Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
UNIVERSIDADE PAULISTA FLAVIO TEXEIRA RODRIGUES TRABALHO DE OBSERVAÇÃO DE CRIANÇAS ENTRE TRÊS E QUATRO ANOS SÃO PAULO 2015 2 Flavio Texeira Rodrigues C54573-2 TRABALHO DE OBSERVAÇÃO DE CRIANÇAS ENTRE TRÊS E QUATRO ANOS Atividades Práticas Supervisionadas. Trabalho apresentado na disciplina Psicologia de Desenvolvimento do Ciclo Vital junto à Universidade Paulista - UNIP Orientador: Prof.ª Ruth Gheler SÃO PAULO 2015 3 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 4 2. OBJETIVOS ................................................................................................................. 6 3. METODOLOGIA ......................................................................................................... 6 4. RESULTADOS ............................................................................................................. 7 5. DISCUSSÃO DOS RESULTADOS ........................................................................... 13 6. CONCLUSÃO ............................................................................................................. 14 BIBLIOGRAFIA ............................................................................................................... 16 4 1. INTRODUÇÃO O presente trabalho surgiu da prática de observação de crianças na faixa etária de três a quatro anos realizando diversas atividades em ambiente livre e sendo supervisionadas por seus cuidadores. Observaram-se as seguintes e principais características do desenvolvimento infantil: motor, linguagem, social, afetivo e cognitivo. O período dos três aos quatro anos, compreende uma faixa etária contida na também conhecida, segunda infância, onde a velocidade das mudanças físicas é constante, porém mais lenta em relação ao que ocorre nos dois primeiros anos de vida. De acordo com Jean Piaget (1896-1980), em relação ao desenvolvimento cognitivo, a criança encontra-se no estágio pré-operatório. Este estágio também ocorre no período entre três e quatro anos e é caracterizado pela construção da inteligência simbólica ou representativa. De acordo com Rappaport (1981), a criança usa “um objeto como se fosse outro (uma caixa de fósforos se transforma num carrinho para brincar), uma situação por outra (na brincadeira de casinha a criança estará representando situações da vida diária) ou ainda a criança usa um objeto, pessoa ou situação por uma palavra”. O pensamento da criança nesse período é caracterizado pelo egocentrismo. A criança pensa o mundo a partir de si mesma, utiliza a si mesma como referência para pensar as situações e fatos, caracterizando o egocentrismo dessa fase (por exemplo, enquanto ela está andando as nuvens estão seguindo-a). Outra característica é o pensamento animista onde a criança atribui vida a seres inanimados. Um exemplo clássico é quando a criança esbarra em um móvel, cai e chora e a mãe ‘bate’ no móvel. Neste momento a criança para de chorar, sentindo-se vingada. Em relação ao desenvolvimento da linguagem, observam-se dois tipos de comunicação oral: a linguagem socializada – diálogo com intenção de comunicação; e a linguagem egocêntrica – aquela em que a criança conversa consigo mesma, pois não tem a função de comunicação e sim de organização do pensamento. Esse tipo de linguagem, chamado de monólogo coletivo é observado em crianças que, embora estejam juntas conversando, não ocorre continuidade nos diálogos – a criança fala sozinha enquanto brinca, mesmo estando com outras crianças. 5 Em relação ao desenvolvimento motor são desenvolvidas as seguintes habilidades: subir escadas, andar com equilíbrio, correr, saltar, pular, andar de bicicleta, usar lápis, tesoura, realizar colagens com coordenação, sob e desce de móveis, chutar, pegar e arremessar bolas, pular corda, movimento de pinça. O ingresso na escola auxilia o desenvolvimento dessas habilidades uma vez que fazem parte das atividades pedagógicas o exercício das funções físicas e motoras da criança (coordenação motora ampla e fina). Quanto ao desenvolvimento afetivo-emocional, nesse período ocorre a construção da personalidade pela criança (Wallon, 1979-1962). A partir dos três anos começa a empregar o pronome “eu” (‘Eu não gosto’, ‘Eu não quero’), indicando a construção do eu psíquico. Seu nome adquire significado e auxilia no estabelecimento de si mesma. Suas roupas, brinquedos, objetos de uso pessoal auxiliam na construção de si mesma como alguém diferente dos demais. A criança ainda não separa o mundo real do mundo imaginário, interior e exterior, se confunde quando situações emocionais fortes opõe-se às interferências, por isso resiste a qualquer coisa que não se harmonize com suas ideias e atitudes (negativismo). Exige que seus desejos sejam satisfeitos e quando contrariada, chora, esperneia ou grita. Muitos dos conflitos que os pais têm com os filhos nesse período surgem porque os pais precisam colocar limites ao filho, não apenas pela própria sobrevivência, mas para ensiná-lo a controlar seus impulsos. Pais que não controlam a impulsividade da criança fortalecerão o comportamento de desobediência e falta de limite. Nesse sentido, é um período marcado por muitos conflitos pessoais: opõe-se ao ‘não’ e expressa comportamentos de confronto como ciúmes, tirania, agressividade. Além disso, há a disputa de brinquedos, não pelo objeto em si, mas pelo sentimento de posse; o desejo de propriedade conta mais do que o próprio objeto. No desenvolvimento social, a criança, neste período, está em processo de formação da consciência moral. O controle externo é substituído gradativamente pelo autocontrole. Em relação às regras, a criança é heterônoma, ou seja, governada pelo outro, influenciada inicialmente pelos pais, por meio da internalização das regras e valores dos familiares e, mais tarde, pelos amigos e professores, a criança vai formando conceitos de bem e mal, justiça, entre outros. A escola e os professores têm um papel importante em relação a isso, pois podem orientar os pais em como lidar nessas situações e trabalhar as regras com as crianças, em grupo, no ambiente escolar. 6 Os conceitos éticos da criança de três e quatro anos se baseiam na consequência das ações. Ela admite que os pais são poderosos e que deve obedecê-los por medo de punição e respeito à autoridade. Em relação às brincadeiras, é o jogo simbólico ou brincadeira de faz-de-conta que marca as atividades lúdicas nesse período. Os amigos imaginários podem ser utilizados pela criança até por volta dos quatro ou cinco anos. A partir dessa idade observam-se as escolhas de amigos reais e favoritos. 2. OBJETIVOS Este trabalho tem como objetivos principais: Iniciar o estudante da disciplina ‘Psicologia do Desenvolvimento do Ciclo Vital’ na prática da observação de crianças em situação natural. A partir dos resultados obtidos através da observação de crianças em situação natural, realizar a comparação com as teorias do desenvolvimento apresentadas em aula. 3. METODOLOGIA População ou Amostragem: número de crianças (indivíduos) observadas; seis meninos e seis meninas; com idades entre três e quatro anos. Procedimento: De vinte a trinta minutos de observação em ambiente natural, atividades livres e supervisionadas pelos cuidadores.Locais: Shopping (classe médio-alta), dois parques e festa em buffet infantil. 7 4. RESULTADOS Tabela 1 – Comparação um Desenvolvimento Sexo Feminino Masculino Motor Sobe escadas, escorregador, corre balanço. Corre, sobe escadas, escorregador, gangorra. Linguagem Leve dificuldade na dicção, produzindo som de ‘R gutural’, fala pouco. Comunica-se bem, sons de palavras bem definidos. Social Brinca sozinha, mesmo com outras crianças por perto. Disperso, brinca sozinho, não permanece mais de dois minutos em cada brinquedo. Afetivo Fica distante, mas volta para próxima da cuidadora a todo instante. Fica sempre próximo da cuidadora Cognitivo Entende e se comunica bem Entende e se comunica bem Descrição Mulata, cabelos castanhos e encaracolados, vestindo calça legging, camiseta de manga comprida e tênis. Branco, cabelos castanhos, vestindo bermuda, camiseta e tênis. 8 Tabela 2 – Comparação dois Desenvolvimento Sexo Feminino Masculino Motor Balanço, devagar. Balanço sem medo. Bastante alto. Linguagem Fala pouco, porém sorri. Grita muito, chama atenção do cuidador a todo momento. Social Interage pouco com outras crianças Conversa bastante. Interage com crianças aparentemente mais novas Afetivo Bastante apego ao cuidador Fica sempre próximo da cuidadora Cognitivo Entende perfeitamente o que os familiares e outros colegas estão falando. Entende perfeitamente o que os cuidadores e outros colegas estão falando. Descrição Morena, cabelos castanhos e ondulados, vestindo calça legging, camiseta cinza manga comprida e tênis. Branco, cabelo castanho e liso, vestindo bermuda vermelha, camiseta branca e sandália infantil. 9 Tabela 3 – Comparação três Desenvolvimento Sexo Feminino Masculino Motor Pula, corre, balança sem medo, anda de patinete. Brinca com pedra, brinca de torcer as correntes do balanço. Não consegue se balançar sozinho. Linguagem Bastante comunicativa, sorri e grita bastante. Comunica-se pouco. Grita no balanço. Boa dicção. Social Interage bastante com outras crianças Brinca sozinho, disperso. Afetivo Mantem-se distante dos cuidadores. Fica longe de outras crianças e dos cuidadores. Quando perto, demonstra afetividade abraçando. Cognitivo Entende bem o que outras crianças falam e as conversas Entende bem o que os cuidadores falam Descrição Branca, cabelos longos e loiros, vestindo calça legging, sandálias, óculos, tiara, pulseiras coloridas. Branco, cabelo loiro e liso, vestindo calça de tactel azul marinho com lista branca na lateral, camiseta colorida, tênis. 10 Tabela 4 – Comparação quatro Desenvolvimento Sexo Feminino Masculino Motor Escorregador, sobe escadas Brinca com pedras, se pendura nos brinquedos. Linguagem Bastante comunicativa Fala pouco. Social Brinca sozinha. Durante a brincadeira, fala sozinha. Sorri bastante Sozinho, não interage com crianças desconhecidas. Afetivo Chama a atenção da cuidadora o tempo todo. Interage com o cuidador e com criança mais jovem (aparentemente parente) Cognitivo Fala bem e se comunica bem. Entende e se comunica bem com cuidadores e criança aparentemente mais jovem. Descrição Mulata, cabelos castanhos e encaracolados, vestindo camiseta branca de manga comprida, calça legging florida rosa e lilás, chinelo de dedo azul claro. Branco, cabelos castanhos e curtos, vestindo camiseta azul clara listrada, bermuda azul, calçando chuteira. 11 Tabela 5 – Comparação cinco Desenvolvimento Sexo Feminino Masculino Motor Corre, pula, alimenta-se sozinha com talheres convencionais Corre, pula, brinca de lutas com crianças aparentemente mais velhas Linguagem Comunica-se bem, mas as palavras não são muito claras. Comunica-se bem com os cuidadores e crianças das mais diversas idades. Grita bastante, boa dicção. Social Interage com crianças mais novas e mais velhas. Interage com outras crianças, aparentemente mais velha. Afetivo Orienta os mais jovens durante as brincadeiras Não houve demonstração de carinho para com os cuidadores Cognitivo Compreende comandos (ordens) dos cuidadores Compreende comandos (ordens) dos cuidadores Descrição Negra, cabelos castanhos e encaracolados, vestindo bermuda azul, camiseta vermelha e sandálias. Moreno, cabelos castanhos e encaracolados, vestindo fantasia de Homem de Ferro e tênis. 12 Tabela 6 – Comparação seis Desenvolvimento Sexo Feminino Masculino Motor Brinca casinha de boneca, pinturas nas telinhas, brincadeiras com bonecas e blocos de encaixe. Brinca mais com blocos de encaixe, carrinhos e bonecos de personagens. Linguagem Boa comunicação verbal. Boa comunicação verbal. Social Preferência por interação com outras crianças do mesmo sexo. Há uma competição por brinquedos, mas têm preferência em brincar em grupos do mesmo sexo. Afetivo Demonstra carinho para com os monitores. Não demonstra obediência com os monitores. Cognitivo Entende o que a instrutora pede relacionado às atividades em geral. Entende o que a instrutora pede relacionado às atividades em geral. Descrição Branca, cabelos castanhos e lisos, vestindo vestido florido e sandálias. Branco, cabelos castanhos e lisos, vestindo bermuda jeans, camiseta amarela e tênis. 13 5. DISCUSSÃO DOS RESULTADOS Tabela 1 - Semelhanças entre as crianças de sexos opostos Desenvolvimento Sexo Feminino Masculino Motor Habilidades de movimentos gerais. Habilidades de movimentos gerais. Linguagem Boa linguagem. Boa linguagem. Social Interação de grupos do mesmo sexo. Interação de grupos do mesmo sexo. Afetivo Perto ou longe sempre atentos ao cuidador. Perto ou longe sempre atentos ao cuidador. Cognitivo Compreendem o cuidador. Compreendem o cuidador. 14 Tabela 2 - Diferenças no desenvolvimento das crianças de sexos opostos Desenvolvimento Sexo Feminino Masculino Motor Não demonstraram dificuldades motoras. Não demonstraram dificuldades motoras. Linguagem Sorriam mais, mas falavam menos. Gritavam o tempo todo. Social Havia mais momentos onde brincavam sozinhas. Brincavam menos sozinhos. Afetivo Chamavam mais atenção de seu cuidador. Eram mais dispersos. Cognitivo Têm clareza de suas aparências e têm autoestima. Posicionam-se em relação aos menores como autoritários. 6. CONCLUSÃO O aprendizado nos auxiliou no recém-ingresso e estudo do desenvolvimento humano específico e geral das teorias e abordagens do desenvolvimento infantil no período escolar. Percebemos que as crianças observadas possuíam comportamento adequado ao esperado durante a segunda infância e que, no geral, demonstravam maior independência e iniciativadurante as atividades livres. Possuíam a tendência de se manterem em grupos do mesmo sexo. Observou-se também que as meninas eram mais atenciosas e delicadas durante a interação com outras crianças enquanto os meninos brincavam de forma mais agressiva. 15 Com relação às características cognitivas, em ambos os sexos a capacidade de compreensão e uso da linguagem estavam bem desenvolvidas, facilitando a interação tanto com os cuidadores quanto com outras crianças. A diferença entre meninos e meninas tornou-se mais evidente durante as escolhas das brincadeiras. A criança quando brinca desenvolve sua imaginação, seu pensamento, seu raciocínio, além de melhorar sua vida social e emocional, e quando convenientemente planejados, são um recurso pedagógico eficaz para a construção do conhecimento. Percebemos que é de extrema importância que a criança tenha a oportunidade de se desenvolver por meio de brincadeiras, pois esta possibilita a ampliação das habilidades motoras, bem como dos aspectos sociais e emocionais. Brincando a criança torna-se criativa, favorece sua autoestima e constrói uma parcela importante de sua personalidade. 16 BIBLIOGRAFIA BEE, H. O Ciclo Vital. Porto Alegre: Artmed, 1997. FRANÇA, V. C. B. A importância do brincar na educação infantil - crianças de 3 a 5 anos. Universidade de Tuiuti do Paraná. Curitiba, 2010. GRIFFA, M.C. Chaves para a psicologia do desenvolvimento. São Paulo: Paulinas, 2001. KOVÁCS, M.J. A Morte e o Desenvolvimento Humano. São Paulo: Casa do Psicólogo. 1992. OSÓRIO, L. C. Adolescente Hoje. Porto Alegre: ArtMed, 1992. PAPALIA, E.D. & OLDS, S.W. Desenvolvimento Humano. – 8ª. Ed. – Porto Alegre: Artmed, 2006. RAPPAPORT, C. R.; FIORI, W. R.; DAVIS, C. Psicologia do Desenvolvimento. São Paulo: EPU, 1981. 5 10 15.
Compartilhar