ensinada do ponto de vista da teoria sistêmico-funcional de Halliday? Coloque as suas contribuições no Fórum 4, referente a esta aula. Temas relevantes da teoria funcional Os temas mais representativos nas diferentes correntes funcionalistas referem-se ao da Perspectiva Funcional da Sentença (PFS), cujo conceito principal é a articulação tema-rema. Outros temas relevantes da teoria funcionalista estão relacionados à PFS, tais como: distribuição da informação na sentença, articulação dado-novo, tópico, ponto de vista, fluxo de atenção, dinamismo comunicativo, noção de estrutura argumental preferida etc. Sendo a PFS entendida como um termo guarda-chuva para os temas relevantes, vamos saber mais sobre ela? Clique sobre a expressão abaixo para abrir o texto. Perspectiva Funcional da Sentença (PFS)5 Análise de textos O texto a seguir foi extraído de um estudo de Halliday sobre a relação “tema e rema”. Veja como o texto é analisado: Goa Gajah is the “elephant cave” on the Road to Gianyar, a Hindu-Buddhist temple area… The atmosphere outside is peaceful… while inside the small cave it is surprisingly humid and dry (sic). Beyond the main complex is a lovely stream that bubbles under a wooden bridge, and further on are steep stone steps leading to another complex… For this popular tourist attraction, dress properly… 5 Hiperlink para o documento: Perspectiva Funcional da Sentença.doc 14 Theme Rheme Goa Gajah is the “elephant cave” on the Road to Gianyar, a Hindu-Buddhist temple area… The atmosphere outside is peaceful… … while inside the small cave it is surprisingly humid and dry (sic). Beyond the main complex is a lovely stream that bubbles under a wooden bridge, and furtheron are steep stone steps leading to another complex… For this popular tourist attraction, dress properly… (Holly Smith et al. Indonesia. Travbugs Travel Guides. Singapore and London: Sun Tree Publishing Ltd. 1993, p. 317, apud Halliday, 2004, p. 65). O tema sempre inicia a sentença, é o que introduz a cena dentro da própria estrutura da oração e a posiciona em relação ao texto como um todo. No tema, o interlocutor é convidado a perceber e apreciar, na rema, o interlocutor é preso firmemente ao tópico que está sendo descrito. Observemos agora um estudo do status informacional e as noções de dado e novo: Child: Shall I tell you why the North Star stays still? Parent: Yes, do. Child: Because that’s where the magnet is, and it gets attracted by the earth. But the other stars don’t; so they move around… Vemos que a criança principia com o oferecimento de uma informação na qual tudo é novo, o foco não é marcado, e está no final. A oferta é aceita e a criança continua com explicações: Given New because that’s Contrastive Where the magnet is Fresh and it gets attracted Fresh by the earth Fresh But the other Contrastive Stars don’t Contrastive So They Contrastive 15 move around Fresh Vimos resumidamente que o estudo da unidade mínima significativa da linguística funcional é o texto e estudá-la é perceber como ele se constrói, como ele se desdobra ao longo da comunicação, e isso pode ser estudado e explicado por meio da Perspectiva Funcional da Sentença. Atividade de Portfólio: Agora chegou a sua vez! Com base em tudo o que estudamos, você irá buscar um trecho de uma interação oral e real, que pode ser extraído de filme de sua escolha. Transcreva o texto (use as legendas para ajudá-lo) e analise o status informacional dado e novo e sua relação ao tema e à rema, da perspectiva funcional da sentença (PFS). Busque, na teoria estudada, as justificativas para isso. O seu trabalho não deve ultrapassar a três laudas. Ao terminar, envie o seu trabalho para o seu portfolio individual. Tenha um bom trabalho! Referências bibliográficas: HALLIDAY, M.A.K. An Introduction to Functional Grammar. London: Arnold, 2004. MOURA-NEVES, M.H. Uma visão geral da gramática funcional. In: Alfa. São Paulo, 38: 109-127, 1994. PEZATTI, E. G. O funcionalismo em linguística. In: MUSSALIM, F. BENTES, A.C. Introdução à Linguística: fundamentos epistemológicos. São Paulo: Editora Cortez, 2005 (p. 165-218). TEIXEIRA, Anísio. Pequena introdução à filosofia da educação. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1975. 16 Veja também: Sobre Halliday e sua teoria sistêmico-funcional, em espanhol: http://www.youtube.com/watch?v=biPXRobZF_o
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