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2 Módulo 01 – O mundo se une contra os efeitos da Mudança do Clima Apresentação ............................................................................................................................................................................................... 3 Aula 01: O que é mudança do clima? .............................................................................................................................................. 6 Temperatura Medial Global ...................................................................................................................................................................... 6 Os principais Gases de Efeito Estufa (GEE) ......................................................................................................................................... 7 Previsão do Tempo, Clima e Mudança do Clima ............................................................................................................................. 8 Aula 02: Introduzindo mais conceitos .......................................................................................................................................... 10 Capacidade adaptativa ............................................................................................................................................................................. 11 Mitigação e Adaptação ............................................................................................................................................................................ 11 Vulnerabilidade e Capacidade Adaptativa ....................................................................................................................................... 13 Índice de Vulnerabilidade ....................................................................................................................................................................... 14 Aula 03: Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) ............................................................................................. 17 Agenda 2030 ................................................................................................................................................................................................ 18 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) ................................................................................................................. 18 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) e a mudança do clima.......................................................................... 18 Objetivo 13. Tomar medidas urgentes para combater a mudança do clima e seus impactos .................................... 19 Aula 04: O Acordo de Paris ................................................................................................................................................................. 21 Um pouco de história para contextualizar... .................................................................................................................................... 22 Conferência das Partes (COPs) .............................................................................................................................................................. 22 COP 21 – Acordo de Paris ....................................................................................................................................................................... 23 Uma visão geral do conteúdo do Acordo ........................................................................................................................................ 24 Aula 05: Compromisso do Brasil para mudança do clima .................................................................................................. 26 Contribuição Nacionalmente Determinada (iNDC) do Brasil .................................................................................................... 26 Como estamos agora? .............................................................................................................................................................................. 27 Será que conseguimos? ........................................................................................................................................................................... 28 Aula 06: Plano Nacional de Adaptação a Mudança do Clima (PNA)............................................................................. 30 Como promover a gestão e redução do risco climático? ........................................................................................................... 31 Adaptação Baseada em Ecossistemas (AbE) .................................................................................................................................... 32 Aula 07: Inventários de Gases de Efeito Estufa (GEE) ........................................................................................................... 35 Inventários de Gases de Efeito Estufa (GEE) ..................................................................................................................................... 35 Emissões de Gases de Efeito Estufa (GEE) no Brasil ...................................................................................................................... 37 Por que é importante fazer um inventário? ..................................................................................................................................... 40 3 Apresentação Olá! Seja muito bem-vindo(a) ao curso Educação Ambiental e Mudanças no Clima para Gestores. Bom, o presente curso de Educação a Distância (EaD) oferecido pelo Departamento de Educação Ambiental (DEA) do Ministério do Meio Ambiente (MMA) tem como público-alvo os gestores estaduais e municipais. Ao priorizar o público-alvo, levamos em consideração que o início dos mandatos dos prefeitos e vereadores eleitos teria como um dos desafios o cumprimento das metas do Acordo de Paris e, como oportunidade, realizar iniciativas inovadoras de adaptação à mudança do clima e medidas políticas que podem gerar novas oportunidades de trabalho. Tem muita coisa sendo feita! Não será possível mostrar todas as iniciativas que os estados e municípios estão implementando dentro da carga horária estabelecida, pois cada instrumento de planejamento urbano e territorial demandaria um curso específico. Vamos procurar dar uma visão geral do que está acontecendo em termos de políticas sobre mudança do clima nos estados bem como os desafios e oportunidades que os municípios enfrentam neste contexto. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em julho de 2015, a estimativa da população no Brasil era de 204,5 milhões de habitantes distribuídos pelos 5.570 municípios que compõem as 27 Unidades da Federação (UF). Com uma distribuição populacional espacialmente desigual, temos, por exemplo, o estado de São Paulo com 21,7% da população total do país e o estado de Roraima que representa apenas 0,2% deste universo. É necessário distinguir as especificidades regionais, os diferentes conhecimentos, aportes tecnológicos e capacidade de gestão dos municípios brasileiros para implementar políticas públicas de baixo carbono. É com esta perspectiva que vamos oferecer este curso. Inicialmente, mostraremos a você as diretrizes dos documentos internacionais para minimizar os impactos da mudança do clima, como os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) e o Acordo de Paris. Na sequência, vamos mostrar a articulação dos municípios, algumas plataformas que medem emissões de Gases de Efeito Estufa (GEE), alguns instrumentos de planejamento territorial e gestão de risco,o papel das cidades e as especificidades regionais que impõem medidas e políticas diferenciadas de gestão socioambiental. Terminaremos mostrando algumas ações que podem ser inseridas dentro dos planos municipais de gestão ambiental existentes. Em cada módulo, apresentaremos os conteúdos juntamente com vídeos, sugestões de leitura e no final, os exercícios de fixação para você se familiarizar com esta temática. Esperamos que aproveite os conhecimentos disponibilizados neste curso como subsidio à implementação das políticas de desenvolvimento sustentável de seu município. Antes de começarmos nossa caminhada, é importante analisarmos a forma como estruturamos o curso, visando a uma aprendizagem produtiva. Vamos lá? 4 O curso será composto por três módulos. Módulo 01 – O mundo se une contra os efeitos da Mudança do Clima: apresentará as noções básicas sobre as Mudanças de Clima e algumas definições para a elaboração de projetos. Mostraremos a ligação entre os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) para uma sociedade de baixo carbono e o Acordo de Paris com as metas do governo do Brasil. Falaremos também do Plano Nacional de Adaptação à Mudança do Clima (PNA). Com isso, você terá uma visão mais ampla sobre este tema, e nos módulos seguintes é provável que você consiga perceber o papel das cidades como indutoras de atitudes objetivas de mitigação e adaptação à mudança do clima. Módulo 02 – As cidades e a mudança do clima: desafios e oportunidades: falaremos sobre as mudanças no clima e a importância das cidades. Apresentaremos também os instrumentos importantes para a gestão de baixo carbono. E, por fim, você perceberá a contribuição de cada um desses instrumentos na descarbonização do território. Módulo 03 – Regiões diferentes, efeitos diferentes: mostraremos que o Brasil é um país de dimensões continentais e que a mudança do clima não influenciará da mesma forma todas as regiões brasileiras. Além disso, há diferentes emissões de Gases de Efeito Estufa (GEE), a sua distribuição, tamanho e capacidade adaptativa das cidades são diferentes, – com reflexos na gestão urbana ambiental de mitigação e adaptação. Muito bem! Agora que você já está por dentro de como se compõe o nosso curso, é importante ressaltarmos que o objetivo geral é que você compreenda a interface e a atuação da Educação Ambiental nas Mudanças do Clima para Gestores. 5 Olá! Que bom ter você aqui, na primeira etapa da nossa jornada. Na Apresentação, vimos que o Módulo 01 apresentará as noções básicas sobre Mudanças do Clima e alguns conceitos importantes para elaboração de projetos. Mostraremos a conexão entre os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) para uma sociedade de baixo carbono. E também, você verá o Acordo de Paris com seus desdobramentos, que incluem as metas do governo do Brasil e o inventário brasileiro de emissões de Gases de Efeito Estufa (GEE). Por fim, falaremos do Plano Nacional de Adaptação à Mudança do Clima (PNA) sobretudo na estratégia referente às cidades. Este módulo pretende fornecer a você uma visão geral sobre esta temática para que, nos próximos módulos, seja possível contextualizar o papel das cidades como indutoras de ações concretas de mitigação e adaptação à mudança do clima. A divisão das aulas do Módulo 01 será feita da seguinte forma: Aula 01: O que é mudança do clima? Aula 02: Introduzindo mais conceitos Aula 03: Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) Aula 04: O Acordo de Paris Aula 05: Compromisso do Brasil para mudança do clima Aula 06: Plano Nacional de Adaptação a Mudança do Clima (PNA) Aula 07: Inventários de gases do efeito estufa Após esta pequena contextualização, já podemos dar início à primeira aula, do Módulo 01, que já traz no título uma pergunta: O que é mudança do clima? Vamos começar? Boa aula! 6 Aula 01: O que é mudança do clima? Você já percebeu que o mundo está se tornando “mais quente”? Temperatura Medial Global Os estudos realizados pelos cientistas e pesquisadores do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) indicam, por exemplo, que, enquanto a temperatura média global subiu, aproximadamente, 5°C em 10 mil anos – contados desde o fim da última glaciação há 10 mil anos atrás – ela pode aumentar os mesmos 5°C em apenas 200 anos. Esse aumento é explicado pelo “efeito estufa” de alguns gases que compõem a atmosfera. O efeito estufa em si é um processo fundamental para a vida na Terra já que faz com que o planeta se mantenha aquecido, mas o aumento significativo das emissões de Gases de Efeito Estufa (GEE) associado às ações antrópicas* pode gerar vários problemas. * Ações antrópicas são as alterações realizadas pelo homem no planeta Terra. Fonte: Ecosfera. Por exemplo: o desmatamento e queimadas de florestas, falta de gerenciamento dos resíduos, aumento da frota de veículos movidos a gasolina (combustível fóssil) etc. Esses problemas têm sido determinantes para o desequilíbrio do balanço de energia do sistema terra-atmosfera, ocasionando maior retenção de energia e, dessa forma, o aumento do efeito estufa. Os efeitos da mudança do clima produzem eventos extremos, tais como tempestades. Se a cidade não estiver preparada, podem ocorrer alagamentos. Legenda: Inundação Maceió/AL. Fonte: Governo do Estado de Alagoas. 7 O aumento da emissão dos GEE é resultado das atividades humanas após a Revolução Industrial – iniciada no séc. XIX. Veja a ilustração abaixo: Legenda: Efeito Estufa. Fonte: Stuff. Os principais Gases de Efeito Estufa (GEE) Segundo o MMA ([2017], on-line), há cinco principais GEE além de duas famílias de gases, regulados pelo Protocolo de Quioto. Gás Metano (CH4) é produzido pela decomposição da matéria orgânica, sendo encontrado geralmente em aterros sanitários, lixões e reservatórios de hidrelétricas (em maior ou menor grau, dependendo do uso da terra anterior à construção do reservatório) e também pela criação de gado e cultivo de arroz. Tem poder de aquecimento global 21 vezes maior que o CO2. Dióxido de Carbono (CO2) é o mais abundante dos GEE, sendo emitido como resultado de inúmeras atividades humanas, por exemplo, por meio do uso de combustíveis fósseis (petróleo, carvão e gás natural) e também com a mudança no uso da terra. O CO2 é utilizado como referência para classificar o poder de aquecimento global dos demais gases de efeito estufa. Óxido Nitroso (N2O) cujas emissões resultam, entre outros, do tratamento de dejetos de animais, do uso de fertilizantes, da queima de combustíveis fósseis e de alguns processos industriais, possui um poder de aquecimento global 310 vezes maior que o CO2. Ozônio (O3) é uma frágil camada de um gás que protege animais, plantas e seres humanos dos raios ultravioleta emitidos pelo Sol. Na superfície terrestre, o O3 contribui para agravar a poluição do ar das cidades e a chuva ácida. Mas, nas alturas da estratosfera (entre 25 e 30 km acima da superfície) é um filtro a favor da vida. Sem ele, os raios ultravioleta poderiam aniquilar todas as formas de vida no planeta. Clorofluorcarbonos (CFC) são substâncias artificiais que foram por muito tempo utilizadas nas indústrias de refrigeração e ar-condicionado, espumas, aerossóis e extintores de incêndio.de conteúdo. 8 Contribuição relativa de gases provenientes de atividades antrópicas ao efeito estufa (adaptado de KRUPA,1997). Legenda: Contribuição relativa de gases para aumento da forçante radiativa global. Fonte: Embrapa. Você sabe a diferença de previsão do tempo, clima e mudança do clima? Vou explicar. Previsão do Tempo, Clima e Mudança do Clima A previsão do tempo refere-se ao estado da atmosfera no exato momento em que ocorre – é como se fosse uma fotografia de um momento. Por exemplo: hoje choveu muito em São Paulo; em João Pessoa o sol brilha com um céu sem nenhuma nuvem. O clima, por sua vez, é normalmente compreendido como uma média do tempo de vários anos para uma determinada região. Abrange maior número de dados e eventos possíveis das condições de tempo (temperatura, pressão, ventos, umidade, precipitação, correntes marítimas etc.) que perduram durante um período muito longo. Assista ao vídeo Bomtempo, de Alexandre Dubiela, que mostra um homem que passa por diversas mudanças climáticas até chegar ao trabalho. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=yT8Int-7I7Q. 9 No entanto, podem ocorrer nestes territórios variações climáticas em um período relativamente curto em que se verificam modificações que não necessariamente estão relacionadas aos parâmetros mais gerais do clima, tais como eventos isolados ou relativamente temporários de secas e chuvas. Podemos afirmar que existe uma imensa variabilidade natural do clima ao longo dos anos ou décadas. Já a mudança do clima está direta ou indiretamente atribuída à atividade humana que altera a composição da atmosfera mundial e que se soma àquela provocada pela variabilidade climática natural observada ao longo de períodos comparáveis (centenas a milhares de anos). É observado nesse contexto, que o aumento das emissões dos GEE na atmosfera causam o aumento da temperatura média dos oceanos e da camada de ar próxima à superfície da Terra causando alterações em quantidade e períodos de chuvas, aumento de períodos de secas, diminuição das geleiras, incidência de tempestades e elevação dos índices dos oceanos com reflexos devastadores para os biomas e os seres vivos. Chegamos ao final da nossa primeira aula. Conhecemos melhor os GEE e os males que eles trazem para o planeta. Na Aula 02, Introduzindo mais conceitos, vamos trazer mais definições acerca do tema mudanças do clima. Vamos ver esta animação? "Caixa" foi escrito e concebido por Luciana Eguti como uma lembrança de que fazemos todos parte do mesmo planeta. O desmatamento e o aumento da poluição geram efeitos em cadeia, que prejudicam a sociedade como um todo. O vídeo tem a intenção de alertar para esta problemática. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=fyuCEQDhFlQ. Que existe uma Política Nacional sobre Mudança do Clima (PNMC) - Lei nº 12.187/2009 - que estabelece os princípios, objetivos, diretrizes e instrumentos que visam reduzir as emissões antrópicas de gases de efeito estufa. Veja, dando uma olhada neste link: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007- 2010/2009/lei/l12187.htm. Ministério do Meio Ambiente. Plano Nacional sobre Mudança do Clima (PNMC) - Sumário Executivo. Acesse o link disponível no curso digital, dentro da Plataforma. 10 Aula 02: Introduzindo mais conceitos Na aula passada, vimos o que são os GEE e como o aumento da emissão desses gases decorrentes das atividades humanas está alterando o clima do planeta. Agora, na Aula 02, Introduzindo mais conceitos, vamos conhecer outras definições que orientam as políticas públicas. Você já ouviu falar em mitigação e adaptação? Mitigação é reverter ou eliminar os impactos causados ao meio ambiente. Um exemplo é a agricultura que reduz as emissões de GEE. Legenda: Agricultura familiar. Créditos: MMA. Adaptação é uma medida que permite conviver com os impactos causados por determinado evento. Uma exemplo é a construção de um muro ao redor da orla para evitar que a água atinja a calçada. Legenda: Orla de Macaé/RJ recebe muro de conteção em área destruída pela mar, medida imediata de adaptação. Fonte: Prefeitura Municipal de Macaé/RJ/Ana Chaffin. 11 Capacidade adaptativa Capacidade adaptativa é a habilidade de um sistema natural ou humano de se ajustar à mudança do clima, de forma a reduzir os danos potenciais ou aproveitar oportunidades associadas ao impacto da mudança do clima (MMA, SMCQ/GIZ, 2016). Exemplo: quando evitamos desmatar encostas de morro para ocupação humana, estamos contando com sua potencial capacidade de conter deslizamentos. A seguir, veremos duas opções para lidar com a mudança do clima: mitigação e adaptação. Mitigação e Adaptação Segundo a PNMC (Lei nº 12.187/2009), mitigação significa: “[...]mudanças e substituições tecnológicas que reduzam o uso de recursos e as emissões por unidade de produção, bem como a implementação de medidas que reduzam as emissões de gases de efeito estufa e aumentem os sumidouros”. E adaptação: “[...] são iniciativas e medidas para reduzir a vulnerabilidade dos sistemas naturais e humanos frente aos efeitos atuais e esperados da mudança do clima”. Geralmente, as ações de mitigação têm efeitos globais, envolvem um maior número de países mesmo que suas ações tenham sido realizadas localmente, ou seja, uma intervenção humana no sentido de reduzir as fontes ou fomentar a redução da emissão de gases de efeito estufa (IPCC, 2001). Exemplos: utilização de biocombustíveis, transição para energia solar e eólica, equipamentos eletroeletrônicos com maior eficiência energética, expansão de reflorestamento para aumentar área de sumidouro de GEE, entre outras inciativas. Ainda em relação à mitigação, o Protocolo de Quioto* estabeleceu o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) que permite a certificação de projetos de emissões de redução nos países em desenvolvimento e a posterior venda das Reduções Certificadas de Emissões (RCEs) resultantes desses projetos – que chamamos de mercado de carbono. *O Protocolo de Quioto é um tratado internacional com compromissos mais rígidos para a redução da emissão dos gases que agravam o efeito estufa, considerados, de acordo com a maioria das investigações científicas, como causas antropogênicas do aquecimento global. Fonte: Wikipédia. No vídeo a seguir, a prefeitura da cidade litorânea Ilha Comprida/SP deve impedir a ocupação da orla e colocar obras de contenção em áreas mais ocupadas e de difícil realocação, ou seja, ela deve ter uma capacidade adaptativa para minimizar os efeitos adversos decorrente do avanço do mar. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=Sesz0vI8UM8. 12 Já as ações de adaptação funcionam em uma escala regional e, geralmente, são sentidas localmente, ou seja, tem um caráter local ou regional. As medidas de adaptação estão associadas ao contexto político, econômico e social de uma localidade. No entanto, as duas opções são estratégias complementares e podem ser implementadas no mesmo local ou em escala regional. Veja o exemplo a seguir: Legenda: Em Itaqui/RS, casas volantes (casa construída de madeira que pode ser transportada por trator ou caminhão) são removidas inteiras por conta da enchente do rio Uruguai que acontece, geralmente, duas vezes ao ano. Fonte: Prefeitura de Itaqui/RS. A separação do que é uma medida de adaptação ou uma ação geral de desenvolvimento é de difícil definição. Podemos citar, como exemplo, o reflorestamento de área degradada em encosta de morro ou recuperação de nascentes: são políticas públicas locais de baixo custoque são consideradas como medida de adaptação contra escorregamentos e enchentes. Ao mesmo tempo, estas iniciativas vão proporcionar aumento de área de sumidouro de CO2 – haverá sequestro de carbono da atmosfera e vazão do fluxo de água decorrente de chuvas – que contribui para a mitigação dos efeitos dos GEE. Entenda como funciona o Mercado de Carbono por meio do infográfico. Acesse o link disponível no curso digital, dentro da Plataforma. Você saberia dizer quais ações de adaptação o seu município vem implementando para enfrentar a mudança do clima? 13 No quadro abaixo, mostramos um esquema simples que resume nossa conversa: Legenda: Resumo sobre Mudança do Clima, Mitigação e Adapatação. Fonte: UNDP. Adaptação e Mitigação são estratégias complementares. Vulnerabilidade e Capacidade Adaptativa Adaptação à mudança do clima é um conceito novo nas políticas públicas que originou outros no vocabulário climático tais como: redução da vulnerabilidade e capacidade adaptativa. Vamos conhecer mais alguns conceitos a seguir: Vulnerabilidade: “[...] é a medida na qual um sistema está suscetível aos - ou é incapaz de lidar com - efeitos adversos das mudanças climáticas, incluindo-se a variabilidade climática e os fenômenos extremos. A vulnerabilidade depende da natureza, da amplitude e do ritmo da variação climática à qual o sistema em questão está exposto, da sensibilidade desse sistema e de sua capacidade de adaptação" (IPCC, 2007). Impacto/Exposição: “[...] é a natureza, a amplitude e o ritmo da variação climática à qual o sistema considerado está exposto" (IPCC, 2007). Capacidade Adaptativa: “[...] capacidade de um sistema de se adaptar às mudanças climáticas (especialmente à variabilidade climática e aos fenômenos extremos), a fim de atenuar os danos potenciais, de aproveitar as oportunidades ou enfrentar as suas consequências" (IPCC, 2007). Sensibilidade: “[...] é o grau no qual um sistema é influenciado, positivamente ou negativamente, pela variabilidade ou pelas mudanças climáticas" (IPCC, 2007). 14 Por exemplo: algumas das principais vulnerabilidades do país estão relacionadas à ocupação das zonas costeiras, devido à possível elevação do nível do mar. Uma medida adaptativa é implementar uma política de ordenamento territorial. Índice de Vulnerabilidade A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) em parceria com o Ministério do Meio Ambiente (MMA) construiu um sistema (software) que calcula a vulnerabilidade humana às alterações climáticas - Índice Municipal de Vulnerabilidade Humana à Mudança do Clima. Essa ferramenta será estratégica para os gestores estaduais e municipais, pois eles poderão avaliar e comparar as vulnerabilidades e os fatores de risco dos municípios de seus estados e planejar ações para reduzir os impactos das mudanças climáticas nas cidades e aumentar a capacidade de adaptação da população a este novo cenário. No quadro, a seguir, mostramos uma tabela que resume os indicadores que compõem o índice: Legenda: Tabela de Indicadores. Fonte: adaptado de PNA (2016). 15 Até 2016 foram mapeados os municípios de seis estados: Amazonas, Espírito Santo, Maranhão, Mato Grosso do Sul, Paraná e Pernambuco. Vamos ver um exemplo – no Estado de Pernambuco – nas figuras a seguir. Os municípios com cores mais escuras são os mais vulneráveis. Índice de Vulnerabilidade Municipal (IVM)* – pior cenário (RCP=8.5) Legenda: Índice de Vulnerabilidade Municipal (IVM) de Pernambuco/2015 como pior cenário (RCP=8.5), pois, assume que a humanidade não fará nada para controlar as emissões de CO2. Fonte: MMA (2015, p. 13). * O Índice de Vulnerabilidade Municipal (IVM) à Mudança do Clima é composto pelos seguintes indicadores: 16 Índice de Vulnerabilidade Municipal (IVM) – Melhor cenário (RCP=4.5) Legenda: Índice de Vulnerabilidade Municipal (IVM) de Pernambuco/2015 como melhor cenário (RCP=4.5), pois, assume esforços de controle de emissões, mas ainda fora da trajetória dos 2oC considerados o limite máximo “seguro” de aquecimento. Fonte: MMA (2015, p. 13). Chegamos ao final da Aula 02. E, aqui, conhecemos melhor o que é adaptação, mitigação, vulnerabilidade e capacidade adaptativa. E ainda conhecemos a ferramenta que é de grande importância para gestores municipais que é o Índice Municipal de Vulnerabilidade Humana à Mudança do Clima. Nele, você, gestor(a), pode elaborar o planejamento estratégico e implementar políticas públicas de baixo carbono. Já na Aula 03, teremos como tema: Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS). Ministério do Meio Ambiente. Revista Adaptação à Mudança do Clima, n.1, 2016. Acesse o link disponível no curso digital, dentro da Plataforma.. Ministério do Meio Ambiente. Adaptação à Mudança do Clima: Portfólio Resultados 2013-2015. Acesse o link disponível no curso digital, dentro da Plataforma.. 17 Aula 03: Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) Na aula passada, vimos conceitos importantes como adaptação, mitigação, vulnerabilidade e capacidade adaptativa. Vimos também o mapeamento que vem sendo realizado pela Fiocruz e MMA contendo o Índice Municipal de Vulnerabilidade Humana à Mudança do Clima. Você viu que esse índice é uma ferramenta que agrega informações de cada município tais como: fenômenos climáticos extremos, doenças vinculadas ao clima, condições socioeconômicas e a capacidade adaptativa para lidar com a mudança do clima. Trata-se de uma ferramenta importantíssima para os gestores estaduais e municipais elaborarem o planejamento estratégico e implementarem políticas públicas de baixo carbono. Como você já aprendeu alguns conceitos, fica mais fácil entender a abrangência dos documentos produzidos pelas nações para enfrentar a mudança do clima. Agora, na Aula 03, teremos como tema: Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) especialmente o objetivo nº 13 – Combate às alterações do clima. Vamos lá? Boa aula. Veja a arborização na cidade de Brasília – é uma ação simples de adaptação e mitigação aos efeitos da mudança do clima. Legenda: Superquadras – Asa Sul (Brasília). Fonte: Conselho de Arquitetura e Urbanismo de Goiás (CAU). 18 Agenda 2030 Os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM)* se esgotaram em 2015 sendo substituídos pelos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) que entraram em vigor no dia 1° de janeiro de 2016. *As ações tomadas em 2015 resultaram nos novos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), que se baseiam nos oito Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM). As Nações Unidas trabalharam junto aos governos, sociedade civil e outros parceiros para aproveitarem o impulso gerado pelos ODM e levar à frente uma agenda de desenvolvimento pós-2015 que é a ODS. Fonte: ONU Brasil. Trata-se de uma Agenda mais ambiciosa com objetivos e metas universais que envolvem todo o mundo, igualmente os países desenvolvidos e os em desenvolvimento, que estimulará iniciativas para os próximos 15 anos em áreas de importância crucial para a humanidade e para o planeta. 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) Os 17 ODS e 169 metas foram construídos sobre o legado dos ODM. Eles buscam concretizar os direitos humanos de todos e alcançar a igualdade de gênero e o empoderamento das mulheres e meninas. Legenda: 17 Objetivos para transformar o mundo. Fonte: Ministério das Relações Exteriores. Objetivos de Desenvolvimento Sustentável(ODS) e a mudança do clima Dos 17 ODS, 12 envolvem diretamente a realização de ações a respeito das mudanças climáticas. A Agenda reconhece a Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (CQNUAC) como principal O ex-secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, trabalhou para garantir que a mudança climática fosse o topo das prioridades dos líderes globais. Veja o vídeo intitulado: A ONU contra as mudanças climáticas. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=hdwdPiS93u4&index=18&list=PLUZOt6bFc2fh8TFRaD88odEHZVcq 1TvG8. 19 fórum internacional e intergovernamental para negociar a resposta global à mudança climática e afirma que a natureza global da mudança do clima requer a maior cooperação internacional, visando acelerar a redução das emissões globais de gases de efeito estufa e abordar a adaptação aos impactos negativos das mudanças climáticas. Reforça o compromisso mundial da Conferência das Partes (COP) em Paris – COP 21 e a força legal do Acordo de Paris aplicável aos países desenvolvidos e em desenvolvimento em uma abordagem equilibrada de políticas de mitigação, adaptação, apoio financeiro, desenvolvimento e transferência de tecnologia, capacitação e transparência de ação, como uma oportunidade para manter o aumento da temperatura média global abaixo de 2°C ou 1,5°C acima dos níveis pré-industriais. Segundo os ODS, o desenvolvimento econômico e social depende da gestão sustentável dos recursos naturais do nosso planeta. A conservação e a utilização sustentável dos oceanos e mares, recursos de água doce, bem como florestas, montanhas e terras áridas devem ser imperativas para proteger a biodiversidade, os ecossistemas e a vida selvagem. Objetivo 13. Tomar medidas urgentes para combater a mudança do clima e seus impactos 13.1 Reforçar a resiliência e a capacidade de adaptação a riscos relacionados ao clima e às catástrofes naturais em todos os países. 13.2 Integrar medidas da mudança do clima nas políticas, estratégias e planejamentos nacionais. 13.3 Melhorar a educação, aumentar a conscientização e a capacidade humana e institucional sobre mitigação, adaptação, redução de impacto e alerta precoce da mudança do clima. 13.a Implementar o compromisso assumido pelos países desenvolvidos partes da Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima [UNFCCC] para a meta de mobilizar conjuntamente US$ 100 bilhões por ano a partir de 2020, de todas as fontes, para atender às necessidades dos países em desenvolvimento, no contexto das ações de mitigação significativas e transparência na implementação; e operacionalizar plenamente o Fundo Verde para o Clima por meio de sua capitalização o mais cedo possível. 13.b Promover mecanismos para a criação de capacidades para o planejamento relacionado à mudança do clima e à gestão eficaz, nos países menos desenvolvidos, inclusive com foco em mulheres, jovens, comunidades locais e marginalizadas. A Mudança do Clima é um item importante nos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS). Você já observou a quantidade de ações que podemos realizar como gestores para diminuir os impactos provocados por este fenômeno? 20 Chegamos ao final da Aula 03 e aqui conhecemos mais sobre as características do Objetivo 13 dos ODS, que é tomar medidas urgentes para combater a mudança do clima e seus impactos no mundo. Na Aula 04, teremos como assunto: O Acordo de Paris. Até lá! Leia sobre a importância dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS). Transformando nosso mundo: A Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável. Acesse o link disponível no curso digital, dentro da Plataforma. 21 Aula 04: O Acordo de Paris Antes de iniciarmos a quarta aula deste módulo, vamos retomar a aula passada na qual falamos do Objetivo 13 dos ODS, e percebemos a importância deste objetivo no estímulo à adoção de medidas necessárias para combater a mudança do clima e seus impactos. Agora, na Aula 04, falaremos do Acordo de Paris que é um acordo climático, apoiado por ações concretas que podem ajudar a alcançar os ODS no que se referem à erradicação da pobreza, a construção de economias mais fortes e sociedades mais seguras, ambientes mais saudáveis e habitáveis para todos. Os compromissos assumidos na COP 20 em Lima mostraram que as ações necessárias para combater as mudanças do clima são as mesmas que as necessárias para a Agenda do Desenvolvimento Sustentável. A Conferência das Partes em Paris – COP 21, onde o Acordo de Paris substitui o Protocolo de Quioto, demonstrou o quanto os governos, a sociedade civil e o setor privado estão preocupados com os efeitos da mudança do clima. Vamos nos aprofundar nesses assuntos? Boa aula. “São as águas de março Fechando o verão É a promessa de vida No teu coração [...]” Fragmento de Águas de Março de Tom Jobim Legenda: Enchente em Palmas/TO. Fonte: Wilson Dias/ABr. 22 Agenda do Desenvolvimento Sustentável e o Acordo de Paris: uma conexão necessária. Um pouco de história para contextualizar... A Convenção do Clima, tratado aprovado durante a realização da Rio 92*, tem por finalidade estabilizar as concentrações de GEE na atmosfera em um nível que impeça uma interferência antrópica perigosa no sistema climático. *O que foi a Rio 92? A Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento – Rio 92 – Cúpula da Terra, realizada entre os dias 3 e 14 de junho de 1992, na cidade do Rio de Janeiro. Participaram do evento 172 países, representados por aproximadamente 10 mil participantes, incluindo 116 chefes de Estado. Integrantes de cerca de 1.400 organizações não governamentais também receberam credenciais para acompanhar as reuniões deste evento que buscava analisar a evolução das políticas de proteção ambiental. Os principais documentos pactuados foram: Declaração do Rio sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, Agenda 21, Princípios para a Administração Sustentável das Florestas, Convenção da Biodiversidade e Convenção sobre Mudança do Clima. O Fórum Global, evento paralelo à Rio-92 organizado pela sociedade civil, contou com a participação (BRASIL, 2012, on-line). Conferência das Partes (COPs) Com a entrada em vigor da Convenção do Clima em 1994*, representantes dos países signatários passaram a se encontrar anualmente para discutir os avanços para a estabilização da mudança do clima. Esses encontros são chamados de Conferências das Partes (COPs). *A Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (UNFCCC, na sigla em inglês) tem o objetivo de estabilizar as concentrações de gases de efeito estufa na atmosfera em um nível que impeça uma interferência antrópica perigosa no sistema climático. Esse nível deverá ser alcançado em um prazo suficiente que permita aos ecossistemas adaptarem-se naturalmente à mudança do clima, assegurando que a produção de alimentos não seja ameaçada e permitindo ao desenvolvimento econômico prosseguir de maneira sustentável. Fonte: MMA. Por que o Acordo de Paris é importante e como as pessoas nos países em desenvolvimento serão afetadas? O diretor da equipe do secretário-geral da ONU sobre Mudança do Clima, Selwin Hart, explica no vídeo disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=55S2edZwWD4&list=PLUZOt6bFc2fh8TFRaD88odEHZVcq1 TvG8&index=17. Veja no link abaixo a linha do tempo interativa que mostra todas as Conferências das Partes (COPs) na Convenção-Quadrodas Nações Unidas sobre Mudança do Clima que está disponível em: https://widgets.socioambiental.org/widgets/timeline/535?width=970&height=540&iframe=t rue#0. 23 A COP é o órgão supremo da Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC) e tem a responsabilidade de manter e promover a efetiva implementação da Convenção por meio de instrumentos jurídicos que serão adotados em comum acordo. Como resultado das COPs, o Brasil implementou várias políticas públicas de mitigação e adaptação à mudança do clima. COP 21 – Acordo de Paris A conferência atingiu o seu objetivo quando pela primeira vez na história um acordo universal, o Acordo de Paris, definiu medidas para reduzir os efeitos das mudanças climáticas e que foi aprovado com aclamação por quase todos os países. No dia 12 de dezembro de 2015, 195 países e a União Europeia (UE) se comprometeram na conferência do clima de Paris (COP21) a deter o aumento da temperatura do planeta em até 2ºC com esforços para deter o aumento em 1,5°C e a ajudar economicamente os países mais vulneráveis ao aquecimento global. O documento que substitui o Protocolo de Quioto - Acordo de Paris - precisaria da ratificação de 55 países que representem 55% das emissões de GEE para entrar em vigor a partir de 2020. Em outubro de 2016 já havia sido ratificado por 72 países, responsáveis por 56,75% das emissões de GEE e, em novembro, o Acordo foi oficialmente adotado na Conferência do Clima de Marrakesh. A cada cinco anos, os países deverão rever suas contribuições para o combate à mudança climática. O tempo de ratificação foi recorde, o que mostra a urgência de orquestrar decisões concretas a respeito das causas e efeitos da mudança do clima no planeta. Após ratificação pelo Brasil, o Acordo de Paris foi tramitado no Congresso Nacional e sancionado pelo Presidente, tornando-se um instrumento jurídico com força de lei. Com isso, as metas climáticas brasileiras, conhecidas como Pretendida Contribuição Nacionalmente Determinada (iNDC) deixam de ser apenas promessas Se você quiser conhecer os planos setoriais de mitigação e adaptação à mudança do clima, dê uma olhada na página do Ministério do Meio Ambiente: http://www.mma.gov.br/clima/politica- nacional-sobre-mudanca-do-clima/planos-setoriais-de-mitigacao-e-adaptacao. A COP reuniu 195 países para negociar e finalizar o primeiro acordo global para frear as emissões de gases. Entenda a importância do Acordo de Paris para as mudanças climáticas e como cada um pode participar no vídeo disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=DMGmfforM3g. 24 (ou pretendidas) e se tornam compromissos climáticos formais, virando NDC. Embora legalmente vinculante, não está prevista nenhuma sanção a países que não cumpram as estipulações do Acordo. Uma visão geral do conteúdo do Acordo O Acordo de Paris contém 29 artigos. Grande parte de seu conteúdo estabelece a governança dos países e os arranjos institucionais para coordenar e acompanhar os compromissos assumidos pelas Partes. Vejamos a seguir alguns artigos: Artigos 3 e 4: estabelecem as iNDCs (contribuições nacionalmente pretendidas) como instrumento para avaliar os esforços das partes para a implementação do Acordo. As iNDCs devem ser revisadas e comunicadas a cada cinco anos às COPs. Depois de aprovadas pelo Governo Federal, as contribuições não são mais pretendidas e sim assumidas, passando a ser denominadas de NDCs. Artigo 5: considera as florestas fundamentais como sumidouros e reservatórios de GEE e incentiva a gestão integral sustentável das florestas. Artigo 6: enfatiza a abordagem cooperativa entre os países para alcançar os resultados previstos pelas iNDCs. Artigo 7: reforça a importância de aumentar a capacidade de adaptação, fortalecer a resiliência e reduzir as vulnerabilidades à mudança do clima. Reconhece que as ações de mitigação são inversamente proporcionais aos esforços de adaptação. Fornece estratégias a serem inseridas no processo de planejamento para adaptação tais como a elaboração de Planos Nacionais e Adaptação e posterior avaliação e monitoramento dos instrumentos contidos nos planos. Artigo 8: refere-se aos mecanismos de perdas e danos associados aos efeitos adversos da mudança do clima. Artigo 9: refere-se ao mecanismo financeiro para alcançar um equilíbrio entre adaptação e mitigação e tem como objetivo assegurar um acesso eficiente dos recursos financeiros por meio de procedimentos simplificados de aprovação e apoio ágil aos países em desenvolvimento. Artigo 10: discorre sobre a importância do desenvolvimento e transferência de tecnologias para melhorar a resiliência à mudança do clima e reduzir emissões de GEE. Artigo 11: aborda que a necessidade de ampliar a capacidade e habilidade dos países em desenvolvimento deve considerar as especificidades nacionais e ser orientada por lições aprendidas por meio de um processo participativo, transversal e sensível a gênero. Artigo 12: enfatiza a educação, a formação, a sensibilização do público, o acesso à informação como estratégias para ampliar as ações previstas no Acordo. Artigo 13: dá ênfase à transparência de procedimentos e informações onde todos os países devem registrar e divulgar suas atividades para proteção do clima, assim como dados sobre a emissão de gases de efeito estufa sendo que, para as nações em desenvolvimento e emergentes, este procedimento pode ser flexibilizado considerando sua capacidade técnica e financeira. Assim, cada parte deve fornecer 25 regularmente seus inventários nacionais de emissões antrópicas e a avalição e monitoramento do progresso realizado na implementação da NDC. Artigo 14: trata do balanço global que as Partes devem fazer periodicamente para avaliar o alcance dos propósitos do Acordo. O primeiro balanço global ocorrerá em 2023 e de cinco em cinco anos a partir desta data. Para atingir os objetivos do acordo, as Partes se comprometeram a promover um financiamento coletivo de um piso de US$ 100 bilhões por ano para países em desenvolvimento, considerando suas necessidades e prioridades. Chegamos ao final da Aula 04 e aqui nós conhecemos melhor o que é o Acordo de Paris e sua vigência a partir de novembro de 2016. O Brasil concluiu, em 12 de setembro de 2016, o processo de ratificação do Acordo de Paris. Com isso, as metas brasileiras deixaram de ser pretendidas e se tornaram compromissos oficiais. Na Aula 05, falaremos mais do Compromisso do Brasil para mudança do clima. Geralmente, as discussões sobre políticas climáticas retratavam as cidades como a fonte dos problemas e de principais áreas poluidoras e de consumo de recursos. O discurso mudou após a COP 21. Representantes de diversas nações reconheceram que as cidades podem resolver os problemas globais com as mudanças climáticas onde a gestão dos municípios é essencial para a concretização do Acordo de Paris. Vamos testar seu conhecimento? http://exame.abril.com.br/mundo/quizzes/voce-e-um-heroi-do-clima-teste-em-10-perguntas/ Os 29 artigos do Acordo de Paris. Leia-os na íntegra acessando o link disponível no curso digital, dentro da Plataforma. 26 Aula 05: Compromisso do Brasil para mudança do clima Antes de inicarmos a quinta aula, retomaremos a aula passada, na qual vimos o Acordo de Paris. Com a ratificação, o Brasil assumiu o objetivo de cortar as emissões de gases de efeito estufa em 37% até 2025, com o indicativo de redução de 43% até 2030 – ambos em comparação aos níveis de 2005.Agora, na Aula 05, falaremos um pouco mais do Compromisso do Brasil para mudança do clima. Vamos conhecer melhor a Contribuição Nacionalmente Determinada (NDC) do Brasil? Contribuição Nacionalmente Determinada (iNDC) do Brasil Em 27 de setembro de 2015, o Governo brasileiro apresentou ao Secretariado da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC) a pretendida Contribuição Nacionalmente Determinada (iNDC, na sigla em inglês) do Brasil, que foi adotada na 21ª Conferência das Partes (COP-21), em Paris, no mês de dezembro. A iNDC apresentava um escopo amplo, que inclui: Mitigação: Em relação às iniciativas de mitigação, o Brasil pretende comprometer-se a reduzir as emissões de gases de efeito estufa em 37% abaixo dos níveis de 2005, em 2025 e 43% abaixo dos níveis de 2005, em 2030. As abordagens metodológicas e quantificação seguirão as diretrizes aplicáveis do IPCC. Em 2015, durante a seca, Porto Velho, capital de Rondônia, amanheceu todos os dias com o céu cinza e forte cheiro de queimada. Legenda: Densas nuvens de fumaça cobrem a cidade de Porto Velho/RO, com destaque para o rio Madeira. Fonte: Governo do Estado de Rondônia/Ésio Mendes. 27 Adaptação: Sobre as ações de adaptação, é destacada a dimensão social, tendo presente a necessidade de proteger as populações vulneráveis dos efeitos negativos da mudança do clima e fortalecer sua capacidade de resiliência. A resposta a esta dimensão está posta no Plano Nacional de Adaptação à Mudança do Clima com itens fundamentais para implantação de políticas públicas: áreas de risco, habitação, infraestrutura básica, especialmente nas áreas de saúde, saneamento e transporte. Meios de implementação: E os meios de implementação se dão pelo uso sustentável da bioenergia; aumento da matriz energética sem emissão ou com baixo nível de emissões de carbono além da energia hídrica, para uma participação de 28% a 33% do total até 2030; fortalecimento do Plano de Agricultura de Baixa Emissão de Carbono (Plano ABC) como a principal estratégia para o desenvolvimento sustentável na agricultura e implementação de medidas em grande escala no setor de mudança do uso da terra e florestas. Como estamos agora? Com o Acordo de Paris a ser sancionado pelo Governo Brasileiro, as metas climáticas brasileiras conhecidas como iNDC deixam de ser apenas promessas e passam a ser NDC. O objetivo do governo brasileiro é que a NDC seja implementada já em 2017. Para isso, elencou uma série de políticas como a restauração de 15 milhões de hectares de pastagens degradadas, o reflorestamento de 12 milhões de hectares e o fim do desmatamento ilegal na Amazônia até 2030. Há também compromissos com medidas nas áreas de transportes, indústria e energia – como expandir o uso de: Fontes renováveis de energia e Oferta de Etanol. Além disso, o compromisso assinado pelo Brasil ainda prevê que até 2100 não haverá a emissão de gases poluentes, o que seria equivalente à descarbonização total da economia. O Brasil já monitora eventos de precipitação extrema em 888 municípios e dispõe de um sistema de alerta antecipado e de planos de ação para responder a desastres naturais no Centro de Monitoramento de Alerta de Desastres Naturais (CEMADEN). 28 Será que conseguimos? A ciência tem indicado que só uma transição energética radical, que elimine progressivamente os combustíveis fósseis, poderá colocar o mundo no rumo de cumprir o objetivo de limitar o aquecimento global neste século ao máximo de 2ºC, limite considerado relativamente seguro. Vimos que, a grosso modo, as emissões do Brasil se equilibram sobre três setores: agropecuária, desmatamento e energia. Primeiro, será preciso cumprir na íntegra o plano Agricultura de Baixo Carbono (Plano ABC), que prevê até 2020 a recuperação de 15 milhões de hectares de pastagens degradadas e mais 15 milhões até 2030. No ritmo atual de execução, o ABC não conseguirá cumprir nem os 15 milhões iniciais. Segundo, será preciso zerar o desmatamento e aumentar a área de recomposição florestal. Com a vigência do Novo Código Florestal vai ficar mais difícil alcançar esta meta. Citando alguns exemplos: A lei dispensa propriedades de até quatro módulos fiscais da necessidade de recompor as áreas de Reserva Legal utilizadas; A lei permite a intervenção ou supressão de vegetação em Áreas de Preservação Permanente (APPs) na manutenção de atividades consolidadas até 22 de julho de 2008 nas hipóteses de utilidade pública, interesse social ou de baixo impacto ambiental, bem como atividades agrossilvipastoris, de ecoturismo e de turismo rural. Bem, no Acordo de Paris houve o comprometimento das nações em manter o aumento da temperatura média global bem abaixo de 2°C em relação aos níveis pré-industriais, e envidar esforços para limitar esse aumento da temperatura a 1,5°C em relação aos níveis pré-industriais, reconhecendo que isso reduziria significativamente os riscos e os impactos da mudança do clima. Estamos nos referindo, como linha de base, aos níveis de emissão de GEE de quase trezentos anos! No entanto, em 2015, a temperatura média do planeta sofreu um aumento de 0,9°C em relação ao final do século XIX, uma mudança gerada a partir do aumento da concentração das emissões de dióxido de carbono e outros GEE. Temos ainda que considerar também o fenômeno El Niño que, segundo pesquisadores, é responsável por pelo menos 0,1°C da elevação da temperatura. Em 2015 chegou à marca de 1,05°C. Já em 2016, as temperaturas globais médias ficaram 1,35ºC. A expectativa é que 2017 bata o recorde de ano mais quente. Com isso, percebemos que o mundo ainda segue em aquecimento, podendo chegar a cerca de 3°C até 2100. Leia o artigo: Mundo está a menos de 0,5°C do limite seguro para o aquecimento global, disponível em: http://www.wribrasil.org.br/pt/news/mundo-est%C3%A1-menos-de-05%C2%B0c- do-limite-seguro-para-o-aquecimento-global. 29 Mas, vamos finalizar a Aula 05 com um recado mais otimista! A seguir leia e assista sobre o que podemos fazer para amenizar os impactos do Aquecimento Global, sobre o iNDC do Brasil e as Ações do Plano ABC. Chegamos ao final da Aula 05. Aqui conhecemos melhor a NDC brasileira e, de forma crítica, pensamos em como alcançar as metas prescritas pelo Acordo de Paris. O que só será possível se houver uma reforma estruturante na economia do Brasil e a valorização plena dos serviços ecossistêmicos dos biomas para a estabilização do clima. E podemos ficar otimistas por pensar nas várias iniciativas de descarbonização que estão ocorrendo no país. Na próxima aula, falaremos do Plano Nacional de Adaptação a Mudança do Clima (PNA). Assista à animação: O que causa o aquecimento global, do Jornal do Senado, que fala da causa do aquecimento global, quais são os maiores responsáveis pela emissão de poluentes e o que é possível fazer para minimizar o impacto sobre as futuras gerações. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=Oe0npq64-LI. República Federativa do Brasil. Pretendida Contribuição Nacionalmente Determinada para consecução do objetivo da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima. Acesse o link disponível no curso digital, dentro da Plataforma. Ministério da Agricultura. Ações do Plano ABC (página). Acesse: http://www.agricultura.gov.br/assuntos/sustentabilidade/plano-abc/acoes-do-plano. Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil – CNA. ABC – Agricultura de baixo carbono - capacitação. Acesse olink disponível no curso digital, dentro da Plataforma. 30 Aula 06: Plano Nacional de Adaptação a Mudança do Clima (PNA) Na aula passada, falamos da NDC brasileira e refletimos, de forma crítica, o alcance das metas. Se não houver uma reforma estruturante na economia do país e a valorização radical dos serviços ecossistêmicos dos biomas para estabilização do clima, provavelmente, vamos ultrapassar o limite de temperatura estabelecido pelo Acordo de Paris. Por outro lado, temos que considerar as inúmeras iniciativas de descarbonização que estão ocorrendo no Brasil. Agora, na Aula 06, vamos falar do Plano Nacional de Adaptação à Mudança do Clima (PNA). Este lugar maravilhoso em Santana/AP apresenta vulnerabilidades. Você saberia mencionar algumas? Legenda: Ribeirinhos as margens do Rio Amazonas na cidade de Santana, no estado Amapá. Fonte: Ministério do Turismo/Everaldo Nascimento. Como, exatamente, podemos nos adaptar, considerando que não conhecemos precisamente nem a magnitude e nem a forma da mudança do clima? Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=VW5R_rpDjm0. 31 O Plano Nacional de Adaptação à Mudança do Clima (PNA) foi instituído em 10 de maio de 2016. É um instrumento elaborado pelo governo federal que tem como objetivo promover a redução da vulnerabilidade nacional à mudança do clima e realizar uma gestão do risco associada a esse fenômeno. Na elaboração do PNA foram consideradas 11 estratégias de adaptação para os setores e temas elencados como potencialmente vulneráveis à mudança do clima e ao mesmo tempo prioritários. São eles: 01: Agricultura 02: Biodiversidade e Ecossistemas 03: Cidades 04: Gestão de Risco de Desastres 05: Indústria e Mineração 06: Infraestrutura 07: Povos e populações vulneráveis 08: Recursos Hídricos 09: Saúde 10: Segurança alimentar e nutricional 11: Zonas Costeiras As estratégias setoriais do PNA têm uma perspectiva sistêmica, ou seja, as ações voltadas para o fomento da capacidade adaptativa de um determinado setor podem provocar, de maneira direta ou indireta, a estabilidade e funcionalidade das demais. Por exemplo: a implementação de medidas de adaptação como a recuperação e conservação de bacias hidrográficas, o uso racional e o reúso da água, e o uso de tecnologias mais eficientes de sistemas de irrigação, garantem não somente a disponibilidade hídrica como também geram reflexos positivos para a preservação da biodiversidade, a produção de alimentos, o abastecimento das cidades, o funcionamento das indústrias etc. Como promover a gestão e redução do risco climático? Por meio de processos participativos com a sociedade e a cooperação entre órgãos públicos, o PNA procura ampliar e disseminar o conhecimento científico, técnico e tradicional para apoiar a gestão sobre o risco climático e o desenvolvimento de medidas de capacitação de entes do governo e da sociedade no geral. O Plano procura identificar onde o fenômeno será sentido com maior intensidade e, dessa forma, estimular os setores a desenvolverem ações que diminuam as vulnerabilidades, além de aproveitar oportunidades que a mudança do clima deve proporcionar. Principalmente, no que diz respeito a eventos extremos, como enchentes, secas prolongadas e cheias, que representem ameaças às populações e aos sistemas produtivos. Uma abordagem de intervenção recomendada pelo PNA é a Adaptação baseada em Ecossistemas (AbE) nas políticas públicas. 32 Adaptação Baseada em Ecossistemas (AbE) A AbE é uma abordagem que pode ser amplamente utilizada na gestão ambiental do município. Ela compreende medidas para conservar, restaurar ou gerir de forma sustentável os ecossistemas e os recursos naturais, e complementa ou mesmo substitui outras medidas de adaptação, tais como medidas de soluções de engenharia convencional ou “infraestrutura cinza”. Além disso, as soluções naturais baseadas nos ecossistemas tendem a gerar cobenefícios valoráveis, tais como: o Sequestro de Carbono, a conservação da biodiversidade ou a produção de alimentos, sendo muitas vezes mais eficientes em termos de custos. Ecossistemas naturais protegidos são fundamentais para tornarem a biodiversidade e a sociedade mais resilientes aos impactos das mudanças climáticas. Eles apresentam maior capacidade de resistência e recuperação quando afetados por situações climáticas extremas, além de fornecerem uma ampla gama de benefícios dos quais as pessoas dependem – os chamados serviços ambientais*. *A definição de serviços ambientais ou serviços ecossistêmicos é simples: trata-se dos benefícios que as pessoas obtêm da natureza direta ou indiretamente, por meio dos ecossistemas, a fim de sustentarem a vida no planeta. Fonte: Associação O Eco. Já vimos que adaptação é o ajuste em sistemas naturais ou humanos, em resposta aos impactos das mudanças do clima, atuais ou previstos, de modo a minimizar os prejuízos ou potencializar benefícios (UNFCCC, 2012). Existem diversas abordagens para a adaptação às mudanças climáticas, como a abordagem baseada em perigos, gerenciamento de riscos, vulnerabilidades, resiliência e ecossistemas. A AbE é, portanto, uma das estratégias de adaptação existentes, que pode ser utilizada combinada com outras estratégias associadas à manutenção dos serviços ambientais e à conservação da biodiversidade. Ecossistemas bem manejados têm potencial maior de adaptação, resistindo e se recuperando mais facilmente dos impactos de eventos climáticos extremos, além de proverem uma maior gama de benefícios, dos quais as pessoas dependem (IUCN, 2009). Legenda: A ESEC Taiamã é cercada por águas. A biodiversidade é extremamente abundante, por se localizar numa das maiores áreas alagáveis contínuas do planeta. Fonte: Estação Ecológica de Taiamã. 33 Segundo estudo realizado pela Fundação Boticário, em 2015 seis estados brasileiros já realizaram esta abordagem para aumento da resiliência de recifes e corais, criação de sistemas de áreas protegidas, conservação da biodiversidade, reflorestamento, planos municipais, conservação de mangues e preservação das cabeceiras de rios (BA, RJ, SP, DF, PR, AM e MT). A ilustração abaixo mostra um exemplo de AbE: Legenda: Cenários de adaptação às mudanças do clima utilizando opções de AbE (cenário 1) e soluções de engenharia convencional (cenário 2). Fonte: adaptado de Rao et al. (2012)/Fundação Boticário. Os planos setoriais brasileiros citam ações contempladas na Adaptação baseada em Ecossistemas: Por exemplo: Desenvolvimento de culturas resistentes a períodos de seca; Construção de defesas contra inundações; Recuperação de pastagens; Estudos e mapeamentos de vulnerabilidade etc. 34 Por fim, o PNA vai procurar criar condições para ações locais e regionais; definir prioridades de órgãos setoriais e subnacionais, informar estratégias para a gestão das vulnerabilidades municipais e garantir a equidade do bem-estar das populações locais. Chegamos ao final da Aula 06, e percebemos que o PNA traz várias ações estruturantes para a agenda nacional de adaptação, diretrizes e recomendações para onze estratégias de interesse do país que foram identificadas como vulneráveis à mudança do clima. Na última aula do Módulo 01, falaremos sobre Inventários de Gases do Efeito Estufa (GEE). Ministério do Meio Ambiente. Plano Nacional de Adaptação à Mudança do Clima –PNA. Acesse: http://www.mma.gov.br/clima/adaptacao/plano-nacional-de-adaptacao#gt-adapta%C3%A7%C3%A3o.Fundação Grupo Boticário. Adaptação Baseada em Ecossistemas: Oportunidades para políticas públicas em mudanças climáticas, 2015. Acesse o link disponível no curso digital, dentro da Plataforma. Observatório de Políticas Públicas de Mudanças Climáticas. Adaptação às mudanças climáticas no Brasil: subsídios para o debate e a construção de políticas públicas Instituto Ethos e do Fórum Clima – Ação Empresarial sobre Mudanças Climáticas, 2015. Acesse o link disponível no curso digital, dentro da Plataforma. 35 Aula 07: Inventários de Gases de Efeito Estufa (GEE) Chegamos à última aula do Módulo 01. O objetivo deste módulo é fornecer aos gestores conceitos básicos sobre mudança do clima, duas iniciativas internacionais de orientação para políticas públicas de baixo carbono – ODS e Acordo de Paris, diretrizes e estratégias do governo federal para mitigação e adaptação consubstanciadas no PNA. Agora, na Aula 07, falaremos de um instrumento muito importante para avaliar as emissões de Gases do Efeito Estufa (GEE) que já está sendo aplicado em algumas capitais brasileiras – são os inventários. Vamos saber o que é isso? Inventários de Gases de Efeito Estufa (GEE) Vimos que, no Acordo de Paris, os países devem fornecer os inventários de emissão de GEE para avaliação e monitoramento do progresso realizado na implementação da NDC. No Brasil, a responsabilidade da elaboração dessas estimativas, bem como do aprimoramento da metodologia de cálculo da projeção de emissões, é coordenada pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI). Em 2014, o MCTI apresentou a segunda edição das Estimativas anuais de emissões de gases de efeito estufa no Brasil. As estimativas nacionais mostram uma tendência geral de emissões de GEE no país e servem de base para elaboração de inventários estaduais, municipais e setoriais. Vejamos a tabela a seguir: “Meio ambiente ou ambiente inteiro: do que você quer cuidar mesmo?” (Joze de Goes) Legenda: Poluição em São Paulo, esse é o ar que o paulistano respira todos os dias. Fonte: Fabio Ikezaki/Flickr. 36 Legenda: Tabela 01 - Evolução dos Gases de Efeito Estufa, por setor Produtivo no Brasil nos anos de 2005, 2010 e 2014. Fonte: adaptado do Sistema de Estimativa de Gaes de Efeito Estufa (SEEG). Os setores analisados pelo inventário são: Agropecuária: Emissões devido à fermentação entérica do gado, manejo de dejetos animais, solos agrícolas, cultivo de arroz e queima de resíduos agrícolas. Energia: Emissões devido à queima de combustíveis e emissões fugitivas da indústria de petróleo, gás e carvão mineral. As emissões de CO2, devido ao processo de redução nas usinas siderúrgicas, foram consideradas no setor de Processos Industriais. Mudança no uso da terra e florestas: Emissões e remoções resultantes das variações da quantidade de carbono da biomassa vegetal e do solo, considerando-se todas as transições possíveis entre diversos usos, além das emissões de CO2 por aplicação de calcário em solos agrícolas e das emissões de CH4 e N2O pela queima de biomassa nos solos. O crescimento da vegetação, em áreas consideradas manejadas, gera remoções de CO2. Processos industriais: Emissões resultantes dos processos produtivos nas indústrias e que não são resultado da queima de combustíveis. Subsetores: produtos minerais, metalurgia e química, além da produção e consumo de HFCs e SF6. Tratamento de resíduos: Emissões pela disposição de resíduos sólidos e pelo tratamento de esgoto doméstico, comercial e industrial, além das emissões por incineração de resíduos e pelo consumo humano de proteínas. Esses mesmos setores são monitorados pelo Observatório do Clima, que disponibilizou o Sistema de Estimativas de Emissões de Gases de Efeito Estuda (SEEG). O SEEG organiza documentos analíticos sobre a evolução das emissões e um portal na internet de forma simples e clara para o público. Esses dados são gerados segundo as diretrizes do IPCC com base nos inventários elaborados pelo MCTI e em dados obtidos junto a relatórios governamentais, institutos, centros de pesquisa, entidades setoriais e organizações não governamentais. Vamos ver este vídeo que fala do Sistema de Estimativas de Emissões de Gases de Efeito Estuda (SEEG) no Brasil. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=5yjArWaXnB4. 37 Emissões de Gases de Efeito Estufa (GEE) no Brasil Vamos dar uma olhada nos mapas a seguir para saber quais são os estados brasileiros responsáveis pela maior quantidade de emissões de GEE por setor analisado: Setor de Emissões Totais Setor de Energia Setor de Agropecuária 38 Setor de Processos industriais Setor de Resíduos 39 Setor de Mudança de uso da terra e floresta Percebemos que nas emissões ligadas às regiões destacam-se mais os setores de: Sudeste: Energia, Processos Industriais e Resíduos. Norte/Centro-Oeste: Agropecuária e Mudança do uso da terra. Em uma análise rápida sabemos que a região Norte contém cerca de 8% dos municípios brasileiros e a região Sudeste, 26% e, obviamente, as emissões são diferenciadas e requerem ações e políticas específicas. 40 Por que é importante fazer um inventário? Quando se faz um planejamento para reduzir os impactos causados pelas ações antrópicas, o inventário de GEE é a primeira atividade a ser realizada como instrumento de implantação de políticas públicas de gestão das mudanças do clima, uma vez que determinam de maneira qualitativa e quantitativa as emissões atmosféricas desses gases. É uma importante ferramenta para o gestor municipal que possibilita identificar os setores ou categorias-chave que mais contribuem para emissões locais e regionais auxiliando no processo de definição de ações e medidas de mitigação e adaptação no que diz respeito às mudanças do clima. O inventário de GEE é o primeiro passo para identificar as principais fontes e o nível de emissão, de forma a avaliar e estabelecer estratégias para a redução das emissões e combate às mudanças climáticas. Dessa forma, o inventário identifica o perfil do município quanto às emissões de GEE e como as atividades humanas impactam o meio ambiente, disponibilizando informações para a proposição de políticas municipais de mudanças climáticas para a mitigação das emissões de GEE. No Brasil, até 2015, apenas 7 estados (AC, BA, MG, SP, RJ, PR e RS) e 8 cidades (Fortaleza, Recife, Salvador, Belo Horizonte, São Paulo, Sorocaba, Rio de Janeiro e Curitiba), em sua grande maioria localizados nas regiões Sudeste e Sul, já fizeram seus respectivos inventários. São municípios de porte médio e grande, grandes emissores nos setores de energia, processos industriais e resíduos, com políticas e recursos mais estruturados de enfrentamento à mudança do clima (ALVES et al., 2015). Vamos ver um exemplo? A elaboração de inventários é bem complexa. É necessário uma empresa de consultoria e/ou equipe especializada para realizar. Vamos ver um exemplo do Inventário realizado no município de Piracicaba/SP – ano base 2009no recurso abaixo: Cidades pequenas localizadas, por exemplo, no interior de Alagoas ou do Pará, não têm estrutura técnica e financeira para realizar um inventário e talvez nem seja uma prioridade neste momento. Vimos, grosso modo, que o problema nas regiões Norte, Centro-Oeste e parte do Nordeste não são as emissões urbanas, mas sim o uso da terra e da pecuária – que muitas vezes extrapola o território do município, embora contribuamsignificativamente para sua receita. A agropecuária nos remete a uma definição de políticas em escala regional definida pelos estados e pelo Governo Federal como, por exemplo, as diretrizes do Plano ABC. Leia sobre o Inventário de Emissões de Gases do Efeito Estufa do Município de Piracicaba/SP. Acesse o link disponível no curso digital, dentro da Plataforma. 41 Chegamos à última aula, do Módulo 01. E aqui aprendemos mais sobre o inventário de emissões GEE, que são os grandes responsáveis pelo aquecimento global. Esse inventário é um avaliação que se faz de qualquer instituição ou pessoa para verificar o quanto ela emite de GEE. Ou seja, a realização do inventário é o primeiro passo para que uma empresa possa contribuir para o combate às mudanças climáticas. Agora que você conhece sobre mudança do clima, no Módulo 02, As cidades e a mudança do clima: desafios e oportunidades, veremos a importância das cidades neste contexto. Até mais! Ministerio de Ciência Tecnologia e Inovação. Estimativas anuais de Emissões de gases de efeito estufa no Brasil, 2014. Acesse o link disponível no curso digital, dentro da Plataforma. ALVES, G., MARINHO, M.M.O, Inventários urbanos de emissões de Gases de Efeito Estufa no Brasil: uma análise preliminar. Artigo enviado para Encontro Empresarial de Gestão e Meio Ambiente - Engema, 2015. Acesse o link disponível no curso digital, dentro da Plataforma.
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