Buscar

MEDIDA DE SEGURANCA

Prévia do material em texto

MINISTÉRIO PÚBLICO DE PERNAMBUCO
PROMOTORIA DE JUSTIÇA CRIMINAL DA CAPITAL
GABINETE PROMOTOR DE JUSTIÇA ATUANTE JUNTO ÀS VARAS DAS EXECUÇÕES PENAIS
Seminário Justiça e Doença Mental. Painel: 
Medida de Segurança
Seminário Justiça e Doença Mental. Painel Medida de Segurança. Brasília/DF.
1. Introdução 3
2. Ocorrências 3
3. No nosso ordenamento jurídico atual 4
4. Distinção entre pena e medida de segurança 4
5. Princípio da legalidade – reserva legal - 5
6. Requisitos para a medida de segurança 5
6.1. Prática de fato típico punível 5
5
6.3. Periculosidade do agente 6
6.4. Ausência de imputabilidade plena 6
7. Espécies de medidas de segurança. Duas espécies no Código Penal 6
7.1. Internação em hospital de custódia e tratamento psiquiátrico 6
7.2. Sujeição a tratamento ambulatorial 7
8. Estabelecimentos 8
8.1. Hospital de Custódia e Tratamento Psiquiátrico 8
8.2. Estabelecimento adequado 8
8.3. Local com dependência médica adequada 8
8.4. HCTP em Pernambuco (Fotos) 9
15
10. Prazo de duração da medida de segurança 16
11. Execução, suspensão e extinção da medida de segurança 17
12. Substituição da pena por medida de segurança 18
12.1. Susbstituição de pena por medida de segurança 18
12.2. Superveniência de doença mental do condenado 18
12.3. Conversão de tratamento ambulatorial em internação 19
19
6.2. Constatada a existência de excludentes de criminalidade ou de 
culpabilidade e a ausência de prova, temos ai o impedimento à aplicação 
de medida de segurança.
9.      Prescrição e extinção da punibilidade
13.          Cessação de periculosidade
MINISTÉRIO PÚBLICO DE PERNAMBUCO
PROMOTORIA DE JUSTIÇA CRIMINAL DA CAPITAL
GABINETE PROMOTOR DE JUSTIÇA ATUANTE JUNTO ÀS VARAS DAS EXECUÇÕES PENAIS
1. Introdução
A Reforma Penal de 1984. Entendendo que o sistema duplo 
binário era inservível, nos trouxe o sistema vicariante, objetivando 
eliminar definitivamente a aplicação dupla de pena e medida de 
segurança aos imputáveis e semi-imputáveis.
A aplicação conjunta de pena e medida de segurança afronta o 
princípio ne bis in idem.
Fundamento da pena – exclusivamente a culpabilidade.
Fundamento da medida de segurança – periculosidade aliada a 
incapacidade penal do agente.
2. Ocorrências
Antes da importante reforma penal, ocorriam situações absurdas – 
violência – uma delas era uma pena determinada – outra indeterminada 
chamada medida de segurança.
Sentenciado cumpria pena e continuava no mesmo lugar 
cumprindo a medida de segurança nas mesmas condições em que havia 
cumprido a pena.
3. No nosso ordenamento jurídico atual
O imputável que praticar uma conduta punível sujeitar-se-á 
somente à pena correspondente; o inimputável, à medida de segurança, 
e o semi-imputável, o chamado “fronteiriço”, sofrerá pena ou medida de 
Seminário Justiça e Doença Mental. Painel Medida de Segurança. Brasília/DF.
MINISTÉRIO PÚBLICO DE PERNAMBUCO
PROMOTORIA DE JUSTIÇA CRIMINAL DA CAPITAL
GABINETE PROMOTOR DE JUSTIÇA ATUANTE JUNTO ÀS VARAS DAS EXECUÇÕES PENAIS
segurança, isto é, ou uma ou outra, nunca as duas, como ocorria no 
sistema duplo binário. As circunstâncias pessoais do infrator semi-
imputável é que dirão qual a resposta penal necessária: se a sua 
situação demonstrar a necessidade de maior tratamento, cumprirá 
medida de segurança; porém se esse estado não se manifestar no caso 
concreto, cumprirá a pena do delito praticado, com a redução do artigo 
26, parágrafo único. Cabe avisar que sempre será aplicada a pena 
correspondente à infração penal cometida e, somente se o infrator 
necessitar de “especial tratamento curativo”, como diz a lei, será aquela 
convertida em medida de segurança. Em outros termos, se o juiz 
constatar a presença de periculosidade (periculosidade real), submeterá 
o semi-imputável à medida de segurança.
4. Distinção entre pena e medida de segurança
4.1. As penas têm caráter retributivo-preventivo; as medidas de 
segurança têm natureza eminentemente preventiva.
4.2. As penas são determinadas; as medidas de segurança são por 
tempo indeterminado; Só findam quando cessar a periculosidade do 
agente.
4.3. As penas são aplicáveis aos imputáveis e semi-imputáveis; as 
medidas de segurança são aplicáveis aos inimputáveis e, 
excepcionalmente, aos semi-imputáveis, quando necessitarem de 
especial tratamento curativo.
5. Princípio da legalidade – reserva legal -
Seminário Justiça e Doença Mental. Painel Medida de Segurança. Brasília/DF.
MINISTÉRIO PÚBLICO DE PERNAMBUCO
PROMOTORIA DE JUSTIÇA CRIMINAL DA CAPITAL
GABINETE PROMOTOR DE JUSTIÇA ATUANTE JUNTO ÀS VARAS DAS EXECUÇÕES PENAIS
A medida de segurança se submete ao princípio da legalidade –
art. 5º, XXXIX, CF, referentes ao cumprimento da pena.
Não existe debate quanto à submissão das medidas de segurança 
ao princípio da reserva legal, grifados nos arts. 5º, inc. XXXIX, da 
Constituição Federal e 1º do Código Penal, referente ao crime e à pena. 
Todo cidadão tem o direito de saber antecipadamente a natureza e 
duração das sanções penais – pena e medida de segurança – a que 
estará sujeito se violar a ordem jurídico-penal, ou, em outros termos, 
vige também o princípio da anterioridade legal, nas medidas de 
segurança.
6. Requisitos para a medida de segurança
6.1. Prática de fato típico punível - É essencial que o agente tenha 
praticado um ilícito típico.
6.2. Constatada a existência de excludentes de criminalidade ou 
de culpabilidade e a ausência de prova, temos ai o impedimento à 
aplicação de medida de segurança.
6.3. Periculosidade do agente – É indispensável que oagente que 
praticou o delito seja dotado de periculosidade. Periculosidade pode ser 
entendida como um estado subjetivo mais ou menos duradouro de anti-
sociabilidade. É juízo de probabilidade – tendo por base a conduta anti-
social e a anomalia psíquica do agente – de que este voltará a delinqüir. 
O Código Penal prevê dois tipos de periculosidade: 1) periculosidade 
presumida – quando o sujeito for inimputável, nos termos do art. 26, 
caput-; 2) periculosidade real – também dita judicial ou reconhecida 
Seminário Justiça e Doença Mental. Painel Medida de Segurança. Brasília/DF.
MINISTÉRIO PÚBLICO DE PERNAMBUCO
PROMOTORIA DE JUSTIÇA CRIMINAL DA CAPITAL
GABINETE PROMOTOR DE JUSTIÇA ATUANTE JUNTO ÀS VARAS DAS EXECUÇÕES PENAIS
pelo juiz, quando se tratar de agente semi-imputável (art. 26, parágrafo 
único), e o juiz constatar que necessita de “especial tratamento curativo” 
-. 
6.4. Ausência de imputabilidade plena – O agente imputável não 
pode sofrer medida de segurança, somente pena. E o semi-imputável 
(excepcionalmente) estará sujeito à medida de segurança, caso 
necessite de especial tratamento curativo, caso contrário, também ficará 
sujeito somente à pena: ou pena ou medida de segurança, nunca as 
duas.
7. Espécies de medidas de segurança. Duas espécies no Código Penal.
7.1. Internação em hospital de custódia e tratamento psiquiátrico
Chamada de medida detentiva, que, na falta de hospital de 
custódia e tratamento, pode ser cumprida em outro estabelecimento 
adequado. A nova terminologia trazida pela reforma de 1984 não 
alterou as condições dos deficientes manicômios judiciários, eis nenhum 
Estado brasileiro construiu novos estabelecimentos. É aplicável tanto 
aos inimputáveis quanto aos semi-imputáveis (arts. 97, caput, e 98 do 
CP) que necessitem de especial tratamento curativo.
7.2. Sujeição a tratamento ambulatorial
A medida de segurança detentiva é a regra, mas pode ser 
substituída por tratamento ambulatorial, “se o fato previsto como crime 
for punível com detenção”. Consiste na sujeição a tratamentoambulatorial, através do qual são ofertados cuidados médicos à pessoa 
Seminário Justiça e Doença Mental. Painel Medida de Segurança. Brasília/DF.
MINISTÉRIO PÚBLICO DE PERNAMBUCO
PROMOTORIA DE JUSTIÇA CRIMINAL DA CAPITAL
GABINETE PROMOTOR DE JUSTIÇA ATUANTE JUNTO ÀS VARAS DAS EXECUÇÕES PENAIS
submetida a tratamento sem internação, que poderá tornar-se 
necessária, para fins curativos, nos termos do § 4º do art. 97 do Código 
Penal.
O tratamento ambulatorial é apenas uma possibilidade que as 
circunstâncias pessoais e fáticas apontarão ou não a sua conveniência. A 
punibilidade com pena de detenção, por si só, não é suficiente para 
determinar a conversão da internação em tratamento ambulatorial, 
sendo necessário examinar as condições pessoais do agente para 
constatar a compatibilidade ou incompatibilidade com a medida 
restritiva. Se as condições forem favoráveis, a substituição deve ser 
feita.
Não é a imputabilidade ou semi-imputabilidade que norteará a 
aplicação de uma ou de outra medida de segurança, e sim a natureza da 
pena privativa de liberdade aplicável, que se for de detenção permite a 
aplicação de tratamento ambulatorial, desde que as condições pessoais 
recomendem.
O tratamento ambulatorial não é imutável, pois, em qualquer fase, 
poderá ser determinada a internação, para fins curativos (art. 97, § 4º).
O semi-imputável tem duas alternativas: redução obrigatória da 
pena aplicada (art. 26, parágrafo único) ou substituição da pena 
privativa de liberdade por medida de segurança (internação ou 
tratamento ambulatorial) (art. 98).
A internação deverá ocorrer em hospital de custódia e tratamento 
ou, à sua falta, em outro estabelecimento adequado (art. 96 do CP). Já o 
tratamento ambulatorial deverá ser realizado também em hospital de 
custódia e tratamento, mas, na sua falta, em “outro local com 
dependência médica adequada” (art. 101 da LEP).
Seminário Justiça e Doença Mental. Painel Medida de Segurança. Brasília/DF.
MINISTÉRIO PÚBLICO DE PERNAMBUCO
PROMOTORIA DE JUSTIÇA CRIMINAL DA CAPITAL
GABINETE PROMOTOR DE JUSTIÇA ATUANTE JUNTO ÀS VARAS DAS EXECUÇÕES PENAIS
8. Estabelecimentos
8.1. Hospital de Custódia e Tratamento Psiquiátrico
Eis um problema, apesar da boa intenção do legislador, nenhum 
Estado brasileiro investiu na construção de novos estabelecimentos.
8.2. Estabelecimento adequado
É subjetivo, pois a Lei não expressa quando fala que o internado 
tem direito de ser “recolhido a estabelecimento dotado de 
características hospitalares”, para submeter-se a tratamento (art. 99 do 
CP). Hoje por apresentarem “características hospitalares”, os 
manicômios judiciários são considerados “estabelecimentos adequados”.
8.3. Local com dependência médica adequada
Não há definição do que seja o local com dependência médica 
adequada e não há distinção do estabelecimento adequado, enquanto 
este se destina à internação, aquele se destina ao tratamento 
ambulatorial (art. 101 da LEP). Na prática, uns substituem os outros; é 
tudo a mesma coisa. 
8.4. HCTP em Pernambuco (Fotos)
Seminário Justiça e Doença Mental. Painel Medida de Segurança. Brasília/DF.
MINISTÉRIO PÚBLICO DE PERNAMBUCO
PROMOTORIA DE JUSTIÇA CRIMINAL DA CAPITAL
GABINETE PROMOTOR DE JUSTIÇA ATUANTE JUNTO ÀS VARAS DAS EXECUÇÕES PENAIS
Seminário Justiça e Doença Mental. Painel Medida de Segurança. Brasília/DF.
MINISTÉRIO PÚBLICO DE PERNAMBUCO
PROMOTORIA DE JUSTIÇA CRIMINAL DA CAPITAL
GABINETE PROMOTOR DE JUSTIÇA ATUANTE JUNTO ÀS VARAS DAS EXECUÇÕES PENAIS
Seminário Justiça e Doença Mental. Painel Medida de Segurança. Brasília/DF.
MINISTÉRIO PÚBLICO DE PERNAMBUCO
PROMOTORIA DE JUSTIÇA CRIMINAL DA CAPITAL
GABINETE PROMOTOR DE JUSTIÇA ATUANTE JUNTO ÀS VARAS DAS EXECUÇÕES PENAIS
Seminário Justiça e Doença Mental. Painel Medida de Segurança. Brasília/DF.
MINISTÉRIO PÚBLICO DE PERNAMBUCO
PROMOTORIA DE JUSTIÇA CRIMINAL DA CAPITAL
GABINETE PROMOTOR DE JUSTIÇA ATUANTE JUNTO ÀS VARAS DAS EXECUÇÕES PENAIS
Seminário Justiça e Doença Mental. Painel Medida de Segurança. Brasília/DF.
MINISTÉRIO PÚBLICO DE PERNAMBUCO
PROMOTORIA DE JUSTIÇA CRIMINAL DA CAPITAL
GABINETE PROMOTOR DE JUSTIÇA ATUANTE JUNTO ÀS VARAS DAS EXECUÇÕES PENAIS
Seminário Justiça e Doença Mental. Painel Medida de Segurança. Brasília/DF.
MINISTÉRIO PÚBLICO DE PERNAMBUCO
PROMOTORIA DE JUSTIÇA CRIMINAL DA CAPITAL
GABINETE PROMOTOR DE JUSTIÇA ATUANTE JUNTO ÀS VARAS DAS EXECUÇÕES PENAIS
Seminário Justiça e Doença Mental. Painel Medida de Segurança. Brasília/DF.
MINISTÉRIO PÚBLICO DE PERNAMBUCO
PROMOTORIA DE JUSTIÇA CRIMINAL DA CAPITAL
GABINETE PROMOTOR DE JUSTIÇA ATUANTE JUNTO ÀS VARAS DAS EXECUÇÕES PENAIS
9. Prescrição e extinção da punibilidade
O art. 96, parágrafo único, do CP, ao determinar que, “extinta a 
punibilidade, não se impõe a medida de segurança nem subsiste a que 
tenha sido imposta”, fixa que todas as causas extintivas de punibilidade 
(art. 107) são aplicáveis à medida de segurança, incluindo a prescrição.
Convém registrar que o prazo prescricional das medidas de 
segurança são aqueles dos arts. 109 e 110 do CP, e, para fins de 
contagem do prazo prescricional, deve-se distinguir o inimputável do 
semi-imputável.
O semi-imputável recebe uma condenação, e o juiz fixa a pena 
justa para o caso, necessária e suficiente para a reprovação e prevenção 
Seminário Justiça e Doença Mental. Painel Medida de Segurança. Brasília/DF.
MINISTÉRIO PÚBLICO DE PERNAMBUCO
PROMOTORIA DE JUSTIÇA CRIMINAL DA CAPITAL
GABINETE PROMOTOR DE JUSTIÇA ATUANTE JUNTO ÀS VARAS DAS EXECUÇÕES PENAIS
do crime, individualizando-a (art. 59 do CP). A pena, além de ser uma 
sanção menos grave, estabelece o marco da prescrição in concreto e, o 
limite da intervenção estatal, seja a título de pena, seja a título de 
medida. Substituída a pena por medida de segurança, está durará no 
máximo o tempo de condenação, não indeterminadamente como 
estabelecido injusta e inconstitucionalmente nosso Código Penal. 
Entendo que, jamais o juiz poderá, tratando-se de semi-imputável, 
aplicar direto a medida de segurança, sem antes condenar o agente a 
uma pena determinada.
O inimputável não é condenado, ao contrário, é absolvido e 
recebe a medida de segurança. Assim, não há fixação da duração da 
privação da liberdade, que fica indeterminada. Sou da corrente que 
entende tal situação é uma inconstitucional prisão perpétua e entendo 
que essa medida de segurança não pode ultrapassar o limite máximo 
abstratamente cominado a delito praticado, segundo entendimento de 
Flávio Gomes.
10. Prazo de duração da medida de segurança
As duas espécies de medida de segurança – internação e 
tratamento ambulatorial – têm duração indeterminada, e perduram 
enquanto não for constatada a cessação da periculosidade, através de 
perícia médica. A lei não limita o prazo máximo de duração, e o prazo 
mínimo estabelecido de um a três anos, é apenas um dado para a 
realização do primeiro exame de verificação de cessação de 
periculosidade.
Atualmente existe o entendimento majoritário que a medida de 
segurança não pode ultrapassar o limite máximo de pena 
abstratamente cominada ao delito, sendo esse “o limite da intervenção 
estatal, título de pena, ou título de medida”, na liberdade do indivíduo, 
Seminário Justiça e Doença Mental. Painel Medida de Segurança. Brasília/DF.
MINISTÉRIO PÚBLICO DE PERNAMBUCO
PROMOTORIA DE JUSTIÇA CRIMINAL DA CAPITAL
GABINETE PROMOTOR DE JUSTIÇA ATUANTE JUNTO ÀS VARAS DAS EXECUÇÕES PENAIS
embora não haja previsão no Código Penal, e adequação seja a 
proibição constitucional do uso da prisão perpétua.
11. Execução,suspensão e extinção da medida de segurança
A medida de segurança só pode ser executada depois do trânsito 
em julgado da sentença (art. 171 da LEP). Para início da execução é 
indispensável a expedição de guia de internamento ou de tratamento 
ambulatorial (art. 173) da LEP).
OBS: A reforma penal de 1984 aboliu a medida de segurança provisória 
ao não repetir o disposto do art. 80 do CP de 1940.
A suspensão da medida de segurança está sempre condicionada 
ao transcurso de um ano de liberação ou desinternação, sem a prática 
de “fato indicativo de persistência” de periculosidade (art. 97 § 3º, do 
CP). Somente se esse período transcorrer in albis será definitivamente 
extinta a medida suspensa ou “revogada”, como diz a lei.
Assim, sendo comprovada pericialmente a cessação da 
periculosidade, o juiz da execução determinará a revogação da medida 
de segurança, com a desinternação ou a liberação, em caráter 
provisório, e aplica as condições próprias do livramento condicional 
(art. 172 da LEP). A rigor a revogação não passa da suspensão 
condicional da medida de segurança, pois, se o desinternado ou 
liberado, durante um ano, praticar fato que indique persistência de 
periculosidade, será restabelecida a medida de segurança suspensa. 
Somente se ultrapassar esse período sem referência negativa a medida 
de segurança será definitivamente extinta.
A lei fala em “fato” indicativo da persistência da periculosidade e 
não em crime.
Seminário Justiça e Doença Mental. Painel Medida de Segurança. Brasília/DF.
MINISTÉRIO PÚBLICO DE PERNAMBUCO
PROMOTORIA DE JUSTIÇA CRIMINAL DA CAPITAL
GABINETE PROMOTOR DE JUSTIÇA ATUANTE JUNTO ÀS VARAS DAS EXECUÇÕES PENAIS
12. Substituição da pena por medida de segurança
Em duas situações a pena aplicada pode ser substituída por 
medida de segurança (semi-imputabilidade ou superveniência de 
doença mental), e, em uma, a própria medida de segurança – 
tratamento ambulatorial – pode ser convertida em internação.
12.1. Susbstituição de pena por medida de segurança
Somente será possível quando se tratar de condenado semi-
imputável, que necessitar de especial tratamento curativo, jamais de um 
imputável. A substituição é exceção, que poderá ocorrer se o 
condenado necessitar de especial tratamento curativo (art. 98). Não se 
admite que o juiz afirme desde logo a medida de segurança, sem 
concretizar na sentença a pena aplicável, ainda que a recomendação 
pericial seja pela necessidade do tratamento curativo. Vejamos:
a) O art. 26, parágrafo único, determina que “a pena pode ser 
reduzida...”, e o art. 98 estabelece que, na hipótese do dispositivo 
citado, “a pena privativa de liberdade pode ser substituída”. Logo, a 
pena tem que ser aplicada para poder ser reduzida, ou então, se for o 
caso, substituída. 
b) Somente a pena privativa de liberdade pode ser substituída por 
medida de segurança, pois o art. 98 exclui as demais modalidades de 
penas.
12.2. Superveniência de doença mental do condenado
Seminário Justiça e Doença Mental. Painel Medida de Segurança. Brasília/DF.
MINISTÉRIO PÚBLICO DE PERNAMBUCO
PROMOTORIA DE JUSTIÇA CRIMINAL DA CAPITAL
GABINETE PROMOTOR DE JUSTIÇA ATUANTE JUNTO ÀS VARAS DAS EXECUÇÕES PENAIS
Quando ocorrer superveniência de doença mental, o condenado 
deve se recolhido a hospital de custódia e tratamento psiquiátrico ou, 
em não havendo, a outro estabelecimento adequado. O art. 41 do 
Código Penal determina (com apoio do art. 183 da LEP), que nessa 
hipótese, a substituição da pena por medida de segurança, cujo 
cumprimento passa a reger-se pelas normas de cumprimento de dita 
medida e não mais pelas normas de execução da pena.
Tanto na hipótese anterior, de réu semi-imputável, como nesta, 
de superveniência de doença mental, a medida de segurança não 
poderá ter duração superior ao correspondente à pena substituída. 
Entendo, na hipótese de, ao esgotar-se o prazo inicialmente que fixado 
na condenação, o paciente ainda não se achar recuperado, sem poder 
ser liberado, em razão de seu estado de saúde mental, deverá, 
obrigatoriamente, ser colocado à disposição do juízo cível competente.
12.3. Conversão de tratamento ambulatorial em internação
Não é propriamente uma substituição – de pena por medida -, 
mas sim uma conversão de uma medida em outra.
É possível que um condenado, por crime apenado com detenção, 
receba, em substituição, o tratamento ambulatorial. Porém, na prática, 
pode-se constatar que não se adaptou o semi-imputável ao tratamento 
ambulatorial, necessitando de “especial tratamento curativo”. Deve-se 
converter o tratamento em internação, medida adequada – art. 97, § 4º 
do CP e 184 da LEP -.
13. Cessação de periculosidade
Seminário Justiça e Doença Mental. Painel Medida de Segurança. Brasília/DF.
MINISTÉRIO PÚBLICO DE PERNAMBUCO
PROMOTORIA DE JUSTIÇA CRIMINAL DA CAPITAL
GABINETE PROMOTOR DE JUSTIÇA ATUANTE JUNTO ÀS VARAS DAS EXECUÇÕES PENAIS
A medida de segurança vigora por tempo indeterminado, até 
cessar a periculosidade, constatada através de perícia médica (art. 97, § 
1º, do CP). O prazo mínimo estabelecido de um a três anos, é apenas 
um marco para a realização do primeiro exame pericial.
A determinação legal é de que o exame seja feito no fim do prazo 
mínimo fixado na sentença e, depois de ano em ano. É o exame legal 
obrigatório. O juiz da execução pode determinar de ofício, a repetição 
do exame, a qualquer tempo. Tal determinação oficial, a qualquer 
tempo, só pode ocorrer depois de decorrido o prazo mínimo. Antes de 
esgotado o prazo mínimo, o exame somente poderá ser realizado por 
provocação do Ministério Público ou do interessado (procurador ou 
defensor), jamais de ofício. A provocação e a decisão devem ser 
fundamentadas.
A Lei de Execução Penal garante o direito de contratar médico 
particular, de confiança do paciente ou de familiares, para acompanhar 
o tratamento, e se houver divergências entre o médico oficial e o 
particular, serão resolvidas pelo juiz da execução (art. 43 e parágrafo 
único da LEP). Médico particular participar da realização do exame de 
verificação de cessação da periculosidade, como assistente técnico, tem 
base no princípio da ampla defesa (art. 5º, IV, CF). Entendo que a LEP é 
omissa com relação ao tema.
Marcellus de Albuquerque Ugiette
Promotor de Justiça das Execuções Penais/PE
Especialista em Ciências Jurídicas e Criminais e
Professor de Direito Penal e Processo Penal
Seminário Justiça e Doença Mental. Painel Medida de Segurança. Brasília/DF.

Continue navegando