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AÇÃO TEORIAS SOBRE A NATUREZA JURÍDICA DA AÇÃO Teoria civilista ou imanentista: Nesta época não se considerava o direito processual como um direito autônomo. A ação é imanente ao direito material, faz parte do próprio direito material. Para os adeptos desta teoria a ação não é um direito autônomo, e sim um aspecto do direito material, um anexo. A Polêmica de Windschied-Muther Teoria da ação como direito concreto ou concretista: a ação é um direito autônomo diferente do direito material. A ação é o direito a uma sentença favorável. A parte só teria direito de ação se tivesse o direito material (com a sentença favorável). O direito de ação surge com a violação do direito material. Teoria da ação como direito abstrato ou abstrativista: a ação é um direito autônomo, independente do direito material. Caracterizado como o direito à jurisdição, podendo esta ser favorável ou desfavorável, sem descaracterizar o direito de ação. Teoria eclética ou mista de Liebman(processualista italiano, viveu no período da segunda guerra): ação é um direito a uma sentença de mérito (favorável ou desfavorável). Mas precisa preencher alguns requisitos para que exista o direito de ação: as condições da ação. Esta teoria foi consagrada pelo CPC. Portanto, se não estiverem presentes as condições da ação, não haverá apreciação do mérito. CONDIÇÕES DA AÇÃO Específicas: apenas em algumas situações, para ações específicas. Ex. o prévio depósito nas ações de consignação em pagamento. Genéricas: em todas as situações e tipos de ações, como requisitos para apreciação do mérito POSSIBILIDADE JURÍDICA DO PEDIDO: Elementos Possibilidade de proteção Ausência de proibição É necessidade de que, ao menos em tese, a pretensão do autor seja protegida pelo ordenamento jurídico, ou a inexistência de proibição normativa, expressa ou implícita, quanto ao pedido formulado. Causa de Pedir x Pedido LEGITIMIDADE AD CAUSAM Quem pode figurar como autor e réu Elementos Titulares de uma relação hipotética Desta forma, em princípio, é titular de ação apenas a própria pessoa que se diz titular do direito subjetivo material cuja tutela pede – legitimidade ativa, podendo ser demandado apenas aquele que seja titular da obrigação correspondente – legitimidade passiva. Deve-se notar que a palavra ação pode ser usada e compreendida em vários sentidos, podendo ser entendida como um direito, um poder, uma pretensão ou ainda como o correto exercício de um direito anteriormente existente. A ação é considerada como sendo o direito ao exercício da jurisdição ou a possibilidade de exigir sua atuação. Segundo o principio da inércia, a utilização desse direito é necessária ao exercício da função jurisdicional, que, de outra forma, não poderá ser exercida. Fundamentos teóricos da ação Deve-se considerar a ação, portanto, como o direito à prestação da jurisdição, favorável ou não, àquele que a provoca. Tal direito possui condições impostas ao seu exercício que, se não satisfeitas, o impossibilitam. Com fundamento no Art. 5º, XXXV, CRFB, a ação propicia a garantia da tutela jurisdicional efetiva, que permite ao titular do direito obter à proteção de seu direito material. Em se tratando do direito à atuação jurisdicional, deve ser entendido que a ação serve ao interesse público de garantir o direito a quem de fato o possui, preservando a ordem na sociedade. Tal entendimento foi construído pela doutrina até se chegar à atual concepção do “direito de ação”, que é, inicialmente, identificado com o direito material litigioso. Posteriormente, evoluiu para um estágio de autonomia em relação ao direito material, criando uma base para o desenvolvimento do direito processual nessa área. As Teorias da ação quanto à sua natureza jurídica Alcançado certo consenso em relação ao conceito de ação como direito, grandes juristas propuseram teorias acerca da natureza jurídica de tal direito. Essas teorias servem para auxiliar a compreensão da evolução da ciência e do caminho percorrido até se chegar ao entendimento adotado no nosso Código de Processo Civil, de 2015. Teoria imanentista, civilista, ou clássica Essa teoria tem como origem e base o direito romano. Para ela, a ação nada mais é do que o próprio direito material, ajuizado em decorrência de ameaça de dano ou de dano efetivo. Logo, não poderia haver ação que não versasse sobre direito material, já que ele seria o foco e o agente dela. Assim, considerando que o direito de ação é decorrente do direito material, compreende-se a ação como emanação do direito material. Teoria do direito concreto de ação (teoria concreta) Em 1885, Adolph Wach, na Alemanha, reconheceu a relativa independência entre o direito de ação e o direito subjetivo material, encerrando assim o domínio da teoria clássica. Segundo ele, sendo pretensão de tutela jurídica, a ação é um direito público ao exercício da jurisdição, sujeitando o demandado ao dever de obedecer a suas determinações. Essa concepção trazia a consequência de que, embora separado do direito material discutido, o direito de ação se restringia a quem tivesse razão. Isso quer dizer que o direito só teria existido se houvesse sentença favorável. A teoria afirmava que somente existia direito a ação quanto houvesse uma proteção ao direito subjetivo. A maior importância dessa teoria foi a separação entre o direito de ação e o direito material. Teoria da ação como direito potestativo Uma variante da teoria concreta condiciona a existência do direito de ação à obtenção de uma sentença favorável estando sujeita às mesmas críticas daquela teoria. De acordo com Chiovenda, a ação pode ser definida como o “poder jurídico de dar vida à condição para a atuação da vontade da lei”, ou seja, o direito de fazer a lei agir para preservar um direito em face de um opositor que deve obedecer a determinação legal. A ação era considerada um direito (direito potestativo) independente do direito material, sendo o direito do autor de submeter o réu aos efeitos jurídicos pretendidos. Logo o direito de ação é contra o réu e não contra o Estado. Teoria da ação como direito abstrato Essa teoria define ação como um direito do indíviduo perante o Estado de exigir que lhe seja prestada a atividade jurisdicional. Isso impõe ao réu o dever de comparecer em juízo e acatar a decisão proferida. Desse modo, se desvincula ainda mais o direito de ação do direito material discutido. Isso porque o direito de ação, de prestação da jurisdição, seria realizado mesmo que o autor seja considerado não detentor do direito material discutido. Teoria Eclética Elaborada por Liebman, essa variante da teoria abstrata considera que o direito de ação é o “direito ao processo e ao julgamento do mérito”, e não garante ao autor o provimento da demanda. Essa teoria tem como principal diferencial a criação das chamadas condições da ação, que são requisitos de admissibilidade de uma ação. Na ausência das condições da ação, o juiz não está obrigado a julgar o mérito do processo, podendo extingui-lo sem seu exame. Logo, trata-se de um direito abstrato capaz de provocar o exercício da jurisdição. A ação é compreendida como o direito de obter o julgamento do mérito pedido, independentemente do resultado da demanda, desde que observadas as condições da ação. É então um direito subjetivo instrumental, já que independe do direito subjetivo material, embora seja conexo a ele. Essa teoria prevaleceu por muitos anos, durante toda a vigência do CPC de 1.973. O novo CPC, de 2015, retira um pouco da importância das condições da ação, permitindo o exame do mérito para beneficiar o réu, mesmo que essas não se encontrassem preenchidas. CAPACIDADE PARA SER PARTE CAPACIDADE PROCESSUAL CAPACIDADE POSTULATÓRIA Capacidade processualé uma aptidão genérica para agir em juízo por si só (quem não é absolutamente ou relativamente incapaz tem capacidade processual). Com efeito, a capacidade para ser parte refere-se à possibilidade de o sujeito apresentar-se em juízo como demandante ou demandado, isto é, como autor ou réu em uma ação processual. Essa espécie de capacidade liga-se à existência de personalidade civil. A capacidade postulatória é a aptidão para requerer perante os órgãos estatais investidos da jurisdição. INTERESSE DE AGIR Necessidade / utilidade Elementos Adequação Consiste na utilidade potencial da jurisdição. Vale dizer, a jurisdição deve ser apta a produzir alguma vantagem ou benefício jurídico. Utilidade da jurisdição: NECESSIDADE - a jurisdição tem que ser indispensável, imprescindível para alcançar essa utilidade. ADEQUAÇÃO – o procedimento e o provimento requerido tem que ser adequado. ELEMENTOS DA AÇÃO (IDENTIFICAÇÃO DA AÇÃO) Os elementos da ação servem para individualizar as ações, permitindo-se determinar ações idênticas, distintas ou parcialmente idênticas. A razão para isto é de ordem prática, proporcionando a solução dos problemas de litispendência, coisa julgada, competência (conexão e continência) etc. A doutrina costuma apontar como elementos da ação: As partes A causa de pedir Os pedidos AS PARTES São autor e réu. Ou seja, aquele que pede a prestação jurisdicional; e o em face de quem é pedida a proteção jurisdicional. A teoria da individualização, adotada na Itália, teve como precursor Chiovenda que entendia que seria suficiente ao autor exprimir, na inicial da demanda, o conteúdo do direito deduzido, ou seja, os fundamentos jurídicos de seu pleito, sem a necessidade de menção aos fatos que teriam dado origem a este direito. Já, pela teoria da substanciação, além da dedução do conteúdo do direito, ou seja, dos fundamentos jurídicos da pretensão, seria imprescindível a indicação, quando da propositura da ação, dos fatos originários da relação substancial trazida a juízo, a causa de pedir remota. Os processualistas brasileiros, em sua maioria, sustentam que o Código de Processo Civil adotou teoria da substanciação quanto à causa de pedir e, sequer faz diferença entre direito absoluto e direito relativo a fim de estabelecer a necessidade da explicitação da causa de pedir remota, visto que, para o processo brasileiro a inicial deve, sempre, conter fatos e fundamentos jurídicos do pedido, sob pena de inépcia. Não basta, portanto, no direito processual brasileiro, a exposição da causa próxima – os fundamentos jurídicos, a natureza do direito controvertido – é necessário a exposição da causa remota – o fato gerador do direito. CAUSA DE PEDIR É o porquê se pede, o motivo, a razão o fundamento do pedido. Fundamentação de fato - fato constitutivo do direito do autor - fato violador do direito do autor Fundamentação de direito PEDIDO Grande importância possui o pedido na ação, uma vez que irá fixar os parâmetros da própria decisão do juiz (princípio da congruência). Causa de pedir: Existem dois tipos: Causa de pedir próxima- identifica os fundamentos jurídicos que justificam o pedido. Causa de pedir remota- são os fatos que constituem o pedido. ▪Ocorre o princípio do “mihi factum, dabo tibi ius” ou seja, da-me os fatos que te darei o direito. O pedido deve ser observado sob dois aspectos: •Pedido imediato: poderá ter natureza cognitiva, executiva ou cautelar; •Pedido mediato:este se referirá ao bem jurídico, objeto que pretende o autor com a demanda Quanto á natureza o pedido imediato poderá ser: Cognitiva- processo de conhecimento, a sentença poderá ser declaratória, constitutiva ou condenatória; Executiva – verifica-se no processo de execução; Cautelar- visa resguardar eventual direito da parte. CLASSIFICAÇÃO DAS AÇÕES A natureza do provimento jurisdicional é também utilizada pela doutrina como ponto de referência para classificar as ações. - é de acordo com o tipo de tutela jurisdicional buscada que se classificam as ações. Tutelas jurisdicionais: - tutela cautelar - tutela de conhecimento - tutela de execução Tutela cautelar Calamandrei diz que a cautelar caracteriza-se como uma instrumentalidade ao quadrado. Seria, portanto, o instrumento do instrumento, pois a tutela cautelar seria um instrumento para o processo porque garantiria um resultado útil do processo. Tutela de conhecimento Será conhecido com segurança não só a pretensão do autor como a resistência que lhe opõe o réu, isto é, a lide posta em juízo. Classificação: Trinaria - tutela declaratória - tutela constitutiva - tutela condenatória Tutela declaratória: o juiz declara a existência ou inexistência de uma relação jurídica (direito) ou a autenticidade/falsidade de documento (art. 4º CPC). Tutela constitutiva: o juiz constitui, desconstitui, conserva ou modifica uma relação jurídica. Tutela condenatória: o juiz constitui um título executivo. Sua característica é a formação de um título executivo. A REFORMA DO CPC A Lei 11.232/2005 deu uma nova roupagem à execução de título judicial Liquidação de sentença e execução de título judicial deixaram de ser processos autônomos. Transformaram-se em fases, etapas seguintes à sentença. Portanto, não há citação para o executado pagar, e sim intimação. CONDIÇÕES DA AÇÃO ◼ Se faz necessária a toda ação a realização de 3 condições ◼ A possibilidade jurídica do pedido, o interesse de agir e a legitimidade, embora, no CPC de 2015, a primeira condição não esteja mais prevista expressamente ◼ O interesse de agir é a condição da ação referente à necessidade de valer-se do exercício da jurisdição para a realização da pretensão do autor. ◼ sempre que o autor só puder obter a concretização de sua pretensão pela via do judiciário, ele teria interesse de agir. ◼ Deve estar presente a utilidade: ◼ somente há interesse se o processo é útil para o fim almejado. ◼ Essa necessidade caracteriza-se pela impossibilidade de obtenção ou realização da pretensão do autor por outro meio licito, pela necessidade de maior segurança em relação a um determinado ato ou ainda por determinação legal no caso de ações declaratórias que por vezes tem como fato pretendido já realizado e o que se deseja é a segurança jurídica que uma decisão judicial daria a esse fato. ◼ A ultima condição da ação é a legitimidade das partes para estar em juízo, legitimidade ad causam, compreendida como relação subjetiva da parte com a lide objeto do processo. ◼ Isso significa que as partes devem, em regra, ser os mesmos sujeitos da relação de direito material discutida. ◼ Logo, somente alguém presente na relação de direito material pode propor ação e indicar o réu da mesma relação jurídica. ◼ Essa condição possibilita algumas exceções legais, denominadas legitimidade extraordinária, previstos no Art.18 do CPC de 2015. Teoria da Asserção ◼ A teoria da asserção, criada para lidar com dificuldades geradas pela teoria eclética de Liebman, defende que o juiz deve realizar o exame das condições de ação pelas assertivas (afirmações) apresentadas pelo autor em sua petição inicial. ◼ Passado esse momento inicial e percebendo juiz a ausência das condições da ação, ele deve julgar o mérito, rejeitando o pedido do autor. ◼ Há quem entenda, no entanto, que a asserção não é suficiente para demonstrar a presença das condições da ação. ◼ Para esse entendimento, é necessário um mínimode provas que demonstrem a veracidade das asserções do autor. ◼ Segundo o CPC atual, pode-se dizer que tal risco é reduzido, pois, ao longo do processo de produção de provas, o juiz poderia declarar a carência de ação. ◼ A posição predominante na direito processual brasileiro é a do exame das condições conforme dispostas na inicial sem extensão probatória, pois, a partir do momento em que o juiz autoriza a produção de provas, já estará ingressando no mérito da causa. ◼ Entende-se que a carência de ação não se confunde com a improcedência do pedido, já que não há exame de mérito, constituindo apenas coisa julgada formal. ◼ Assim, uma vez reconhecida, não obsta a que o autor renove seu pedido por meio de um novo processo que, por sua vez, preencha tais condições.