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Aula 11 30

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7.3. Da remi‹o............................................................................................. 56
7.4. Disposi›es jurisprudenciais importantes sobre execu‹o penal............ 58
8. ASPECTOS PROCESSUAIS DA LEI DE LICITA‚ÍES ..................................... 61
9. ASPECTOS PROCESSUAIS DA LEI 7.492/86............................................... 63
10. EXERCêCIOS DA AULA ............................................................................ 66
11. GABARITO.............................................................................................. 71
Ol‡, pessoal!
Vamos estudar hoje os aspectos processuais de diversas Leis,
como a Lei de Drogas, Lei Maria da Penha, o procedimento dos Juizados
Especiais Criminais, etc.
Sugiro foco na Lei Maria da Penha, na Lei de crimes hediondos
e na Lei dos Juizados Especiais Criminais.
Como a abordagem, em rela‹o aos temas desta aula, j‡ Ž
sintetizada, coloquei resumo apenas em rela‹o ao item I (Juizados
Especiais Criminais), pois Ž o mais complexo e extenso!
Como Ž a nossa œltima aula, desejo a todos uma EXCELENTE
PROVA!
Bons estudos!
Prof. Renan Araujo
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CPP), mas ˆ infra‹o de menor potencial ofensivo devem ser aplicados os
institutos despenalizadores previstos na Lei 9.099;95, conforme
preconiza o art. 60, ¤ œnico da Lei 9.099/95.
1.2. Princ’pios e Objetivos
Os princ’pios e objetivos dos Juizados Especiais Criminais est‹o
previstos no art. 62 da Lei:
Art. 62. O processo perante o Juizado Especial orientar-se-‡ pelos critŽrios da
oralidade, informalidade, economia processual e celeridade, objetivando,
sempre que poss’vel, a repara‹o dos danos sofridos pela v’tima e a
aplica‹o de pena n‹o privativa de liberdade.
Assim, os Juizados possuem como princ’pios:
ü Oralidade Ð Os atos processuais, sempre que poss’vel, ser‹o
praticados oralmente, sendo reduzidos a termo;
ü Informalidade Ð Os processos perante os Juizados Especiais n‹o
seguem formalidade t‹o rigorosa quanto aqueles julgados pelo Ju’zo
comum. N‹o Ž ˆ toa que temos as previs›es dos arts. 64 e 65 da Lei:
Art. 64. Os atos processuais ser‹o pœblicos e poder‹o realizar-se em hor‡rio
noturno e em qualquer dia da semana, conforme dispuserem as normas de
organiza‹o judici‡ria.
Art. 65. Os atos processuais ser‹o v‡lidos sempre que preencherem as
finalidades para as quais foram realizados, atendidos os critŽrios indicados no
art. 62 desta Lei.
ü Economia Processual Ð Deve-se buscar sempre a m‡xima
efetividade dos atos processuais, concentrando-os de forma a garantir
a economia do processo, ou seja, a maior eficincia poss’vel, com o
menor gasto de tempo e dinheiro do Poder Pœblico;
ü Celeridade Processual Ð A busca pela celeridade (rapidez)
processual Ž um princ’pio do Juizado, notadamente quando se analisa
que neste rito (sumar’ssimo) diversas fases processuais s‹o
atropeladas, de forma a garantir o desfecho cŽlere do processo.
Os objetivos, por sua vez, s‹o:
ü Repara‹o dos danos sofridos pela v’tima Ð ƒ a chamada
Òcomposi‹o dos danos civisÓ, ou seja, objetiva-se sempre a
repara‹o do dano causado pelo infrator, de forma a garantir
que a v’tima seja indenizada pelo preju’zo que sofreu, seja ele
de ordem material ou moral;
ü Aplica‹o de pena n‹o-privativa de liberdade Ð Busca-se,
sempre, aplicar pena que n‹o seja a privativa de liberdade,
como forma de evitar a pris‹o de pessoas que tenham
cometido infra›es que n‹o causam les‹o t‹o grave ˆ
sociedade, podendo ser punidas de outras formas. Friso a
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vocs que isso n‹o se confunde com impunidade, pois o
infrator seria punido, s— que com uma pena que n‹o seria
privativa de liberdade.
1.3. Competncia
A competncia dos Juizados Especiais, como vimos, Ž para o
processo e julgamento dos crimes cuja pena m‡xima n‹o seja superior a
dois anos (art. 60 da Lei).
Entretanto, qual Ž a competncia ratione loci (competncia
territorial)?
A competncia territorial est‡ definida no art. 63 da Lei:
Art. 63. A competncia do Juizado ser‡ determinada pelo lugar em que foi
praticada a infra‹o penal.
Vejam, portanto, que foi adotada a teoria da ATIVIDADE.
PorŽm, existem determinados crimes que n‹o se submetem ao rito
dos Juizados Especiais. S‹o eles:
ü Crimes militares Ð N‹o importa qual a pena cominada (se Ž menor
que dois anos ou n‹o), n‹o se aplica o rito sumar’ssimo aos crimes
militares. Vejamos o art. 90-A da Lei 9.099/95:
Art. 90-A. As disposi›es desta Lei n‹o se aplicam no ‰mbito da Justia
Militar. (Artigo inclu’do pela Lei n¼ 9.839, de 27.9.1999)
CUIDADO! Em rela‹o aos crimes de violncia domŽstica, o STF e o
STJ entendem que Ž poss’vel o julgamento pelo rito sumar’ssimo, o que
n‹o Ž poss’vel Ž a aplica‹o dos institutos despenalizadores
(transa‹o penal, suspens‹o condicional do processo, etc.)
1.4. Atos chamat—rios
Os atos chamat—rios no rito sumar’ssimo (cita‹o e intima›es)
tambŽm seguem um regramento espec’fico. Nos termos do art. 66 da Lei,
a cita‹o ser‡ NECESSARIAMENTE PESSOAL, n‹o havendo
possibilidade de cita‹o edital’cia.
Entenderam? NÌO ƒ POSSêVEL CITA‚ÌO POR EDITAL NOS
JUIZADOS ESPECIAIS CRIMINAIS!
A Doutrina entende ser inadmiss’vel tambŽm, por analogia, a cita‹o
por hora certa. Vejamos o art. 66 da Lei:
Art. 66. A cita‹o ser‡ pessoal e far-se-‡ no pr—prio Juizado, sempre que
poss’vel, ou por mandado.
Mas, professor, e se o acusado n‹o for encontrado? Nesse caso,
o ¤ œnico do art. 66 determina que sejam remetidas as peas do
processo ao Ju’zo comum, seguindo-se o processo, no Ju’zo
comum, pelo rito sum‡rio. Vejamos:
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Par‡grafo œnico. N‹o encontrado o acusado para ser citado, o Juiz
encaminhar‡ as peas existentes ao Ju’zo comum para ado‹o do
procedimento previsto em lei.
Quanto ˆs intima›es, seguindo a linha do PRINCêPIO DA
INFORMALIDADE, poder‡ elas ser enviadas por correspondncia com
aviso de recebimento:
Art. 67. A intima‹o far-se-‡ por correspondncia, com aviso de recebimento
pessoal ou, tratando-se de pessoa jur’dica ou firma individual, mediante
entrega ao encarregado da recep‹o, que ser‡ obrigatoriamente identificado,
ou, sendo necess‡rio, por oficial de justia, independentemente de mandado
ou carta precat—ria, ou ainda por qualquer meio id™neo de comunica‹o.
Tendo sido o ato praticado em audincia, as partes s‹o consideradas
cientes, nos termos do art. 67, ¤ œnico da Lei:
Par‡grafo œnico. Dos atos praticados em audincia considerar-se-‹o desde
logo cientes as partes, os interessados e defensores.
Da intima‹o do autor do fato ou cita‹o do acusado, dever‡ constar
a necessidade de acompanhamento por advogado e, caso ele n‹o
constitua um, os autos ser‹o remetidos ˆ Defensoria Pœblica:
Art. 68. Do ato de intima‹o do autor do fato e do mandado de cita‹o do
acusado, constar‡ a necessidade de seu comparecimento acompanhado de
advogado, com a advertncia de que, na sua falta, ser-lhe-‡ designado
defensor pœblico.1.5. Da Fase Preliminar
1.5.1. Termo circunstanciado e pris‹o em flagrante
Tomando cincia da ocorrncia de uma IMPO, a autoridade policial
NÌO INSTAURARç INQUƒRITO POLICIAL, essa Ž a primeira distin‹o.
A autoridade, nestes casos, dever‡ lavrar o que se chama de TERMO
CIRCUNSTANCIADO. Vejamos:
Art. 69. A autoridade policial que tomar conhecimento da ocorrncia lavrar‡
termo circunstanciado e o encaminhar‡ imediatamente ao Juizado, com o
autor do fato e a v’tima, providenciando-se as requisi›es dos exames
periciais necess‡rios.
ATEN‚ÌO! O termo circunstanciado ser‡ utilizado, posteriormente,
como subs’dio para a a‹o penal, dispensando-se o inquŽrito policial1.
AlŽm disso, ser‡ dispens‡vel o exame de corpo de delito (em regra ele
seria necess‡rio, nos crimes que deixam vest’gios, por fora do art. 158
do CPP), desde que o termo circunstanciado esteja acompanhado por
boletim mŽdico ou prova equivalente, atestando a materialidade do fato
(art. 77, ¤1¼ da Lei 9.099/95).
																																																													
1 Sabemos que o IP Ž um procedimento DISPENSçVEL para o ajuizamento da a‹o
penal. O que este dispositivo quer dizer Ž que nas infra›es de menor potencial ofensivo
n‹o teremos IP, mesmo em se tratando de crime de a‹o pœblica.
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Se o autor do fato se comprometer a comparecer a todos os atos do
processo, NUNCA PODERç SER PRESO EM FLAGRANTE, nos termos
do ¤ œnico do art. 69.
1.5.2. Audincia preliminar e composi‹o civil dos danos
Ap—s esta etapa em sede policial, ser‡ designada audincia
preliminar (art. 70), na qual o Juiz dever‡ cientificar as partes acerca da
convenincia da composi‹o civil dos danos. Vejamos:
Art. 70. Comparecendo o autor do fato e a v’tima, e n‹o sendo poss’vel a
realiza‹o imediata da audincia preliminar, ser‡ designada data pr—xima, da
qual ambos sair‹o cientes.
Art. 71. Na falta do comparecimento de qualquer dos envolvidos, a Secretaria
providenciar‡ sua intima‹o e, se for o caso, a do respons‡vel civil, na forma
dos arts. 67 e 68 desta Lei.
Art. 72. Na audincia preliminar, presente o representante do MinistŽrio
Pœblico, o autor do fato e a v’tima e, se poss’vel, o respons‡vel civil,
acompanhados por seus advogados, o Juiz esclarecer‡ sobre a possibilidade
da composi‹o dos danos e da aceita‹o da proposta de aplica‹o imediata
de pena n‹o privativa de liberdade.
Interessante notar que essa audincia de concilia‹o pode ser
presidida pelo Juiz ou pelo conciliador, que Ž um auxiliar da Justia, sob
orienta‹o do Juiz:
Art. 73. A concilia‹o ser‡ conduzida pelo Juiz ou por conciliador sob sua
orienta‹o.
Par‡grafo œnico. Os conciliadores s‹o auxiliares da Justia, recrutados, na
forma da lei local, preferentemente entre bacharŽis em Direito, exclu’dos os
que exeram fun›es na administra‹o da Justia Criminal.
Obtida a composi‹o civil dos danos causados, o Juiz a homologar‡
por sentena, que ser‡ IRRECORRêVEL, eis que nenhuma das partes
sucumbiu. Nesse caso, a sentena valer‡ como t’tulo executivo na seara
c’vel:
Art. 74. A composi‹o dos danos civis ser‡ reduzida a escrito e, homologada
pelo Juiz mediante sentena irrecorr’vel, ter‡ efic‡cia de t’tulo a ser
executado no ju’zo civil competente.
Se o crime for de a‹o penal pœblica CONDICIONADA ou de a‹o
penal privada, a composi‹o civil dos danos acarreta a RENòNCIA
DO DIREITO DE OFERECER REPRESENTA‚ÌO OU QUEIXA. Nos
termos do ¤ œnico do art. 74:
Par‡grafo œnico. Tratando-se de a‹o penal de iniciativa privada ou de a‹o
penal pœblica condicionada ˆ representa‹o, o acordo homologado acarreta a
renœncia ao direito de queixa ou representa‹o.
Caso n‹o seja obtida a composi‹o civil dos danos, e sendo caso de
a‹o penal privada ou pœblica condicionada ˆ representa‹o, o Juiz dar‡
oportunidade ao ofendido para que apresente a sua representa‹o ou
oferea a queixa:
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Art. 75. N‹o obtida a composi‹o dos danos civis, ser‡ dada imediatamente
ao ofendido a oportunidade de exercer o direito de representa‹o verbal, que
ser‡ reduzida a termo.
Caso o ofendido n‹o a exera no momento, poder‡ exercer esse
direito posteriormente (oferecimento de queixa ou representa‹o), desde
que dentro do per’odo legal:
Par‡grafo œnico. O n‹o oferecimento da representa‹o na audincia
preliminar n‹o implica decadncia do direito, que poder‡ ser exercido no
prazo previsto em lei.
Caso o ofendido oferea a representa‹o (crimes de a‹o penal
pœblica condicionada) ou sendo crime de a‹o penal pœblica
incondicionada, o Juiz dar‡ vista ao MP para que proponha, se for cab’vel,
a TRANSA‚ÌO PENAL.
1.5.3. Transa‹o penal
Art. 76. Havendo representa‹o ou tratando-se de crime de a‹o penal
pœblica incondicionada, n‹o sendo caso de arquivamento, o MinistŽrio Pœblico
poder‡ propor a aplica‹o imediata de pena restritiva de direitos ou multas, a
ser especificada na proposta.
Esta proposta de TRANSA‚ÌO PENAL n‹o poder‡ ser oferecida
se ocorrer uma das hip—teses do ¤ 2¡ do art. 76 da Lei:
¤ 2¼ N‹o se admitir‡ a proposta se ficar comprovado:
I - ter sido o autor da infra‹o condenado, pela pr‡tica de crime, ˆ pena
privativa de liberdade, por sentena definitiva;
II - ter sido o agente beneficiado anteriormente, no prazo de cinco anos, pela
aplica‹o de pena restritiva ou multa, nos termos deste artigo;
III - n‹o indicarem os antecedentes, a conduta social e a personalidade do
agente, bem como os motivos e as circunst‰ncias, ser necess‡ria e suficiente
a ado‹o da medida.
Assim:
TRANSA‚ÌO PENAL Ð INADMISSIBILIDADE
¥ Se o autor do fato tiver sido condenado, pela pr‡tica de crime, ˆ
pena privativa de liberdade, por sentena definitiva
¥ Se o autor do fato tiver sido beneficiado anteriormente, no prazo
de cinco anos, com a transa‹o penal
¥ Os antecedentes, a conduta social e a personalidade do agente,
bem como os motivos e as circunst‰ncias n‹o indicarem ser
necess‡ria e suficiente a ado‹o da medida
Sendo aceita a proposta, ela ser‡ submetida ao Juiz, para que a
acolha ou n‹o. Caso o Juiz acolha a proposta, aplicar‡ a pena restritiva de
direitos ou multa, mas essa san‹o n‹o Ž considerada uma condena‹o,
nem Ž levada em conta para fins de reincidncia, sendo apenas um
ÒACORDOÓ entre o MP e o acusado, de forma que o MP deixa de oferecer
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a a‹o penal e solicita, em troca disso, que o acusado pague alguma
multa ou cumpra uma pena restritiva de direitos. Da decis‹o do Juiz
que acolhe ou n‹o a proposta, caber‡ APELA‚ÌO:
¤ 3¼ Aceita a proposta pelo autor da infra‹o e seu defensor, ser‡ submetida
ˆ aprecia‹o do Juiz.
¤ 4¼ Acolhendo a proposta do MinistŽrio Pœblico aceita pelo autor da infra‹o,
o Juiz aplicar‡ a pena restritiva de direitos ou multa, que n‹o importar‡ em
reincidncia, sendo registrada apenas para impedir novamente o mesmo
benef’cio no prazo de cinco anos.
¤ 5¼ Da sentena prevista no par‡grafo anterior caber‡ a apela‹o referida
no art. 82 desta Lei.
¤ 6¼ A imposi‹o da san‹o de que trata o ¤ 4¼ deste artigo n‹o constar‡ de
certid‹o de antecedentes criminais, salvo para os fins previstos no mesmo
dispositivo, e n‹o ter‡ efeitos civis, cabendo aos interessados propor a‹o
cab’vel no ju’zo c’vel.A transa‹o penal Ž direito subjetivo do rŽu? O STJ entende que
n‹o (AgRg no REsp 1356229 / PR).
Mas, professor, e se o acusado NÌO ACEITAR a proposta de
transa‹o penal?
Nesse caso, o MP oferecer‡ denœncia oral, se n‹o for caso de
realiza‹o de alguma diligncia. Vejamos:
Art. 77. Na a‹o penal de iniciativa pœblica, quando n‹o houver aplica‹o de
pena, pela ausncia do autor do fato, ou pela n‹o ocorrncia da hip—tese
prevista no art. 76 desta Lei, o MinistŽrio Pœblico oferecer‡ ao Juiz, de
imediato, denœncia oral, se n‹o houver necessidade de diligncias
imprescind’veis.
Se a a‹o penal for privada, o ofendido poder‡ oferecer a queixa, nos
termos do art. 77, ¤3¡ da Lei:
¤ 3¼ Na a‹o penal de iniciativa do ofendido poder‡ ser oferecida queixa oral,
cabendo ao Juiz verificar se a complexidade e as circunst‰ncias do caso
determinam a ado‹o das providncias previstas no par‡grafo œnico do art.
66 desta Lei.
CUIDADO! A Lei n‹o prev possibilidade de
TRANSA‚ÌO PENAL nos crimes de a‹o penal privada. Entretanto,
a Jurisprudncia vem admitindo esta possibilidade, cabendo ao pr—prio
ofendido o seu oferecimento (AgRg no REsp 1356229/PR, Rel. Ministra
ALDERITA RAMOS DE OLIVEIRA (DESEMBARGADORA CONVOCADA DO
TJ/PE), SEXTA TURMA, julgado em 19/03/2013, DJe 26/03/2013).
Por fim, deve ser ressaltado que se a causa for complexa, os autos
poder‹o ser remetidos ao Ju’zo comum, para que seja processado pelo
rito sum‡rio. Esse pedido dever‡ ser feito pelo MP (se for caso de a‹o
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penal pœblica) ou verificado de of’cio pelo Juiz, se for caso de a‹o penal
privada. Vejamos:
Art. 77. (...)
¤ 2¼ Se a complexidade ou circunst‰ncias do caso n‹o permitirem a
formula‹o da denœncia, o MinistŽrio Pœblico poder‡ requerer ao Juiz o
encaminhamento das peas existentes, na forma do par‡grafo œnico do art.
66 desta Lei.
¤ 3¼ Na a‹o penal de iniciativa do ofendido poder‡ ser oferecida queixa oral,
cabendo ao Juiz verificar se a complexidade e as circunst‰ncias do caso
determinam a ado‹o das providncias previstas no par‡grafo œnico do art.
66 desta Lei.
1.6. Do Procedimento Sumar’ssimo propriamente dito
ƒ um procedimento bastante simples, objetivo, previsto nos arts. 77
a 81 da Lei.
A œnica discuss‹o relevante quanto ao procedimento sumar’ssimo se
d‡ no que se refere ˆ aplicabilidade, ou n‹o, do art. 394, ¤4¡ do CPP.
Vejamos:
Art. 394 (...) ¤ 4o As disposi›es dos arts. 395 a 398 deste C—digo aplicam-
se a todos os procedimentos penais de primeiro grau, ainda que n‹o
regulados neste C—digo. (Incluído	pela	Lei	nº	11.719,	de	2008).
Esses arts. 395 a 397 (o art. 398 est‡ revogado) tratam do
recebimento ou rejei‹o da inicial acusat—ria e, ainda, da absolvi‹o
sum‡ria do acusado.
A Doutrina e Jurisprudncia s‹o pac’ficas no que se refere ˆ aplica‹o
dos arts. 395, 396-A e 397 do CPP ao rito sumar’ssimo, havendo impasse,
apenas, com rela‹o ˆ aplicabilidade, ou n‹o, do art. 396 do CPP.
Vejamos:
Art. 396. Nos procedimentos ordin‡rio e sum‡rio, oferecida a denœncia ou
queixa, o juiz, se n‹o a rejeitar liminarmente, receb-la-‡ e ordenar‡ a
cita‹o do acusado para responder ˆ acusa‹o, por escrito, no prazo de 10
(dez) dias. (Redação	dada	pela	Lei	nº	11.719,	de	2008).
Vejam, portanto, que o CPP determina que o acusado ser‡ citado
para responder ˆ acusa‹o APîS O RECEBIMENTO DA DENòNCIA.
Agora, vejamos o que diz o art. 81 da Lei 9.099/95:
Art. 81. Aberta a audincia, ser‡ dada a palavra ao defensor para responder
ˆ acusa‹o, ap—s o que o Juiz receber‡, ou n‹o, a denœncia ou queixa;
havendo recebimento, ser‹o ouvidas a v’tima e as testemunhas de acusa‹o
e defesa, interrogando-se a seguir o acusado, se presente, passando-se
imediatamente aos debates orais e ˆ prola‹o da sentena.
Vejam, assim, que no procedimento previsto na Lei 9.099/95, a
resposta ˆ acusa‹o Ž ANTERIOR ao recebimento da denœncia ou
queixa. Como conciliar?
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Prevalece o entendimento de que NÌO SE APLICA AO
PROCEDIMENTO SUMARêSSIMO O ART. 396, pois a reda‹o do art.
396 Ž clara ao dizer que Ònos procedimentos ordin‡rio e sum‡rio...Ó, de
forma que se entende que n‹o Ž a inten‹o da lei aplic‡-lo ao rito da Lei
9.099/95.
Oferecida a denœncia ou queixa, dispensa-se exame de corpo de
delito, caso os vest’gios estejam documentados por boletim
mŽdico ou prova equivalente (art. 77, ¤1¡ da Lei). Devem ser
arroladas as testemunhas, cujo nœmero a Lei n‹o diz. Aplica-se, por
analogia, o art. 532 do CPP (nœmero de testemunhas no rito sum‡rio),
considerando-se que o nœmero m‡ximo de testemunhas, aqui, seja
de CINCO.
Ap—s esse momento, proceder-se-‡ ˆ cita‹o do acusado. Se ele
estiver presente ˆ audincia preliminar, e sendo oferecida a inicial
acusat—ria na audincia preliminar, considerar-se-‡ citado, sendo
cientificado da data da audincia de instru‹o e julgamento, nos termos
do art. 78 da Lei:
Art. 78. Oferecida a denœncia ou queixa, ser‡ reduzida a termo, entregando-
se c—pia ao acusado, que com ela ficar‡ citado e imediatamente cientificado
da designa‹o de dia e hora para a audincia de instru‹o e julgamento, da
qual tambŽm tomar‹o cincia o MinistŽrio Pœblico, o ofendido, o respons‡vel
civil e seus advogados.
¤ 1¼ Se o acusado n‹o estiver presente, ser‡ citado na forma dos arts. 66 e
68 desta Lei e cientificado da data da audincia de instru‹o e julgamento,
devendo a ela trazer suas testemunhas ou apresentar requerimento para
intima‹o, no m’nimo cinco dias antes de sua realiza‹o.
¤ 2¼ N‹o estando presentes o ofendido e o respons‡vel civil, ser‹o intimados
nos termos do art. 67 desta Lei para comparecerem ˆ audincia de instru‹o
e julgamento.
¤ 3¼ As testemunhas arroladas ser‹o intimadas na forma prevista no art. 67
desta Lei.
Caso o acusado n‹o esteja presente, ser‡ citado pessoalmente e,
caso isso n‹o seja poss’vel, as peas ser‹o remetidas ao Ju’zo comum
para que l‡ o processo seja julgado, nos termos do art. 78, ¤1¡ da Lei.
Na audincia de instru‹o e julgamento o Juiz:
ü Facultar‡ ˆ defesa responder ˆ acusa‹o Ð Est‡ previsto
no art. 81 da Lei. O teor da resposta seguir‡ o que prev o art.
396-A do CPP.
ü O Juiz rejeita ou recebe a inicial acusat—ria Ð Aqui, ou o
Juiz verifica estarem presentes todos os requisitos e recebe a
inicial, ou verifica que h‡ alguma das hip—teses do art. 395 e
REJEITA LIMINARMENTE A INICIAL ACUSATîRIA.
ü Recebendo a inicial, o Juiz pode absolver sumariamente
o rŽu Ð Aqui o Juiz verificar‡ se est‡ presente alguma situa‹o
do art. 397 do CPP, hip—tese na qual dever‡ ABSOLVER
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SUMARIAMENTE O ACUSADO. N‹o sendo o caso,
prosseguir‡ com a audincia de instru‹o e julgamento.
ü Ouvir‡ a v’tima, as testemunhas de acusa‹o e defesa e, por
œltimo, proceder‡ ao interrogat—rio do acusado (NESTA
ORDEM);
ü Ap—s isso, passa-se ˆ fase dos debates orais Ð N‹o h‡
previs‹o de substitui‹o dos debates orais por alega›es finais
escritas, mas Ž muito comum acontecer isto na pr‡tica.
ü Ap—s os debates orais, o Juiz profere sentena Ð A
sentena no rito sumar’ssimo DISPENSA RELATîRIO, atŽ
pelo princ’pio da INFORMALIDADE. Vejamos o ¤3¡ do art. 81
da Lei:
¤ 3¼ A sentena, dispensado o relat—rio, mencionar‡ os elementos
de convic‹odo Juiz.
Da sentena final ou da decis‹o de rejei‹o da inicial
acusat—ria caber‡ APELA‚ÌO, nos termos do art. 82 do CPP:
Art. 82. Da decis‹o de rejei‹o da denœncia ou queixa e da sentena caber‡
apela‹o, que poder‡ ser julgada por turma composta de trs Ju’zes em
exerc’cio no primeiro grau de jurisdi‹o, reunidos na sede do Juizado.
¤ 1¼ A apela‹o ser‡ interposta no prazo de dez dias, contados da cincia da
sentena pelo MinistŽrio Pœblico, pelo rŽu e seu defensor, por peti‹o escrita,
da qual constar‹o as raz›es e o pedido do recorrente.
¤ 2¼ O recorrido ser‡ intimado para oferecer resposta escrita no prazo de dez
dias.
O prazo para a interposi‹o da apela‹o ser‡ de 10 dias.
S‹o cab’veis, ainda, EMBARGOS DE DECLARA‚ÌO, caso haja
omiss‹o, obscuridade ou contradi‹o na sentena ou ac—rd‹o, nos termos
do art. 83 da Lei:
Art. 83. Cabem embargos de declara‹o quando, em sentena ou ac—rd‹o,
houver obscuridade, contradi‹o ou omiss‹o. (Reda‹o dada pela Lei n¼
13.105, de 2015) (Vigncia)
Esses embargos INTERROMPEM o prazo para interposi‹o da
APELA‚ÌO, e podem ser opostos por escrito ou oralmente, no prazo de
CINCO DIAS:
¤ 1¼ Os embargos de declara‹o ser‹o opostos por escrito ou oralmente, no
prazo de cinco dias, contados da cincia da decis‹o.
¤ 2o Os embargos de declara‹o interrompem o prazo para a interposi‹o de
recurso. (Reda‹o dada pela Lei n¼ 13.105, de 2015) (Vigncia)
Por fim, a Jurisprudncia tem admitido a interposi‹o de RECURSO
EXTRAORDINçRIO DA DECISÌO DAS TURMAS RECURSAIS (—rg‹o
colegiado que julga os recursos das decis›es de primeiro grau), mas n‹o
se admite a interposi‹o de RECURSO ESPECIAL, nos termos do art.
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102, III c/c art. 105, III da CRFB/88) e sœmulas 640 do STF2 e 203 do
STJ.
1.7. Suspens‹o condicional do processo
1.7.1. Conceito e cabimento
Embora sejam consideradas IMPO os crimes aos quais a Lei comine
pena m‡xima n‹o superior a dois anos (alŽm das contraven›es penais),
somente podem ser beneficiadas com a SUSPENSÌO CONDICIONAL
DO PROCESSO aquelas infra›es cuja pena m’nima n‹o seja
superior a 01 ano. Vejamos o art. 89 da Lei 9.0999/95:
Art. 89. Nos crimes em que a pena m’nima cominada for igual ou
inferior a um ano, abrangidas ou n‹o por esta Lei, o MinistŽrio Pœblico, ao
oferecer a denœncia, poder‡ propor a suspens‹o do processo, por dois a
quatro anos, desde que o acusado n‹o esteja sendo processado ou n‹o tenha
sido condenado por outro crime, presentes os demais requisitos que
autorizariam a suspens‹o condicional da pena (art. 77 do C—digo Penal).
Da’ se conclui que NEM TODA INFRA‚ÌO DE MENOR POTENCIAL
OFENSIVO poder‡ ensejar a suspens‹o condicional do processo, mas
somente aquelas cuja pena m’nima n‹o seja superior a um ano.
Mas e se h‡ previs‹o de alguma causa de aumento de pena?
Ela Ž considerada para o c‡lculo da pena m’nima? Sim. Neste caso a
pena m’nima ser‡ a pena-base m’nima acrescida do aumento m’nimo.
EXEMPLO: JosŽ Ž denunciado por um crime X, cuja pena prevista Ž de
06 meses a 02 anos de deten‹o. Contudo, JosŽ praticou o delito em
uma determinada circunst‰ncia, que implica aumento de pena que varia
de 1/3 a 2/3. Assim, a pena m’nima (para fins de concess‹o do
benef’cio) ser‡ a soma da pena-base m’nima (06 meses) com o
acrŽscimo m’nimo (1/3). Logo, a pena m’nima ser‡ de 08 meses, inferior
a um ano. Portanto, ser‡ cab’vel a suspens‹o condicional do processo.
Este entendimento serviu de fundamento para o enunciado de
sœmula n¼ 723 do STF:
Sœmula 723 do STF
ÒN‹o se admite a suspens‹o condicional do processo por crime continuado, se
a soma da pena m’nima da infra‹o mais grave com o aumento m’nimo de
um sexto for superior a um ano.Ó
																																																													
2 Sœmula 640 do STF: "ƒ cab’vel recurso extraordin‡rio contra decis‹o proferida por
juiz de primeiro grau nas causas de alada, ou por turma recursal de juizado especial
c’vel ou criminal."
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E se o autor do fato n‹o aceitar a proposta de suspens‹o
condicional do processo? O processo seguir‡ normalmente.
Aceita a proposta de suspens‹o do processo pelo acusado e por seu
defensor, na presena do Juiz, ser‡ submetida a aprecia‹o deste (Juiz)
que, suspendendo o processo, submeter‡ o acusado a per’odo de
prova, sob determinadas condi›es previstas na lei e OUTRAS que
reputar pertinentes:
¤ 1¼ Aceita a proposta pelo acusado e seu defensor, na presena do Juiz,
este, recebendo a denœncia, poder‡ suspender o processo, submetendo o
acusado a per’odo de prova, sob as seguintes condi›es:
I - repara‹o do dano, salvo impossibilidade de faz-lo;
II - proibi‹o de freqŸentar determinados lugares;
III - proibi‹o de ausentar-se da comarca onde reside, sem autoriza‹o do
Juiz;
IV - comparecimento pessoal e obrigat—rio a ju’zo, mensalmente, para
informar e justificar suas atividades.
¤ 2¼ O Juiz poder‡ especificar outras condi›es a que fica
subordinada a suspens‹o, desde que adequadas ao fato e ˆ situa‹o
pessoal do acusado.
CUIDADO! A jurisprudncia entende que uma vez oferecida a proposta e
aceita pelo acusado e seu defensor, o Juiz n‹o tem margem para
atua‹o, ele DEVE suspender o processo. H‡ jurisprudncia entendendo,
ainda, que se o Juiz discordar da proposta oferecida pelo MP dever‡
aplicar o art. 28 do CPP, ou seja, remeter os autos ao chefe do MP para
que decida a quest‹o em definitivo.
CUIDADO II! H‡ divergncia na Doutrina e na Jurisprudncia quanto ˆ
possibilidade de o Juiz fixar, como Òoutras condi›esÓ, alguma
das medidas cautelares do CPP. H‡ quem entenda que Ž poss’vel e h‡
quem entenda que n‹o Ž poss’vel, pois estas possuem o espec’fico
car‡ter cautelar.
Mas o titular da a‹o penal est‡ obrigado a oferecer a
proposta de suspens‹o condicional do processo? Sempre se
entendeu que n‹o se tratava de direito subjetivo do rŽu. Contudo, h‡
decis›es mais recentes do STJ3 que levam a crer ter se alterado o
entendimento daquela Corte. Resumidamente, embora o STJ tenha certo
ÒreceioÓ em usar a express‹o Òdireito subjetivoÓ, este Tribunal entende
que:
																																																													
3
	RHC 55.792/SP, Rel. Ministro FELIX FISCHER, QUINTA TURMA, julgado em 07/05/2015,
DJe 15/05/2015	
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¥ A decis‹o do MP em n‹o ofertar a proposta de suspens‹o deve
ser fundamentada na ausncia dos requisitos previstos na Lei
para sua concess‹o.
¥ O Juiz pode (e deve) avaliar a conduta do MP ao n‹o ofertar a
proposta, para verificar se ela est‡ devidamente
fundamentada.
Podemos entender, que se o rŽu preenche devidamente todos os
requisitos para a obten‹o do benef’cio, este deveria (em tese) ser
oferecido pelo MP. Mas e se n‹o for?
Trs correntes existem:
¥ O Juiz pode conceder de of’cio
¥ O Juiz pode conceder, a pedido do rŽu
¥ O Juiz dever‡ remeter o caso ˆ aprecia‹o do PGJ, em analogia
ao art. 28 do CPP
Prevalece no STJ o entendimento de que, em sendo cumpridos os
requisitos e n‹o havendo proposta do MP, o Juiz deve aplicar, por
analogia, o art. 28 do CPP, ou seja, remeter os autos ao PGJ, para que
este decida pelo oferecimento, ou n‹o, da proposta.4
O STF Ž mais expl’cito em seu entendimento solidificado, no
sentidode que NÌO se trata de direito subjetivo do acusado.5
1.7.2. Revoga‹o do benef’cio
A suspens‹o condicional do processo, uma vez estabelecida, poder‡
ser REVOGADA:
ü Obrigatoriamente Ð Quando o acusado for processado por
outro crime ou n‹o reparar o dano, de maneira injustificada.
Nos termos do art. 89, ¤3¡ da Lei:
¤ 3¼ A suspens‹o ser‡ revogada se, no curso do prazo, o benefici‡rio vier a
ser processado por outro crime ou n‹o efetuar, sem motivo justificado, a
repara‹o do dano.
ü Facultativamente Ð Aqui o Juiz pode ou n‹o revog‡-la. Ocorrer‡
caso o acusado for processado por contraven‹o ou
descumprir qualquer outra condi‹o imposta. Nos termos do
¤4¡ do art. 89 da Lei:
																																																													
4	 Ver,	 neste	 sentido:	 RHC	 55792	 /	 SP.	 Em	 sentido	 CONTRÁRIO	 (pela	 concessão	 ex	 officio)	 ver:	 HC	
131108	/	RJ	
5
	 RHC 115997, Relator(a): Min. CçRMEN LòCIA, Segunda Turma, julgado em
12/11/2013, PROCESSO ELETRïNICO DJe-228 DIVULG 19-11-2013 PUBLIC 20-11-
2013	
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pena m‡xima n‹o superior a 2 (dois) anos, cumulada ou n‹o com multa.
(Redação	dada	pela	Lei	nº	11.313,	de	2006)
Este artigo diz que infra›es de menor potencial ofensivo (IMPO) Ž
um gnero do qual existem duas espŽcies:
¥ Contraven›es penais
¥ Crimes aos quais a lei comine pena m‡xima NÌO SUPERIOR
A DOIS ANOS.
Estas duas, portanto, s‹o as espŽcies de infra‹o de menor potencial
ofensivo. No entanto, no bojo dos Juizados Federais Criminais, n‹o
h‡ julgamento de CONTRAVEN‚ÍES PENAIS, pois a Justia Federal
NÌO POSSUI COMPETæNCIA para o processo e julgamento de
contraven›es penais.
O conceito do que seria infra‹o de menor potencial ofensivo consta,
como vimos, no art. 61 da Lei 9.099/95, com a reda‹o dada pela Lei
11.313/06. Este, como v‡rios outros artigos da Lei 9.099/95, aplicam-se
aos Juizados Federais Criminais, pois a Lei 10.259/01 n‹o estabelece um
rito sumar’ssimo pr—prio para os Juizados Criminais Federais, limitando-se
a prever que deva ser aplicada a Lei 9.099/95. Vejamos o art. 1¡ da Lei
10.259/01:
Art. 1o S‹o institu’dos os Juizados Especiais C’veis e Criminais da Justia
Federal, aos quais se aplica, no que n‹o conflitar com esta Lei, o disposto na
Lei no 9.099, de 26 de setembro de 1995.
Como n‹o h‡ rito processual penal pr—prio na Lei 10.259/01, o
procedimento em ambos os Juizados Ž o mesmo, ou seja, o previsto na
Lei 9.099/95, j‡ estudado.
(FGV - 2016 - OAB - XIX EXAME DE ORDEM)
Em 16/02/2016, Gisele praticou um crime de les‹o corporal
culposa simples no trânsito, vitimando Maria Clara. Gisele, ent‹o,
procura seu advogado para saber se faz jus ˆ transaç‹o penal,
esclarecendo que j‡ foi condenada definitivamente por uma vez a
pena restritiva de direitos pela pr‡tica de furto e que j‡ se
beneficiou do instituto da transac‹̧o h‡ 7 anos.
Dever‡ o advogado esclarecer sobre o benef’cio que
A) n‹o cabe oferecimento de proposta de transaç‹o penal porque
Gisele j‡ possui condenac ̧‹o anterior com trânsito em julgado.
B) n‹o cabe oferecimento de proposta de transac‹̧o penal porque
Gisele j‡ foi beneficiada pela transaç‹o em momento anterior.
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C) poder‡ ser oferecida proposta de transaç‹o penal porque s—
quem j‡ se beneficiou da transac ̧‹o penal nos 3 anos anteriores
n‹o poder‡ receber novamente o benef’cio.
D) a condenac ̧‹o pela pr‡tica de furto e a transaç‹o penal obtida
h‡ 7 anos n‹o impedem o oferecimento de proposta de transaç‹o
penal.
COMENTçRIOS: Nesta quest‹o, o que precisamos saber, basicamente, Ž
se os fatos indicados por Gisele (Ter sido condenada definitivamente por
uma vez a pena restritiva de direitos pela pr‡tica de furto e j‡ ter se
beneficiado do instituto da transa‹o penal h‡ 7 anos) impedem a
realiza‹o da transa‹o penal. A resposta Ž negativa.
Nos termos do art. 76, ¤2¼ da Lei 9.099/95:
Art. 76 (...) ¤ 2¼ N‹o se admitir‡ a proposta se ficar comprovado:
I - ter sido o autor da infra‹o condenado, pela pr‡tica de crime, ˆ pena
privativa de liberdade, por sentena definitiva;
II - ter sido o agente beneficiado anteriormente, no prazo de cinco anos, pela
aplica‹o de pena restritiva ou multa, nos termos deste artigo;
III - n‹o indicarem os antecedentes, a conduta social e a personalidade do
agente, bem como os motivos e as circunst‰ncias, ser necess‡ria e suficiente
a ado‹o da medida.
Conforme se verifica, a condena‹o anterior ˆ pena restritiva de direitos
n‹o impede a concess‹o do benef’cio. Da mesma forma, o agente s— n‹o
poder‡ celebrar a transa‹o penal se foi beneficiado por este instituto nos
œltimos cinco anos, n‹o sendo este o caso de Gisele.
Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA ƒ A LETRA D.
(FGV - 2013 - OAB - EXAME DE ORDEM UNIFICADO - XII -
PRIMEIRA FASE)
Segundo a Lei dos Juizados Especiais, assinale a alternativa que
apresenta o procedimento correto.
a) Aberta a audincia, ser‡ dada a palavra ao defensor para
responder ˆ acusa‹o, ap—s o que o Juiz receber‡, ou n‹o, a
denœncia ou queixa; havendo recebimento, ser‹o ouvidas a v’tima
e as testemunhas de acusa‹o e defesa, interrogando-se a seguir
o acusado, se presente, passando- se imediatamente aos debates
orais e ˆ prola‹o da sentena.
b) Da decis‹o de rejei‹o da denœncia ou queixa caber‡ recurso
em sentido estrito, que dever‡ ser interposto no prazo de cinco
dias.
c) Os embargos de declara‹o s‹o cab’veis quando, em sentena
ou ac—rd‹o, houver obscuridade, contradi‹o, omiss‹o ou dœvida,
que dever‹o ser opostos em dois dias.
d) Se a complexidade do caso n‹o permitir a formula‹o da
denœncia oral em audincia, o MinistŽrio Pœblico poder‡ requerer
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ao juiz dila‹o do prazo para apresentar denœncia escrita nas
pr—ximas 72 horas.
COMENTçRIOS:
A) CORRETA: Esta Ž a exata previs‹o contida no art. 81 da Lei dos
Juizados Especiais:
Art. 81. Aberta a audincia, ser‡ dada a palavra ao defensor para
responder ˆ acusa‹o, ap—s o que o Juiz receber‡, ou n‹o, a denœncia ou
queixa; havendo recebimento, ser‹o ouvidas a v’tima e as testemunhas de
acusa‹o e defesa, interrogando-se a seguir o acusado, se presente,
passando-se imediatamente aos debates orais e ˆ prola‹o da sentena.
B) ERRADA: Caber‡ apela‹o, nos termos do art. 82 e seu ¤1¼ da Lei
9.099/95.
C) ERRADA: O prazo para a interposi‹o n‹o ser‡ de dois dias, mas de
cinco dias, nos termos do ¤1¼ do art. 83 da Lei 9.099/95.
D) ERRADA: Neste caso, a causa criminal n‹o poder‡ ser julgada pelo
Juizado, de maneira que o MP dever‡ requerer ao Ju’zo que remeta as
peas do processo ao Ju’zo comum, nos termos do art. 77, ¤2¼ da Lei.
Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA ƒ A LETRA A.
(FGV Ð 2012 Ð OAB Ð EXAME DE ORDEM)
Com rela‹o ˆ Lei n. 9.099/95, assinale a afirmativa incorreta.
a) A transa‹o penal consiste na aplica‹o imediata de pena
restritiva de direitos ou multas ˆquele a quem se imputa uma
infra‹o de menor potencial ofensivo.
b) N‹o poder‡ ser oferecida a suspens‹o condicional do processo
ao acusado que tiver sido condenado anteriormente por
contraven‹o penal.
c) Em caso de delito persequ’vel por a‹o penal pœblica
condicionada ˆ representa‹o, havendo a representa‹o do
ofendido, o MinistŽrio Pœblicoest‡ legitimado para oferecer
transa‹o penal, mesmo que o ofendido se oponha e deseje a
continua‹o do processo.
d) Se, no curso da suspens‹o condicional do processo, o acusado
vier a ser processado por contraven‹o penal, o benef’cio poder‡
ser revogado pelo juiz.
COMENTçRIOS:
A) CORRETA: Esta Ž a defini‹o, em s’ntese, da transa‹o penal, nos
termos do art. 76 da Lei 9.099/95.
B) ERRADA: A condena‹o anterior por contraven‹o penal n‹o impede o
benef’cio da suspens‹o condicional do processo, nos termos do art. 89 da
Lei 9.099/95.
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C) CORRETA: Item correto, pois o MP n‹o est‡ obrigado a ajuizar a
denœncia caso haja representa‹o. O oferecimento da representa‹o, pelo
ofendido, confere ao MP o poder de ajuizar a a‹o penal.
D) CORRETA: Item correto, pois a pr‡tica de contraven‹o penal durante
o per’odo da suspens‹o condicional do processo Ž causa de revoga‹o
facultativa, nos termos do art. 89, ¤4¼ da Lei.
Portanto, a ALTERNATIVA INCORRETA ƒ A LETRA B.
(FGV Ð 2012 Ð OAB Ð EXAME DE ORDEM)
Ë luz da lei que disp›e sobre os Juizados Especiais Criminais (Lei
9.099/95), assinale a alternativa correta.
a) A competncia do juizado ser‡ determinada pelo lugar em que
se consumar a infra‹o penal.
b) A cita‹o ser‡ pessoal e se far‡ no pr—prio juizado, sempre que
poss’vel, ou por edital.
c) O instituto da transa‹o penal pode ser concedido pelo juiz sem
a anuncia do MinistŽrio Pœblico.
d) Tratando-se de crime de a‹o penal pœblica incondicionada,
n‹o sendo caso de arquivamento, o MinistŽrio Pœblico poder‡
propor a aplica‹o imediata de pena restritiva de direitos ou
multas, a ser especificada na proposta.
COMENTçRIOS:
A) ERRADA: A competncia ser‡ determinada pelo local em que for
PRATICADA a infra‹o penal (teoria da atividade), nos termos do art. 63
da Lei.
B) ERRADA: A cita‹o ser‡ sempre pessoal e se far‡, sempre que
poss’vel, no pr—prio Juizado, ou por mandado. N‹o cabe cita‹o por
edital, nos termos do art. 18, ¤2¼ e art. 66 da Lei.
C) ERRADA: O Juiz n‹o pode conceder o benef’cio da transa‹o penal de
of’cio. Caso o membro do MP n‹o oferea a proposta e o Juiz discorde,
dever‡ aplicar, por analogia, o art. 28 do CPP, remetendo os autos ao PGJ
para que decida sobre a proposta de transa‹o penal.
D) CORRETA: Item correto, nos termos do art. 76 da Lei, que cuida da
transa‹o penal.
Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA ƒ A LETRA A.
1.9. RESUMO
JUIZADOS ESPECIAIS CRIMINAIS
Competncia Ð Processo e julgamento das infra›es de menor potencial
ofensivo.
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Juizados especiais criminais federais
Procedimento - Mesmas regras dos Juizados Especiais Criminais.
EXCE‚ÌO: Nos Juizados Federais Criminais, n‹o h‡ julgamento de
CONTRAVEN‚ÍES PENAIS, pois a Justia Federal NÌO POSSUI
COMPETæNCIA para o processo e julgamento de contraven›es penais.
_________
Bons estudos!
Prof. Renan Araujo
1. LEI DE CRIMES HEDIONDOS
A lei 8.072/90 veio ao nosso ordenamento jur’dico para regulamentar
o que se pode denominar de CRIMES HEDIONDOS, que s‹o aqueles
crimes que causam repulsa maior na sociedade, ou seja, s‹o os
crimes mais graves em um determinado ordenamento jur’dico-penal.
A previs‹o de que devesse haver uma Lei que disciplinasse quais
crimes seriam considerados hediondos consta na pr—pria Constitui‹o
Federal de 1988. Vejamos o art. 5¡, XLIII da CRFB/88:
XLIII - a lei considerar‡ crimes inafian‡veis e insuscet’veis de graa ou
anistia a pr‡tica da tortura, o tr‡fico il’cito de entorpecentes e drogas afins, o
terrorismo e os definidos como crimes hediondos, por eles respondendo os
mandantes, os executores e os que, podendo evit‡-los, se omitirem;
Vejamos os principais aspectos PROCESSUAIS:
1.1. Fiana e liberdade provis—ria
Os crimes hediondos e equiparados s‹o insuscet’veis de FIAN‚A,
nos termos do art. 2¡, II da Lei:
Art. 2¼ Os crimes hediondos, a pr‡tica da tortura, o tr‡fico il’cito de
entorpecentes e drogas afins e o terrorismo s‹o insuscet’veis de:
(...)
II - fiana. (Reda‹o dada pela Lei n¼ 11.464, de 2007)
Vejam, portanto, que a lei veda t‹o-somente a fiana, mas n‹o veda
a concess‹o de liberdade provis—ria. Entretanto, na reda‹o original,
previa-se que tanto a liberdade provis—ria quanto a fiana eram proibidas.
No entanto, a Lei 11.464/07 alterou a reda‹o original da Lei
8.072/90, RETIRANDO A VEDA‚ÌO DE CONCESSÌO DA LIBERDADE
PROVISîRIA, e dando fim a um impasse jurisprudencial acerca da
matŽria, pois parcela da Jurisprudncia entendia que a impossibilidade,
por lei, de concess‹o da liberdade provis—ria, violava o direito do
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Magistrado de, no caso concreto, avaliar se a pessoa deveria ou n‹o
receber a liberdade provis—ria.
1.2. Progress‹o de regime
Segundo a reda‹o original da Lei 8.072/90, os apenados por crimes
hediondos e equiparados deveriam cumprir a pena em regime
INTEGRALMENTE FECHADO, sendo vedada qualquer progress‹o de
regime.
O STF, no entanto, passou a entender que isso seria
inconstitucional, por VIOLAR O PRINCêPIO DA
INDIVIDUALIZA‚ÌO DA PENA na fase de execu‹o.
Como o STF passou a entender inconstitucional a veda‹o de
progress‹o de regime, o Congresso editou a Lei 11.464/07, que, dentre
outras coisas, estabeleceu um REGRAMENTO DIFERENCIADO DE
PROGRESSÌO DE REGIME DE CUMPRIMENTO DE PENA,
estabelecendo que o regime n‹o ser‡ mais integralmente fechado, mas
INICIALMENTE FECHADO. Vejamos o art. 2¡, ¤¤1¡ e 2¡ da Lei
8.072/90:
¤ 1o A pena por crime previsto neste artigo ser‡ cumprida inicialmente em
regime fechado. (Reda‹o dada pela Lei n¼ 11.464, de 2007)
¤ 2o A progress‹o de regime, no caso dos condenados aos crimes previstos
neste artigo, dar-se-‡ ap—s o cumprimento de 2/5 (dois quintos) da pena, se
o apenado for prim‡rio, e de 3/5 (trs quintos), se reincidente. (Reda‹o
dada pela Lei n¼ 11.464, de 2007)
Assim, os apenados por crimes hediondos e assemelhados n‹o
progridem de regime a cada 1/6 de pena cumprida, como os demais
presos, mas a cada 2/5 de pena cumprida (se prim‡rios) ou 3/5 de pena
cumprida (se reincidentes).
Contudo, posteriormente, o STF declarou a inconstitucionalidade
da obrigatoriedade de regime INICIAL fechado para os
condenados por crimes hediondos, de forma que, atualmente, embora
os critŽrios para a progress‹o sejam diversos, o regime inicial deve ser
fixado na forma do art. 33 do CP. O STJ seguiu a mesma linha.6
																																																													
6	 1. Diante da declara‹o de inconstitucionalidade pelo Plen‡rio do Supremo
Tribunal Federal do artigo 2¼, ¤ 1¼, da Lei 8.072/1990, com a reda‹o que lhe
foi conferida pela Lei 11.464/2007, que estabelecia o modo inicial fechado para
o resgate da reprimenda firmada em rela‹o aos delitos hediondos cometidos
ap—s a sua entrada em vigor, o regime prisional para esses tipos de crimes deve
agora ser fixado de acordo com o previsto no artigo 33 do C—digo Penal.
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AlŽm disso, o STF entende,ainda, que se o crime foi praticado
ANTES da entrada em vigor da Lei 11.464/07, n‹o se aplicam ao
condenado as regras do art. 2¼, ¤2¼ da Lei 8.072/90 (Progress‹o
com 2/5 ou 3/5 de cumprimento da pena, se prim‡rio ou reincidente,
respectivamente), devendo a progress‹o ser regida pelas regras
aplic‡veis aos crimes em geral. Ou seja, se o delito foi praticado antes da
entrada em vigor da Lei 11.464/07, o condenado poder‡ progredir de
regime ap—s cumprido 1/6 da pena aplicada.
O quadro abaixo ajudar‡ na compreens‹o:
Por fim, cabe ao Ju’zo da Execu‹o Penal avaliar o cumprimento dos
requisitos para a progress‹o de regime, em cada caso, DEVENDO
observar a inconstitucionalidade declarada pelo STF, bem como
PODENDO realizar exame criminol—gico.
Isto consta na SòMULA VINCULANTE n¼ 26 do STF:
ÒPara efeito de progress‹o de regime no cumprimento de pena por crime hediondo, ou
equiparado, o ju’zo da execu‹o observar‡ a inconstitucionalidade do art. 2¼ da Lei n.
8.072, de 25 de julho de 1990, sem preju’zo de avaliar se o condenado preenche, ou
n‹o, os requisitos objetivos e subjetivos do benef’cio, podendo determinar, para tal fim,
de modo fundamentado, a realiza‹o de exame criminol—gico.Ó
1.3. Sursis (Suspens‹o condicional da pena)
																																																																																																																																																																																														
(...)
(HC 283.821/SC, Rel. Ministro JORGE MUSSI, QUINTA TURMA, julgado em 25/02/2014,
DJe 10/03/2014)	
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O STF sempre se posicionou pela inaplicabilidade do sursis aos
crimes hediondos, em raz‹o da gravidade abstratamente considerada
destes delitos.
No entanto, com o advento da Lei 11.464/07 e a possibilidade de
progress‹o de regime, o posicionamento vem se alterando7, embora o
STJ mantenha o entendimento pela veda‹o.8
1.4. Outras disposi›es relevantes
O art. 2¡, ¤3¡ da Lei 8.072/90 determina que o Juiz, na sentena,
decidir‡ de maneira fundamentada se o rŽu poder‡ apelar em Liberdade.
Vejamos:
¤ 3o Em caso de sentena condenat—ria, o juiz decidir‡ fundamentadamente
se o rŽu poder‡ apelar em liberdade. (Reda‹o dada pela Lei n¼ 11.464, de
2007)
A Doutrina e a jurisprudncia majorit‡rias vm entendendo que o
Juiz deve analisar se est‹o presentes os requisitos que autorizam
a decreta‹o da pris‹o preventiva. Caso contr‡rio, n‹o ser‡ poss’vel
determinar seu recolhimento ˆ pris‹o para apelar, pois toda e qualquer
pris‹o antes da condena‹o Ž considerada cautelar, de forma que devem
estar presentes os requisitos da cautelaridade.
Estabelece o ¤4¡ do art. 2¡ um prazo diferenciado para PRISÌO
TEMPORçRIA quando decretada no bojo de investiga‹o policial acerca
de crime hediondo. Nessas hip—teses, o prazo ser‡ de 30 dias,
prorrog‡veis por mais 30 dias, num total de 60 DIAS DE PRISÌO.
Vejamos:
¤ 4o A pris‹o tempor‡ria, sobre a qual disp›e a Lei no 7.960, de 21 de
dezembro de 1989, nos crimes previstos neste artigo, ter‡ o prazo de 30
(trinta) dias, prorrog‡vel por igual per’odo em caso de extrema e
comprovada necessidade. (Inclu’do pela Lei n¼ 11.464, de 2007)
Essa disposi‹o Ž diversa da aplicada aos crimes em geral, em
que a pris‹o tempor‡ria s— pode ser decretada por cinco dias,
prorrog‡veis por mais cinco.
																																																													
7 HC 86698
8	 (Ver, por todos: REsp 1264745/RJ, Rel. Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS
MOURA, Rel. p/ Ac—rd‹o Ministro ROGERIO SCHIETTI CRUZ, SEXTA TURMA,
julgado em 25/03/2014, DJe 02/06/2014)
	
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Segundo o art. 3¡, os apenados por crimes hediondos e
assemelhados, quando considerados de alta periculosidade, devem
cumprir pena em ESTABELECIMENTOS DE SEGURAN‚A MçXIMA:
Art. 3¼ A Uni‹o manter‡ estabelecimentos penais, de segurana m‡xima,
destinados ao cumprimento de penas impostas a condenados de alta
periculosidade, cuja permanncia em pres’dios estaduais ponha em risco a
ordem ou incolumidade pœblica.
Por fim, a concess‹o de LIVRAMENTO CONDICIONAL Ž
PERMITIDA, mas, alŽm dos requisitos previstos para os demais crimes,
exige-se, ainda:
¥ Que o rŽu tenha cumprido mais de 2/3 da pena;
¥ N‹o seja reincidente espec’fico (n‹o seja reincidente em crime
HEDIONDO).
Vejamos a reda‹o do art. 83, V do CP, conferida pela Lei 8.072/90:
Art. 83 - O juiz poder‡ conceder livramento condicional ao condenado a pena
privativa de liberdade igual ou superior a 2 (dois) anos, desde que: (Reda‹o
dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)
(...)
V - cumprido mais de dois teros da pena, nos casos de condena‹o por
crime hediondo, pr‡tica da tortura, tr‡fico il’cito de entorpecentes e drogas
afins, e terrorismo, se o apenado n‹o for reincidente espec’fico em
crimes dessa natureza. (Inclu’do pela Lei n¼ 8.072, de 25.7.1990)
CUIDADO! N‹o se admite o livramento condicional para os reincidentes
espec’ficos em crimes hediondos, por fora do art. 83, V do CP.
Contudo, houve, e ainda h‡, certa discuss‹o doutrin‡ria a respeito da
suposta Òrevoga‹oÓ dessa proibi‹o, em raz‹o da altera‹o legislativa
que permitiu a progress‹o de regime para crimes hediondos. Sustentou-
se que, portanto, n‹o havia mais sentido em manter-se a proibi‹o ao
livramento condicional.
O STJ, contudo, rechaou a tese e entende que o art. 83, V, que veda o
livramento condicional para reincidentes espec’ficos em crimes
hediondos, continua vigorando:
(...) I- O C—digo Penal n‹o admite a concess‹o do livramento
condicional ao reincidente espec’fico em crimes hediondos ou
equiparados (art.83, V, do CP), sendo a veda‹o particularmente reiterada
na legisla‹o especial de t—xicos, que disp›e (art. 44 da Lei n.11.343/06)
n‹o ser poss’vel sua concess‹o ao reincidente espec’fico em tr‡fico de
entorpecentes.
II- A proibi‹o legal n‹o foi revogada pela Lei n. 11.464/2007, que
apenas modificou as hip—teses de concess‹o da progress‹o de
regime e o prazo de pris‹o tempor‡ria, no que se refere aos crimes
hediondos.
III- Agravo improvido.
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(AgRg no RHC 38.542/DF, Rel. Ministra REGINA HELENA COSTA, QUINTA
TURMA, julgado em 10/12/2013, DJe 13/12/2013)
Assim, resumidamente:
CRIMES HEDIONDOS:
¥ Cabe livramento condicional, ap—s 2/3 de cumprimento
da pena.
¥ N‹o cabe para reincidentes espec’ficos em crimes
hediondos
2. LEI DE DROGAS
A Lei de Drogas prev um procedimento criminal espec’fico para
os crimes ali elencados.
Vejamos o art. 54 da Lei:
Art. 54. Recebidos em ju’zo os autos do inquŽrito policial, de Comiss‹o
Parlamentar de InquŽrito ou peas de informa‹o, dar-se-‡ vista ao MinistŽrio
Pœblico para, no prazo de 10 (dez) dias, adotar uma das seguintes
providncias:
I - requerer o arquivamento;
II - requisitar as diligncias que entender necess‡rias;
III - oferecer denœncia, arrolar atŽ 5 (cinco) testemunhas e requerer as
demais provas que entender pertinentes.
Percebam, de plano, que o art. 54 prev um prazo de 10 dias para
que o MP adote a providncia cab’vel, sem fazer distin‹o entre rŽu solto
e rŽu preso.
Percebam, ainda, que o nœmero de testemunhas Ž de apenas 05,
diferentemente, portanto, do rito ordin‡rio (l‡ s‹o 08).
Em sendo oferecida a denœncia, o Juizdever‡ proceder ˆ
NOTIFICA‚ÌO do acusado, para oferecer DEFESA PRƒVIA, no prazo de
10 dias.
Vejam que n‹o se trata de cita‹o, mas NOTIFICA‚ÌO, e tambŽm
n‹o se trata de RESPOSTA Ë ACUSA‚ÌO, mas DEFESA PRƒVIA. Ou
seja, h‡ diferenas em rela‹o ao procedimento pelo rito ordin‡rio.
Tal defesa prŽvia Ž ofertada entre o oferecimento e o recebimento da
denœncia.
Contudo, temos um problema: O art. 394, ¤4¼ do CPP disp›e o
seguinte:
Art. 394. O procedimento ser‡ comum ou especial. (Reda‹o dada pela Lei
n¼ 11.719, de 2008).
(...)
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¤ 4o As disposi›es dos arts. 395 a 398 deste C—digo aplicam-se a
todos os procedimentos penais de primeiro grau, ainda que n‹o regulados
neste C—digo. (Inclu’do pela Lei n¼ 11.719, de 2008).
O que isso significa? Significa que o art. 396, que trata da
RESPOSTA Ë ACUSA‚ÌO, deve ser aplicado a todo e qualquer
procedimento de primeira inst‰ncia (inclusive o da Lei de Drogas).
Vejamos o art. 396:
Art. 396. Nos procedimentos ordin‡rio e sum‡rio, oferecida a denœncia ou
queixa, o juiz, se n‹o a rejeitar liminarmente, receb-la-‡ e ordenar‡ a
cita‹o do acusado para responder ˆ acusa‹o, por escrito, no prazo de 10
(dez) dias. (Reda‹o dada pela Lei n¼ 11.719, de 2008).
Assim, em resumo, o que temos?
Doutrinariamente se chegou ˆ conclus‹o de que o rito da Lei de
Drogas Ž espec’fico, devendo se sobrepor ˆ regra do CPP9. Ou seja, o
acusado ser‡:
⇒ Notificado para apresentar defesa prŽvia (ou defesa
preliminar) em 10 dias
⇒ Ap—s, ser‡ citado para comparecer ˆ AIJ (Audincia de
Instru‹o e Julgamento)
Voltando ˆ defesa prŽvia, o Juiz, ap—s sua apresenta‹o pelo
acusado, dever‡ decidir em 05 dias, podendo determinar a apresenta‹o
do preso, realiza‹o de diligncias, exames e per’cias, caso entenda
necess‡rio (art. 55, ¤5¼ da Lei de Drogas).
Recebendo a denœncia, o Juiz determinar‡ a cita‹o do acusado e
agendar‡ dia e hora para a audincia de instru‹o e julgamento
(oportunizando a apresenta‹o de resposta ˆ acusa‹o, conforme
entendimento doutrin‡rio).
CUIDADO! Se estivermos diante dos crimes de TRçFICO (e sua forma
equiparada), petrechos para o tr‡fico (art. 34), associa‹o,
financiamento ou colabora‹o com o tr‡fico (art. 35 a 37), o Juiz poder‡
determinar o AFASTAMENTO CAUTELAR do denunciado de suas
atividades, caso seja funcion‡rio pœblico, devendo comunicar o —rg‹o em
que o funcion‡rio estiver lotado.
A audincia tem prazo para ser realizada? Pela Lei, sim. Ser‡
realizada em atŽ 30 dias, contados do recebimento da denœncia. Poder‡,
entretanto, ser realizada em atŽ 90 dias se for determinada a realiza‹o
de avalia‹o para atestar dependncia de drogas.
																																																													
9 N‹o se trata de entendimento pac’fico, havendo quem sustente a aplicabilidade de ambos os
dispositivos, ou seja, o rŽu teria dois momentos para apresentar sua defesa.
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Na audincia de instru‹o e julgamento, temos a seguinte sequncia
de atos:
01. Interrogat—rio do rŽu
02. Inquiri‹o das testemunhas (acusa‹o e depois defesa)
03. Debates orais (primeiro o MP, depois a defesa)
Mas o interrogat—rio do rŽu n‹o Ž o œltimo ato da instru‹o?
Esta Ž a regra prevista no CPP. Contudo, tal regra est‡ prevista apenas no
art. 400 do CPP, de forma que n‹o se aplica aos procedimentos especiais,
que possuem rito pr—prio.
Mas isso n‹o seria viola‹o ao direito ˆ ampla defesa e ao
contradit—rio? AtŽ seria, mas os Tribunais Superiores entendem que n‹o
h‡ qualquer ilegalidade, nisso, devendo ser aplicado o procedimento
previsto na Lei de Drogas.10
Finalizados os debates orais o Juiz:
01. Proferir‡ sentena imediatamente; ou
02. Determinar‡ a conclus‹o dos autos e proferir‡ sentena em
10 dias.
Por fim, o art. 59 prev o seguinte:
Art. 59. Nos crimes previstos nos arts. 33, caput e ¤ 1o, e 34 a 37 desta Lei,
o rŽu n‹o poder‡ apelar sem recolher-se ˆ pris‹o, salvo se for prim‡rio e de
bons antecedentes, assim reconhecido na sentena condenat—ria.
Contudo, a jurisprudncia j‡ se firmou no sentido de que este
dispositivo n‹o pode ser aplicado, em raz‹o do princ’pio da ampla defesa,
eis que o recolhimento ˆ pris‹o n‹o pode ser considerado pressuposto de
admissibilidade de recurso.11
																																																													
0	(...) I - A ordem dos atos processuais, para a apura‹o de crimes relacionados
ao tr‡fico de drogas, observa o regramento espec’fico estabelecido no art. 57
da Lei n. 11.343/2006 e n‹o o estatuto geral do C—digo de Processo Penal. ƒ
leg’timo o interrogat—rio do RŽu antes da ouvida das testemunhas de acusa‹o.
Precedentes das Turmas que comp›e a 3» Se‹o desta Corte.
II - Agravo Regimental improvido.
(AgRg no RHC 40.647/MG, Rel. Ministra REGINA HELENA COSTA, QUINTA TURMA,
julgado em 11/03/2014, DJe 18/03/2014)
	
11
	 (HC 100.728/SP, Rel. Ministra MARILZA MAYNARD (DESEMBARGADORA CONVOCADA
DO TJ/SE), SEXTA TURMA, julgado em 21/11/2013, DJe 10/12/2013)	
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(FGV Ð 2014 Ð OAB Ð XV EXAME DE ORDEM)
Matheus foi denunciado pela pr‡tica dos crimes de tr‡fico de
drogas (Art. 33, caput, da Lei n¼ 11.343/2006) e associa‹o para
o tr‡fico (Art. 35, caput da Lei n¼ 11.343/2006), em concurso
material. Quando da realiza‹o da audincia de instru‹o e
julgamento, o advogado de defesa pleiteou que o rŽu fosse
interrogado ap—s a oitiva das testemunhas de acusa‹o e de
defesa, como determina o C—digo de Processo Penal (Art. 400 do
CPP, com reda‹o dada pela Lei n¼ 11.719/2008), o que seria
mais benŽfico ˆ defesa. O juiz singular indeferiu a invers‹o do
interrogat—rio, sob a alega‹o de que a norma aplic‡vel ˆ espŽcie
seria a Lei n¼ 11.343/2006, a qual prev, em seu Art. 57, que o
rŽu dever‡ ser ouvido no in’cio da instru‹o.
Nesse caso,
a) o juiz n‹o agiu corretamente, pois o interrogat—rio do acusado,
de acordo com o C—digo de Processo Penal, Ž o œltimo ato a ser
realizado
b) o juiz agiu corretamente, eis que o interrogat—rio, em raz‹o do
princ’pio da especialidade, deve ser o primeiro ato da instru‹o
nas a›es penais instauradas para a persecu‹o dos crimes
previstos na Lei de Drogas.
c) o juiz n‹o agiu corretamente, pois Ž cab’vel a invers‹o do
interrogat—rio, devendo ser automaticamente reconhecida a
nulidade em raz‹o da ado‹o de procedimento incorreto
d) o juiz agiu corretamente, j‡ que, independentemente do
procedimento adotado, n‹o h‡ uma ordem a ser seguida em
rela‹o ao momento da realiza‹o do interrogat—rio do acusado.
COMENTçRIOS: Neste caso o juiz agiu corretamente, pois o
interrogat—rio, nas a›es penais instauradas para a persecu‹o dos
crimes previstos na Lei de Drogas, deve ser o primeiro ato da instru‹o,
em raz‹o do princ’pio da especialidade, nos termos do art. 57 da Lei de
Drogas. Isso, inclusive, n‹o ofende o princ’pio da ampla defesa e do
contradit—rio, segundo entendimento do STJ e do STF.
Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA ƒ A LETRA B.
3. ABUSO DE AUTORIDADE
3.1. Competncia
A competncia para o processo e julgamento destes crimes Ž
dos Juizados Especiais Criminais, eis que a pena m‡xima cominada Ž
de apenas seis meses, ou seja, tratam-se de infra›es de menor potencial
ofensivo, de competncia dos JECRims,pois estes possuem competncia
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para processar e julgar as infra›es cuja pena m‡xima cominada seja de
atŽ dois anos de priva‹o da liberdade.
Vejamos o que disp›e o art. 61 da Lei 9.099/95:
Art. 61. Consideram-se infra›es penais de menor potencial ofensivo, para os
efeitos desta Lei, as contraven›es penais e os crimes a que a lei comine
pena m‡xima n‹o superior a 2 (dois) anos, cumulada ou n‹o com multa.
(Reda‹o dada pela Lei n¼ 11.313, de 2006)
Mas e se houver conex‹o entre um crime de abuso de
autoridade e um crime de competncia do Jœri?
Nesse caso, pela vis atractia (fora atrativa) da competncia do
Tribunal do Jœri, ambos ser‹o julgados pelo Tribunal do Jœri, mas ao
crime de abuso de autoridade ser‹o aplicados os institutos
despenalizadores previstos na Lei do Juizados. Vejamos o disposto no art.
60, ¤ œnico da Lei 9.099/95:
Par‡grafo œnico. Na reuni‹o de processos, perante o ju’zo comum ou o
tribunal do jœri, decorrentes da aplica‹o das regras de conex‹o e
continncia, observar-se-‹o os institutos da transa‹o penal e da composi‹o
dos danos civis. (Inclu’do pela Lei n¼ 11.313, de 2006)
3.2. A‹o penal
Os arts. 12 e 13 tratam da a‹o penal nos crimes de abuso de
autoridade:
Art. 12. A a‹o penal ser‡ iniciada, independentemente de inquŽrito policial
ou justifica‹o por denœncia do MinistŽrio Pœblico, instru’da com a
representa‹o da v’tima do abuso.
Art. 13. Apresentada ao MinistŽrio Pœblico a representa‹o da v’tima, aquele,
no prazo de quarenta e oito horas, denunciar‡ o rŽu, desde que o fato
narrado constitua abuso de autoridade, e requerer‡ ao Juiz a sua cita‹o, e,
bem assim, a designa‹o de audincia de instru‹o e julgamento.
¤ 1¼ A denœncia do MinistŽrio Pœblico ser‡ apresentada em duas vias.
Percebam que o art. 12 fala em Òinstru’da com a representa‹o
da v’tima...Ó. Mais uma vez, reitero a vocs, essa representa‹o Ž
DESNECESSçRIA. Se ela existir (se a v’tima foi l‡ e representou), deve
a denœncia ser instru’da com c—pia desta representa‹o. Caso o MP tenha
tomado conhecimento do fato por outros meios, n‹o tendo havido
representa‹o da v’tima, A DENòNCIA PODE SER OFERECIDA SEM
ELA, n‹o h‡ —bice algum!
Como disse a vocs anteriormente, temos aqui um crime de A‚ÌO
PENAL PòBLICA INCONDICIONADA, de forma que o MP n‹o depende
de representa‹o da v’tima para ajuizar a a‹o penal, pois esta
representa‹o n‹o tem natureza jur’dica de condi‹o de procedibilidade
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da a‹o penal, mas apenas Ž um meio de se levar o fato ao conhecimento
da autoridade competente.
Com rela‹o ao delito previsto no art. 3¡, i,
(atentado ˆ incolumidade f’sica do indiv’duo), a Doutrina entende que
a a‹o penal Ž pœblica CONDICONADA Ë REPRESENTA‚ÌO DO
OFENDIDO, pois o art. 88 da Lei 9.099/95 estabeleceu que nos crimes
de les›es corporais, a a‹o penal seria pœblica condicionada ˆ
representa‹o. Vejamos:
Art. 88. AlŽm das hip—teses do C—digo Penal e da legisla‹o especial,
depender‡ de representa‹o a a‹o penal relativa aos crimes de les›es
corporais leves e les›es culposas.
Isso n‹o Ž pac’fico, pois, como disse a vocs, uma coisa Ž o delito de
abuso de autoridade (que pode ou n‹o causar les›es corporais), outra
coisa Ž o delito de les›es corporais propriamente dito (art. 129 do CP).
Caso o MP n‹o promova a a‹o penal no prazo previsto na Lei, a Lei
4.898/65 prev a possibilidade de ajuizamento da A‚ÌO PENAL
PRIVADA SUBSIDIçRIA DA PòBLICA. Vejamos:
Art. 16. Se o —rg‹o do MinistŽrio Pœblico n‹o oferecer a denœncia no prazo
fixado nesta lei, ser‡ admitida a‹o privada. O —rg‹o do MinistŽrio Pœblico
poder‡, porŽm, aditar a queixa, repudi‡-la e oferecer denœncia substitutiva e
intervir em todos os termos do processo, interpor recursos e, a todo tempo,
no caso de negligncia do querelante, retomar a a‹o como parte principal.
Mas o que Ž isso? Nada mais Ž que uma a‹o penal promovida pelo
pr—prio ofendido quando o MP n‹o a aju’za no prazo legal. Ou seja, a Lei
concede ao ofendido o direito de ajuizar a a‹o penal privada caso o MP
n‹o aju’ze a a‹o penal pœblica no prazo correto.
Mas isso somente ser‡ poss’vel se, transcorrido o prazo previsto na
Lei, o MP tiver ficado INERTE. Se o membro do MP tiver requerido o
arquivamento da representa‹o (ou do InquŽrito Policial, caso instaurado,
embora dispens‡vel), ou requisitado a realiza‹o de novas diligncias,
NÌO Hç POSSIBILIDADE DE MANEJO DA A‚ÌO PENAL PRIVADA
SUBSIDIçRIA DA PòBLICA, pois, nesse caso, n‹o ter‡ havido inŽrcia
do MP, mas simplesmente manifesta‹o no sentido de que n‹o h‡
elementos para o ajuizamento da a‹o penal. Nos termos do art. 15 da
Lei:
Art. 15. Se o —rg‹o do MinistŽrio Pœblico, ao invŽs de apresentar a denœncia
requerer o arquivamento da representa‹o, o Juiz, no caso de considerar
improcedentes as raz›es invocadas, far‡ remessa da representa‹o ao
Procurador-Geral e este oferecer‡ a denœncia, ou designar‡ outro —rg‹o do
MinistŽrio Pœblico para oferec-la ou insistir‡ no arquivamento, ao qual s—
ent‹o dever‡ o Juiz atender.
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Vejam que o MP requer ao Juiz o arquivamento. Caso o Juiz n‹o
concorde, dever‡ remeter os autos ao PGJ (Chefe do MP), que decidir‡ a
quest‹o em definitivo.
Essas duas regrinhas (a‹o penal subsidi‡ria e remessa ao PGJ) j‡
estavam previstas no CPP, motivo pelo qual tambŽm s‹o absolutamente
desnecess‡rias nesta Lei.
3.3. Procedimento propriamente dito
Embora a competncia para o julgamento destes crimes seja dos
JECRims, o rito a ser seguido Ž o previsto nesta Lei 4.898/65, e,
subsidiariamente, o rito do CPP.
Recebendo a a‹o penal, o Juiz a despachar‡ em atŽ 48 horas,
designando data para a audincia, mandando citar o rŽu, por mandado
sucinto. Nos termos do art. 17:
Art. 17. Recebidos os autos, o Juiz, dentro do prazo de quarenta e oito horas,
proferir‡ despacho, recebendo ou rejeitando a denœncia.
¤ 1¼ No despacho em que receber a denœncia, o Juiz designar‡, desde logo,
dia e hora para a audincia de instru‹o e julgamento, que dever‡ ser
realizada, improrrogavelmente. dentro de cinco dias.
¤ 2¼ A cita‹o do rŽu para se ver processar, atŽ julgamento final e para
comparecer ˆ audincia de instru‹o e julgamento, ser‡ feita por mandado
sucinto que, ser‡ acompanhado da segunda via da representa‹o e da
denœncia.
As testemunhas poder‹o ser apresentadas independentemente de
terem sido intimadas, n‹o sendo deferidos pedidos de intima‹o ou
precat—ria (carta precat—ria) para a audincia. TambŽm n‹o ser‹o
deferidas diligncias, salvo a hip—tese de prova pericial, prevista no art.
14, b da Lei:
Art. 18. As testemunhas de acusa‹o e defesa poder‹o ser apresentada em
ju’zo, independentemente de intima‹o.
Par‡grafo œnico. N‹o ser‹o deferidos pedidos de precat—ria para a audincia
ou a intima‹o de testemunhas ou, salvo o caso previsto no artigo 14, letra
"b", requerimentos para a realiza‹o de diligncias, per’cias ou exames, a
n‹o ser que o Juiz, em despacho motivado, considere indispens‡veis tais
providncias.
A verdade Ž que esta Lei Ž bastante antiga e retr—grada e, embora
preze pela CELERIDADE, deixa muito a desejar no quesito AMPLA
DEFESA, de forma que se admite o requerimento de diligncias,
intima‹o por cartaprecat—ria, etc. Isso Ž o que ocorre na pr‡tica, mas
vocs devem saber o que consta na literalidade da lei.
Com rela‹o ˆ audincia de instru‹o e julgamento:
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Art. 19. A hora marcada, o Juiz mandar‡ que o porteiro dos audit—rios ou o
oficial de justia declare aberta a audincia, apregoando em seguida o rŽu, as
testemunhas, o perito, o representante do MinistŽrio Pœblico ou o advogado
que tenha subscrito a queixa e o advogado ou defensor do rŽu.
Par‡grafo œnico. A audincia somente deixar‡ de realizar-se se ausente o
Juiz.
Art. 20. Se atŽ meia hora depois da hora marcada o Juiz n‹o houver
comparecido, os presentes poder‹o retirar-se, devendo o ocorrido constar do
livro de termos de audincia.
Art. 21. A audincia de instru‹o e julgamento ser‡ pœblica, se
contrariamente n‹o dispuser o Juiz, e realizar-se-‡ em dia œtil, entre dez (10)
e dezoito (18) horas, na sede do Ju’zo ou, excepcionalmente, no local que o
Juiz designar.
Art. 22. Aberta a audincia o Juiz far‡ a qualifica‹o e o interrogat—rio do rŽu,
se estiver presente.
Par‡grafo œnico. N‹o comparecendo o rŽu nem seu advogado, o Juiz nomear‡
imediatamente defensor para funcionar na audincia e nos ulteriores termos
do processo.
Art. 23. Depois de ouvidas as testemunhas e o perito, o Juiz dar‡ a palavra
sucessivamente, ao MinistŽrio Pœblico ou ao advogado que houver subscrito a
queixa e ao advogado ou defensor do rŽu, pelo prazo de quinze minutos para
cada um, prorrog‡vel por mais dez (10), a critŽrio do Juiz.
Art. 24. Encerrado o debate, o Juiz proferir‡ imediatamente a sentena.
Art. 25. Do ocorrido na audincia o escriv‹o lavrar‡ no livro pr—prio, ditado
pelo Juiz, termo que conter‡, em resumo, os depoimentos e as alega›es da
acusa‹o e da defesa, os requerimentos e, por extenso, os despachos e a
sentena.
Art. 26. Subscrever‹o o termo o Juiz, o representante do MinistŽrio Pœblico
ou o advogado que houver subscrito a queixa, o advogado ou defensor do rŽu
e o escriv‹o.
Fiquem atentos a uma coisa: a men‹o do art. 21 ˆ Ò(...)
audincia ser‡ pœblica, se contrariamente n‹o dispuser o Juiz (...)Ó Ž
completamente inconstitucional, n‹o tendo sido recepcionada pela
Constitui‹o de 1988, que prev, em seu art. 93, IX, a necessidade de
publicidade dos atos processuais, s— podendo ser restringida esta
publicidade nos casos ali previstos. Vejamos:
Art. 93 (...)
IX todos os julgamentos dos —rg‹os do Poder Judici‡rio ser‹o pœblicos, e
fundamentadas todas as decis›es, sob pena de nulidade, podendo a lei limitar
a presena, em determinados atos, ˆs pr—prias partes e a seus advogados,
ou somente a estes, em casos nos quais a preserva‹o do direito ˆ
intimidade do interessado no sigilo n‹o prejudique o interesse pœblico ˆ
informa‹o; (Reda‹o dada pela Emenda Constitucional n¼ 45, de 2004)
A audincia ser‡ realizada ainda que n‹o tenha comparecido o autor
ou o rŽu e, neste œltimo caso, n‹o comparecendo nem o rŽu nem seu
defensor, dever‡ ser nomeado defensor dativo, ou, caso haja Defensoria
Pœblica, ser dada vista dos autos ˆ Defensoria para que atue no caso.
CUIDADO! Embora a Lei diga que a audincia somente n‹o ser‡
realizada se estiver ausente o Juiz, numa interpreta‹o sistem‡tica, n‹o
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poder‡ ser realizada a audincia, tambŽm, sem a presena do defensor
do rŽu, pois isso seria viola‹o ao contradit—rio e ˆ ampla defesa.
O Juiz poder‡ aumentar os prazos previstos na Lei, atŽ o dobro, nas
comarcas onde o transporte seja dificultoso (art. 27).
Aplicam-se, subsidiariamente a este procedimento, as regras
previstas no CPP (art. 28), no que for compat’vel. Os recursos previstos
para cada ato judicial praticado neste processo ser‹o os previstos no CPP
(art. 28, ¤ œnico).
4. CîDIGO DE TRåNSITO BRASILEIRO
A Lei 9.503/97 estabeleceu o Novo C—digo de Tr‰nsito Brasileiro, e
trouxe, alŽm da previs‹o de infra›es administrativas, crimes praticados
no tr‰nsito.
A estes crimes aplica-se, primeiramente, o CTB, e, subsidiariamente,
o CP, o CPP e a Lei 9.099/95 (Lei dos Juizados Especiais), naquilo que n‹o
conflitar com o CTB.
O art. 291, em seu ¤1¼, determina, ainda que ao crime de les›es
corporais culposas praticadas no tr‰nsito, aplicam-se os institutos da
TRANSA‚ÌO PENAL, COMPOSI‚ÌO CIVIL DOS DANOS e
NECESSIDADE DE REPRESENTA‚ÌO PARA O AJUIZAMENTO DA
A‚ÌO PENAL, exceto se o agente estiver numa destas condi›es:
¥ Sob influncia de ‡lcool ou outra subst‰ncia
entorpecente
¥ Participando de ÒrachaÓ
¥ Dirigindo a mais de 50km/h acima da velocidade
m‡xima permitida para a via.
Nestes trs œltimos casos, n‹o poder‹o ser aplicados os institutos
acima descritos. Vejamos o que diz o art. 291, ¤1¼:
Art. 291. (...)
¤ 1o Aplica-se aos crimes de tr‰nsito de les‹o corporal culposa o disposto nos
arts. 74, 76 e 88 da Lei no 9.099, de 26 de setembro de 1995, exceto se o
agente estiver: (Renumerado do par‡grafo œnico pela Lei n¼ 11.705, de
2008)
I - sob a influncia de ‡lcool ou qualquer outra subst‰ncia psicoativa que
determine dependncia; (Inclu’do pela Lei n¼ 11.705, de 2008)
II - participando, em via pœblica, de corrida, disputa ou competi‹o
automobil’stica, de exibi‹o ou demonstra‹o de per’cia em manobra de
ve’culo automotor, n‹o autorizada pela autoridade competente; (Inclu’do pela
Lei n¼ 11.705, de 2008)
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III - transitando em velocidade superior ˆ m‡xima permitida para a via em
50 km/h (cinqŸenta quil™metros por hora). (Inclu’do pela Lei n¼ 11.705, de
2008)
O CTB permite, ainda, que o Juiz aplique penalidade de
suspens‹o ou proibi‹o de se obter permiss‹o ou habilita‹o para
dirigir ve’culo, como penalidade principal ou acess—ria, isolada ou
cumulada com outras penalidades.
ESSA PENALIDADE PODERç TER DURA‚ÌO DE DOIS MESES A
CINCO ANOS E ESTE PRAZO NÌO COME‚A A SER CONTADO ENQUANTO
O CONDENADO ESTç RECOLHIDO A ESTABELECIMENTO PRISIONAL!
O Juiz pode, ainda, durante o processo, de of’cio ou a requerimento
do MP ou da autoridade policial, decretar a suspens‹o do direito de dirigir
ou a proibi‹o de se obter a permiss‹o ou habilita‹o, desde que isso seja
necess‡rio para a garantia da ordem pœblica. Em face desta decis‹o cabe
RECURSO EM SENTIDO ESTRITO, sem efeito suspensivo. Vejamos:
Art. 294. Em qualquer fase da investiga‹o ou da a‹o penal, havendo
necessidade para a garantia da ordem pœblica, poder‡ o juiz, como medida
cautelar, de of’cio, ou a requerimento do MinistŽrio Pœblico ou ainda mediante
representa‹o da autoridade policial, decretar, em decis‹o motivada, a
suspens‹o da permiss‹o ou da habilita‹o para dirigir ve’culo automotor, ou
a proibi‹o de sua obten‹o.
Par‡grafo œnico. Da decis‹o que decretar a suspens‹o ou a medida cautelar,
ou da que indeferir o requerimento do MinistŽrio Pœblico, caber‡ recurso em
sentido estrito, sem efeito suspensivo.
O art. 298 traz um rol de circunst‰ncias que s‹o consideradas
agravantes nos crimes contidos no tr‰nsito. Vejamos:
Art. 298. S‹o circunst‰ncias que sempre agravam as penalidades dos crimes
de tr‰nsito ter o condutor do ve’culo cometido a infra‹o:
I - com dano potencial para duas ou mais pessoas ou com grande risco de
grave dano patrimonial a terceiros;
II - utilizando o ve’culo sem placas,

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