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AULA 2 Os Behaviorismos Behaviorismo de Watson[523] 20 08

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21/08/2018
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Prof. Ms. Paulo Eduardo da Silva
Os Behaviorismos:
Behaviorismo de Watson
TEORIAS E SISTEMAS EM PSICOLOGIA
Indicado por alguns como o fundador do behaviorismo (e.g.,
Bergmann, 1956; Buckley, 1989) e por outros criticado como uma
figura que mais atrapalhou do que ajudou o desenvolvimento desse
movimento (e.g., Marr, 2013), John Broadus Watson foi, certamente,
uma figura marcante na história do movimento behaviorista em
específico e da psicologia em geral.
(ZILIO, CARRARA & COLS, 2016, p. 133)
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Apesar de sua reconhecida importância, o behaviorismo clássico ainda
é muito mal caracterizado tanto na literatura leiga como nos livros de
introdução e de história da psicologia.
São diversos os erros presentes na literatura no que diz respeito à
caracterização do behaviorismo de Watson ou à descrição e
interpretação de seus estudos específicos.
(ZILIO, CARRARA & COLS, 2016, p. 133)
John B. Watson (1878-1958): Biografia
• John Broadus Watson nasceu em 9 de janeiro de 1878, em
uma área rural isolada de Greenville, na Carolina do Sul.
• Aos 16 anos, Watson tornou-se sub-freshman da Furman
University, ainda em Greenville, e, em 1899, aos 21 anos, se
formou mestre em filosofia na mesma universidade.
(ZILIO, CARRARA & COLS, 2016, p. 134)
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John B. Watson (1878-1958): Biografia
• A experiência na Furman University mostrou a Watson o
universo de possibilidades que se criou nos Estados
Unidos da América da virada do século: um universo que
valorizava a ambição por reconhecimento e sucesso
individuais.
• Watson, tal como muitos em sua geração, ajustou-se 
facilmente a esses ideais (Buckley,1989).
(ZILIO, CARRARA & COLS, 2016, p. 134)
John B. Watson (1878-1958): Biografia
• Três semanas após a morte de sua mãe e depois de um
ano atuando como diretor de uma pequena escola do
interior da Carolina do Sul, Watson se vê insatisfeito com
as oportunidades que sua vida trazia e decide investir em
sua formação numa grande universidade.
• Por meio da intervenção do reitor da Furman University,
Watson consegue uma bolsa de estudos e se muda para
Illinois, para estudar na University of Chicago sob
orientação de James Angell (1869-1949). (ZILIO, CARRARA & COLS, 2016, p. 134)
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John B. Watson (1878-1958): Biografia
• Em Chicago, Watson estuda filosofia com John Dewey
(1859-1952) e, seguindo um conselho de Angell, obtém
um minor degree em neurologia sob orientação de Henry
Donaldson (1857-1938) e Jacques Loeb (1859-1924)
(Buckley, 1989; Morris & Todd, 1999).
• Em 1903, defende sua tese de doutorado na qual avalia a
relação entre o desenvolvimento neurológico de ratos
brancos e a aprendizagem associativa (Watson, 1903).
(ZILIO, CARRARA & COLS, 2016, p. 134 -135)
John B. Watson (1878-1958): Biografia
• Watson permanece mais cinco anos nessa universidade
como assistente de pesquisa de Angell. Nesse período,
casou-se com Mary Amélia Ickes (1885-1973), com quem
teve dois filhos.
• Em 1908, James M. Baldwin (1861-1934) o convida para
trabalhar como full professor (professor titular) da Johns
Hopkins University e Watson se muda para Baltimore.
(ZILIO, CARRARA & COLS, 2016, p. 135)
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John B. Watson (1878-1958): Biografia
• Durante os anos como professor assistente em Chicago,
Watson estudava exclusivamente o comportamento
animal.
• Como um grande defensor da utilização do método
experimental na psicologia, ele desenvolveu estudos em:
• Psicologia Comparada
• Percepção
• Psicofísica
• Etologia 
(ZILIO, CARRARA & COLS, 2016, p. 135)
John B. Watson (1878-1958): Biografia
Watson descreve as propostas de psicologia dessa
época, em especial o estruturalismo de E. B. Titchener
(1867 1927) e o funcionalismo americano, como
psicologias mentalistas, que em última instância
tomavam a consciência como objeto de estudo,
adotavam a introspeção como método e eram
comprometidas com alguma espécie de dualismo (...)
(ZILIO, CARRARA & COLS, 2016, p. 135)
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John B. Watson (1878-1958): Biografia
Criticas realizadas por Watson a cerca do estruturalismo
e do funcionalismo:
• Impossibilidade de se realizar acordo entre
observadores em seus experimentos;
• Apenas o próprio sujeito teria acesso à própria
consciência;
• Replicações seriam incapazes de reproduzir resultados.
(ZILIO, CARRARA & COLS, 2016, p. 135)
John B. Watson (1878-1958): Biografia
Estudando animais, Watson encontrou respostas
cientificamente consistentes para perguntas
similares àquelas que alguns dos psicólogos
introspeccionistas faziam, mas sem precisar
recorrer à introspecção ou ao subjetivismo.
(ZILIO, CARRARA & COLS, 2016, p. 135)
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John B. Watson (1878-1958): Biografia
Sua confiança na possibilidade de se produzir uma
ciência objetiva do comportamento (Buckley, 1989)
e seu conhecimento de diversas críticas publicadas a
respeito da psicologia introspeccionista
Incentivaram Watson (1913) a publicar o artigo
Psychology as the Behaviorist Views It, que ficou
conhecido como o manifesto behaviorista.
(ZILIO, CARRARA & COLS, 2016, p. 135)
WATSON, John B. Clássico traduzido: a
psicologia como o behaviorista a vê.
Temas psicologia, Ribeirão Preto , v. 16, n.
2, p. 289-301, 2008 .
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“A psicologia, tal como o behaviorista a vê, é um ramo puramente objetivo e
experimental da ciência natural. A sua finalidade teórica é a previsão e
controle do comportamento. A introspecção não constitui parte essencial de
seus métodos e o valor científico de seus dados não depende do fato de se
prestarem a uma fácil interpretação em termos de consciência... A Psicologia
terá que descartar qualquer referência à consciência... ela já não precisa iludir-
se que seu objeto de observação são os estados mentais”
(Watson, 1913, p. 158, 163)
John B. Watson (1878-1958): Biografia
Watson defendeu nesse artigo, uma Psicologia:
• Objetiva;
• Pautada nas ciências naturais;
• Empiricista e;
• Antimentalista .
(ZILIO, CARRARA & COLS, 2016, p. 135)
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John B. Watson (1878-1958): Biografia
A publicação do manifesto, em 1913, tem sido
indicada como o marco histórico do surgimento
do behaviorismo.
Com ele Watson tornou públicas as bases de sua 
proposta para uma psicologia científica.
(ZILIO, CARRARA & COLS, 2016, p. 136)
John B. Watson (1878-1958): Biografia
Nas primeiras décadas do século XX, nos Estados
Unidos, a psicologia buscava sua autonomia
em relação à filosofia e à fisiologia, e encontrou
na aplicação do conhecimento psicológico uma
via importante para demarcar essa autonomia
(ZILIO, CARRARA & COLS, 2016, p. 136)
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John B. Watson (1878-1958): Biografia
Na tentativa de validar sua teoria, Watson
se engaja em uma série de estudos
envolvendo o comportamento humano.
(ZILIO, CARRARA & COLS, 2016, p. 135)
John B. Watson (1878-1958): Biografia
Dentre eles, o famoso estudo do "pequeno 
Albert" sobre condicionamento de emoções. 
(Watson & Rayner, 1920).
(ZILIO, CARRARA & COLS, 2016, p. 137)
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VÍDEO – O PEQUENO ALBERT
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John B. Watson (1878-1958): Biografia
Apesar de um conjunto de pesquisas,
Watson não teve a oportunidade de
desenvolver melhor o suporte empírico de
sua teoria em razão de problemas pessoais.
(ZILIO, CARRARA & COLS, 2016, p. 137)
John B. Watson (1878-1958): Biografia
No ano de 1920, a então esposa de Watson
descobre que seu marido está tendo um
caso com uma de suas alunas.
(ZILIO, CARRARA & COLS, 2016, p. 137)
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John B. Watson (1878-1958): Biografia
Rayner, além de uma alunada universidade,
era neta de um dos maiores benfeitores da
Johns Hopkins University, e a esposa de
Watson era irmã de um advogado e político
conhecido, que viria a ser secretário do
interior no governo Roosevelt.
(ZILIO, CARRARA & COLS, 2016, p. 137)
John B. Watson (1878-1958): Biografia
(ZILIO, CARRARA & COLS, 2016, p. 137)
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John B. Watson (1878-1958): Biografia
Watson recorre, então, a um antigo conhecido,
William I. Thomas (1863-1947), que conseguiu
contatos na J. Walter Thompson, uma das maiores
multinacionais americanas da área do marketing,
o que garantiu sua nova carreira profissional.
(ZILIO, CARRARA & COLS, 2016, p. 137)
John B. Watson (1878-1958): Biografia
Apesar do distanciamento da academia e, em especial,
a despeito de não ter produzido novos dados que
sustentassem suas proposições teóricas, foi depois de
sair da Johns Hopkins University que Watson escreveu
a maior parte dos seus textos sobre behaviorismo.
(ZILIO, CARRARA & COLS, 2016, p. 138)
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John B. Watson (1878-1958): Biografia
As publicações de Watson após 1920 tornaram-se,
entretanto, cada vez mais polêmicas e menos
baseadas em dados, especialmente aquelas
direcionadas ao público leigo (Logue, 1994).
(ZILIO, CARRARA & COLS, 2016, p. 138)
John B. Watson (1878-1958): Biografia
Watson defendeu, por exemplo, que os pais não
deveriam mimar seus filhos para não criar adultos
manhosos e dependentes, que o contato físico entre
mãe e criança deveria se resumir a procedimentos de
higiene, apertos de mão, tapinhas nas costas e, em
casos extremos, um beijo na testa antes de dormir
(ZILIO, CARRARA & COLS, 2016, p. 138)
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DÚVIDAS ?
O Behaviorismo clássico e o estudo do comportamento
No behaviorismo clássico, o comportamento deveria ser entendido como 
objeto próprio de estudo e não como um meio para se acessar outros 
eventos, os conteúdos mentais.
Partindo dessa concepção, Watson incluiu na noção de comportamento 
também os eventos internos e privados.
(ZILIO, CARRARA & COLS, 2016, p. 140)
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O Behaviorismo clássico e o estudo do comportamento
No behaviorismo clássico, o comportamento deveria ser entendido como 
objeto próprio de estudo e não como um meio para se acessar outros 
eventos, os conteúdos mentais.
Partindo dessa concepção, Watson incluiu na noção de comportamento 
também os eventos internos e privados.
(ZILIO, CARRARA & COLS, 2016, p. 140)
O Behaviorismo clássico e o estudo do comportamento
“Vamos nos limitar às coisas que podemos observar, e formular leis sobre
apenas essas coisas. Agora, o que podemos observar? Bem, podemos
observar comportamento - aquilo que o organismo faz ou fala. E permita-
me propor o ponto fundamental de uma só vez: que falar é fazer - isso é,
comportar-se. Falar abertamente ou para nós mesmos (pensamento) é
apenas um tipo de comportamento tão objetivo quanto beisebol.”
(Watson, 1930, p. 6, itálico do original)
(ZILIO, CARRARA & COLS, 2016, p. 140-141)
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O Behaviorismo clássico e o estudo do comportamento
Sendo o behaviorismo "um ramo experimental puramente
objetivo das ciências naturais (...) [tem como] seu objetivo teórico
(...) a previsão e controle do comportamento"
(Watson, 1913, p. 158).
(ZILIO, CARRARA & COLS, 2016, p. 141)
A metafísica do behaviorismo clássico
O antimentalismo watsoniano, que consistia na negação da mente
e da consciência como objetos de estudo, é uma das
características mais ressaltadas do seu sistema teórico.
(ZILIO, CARRARA & COLS, 2016, p. 142)
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A metafísica do behaviorismo clássico
Skinner (1959) sugere que uma das principais contribuições de 
Watson foi aplicar a psicologia humana as noções de que somos 
animais, e que nossos processos mentais podem ser explicados 
sem recorrer à mente enquanto entidade. 
(ZILIO, CARRARA & COLS, 2016, p. 142)
A metafísica do behaviorismo clássico
É importante ressaltar, entretanto, que "descartar" ou "abandonar" 
termos subjetivos não significa que os processos aos quais tais 
palavras se referem foram ignorados. 
É o caráter mental e cientificamente inacessível deles que é 
questionado. 
(ZILIO, CARRARA & COLS, 2016, p. 142)
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A metafísica do behaviorismo clássico
Watson inclui em seus textos explicações sobre as emoções, o 
pensamento, a imaginação, o "planejamento mental", ideação 
suicida, desejos sexuais e outros. 
(ZILIO, CARRARA & COLS, 2016, p. 142)
O desafio metodológico do behaviorismo clássico
Em quase todos os seus livros, Watson inclui uma seção para
discussão dos métodos apropriados no estudo do comportamento.
As estratégias específicas para esse estudo, contudo, variam ao longo 
da sua obra. 
(ZILIO, CARRARA & COLS, 2016, p. 144)
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O desafio metodológico do behaviorismo clássico
Estratégias utilizadas:
• O uso de labirintos e de caixas problema;
• O método da discriminação;
• O condicionamento pavloviano de respostas motoras ou viscerais;
• O uso de testes psicológicos (visando estudar relato verbal);
• Arranjo de condições sociais específicas e verificação das respostas
produzidas por essas situações (experimentação social);
• Observação do comportamento no ambiente natural.
(ZILIO, CARRARA & COLS, 2016, p. 144)
DE COMUM
NESSES MÉTODOS ESPECÍFICOS 
É O SEU EMBASAMENTO NA 
OBSERVAÇÃO DIRETA 
O desafio metodológico do behaviorismo clássico
A variedade de métodos adotados é coerente com interesses
amplos no estudo do comportamento. Afinal, o behaviorismo
clássico incluía a ambiciosa pretensão de "revelar os fatores
envolvidos no desenvolvimento e regulação do comportamento
humano, desde sua infância até a velhice"
(Watson, 1917, p. 336).
(ZILIO, CARRARA & COLS, 2016, p. 144)
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Behaviorismo clássico, adaptação e hábito
Tal como muitos dos aspectos do seu sistema teórico, a teoria sobre
a formação de hábitos de Watson foi modificada durante sua carreira
Watson (1914) entendia que as ações humanas eram divididas em 
hábitos e instintos
(ZILIO, CARRARA & COLS, 2016, p. 145)
Behaviorismo clássico, adaptação e hábito
Esses tipos de comportamento diferiam quanto à sua origem:
 Instintos eram herdados
 Hábitos eram aprendidos
(ZILIO, CARRARA & COLS, 2016, p. 145)
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Behaviorismo clássico, adaptação e hábito
Watson sugere que os hábitos se formavam por meio de
procedimentos de tentativa e erro, que se consolidavam em função
das características de recência e frequência das respostas
apresentadas pelo organismo.
(ZILIO, CARRARA & COLS, 2016, p. 145)
Behaviorismo clássico, adaptação e hábito
Watson sugere que os hábitos se formavam por meio de
procedimentos de tentativa e erro, que se consolidavam em função
das características de recência e frequência das respostas
apresentadas pelo organismo.
(ZILIO, CARRARA & COLS, 2016, p. 145)
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Behaviorismo clássico, adaptação e hábito
CURVA DE APRENDIZAGEM
Behaviorismo clássico, adaptação e hábito
TE
M
P
O
TENTATIVAS
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Decorrências culturais do behaviorismo clássico
Resumindo as características mais marcantes do
behaviorismo clássico de Watson:
 O apelo por uma psicologia objetiva
 Abandono da introspecção como método
 Adoção do comportamento como objeto de estudo, 
 Defesa de que comportamento é essencialmente reflexo 
 Adoção da previsão e controle como objetivos teóricos e práticos
(ZILIO, CARRARA & COLS, 2016, p. 150)
Decorrências culturais do behaviorismo clássico
As abordagens críticas da contribuição de Watson para o desenvolvimento
do behaviorismo têm sugeridoque as afirmações mais ofensivas e menos
baseadas em dados foram em grande parte responsáveis pelos preconceitos
que existem em relação a todo o movimento behaviorista ainda hoje.
(ZILIO, CARRARA & COLS, 2016, p. 150)
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DÚVIDAS ?
REFERÊNCIAS
CARRARA, K. & ZILIO, D. (Orgs) Reflexões históricas e conceituais. Vol 1ªed. São Paulo: Editora
Paradigma, 2016. (Capítulos 1 e 6)
CARRARA, K. & ZILIO, D. (Orgs) Reflexões históricas e conceituais. Vol 1ªed. São Paulo: Editora
Paradigma, 2017. (capítulo 5)
SCHULTZ, D. P. & SCHULTZ, S. E. História da Psicologia Moderna. 9ªed. São Paulo: Thomson
Learning, 2011. (Capítulos 10 e 11).

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