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Multímetros e Leis de Ohm Carolina Marques, Giulia Murbach, Isabelle Campos, Luiza Rolim e Sheylla Santos Universidade Federal de São Paulo – UNIFESP – campus Diadema Laboratório de Física III – Prof. Rodolfo Valentim – Turma de Química Integral Data de entrega do relatório: 26/04/2016 No âmbito da eletricidade, as tensões (d.d.p.) e a corrente elétrica são relacionadas por uma constante de proporcionalidade R, chamada de resistência. “Resistência: s.f. Qualidade de um corpo que reage contra a ação de outro corpo” (1). Neste experimento foi possível mensurar a resistência interna do multímetro nas funções de voltímetro, amperímetro e ohmímetro e relacioná-la com valores que a mesma deve apresentar para que os aparelhos realizem a sua função de maneira esperada. É necessário que a resistência se comporte de formas diferentes em cada uma das funções do multímetro, e o conhecimento dessa reação é fundamental para uma melhor coleta de dados. Ainda foi possível, identificar alterações da resistência quando o condutor apresentou comprimento e área diferentes, baseada na resistividade. Por ultimo, modificando a voltagem de 1,0 a 5,0V e a área dos condutores calculou-se a corrente elétrica que fluiu neles. Estas análises foram possíveis, pois os condutores foram considerados ôhmicos, que obedecem as Leis de Ohm. I. INTRODUÇÃO A eletricidade possui aplicações práticas em nosso cotidiano, quando consideramos cargas em movimentos, por exemplo, num acender e apagar de lâmpadas, onde estão envolvidas a corrente, a voltagem e a resistência elétrica; e estas estão intrinsecamente ligadas e relacionadas pelas Leis de Ohm. Georg Simon Ohm (1787 – 1854), o primeiro a estudar resistência elétrica sistematicamente (2), em homenagem a ele as leis citadas acima receberam estes nomes. A resistência (R) surgiu no instante em que se pode verificar uma relação entre a tensão e a corrente elétrica (∆V∝I), e notou-se uma razão constante entre elas. Uma corrente elétrica (I) é caracterizada como uma taxa a que a carga elétrica flui através de uma superfície(2), tem-se por cargas elétricas os prótons e os elétrons. Convencionalmente, define-se a direção da corrente elétrica como a direção dos prótons, oposta a dos elétrons(2) (fisicamente a corrente elétrica (I) é gerada pelos elétrons), os chamaremos de portadores de carga móvel. A unidade SI da corrente (I) é o àmpere (A) = 1C/s. A tensão (∆V) é proporcional ao Campo Elétrico (E), assim como a corrente, a partir da primeira constatação de Georg Simon Ohm obteve-se uma relação de igualdade entre elas através da constante de proporcionalidade R, chegando-se na Primeira Lei de Ohm: ∆𝑉=𝑅𝐼 [Equação 1] As unidades SI: ∆V em [V] (volts); I em [A] (àmpere); logo, R em [𝑉𝐴=Ω] (volts/àmpere = ohm); 𝑅 = 𝜌 𝑙 𝐴 [Equação 2] Com ρ em [Ω.m] Para registro de valores das grandezas elétricas utiliza-se o multímetro que exerce três funções, a de amperímetro, a de voltímetro e a de ohmímetro. É importante ressaltar que em cada função o multímetro possui uma conduta, de maneira que possa minimizar os erros de leitura. Além do próprio mecanismo do aparelho para minimização de erros, é possível se utilizar de métodos estatísticos para o mesmo objetivo, colher e obter os melhores dados que o experimento pode oferecer. Alguns deles, que foram utilizados neste relatório, estão citados abaixo: [Equação 3] [Equação 4] [Equação 5 – Fórmula de propagação de incerteza para divisão e multilplicação] [Equação 6 – Fórmula de propagação de erro para soma e subtração.] [Equação 7 – Fórmula de propagação geral de incerteza] II. PARTE EXPERIMENTAL Materiais Conexões de fios com pinos banana 2 multímetros Painel para associações eletrônicas Painel para Leis de Ohm com a seguinte configuração: ⦁ Resistor 1: fio resistivo de diâmetro de 0,322 mm ⦁ Resistor 2: fio resistivo de diâmetro de 0,511 mm ⦁ Resistor 3: fio resistivo de diâmetro de 0,720 mm ⦁ Resistor 4: fio resistivo de diâmetro de 0,511 mm ⦁ Resistor 5: fio resistivo de diâmetro de 0,511 mm Atividade 1: Caracterização de um multímetro: determinação da resistência interna na função de voltímetro, amperímetro e ohmímetro Escolheu-se um multímetro para ser o instrumento de referência e identificou-o com um pedaço de fita adesiva, o outro multímetro foi escolhido para ser caracterizado durante todo o procedimento. Para montar o primeiro circuito da figura 1, usou-se uma fonte alimentadora ajustada para 1,5 VCC, utilizou-se o multímetro a ser caracterizado como voltímetro virando sua chave seletora na escala de 2000 mV, enquanto utilizou-se o multímetro de referência como amperímetro utilizando a escala de 2000µA. Anotou-se os dados indicados nos dois multímetros. Em seguida manteve-se a fonte de alimentação em 1,5 VCC e montou-se o circuito da figura 2. Utilizou-se o multímetro a ser caracterizado como amperímetro usando a escala de 20 mA e utilizou-se o multímetro de referência como voltímetro usando a escala de 200 V. O resistor de 100 Ω utilizado na montagem do circuito estava no painel de associações eletrônicas. Coletou-se os dados indicados pelos multímetros na escala de 20 mA do amperímetro. Manteve-se o mesmo circuito da figura 2, virou-se a chave seletora do amperímetro para a escala de 200 mA e novamente anotou-se os valores indicados pelos multímetros. Ligou-se o multímetro a ser caracterizado como ohmímetro na escala de 200Ω, conectou-se dois fios longos (um preto e um vermelho) nos terminais do multímetro. Para medir a resistência residual colocou- se o sistema em curto-circuito (fechou-se o circuito conectando um fio ao outro). Achou-se um valor de resistência individual igual a 0,6 Ω. Figuras 1 e 2. De cima para baixo, circuito da resistência interna de um voltímetro e circuito da resistência interna de um amperímetro, respectivamente. Atividade 2: Resistência de um condutor em função de seu comprimento Montou-se o circuito da figura 3, conectando-se os fios com pinos banana nos terminais A e B do resistor 1 (utilizou- se os mesmo fios da atividade 1). Ligou-se o multímetro na função de ohmímetro na escala de 200 Ω, anotou-se a distância entre os terminais e a resistência indicada no multímetro. Repetiu-se o procedimento para os terminais A e C, A e D, A e E, sempre coletou-se a distância entre os terminais e o valor de resistência observada no instrumento. Subtraiu-se a resistência residual encontrada no experimento anterior dos valores de resistência medidos nesse experimento. Figura 3. Circuito da resistência de um condutor em função de seu comprimento (atividade 2) e e em função da área de sua secção transversal (atividade 3). Atividade 3: Resistência de um condutor em função da área de secção transversal Manteve-se o mesmo circuito da figura 3 e mediu-se a resistência elétrica entre os pontos A e E para os 4 resistores. Utilizou- se somente os terminais A e E. Atividade 4: Curvas características V x I Montou-se o circuito da figura 4, ajustando- se a fonte de alimentação para 1,0 V (na leitura do multímetro de referência), utilizou-se o multímetro que foi caracterizado na atividade 1 como amperímetro e conectou-se o fio vermelho no terminal 10 ADC do multímetro (corrente medida na ordem de décimos de ampère). Mediu-se a correte observada no multímetro entre os pontos A e E dos 4 resistores. Em seguida desligou-se o circuito com a chave liga-desliga e ajustou- se a fonte de alimentação para 2,0 V (na leitura do multímetro de referência), restabeleceu-seo circuito da figura 4 novamente e mediu-se a corrente indicada no multímetro entre os pontos A e E dos 4 resistores. Repetiu-se esses passos ajustando a fonte de alimentação para as tensões de 3,0 V, 4,0 V e 5,0 V. Neste experimento só utilizou-se os terminais A e E. Figura 4. Circuito da atividade 4. (1) Painel com 5 fios resistivos; (2) Fonte de alimentação de corrente contínua; (3) Multímetro caracterizado; (4) Chave liga- desliga. III.RESULTADOS Na tabela 1 calculou-se a resistência interna do voltímetro através da primeira lei de Ohm partindo da corrente e tensão analisadas em uma escala de 2000mV. A incerteza da resistência foi obtida através da fórmula de propagação de erros para funções de multiplicação (R=U/i) descrita na introdução (Equação 5). As incertezas da tensão e da corrente foram obtidas através da regra da última casa decimal. Tabela 1: Medida de voltagem e corrente na escala de 2000mV com um multímetro operado na função de voltímetro. Na tabela 2, o mesmo procedimento foi feito, porém agora variando as escalas e tomando o amperímetro como principal operante, para determinar a resistência interna do amperímetro: Escala DCV V I(A) R interna(𝛺) 2000mV 1,499 ± 0,001 10 -6 ± 0,000001 1,499.10 6 ± 6,6. 10−7 Escala DCA V I(A) R interna(𝛺) 200mA 1,5± 0,1 0,0277 ± 0,0001 54,2 ± 0,00123 20mA 1,5± 0,1 0,0133 ± 0,0001 112,8 ± 0,000594 Tabela 2: Medida de voltagem na escala de 200V e corrente em duas escalas de um multímetro operado na função de amperímetro. Na tabela 3, a incerteza do comprimento(L) foi medida através da metade da menor divisão da escala, a incerteza da resistência foi a última casa decimal, e para a última coluna da tabela a incerteza foi calculada através da fórmula de propagação de erros para função de soma (Equação 6): Tabela 3: Medida de resistência ( R ) em função do comprimento (L) do condutor, 𝑅𝑜 representa a resistência residual do multímetro e dos fios, no valor de 0,6± 0,1 Ω Na tabela 4, analisamos a resistência através da segunda Lei de Ohm e calculou-se a área da secção transversal pela fórmula A=𝜋𝑅2, achando-se o raio através dos diâmetros fornecidos: Tabela 4: Medida de resistência ( R ) em função da área da secção transversal dos condutores (A). Todos os condutores são cilíndricos, com diâmetro de secão transversal d, e com comprimento de 1m. 𝑅𝑜 representa a resistência residual do multímetro e dos fios, no valor de 0,6± 0,1 Ω Na tabela 5, mostra-se a tensão aplicada em função das correntes observadas em cada resistor, sendo a tensão em 1V na escala de 200mA e as tensões em 2V,3V e 4V na escala de 10A. A incerteza em I ( ) foi estimada através da última casa decimal da corrente, a incerteza em V ( ) foi estimada como 2% do valor fornecido pelo voltímetro. As colunas da direita contêm os parâmetros necessários para o ajuste de uma reta pelo método dos mínimos quadrados, e para a determinação da resistência e respectiva incerteza de cada fio resistivo, sendo “xi” o parâmetro da corrente(I) em certa voltagem e “yi” o parâmetro da tensão(V) aplicada em determinada amperagem: Resistor L(m) R(Ω) R-𝑅𝑜(𝛺) I AB = 0,25 ±0,0005 3,7 ± 0,1 3,1 ± 0,1 AC = 0,5 ±0,0005 7,1± 0,1 6,5 ± 0,1 AD = 0,75 ± 0,0005 10,4± 0,1 9,8 ± 0,1 AE = 1 ±0,0005 13,9± 0,1 13,3 ± 0,1 Resistor (L=1m) d(mm) A ( 𝑚2) R (Ω ) 𝑅 − 𝑅 𝑜 (𝛺) R- 𝑅𝑜(𝛺). A(Ω . 𝑚2) Resistor 1 0,322 0,814 . 10−7 13,9± 0,1 13,3± 0,1 10,826 . 10−7 Resistor 2 0,511 2,051 . 10−7 6,9± 0,1 6,3± 0,1 12,921 . 10−7 Resistor 3 0,72 4,071 . 10−7 6,7± 0,1 6,1± 0,1 24,833 . 10−7 Resistor 4 0,511 2,051 . 10−7 5,5± 0,1 4,9± 0,1 10,045 . 10−7 Tabela 5: Tensão aplicada (V) em função da corrente I observada nos Resistores 1,2,3 e 4. O 𝝈𝒊 𝟐 representa a propagação de incertezas total no resistor, calculado e desenvolvido através da equação 7, a qual levando-se em conta a equação da 1ºlei de Ohm R= 𝑈 𝐼 , sendo y=U e x=I tem- se que: 𝜎𝑖 2 = −𝑈 𝐼2 𝜎𝐼 2 + ( 1 𝐼 )𝜎𝑣 2 [Equação 7] Na tabela 6, os dados da tabela 5 são utilizados para o ajuste de reta do tipo y=ax+b, assim como para a determinação do coeficiente angular (a) e de sua incerteza ( ) Resistor I (A) 𝜎 𝐼 V 𝜎 𝑣 1/𝜎𝑖 2 𝑥𝑖/𝜎𝑖 2 𝑦𝑖/𝜎𝑖 2 𝑦𝑖𝑥𝑖/𝜎𝑖 2 𝑥𝑖 2/𝜎𝑖 2 1 0,0485 0,0001 1 0,02 121,250147 5,88063213 121,250147 5,88063213 0,285210658 0,14 0,01 2 0,04 89,05852417 12,46819338 178,1170483 24,93638677 1,745547074 0,2 0,01 3 0,06 56,49717514 11,29943503 169,4915254 33,89830508 2,259887006 0,24 0,01 4 0,08 38,07106599 9,137055838 152,284264 36,54822335 2,192893401 0,34 0,01 5 0,1 34,58799593 11,75991862 172,9399797 58,79959308 3,99837233 2 0,0835 0,0001 1 0,02 208,7504358 17,43066139 208,7504358 17,43066139 1,455460226 0,27 0,01 2 0,04 174,6442432 47,15394567 349,2884864 94,30789133 12,73156533 0,35 0,01 3 0,06 100,1430615 35,05007153 300,4291845 105,1502146 12,26752504 0,48 0,01 4 0,08 77,31958763 37,11340206 309,2783505 148,4536082 17,81443299 0,62 0,01 5 0,1 63,98348813 39,66976264 319,9174407 198,3488132 24,59525284 3 0,0767 0,0001 1 0,02 191,7503677 14,7072532 191,7503677 14,7072532 1,128046321 0,28 0,01 2 0,04 181,3471503 50,77720207 362,6943005 101,5544041 14,21761658 0,34 0,01 3 0,06 97,19839909 33,04745569 291,5951973 99,14236707 11,23613493 0,51 0,01 4 0,08 82,3111685 41,97869593 329,244674 167,9147837 21,40913493 0,63 0,01 5 0,1 65,04904491 40,9808983 325,2452246 204,9044915 25,81796593 4 0,1071 0,0001 1 0,02 267,7507169 28,67610178 267,7507169 28,67610178 3,071210501 0,24 0,01 2 0,04 154,6391753 37,11340206 309,2783505 74,22680412 8,907216495 0,38 0,01 3 0,06 109,0074584 41,42283419 327,0223752 124,2685026 15,74067699 0,59 0,01 4 0,08 95,71706684 56,47306944 382,8682674 225,8922777 33,31911097 0,79 0,01 5 0,1 82,24882874 64,9765747 411,2441437 324,8828735 51,33149401 Tabela 6: Parâmetros para o ajuste de retas do tipo y=ax+b, cálculos do coeficiente angular e de sua incerteza Na tabela 7, analisa-se através da segunda Lei de Ohm a incerteza da resistência, a qual se trata da incerteza de a (𝜎𝑎), já que a resistência ( R ) é o próprio coeficiente angular da função. A incerteza da resistividade foi calculada pela propagação de erros por multiplicação, tomando L=x e R=y, através da equação : 𝜎𝑟 = 𝐿 𝑅 √ (𝜎𝐿) 𝐿 2 +( 𝜎𝑅 𝑅 )2 [equação 5] Tabela 7: Para cada resistor estão representados os seguintes parâmetros: comprimento (L); área de secção transversal (A); a resistência (R) e sua incerteza. IV. DISCUSSÃO Atividade 1: Caracterização de um multímetro: determinação da resistência interna na função de voltímetro, amperímetro e ohmímetro A partir da análise dos dados contidos nas tabelas 1 e 2 percebe-se que o multímetro Resistor 𝑆𝜎=∑ 1 𝜎𝑖 2 𝑆𝑥=∑ 𝑥𝑖 𝜎𝑖 2 𝑆𝑦=∑ 𝑦𝑖 𝜎𝑖 2 𝑆𝑥𝑦=∑ 𝑥𝑖𝑦𝑖 𝜎𝑖 2 𝑆𝑥2=∑ 𝑥𝑖 2 𝜎𝑖 2 ∆ a 𝜎𝑎 1 339,4649083 50,545235 794,0829644 160,0631404 10,48191047 1003,419995 14,15031523 0,581642413 2 624,8408163 176,4178433 1487,663898 563,691188868,86423642 11905,93026 7,539671752 0,229088363 3 617,6561304 181,4915052 1500,529764 588,2232996 73,80889869 12649,3523 7,192962887 0,220973011 4 709,3632461 228,6619822 1698,163854 777,9465597 112,369709 27424,63943 5,963293866 0,160828821 Resistor L(m) A(𝑚2) R( Ω ) 𝜎𝑟 p( 10 −6 𝛺.m) 𝜎𝑝 1 1 0,814. 10−7 13,9 0,58164 1,13146. 10−6 ±0,03 2 1 2,05. 10−7 6,9 0,229088 1,41519. 10−6 ±0,002 3 1 4,07. 10−7 6,7 0,220973 2,72757. 10−6 ±0,002 4 1 2,05. 10−7 5,5 0,1608288 1,12805. 10−6 ±0,002 apresentou valores consideravelmente maiores de resistência interna quando operado na função de voltímetro. A resistência é definida como um medida de “oposição” ao fluxo de cargas elétricas em determinada superfície, o que portanto acaba dificultando o movimento dessas cargas em um condutor(3) gerando diferenças de potenciais consideráveis, ou seja, a resistência interna de um instrumento influi diretamente em medidas da corrente e voltagem. Essa relação é comprovada também pela equação da Primeira Lei de Ohm (Equação 1)para uma mesma voltagem, o produto entre resistência e corrente deve ser constante (R x I = V = cte.), o que implica na proporcionalidade inversa entre as duas grandezas. Sendo assim, quanto maior a resistência, menor a corrente, e vice-versa, o que é razoável, porque a resistência “atrapalha” o fluxo que gera a corrente. A tensão elétrica, por outro lado, se relaciona de um modo diferente com a resistência: para uma mesma corrente elétrica, a divisão entre tensão e resistência deve ser constante (V/R = I = cte.), o que implica na proporcionalidade direta entre as duas grandes. Ou seja, quanto maior a resistência, maior a voltagem, e vice-versa, o que também é razoável, porque a resistência implica na existência de pontos de um circuito com potenciais diferentes. Observando-se os dados da tabela 2 percebe-se que aumentando a escala de fundo do amperímetro de 20 mA para 200 mA a resistência interna instrumental diminui. Isso é razoável dada a análise feita anteriormente da equação da Segunda Lei de Ohm, que nos indica a proporcionalidade inversa entre corrente e resistência. Do ponto de vista físico o comportamento também é esperado: como já tratado, a resistência “se opõe” à passagem de corrente elétrica, portanto, numa mesma ddp, para que passe uma corrente mais intensa pelo circuito, é necessária uma resistência menor, que não atrapalhe tanto o fluxo de cargas. Atividade 2: Resistência de um condutor em função de seu comprimento A partir das medidas das resistências do condutor em função de seu comprimento, projetou-se o gráfico 1, no qual uma linha de tendência foi traçada. O R2 dessa linha correspondeu a 0,9999, o que indica que a relação entre o comprimento de um condutor e sua resistência é linear, já que quanto mais próximo de 1 for o valor de R, maior a precisão da linha de tendência. Gráfico 1. Distância (L) entre os terminais A e B em função da resistência medida. Esta relação linear corresponde ao esperado, uma vez que de acordo com a Segunda Lei de Ohm (Equação 2), a resistência (R) e seu comprimento (L) são grandezas diretamente proporcionais. A Segunda Lei de Ohm pode ser vista como uma equação linear em que a variável independente é o comprimento (L), a variável dependente é a resistência e o coeficiente angular é a resistividade dividida pela área do condutor (ρ/A). Assim, à medida que o comprimento do fio aumenta, a resistência também aumenta. Fisicamente, esse fenômeno pode ser explicado pelo fato de que quando o comprimento do fio aumenta, o caminho pelo qual os elétrons devem percorrer aumenta, e assim, aumenta a oposição ao movimento dos elétrons, ou seja, a resistência do condutor. Atividade 3: Resistência de um condutor em função da área de secção transversal Analisando os dados da tabela 4 e equação da Segunda Lei de Ohm (Equação 2) é possível notar que os resistores de 1 a 4 não são feitos do mesmo material. Essa observação pode ser feita a partir do rearranjo da equação da Segunda Lei considerando a resistência residual, que fica (R-R0) x A = ρ x L. Como todos os condutores tem o mesmo comprimento L de 1 m, se eles fossem do mesmo material o produto ρ x L seria constante e igual a (R- R0) x A, o que não ocorre, pois os valores de (R-R0) x A na quinta coluna da tabela variam para cada resistor. Atividade 4: Curvas características V x I A partir dos dados registrados na tabela 5, projetou-se um gráfico (gráfico 2) da tensão em função da corrente medida para cada resistor. No gráfico, foi ajustada uma linha de tendência para cada um dos quatro resistores utilizados no experimento. A linha de tendência foi ajustada verificando o maior valor de R2 . Gráfico 2. Gráfico da tensão em função da corrente medida para cada um dos quatro resistores utilizados no experimento. Através das linhas de tendência pode-se observar que os resistores 3 e 4 são ôhmicos, uma vez que o gráfico da tensão em função da corrente fornece como inclinação da curva a resistência do resistor, e quando essa inclinação é uma reta inclinada, então a resistência é constante, o que caracteriza resistores ôhmicos. Além disso, essa reta deve passar pela origem, o que ocorre com ambas as retas se as linhas de tendência forem estendidas até o centro das coordenadas cartesianas. Diferentemente, os resistores 1 e 2 são resistores não ôhmicos, pois a relação entre a tensão e a corrente não é constante, e dessa forma, as linhas de tendência representam qualquer curva que não uma reta. As inclinações calculadas na tabela 6 através do ajuste de reta pelo método dos mínimos quadrados representam a resistência de cada um dos 4 resistores. Fazendo uma analogia da Primeira Lei de Ohm (Equação 1) com y = ax + b, função de primeiro grau que representa uma reta, tem-se: V = y (variável dependente da corrente), a = R (coeficiente angular/inclinação da reta, constante para cada resistor) e I = x (variável independente), além de b = 0, no caso. Analisando-se os valores obtidos para resistência de cada resistor nas atividades 3 e 4, respectivamente experimentalmente e pelo cálculo, pelo método dos mínimos quadrados, do coeficiente angular da reta do gráfico V x i, pode-se dizer que estes são compatíveis. Apesar de em alguns casos a faixa de confiança da resistência experimental (determinada pelo seu desvio padrão, a “barra de erro” gráfica) não atingir a faixa de confiança da resistência calculada, ou vice-versa, os valores estão consideravelmente próximos, e essa falha pode estar associada à erros experimentais, instrumentais e/ou teóricos. Os resistores 1 a 4 provavelmente são feitos de nicromo, que tem resistividade 1,10 x 10-6 (4). O desvio padrão da resistividade do resistor 1 atinge o valor tabelado encontrado, entretanto o desvio padrão do resistor 4 não atinge esse mesmo valor, porém, como não se sabe a incerteza do da resistividade do nicromo encontrada nem se ele é um número decimal aproximado, fez-se tal aproximação. O resistor 2 não atingiu nenhum valor de resistividade tabelado, considerando tanto seu valor absoluto quanto sua incerteza. Uma aproximação “grosseira” de sua resistividade resulta na sua composição sendo de de manganês, material de resistividade 1,6000 x 10-6 (3). Não foi encontrado na literatura nenhum valor de resistividade próximo ao do resistor 3 para que este pudesse ser caracterizado. Obviamente, essas discordâncias ou falhas também podem estar associadas à erros experimentais ou teóricos. V. CONCLUSÃO A partir dos resultados obtidos pode-se dizer queos objetivos foram atingidos. O comportamento da corrente elétrica, da tensão elétrica e da resistência, utilizando- se resistividade de materiais, áreas de secção transversal e comprimentos de resistores diferentes, além da fixação de determinadas grandezas para análise do comportamento de outras, correspondeu de modo bastante razoável (apesar da ocorrência de possíveis erros experimentais, teóricos e instrumentais, o que é quase que inevitável em práticas laboratoriais) ao que se tem na teoria da resistência elétrica e das leis de Ohm. VI. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. Dicionário Houaiss. 2. SERWAY, Princípios da Física, vol.3, 3 ed., Cengage Learning 3. <http://www2.pelotas.ifsul.edu.br/~r odrigosouza/lib/exe/fetch.php?id=c efet&cache=cache&media=eb- capitulo-3.pdf> visto em 22/04 às 23h30. 4. <http://academico.riogrande.ifrs.ed u.br/~jose.eli/apostilas/fisica3/Resis tividade.pdf> visto em 25/05 às 02h00.