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Direito do Trabalho p/ AFT 2014 Teoria e Questões Comentadas Prof. Mário Pinheiro / Prof. Antonio Daud Jr - Aula 13 AULA 13: Direito Administrativo do Trabalho; Processos de Multas Administrativas. Lei 10.593/02 e Lei 11.890/08._______________________________ SUMÁRIO PÁGINA 1. Introdução 02 2. Direito Administrativo do Trabalho 03 2.1. Comentários ao Decreto 4.552/02 (RIT) 06 2.1.1. Inspeção do Trabalho 11 2.1.2. Modalidades de fiscalização 24 2.1.3. Lavratura de Autos de Infração 27 2.1.4. Disposições gerais 38 3. Processo de multas administrativas 46 4. Lei 10.593/02 e Lei 11.890/08 50 5. Questões comentadas 58 6. Lista das questões comentadas 75 7. Gabaritos 80 8. Conclusão 81 9. Lista de legislação, Súmulas e OJ do TST relacionados ao tema 82 Prof. Mário Pinheiro / Prof. Antonio Daud Jr w w w .e s t r a t e g ia c o n c u r s o s .c o m .b r Página 1 de 104 ATENÇÃO! ESSE MATERIAL PERTENCE AO SITE: WWW.MATERIALPARACONCURSOS.COM Direito do Trabalho p/ AFT 2014 Teoria e Questões Comentadas Prof. Mário Pinheiro / Prof. Antonio Daud Jr - Aula 13 1. Introdução Oi amigos (s), Esta é a penúltima aula teórica do nosso curso (ufa!), onde trataremos dos tópicos restantes, de acordo com o estabelecido na aula inaugural. No último edital de AFT (Cespe / 2013), o conteúdo da aula foi cobrado da seguinte forma: Regulamento da Inspeção do Trabalho. Lei n° 10.593/2002. Lei n° 11.890/2008. Decreto n° 4.552/2002. Vamos ao trabalho! Prof. Mário Pinheiro / Prof. Antonio Daud Jr w w w .e s t r a t e g ia c o n c u r s o s .c o m .b r Página 2 de 104 ATENÇÃO! ESSE MATERIAL PERTENCE AO SITE: WWW.MATERIALPARACONCURSOS.COM Direito do Trabalho p/ AFT 2014 Teoria e Questões Comentadas Prof. Mário Pinheiro / Prof. Antonio Daud Jr - Aula 13 2. Direito Administrativo do Trabalho Em Direito Administrativo do Trabalho veremos as previsões normativas sobre a Inspeção do Trabalho e, de forma mais aprofundada, o Regulamento de Inspeção do Trabalho, que trata do Sistema Federal de Inspeção do Trabalho e dos aspectos atinentes à carreira da Auditoria Fiscal do Trabalho. Inicialmente cumpre salientar que existe previsão, na Convenção OIT n° 81, de que os signatários mantenham sistema de inspeção do trabalho, cujos inspetores de trabalho estarão encarregados de assegurar a aplicação das disposições legais relativas às condições de trabalho e à proteção dos trabalhadores no exercício da profissão. Nossa Constituição Federal atribui à União competência para organizar, manter e executar a inspeção do trabalho: CF/88, art. 21. Compete à União: (...) XXIV - organizar, manter e executar a inspeção do trabalho; No plano infraconstitucional, destaque-se o artigo 626 da CLT, segundo o qual CLT, art. 626 - Incumbe às autoridades competentes do Ministério do Trabalho, Indústria e Comercio1, ou àquelas que exerçam funções delegadas, a fiscalização do fiel cumprimento das normas de proteção ao trabalho. Sobre a maneira como está estruturado o MTE, convém ressaltar que os Auditores-Fiscais do Trabalho são subordinados tecnicamente à autoridade nacional competente em matéria de inspeção do trabalho, que atualmente é a Secretaria de Inspeção do Trabalho - SIT. Além disso, também falaremos sobre as Superintendências Regionais do Trabalho e Emprego - SRTE -, que são as unidades descentralizadas do MTE. 1 Atual Ministério do Trabalho e Emprego - MTE. Prof. Mário Pinheiro / Prof. Antonio Daud Jr w w w .e s t r a t e g ia c o n c u r s o s .c o m .b r Página 3 de 104 ATENÇÃO! ESSE MATERIAL PERTENCE AO SITE: WWW.MATERIALPARACONCURSOS.COM Direito do Trabalho p/ AFT 2014 Teoria e Questões Comentadas Prof. Mário Pinheiro / Prof. Antonio Daud Jr - Aula 13 Segue abaixo um trecho do organograma do MTE que facilita a visualização: Conforme disposto no Decreto 5.063/04, que aprova a estrutura regimental do Ministério, a SIT é enquadrada como órgão específico singular, que possui atribuições no tocante à formulação de diretrizes para a inspeção do trabalho, normas de atuação da área de segurança e saúde do trabalhador, etc. Deste modo, a SIT, atualmente, é o órgão nacional competente em matéria de inspeção do trabalho. Já as SRTE são unidades descentralizadas do MTE nos estados da federação, a quem compete a execução, supervisão e monitoramento de ações relacionadas a políticas públicas afetas ao Ministério do Trabalho e Emprego na sua área de jurisdição, especialmente as de fiscalização do Trabalho. Em diversos dispositivos legais existe menção às Delegacias Regionais do Trabalho (DRT), que eram a designação anterior das atuais SRTE. Prof. Mário Pinheiro / Prof. Antonio Daud Jr w w w .e s t r a t e g ia c o n c u r s o s .c o m .b r Página 4 de 104 ATENÇÃO! ESSE MATERIAL PERTENCE AO SITE: WWW.MATERIALPARACONCURSOS.COM Direito do Trabalho p/ AFT 2014 Teoria e Questões Comentadas Prof. Mário Pinheiro / Prof. Antonio Daud Jr - Aula 13 Administrativamente, no âmbito dos estados, as SRTE são divididas em Gerências Regionais do Trabalho e Emprego - GRTE. Na estrutura da SRTE/SC, por exemplo, temos as GRTE de Joinville, Blumenau, Chapecó, Lages e Criciúma. Já na SRTE/PR temos as GRTE de Ponta Grossa, Maringá, Londrina, Cascavel e Foz do Iguaçu. Na SRTE/RS, por sua vez, há uma grande quantidade de GRTE, tendo em vista o maior número de municípios, entre elas a saudosa GRTE Passo Fundo ;-) Os AFT, desta forma, são lotados (em sua grande maioria) nas SRTE e GRTE. Bom pessoal, feita esta introdução, passaremos agora a comentar os principais dispositivos do Regulamento de Inspeção do Trabalho, organizados por assunto. Prof. Mário Pinheiro / Prof. Antonio Daud Jr w w w .e s t r a t e g ia c o n c u r s o s .c o m .b r Página 5 de 104 ATENÇÃO! ESSE MATERIAL PERTENCE AO SITE: WWW.MATERIALPARACONCURSOS.COM Direito do Trabalho p/ AFT 2014 Teoria e Questões Comentadas Prof. Mário Pinheiro / Prof. Antonio Daud Jr - Aula 13 2.1. Comentários ao Decreto 4.552/02 (RIT) Seguiremos, de uma forma geral, a sequência disposta no Regulamento de Inspeção do Trabalho (RIT); em algumas passagens irei fugir da ordenação dos dispositivos de modo a agrupar artigos que devam ser comentados em conjunto. Trarei também alguns dispositivos da legislação (CF/88, CLT, etc.) quando necessário. Art. 1° O Sistema Federal de Inspeção do Trabalho, a cargo do Ministério do Trabalho e Emprego, tem por finalidade assegurar, em todo o território nacional, a aplicação das disposições legais, incluindo as convenções internacionais ratificadas, os atos e decisões das autoridades competentes e as convenções, acordos e contratos coletivos de trabalho, no que concerne à proteção dos trabalhadores no exercício da atividade laboral. Como vimos no início da aula, o Sistema Federal de Inspeção do Trabalho está estruturado de acordo com o Decreto 5.063/04, que possui fundamento na CLT e na CF/88. Os citados dispositivos, em conjunto com o RIT, estabelecem as atribuições dos órgãos singulares, descentralizados e dos próprios AFT para que a fiscalização do trabalho atinja seus objetivos. Organização da fiscalização Art. 2° Compõem o Sistema Federal de Inspeção do Trabalho: I - autoridades de direção nacional, regional ou local: aquelas indicadas em leis, regulamentos e demais atos atinentes à estrutura administrativa do Ministério do Trabalho e Emprego; II - Auditores-Fiscais do Trabalho; Prof. Mário Pinheiro / Prof. Antonio Daud Jr w w w .e s t r a t e g ia c o n c u r s o s .c o m .b r Página 6 de 104 ATENÇÃO! ESSE MATERIAL PERTENCE AO SITE: WWW.MATERIALPARACONCURSOS.COM Direito do Trabalho p/ AFT 2014 Teoria e Questões Comentadas Prof. Mário Pinheiro / Prof. Antonio Daud Jr - Aula 13 III - Agentes de Higiene e Segurança do Trabalho,em funções auxiliares de inspeção do trabalho. Autoridade de direção nacional está relacionada à figura do Secretário de Inspeção do Trabalho, que dirige a SIT. Autoridade regional será o Superintendente Regional do Trabalho e Emprego, enquanto a local será o Gerente Regional do Trabalho e Emprego. Sobre o inciso II, todos os integrantes da carreira são, a partir de 2003, designados com Auditores-Fiscais do Trabalho (AFT); anteriormente havia diferenciação entre Fiscal do Trabalho, Médico do Trabalho e Engenheiro do Trabalho. Agente de Higiene e Segurança do Trabalho é uma carreira em extinção. Na SRTE/SC, salvo engano, só há 02 (dois) ainda em atividade. Art. 3° Os Auditores-Fiscais do Trabalho são subordinados tecnicamente à autoridade nacional competente em matéria de inspeção do trabalho. A subordinação técnica dos AFT se dá em relação à Secretaria de Inspeção do Trabalho (SIT), a quem cabe formular e propor de diretrizes para a inspeção do trabalho, normas de atuação da área de segurança e saúde do trabalhador, diretrizes da fiscalização dos recolhimentos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço - FGTS -, baixar normas relacionadas com a sua área de competência, entre outras atribuições. Art. 4° Para fins de inspeção, o território de cada unidade federativa será dividido em circunscrições, e fixadas as correspondentes sedes. Parágrafo único. As circunscrições que tiverem dois ou mais Auditores- Fiscais do Trabalho poderão ser divididas em áreas de inspeção delimitadas por critérios geográficos. Art. 5° A distribuição dos Auditores-Fiscais do Trabalho pelas diferentes áreas de inspeção da mesma circunscrição obedecerá ao sistema de Prof. Mário Pinheiro / Prof. Antonio Daud Jr w w w .e s t r a t e g ia c o n c u r s o s .c o m .b r Página 7 de 104 ATENÇÃO! ESSE MATERIAL PERTENCE AO SITE: WWW.MATERIALPARACONCURSOS.COM Direito do Trabalho p/ AFT 2014 Teoria e Questões Comentadas Prof. Mário Pinheiro / Prof. Antonio Daud Jr - Aula 13 rodízio, efetuado em sorteio público, vedada a recondução para a mesma área no período seguinte. § 1° Os Auditores-Fiscais do Trabalho permanecerão nas diferentes áreas de inspeção pelo prazo máximo de doze meses. Cada unidade da federação possui as unidades descentralizadas do MTE, denominadas Superintendências Regionais do Trabalho e Emprego - SRTE. Conforme disposto no art. 4°, o território de cada unidade federativa será dividido em circunscrições, cujas sedes são as Gerências Regionais do Trabalho e Emprego - GRTE. Neste contexto, a atuação funcional do AFT, salvo casos excepcionais, dar- se-á nos limites da circunscrição da unidade na qual esteja lotado. O mesmo artigo 4° admite a possibilidade de, por critério geográfico, dividir-se a circunscrição em áreas de inspeção (exemplo: a circunscrição abrange 50 municípios e é feita a divisão destes em áreas de inspeção). Esta divisão é facultativa, e, caso feita, a distribuição dos AFT lotados na GRTE será procedida mediante sorteio, com a necessidade de rodízio. Desconheço a aplicação prática desta previsão normativa, principalmente pelo motivo que será exposto a seguir. Art. 5°, § 2° É facultado à autoridade de direção regional estabelecer programas especiais de fiscalização que contemplem critérios diversos dos estabelecidos neste artigo, desde que aprovados pela autoridade nacional competente em matéria de inspeção do trabalho. Art. 6° Atendendo às peculiaridades ou circunstâncias locais ou, ainda, a programas especiais de fiscalização, poderá a autoridade nacional competente em matéria de inspeção do trabalho alterar os critérios fixados nos arts. 4° e 5° para estabelecer a fiscalização móvel, independentemente de circunscrição ou áreas de inspeção, definindo as normas para sua realização. Prof. Mário Pinheiro / Prof. Antonio Daud Jr w w w .e s t r a t e g ia c o n c u r s o s .c o m .b r Página 8 de 104 ATENÇÃO! ESSE MATERIAL PERTENCE AO SITE: WWW.MATERIALPARACONCURSOS.COM Direito do Trabalho p/ AFT 2014 Teoria e Questões Comentadas Prof. Mário Pinheiro / Prof. Antonio Daud Jr - Aula 13 Segundo o art. 5°, no âmbito da SRTE, desde que autorizado pela SIT, poderão ser estabelecidos programas especiais de fiscalização que contemplem critérios diversos dos estabelecidos neste mesmo artigo. Esta possibilidade tem sido aplicada atualmente, de modo que a atuação dos AFT tem sido dividida por meio de Projetos de Fiscalização. Assim, as demandas são segmentadas de acordo com a natureza dos empreendimentos e/ou do enfoque da fiscalização. São exemplos desta metodologia os Projetos da Construção Civil, Turismo, Comércio, Rural, FGTS, Trabalho Infantil e Inserção de Aprendizes no Mercado de Trabalho. No decorrer de 2012, eu, por exemplo, integrei os Projetos de Fiscalização Indústria Metalúrgica e da Madeira, Indústria da Construção Civil e Indústria da Mineração. Desta maneira, minha atuação ocorre em toda a circunscrição da unidade em que estou lotado, havendo a segmentação por projetos, e não por áreas de inspeção. Art. 20. A obrigação do Auditor-Fiscal do Trabalho de inspecionar os estabelecimentos e locais de trabalho situados na área de inspeção que lhe compete, em virtude do rodízio de que trata o art. 6°, § 1°, não o exime do dever de, sempre que verificar, em qualquer estabelecimento, a existência de violação a disposições legais, comunicar o fato, imediatamente, à autoridade competente. Parágrafo único. Nos casos de grave e iminente risco à saúde e segurança dos trabalhadores, o Auditor-Fiscal do Trabalho atuará independentemente de sua área de inspeção. Neste artigo o RIT estabelece que o AFT, independente de sua área de inspeção, comunique à autoridade competente as violações identificadas aos preceitos trabalhistas de que tomar conhecimento. Prof. Mário Pinheiro / Prof. Antonio Daud Jr w w w .e s t r a t e g ia c o n c u r s o s .c o m .b r Página 9 de 104 ATENÇÃO! ESSE MATERIAL PERTENCE AO SITE: WWW.MATERIALPARACONCURSOS.COM Direito do Trabalho p/ AFT 2014 Teoria e Questões Comentadas Prof. Mário Pinheiro / Prof. Antonio Daud Jr - Aula 13 Quanto ao parágrafo único, é importante associar o risco grave e iminente2 a esta possibilidade de atuação independente de sua área de inspeção: é uma exceção à regra geral que vincula o AFT a sua área de atuação. Em outras palavras: regra geral, o AFT somente pode atuar na área de inspeção para o qual foi designado. Entretanto, caso constate risco grave e iminente, poderá intervir (procedendo ao embargo ou interdição, no caso) mesmo que este evento esteja ocorrendo fora de sua área de inspeção. Art. 7° Compete às autoridades de direção do Sistema Federal de Inspeção do Trabalho: I - organizar, coordenar, avaliar e controlar as atividades de auditoria e as auxiliares da inspeção do trabalho. II - elaborar planejamento estratégico das ações da inspeção do trabalho no âmbito de sua competência; III - proferir decisões em processo administrativo resultante de ação de inspeção do trabalho; e IV - receber denúncias e, quando for o caso, formulá-las e encaminhá-las aos demais órgãos do poder público. § 1o As autoridades de direção local e regional poderão empreender e supervisionar projetos consoante diretrizes emanadas da autoridade nacional competente em matéria de inspeção do trabalho. § 2° Cabe à autoridade nacional competente em matéria de inspeção do trabalho elaborar e divulgar os relatórios previstos em convenções internacionais. Art. 8° O planejamento estratégico das ações de inspeção do trabalho será elaborado pelos órgãos competentes, considerando as propostas das respectivas unidades descentralizadas. 2 O aprofundamento do conceito de risco grave e iminente interessa mais à disciplina Segurança e Saúde no Trabalho (SST), que possui curso específico,também de minha autoria, no site Estratégia Concursos. Prof. Mário Pinheiro / Prof. Antonio Daud Jr w w w .e s t r a t e g ia c o n c u r s o s .c o m .b r Página 10 de 104 ATENÇÃO! ESSE MATERIAL PERTENCE AO SITE: WWW.MATERIALPARACONCURSOS.COM Direito do Trabalho p/ AFT 2014 Teoria e Questões Comentadas Prof. Mário Pinheiro / Prof. Antonio Daud Jr - Aula 13 § 1° O planejamento de que trata este artigo consistirá na descrição das atividades a serem desenvolvidas nas unidades descentralizadas, de acordo com as diretrizes fixadas pela autoridade nacional competente em matéria de inspeção do trabalho. Estes dispositivos ressaltam o papel das unidades de direção do Sistema Federal de Inspeção do Trabalho. As ações fiscais a serem empreendidas pelos milhares de Auditores-Fiscais do trabalho devem ser precedidas de planejamento estratégico do órgão, através do qual serão definidos os objetivos institucionais, setores prioritários, estabelecimento de metas, etc. 2.1.1. Inspeção do trabalho Art. 9° A inspeção do trabalho será promovida em todas as empresas, estabelecimentos e locais de trabalho, públicos ou privados, estendendo- se aos profissionais liberais e instituições sem fins lucrativos, bem como às embarcações estrangeiras em águas territoriais brasileiras. Este artigo destaca que, de forma bastante abrangente, os mais diversos empregadores estão abrangidos pela fiscalização trabalhista. Art. 10. Ao Auditor-Fiscal do Trabalho será fornecida Carteira de Identidade Fiscal (CIF), que servirá como credencial privativa, com renovação qüinqüenal. § 1° Além da credencial aludida no caput, será fornecida credencial transcrita na língua inglesa ao Auditor-Fiscal do Trabalho, que tenha por atribuição inspecionar embarcações de bandeira estrangeira. § 2° A autoridade nacional competente em matéria de inspeção do trabalho fará publicar, no Diário Oficial da União, relação nominal dos portadores de Carteiras de Identidade Fiscal, com nome, número de matrícula e órgão de lotação. Prof. Mário Pinheiro / Prof. Antonio Daud Jr w w w .e s t r a t e g ia c o n c u r s o s .c o m .b r Página 11 de 104 ATENÇÃO! ESSE MATERIAL PERTENCE AO SITE: WWW.MATERIALPARACONCURSOS.COM Direito do Trabalho p/ AFT 2014 Teoria e Questões Comentadas Prof. Mário Pinheiro / Prof. Antonio Daud Jr - Aula 13 § 3° É proibida a outorga de identidade fiscal a quem não seja integrante da Carreira Auditoria-Fiscal do Trabalho. A Carteira de Identidade Fiscal (CIF) é o documento que comprova aos empregadores fiscalizados a identificação funcional do AFT. Este é o modelo em vigor da CIF, que os (as) combatentes audazes terão o orgulho de ostentar: VIIMMTRk) DOTIUIUIHO f 8MPMCO 'fllttM flf IVSPfCAQOOTRiMUlHfl" ÇÁO FEDERAL *3 »► & w 3 t U < i * C Í Í 4 C A ' M i t u awiKAStM cstamvk «and h m m 3 i W « A > J ( f i K O C U ) o»t>c H - í f tnv&Ke Uí(i*»| i » » >oi r i < «VIUCM títM 1<H M iCiwiurotft* msvd-iq vus ec i->«i ► -d 8C **"*■u» ü> Or - rJ M H M Â Especificação da Carteira de Identidade Fiscal do Auditor-Fiscal do Trabalho, conforme anexo da Portaria n.° 130, de 15 de dezembro de 2009. Prof. Mário Pinheiro / Prof. Antonio Daud Jr w w w .e s t r a t e g ia c o n c u r s o s .c o m .b r Página 12 de 104 ATENÇÃO! ESSE MATERIAL PERTENCE AO SITE: WWW.MATERIALPARACONCURSOS.COM Direito do Trabalho p/ AFT 2014 Teoria e Questões Comentadas Prof. Mário Pinheiro / Prof. Antonio Daud Jr - Aula 13 Art. 11. A credencial a que se refere o art. 10 deverá ser devolvida para inutilização, sob pena de responsabilidade administrativa, nos seguintes casos: I - posse em outro cargo público efetivo inacumulável; II - posse em cargo comissionado de quadro diverso do Ministério do Trabalho e Emprego; III - exoneração ou demissão do cargo de Auditor-Fiscal do Trabalho; IV - aposentadoria; ou V - afastamento ou licenciamento por prazo superior a seis meses. Como a CIF é privativa dos AFT, ela somente deve estar de posse de quem esteja exercendo as atribuições do cargo. Por este motivo, quando o Auditor passa a exercer função não relacionada à Auditoria Fiscal do Trabalho (ou deixa de ser AFT), deve devolver a sua CIF. Para evitar transtornos de ordem maior, nem sempre o afastamento implicará na devolução da CIF; se o AFT tira férias, por exemplo, não irá devolver a credencial para depois tê-la restituída. Por este motivo o inciso V exige a devolução somente quando o afastamento for superior a seis meses. Art. 12. A exibição da credencial é obrigatória no momento da inspeção, salvo quando o Auditor-Fiscal do Trabalho julgar que tal identificação prejudicará a eficácia da fiscalização, hipótese em que deverá fazê-lo após a verificação física. Parágrafo único. O Auditor-Fiscal somente poderá exigir a exibição de documentos após a apresentação da credencial. Prof. Mário Pinheiro / Prof. Antonio Daud Jr w w w .e s t r a t e g ia c o n c u r s o s .c o m .b r Página 13 de 104 ATENÇÃO! ESSE MATERIAL PERTENCE AO SITE: WWW.MATERIALPARACONCURSOS.COM Direito do Trabalho p/ AFT 2014 Teoria e Questões Comentadas Prof. Mário Pinheiro / Prof. Antonio Daud Jr - Aula 13 Em linhas gerais uma ação fiscal ocorre da seguinte maneira: é feito um planejamento prévio, inclusive com pesquisas em sistemas informatizados, depois o AFT visita a empresa para entrevistar empregados e verificar as condições de trabalho e, após, analisa a documentação para verificar a regularidade dos atributos trabalhistas (registro, jornada, descanso, salário, férias, FGTS, etc.). A regra é que o AFT exiba sua credencial, para identificar-se com tal ao empregador que será fiscalizado. Com fundamento neste artigo do RIT, o AFT pode iniciar a verificação física sem apresentar-se como Auditor-Fiscal, isto quando, a seu critério, julgar que tal identificação prejudicar a eficácia da fiscalização. Em diversas ocasiões, chegando à empresa, eu, por exemplo, converso com os empregados, vejo se tem pessoas sem carteira assinada, trabalho infantil, fraude ao Seguro-Desemprego, e somente após coletar os dados necessários me apresento como AFT ;-) A par disto, vejam que a regra é a obrigatoriedade da exibição da credencial no momento da inspeção. Quanto à solicitação de exibição de documentos, não há exceção: deve- se, sempre, apresentar previamente a CIF. Na CLT há o seguinte dispositivo, que serviu de fundamento para a regulamentação do RIT que acabamos de comentar: CLT, art. 630. Nenhum agente da inspeção poderá exercer as atribuições do seu cargo sem exibir a carteira de identidade fiscal, devidamente autenticada, fornecida pela autoridade competente. Art. 13. O Auditor-Fiscal do Trabalho, munido de credencial, tem o direito de ingressar, livremente, sem prévio aviso e em qualquer dia e horário, em todos os locais de trabalho mencionados no art. 9°. Prof. Mário Pinheiro / Prof. Antonio Daud Jr w w w .e s t r a t e g ia c o n c u r s o s .c o m .b r Página 14 de 104 ATENÇÃO! ESSE MATERIAL PERTENCE AO SITE: WWW.MATERIALPARACONCURSOS.COM Direito do Trabalho p/ AFT 2014 Teoria e Questões Comentadas Prof. Mário Pinheiro / Prof. Antonio Daud Jr - Aula 13 Art. 14. Os empregadores, tomadores e intermediadores de serviços, empresas, instituições, associações, órgãos e entidades de qualquer natureza ou finalidade são sujeitos à inspeção do trabalho e ficam, pessoalmente ou por seus prepostos ou representantes legais, obrigados a franquear, aos Auditores-Fiscais do Trabalho, o acesso aos estabelecimentos, respectivas dependências e locais de trabalho, bem como exibir os documentos e materiais solicitados para fins de inspeção do trabalho. Estes dispositivos indicam que não há amparo para se obstruir o acesso do AFT às dependênciasda empresa a ser fiscalizada. Independente do horário e da ocasião, o AFT terá livre acesso aos estabelecimentos. A Consolidação das Leis do Trabalho já previa o livre acesso do AFT: CLT, art. 630, § 3° - O agente da inspeção terá livre acesso a todas as dependências dos estabelecimentos sujeitos ao regime da legislação, sendo as empresas, por seus dirigentes ou prepostos, obrigados a prestar-lhes os esclarecimentos necessários ao desempenho de suas atribuições legais e a exibir- lhes, quando exigidos, quaisquer documentos que digam respeito ao fiel cumprimento das normas de proteção ao trabalho. O art. 13 do RIT, acima transcrito, também frisa a desnecessidade de prévio aviso da fiscalização, até porque, se o empregador fosse pré-avisado da ação fiscal, poderia encobrir as irregularidades trabalhistas. Art. 15. As inspeções, sempre que necessário, serão efetuadas de forma imprevista, cercadas de todas as cautelas, na época e horários mais apropriados a sua eficácia. Como dito acima, a ação fiscal será efetuada de forma imprevista, e a verificação física na empresa dar-se-á na época e horários mais apropriados. Se, por exemplo, em determinas das culturas agrícolas há problema de falta de registro na época da colheita, a ação fiscal será planejada para ocorrer neste período. Prof. Mário Pinheiro / Prof. Antonio Daud Jr w w w .e s t r a t e g ia c o n c u r s o s .c o m .b r Página 15 de 104 ATENÇÃO! ESSE MATERIAL PERTENCE AO SITE: WWW.MATERIALPARACONCURSOS.COM Direito do Trabalho p/ AFT 2014 Teoria e Questões Comentadas Prof. Mário Pinheiro / Prof. Antonio Daud Jr - Aula 13 Quanto a horário, se, por exemplo, há denúncia sobre trabalho infantil em após às 22h00min, a ação fiscal será levada a termo durante a noite. Art. 16. As determinações para o cumprimento de ação fiscal deverão ser comunicadas por escrito, por meio de ordens de serviço. Parágrafo único. As ordens de serviço poderão prever a realização de inspeções por grupos de Auditores-Fiscais do Trabalho. O AFT não sai na rua escolhendo o que vai fiscalizar. Em atendimento ao planejamento estabelecido pelo órgão, a chefia imediata seleciona as empresas a serem fiscalizadas e distribui as correspondentes Ordens de Serviço (OS) ao AFT designado para a ação fiscal. O parágrafo único salienta que a chefia poderá escalar mais de um AFT para a mesma ação fiscal, o que pode acontecer em face do porte do estabelecimento, complexidade da fiscalização, etc. Art. 17. Os órgãos da administração pública direta ou indireta e as empresas concessionárias ou permissionárias de serviços públicos ficam obrigadas a proporcionar efetiva cooperação aos Auditores-Fiscais do Trabalho. Em face do caso concreto, é possível que o AFT necessite de apoio de outros órgãos para proceder à fiscalização, e este artigo dispõe acerca da obrigatoriedade de cooperação por parte de outras entidades. Cite-se, por exemplo, as solicitações de apoio policial nos raros casos em que o empregador se recusa a permitir o acesso do AFT às dependências do seu estabelecimento. Um exemplo desta previsão constante da própria CLT é o seguinte: Prof. Mário Pinheiro / Prof. Antonio Daud Jr w w w .e s t r a t e g ia c o n c u r s o s .c o m .b r Página 16 de 104 ATENÇÃO! ESSE MATERIAL PERTENCE AO SITE: WWW.MATERIALPARACONCURSOS.COM Direito do Trabalho p/ AFT 2014 Teoria e Questões Comentadas Prof. Mário Pinheiro / Prof. Antonio Daud Jr - Aula 13 CLT, art. 630, § 8° - As autoridades policiais, quando solicitadas, deverão prestar aos agentes da inspeção a assistência de que necessitarem para o fiel cumprimento de suas atribuições legais. Pessoal, este próximo artigo é um pouco mais extenso, então comentarei item por item. Aqui também farei, quando necessário, algumas alterações na ordem das alíneas, para agrupar disposições semelhantes. Art. 18. Compete aos Auditores-Fiscais do Trabalho, em todo o território nacional: I - verificar o cumprimento das disposições legais e regulamentares, inclusive as relacionadas à segurança e à saúde no trabalho, no âmbito das relações de trabalho e de emprego, em especial: a) os registros em Carteira de Trabalho e Previdência Social (CTPS), visando à redução dos índices de informalidade; Um dos problemas mais frequentes na rotina trabalhista é encontrar empregados laborando sem registro em CTPS. Empregado sem CTPS assinada pelo empregador está na informalidade, e por conta disto não tem o FGTS depositado, não conta tempo para se aposentar, não recebe férias, não recebe décimo terceiro salário, etc. Em vista disso, os AFT devem exigir o registro dos empregados visando à redução dos índices de informalidade. b) o recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), objetivando maximizar os índices de arrecadação; A falta de recolhimento do FGTS também é comum, e um dos atributos a serem fiscalizados é justamente o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço, com o objetivo de maximizar os índices de arrecadação. c) o cumprimento de acordos, convenções e contratos coletivos de trabalho celebrados entre empregados e empregadores; e Prof. Mário Pinheiro / Prof. Antonio Daud Jr w w w .e s t r a t e g ia c o n c u r s o s .c o m .b r Página 17 de 104 ATENÇÃO! ESSE MATERIAL PERTENCE AO SITE: WWW.MATERIALPARACONCURSOS.COM Direito do Trabalho p/ AFT 2014 Teoria e Questões Comentadas Prof. Mário Pinheiro / Prof. Antonio Daud Jr - Aula 13 Como resultado das negociações coletivas de trabalho, entabuladas entre empresas, sindicatos patronais e sindicatos obreiros, são elaborados os contratos coletivos de trabalho (CTT) e acordos coletivos de trabalho (ACT), cujas cláusulas obrigam as partes pactuantes. No decurso da ação fiscal, com base na documentação apresentada, o AFT deve verificar se as partes estão cumprindo as disposições dos diplomas coletivos de trabalho. d) o cumprimento dos acordos, tratados e convenções internacionais ratificados pelo Brasil; Várias Convenções da OIT foram regularmente internalizadas, as quais o Brasil se obrigou como signatário. Sendo assim, cabe ao AFT, nas ações fiscais, observar o cumprimento das normas oriundas do direito internacional do trabalho. II - ministrar orientações e dar informações e conselhos técnicos aos trabalhadores e às pessoas sujeitas à inspeção do trabalho, atendidos os critérios administrativos de oportunidade e conveniência; Além da lavratura de Autos de Infração, notificação para regularização de problemas identificados, elaboração de embargos e interdições, também cabe ao AFT orientar os empregados quanto aos preceitos estabelecidos na legislação. Estas orientações podem se dar, por exemplo, durante a fiscalização e, também, nos plantões de orientação ao público. III - interrogar as pessoas sujeitas à inspeção do trabalho, seus prepostos ou representantes legais, bem como trabalhadores, sobre qualquer matéria relativa à aplicação das disposições legais e exigir-lhes documento de identificação; Para a apuração de possíveis infrações (como falta de registro em CTPS, desobediência a normas de segurança e saúde, etc.) o AFT precisa obter informações junto aos empregados e aos representantes da empresa. As Prof. Mário Pinheiro / Prof. Antonio Daud Jr w w w .e s t r a t e g ia c o n c u r s o s .c o m .b r Página 18 de 104 ATENÇÃO! ESSE MATERIAL PERTENCE AO SITE: WWW.MATERIALPARACONCURSOS.COM Direito do Trabalho p/ AFT 2014 Teoria e Questões Comentadas Prof. Mário Pinheiro / Prof. Antonio Daud Jr - Aula 13 entrevistas podem ser, inclusive, um dos elementos de convicção para a lavratura de Autos de Infração. IV - expedir notificação para apresentação de documentos; Para que seja possível avaliar o cumprimento das disposições legais sobre diversos itens da legislação o AFT deve analisara documentação trabalhista (recibos de salário, controles de jornada, guias de recolhimento do FGTS, ordens de serviço sobre segurança e saúde no trabalho, etc.). Para obter tais documentos o AFT expede a Notificação para Apresentação de Documentos (NAD), que formaliza esta solicitação junto ao empregador. V - examinar e extrair dados e cópias de livros, arquivos e outros documentos, que entenda necessários ao exercício de suas atribuições legais, inclusive quando mantidos em meio magnético ou eletrônico; Em face de irregularidades identificadas, e com vistas a subsidiar a lavratura de Autos de Infração, Termos de Interdição, Relatórios a serem encaminhados a outros órgãos etc., o AFT pode extrair cópias de documentos relacionados, e também obter arquivos eletrônicos (como no caso da folha de pagamento, para se proceder ao levantamento de débito do FGTS). VI - proceder a levantamento e notificação de débitos; Esta alínea se relaciona aos casos em que foi identificada falta de recolhimento do FGTS, quando será necessário levantar o débito e emitir a Notificação de Débito do Fundo de Garantia e da Contribuição Social3 - NDFC. VII - apreender, mediante termo, materiais, livros, papéis, arquivos e documentos, inclusive quando mantidos em meio magnético ou eletrônico, que constituam prova material de infração, ou, ainda, para exame ou instrução de processos; XII - coletar materiais e substâncias nos locais de trabalho para fins de análise, bem como apreender equipamentos e outros itens relacionados com a segurança e saúde no trabalho, lavrando o respectivo termo de apreensão; 3 Contribuição Social (CS), instituída pela Lei Complementar 101/2011. Prof. Mário Pinheiro / Prof. Antonio Daud Jr w w w .e s t r a t e g ia c o n c u r s o s .c o m .b r Página 19 de 104 ATENÇÃO! ESSE MATERIAL PERTENCE AO SITE: WWW.MATERIALPARACONCURSOS.COM Direito do Trabalho p/ AFT 2014 Teoria e Questões Comentadas Prof. Mário Pinheiro / Prof. Antonio Daud Jr - Aula 13 De acordo com as circunstâncias o Auditor-Fiscal poderá apreender documentos que constituam prova de irregularidades trabalhistas, lavrando o correspondente Termo de Apreensão e Guarda. Este Termo irá formalizar o ato e conterá a identificação dos documentos apreendidos, motivo da apreensão, entre outros. VIII - inspecionar os locais de trabalho, o funcionamento de máquinas e a utilização de equipamentos e instalações; IX - averiguar e analisar situações com risco potencial de gerar doenças ocupacionais e acidentes do trabalho, determinando as medidas preventivas necessárias; X - notificar as pessoas sujeitas à inspeção do trabalho para o cumprimento de obrigações ou a correção de irregularidades e adoção de medidas que eliminem os riscos para a saúde e segurança dos trabalhadores, nas instalações ou métodos de trabalho; A maioria dos aspectos relacionados a segurança e saúde no trabalho demanda inspeção no local onde os empregados laboram. Nestas inspeções o AFT irá verificar que tipos de agentes insalubres existem, quais máquinas são utilizadas, como os empregados desenvolvem suas atividades, quais são as condições gerais em termos de organização do trabalho, iluminação, aspectos ergonômicos, etc. Com esta visão geral, aprofundada com análise de documentos, programas e laudos, será possível adotar as medidas cabíveis, entre elas a notificação para correção de irregularidades. XI - quando constatado grave e iminente risco para a saúde ou segurança dos trabalhadores, expedir a notificação a que se refere o inciso X deste artigo, determinando a adoção de medidas de imediata aplicação; XIII - propor a interdição de estabelecimento, setor de serviço, máquina ou equipamento, ou o embargo de obra, total ou parcial, quando constatar situação de grave e iminente risco à saúde ou à integridade Prof. Mário Pinheiro / Prof. Antonio Daud Jr w w w .e s t r a t e g ia c o n c u r s o s .c o m .b r Página 20 de 104 ATENÇÃO! ESSE MATERIAL PERTENCE AO SITE: WWW.MATERIALPARACONCURSOS.COM Direito do Trabalho p/ AFT 2014 Teoria e Questões Comentadas Prof. Mário Pinheiro / Prof. Antonio Daud Jr - Aula 13 física do trabalhador, por meio de emissão de laudo técnico que indique a situação de risco verificada e especifique as medidas corretivas que deverão ser adotadas pelas pessoas sujeitas à inspeção do trabalho, comunicando o fato de imediato à autoridade competente; Em sendo identificado o risco grave e iminente, caberá o embargo da obra ou interdição de máquina, equipamento, estabelecimento ou setor de serviço, cuja elaboração inclui a indicação das medidas a serem adotadas para o saneamento da condição gravosa à integridade dos trabalhadores. Originariamente a competência é do Superintendente Regional do Trabalho e Emprego, havendo diversas delegações da atribuição de interditar e embargar aos AFT. O Termo de Interdição ou Embargo deve ser acompanhado de laudo técnico que indique a situação de risco verificada e especifique as medidas corretivas que deverão ser adotadas. Os assuntos embargo e interdição, em detalhes, são tratados nos artigos 160 e 161 da CLT e na Norma Regulamentadora n° 3 do MTE, dispositivos estes que são pormenorizados no curso de Segurança e Saúde no Trabalho. XIV - analisar e investigar as causas dos acidentes do trabalho e das doenças ocupacionais, bem como as situações com potencial para gerar tais eventos; A Análise de Acidentes de Trabalho é um dos projetos de fiscalização atualmente existentes no MTE, e em seu âmbito são emitidas Ordens de Serviço para investigação de tais infortúnios. O RIT possui disposição adicional sobre investigação de acidentes, que é a seguinte: Art. 21. Caberá ao órgão regional do Ministério do Trabalho e Emprego promover a investigação das causas de acidentes ou doenças relacionadas ao trabalho, determinando as medidas de proteção necessárias. XV - realizar auditorias e perícias e emitir laudos, pareceres e relatórios; Prof. Mário Pinheiro / Prof. Antonio Daud Jr w w w .e s t r a t e g ia c o n c u r s o s .c o m .b r Página 21 de 104 ATENÇÃO! ESSE MATERIAL PERTENCE AO SITE: WWW.MATERIALPARACONCURSOS.COM Direito do Trabalho p/ AFT 2014 Teoria e Questões Comentadas Prof. Mário Pinheiro / Prof. Antonio Daud Jr - Aula 13 XXI - elaborar relatórios de suas atividades, nos prazos e formas previstos em instruções expedidas pela autoridade nacional competente em matéria de inspeção do trabalho; O resultado das fiscalizações deve ser formalizado em sistema informatizado do MTE e, quando for o caso, devem ser elaborados relatórios para encaminhamento ao Ministério Público Federal, Ministério Público do Trabalho, Polícia Federal, etc. XVI - solicitar, quando necessário ao desempenho de suas funções, o auxílio da autoridade policial; A solicitação de apoio policial geralmente ocorre quando o AFT é impedido de acessar o estabelecimento do empregador. É uma situação atípica, que ocorre poucas vezes (comigo nunca aconteceu). Em vista da natureza peculiar de determinadas ações fiscais, como o combate ao trabalho escravo em regiões distantes, é comum a solicitação de acompanhamento das Polícias Federal ou Rodoviária Federal. XVII - lavrar termo de compromisso decorrente de procedimento especial de inspeção; O Termo de Compromisso é o que formaliza o procedimento especial para a ação fiscal, conforme previsto na CLT. Falaremos sobre isto mais adiante, pois envolve outro trecho do RIT. XVIII - lavrar autos de infração por inobservância de disposições legais; A regra é a seguinte: identificada a irregularidade, o AFT deve lavrar o correspondente Auto de Infração (AI). Sobre esta regra e suas exceções falaremos mais adiante, comentando os correspondentes artigos da CLT. XIX - analisar processos administrativos de auto de infração,notificações de débitos ou outros que lhes forem distribuídos; Alguns AFT não realizam a atividade rotineira de fiscalização de empresas, pois são incumbidos das análises de processos Autos de Infração lavrados por outros AFT (e respectivas defesas apresentadas pelos empregadores autuados). Prof. Mário Pinheiro / Prof. Antonio Daud Jr w w w .e s t r a t e g ia c o n c u r s o s .c o m .b r Página 22 de 104 ATENÇÃO! ESSE MATERIAL PERTENCE AO SITE: WWW.MATERIALPARACONCURSOS.COM Direito do Trabalho p/ AFT 2014 Teoria e Questões Comentadas Prof. Mário Pinheiro / Prof. Antonio Daud Jr - Aula 13 Há também Auditores-Fiscais que analisam as Notificações de Débito do Fundo de Garantia e da Contribuição Social - NDFC. A atividade destes Auditores consiste em avaliar a regularidade destes documentos fiscais. Feita a análise, o Auditor irá opinar pela subsistência (ou insubsistência), para a posterior decisão da autoridade competente sobre a imposição de multa ao administrado. XX - devolver, devidamente informados os processos e demais documentos que lhes forem distribuídos, nos prazos e formas previstos em instruções expedidas pela autoridade nacional competente em matéria de inspeção do trabalho; A fiscalização tem várias origens: conforme o planejamento, solicitações de outros órgãos, denúncias de sindicatos, denúncias de empregados, etc. Quando o AFT receber um processo ou documento que contenha informações ou fatos a serem apurados sob ação fiscal, findo o prazo estabelecido deverá devolver à chefia o expediente recebido, com as devidas conclusões. XXII - levar ao conhecimento da autoridade competente, por escrito, as deficiências ou abusos que não estejam especificamente compreendidos nas disposições legais; Esta alínea trata de casos em que o Auditor-Fiscal verifique situações não tipificadas que considere como abusos. O encaminhamento à autoridade competente objetiva que esta situação seja analisada por quem de direito para, eventualmente, vir a ensejar alteração normativa que aumente a proteção dos trabalhadores contra abusos do empregador. XXIII - atuar em conformidade com as prioridades estabelecidas pelos planejamentos nacional e regional. A ação dos AFT decorre de planejamento realizado institucionalmente, e neste contexto a atuação funcional do Auditor deve respeitar as prioridades estabelecidas pelo escalão superior. Prof. Mário Pinheiro / Prof. Antonio Daud Jr w w w .e s t r a t e g ia c o n c u r s o s .c o m .b r Página 23 de 104 ATENÇÃO! ESSE MATERIAL PERTENCE AO SITE: WWW.MATERIALPARACONCURSOS.COM Direito do Trabalho p/ AFT 2014 Teoria e Questões Comentadas Prof. Mário Pinheiro / Prof. Antonio Daud Jr - Aula 13 2.1.2. Modalidades de fiscalização Existem diferentes maneiras de se proceder à fiscalização trabalhista, e também diferentes origens da demanda que justificou a ação fiscal. Inicialmente vejamos as disposições do RIT: Art. 30. Poderão ser estabelecidos procedimentos de fiscalização indireta, mista, ou outras que venham a ser definidas em instruções expedidas pela autoridade nacional competente em matéria de inspeção do trabalho. § 1° Considera-se fiscalização indireta aquela realizada por meio de sistema de notificações para apresentação de documentos nas unidades descentralizadas do Ministério do Trabalho e Emprego. § 2° Poderá ser adotada fiscalização indireta: I - na execução de programa especial para a ação fiscal; ou II - quando o objeto da fiscalização não importar necessariamente em inspeção no local de trabalho. § 3° Considera-se fiscalização mista aquela iniciada com a visita ao local de trabalho e desenvolvida mediante notificação para apresentação de documentos nas unidades descentralizadas do Ministério do Trabalho e Emprego. As modalidades de fiscalização foram enumeradas por meio da Portaria MTE 546/10, cujo regramento pode ser mais bem visualizado da seguinte maneira: Resumindo Prof. Mário Pinheiro / Prof. Antonio Daud Jr w w w .e s t r a t e g ia c o n c u r s o s .c o m .b r Página 24 de 104 ATENÇÃO! ESSE MATERIAL PERTENCE AO SITE: WWW.MATERIALPARACONCURSOS.COM Direito do Trabalho p/ AFT 2014 Teoria e Questões Comentadas Prof. Mário Pinheiro / Prof. Antonio Daud Jr - Aula 13 Modalidade de fiscalização Descrição Fiscalização dirigida >>> E aquela resultante do planejamento da SIT ou da SRTE, desenvolvida individualmente ou em grupo, que demanda para a sua execução a designação, pela autoridade competente, por meio de OS, de um ou mais AFT.________ Fiscalização indireta >>> É aquela que envolve apenas análise documental, a partir de sistema de notificações via postal aos empregadores para apresentação de documentos nas unidades descentralizadas do MTE, em data e horário definidos, e demanda para sua execução a designação de AFT, pela chefia técnica imediata ou superior, por meio de OS, conforme escala mensal. Fiscalização por denúncia >>> É aquela resultante de OS originada de denúncia que envolva risco grave à segurança, à saúde ou à regularidade do pagamento do salário aos trabalhadores e que deva merecer apuração prioritária, podendo ser desenvolvida individualmente ou em grupo.______________ Fiscalização imediata >>> É aquela decorrente da constatação de grave e iminente risco à saúde e segurança dos trabalhadores, que obriga a comunicação à chefia técnica imediata, bem como a lavratura de auto de infração ou expedição de termo desembargo ou interdição.____________________________ Fiscalização para análise de acidente do trabalho >>> É aquela resultante de OS originada de notícia sobre a ocorrência de acidente de trabalho grave ou fatal, que tem como objetivo a coleta de dados e informações para identificação do conjunto de fatores causais envolvidos na gênese do acidente.__________________________________ Prof. Mário Pinheiro / Prof. Antonio Daud Jr w w w .e s t r a t e g ia c o n c u r s o s .c o m .b r Página 25 de 104 ATENÇÃO! ESSE MATERIAL PERTENCE AO SITE: WWW.MATERIALPARACONCURSOS.COM Direito do Trabalho p/ AFT 2014 Teoria e Questões Comentadas Prof. Mário Pinheiro / Prof. Antonio Daud Jr - Aula 13 Fazendo uma comparação entre o RIT e a Portaria 546/10 vemos que a identificação tem ligeiras diferenciações, tendo em vista o critério para a designação das demandas. O RIT trata mais do modus operandi na ação fiscal, enquanto o Portaria se preocupa com a natureza e a origem da demanda. Sobre a maneira como o RIT distinguiu as ações fiscais, podemos resumir no quadro abaixo: Modalidade de fiscalização >>> >>> >>> Prof. Mário Pinheiro / Prof. Antonio Daud Jr w w w .e s t r a t e g ia c o n c u r s o s .c o m .b r Página 26 de 104 Fiscalização direta Fiscalização indireta Fiscalização mista Descrição O AFT procede à verificação física no estabelecimento, entrevistando empregados e observando as condições de trabalho, analisando posteriormente a documentação necessária no próprio estabelecimento.__________________ É realizada por meio de sistema de notificações para apresentação de documentos nas unidades descentralizadas do Ministério do Trabalho e Emprego. A empresa é notificada pelo MTE (pelos Correios) para que, em dia e horário marcados, apresente os documentos requeridos; neste caso, não há verificação física na empresa. Ocorre na execução de programa especial para a ação fiscal e quando o objeto da fiscalização não importar necessariamente em inspeção no local de trabalho (exemplo desta última hipótese: fiscalização do atributo FGTS, que somente demanda consulta a sistemas informatizados e análise documental).__________________ Considera-se fiscalização mista aquela iniciada com a visita ao local de trabalho e desenvolvida mediante notificaçãopara apresentação de documentos nas unidades descentralizadas do Ministério do Trabalho e Emprego. É a mais comum, pois analisar documentação na própria empresa, geralmente, é inviável. Aqui o AFT faz a verificação física e, posteriormente, a empresa leva os documentos solicitados até a unidade do MTE, em dia e horário marcados pelo AFT na correspondente Notificação para Apresentação de Documentos (NAD)._______________ ATENÇÃO! ESSE MATERIAL PERTENCE AO SITE: WWW.MATERIALPARACONCURSOS.COM Direito do Trabalho p/ AFT 2014 Teoria e Questões Comentadas Prof. Mário Pinheiro / Prof. Antonio Daud Jr - Aula 13 2.1.3. Lavratura de Autos de Infração A regra é que, identificada a irregularidade durante a ação fiscal, seia lavrado o correspondente Auto de Infração (AI). Segue abaixo o dispositivo da CLT que vincula a lavratura do AI: CLT, art. 628. Salvo o disposto nos arts. 627 e 627-A, a toda verificação em que o Auditor-Fiscal do Trabalho concluir pela existência de violação de preceito legal deve corresponder, sob pena de responsabilidade administrativa, a lavratura de auto de infração. Nesta linha, se o AFT, através de verificação física e análise documental, identifica empregados sem registro, atraso de salário, excesso de jornada, irregularidade na concessão de intervalo intraiornada, irregularidade na concessão de intervalo intrajornada, concessão extemporânea de férias, falta de recolhimento do FGTS e quitação de verbas rescisórias fora do prazo, deverá, em princípio, lavrar os 8 Autos de Infração correspondentes a estas infrações. Caso o AFT identifique total descumprimento das NR 6 (EPI), 7 (PCMSO) e 9 (PPRA), por exemplo, lá se vão algumas dezenas de Autos de Infração. Vejam que o art. 628 inclui a palavra "toda" e, após, admite as exceções legais, que são a dupla visita (art. 627) e o procedimento especial para a ação fiscal (art. 627-A). O RIT possui regra similar, conforme disposto abaixo: Decreto 4.552/02, art. 24. A toda verificação em que o Auditor-Fiscal do Trabalho concluir pela existência de violação de preceito legal deve corresponder, sob pena de responsabilidade, a lavratura de auto de infração, ressalvado o disposto no art. 23 [dupla visita] e na hipótese de instauração de procedimento especial de fiscalização. Parágrafo único. O auto de infração não terá seu valor probante condicionado à assinatura do infrator ou de testemunhas e será lavrado no local da inspeção, salvo havendo motivo justificado que será declarado no próprio auto, quando então deverá ser lavrado no prazo de vinte e quatro horas, sob pena de responsabilidade. Prof. Mário Pinheiro / Prof. Antonio Daud Jr w w w .e s t r a t e g ia c o n c u r s o s .c o m .b r Página 27 de 104 ATENÇÃO! ESSE MATERIAL PERTENCE AO SITE: WWW.MATERIALPARACONCURSOS.COM Direito do Trabalho p/ AFT 2014 Teoria e Questões Comentadas Prof. Mário Pinheiro / Prof. Antonio Daud Jr - Aula 13 A previsão do parágrafo único é importante porque, geralmente, o local da fiscalização não é adequado para a lavratura dos Autos. Por este motivo, nem sempre o AI é lavrado no local da inspeção (é o caso, por exemplo, da fiscalização mista). Nestes casos, no campo "Histórico" do Auto de Infração o AFT descreve o motivo pelo qual o AI foi lavrado fora do local da inspeção. Outro aspecto a ser destacado é que o AI não terá seu valor probante condicionado à assinatura do infrator ou de testemunhas. Isto significa que se, por exemplo, o empregador autuado se recusar a receber o AI, isto não o invalidará: o AFT poderá encaminhar o documento pelos correios, com Aviso de Recebimento (AR), que será anexado ao processo. Sobre o local da lavratura de documentos fiscais, além desta regra que vimos quanto aos Autos de Infração, existe também outra relativa às Notificações de débito: Art. 25. As notificações de débitos e outras decorrentes da ação fiscal poderão ser lavradas, a critério do Auditor-Fiscal do Trabalho, no local que oferecer melhores condições. Percebe-se, desta maneira, que aqui não há a necessidade de justificar o motivo da não lavratura no local da inspeção. Dupla visita Algumas situações tipificadas em lei limitam a imposição de Autos de Infração a quem descumpre a legislação trabalhista. Nestes casos, ao invés de aplicar os Autos (que se converteriam em multas administrativas), o enfoque da fiscalização deverá ser prioritariamente orientativo. Para tratar do tema dupla visita falaremos sobre a CLT, o RIT e a Lei Complementar 123/06. Inicialmente vejamos a disposição celetista: Prof. Mário Pinheiro / Prof. Antonio Daud Jr w w w .e s t r a t e g ia c o n c u r s o s .c o m .b r Página 28 de 104 ATENÇÃO! ESSE MATERIAL PERTENCE AO SITE: WWW.MATERIALPARACONCURSOS.COM Direito do Trabalho p/ AFT 2014 Teoria e Questões Comentadas Prof. Mário Pinheiro / Prof. Antonio Daud Jr - Aula 13 CLT, art. 627 - A fim de promover a instrução dos responsáveis no cumprimento das leis de proteção do trabalho, a fiscalização deverá observar o critério de dupla visita nos seguintes casos: a) quando ocorrer promulgação ou expedição de novas leis, regulamentos ou instruções ministeriais, sendo que, com relação exclusivamente a esses atos, será feita apenas a instrução dos responsáveis; b) em se realizando a primeira inspeção dos estabelecimentos ou dos locais de trabalho, recentemente inaugurados ou empreendidos. Assim, vemos que a CLT impôs regras gerais, que necessitavam ser mais bem delineadas; o que é "lei nova"? E o que seria estabelecimento "recentemente inaugurado"? O RIT (Decreto 4.552/02) definiu estes comandos gerais da seguinte maneira, estendendo, também, as hipóteses de cabimento da dupla visita: Art. 23. Os Auditores-Fiscais do Trabalho têm o dever de orientar e advertir as pessoas sujeitas à inspeção do trabalho e os trabalhadores quanto ao cumprimento da legislação trabalhista, e observarão o critério da dupla visita nos seguintes casos: I - quando ocorrer promulgação ou expedição de novas leis, regulamentos ou instruções ministeriais, sendo que, com relação exclusivamente a esses atos, será feita apenas a instrução dos responsáveis; II - quando se tratar de primeira inspeção nos estabelecimentos ou locais de trabalho recentemente inaugurados ou empreendidos; Estes dois incisos apenas reproduziram o que já estava previsto a CLT. A definição do prazo em que aplicável a dupla visita consta do parágrafo 1° deste mesmo artigo, que segue abaixo: § 1° A autuação pelas infrações não dependerá da dupla visita após o decurso do prazo de noventa dias da vigência das disposições a que se refere o inciso I ou do efetivo funcionamento do novo estabelecimento ou local de trabalho a que se refere o inciso II. Prof. Mário Pinheiro / Prof. Antonio Daud Jr w w w .e s t r a t e g ia c o n c u r s o s .c o m .b r Página 29 de 104 ATENÇÃO! ESSE MATERIAL PERTENCE AO SITE: WWW.MATERIALPARACONCURSOS.COM Direito do Trabalho p/ AFT 2014 Teoria e Questões Comentadas Prof. Mário Pinheiro / Prof. Antonio Daud Jr - Aula 13 Desta maneira, somente durante os primeiros 90 dias de vigência da nova lei ou dos primeiros 90 dias do efetivo funcionamento do novo estabelecimento é que caberá a dupla visita. III - quando se tratar de estabelecimento ou local de trabalho com até dez trabalhadores, salvo quando for constatada infração por falta de registro de empregado ou de anotação da CTPS, bem como na ocorrência de reincidência, fraude, resistência ou embaraço à fiscalização; e Aqui o RIT trouxe uma exceção e, também, uma exceção da exceção ;-) Ou seja: em geral, pequenos estabelecimentos estão abrangidos pela dupla visita, salvo se as irregularidades forem as descritas no inciso acima. Assim, mesmo que se trate de uma empresa com um empregado, se este estiver semregistro, deverá ser lavrado o correspondente Auto de Infração. Esta disposição do RIT já se encontrava disposta na Lei 7.885/89, de modo idêntico: Lei 7.885/89, art. 6°, § 3° Será observado o critério de dupla visita nas empresas com até dez empregados, salvo quando for constatada infração por falta de registro de empregado, anotação de sua Carteira de Trabalho e Previdência Social e na ocorrência de fraude, resistência ou embaraço à fiscalização. Ainda quanto a este inciso III é oportuno mencionar o § 2° do mesmo artigo: § 2° Após obedecido o disposto no inciso III, não será mais observado o critério de dupla visita em relação ao dispositivo infringido. Caso, por exemplo, tenha sido identificada concessão de férias após o período concessivo, a empresa com até dez trabalhadores (desde que não tenha havido fraude, resistência ou embaraço à fiscalização) será orientada. Conforme o dispositivo acima, se, em nova ação fiscal, a mesma irregularidade for identificada, não caberá a dupla visita. Prof. Mário Pinheiro / Prof. Antonio Daud Jr w w w .e s t r a t e g ia c o n c u r s o s .c o m .b r Página 30 de 104 ATENÇÃO! ESSE MATERIAL PERTENCE AO SITE: WWW.MATERIALPARACONCURSOS.COM Direito do Trabalho p/ AFT 2014 Teoria e Questões Comentadas Prof. Mário Pinheiro / Prof. Antonio Daud Jr - Aula 13 IV - quando se tratar de microempresa e empresa de pequeno porte, na forma da lei específica. Neste item o legislador buscou impor viés orientativo quando cabível, às microempresas (ME) e empresas de pequeno porte (EPP). A lei específica mencionada no RIT, atualmente, é a Lei Complementar 123/2006, que instituiu o Estatuto Nacional da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte e dá outras providências. Sobre isto a Lei Complementar 123/2006 prevê o seguinte: LC 123/2006, art. 55. A fiscalização, no que se refere aos aspectos trabalhista, metrológico, sanitário, ambiental e de segurança, das microempresas e empresas de pequeno porte deverá ter natureza prioritariamente orientadora, quando a atividade ou situação, por sua natureza, comportar grau de risco compatível com esse procedimento. § 1° Será observado o critério de dupla visita para lavratura de autos de infração, salvo quando for constatada infração por falta de registro de empregado ou anotação da Carteira de Trabalho e Previdência Social - CTPS, ou, ainda, na ocorrência de reincidência, fraude, resistência ou embaraço à fiscalização. Frise-se que a própria Lei (art. 55, caput) indicou que caberá a natureza orientadora da fiscalização quando a situação comportar grau de risco compatível com esse procedimento. Neste contexto, caso o AFT entenda que, pela gravidade da situação identificada a dupla visita seja incompatível, lavrará os Autos de Infração devidos contextualizando a impossibilidade de aplicação de caráter orientativo ao caso concreto. § 3° A dupla visita será formalizada em notificação, que fixará prazo para a visita seguinte, na forma das instruções expedidas pela autoridade nacional competente em matéria de inspeção do trabalho. Este é o §3° do mesmo artigo 23 (falamos dos outros 2 parágrafos ao longo dos comentários sobre as suas alíneas). Prof. Mário Pinheiro / Prof. Antonio Daud Jr w w w .e s t r a t e g ia c o n c u r s o s .c o m .b r Página 31 de 104 ATENÇÃO! ESSE MATERIAL PERTENCE AO SITE: WWW.MATERIALPARACONCURSOS.COM Direito do Trabalho p/ AFT 2014 Teoria e Questões Comentadas Prof. Mário Pinheiro / Prof. Antonio Daud Jr - Aula 13 Como descrito no parágrafo, caberá formalização da dupla visita, fixando prazo para a visita seguinte. Vejamos agora as disposições sobre o procedimento especial para a ação fiscal, que também representa exceção à regra de que a toda irregularidade deverá ser lavrado o AI. Procedimento especial para a ação fiscal O procedimento especial para a ação fiscal está previsto na CLT, nos seguintes termos: CLT, art. 627-A. Poderá ser instaurado procedimento especial para a ação fiscal, objetivando a orientação sobre o cumprimento das leis de proteção ao trabalho, bem como a prevenção e o saneamento de infrações à legislação mediante Termo de Compromisso, na forma a ser disciplinada no Regulamento da Inspeção do Trabalho. No RIT, as disposições são as seguintes: Art. 27. Considera-se procedimento especial para a ação fiscal aquele que objetiva a orientação sobre o cumprimento das leis de proteção ao trabalho, bem como a prevenção e o saneamento de infrações à legislação. Art. 28. O procedimento especial para a ação fiscal poderá ser instaurado pelo Auditor-Fiscal do Trabalho quando concluir pela ocorrência de motivo grave ou relevante que impossibilite ou dificulte o cumprimento da legislação trabalhista por pessoas ou setor econômico sujeito à inspeção do trabalho, com a anuência da chefia imediata. Neste contexto, podemos verificar que a legislação estabeleceu uma situação bastante genérica para o cabimento do procedimento especial para a ação fiscal: ocorrência de motivo grave ou relevante que impossibilite ou dificulte o cumprimento da legislação trabalhista. Prof. Mário Pinheiro / Prof. Antonio Daud Jr w w w .e s t r a t e g ia c o n c u r s o s .c o m .b r Página 32 de 104 ATENÇÃO! ESSE MATERIAL PERTENCE AO SITE: WWW.MATERIALPARACONCURSOS.COM Direito do Trabalho p/ AFT 2014 Teoria e Questões Comentadas Prof. Mário Pinheiro / Prof. Antonio Daud Jr - Aula 13 Podemos imaginar, por exemplo, o caso de um segmento econômico que foi duramente afetado por alguma crise e, por este motivo, as empresas que o compõem passaram a pagar salário em atraso e deixar de recolher o FGTS. Sobre o caput do art. 28, note-se que a instauração do procedimento depende do juízo de oportunidade e conveniência do AFT que esteja atuando naquele segmento e, também, da anuência da chefia imediata. Art. 29. A chefia de fiscalização poderá, na forma de instruções expedidas pela autoridade nacional competente em matéria de inspeção do trabalho, instaurar o procedimento especial sempre que identificar a ocorrência de: I - motivo grave ou relevante que impossibilite ou dificulte o cumprimento da legislação trabalhista pelo tomador ou intermediador de serviços; II - situação reiteradamente irregular em setor econômico. Parágrafo único. Quando houver ação fiscal em andamento, o procedimento especial de fiscalização deverá observar as instruções expedidas pela autoridade nacional competente em matéria de inspeção do trabalho. Este dispositivo consolida o que comentamos anteriormente: cabe à chefia imediata a instauração do procedimento especial, nas hipóteses elencadas pela legislação. Art. 28, § 1° O procedimento especial para a ação fiscal iniciará com a notificação, pela chefia da fiscalização, para comparecimento das pessoas sujeitas à inspeção do trabalho, à sede da unidade descentralizada do Ministério do Trabalho e Emprego. Nas fiscalizações em geral, como vimos, o AFT faz a verificação física nas dependências da empresa e solicita a documentação para análise. Prof. Mário Pinheiro / Prof. Antonio Daud Jr w w w .e s t r a t e g ia c o n c u r s o s .c o m .b r Página 33 de 104 ATENÇÃO! ESSE MATERIAL PERTENCE AO SITE: WWW.MATERIALPARACONCURSOS.COM Direito do Trabalho p/ AFT 2014 Teoria e Questões Comentadas Prof. Mário Pinheiro / Prof. Antonio Daud Jr - Aula 13 Aqui, entretanto, a lógica não é essa. Instaurado o procedimento especial para a ação fiscal, é a chefia que notificará (geralmente pelos Correios) as empresas para comparecimento na unidade do MTE (SRTE ou GRTE). § 2° A notificação deverá explicitar os motivos ensejadores da instauração do procedimento especial. A Notificação encaminhada pela chefia irá explicitar os motivos da instauração do procedimento especial, que serão relacionados às irregularidadestrabalhistas identificadas naquele ramo da economia (atraso de salários, falta de recolhimento de FGTS, falta de registro em CTPS, problemas de segurança e saúde no trabalho, etc.). § 3° O procedimento especial para a ação fiscal destinado à prevenção ou saneamento de infrações à legislação poderá resultar na lavratura de termo de compromisso que estipule as obrigações assumidas pelo compromissado e os prazos para seu cumprimento. Feitas as reuniões e esclarecimentos sobre os problemas identificados, os representantes das empresas atingidas pelo procedimento irão, quando for o caso, ser notificados a assinar termo de compromisso. Este termo irá indicar quais são os problemas e as obrigações a que as partes pactuantes se obrigarão (obrigações de fazer e/ou de não fazer). § 4° Durante o prazo fixado no termo, o compromissado poderá ser fiscalizado para verificação de seu cumprimento, sem prejuízo da ação fiscal em atributos não contemplados no referido termo. Vimos que o procedimento especial não será instaurado aleatoriamente: ele terá lugar quando da ocorrência de motivo grave ou relevante que impossibilite ou dificulte o cumprimento da legislação trabalhista. Deste modo, em havendo êxito na lavratura do termo de compromisso, não serão necessariamente lavrados os Autos de Infração cabíveis. Apesar disto, o procedimento especial se circunscreve aos atributos trabalhistas contidos em suas cláusulas, não havendo qualquer óbice à fiscalização e autuação de irregularidades não contempladas no referido termo Prof. Mário Pinheiro / Prof. Antonio Daud Jr w w w .e s t r a t e g ia c o n c u r s o s .c o m .b r Página 34 de 104 ATENÇÃO! ESSE MATERIAL PERTENCE AO SITE: WWW.MATERIALPARACONCURSOS.COM Direito do Trabalho p/ AFT 2014 Teoria e Questões Comentadas Prof. Mário Pinheiro / Prof. Antonio Daud Jr - Aula 13 Exemplo: o procedimento especial se relacionava a atraso de salário e a empresa foi fiscalizada, tendo sido identificado excesso de jornada e falta de concessão de intervalos: a lavratura dos correspondentes Autos não será prejudicada pela existência do termo de compromisso. § 5° Quando o procedimento especial para a ação fiscal for frustrado pelo não-atendimento da convocação, pela recusa de firmar termo de compromisso ou pelo descumprimento de qualquer cláusula compromissada, serão lavrados, de imediato, os respectivos autos de infração, e poderá ser encaminhando relatório circunstanciado ao Ministério Público do Trabalho. Aqui se trata da frustração do procedimento especial, pelos motivos expostos no parágrafo. Nestes casos, como as irregularidades foram identificadas, todos os Autos deverão ser lavrados. O dispositivo cita, ainda, encaminhamento de relatório ao Ministério Público do Trabalho (MPT). É frequente a interação entre MTE e MPT, e, além disso, cite- se que o MPT também busca a resolução de problemas específicos por meio de procedimentos nominados Termo de Ajustamento de Conduta (TAC). Para fins de prova, é importante saber que o termo de compromisso firmado nos termos do RIT não é sinônimo do TAC firmado pelo MPT. § 6° Não se aplica o procedimento especial de saneamento às situações de grave e iminente risco à saúde ou à integridade física do trabalhador. O termo de compromisso se aplica nos casos em que seja identificada irregularidade que comporte a concessão de prazo para sua regularização (onde, inclusive, nem haverá autuação). Quando a irregularidade (notadamente na seara da segurança e saúde no trabalho) for configurada como risco grave e iminente, incabível a concessão de prazo para sua regularização. Nestas hipóteses, cabe ao AFT embargar a obra ou interditar a máquina, equipamento, setor de serviço, etc. Prof. Mário Pinheiro / Prof. Antonio Daud Jr w w w .e s t r a t e g ia c o n c u r s o s .c o m .b r Página 35 de 104 ATENÇÃO! ESSE MATERIAL PERTENCE AO SITE: WWW.MATERIALPARACONCURSOS.COM Direito do Trabalho p/ AFT 2014 Teoria e Questões Comentadas Prof. Mário Pinheiro / Prof. Antonio Daud Jr - Aula 13 Para facilitar a memorização do conteúdo que foi estudado até agora sobre lavratura de Autos de Infração elaborei um esquema compilando as regras mais importantes: Lavratura de Autos de Infração Regra CLT, art. 628. Salvo o disposto nos arts. 627 e 627-A, a toda verificação em que o Auditor-Fiscal do Trabalho concluir pela existência de violação de preceito legal deve corresponder (...) a lavratura de auto de infração.__________________ Exceções Dupla visita Procedimento especial para a ação fiscal Promulgação ou expedição de novas leis, regulamentos ou instruções ministeriais. Prazo de 90 dias, a contar da vigência do novo normativo. CLT, art. 627-A. Poderá ser instaurado procedimento especial para a ação fiscal, objetivando a orientação sobre o cumprimento das leis de proteção ao trabalho, (...)_____ Primeira inspeção nos estabelecimentos recentemente inaugurados ou empreendidos. »» Prazo de 90 dias, a contar do efetivo funcionamento do novo estabelecimento. Estabelecimento ou »» Ressalva é feita Prof. Mário Pinheiro / Prof. Antonio Daud Jr w w w .e s t r a t e g ia c o n c u r s o s .c o m .b r Página 36 de 104 ATENÇÃO! ESSE MATERIAL PERTENCE AO SITE: WWW.MATERIALPARACONCURSOS.COM Direito do Trabalho p/ AFT 2014 Teoria e Questões Comentadas Prof. Mário Pinheiro / Prof. Antonio Daud Jr - Aula 13 local de trabalho com até dez trabalhadores. ME/EPP »» quanto a registro e anotação em CTPS, reincidência, fraude, resistência ou embaraço à fiscalização. Ainda sobre o assunto Auto de Infração, consta da CLT previsão de sua lavratura em duas vias, sendo uma entregue ao empregador autuado: CLT, art. 629 - O auto de infração será lavrado em duplicata, nos termos dos modelos e instruções expedidos, sendo uma via entregue ao infrator, contra recibo, ou ao mesmo enviada, dentro de 10 (dez) dias da lavratura, sob pena de responsabilidade, em registro postal, com franquia e recibo de volta. Atualmente os Autos de Infração (AI) são lavrados em três vias, de modo que uma delas fique de posse do AFT autuante, para controle. O dispositivo da CLT, entretanto, ainda fala de apenas duas vias (uma do processo administrativo e outra do autuado). Prof. Mário Pinheiro / Prof. Antonio Daud Jr w w w .e s t r a t e g ia c o n c u r s o s .c o m .b r Página 37 de 104 ATENÇÃO! ESSE MATERIAL PERTENCE AO SITE: WWW.MATERIALPARACONCURSOS.COM Direito do Trabalho p/ AFT 2014 Teoria e Questões Comentadas Prof. Mário Pinheiro / Prof. Antonio Daud Jr - Aula 13 2.1.4. Disposições gerais Neste tópico falaremos sobre os dispositivos finais do RIT e, também, de alguns outros assuntos constantes da CLT. Passe livre O passe livre representa a possibilidade do AFT, no uso de suas atribuições, ficar isento do pagamento de pedágio e tarifas de empresas de transporte. A previsão celetista é a seguinte: CLT, art. 630, § 5° - No território do exercício de sua função, o agente da inspeção gozará de passe livre nas empresas de transportes, públicas ou privadas, mediante a apresentação da carteira de identidade fiscal. O RIT, à semelhança da disposição da CLT, estabeleceu que Decreto 4.552/02, art. 34. As empresas de transportes de qualquer natureza, inclusive as exploradas pela União, Distrito Federal, Estados e Municípios, bem como as concessionárias de rodovias que cobram pedágio para o trânsito concederão passe livre aos Auditores-Fiscais do Trabalho e aos Agentes de Higiene e Segurança do Trabalho, no território nacional em conformidade com o disposto no art. 630, § 5°, da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), mediante a apresentação da Carteira de Identidade Fiscal. Parágrafo único. O passe livre a que se refereeste artigo abrange a travessia realizada em veículos de transporte aquaviário. Prof. Mário Pinheiro / Prof. Antonio Daud Jr w w w .e s t r a t e g ia c o n c u r s o s .c o m .b r Página 38 de 104 ATENÇÃO! ESSE MATERIAL PERTENCE AO SITE: WWW.MATERIALPARACONCURSOS.COM Direito do Trabalho p/ AFT 2014 Teoria e Questões Comentadas Prof. Mário Pinheiro / Prof. Antonio Daud Jr - Aula 13 Livro de Inspeção do Trabalho A previsão sobre obrigatoriedade do Livro de Inspeção do Trabalho foi incluído na CLT em 1967: CLT, art. 628, § 1° Ficam as empresas obrigadas a possuir o livro intitulado "Inspeção do Trabalho", cujo modelo será aprovado por portaria Ministerial. § 2° Nesse livro, registrará o agente da inspeção sua visita ao estabelecimento, declarando a data e a hora do início e término da mesma, bem como o resultado da inspeção, nele consignando, se for o caso, todas as irregularidades verificadas e as exigências feitas, com os respectivos prazos para seu atendimento, e, ainda, de modo legível, os elementos de sua identificação funcional. À época da instituição desta obrigação legal o uso de computadores, internet e sistemas informatizados eram bastante restritos, e atualmente todos os registros de ações fiscais (irregularidades identificadas, Autos de Infração lavrados, FGTS recolhido, etc.) são registrados em sistema informatizado do MTE. Apesar disto, o citado artigo continua em vigor, e as empresas em geral são obrigadas a manter tal livro. Uma exceção à obrigatoriedade de posse do Livro de Inspeção do Trabalho (LIT) recai sobre as ME/EPP, em face da já mencionada LC 123/06, que as isentou de tal obrigação: LC 123/06, art. 51. As microempresas e as empresas de pequeno porte são dispensadas: (...) IV - da posse do livro intitulado "Inspeção do Trabalho". Prof. Mário Pinheiro / Prof. Antonio Daud Jr w w w .e s t r a t e g ia c o n c u r s o s .c o m .b r Página 39 de 104 ATENÇÃO! ESSE MATERIAL PERTENCE AO SITE: WWW.MATERIALPARACONCURSOS.COM Direito do Trabalho p/ AFT 2014 Teoria e Questões Comentadas Prof. Mário Pinheiro / Prof. Antonio Daud Jr - Aula 13 Vedações ao AFT Ao seu final, o RIT dispõe sobre condutas vedadas ao Auditor-Fiscal do Trabalho. Segue abaixo o artigo 35, com os correspondentes comentários: Art. 35. É vedado aos Auditores-Fiscais do Trabalho e aos Agentes de Higiene e Segurança do Trabalho: I - revelar, sob pena de responsabilidade, mesmo na hipótese de afastamento do cargo, os segredos de fabricação ou comércio, bem como os processos de exploração de que tenham tido conhecimento no exercício de suas funções; O AFT, ao proceder à verificação física nas empresas, entrevista os empregados e tem contato com o maquinário utilizado, métodos e processos de trabalho, etc., tudo com o objetivo de identificar potenciais problemas que possam causar danos à integridade dos trabalhadores. O que este inciso impede é que o AFT revele a terceiros os segredos de fabricação e comércio de que tenha tomado conhecimento ao inspecionar os estabelecimentos fiscalizados. II - revelar informações obtidas em decorrência do exercício das suas competências; Este inciso tem o mesmo raciocínio do anterior, mas é mais amplo: não trata apenas de segredos de fabricação ou processos de exploração, e sim das informações em geral que tenha adquirido sobre a empresa fiscalizada. III - revelar as fontes de informações, reclamações ou denúncias; e Em alguns casos o AFT recebe denúncias de empregados contra seu empregador, e com base neste inciso seria vedado ao AFT, por exemplo, revelar a identidade do denunciante à empresa para evitar retaliação. Prof. Mário Pinheiro / Prof. Antonio Daud Jr w w w .e s t r a t e g ia c o n c u r s o s .c o m .b r Página 40 de 104 ATENÇÃO! ESSE MATERIAL PERTENCE AO SITE: WWW.MATERIALPARACONCURSOS.COM Direito do Trabalho p/ AFT 2014 Teoria e Questões Comentadas Prof. Mário Pinheiro / Prof. Antonio Daud Jr - Aula 13 IV - inspecionar os locais em que tenham qualquer interesse direto ou indireto, caso em que deverão declarar o impedimento. Caso seja repassada ao AFT Ordem de Serviço que contemple empresa com a qual este tenha algum interesse direto ou indireto, deverá declarar-se impedido, para evitar que a ação fiscal deixe de ser imparcial. É o caso, por exemplo, do AFT ser designado para fiscalizar empresa da qual seja sócio. Este é um entendimento análogo ao que existe na Lei 9.784/90, que regula 0 processo administrativo no âmbito da Administração Pública Federal (estudamos sobre isso em Direito Administrativo): Lei 9.784/99, art. 18. É impedido de atuar em processo administrativo o servidor ou autoridade que: 1 - tenha interesse direto ou indireto na matéria; II - tenha participado ou venha a participar como perito, testemunha ou representante, ou se tais situações ocorrem quanto ao cônjuge, companheiro ou parente e afins até o terceiro grau; III - esteja litigando judicial ou administrativamente com o interessado ou respectivo cônjuge ou companheiro. Lei 9.784/99, art. 19. A autoridade ou servidor que incorrer em impedimento deve comunicar o fato à autoridade competente, abstendo-se de atuar. Parágrafo único. Os Auditores Fiscais do Trabalho e os Agentes de Higiene e Segurança do Trabalho responderão civil, penal e administrativamente pela infração ao disposto neste artigo. Este parágrafo único ressalta o que já está previsto na Lei 8.112/90, que dispõe sobre o regime jurídico dos servidores públicos civis da União, das autarquias e das fundações públicas federais (também objeto de estudo em Direito Administrativo): Prof. Mário Pinheiro / Prof. Antonio Daud Jr w w w .e s t r a t e g ia c o n c u r s o s .c o m .b r Página 41 de 104 ATENÇÃO! ESSE MATERIAL PERTENCE AO SITE: WWW.MATERIALPARACONCURSOS.COM Direito do Trabalho p/ AFT 2014 Teoria e Questões Comentadas Prof. Mário Pinheiro / Prof. Antonio Daud Jr - Aula 13 Lei 8.112/90, art. 121. O servidor responde civil, penal e administrativamente pelo exercício irregular de suas atribuições. Art. 36. Configura falta grave o fornecimento ou a requisição de Carteira de Identidade Fiscal para qualquer pessoa não integrante do Sistema Federal de Inspeção do Trabalho. Parágrafo único. É considerado igualmente falta grave o uso da Carteira de Identidade Fiscal para fins outros que não os da fiscalização. É com base na CIF que o administrado tomará ciência da pessoa do Auditor-Fiscal, no uso de suas atribuições. Sendo assim, incabível fornecer a CIF para terceiros, que podem se fazer passar por AFT perante os empregadores. Além desta falta grave, o parágrafo único destaca que igualmente será grave o uso da CIF para fins outros que não os da fiscalização. Cito como exemplo desta falta grave o uso da CIF, durante as férias, para tentar não pagar pedágio em viagem de turismo. ATENÇÃO! ESSE MATERIAL PERTENCE AO SITE: WWW.MATERIALPARACONCURSOS.COM Vedações impostas às autoridades de direção do MTE O artigo 19, em suas 3 alíneas, enumera condutas vedadas às autoridades de direção (Diretores, Coordenadores, Superintendentes, etc.) do MTE: Art. 19. É vedado às autoridades de direção do Ministério do Trabalho e Emprego: I - conferir aos Auditores-Fiscais do Trabalho encargos ou funções diversas das que lhes são próprias, salvo se para o desempenho de cargos de direção, de funções de chefia ou de assessoramento; O AFT deve exercer as atribuições próprias da carreira, conforme definidas na CLT e no próprio Regulamento de Inspeção do Trabalho. A exceção aberta no inciso diz respeito aos casos em que o Auditor-Fiscal é nomeado para cargos definidos em lei como livre nomeação e exoneração, de que Prof. Mário Pinheiro / Prof. Antonio Daud Jr w w w .e s t r a t e g ia c o n c u r s o s .c o m .b r Página
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