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DIREITO PROCESSUAL PENAL para o XXIII EXAME DA OAB Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula 11 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 2 de 71 7.3. Da remio............................................................................................. 56 7.4. Disposies jurisprudenciais importantes sobre execuo penal............ 58 8. ASPECTOS PROCESSUAIS DA LEI DE LICITAÍES ..................................... 61 9. ASPECTOS PROCESSUAIS DA LEI 7.492/86............................................... 63 10. EXERCêCIOS DA AULA ............................................................................ 66 11. GABARITO.............................................................................................. 71 Ol, pessoal! Vamos estudar hoje os aspectos processuais de diversas Leis, como a Lei de Drogas, Lei Maria da Penha, o procedimento dos Juizados Especiais Criminais, etc. Sugiro foco na Lei Maria da Penha, na Lei de crimes hediondos e na Lei dos Juizados Especiais Criminais. Como a abordagem, em relao aos temas desta aula, j sintetizada, coloquei resumo apenas em relao ao item I (Juizados Especiais Criminais), pois o mais complexo e extenso! Como a nossa ltima aula, desejo a todos uma EXCELENTE PROVA! Bons estudos! Prof. Renan Araujo DIREITO PROCESSUAL PENAL para o XXIII EXAME DA OAB Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula 11 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 4 de 71 CPP), mas infrao de menor potencial ofensivo devem ser aplicados os institutos despenalizadores previstos na Lei 9.099;95, conforme preconiza o art. 60, ¤ nico da Lei 9.099/95. 1.2. Princpios e Objetivos Os princpios e objetivos dos Juizados Especiais Criminais esto previstos no art. 62 da Lei: Art. 62. O processo perante o Juizado Especial orientar-se- pelos critrios da oralidade, informalidade, economia processual e celeridade, objetivando, sempre que possvel, a reparao dos danos sofridos pela vtima e a aplicao de pena no privativa de liberdade. Assim, os Juizados possuem como princpios: ü Oralidade Ð Os atos processuais, sempre que possvel, sero praticados oralmente, sendo reduzidos a termo; ü Informalidade Ð Os processos perante os Juizados Especiais no seguem formalidade to rigorosa quanto aqueles julgados pelo Juzo comum. No toa que temos as previses dos arts. 64 e 65 da Lei: Art. 64. Os atos processuais sero pblicos e podero realizar-se em horrio noturno e em qualquer dia da semana, conforme dispuserem as normas de organizao judiciria. Art. 65. Os atos processuais sero vlidos sempre que preencherem as finalidades para as quais foram realizados, atendidos os critrios indicados no art. 62 desta Lei. ü Economia Processual Ð Deve-se buscar sempre a mxima efetividade dos atos processuais, concentrando-os de forma a garantir a economia do processo, ou seja, a maior eficincia possvel, com o menor gasto de tempo e dinheiro do Poder Pblico; ü Celeridade Processual Ð A busca pela celeridade (rapidez) processual um princpio do Juizado, notadamente quando se analisa que neste rito (sumarssimo) diversas fases processuais so atropeladas, de forma a garantir o desfecho clere do processo. Os objetivos, por sua vez, so: ü Reparao dos danos sofridos pela vtima Ð a chamada Òcomposio dos danos civisÓ, ou seja, objetiva-se sempre a reparao do dano causado pelo infrator, de forma a garantir que a vtima seja indenizada pelo prejuzo que sofreu, seja ele de ordem material ou moral; ü Aplicao de pena no-privativa de liberdade Ð Busca-se, sempre, aplicar pena que no seja a privativa de liberdade, como forma de evitar a priso de pessoas que tenham cometido infraes que no causam leso to grave sociedade, podendo ser punidas de outras formas. Friso a DIREITO PROCESSUAL PENAL para o XXIII EXAME DA OAB Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula 11 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 5 de 71 vocs que isso no se confunde com impunidade, pois o infrator seria punido, s que com uma pena que no seria privativa de liberdade. 1.3. Competncia A competncia dos Juizados Especiais, como vimos, para o processo e julgamento dos crimes cuja pena mxima no seja superior a dois anos (art. 60 da Lei). Entretanto, qual a competncia ratione loci (competncia territorial)? A competncia territorial est definida no art. 63 da Lei: Art. 63. A competncia do Juizado ser determinada pelo lugar em que foi praticada a infrao penal. Vejam, portanto, que foi adotada a teoria da ATIVIDADE. Porm, existem determinados crimes que no se submetem ao rito dos Juizados Especiais. So eles: ü Crimes militares Ð No importa qual a pena cominada (se menor que dois anos ou no), no se aplica o rito sumarssimo aos crimes militares. Vejamos o art. 90-A da Lei 9.099/95: Art. 90-A. As disposies desta Lei no se aplicam no mbito da Justia Militar. (Artigo includo pela Lei n¼ 9.839, de 27.9.1999) CUIDADO! Em relao aos crimes de violncia domstica, o STF e o STJ entendem que possvel o julgamento pelo rito sumarssimo, o que no possvel a aplicao dos institutos despenalizadores (transao penal, suspenso condicional do processo, etc.) 1.4. Atos chamatrios Os atos chamatrios no rito sumarssimo (citao e intimaes) tambm seguem um regramento especfico. Nos termos do art. 66 da Lei, a citao ser NECESSARIAMENTE PESSOAL, no havendo possibilidade de citao editalcia. Entenderam? NÌO POSSêVEL CITAÌO POR EDITAL NOS JUIZADOS ESPECIAIS CRIMINAIS! A Doutrina entende ser inadmissvel tambm, por analogia, a citao por hora certa. Vejamos o art. 66 da Lei: Art. 66. A citao ser pessoal e far-se- no prprio Juizado, sempre que possvel, ou por mandado. Mas, professor, e se o acusado no for encontrado? Nesse caso, o ¤ nico do art. 66 determina que sejam remetidas as peas do processo ao Juzo comum, seguindo-se o processo, no Juzo comum, pelo rito sumrio. Vejamos: DIREITO PROCESSUAL PENAL para o XXIII EXAME DA OAB Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula 11 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 6 de 71 Pargrafo nico. No encontrado o acusado para ser citado, o Juiz encaminhar as peas existentes ao Juzo comum para adoo do procedimento previsto em lei. Quanto s intimaes, seguindo a linha do PRINCêPIO DA INFORMALIDADE, poder elas ser enviadas por correspondncia com aviso de recebimento: Art. 67. A intimao far-se- por correspondncia, com aviso de recebimento pessoal ou, tratando-se de pessoa jurdica ou firma individual, mediante entrega ao encarregado da recepo, que ser obrigatoriamente identificado, ou, sendo necessrio, por oficial de justia, independentemente de mandado ou carta precatria, ou ainda por qualquer meio idneo de comunicao. Tendo sido o ato praticado em audincia, as partes so consideradas cientes, nos termos do art. 67, ¤ nico da Lei: Pargrafo nico. Dos atos praticados em audincia considerar-se-o desde logo cientes as partes, os interessados e defensores. Da intimao do autor do fato ou citao do acusado, dever constar a necessidade de acompanhamento por advogado e, caso ele no constitua um, os autos sero remetidos Defensoria Pblica: Art. 68. Do ato de intimao do autor do fato e do mandado de citao do acusado, constar a necessidade de seu comparecimento acompanhado de advogado, com a advertncia de que, na sua falta, ser-lhe- designado defensor pblico.1.5. Da Fase Preliminar 1.5.1. Termo circunstanciado e priso em flagrante Tomando cincia da ocorrncia de uma IMPO, a autoridade policial NÌO INSTAURARç INQURITO POLICIAL, essa a primeira distino. A autoridade, nestes casos, dever lavrar o que se chama de TERMO CIRCUNSTANCIADO. Vejamos: Art. 69. A autoridade policial que tomar conhecimento da ocorrncia lavrar termo circunstanciado e o encaminhar imediatamente ao Juizado, com o autor do fato e a vtima, providenciando-se as requisies dos exames periciais necessrios. ATENÌO! O termo circunstanciado ser utilizado, posteriormente, como subsdio para a ao penal, dispensando-se o inqurito policial1. Alm disso, ser dispensvel o exame de corpo de delito (em regra ele seria necessrio, nos crimes que deixam vestgios, por fora do art. 158 do CPP), desde que o termo circunstanciado esteja acompanhado por boletim mdico ou prova equivalente, atestando a materialidade do fato (art. 77, ¤1¼ da Lei 9.099/95). 1 Sabemos que o IP um procedimento DISPENSçVEL para o ajuizamento da ao penal. O que este dispositivo quer dizer que nas infraes de menor potencial ofensivo no teremos IP, mesmo em se tratando de crime de ao pblica. DIREITO PROCESSUAL PENAL para o XXIII EXAME DA OAB Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula 11 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 7 de 71 Se o autor do fato se comprometer a comparecer a todos os atos do processo, NUNCA PODERç SER PRESO EM FLAGRANTE, nos termos do ¤ nico do art. 69. 1.5.2. Audincia preliminar e composio civil dos danos Aps esta etapa em sede policial, ser designada audincia preliminar (art. 70), na qual o Juiz dever cientificar as partes acerca da convenincia da composio civil dos danos. Vejamos: Art. 70. Comparecendo o autor do fato e a vtima, e no sendo possvel a realizao imediata da audincia preliminar, ser designada data prxima, da qual ambos sairo cientes. Art. 71. Na falta do comparecimento de qualquer dos envolvidos, a Secretaria providenciar sua intimao e, se for o caso, a do responsvel civil, na forma dos arts. 67 e 68 desta Lei. Art. 72. Na audincia preliminar, presente o representante do Ministrio Pblico, o autor do fato e a vtima e, se possvel, o responsvel civil, acompanhados por seus advogados, o Juiz esclarecer sobre a possibilidade da composio dos danos e da aceitao da proposta de aplicao imediata de pena no privativa de liberdade. Interessante notar que essa audincia de conciliao pode ser presidida pelo Juiz ou pelo conciliador, que um auxiliar da Justia, sob orientao do Juiz: Art. 73. A conciliao ser conduzida pelo Juiz ou por conciliador sob sua orientao. Pargrafo nico. Os conciliadores so auxiliares da Justia, recrutados, na forma da lei local, preferentemente entre bacharis em Direito, excludos os que exeram funes na administrao da Justia Criminal. Obtida a composio civil dos danos causados, o Juiz a homologar por sentena, que ser IRRECORRêVEL, eis que nenhuma das partes sucumbiu. Nesse caso, a sentena valer como ttulo executivo na seara cvel: Art. 74. A composio dos danos civis ser reduzida a escrito e, homologada pelo Juiz mediante sentena irrecorrvel, ter eficcia de ttulo a ser executado no juzo civil competente. Se o crime for de ao penal pblica CONDICIONADA ou de ao penal privada, a composio civil dos danos acarreta a RENòNCIA DO DIREITO DE OFERECER REPRESENTAÌO OU QUEIXA. Nos termos do ¤ nico do art. 74: Pargrafo nico. Tratando-se de ao penal de iniciativa privada ou de ao penal pblica condicionada representao, o acordo homologado acarreta a renncia ao direito de queixa ou representao. Caso no seja obtida a composio civil dos danos, e sendo caso de ao penal privada ou pblica condicionada representao, o Juiz dar oportunidade ao ofendido para que apresente a sua representao ou oferea a queixa: DIREITO PROCESSUAL PENAL para o XXIII EXAME DA OAB Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula 11 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 8 de 71 Art. 75. No obtida a composio dos danos civis, ser dada imediatamente ao ofendido a oportunidade de exercer o direito de representao verbal, que ser reduzida a termo. Caso o ofendido no a exera no momento, poder exercer esse direito posteriormente (oferecimento de queixa ou representao), desde que dentro do perodo legal: Pargrafo nico. O no oferecimento da representao na audincia preliminar no implica decadncia do direito, que poder ser exercido no prazo previsto em lei. Caso o ofendido oferea a representao (crimes de ao penal pblica condicionada) ou sendo crime de ao penal pblica incondicionada, o Juiz dar vista ao MP para que proponha, se for cabvel, a TRANSAÌO PENAL. 1.5.3. Transao penal Art. 76. Havendo representao ou tratando-se de crime de ao penal pblica incondicionada, no sendo caso de arquivamento, o Ministrio Pblico poder propor a aplicao imediata de pena restritiva de direitos ou multas, a ser especificada na proposta. Esta proposta de TRANSAÌO PENAL no poder ser oferecida se ocorrer uma das hipteses do ¤ 2¡ do art. 76 da Lei: ¤ 2¼ No se admitir a proposta se ficar comprovado: I - ter sido o autor da infrao condenado, pela prtica de crime, pena privativa de liberdade, por sentena definitiva; II - ter sido o agente beneficiado anteriormente, no prazo de cinco anos, pela aplicao de pena restritiva ou multa, nos termos deste artigo; III - no indicarem os antecedentes, a conduta social e a personalidade do agente, bem como os motivos e as circunstncias, ser necessria e suficiente a adoo da medida. Assim: TRANSAÌO PENAL Ð INADMISSIBILIDADE ¥ Se o autor do fato tiver sido condenado, pela prtica de crime, pena privativa de liberdade, por sentena definitiva ¥ Se o autor do fato tiver sido beneficiado anteriormente, no prazo de cinco anos, com a transao penal ¥ Os antecedentes, a conduta social e a personalidade do agente, bem como os motivos e as circunstncias no indicarem ser necessria e suficiente a adoo da medida Sendo aceita a proposta, ela ser submetida ao Juiz, para que a acolha ou no. Caso o Juiz acolha a proposta, aplicar a pena restritiva de direitos ou multa, mas essa sano no considerada uma condenao, nem levada em conta para fins de reincidncia, sendo apenas um ÒACORDOÓ entre o MP e o acusado, de forma que o MP deixa de oferecer DIREITO PROCESSUAL PENAL para o XXIII EXAME DA OAB Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula 11 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 9 de 71 a ao penal e solicita, em troca disso, que o acusado pague alguma multa ou cumpra uma pena restritiva de direitos. Da deciso do Juiz que acolhe ou no a proposta, caber APELAÌO: ¤ 3¼ Aceita a proposta pelo autor da infrao e seu defensor, ser submetida apreciao do Juiz. ¤ 4¼ Acolhendo a proposta do Ministrio Pblico aceita pelo autor da infrao, o Juiz aplicar a pena restritiva de direitos ou multa, que no importar em reincidncia, sendo registrada apenas para impedir novamente o mesmo benefcio no prazo de cinco anos. ¤ 5¼ Da sentena prevista no pargrafo anterior caber a apelao referida no art. 82 desta Lei. ¤ 6¼ A imposio da sano de que trata o ¤ 4¼ deste artigo no constar de certido de antecedentes criminais, salvo para os fins previstos no mesmo dispositivo, e no ter efeitos civis, cabendo aos interessados propor ao cabvel no juzo cvel.A transao penal direito subjetivo do ru? O STJ entende que no (AgRg no REsp 1356229 / PR). Mas, professor, e se o acusado NÌO ACEITAR a proposta de transao penal? Nesse caso, o MP oferecer denncia oral, se no for caso de realizao de alguma diligncia. Vejamos: Art. 77. Na ao penal de iniciativa pblica, quando no houver aplicao de pena, pela ausncia do autor do fato, ou pela no ocorrncia da hiptese prevista no art. 76 desta Lei, o Ministrio Pblico oferecer ao Juiz, de imediato, denncia oral, se no houver necessidade de diligncias imprescindveis. Se a ao penal for privada, o ofendido poder oferecer a queixa, nos termos do art. 77, ¤3¡ da Lei: ¤ 3¼ Na ao penal de iniciativa do ofendido poder ser oferecida queixa oral, cabendo ao Juiz verificar se a complexidade e as circunstncias do caso determinam a adoo das providncias previstas no pargrafo nico do art. 66 desta Lei. CUIDADO! A Lei no prev possibilidade de TRANSAÌO PENAL nos crimes de ao penal privada. Entretanto, a Jurisprudncia vem admitindo esta possibilidade, cabendo ao prprio ofendido o seu oferecimento (AgRg no REsp 1356229/PR, Rel. Ministra ALDERITA RAMOS DE OLIVEIRA (DESEMBARGADORA CONVOCADA DO TJ/PE), SEXTA TURMA, julgado em 19/03/2013, DJe 26/03/2013). Por fim, deve ser ressaltado que se a causa for complexa, os autos podero ser remetidos ao Juzo comum, para que seja processado pelo rito sumrio. Esse pedido dever ser feito pelo MP (se for caso de ao DIREITO PROCESSUAL PENAL para o XXIII EXAME DA OAB Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula 11 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 10 de 71 penal pblica) ou verificado de ofcio pelo Juiz, se for caso de ao penal privada. Vejamos: Art. 77. (...) ¤ 2¼ Se a complexidade ou circunstncias do caso no permitirem a formulao da denncia, o Ministrio Pblico poder requerer ao Juiz o encaminhamento das peas existentes, na forma do pargrafo nico do art. 66 desta Lei. ¤ 3¼ Na ao penal de iniciativa do ofendido poder ser oferecida queixa oral, cabendo ao Juiz verificar se a complexidade e as circunstncias do caso determinam a adoo das providncias previstas no pargrafo nico do art. 66 desta Lei. 1.6. Do Procedimento Sumarssimo propriamente dito um procedimento bastante simples, objetivo, previsto nos arts. 77 a 81 da Lei. A nica discusso relevante quanto ao procedimento sumarssimo se d no que se refere aplicabilidade, ou no, do art. 394, ¤4¡ do CPP. Vejamos: Art. 394 (...) ¤ 4o As disposies dos arts. 395 a 398 deste Cdigo aplicam- se a todos os procedimentos penais de primeiro grau, ainda que no regulados neste Cdigo. (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008). Esses arts. 395 a 397 (o art. 398 est revogado) tratam do recebimento ou rejeio da inicial acusatria e, ainda, da absolvio sumria do acusado. A Doutrina e Jurisprudncia so pacficas no que se refere aplicao dos arts. 395, 396-A e 397 do CPP ao rito sumarssimo, havendo impasse, apenas, com relao aplicabilidade, ou no, do art. 396 do CPP. Vejamos: Art. 396. Nos procedimentos ordinrio e sumrio, oferecida a denncia ou queixa, o juiz, se no a rejeitar liminarmente, receb-la- e ordenar a citao do acusado para responder acusao, por escrito, no prazo de 10 (dez) dias. (Redação dada pela Lei nº 11.719, de 2008). Vejam, portanto, que o CPP determina que o acusado ser citado para responder acusao APîS O RECEBIMENTO DA DENòNCIA. Agora, vejamos o que diz o art. 81 da Lei 9.099/95: Art. 81. Aberta a audincia, ser dada a palavra ao defensor para responder acusao, aps o que o Juiz receber, ou no, a denncia ou queixa; havendo recebimento, sero ouvidas a vtima e as testemunhas de acusao e defesa, interrogando-se a seguir o acusado, se presente, passando-se imediatamente aos debates orais e prolao da sentena. Vejam, assim, que no procedimento previsto na Lei 9.099/95, a resposta acusao ANTERIOR ao recebimento da denncia ou queixa. Como conciliar? DIREITO PROCESSUAL PENAL para o XXIII EXAME DA OAB Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula 11 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 11 de 71 Prevalece o entendimento de que NÌO SE APLICA AO PROCEDIMENTO SUMARêSSIMO O ART. 396, pois a redao do art. 396 clara ao dizer que Ònos procedimentos ordinrio e sumrio...Ó, de forma que se entende que no a inteno da lei aplic-lo ao rito da Lei 9.099/95. Oferecida a denncia ou queixa, dispensa-se exame de corpo de delito, caso os vestgios estejam documentados por boletim mdico ou prova equivalente (art. 77, ¤1¡ da Lei). Devem ser arroladas as testemunhas, cujo nmero a Lei no diz. Aplica-se, por analogia, o art. 532 do CPP (nmero de testemunhas no rito sumrio), considerando-se que o nmero mximo de testemunhas, aqui, seja de CINCO. Aps esse momento, proceder-se- citao do acusado. Se ele estiver presente audincia preliminar, e sendo oferecida a inicial acusatria na audincia preliminar, considerar-se- citado, sendo cientificado da data da audincia de instruo e julgamento, nos termos do art. 78 da Lei: Art. 78. Oferecida a denncia ou queixa, ser reduzida a termo, entregando- se cpia ao acusado, que com ela ficar citado e imediatamente cientificado da designao de dia e hora para a audincia de instruo e julgamento, da qual tambm tomaro cincia o Ministrio Pblico, o ofendido, o responsvel civil e seus advogados. ¤ 1¼ Se o acusado no estiver presente, ser citado na forma dos arts. 66 e 68 desta Lei e cientificado da data da audincia de instruo e julgamento, devendo a ela trazer suas testemunhas ou apresentar requerimento para intimao, no mnimo cinco dias antes de sua realizao. ¤ 2¼ No estando presentes o ofendido e o responsvel civil, sero intimados nos termos do art. 67 desta Lei para comparecerem audincia de instruo e julgamento. ¤ 3¼ As testemunhas arroladas sero intimadas na forma prevista no art. 67 desta Lei. Caso o acusado no esteja presente, ser citado pessoalmente e, caso isso no seja possvel, as peas sero remetidas ao Juzo comum para que l o processo seja julgado, nos termos do art. 78, ¤1¡ da Lei. Na audincia de instruo e julgamento o Juiz: ü Facultar defesa responder acusao Ð Est previsto no art. 81 da Lei. O teor da resposta seguir o que prev o art. 396-A do CPP. ü O Juiz rejeita ou recebe a inicial acusatria Ð Aqui, ou o Juiz verifica estarem presentes todos os requisitos e recebe a inicial, ou verifica que h alguma das hipteses do art. 395 e REJEITA LIMINARMENTE A INICIAL ACUSATîRIA. ü Recebendo a inicial, o Juiz pode absolver sumariamente o ru Ð Aqui o Juiz verificar se est presente alguma situao do art. 397 do CPP, hiptese na qual dever ABSOLVER DIREITO PROCESSUAL PENAL para o XXIII EXAME DA OAB Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula 11 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 12 de 71 SUMARIAMENTE O ACUSADO. No sendo o caso, prosseguir com a audincia de instruo e julgamento. ü Ouvir a vtima, as testemunhas de acusao e defesa e, por ltimo, proceder ao interrogatrio do acusado (NESTA ORDEM); ü Aps isso, passa-se fase dos debates orais Ð No h previso de substituio dos debates orais por alegaes finais escritas, mas muito comum acontecer isto na prtica. ü Aps os debates orais, o Juiz profere sentena Ð A sentena no rito sumarssimo DISPENSA RELATîRIO, at pelo princpio da INFORMALIDADE. Vejamos o ¤3¡ do art. 81 da Lei: ¤ 3¼ A sentena, dispensado o relatrio, mencionar os elementos de convicodo Juiz. Da sentena final ou da deciso de rejeio da inicial acusatria caber APELAÌO, nos termos do art. 82 do CPP: Art. 82. Da deciso de rejeio da denncia ou queixa e da sentena caber apelao, que poder ser julgada por turma composta de trs Juzes em exerccio no primeiro grau de jurisdio, reunidos na sede do Juizado. ¤ 1¼ A apelao ser interposta no prazo de dez dias, contados da cincia da sentena pelo Ministrio Pblico, pelo ru e seu defensor, por petio escrita, da qual constaro as razes e o pedido do recorrente. ¤ 2¼ O recorrido ser intimado para oferecer resposta escrita no prazo de dez dias. O prazo para a interposio da apelao ser de 10 dias. So cabveis, ainda, EMBARGOS DE DECLARAÌO, caso haja omisso, obscuridade ou contradio na sentena ou acrdo, nos termos do art. 83 da Lei: Art. 83. Cabem embargos de declarao quando, em sentena ou acrdo, houver obscuridade, contradio ou omisso. (Redao dada pela Lei n¼ 13.105, de 2015) (Vigncia) Esses embargos INTERROMPEM o prazo para interposio da APELAÌO, e podem ser opostos por escrito ou oralmente, no prazo de CINCO DIAS: ¤ 1¼ Os embargos de declarao sero opostos por escrito ou oralmente, no prazo de cinco dias, contados da cincia da deciso. ¤ 2o Os embargos de declarao interrompem o prazo para a interposio de recurso. (Redao dada pela Lei n¼ 13.105, de 2015) (Vigncia) Por fim, a Jurisprudncia tem admitido a interposio de RECURSO EXTRAORDINçRIO DA DECISÌO DAS TURMAS RECURSAIS (rgo colegiado que julga os recursos das decises de primeiro grau), mas no se admite a interposio de RECURSO ESPECIAL, nos termos do art. DIREITO PROCESSUAL PENAL para o XXIII EXAME DA OAB Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula 11 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 13 de 71 102, III c/c art. 105, III da CRFB/88) e smulas 640 do STF2 e 203 do STJ. 1.7. Suspenso condicional do processo 1.7.1. Conceito e cabimento Embora sejam consideradas IMPO os crimes aos quais a Lei comine pena mxima no superior a dois anos (alm das contravenes penais), somente podem ser beneficiadas com a SUSPENSÌO CONDICIONAL DO PROCESSO aquelas infraes cuja pena mnima no seja superior a 01 ano. Vejamos o art. 89 da Lei 9.0999/95: Art. 89. Nos crimes em que a pena mnima cominada for igual ou inferior a um ano, abrangidas ou no por esta Lei, o Ministrio Pblico, ao oferecer a denncia, poder propor a suspenso do processo, por dois a quatro anos, desde que o acusado no esteja sendo processado ou no tenha sido condenado por outro crime, presentes os demais requisitos que autorizariam a suspenso condicional da pena (art. 77 do Cdigo Penal). Da se conclui que NEM TODA INFRAÌO DE MENOR POTENCIAL OFENSIVO poder ensejar a suspenso condicional do processo, mas somente aquelas cuja pena mnima no seja superior a um ano. Mas e se h previso de alguma causa de aumento de pena? Ela considerada para o clculo da pena mnima? Sim. Neste caso a pena mnima ser a pena-base mnima acrescida do aumento mnimo. EXEMPLO: Jos denunciado por um crime X, cuja pena prevista de 06 meses a 02 anos de deteno. Contudo, Jos praticou o delito em uma determinada circunstncia, que implica aumento de pena que varia de 1/3 a 2/3. Assim, a pena mnima (para fins de concesso do benefcio) ser a soma da pena-base mnima (06 meses) com o acrscimo mnimo (1/3). Logo, a pena mnima ser de 08 meses, inferior a um ano. Portanto, ser cabvel a suspenso condicional do processo. Este entendimento serviu de fundamento para o enunciado de smula n¼ 723 do STF: Smula 723 do STF ÒNo se admite a suspenso condicional do processo por crime continuado, se a soma da pena mnima da infrao mais grave com o aumento mnimo de um sexto for superior a um ano.Ó 2 Smula 640 do STF: " cabvel recurso extraordinrio contra deciso proferida por juiz de primeiro grau nas causas de alada, ou por turma recursal de juizado especial cvel ou criminal." DIREITO PROCESSUAL PENAL para o XXIII EXAME DA OAB Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula 11 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 14 de 71 E se o autor do fato no aceitar a proposta de suspenso condicional do processo? O processo seguir normalmente. Aceita a proposta de suspenso do processo pelo acusado e por seu defensor, na presena do Juiz, ser submetida a apreciao deste (Juiz) que, suspendendo o processo, submeter o acusado a perodo de prova, sob determinadas condies previstas na lei e OUTRAS que reputar pertinentes: ¤ 1¼ Aceita a proposta pelo acusado e seu defensor, na presena do Juiz, este, recebendo a denncia, poder suspender o processo, submetendo o acusado a perodo de prova, sob as seguintes condies: I - reparao do dano, salvo impossibilidade de faz-lo; II - proibio de freqentar determinados lugares; III - proibio de ausentar-se da comarca onde reside, sem autorizao do Juiz; IV - comparecimento pessoal e obrigatrio a juzo, mensalmente, para informar e justificar suas atividades. ¤ 2¼ O Juiz poder especificar outras condies a que fica subordinada a suspenso, desde que adequadas ao fato e situao pessoal do acusado. CUIDADO! A jurisprudncia entende que uma vez oferecida a proposta e aceita pelo acusado e seu defensor, o Juiz no tem margem para atuao, ele DEVE suspender o processo. H jurisprudncia entendendo, ainda, que se o Juiz discordar da proposta oferecida pelo MP dever aplicar o art. 28 do CPP, ou seja, remeter os autos ao chefe do MP para que decida a questo em definitivo. CUIDADO II! H divergncia na Doutrina e na Jurisprudncia quanto possibilidade de o Juiz fixar, como Òoutras condiesÓ, alguma das medidas cautelares do CPP. H quem entenda que possvel e h quem entenda que no possvel, pois estas possuem o especfico carter cautelar. Mas o titular da ao penal est obrigado a oferecer a proposta de suspenso condicional do processo? Sempre se entendeu que no se tratava de direito subjetivo do ru. Contudo, h decises mais recentes do STJ3 que levam a crer ter se alterado o entendimento daquela Corte. Resumidamente, embora o STJ tenha certo ÒreceioÓ em usar a expresso Òdireito subjetivoÓ, este Tribunal entende que: 3 RHC 55.792/SP, Rel. Ministro FELIX FISCHER, QUINTA TURMA, julgado em 07/05/2015, DJe 15/05/2015 DIREITO PROCESSUAL PENAL para o XXIII EXAME DA OAB Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula 11 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 15 de 71 ¥ A deciso do MP em no ofertar a proposta de suspenso deve ser fundamentada na ausncia dos requisitos previstos na Lei para sua concesso. ¥ O Juiz pode (e deve) avaliar a conduta do MP ao no ofertar a proposta, para verificar se ela est devidamente fundamentada. Podemos entender, que se o ru preenche devidamente todos os requisitos para a obteno do benefcio, este deveria (em tese) ser oferecido pelo MP. Mas e se no for? Trs correntes existem: ¥ O Juiz pode conceder de ofcio ¥ O Juiz pode conceder, a pedido do ru ¥ O Juiz dever remeter o caso apreciao do PGJ, em analogia ao art. 28 do CPP Prevalece no STJ o entendimento de que, em sendo cumpridos os requisitos e no havendo proposta do MP, o Juiz deve aplicar, por analogia, o art. 28 do CPP, ou seja, remeter os autos ao PGJ, para que este decida pelo oferecimento, ou no, da proposta.4 O STF mais explcito em seu entendimento solidificado, no sentidode que NÌO se trata de direito subjetivo do acusado.5 1.7.2. Revogao do benefcio A suspenso condicional do processo, uma vez estabelecida, poder ser REVOGADA: ü Obrigatoriamente Ð Quando o acusado for processado por outro crime ou no reparar o dano, de maneira injustificada. Nos termos do art. 89, ¤3¡ da Lei: ¤ 3¼ A suspenso ser revogada se, no curso do prazo, o beneficirio vier a ser processado por outro crime ou no efetuar, sem motivo justificado, a reparao do dano. ü Facultativamente Ð Aqui o Juiz pode ou no revog-la. Ocorrer caso o acusado for processado por contraveno ou descumprir qualquer outra condio imposta. Nos termos do ¤4¡ do art. 89 da Lei: 4 Ver, neste sentido: RHC 55792 / SP. Em sentido CONTRÁRIO (pela concessão ex officio) ver: HC 131108 / RJ 5 RHC 115997, Relator(a): Min. CçRMEN LòCIA, Segunda Turma, julgado em 12/11/2013, PROCESSO ELETRïNICO DJe-228 DIVULG 19-11-2013 PUBLIC 20-11- 2013 DIREITO PROCESSUAL PENAL para o XXIII EXAME DA OAB Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula 11 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 17 de 71 pena mxima no superior a 2 (dois) anos, cumulada ou no com multa. (Redação dada pela Lei nº 11.313, de 2006) Este artigo diz que infraes de menor potencial ofensivo (IMPO) um gnero do qual existem duas espcies: ¥ Contravenes penais ¥ Crimes aos quais a lei comine pena mxima NÌO SUPERIOR A DOIS ANOS. Estas duas, portanto, so as espcies de infrao de menor potencial ofensivo. No entanto, no bojo dos Juizados Federais Criminais, no h julgamento de CONTRAVENÍES PENAIS, pois a Justia Federal NÌO POSSUI COMPETæNCIA para o processo e julgamento de contravenes penais. O conceito do que seria infrao de menor potencial ofensivo consta, como vimos, no art. 61 da Lei 9.099/95, com a redao dada pela Lei 11.313/06. Este, como vrios outros artigos da Lei 9.099/95, aplicam-se aos Juizados Federais Criminais, pois a Lei 10.259/01 no estabelece um rito sumarssimo prprio para os Juizados Criminais Federais, limitando-se a prever que deva ser aplicada a Lei 9.099/95. Vejamos o art. 1¡ da Lei 10.259/01: Art. 1o So institudos os Juizados Especiais Cveis e Criminais da Justia Federal, aos quais se aplica, no que no conflitar com esta Lei, o disposto na Lei no 9.099, de 26 de setembro de 1995. Como no h rito processual penal prprio na Lei 10.259/01, o procedimento em ambos os Juizados o mesmo, ou seja, o previsto na Lei 9.099/95, j estudado. (FGV - 2016 - OAB - XIX EXAME DE ORDEM) Em 16/02/2016, Gisele praticou um crime de leso corporal culposa simples no trânsito, vitimando Maria Clara. Gisele, ento, procura seu advogado para saber se faz jus transaço penal, esclarecendo que j foi condenada definitivamente por uma vez a pena restritiva de direitos pela prtica de furto e que j se beneficiou do instituto da transaço h 7 anos. Dever o advogado esclarecer sobre o benefcio que A) no cabe oferecimento de proposta de transaço penal porque Gisele j possui condenac ̧o anterior com trânsito em julgado. B) no cabe oferecimento de proposta de transaço penal porque Gisele j foi beneficiada pela transaço em momento anterior. DIREITO PROCESSUAL PENAL para o XXIII EXAME DA OAB Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula 11 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 18 de 71 C) poder ser oferecida proposta de transaço penal porque s quem j se beneficiou da transac ̧o penal nos 3 anos anteriores no poder receber novamente o benefcio. D) a condenac ̧o pela prtica de furto e a transaço penal obtida h 7 anos no impedem o oferecimento de proposta de transaço penal. COMENTçRIOS: Nesta questo, o que precisamos saber, basicamente, se os fatos indicados por Gisele (Ter sido condenada definitivamente por uma vez a pena restritiva de direitos pela prtica de furto e j ter se beneficiado do instituto da transao penal h 7 anos) impedem a realizao da transao penal. A resposta negativa. Nos termos do art. 76, ¤2¼ da Lei 9.099/95: Art. 76 (...) ¤ 2¼ No se admitir a proposta se ficar comprovado: I - ter sido o autor da infrao condenado, pela prtica de crime, pena privativa de liberdade, por sentena definitiva; II - ter sido o agente beneficiado anteriormente, no prazo de cinco anos, pela aplicao de pena restritiva ou multa, nos termos deste artigo; III - no indicarem os antecedentes, a conduta social e a personalidade do agente, bem como os motivos e as circunstncias, ser necessria e suficiente a adoo da medida. Conforme se verifica, a condenao anterior pena restritiva de direitos no impede a concesso do benefcio. Da mesma forma, o agente s no poder celebrar a transao penal se foi beneficiado por este instituto nos ltimos cinco anos, no sendo este o caso de Gisele. Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA A LETRA D. (FGV - 2013 - OAB - EXAME DE ORDEM UNIFICADO - XII - PRIMEIRA FASE) Segundo a Lei dos Juizados Especiais, assinale a alternativa que apresenta o procedimento correto. a) Aberta a audincia, ser dada a palavra ao defensor para responder acusao, aps o que o Juiz receber, ou no, a denncia ou queixa; havendo recebimento, sero ouvidas a vtima e as testemunhas de acusao e defesa, interrogando-se a seguir o acusado, se presente, passando- se imediatamente aos debates orais e prolao da sentena. b) Da deciso de rejeio da denncia ou queixa caber recurso em sentido estrito, que dever ser interposto no prazo de cinco dias. c) Os embargos de declarao so cabveis quando, em sentena ou acrdo, houver obscuridade, contradio, omisso ou dvida, que devero ser opostos em dois dias. d) Se a complexidade do caso no permitir a formulao da denncia oral em audincia, o Ministrio Pblico poder requerer DIREITO PROCESSUAL PENAL para o XXIII EXAME DA OAB Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula 11 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 19 de 71 ao juiz dilao do prazo para apresentar denncia escrita nas prximas 72 horas. COMENTçRIOS: A) CORRETA: Esta a exata previso contida no art. 81 da Lei dos Juizados Especiais: Art. 81. Aberta a audincia, ser dada a palavra ao defensor para responder acusao, aps o que o Juiz receber, ou no, a denncia ou queixa; havendo recebimento, sero ouvidas a vtima e as testemunhas de acusao e defesa, interrogando-se a seguir o acusado, se presente, passando-se imediatamente aos debates orais e prolao da sentena. B) ERRADA: Caber apelao, nos termos do art. 82 e seu ¤1¼ da Lei 9.099/95. C) ERRADA: O prazo para a interposio no ser de dois dias, mas de cinco dias, nos termos do ¤1¼ do art. 83 da Lei 9.099/95. D) ERRADA: Neste caso, a causa criminal no poder ser julgada pelo Juizado, de maneira que o MP dever requerer ao Juzo que remeta as peas do processo ao Juzo comum, nos termos do art. 77, ¤2¼ da Lei. Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA A LETRA A. (FGV Ð 2012 Ð OAB Ð EXAME DE ORDEM) Com relao Lei n. 9.099/95, assinale a afirmativa incorreta. a) A transao penal consiste na aplicao imediata de pena restritiva de direitos ou multas quele a quem se imputa uma infrao de menor potencial ofensivo. b) No poder ser oferecida a suspenso condicional do processo ao acusado que tiver sido condenado anteriormente por contraveno penal. c) Em caso de delito persequvel por ao penal pblica condicionada representao, havendo a representao do ofendido, o Ministrio Pblicoest legitimado para oferecer transao penal, mesmo que o ofendido se oponha e deseje a continuao do processo. d) Se, no curso da suspenso condicional do processo, o acusado vier a ser processado por contraveno penal, o benefcio poder ser revogado pelo juiz. COMENTçRIOS: A) CORRETA: Esta a definio, em sntese, da transao penal, nos termos do art. 76 da Lei 9.099/95. B) ERRADA: A condenao anterior por contraveno penal no impede o benefcio da suspenso condicional do processo, nos termos do art. 89 da Lei 9.099/95. DIREITO PROCESSUAL PENAL para o XXIII EXAME DA OAB Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula 11 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 20 de 71 C) CORRETA: Item correto, pois o MP no est obrigado a ajuizar a denncia caso haja representao. O oferecimento da representao, pelo ofendido, confere ao MP o poder de ajuizar a ao penal. D) CORRETA: Item correto, pois a prtica de contraveno penal durante o perodo da suspenso condicional do processo causa de revogao facultativa, nos termos do art. 89, ¤4¼ da Lei. Portanto, a ALTERNATIVA INCORRETA A LETRA B. (FGV Ð 2012 Ð OAB Ð EXAME DE ORDEM) Ë luz da lei que dispe sobre os Juizados Especiais Criminais (Lei 9.099/95), assinale a alternativa correta. a) A competncia do juizado ser determinada pelo lugar em que se consumar a infrao penal. b) A citao ser pessoal e se far no prprio juizado, sempre que possvel, ou por edital. c) O instituto da transao penal pode ser concedido pelo juiz sem a anuncia do Ministrio Pblico. d) Tratando-se de crime de ao penal pblica incondicionada, no sendo caso de arquivamento, o Ministrio Pblico poder propor a aplicao imediata de pena restritiva de direitos ou multas, a ser especificada na proposta. COMENTçRIOS: A) ERRADA: A competncia ser determinada pelo local em que for PRATICADA a infrao penal (teoria da atividade), nos termos do art. 63 da Lei. B) ERRADA: A citao ser sempre pessoal e se far, sempre que possvel, no prprio Juizado, ou por mandado. No cabe citao por edital, nos termos do art. 18, ¤2¼ e art. 66 da Lei. C) ERRADA: O Juiz no pode conceder o benefcio da transao penal de ofcio. Caso o membro do MP no oferea a proposta e o Juiz discorde, dever aplicar, por analogia, o art. 28 do CPP, remetendo os autos ao PGJ para que decida sobre a proposta de transao penal. D) CORRETA: Item correto, nos termos do art. 76 da Lei, que cuida da transao penal. Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA A LETRA A. 1.9. RESUMO JUIZADOS ESPECIAIS CRIMINAIS Competncia Ð Processo e julgamento das infraes de menor potencial ofensivo. DIREITO PROCESSUAL PENAL para o XXIII EXAME DA OAB Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula 11 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 26 de 71 Juizados especiais criminais federais Procedimento - Mesmas regras dos Juizados Especiais Criminais. EXCEÌO: Nos Juizados Federais Criminais, no h julgamento de CONTRAVENÍES PENAIS, pois a Justia Federal NÌO POSSUI COMPETæNCIA para o processo e julgamento de contravenes penais. _________ Bons estudos! Prof. Renan Araujo 1. LEI DE CRIMES HEDIONDOS A lei 8.072/90 veio ao nosso ordenamento jurdico para regulamentar o que se pode denominar de CRIMES HEDIONDOS, que so aqueles crimes que causam repulsa maior na sociedade, ou seja, so os crimes mais graves em um determinado ordenamento jurdico-penal. A previso de que devesse haver uma Lei que disciplinasse quais crimes seriam considerados hediondos consta na prpria Constituio Federal de 1988. Vejamos o art. 5¡, XLIII da CRFB/88: XLIII - a lei considerar crimes inafianveis e insuscetveis de graa ou anistia a prtica da tortura, o trfico ilcito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os definidos como crimes hediondos, por eles respondendo os mandantes, os executores e os que, podendo evit-los, se omitirem; Vejamos os principais aspectos PROCESSUAIS: 1.1. Fiana e liberdade provisria Os crimes hediondos e equiparados so insuscetveis de FIANA, nos termos do art. 2¡, II da Lei: Art. 2¼ Os crimes hediondos, a prtica da tortura, o trfico ilcito de entorpecentes e drogas afins e o terrorismo so insuscetveis de: (...) II - fiana. (Redao dada pela Lei n¼ 11.464, de 2007) Vejam, portanto, que a lei veda to-somente a fiana, mas no veda a concesso de liberdade provisria. Entretanto, na redao original, previa-se que tanto a liberdade provisria quanto a fiana eram proibidas. No entanto, a Lei 11.464/07 alterou a redao original da Lei 8.072/90, RETIRANDO A VEDAÌO DE CONCESSÌO DA LIBERDADE PROVISîRIA, e dando fim a um impasse jurisprudencial acerca da matria, pois parcela da Jurisprudncia entendia que a impossibilidade, por lei, de concesso da liberdade provisria, violava o direito do DIREITO PROCESSUAL PENAL para o XXIII EXAME DA OAB Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula 11 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 27 de 71 Magistrado de, no caso concreto, avaliar se a pessoa deveria ou no receber a liberdade provisria. 1.2. Progresso de regime Segundo a redao original da Lei 8.072/90, os apenados por crimes hediondos e equiparados deveriam cumprir a pena em regime INTEGRALMENTE FECHADO, sendo vedada qualquer progresso de regime. O STF, no entanto, passou a entender que isso seria inconstitucional, por VIOLAR O PRINCêPIO DA INDIVIDUALIZAÌO DA PENA na fase de execuo. Como o STF passou a entender inconstitucional a vedao de progresso de regime, o Congresso editou a Lei 11.464/07, que, dentre outras coisas, estabeleceu um REGRAMENTO DIFERENCIADO DE PROGRESSÌO DE REGIME DE CUMPRIMENTO DE PENA, estabelecendo que o regime no ser mais integralmente fechado, mas INICIALMENTE FECHADO. Vejamos o art. 2¡, ¤¤1¡ e 2¡ da Lei 8.072/90: ¤ 1o A pena por crime previsto neste artigo ser cumprida inicialmente em regime fechado. (Redao dada pela Lei n¼ 11.464, de 2007) ¤ 2o A progresso de regime, no caso dos condenados aos crimes previstos neste artigo, dar-se- aps o cumprimento de 2/5 (dois quintos) da pena, se o apenado for primrio, e de 3/5 (trs quintos), se reincidente. (Redao dada pela Lei n¼ 11.464, de 2007) Assim, os apenados por crimes hediondos e assemelhados no progridem de regime a cada 1/6 de pena cumprida, como os demais presos, mas a cada 2/5 de pena cumprida (se primrios) ou 3/5 de pena cumprida (se reincidentes). Contudo, posteriormente, o STF declarou a inconstitucionalidade da obrigatoriedade de regime INICIAL fechado para os condenados por crimes hediondos, de forma que, atualmente, embora os critrios para a progresso sejam diversos, o regime inicial deve ser fixado na forma do art. 33 do CP. O STJ seguiu a mesma linha.6 6 1. Diante da declarao de inconstitucionalidade pelo Plenrio do Supremo Tribunal Federal do artigo 2¼, ¤ 1¼, da Lei 8.072/1990, com a redao que lhe foi conferida pela Lei 11.464/2007, que estabelecia o modo inicial fechado para o resgate da reprimenda firmada em relao aos delitos hediondos cometidos aps a sua entrada em vigor, o regime prisional para esses tipos de crimes deve agora ser fixado de acordo com o previsto no artigo 33 do Cdigo Penal. DIREITO PROCESSUAL PENAL para o XXIII EXAME DA OAB Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula 11 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 28 de 71 Alm disso, o STF entende,ainda, que se o crime foi praticado ANTES da entrada em vigor da Lei 11.464/07, no se aplicam ao condenado as regras do art. 2¼, ¤2¼ da Lei 8.072/90 (Progresso com 2/5 ou 3/5 de cumprimento da pena, se primrio ou reincidente, respectivamente), devendo a progresso ser regida pelas regras aplicveis aos crimes em geral. Ou seja, se o delito foi praticado antes da entrada em vigor da Lei 11.464/07, o condenado poder progredir de regime aps cumprido 1/6 da pena aplicada. O quadro abaixo ajudar na compreenso: Por fim, cabe ao Juzo da Execuo Penal avaliar o cumprimento dos requisitos para a progresso de regime, em cada caso, DEVENDO observar a inconstitucionalidade declarada pelo STF, bem como PODENDO realizar exame criminolgico. Isto consta na SòMULA VINCULANTE n¼ 26 do STF: ÒPara efeito de progresso de regime no cumprimento de pena por crime hediondo, ou equiparado, o juzo da execuo observar a inconstitucionalidade do art. 2¼ da Lei n. 8.072, de 25 de julho de 1990, sem prejuzo de avaliar se o condenado preenche, ou no, os requisitos objetivos e subjetivos do benefcio, podendo determinar, para tal fim, de modo fundamentado, a realizao de exame criminolgico.Ó 1.3. Sursis (Suspenso condicional da pena) (...) (HC 283.821/SC, Rel. Ministro JORGE MUSSI, QUINTA TURMA, julgado em 25/02/2014, DJe 10/03/2014) DIREITO PROCESSUAL PENAL para o XXIII EXAME DA OAB Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula 11 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 29 de 71 O STF sempre se posicionou pela inaplicabilidade do sursis aos crimes hediondos, em razo da gravidade abstratamente considerada destes delitos. No entanto, com o advento da Lei 11.464/07 e a possibilidade de progresso de regime, o posicionamento vem se alterando7, embora o STJ mantenha o entendimento pela vedao.8 1.4. Outras disposies relevantes O art. 2¡, ¤3¡ da Lei 8.072/90 determina que o Juiz, na sentena, decidir de maneira fundamentada se o ru poder apelar em Liberdade. Vejamos: ¤ 3o Em caso de sentena condenatria, o juiz decidir fundamentadamente se o ru poder apelar em liberdade. (Redao dada pela Lei n¼ 11.464, de 2007) A Doutrina e a jurisprudncia majoritrias vm entendendo que o Juiz deve analisar se esto presentes os requisitos que autorizam a decretao da priso preventiva. Caso contrrio, no ser possvel determinar seu recolhimento priso para apelar, pois toda e qualquer priso antes da condenao considerada cautelar, de forma que devem estar presentes os requisitos da cautelaridade. Estabelece o ¤4¡ do art. 2¡ um prazo diferenciado para PRISÌO TEMPORçRIA quando decretada no bojo de investigao policial acerca de crime hediondo. Nessas hipteses, o prazo ser de 30 dias, prorrogveis por mais 30 dias, num total de 60 DIAS DE PRISÌO. Vejamos: ¤ 4o A priso temporria, sobre a qual dispe a Lei no 7.960, de 21 de dezembro de 1989, nos crimes previstos neste artigo, ter o prazo de 30 (trinta) dias, prorrogvel por igual perodo em caso de extrema e comprovada necessidade. (Includo pela Lei n¼ 11.464, de 2007) Essa disposio diversa da aplicada aos crimes em geral, em que a priso temporria s pode ser decretada por cinco dias, prorrogveis por mais cinco. 7 HC 86698 8 (Ver, por todos: REsp 1264745/RJ, Rel. Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, Rel. p/ Acrdo Ministro ROGERIO SCHIETTI CRUZ, SEXTA TURMA, julgado em 25/03/2014, DJe 02/06/2014) DIREITO PROCESSUAL PENAL para o XXIII EXAME DA OAB Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula 11 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 30 de 71 Segundo o art. 3¡, os apenados por crimes hediondos e assemelhados, quando considerados de alta periculosidade, devem cumprir pena em ESTABELECIMENTOS DE SEGURANA MçXIMA: Art. 3¼ A Unio manter estabelecimentos penais, de segurana mxima, destinados ao cumprimento de penas impostas a condenados de alta periculosidade, cuja permanncia em presdios estaduais ponha em risco a ordem ou incolumidade pblica. Por fim, a concesso de LIVRAMENTO CONDICIONAL PERMITIDA, mas, alm dos requisitos previstos para os demais crimes, exige-se, ainda: ¥ Que o ru tenha cumprido mais de 2/3 da pena; ¥ No seja reincidente especfico (no seja reincidente em crime HEDIONDO). Vejamos a redao do art. 83, V do CP, conferida pela Lei 8.072/90: Art. 83 - O juiz poder conceder livramento condicional ao condenado a pena privativa de liberdade igual ou superior a 2 (dois) anos, desde que: (Redao dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984) (...) V - cumprido mais de dois teros da pena, nos casos de condenao por crime hediondo, prtica da tortura, trfico ilcito de entorpecentes e drogas afins, e terrorismo, se o apenado no for reincidente especfico em crimes dessa natureza. (Includo pela Lei n¼ 8.072, de 25.7.1990) CUIDADO! No se admite o livramento condicional para os reincidentes especficos em crimes hediondos, por fora do art. 83, V do CP. Contudo, houve, e ainda h, certa discusso doutrinria a respeito da suposta ÒrevogaoÓ dessa proibio, em razo da alterao legislativa que permitiu a progresso de regime para crimes hediondos. Sustentou- se que, portanto, no havia mais sentido em manter-se a proibio ao livramento condicional. O STJ, contudo, rechaou a tese e entende que o art. 83, V, que veda o livramento condicional para reincidentes especficos em crimes hediondos, continua vigorando: (...) I- O Cdigo Penal no admite a concesso do livramento condicional ao reincidente especfico em crimes hediondos ou equiparados (art.83, V, do CP), sendo a vedao particularmente reiterada na legislao especial de txicos, que dispe (art. 44 da Lei n.11.343/06) no ser possvel sua concesso ao reincidente especfico em trfico de entorpecentes. II- A proibio legal no foi revogada pela Lei n. 11.464/2007, que apenas modificou as hipteses de concesso da progresso de regime e o prazo de priso temporria, no que se refere aos crimes hediondos. III- Agravo improvido. DIREITO PROCESSUAL PENAL para o XXIII EXAME DA OAB Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula 11 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 31 de 71 (AgRg no RHC 38.542/DF, Rel. Ministra REGINA HELENA COSTA, QUINTA TURMA, julgado em 10/12/2013, DJe 13/12/2013) Assim, resumidamente: CRIMES HEDIONDOS: ¥ Cabe livramento condicional, aps 2/3 de cumprimento da pena. ¥ No cabe para reincidentes especficos em crimes hediondos 2. LEI DE DROGAS A Lei de Drogas prev um procedimento criminal especfico para os crimes ali elencados. Vejamos o art. 54 da Lei: Art. 54. Recebidos em juzo os autos do inqurito policial, de Comisso Parlamentar de Inqurito ou peas de informao, dar-se- vista ao Ministrio Pblico para, no prazo de 10 (dez) dias, adotar uma das seguintes providncias: I - requerer o arquivamento; II - requisitar as diligncias que entender necessrias; III - oferecer denncia, arrolar at 5 (cinco) testemunhas e requerer as demais provas que entender pertinentes. Percebam, de plano, que o art. 54 prev um prazo de 10 dias para que o MP adote a providncia cabvel, sem fazer distino entre ru solto e ru preso. Percebam, ainda, que o nmero de testemunhas de apenas 05, diferentemente, portanto, do rito ordinrio (l so 08). Em sendo oferecida a denncia, o Juizdever proceder NOTIFICAÌO do acusado, para oferecer DEFESA PRVIA, no prazo de 10 dias. Vejam que no se trata de citao, mas NOTIFICAÌO, e tambm no se trata de RESPOSTA Ë ACUSAÌO, mas DEFESA PRVIA. Ou seja, h diferenas em relao ao procedimento pelo rito ordinrio. Tal defesa prvia ofertada entre o oferecimento e o recebimento da denncia. Contudo, temos um problema: O art. 394, ¤4¼ do CPP dispe o seguinte: Art. 394. O procedimento ser comum ou especial. (Redao dada pela Lei n¼ 11.719, de 2008). (...) DIREITO PROCESSUAL PENAL para o XXIII EXAME DA OAB Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula 11 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 32 de 71 ¤ 4o As disposies dos arts. 395 a 398 deste Cdigo aplicam-se a todos os procedimentos penais de primeiro grau, ainda que no regulados neste Cdigo. (Includo pela Lei n¼ 11.719, de 2008). O que isso significa? Significa que o art. 396, que trata da RESPOSTA Ë ACUSAÌO, deve ser aplicado a todo e qualquer procedimento de primeira instncia (inclusive o da Lei de Drogas). Vejamos o art. 396: Art. 396. Nos procedimentos ordinrio e sumrio, oferecida a denncia ou queixa, o juiz, se no a rejeitar liminarmente, receb-la- e ordenar a citao do acusado para responder acusao, por escrito, no prazo de 10 (dez) dias. (Redao dada pela Lei n¼ 11.719, de 2008). Assim, em resumo, o que temos? Doutrinariamente se chegou concluso de que o rito da Lei de Drogas especfico, devendo se sobrepor regra do CPP9. Ou seja, o acusado ser: ⇒ Notificado para apresentar defesa prvia (ou defesa preliminar) em 10 dias ⇒ Aps, ser citado para comparecer AIJ (Audincia de Instruo e Julgamento) Voltando defesa prvia, o Juiz, aps sua apresentao pelo acusado, dever decidir em 05 dias, podendo determinar a apresentao do preso, realizao de diligncias, exames e percias, caso entenda necessrio (art. 55, ¤5¼ da Lei de Drogas). Recebendo a denncia, o Juiz determinar a citao do acusado e agendar dia e hora para a audincia de instruo e julgamento (oportunizando a apresentao de resposta acusao, conforme entendimento doutrinrio). CUIDADO! Se estivermos diante dos crimes de TRçFICO (e sua forma equiparada), petrechos para o trfico (art. 34), associao, financiamento ou colaborao com o trfico (art. 35 a 37), o Juiz poder determinar o AFASTAMENTO CAUTELAR do denunciado de suas atividades, caso seja funcionrio pblico, devendo comunicar o rgo em que o funcionrio estiver lotado. A audincia tem prazo para ser realizada? Pela Lei, sim. Ser realizada em at 30 dias, contados do recebimento da denncia. Poder, entretanto, ser realizada em at 90 dias se for determinada a realizao de avaliao para atestar dependncia de drogas. 9 No se trata de entendimento pacfico, havendo quem sustente a aplicabilidade de ambos os dispositivos, ou seja, o ru teria dois momentos para apresentar sua defesa. DIREITO PROCESSUAL PENAL para o XXIII EXAME DA OAB Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula 11 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 33 de 71 Na audincia de instruo e julgamento, temos a seguinte sequncia de atos: 01. Interrogatrio do ru 02. Inquirio das testemunhas (acusao e depois defesa) 03. Debates orais (primeiro o MP, depois a defesa) Mas o interrogatrio do ru no o ltimo ato da instruo? Esta a regra prevista no CPP. Contudo, tal regra est prevista apenas no art. 400 do CPP, de forma que no se aplica aos procedimentos especiais, que possuem rito prprio. Mas isso no seria violao ao direito ampla defesa e ao contraditrio? At seria, mas os Tribunais Superiores entendem que no h qualquer ilegalidade, nisso, devendo ser aplicado o procedimento previsto na Lei de Drogas.10 Finalizados os debates orais o Juiz: 01. Proferir sentena imediatamente; ou 02. Determinar a concluso dos autos e proferir sentena em 10 dias. Por fim, o art. 59 prev o seguinte: Art. 59. Nos crimes previstos nos arts. 33, caput e ¤ 1o, e 34 a 37 desta Lei, o ru no poder apelar sem recolher-se priso, salvo se for primrio e de bons antecedentes, assim reconhecido na sentena condenatria. Contudo, a jurisprudncia j se firmou no sentido de que este dispositivo no pode ser aplicado, em razo do princpio da ampla defesa, eis que o recolhimento priso no pode ser considerado pressuposto de admissibilidade de recurso.11 0 (...) I - A ordem dos atos processuais, para a apurao de crimes relacionados ao trfico de drogas, observa o regramento especfico estabelecido no art. 57 da Lei n. 11.343/2006 e no o estatuto geral do Cdigo de Processo Penal. legtimo o interrogatrio do Ru antes da ouvida das testemunhas de acusao. Precedentes das Turmas que compe a 3» Seo desta Corte. II - Agravo Regimental improvido. (AgRg no RHC 40.647/MG, Rel. Ministra REGINA HELENA COSTA, QUINTA TURMA, julgado em 11/03/2014, DJe 18/03/2014) 11 (HC 100.728/SP, Rel. Ministra MARILZA MAYNARD (DESEMBARGADORA CONVOCADA DO TJ/SE), SEXTA TURMA, julgado em 21/11/2013, DJe 10/12/2013) DIREITO PROCESSUAL PENAL para o XXIII EXAME DA OAB Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula 11 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 34 de 71 (FGV Ð 2014 Ð OAB Ð XV EXAME DE ORDEM) Matheus foi denunciado pela prtica dos crimes de trfico de drogas (Art. 33, caput, da Lei n¼ 11.343/2006) e associao para o trfico (Art. 35, caput da Lei n¼ 11.343/2006), em concurso material. Quando da realizao da audincia de instruo e julgamento, o advogado de defesa pleiteou que o ru fosse interrogado aps a oitiva das testemunhas de acusao e de defesa, como determina o Cdigo de Processo Penal (Art. 400 do CPP, com redao dada pela Lei n¼ 11.719/2008), o que seria mais benfico defesa. O juiz singular indeferiu a inverso do interrogatrio, sob a alegao de que a norma aplicvel espcie seria a Lei n¼ 11.343/2006, a qual prev, em seu Art. 57, que o ru dever ser ouvido no incio da instruo. Nesse caso, a) o juiz no agiu corretamente, pois o interrogatrio do acusado, de acordo com o Cdigo de Processo Penal, o ltimo ato a ser realizado b) o juiz agiu corretamente, eis que o interrogatrio, em razo do princpio da especialidade, deve ser o primeiro ato da instruo nas aes penais instauradas para a persecuo dos crimes previstos na Lei de Drogas. c) o juiz no agiu corretamente, pois cabvel a inverso do interrogatrio, devendo ser automaticamente reconhecida a nulidade em razo da adoo de procedimento incorreto d) o juiz agiu corretamente, j que, independentemente do procedimento adotado, no h uma ordem a ser seguida em relao ao momento da realizao do interrogatrio do acusado. COMENTçRIOS: Neste caso o juiz agiu corretamente, pois o interrogatrio, nas aes penais instauradas para a persecuo dos crimes previstos na Lei de Drogas, deve ser o primeiro ato da instruo, em razo do princpio da especialidade, nos termos do art. 57 da Lei de Drogas. Isso, inclusive, no ofende o princpio da ampla defesa e do contraditrio, segundo entendimento do STJ e do STF. Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA A LETRA B. 3. ABUSO DE AUTORIDADE 3.1. Competncia A competncia para o processo e julgamento destes crimes dos Juizados Especiais Criminais, eis que a pena mxima cominada de apenas seis meses, ou seja, tratam-se de infraes de menor potencial ofensivo, de competncia dos JECRims,pois estes possuem competncia DIREITO PROCESSUAL PENAL para o XXIII EXAME DA OAB Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula 11 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 35 de 71 para processar e julgar as infraes cuja pena mxima cominada seja de at dois anos de privao da liberdade. Vejamos o que dispe o art. 61 da Lei 9.099/95: Art. 61. Consideram-se infraes penais de menor potencial ofensivo, para os efeitos desta Lei, as contravenes penais e os crimes a que a lei comine pena mxima no superior a 2 (dois) anos, cumulada ou no com multa. (Redao dada pela Lei n¼ 11.313, de 2006) Mas e se houver conexo entre um crime de abuso de autoridade e um crime de competncia do Jri? Nesse caso, pela vis atractia (fora atrativa) da competncia do Tribunal do Jri, ambos sero julgados pelo Tribunal do Jri, mas ao crime de abuso de autoridade sero aplicados os institutos despenalizadores previstos na Lei do Juizados. Vejamos o disposto no art. 60, ¤ nico da Lei 9.099/95: Pargrafo nico. Na reunio de processos, perante o juzo comum ou o tribunal do jri, decorrentes da aplicao das regras de conexo e continncia, observar-se-o os institutos da transao penal e da composio dos danos civis. (Includo pela Lei n¼ 11.313, de 2006) 3.2. Ao penal Os arts. 12 e 13 tratam da ao penal nos crimes de abuso de autoridade: Art. 12. A ao penal ser iniciada, independentemente de inqurito policial ou justificao por denncia do Ministrio Pblico, instruda com a representao da vtima do abuso. Art. 13. Apresentada ao Ministrio Pblico a representao da vtima, aquele, no prazo de quarenta e oito horas, denunciar o ru, desde que o fato narrado constitua abuso de autoridade, e requerer ao Juiz a sua citao, e, bem assim, a designao de audincia de instruo e julgamento. ¤ 1¼ A denncia do Ministrio Pblico ser apresentada em duas vias. Percebam que o art. 12 fala em Òinstruda com a representao da vtima...Ó. Mais uma vez, reitero a vocs, essa representao DESNECESSçRIA. Se ela existir (se a vtima foi l e representou), deve a denncia ser instruda com cpia desta representao. Caso o MP tenha tomado conhecimento do fato por outros meios, no tendo havido representao da vtima, A DENòNCIA PODE SER OFERECIDA SEM ELA, no h bice algum! Como disse a vocs anteriormente, temos aqui um crime de AÌO PENAL PòBLICA INCONDICIONADA, de forma que o MP no depende de representao da vtima para ajuizar a ao penal, pois esta representao no tem natureza jurdica de condio de procedibilidade DIREITO PROCESSUAL PENAL para o XXIII EXAME DA OAB Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula 11 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 36 de 71 da ao penal, mas apenas um meio de se levar o fato ao conhecimento da autoridade competente. Com relao ao delito previsto no art. 3¡, i, (atentado incolumidade fsica do indivduo), a Doutrina entende que a ao penal pblica CONDICONADA Ë REPRESENTAÌO DO OFENDIDO, pois o art. 88 da Lei 9.099/95 estabeleceu que nos crimes de leses corporais, a ao penal seria pblica condicionada representao. Vejamos: Art. 88. Alm das hipteses do Cdigo Penal e da legislao especial, depender de representao a ao penal relativa aos crimes de leses corporais leves e leses culposas. Isso no pacfico, pois, como disse a vocs, uma coisa o delito de abuso de autoridade (que pode ou no causar leses corporais), outra coisa o delito de leses corporais propriamente dito (art. 129 do CP). Caso o MP no promova a ao penal no prazo previsto na Lei, a Lei 4.898/65 prev a possibilidade de ajuizamento da AÌO PENAL PRIVADA SUBSIDIçRIA DA PòBLICA. Vejamos: Art. 16. Se o rgo do Ministrio Pblico no oferecer a denncia no prazo fixado nesta lei, ser admitida ao privada. O rgo do Ministrio Pblico poder, porm, aditar a queixa, repudi-la e oferecer denncia substitutiva e intervir em todos os termos do processo, interpor recursos e, a todo tempo, no caso de negligncia do querelante, retomar a ao como parte principal. Mas o que isso? Nada mais que uma ao penal promovida pelo prprio ofendido quando o MP no a ajuza no prazo legal. Ou seja, a Lei concede ao ofendido o direito de ajuizar a ao penal privada caso o MP no ajuze a ao penal pblica no prazo correto. Mas isso somente ser possvel se, transcorrido o prazo previsto na Lei, o MP tiver ficado INERTE. Se o membro do MP tiver requerido o arquivamento da representao (ou do Inqurito Policial, caso instaurado, embora dispensvel), ou requisitado a realizao de novas diligncias, NÌO Hç POSSIBILIDADE DE MANEJO DA AÌO PENAL PRIVADA SUBSIDIçRIA DA PòBLICA, pois, nesse caso, no ter havido inrcia do MP, mas simplesmente manifestao no sentido de que no h elementos para o ajuizamento da ao penal. Nos termos do art. 15 da Lei: Art. 15. Se o rgo do Ministrio Pblico, ao invs de apresentar a denncia requerer o arquivamento da representao, o Juiz, no caso de considerar improcedentes as razes invocadas, far remessa da representao ao Procurador-Geral e este oferecer a denncia, ou designar outro rgo do Ministrio Pblico para oferec-la ou insistir no arquivamento, ao qual s ento dever o Juiz atender. DIREITO PROCESSUAL PENAL para o XXIII EXAME DA OAB Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula 11 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 37 de 71 Vejam que o MP requer ao Juiz o arquivamento. Caso o Juiz no concorde, dever remeter os autos ao PGJ (Chefe do MP), que decidir a questo em definitivo. Essas duas regrinhas (ao penal subsidiria e remessa ao PGJ) j estavam previstas no CPP, motivo pelo qual tambm so absolutamente desnecessrias nesta Lei. 3.3. Procedimento propriamente dito Embora a competncia para o julgamento destes crimes seja dos JECRims, o rito a ser seguido o previsto nesta Lei 4.898/65, e, subsidiariamente, o rito do CPP. Recebendo a ao penal, o Juiz a despachar em at 48 horas, designando data para a audincia, mandando citar o ru, por mandado sucinto. Nos termos do art. 17: Art. 17. Recebidos os autos, o Juiz, dentro do prazo de quarenta e oito horas, proferir despacho, recebendo ou rejeitando a denncia. ¤ 1¼ No despacho em que receber a denncia, o Juiz designar, desde logo, dia e hora para a audincia de instruo e julgamento, que dever ser realizada, improrrogavelmente. dentro de cinco dias. ¤ 2¼ A citao do ru para se ver processar, at julgamento final e para comparecer audincia de instruo e julgamento, ser feita por mandado sucinto que, ser acompanhado da segunda via da representao e da denncia. As testemunhas podero ser apresentadas independentemente de terem sido intimadas, no sendo deferidos pedidos de intimao ou precatria (carta precatria) para a audincia. Tambm no sero deferidas diligncias, salvo a hiptese de prova pericial, prevista no art. 14, b da Lei: Art. 18. As testemunhas de acusao e defesa podero ser apresentada em juzo, independentemente de intimao. Pargrafo nico. No sero deferidos pedidos de precatria para a audincia ou a intimao de testemunhas ou, salvo o caso previsto no artigo 14, letra "b", requerimentos para a realizao de diligncias, percias ou exames, a no ser que o Juiz, em despacho motivado, considere indispensveis tais providncias. A verdade que esta Lei bastante antiga e retrgrada e, embora preze pela CELERIDADE, deixa muito a desejar no quesito AMPLA DEFESA, de forma que se admite o requerimento de diligncias, intimao por cartaprecatria, etc. Isso o que ocorre na prtica, mas vocs devem saber o que consta na literalidade da lei. Com relao audincia de instruo e julgamento: DIREITO PROCESSUAL PENAL para o XXIII EXAME DA OAB Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula 11 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 38 de 71 Art. 19. A hora marcada, o Juiz mandar que o porteiro dos auditrios ou o oficial de justia declare aberta a audincia, apregoando em seguida o ru, as testemunhas, o perito, o representante do Ministrio Pblico ou o advogado que tenha subscrito a queixa e o advogado ou defensor do ru. Pargrafo nico. A audincia somente deixar de realizar-se se ausente o Juiz. Art. 20. Se at meia hora depois da hora marcada o Juiz no houver comparecido, os presentes podero retirar-se, devendo o ocorrido constar do livro de termos de audincia. Art. 21. A audincia de instruo e julgamento ser pblica, se contrariamente no dispuser o Juiz, e realizar-se- em dia til, entre dez (10) e dezoito (18) horas, na sede do Juzo ou, excepcionalmente, no local que o Juiz designar. Art. 22. Aberta a audincia o Juiz far a qualificao e o interrogatrio do ru, se estiver presente. Pargrafo nico. No comparecendo o ru nem seu advogado, o Juiz nomear imediatamente defensor para funcionar na audincia e nos ulteriores termos do processo. Art. 23. Depois de ouvidas as testemunhas e o perito, o Juiz dar a palavra sucessivamente, ao Ministrio Pblico ou ao advogado que houver subscrito a queixa e ao advogado ou defensor do ru, pelo prazo de quinze minutos para cada um, prorrogvel por mais dez (10), a critrio do Juiz. Art. 24. Encerrado o debate, o Juiz proferir imediatamente a sentena. Art. 25. Do ocorrido na audincia o escrivo lavrar no livro prprio, ditado pelo Juiz, termo que conter, em resumo, os depoimentos e as alegaes da acusao e da defesa, os requerimentos e, por extenso, os despachos e a sentena. Art. 26. Subscrevero o termo o Juiz, o representante do Ministrio Pblico ou o advogado que houver subscrito a queixa, o advogado ou defensor do ru e o escrivo. Fiquem atentos a uma coisa: a meno do art. 21 Ò(...) audincia ser pblica, se contrariamente no dispuser o Juiz (...)Ó completamente inconstitucional, no tendo sido recepcionada pela Constituio de 1988, que prev, em seu art. 93, IX, a necessidade de publicidade dos atos processuais, s podendo ser restringida esta publicidade nos casos ali previstos. Vejamos: Art. 93 (...) IX todos os julgamentos dos rgos do Poder Judicirio sero pblicos, e fundamentadas todas as decises, sob pena de nulidade, podendo a lei limitar a presena, em determinados atos, s prprias partes e a seus advogados, ou somente a estes, em casos nos quais a preservao do direito intimidade do interessado no sigilo no prejudique o interesse pblico informao; (Redao dada pela Emenda Constitucional n¼ 45, de 2004) A audincia ser realizada ainda que no tenha comparecido o autor ou o ru e, neste ltimo caso, no comparecendo nem o ru nem seu defensor, dever ser nomeado defensor dativo, ou, caso haja Defensoria Pblica, ser dada vista dos autos Defensoria para que atue no caso. CUIDADO! Embora a Lei diga que a audincia somente no ser realizada se estiver ausente o Juiz, numa interpretao sistemtica, no DIREITO PROCESSUAL PENAL para o XXIII EXAME DA OAB Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula 11 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 39 de 71 poder ser realizada a audincia, tambm, sem a presena do defensor do ru, pois isso seria violao ao contraditrio e ampla defesa. O Juiz poder aumentar os prazos previstos na Lei, at o dobro, nas comarcas onde o transporte seja dificultoso (art. 27). Aplicam-se, subsidiariamente a este procedimento, as regras previstas no CPP (art. 28), no que for compatvel. Os recursos previstos para cada ato judicial praticado neste processo sero os previstos no CPP (art. 28, ¤ nico). 4. CîDIGO DE TRåNSITO BRASILEIRO A Lei 9.503/97 estabeleceu o Novo Cdigo de Trnsito Brasileiro, e trouxe, alm da previso de infraes administrativas, crimes praticados no trnsito. A estes crimes aplica-se, primeiramente, o CTB, e, subsidiariamente, o CP, o CPP e a Lei 9.099/95 (Lei dos Juizados Especiais), naquilo que no conflitar com o CTB. O art. 291, em seu ¤1¼, determina, ainda que ao crime de leses corporais culposas praticadas no trnsito, aplicam-se os institutos da TRANSAÌO PENAL, COMPOSIÌO CIVIL DOS DANOS e NECESSIDADE DE REPRESENTAÌO PARA O AJUIZAMENTO DA AÌO PENAL, exceto se o agente estiver numa destas condies: ¥ Sob influncia de lcool ou outra substncia entorpecente ¥ Participando de ÒrachaÓ ¥ Dirigindo a mais de 50km/h acima da velocidade mxima permitida para a via. Nestes trs ltimos casos, no podero ser aplicados os institutos acima descritos. Vejamos o que diz o art. 291, ¤1¼: Art. 291. (...) ¤ 1o Aplica-se aos crimes de trnsito de leso corporal culposa o disposto nos arts. 74, 76 e 88 da Lei no 9.099, de 26 de setembro de 1995, exceto se o agente estiver: (Renumerado do pargrafo nico pela Lei n¼ 11.705, de 2008) I - sob a influncia de lcool ou qualquer outra substncia psicoativa que determine dependncia; (Includo pela Lei n¼ 11.705, de 2008) II - participando, em via pblica, de corrida, disputa ou competio automobilstica, de exibio ou demonstrao de percia em manobra de veculo automotor, no autorizada pela autoridade competente; (Includo pela Lei n¼ 11.705, de 2008) DIREITO PROCESSUAL PENAL para o XXIII EXAME DA OAB Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula 11 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 40 de 71 III - transitando em velocidade superior mxima permitida para a via em 50 km/h (cinqenta quilmetros por hora). (Includo pela Lei n¼ 11.705, de 2008) O CTB permite, ainda, que o Juiz aplique penalidade de suspenso ou proibio de se obter permisso ou habilitao para dirigir veculo, como penalidade principal ou acessria, isolada ou cumulada com outras penalidades. ESSA PENALIDADE PODERç TER DURAÌO DE DOIS MESES A CINCO ANOS E ESTE PRAZO NÌO COMEA A SER CONTADO ENQUANTO O CONDENADO ESTç RECOLHIDO A ESTABELECIMENTO PRISIONAL! O Juiz pode, ainda, durante o processo, de ofcio ou a requerimento do MP ou da autoridade policial, decretar a suspenso do direito de dirigir ou a proibio de se obter a permisso ou habilitao, desde que isso seja necessrio para a garantia da ordem pblica. Em face desta deciso cabe RECURSO EM SENTIDO ESTRITO, sem efeito suspensivo. Vejamos: Art. 294. Em qualquer fase da investigao ou da ao penal, havendo necessidade para a garantia da ordem pblica, poder o juiz, como medida cautelar, de ofcio, ou a requerimento do Ministrio Pblico ou ainda mediante representao da autoridade policial, decretar, em deciso motivada, a suspenso da permisso ou da habilitao para dirigir veculo automotor, ou a proibio de sua obteno. Pargrafo nico. Da deciso que decretar a suspenso ou a medida cautelar, ou da que indeferir o requerimento do Ministrio Pblico, caber recurso em sentido estrito, sem efeito suspensivo. O art. 298 traz um rol de circunstncias que so consideradas agravantes nos crimes contidos no trnsito. Vejamos: Art. 298. So circunstncias que sempre agravam as penalidades dos crimes de trnsito ter o condutor do veculo cometido a infrao: I - com dano potencial para duas ou mais pessoas ou com grande risco de grave dano patrimonial a terceiros; II - utilizando o veculo sem placas,
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