Buscar

Apostila da I unidade - completa.doc

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 46 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 46 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 46 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

DIREITO TRIBUTÁRIO
Prof.: José Gomes de Britto Neto
Aluna: Caroline dos Santos Pereira
Curso: Direito
Disciplina: Direito Tributário
Professor: José Gomes
25/07/2011	
Apresentação da disciplina: programa e cronograma no Magister.
1ª Unidade: * Sistema Tributário Nacional (arts. 145 a 162 da CF):
		- Competência;
		- Limites ao poder de tributar (Princípios Constitucionais Tributários);
		- Regras de repartição de receitas tributárias.
2ª Unidade: * Obrigação tributária:
		- Forma;
		- Sujeitos;
		- Responsabilidade;
		- Domicílio.
		* Crédito tributário:
		- Cobrança da obrigação;
		- Lançamento;
		- Prescrição e decadência;
		- Suspensão da exigibilidade do crédito;
		- Extinção do crédito;
		- Exclusão do crédito.
* Bibliografia básica: Eduardo Sabbag.
1ª UNIDADE
INTRODUÇÃO
Não se deve confundir tributo com imposto, taxa, contribuição... o tributo é receita tributária; é o gênero. Os demais são espécies de tributos. O Direito Tributário estuda os tributos, não os impostos.
O tributo, como arrecadação de receita para o Estado, surge no Direito Romano. O tributo existe desde que o Estado existe como ente política e juridicamente organizado, por isso remonta ao período romano. Antes de o Estado existir como ente politicamente organizado, havia sociedades primitivas que viviam dentro de cada grupo/tribo, em situação de autossubsistência. A questão da busca por alimentos, terras, riquezas... essas relações existiam dentro de cada grupo. Eram sociedades que não precisavam de dinheiro; não tinham quem administrasse ou gerisse esses recursos; viviam isoladamente, baseados na pesca, por exemplo. As relações existiam dentro de cada grupo, que era autossuficiente.
A ideia de tributo começou a existir no Direito Grego, por causa da evolução comercial e do crescimento populacional dessas sociedades primitivas, pois as sociedades passaram a sentir a necessidade de arrecadar outros recursos para subsistir, para adquirir novas terras, e até mesmo para financiar a defesa contra outros povos. Com a necessidade de expandir o comércio, passa a existir as relações com outras sociedades. Para financiar a expansão, as guerras, a aquisição de novas terras, criou-se o tributo, que era a contribuição que cada pessoa tinha que dar para o Estado que estava se formando juridicamente. Para isso, o Estado exigia do povo parcelas do seu patrimônio: joias, bens, qualquer coisa que correspondesse a uma riqueza econômica. Em troca, o Estado prometia algumas melhorias e dizia que ia proteger os cidadãos, inclusive contra invasores que quisessem tomar suas terras. De certa forma, era uma relação contratual. Essa é a primeira noção de tributo, que era algo primitivo, pois não havia leis. Era algo absoluto, pois era imposição do rei; ele dizia quanto precisava e os soldados saiam arrecadando com uma cesta, chamada “fisco” (por isso o uso atual da palavra como ente arrecadador). 
Somente no Direito Romano (após o Direito Grego), o tributo passou a ter uma organização jurídico-administrativa. Na época de Justiniano, o tributo passou a ser legislado. Também nesse direito, o tributo era arrecadado da mesma forma: por imposição do rei, para custear armas, defesa... a diferença é que era legislado, mas era absoluto, não havia controle de limitação.
A primeira mudança do ponto de vista de arrecadação deu-se em 1525, na Inglaterra, com a Carta de João Sem-Terra. Passou a haver uma limitação ao poder do rei no tocante à cobrança de tributos. Com essa Carta, ele poderia cobrar tributos dos cidadãos, mas os mesmos deveriam ser aprovados previamente por um Conselho formado por pessoas do clero e da nobreza. Esse Conselho auxiliaria o rei na hora de instituir e cobrar tributos. Era uma forma de evitar o exagero do rei, limitando o seu poder absoluto. Trata-se, segundo alguns, do primeiro arcabouço jurídico do Princípio da Legalidade Tributária, pois nenhum tributo poderia ser cobrado antes de prévia aprovação legal (como se fosse um Congresso). Isso se deu por conta da revolta dos barões de terra, que estavam sofrendo com altas cobranças impostas pelo rei. A partir daí, toda a Europa passou a adotar o modelo de arrecadação de tributos da Inglaterra. Na Idade Média, isso passou a ser o novo panorama da tributação.
27/07/2011
EVOLUÇÃO DO TRIBUTO
- Europa: criação dos conselhos em toda a Europa, paulatinamente, a partir de revoltas isoladas, para quebrar o poder absoluto do rei no momento de impor o tributo. Tinha que haver algum crivo/critério para que não houvesse a cobrança exacerbada. Eram formados por pessoas do clero e da nobreza e funcionavam como um órgão que auxiliava o Estado no momento de impor a tributação. Deveria haver prévia autorização do conselho para que o rei pudesse cobrar o tributo. Ao longo do tempo, muitas das mudanças no sistema de tributação ocorreram em razão de revoltas populares. A Revolta do Chá, assim como a Inconfidência Mineira, foi motivada pela tributação.
- Revolução Francesa: somente após esta revolução, o sistema tributário mundial passou a ter nova conotação. Naquela época, a França vivia o Iluminismo, que pregava a autonomia e individualidade das pessoas. A Constituição Francesa privilegiou os preceitos da igualdade, da liberdade, da autonomia da vontade, da individualidade... a liberdade era no sentido de haver o mínimo de intervenção estatal possível. Surgia o liberalismo.
- Estado: com o liberalismo, passou a ser visto apenas como um ente que prestava os serviços essenciais à população, a exemplo da saúde, educação e saneamento básico. São serviços imprescindíveis, pois visam ao bem comum. Isso acarretou uma diminuição forçada na imposição de tributos.
- Atividade financeira: o Estado passou a organizar sua atividade financeira, voltada para atingir o bem comum, que se consubstanciava nas necessidades essenciais da população daquele período. Cada atividade financeira era particular, por isso o Estado passou a atuar de forma mais coesa.
- Tributação: passou a ser um meio de arrecadação de recursos financeiros para que o Estado pudesse atingir o seu fim (bem comum). A partir desse momento, a tributação passou a ser voltada para a arrecadação de recursos financeiros (dinheiro, e não mais entrega de bens). Não havia mais a cobrança pelos soldados “de porta em porta”. A cobrança passa a ser compulsória; o cidadão tem que pagar. Os conselhos fortificaram-se, passando a ter representatividade maior e a burguesia passou a participar dos mesmos. A tributação passou a ser mais organizada e democrática. Passaram a surgir os primeiros códigos tributários. Todos deveriam contribuir para a proteção do Estado, o que era um interesse de todos. Por isso, era obrigatória. Hoje, a ideia é a mesma, mas o sistema é muito mais complexo por conta do aumento populacional e das mudanças das necessidades públicas.
- Receita pública: é a receita tributária custeada pelos cidadãos. É a principal fonte de recursos do Estado atualmente. Sãos o recursos que o Estado obtém para custear suas necessidades, e o tributo é uma de suas fontes, mas não a única. O tributo é um tipo de receita pública. Na verdade, o Estado pode ter receita pública originária e derivada. 
* Originária: é a receita que o Estado adquire quando contrata diretamente com o indivíduo. Decorre, portanto, de uma relação contratual. É adquirida de forma livre, autônoma. É como se o Estado estivesse agindo na qualidade de empresário, negociando e contratando, a exemplo do que ocorre na cessão de uso de bem público mediante remuneração e na alienação de bem público, assim como quando adquire empréstimos. Deve atuar pautado pelos princípios do Direito Administrativo.
* Derivada: o tributo é uma receita pública derivada, pois decorre de uma parcela da riqueza e do patrimônio do cidadão, que paga de forma obrigatória. O tributo incide sobre tudo o que é economicamente valorado.
DIREITO TRIBUTÁRIO
- Conceito: é o ramodo direito público que regulamenta, através de lei, as formas de arrecadação de receita pública, em pecúnia e compulsória, para custear as despesas públicas essenciais, visando a atingir o fim da atividade estatal, que é a realização do bem comum. 
O Direito Tributário passou a ser visto como um conjunto de normas que visa a regulamentar a arrecadação de receita pública (derivada).
É um ramo novo na ciência jurídica, que passou a surgir a partir do momento em que houve a necessidade de o Estado regulamentar a receita pública derivada. A atividade financeira não é composta apenas de tributação. Por isso, diz-se que o Direito Tributário nasceu do Direito Financeiro, que estuda a atividade financeira do Estado, analisando a arrecadação de todos os tipos de receita pública, bem como o planejamento de gasto dessa receita (orçamento público), além das despesas públicas e o crédito público. O Direito Tributário estuda apenas um tipo de receita pública, a derivada, e não se preocupa com a forma como o dinheiro será gasto.
- Objeto de estudo: o Direito Tributário estuda a instituição, a arrecadação, a fiscalização e a cobrança do tributo. Quando o dinheiro entra nos cofres públicos, passa a incidir o Direito Financeiro, que estuda toda a atividade financeira do Estado.
- Posição do Direito Tributário no ordenamento jurídico brasileiro: o Direito Tributário tem uma ligação muito forte com o Direito Financeiro, já que nasceu deste. Com o Direito Constitucional, a ligação está na criação do Sistema Tributário Nacional, que traz a convicção de que o Direito Tributário é uma ciência autônoma, possuindo regras próprias e princípios específicos. O Direito Constitucional traz como garantias individuais as garantias do contribuinte (cláusulas pétreas). O STN traz, na CF, as regras de repartição da receita tributária. Também com o Direito Administrativo o Direito Tributário mantém relação, em razão de os entes políticos serem os únicos que podem instituir tributos, são os credores dos tributos. Como agente ativo, o Estado deve sempre seguir as regras da Administração Pública, bem como seus princípios. O Estado não pode renunciar a receita tributária; é crime de responsabilidade do gestor e viola flagrantemente a Lei de Responsabilidade Fiscal. O Direito Tributário também se relaciona com o Direito Penal, pois prevê os crimes contra a ordem tributária.
TRIBUTO
- Conceito: art. 3º do CTN; “tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, prevista em lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada”.
Desse conceito, extrai-se as seguintes características: 
a) O valor a ser arrecadado tem que ser pecúnia (dinheiro); 
b) o pagamento do tributo é compulsório, o cidadão não pode deixar de pagar (e o Estado não pode deixar de receber, pois não há discricionariedade); 
c) o pagamento é em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, mas isso não autoriza o Estado a receber bens, mercadorias, prestação de serviços, mas autoriza que o Estado pode criar mecanismos de atualização do cálculo do tributo para facilitar a arrecadação e a cobrança. A legislação tributária autoriza o Estado a criar um índice econômico (de correção monetária e atualização) que autorize o aumento do tributo, a fim de evitar que surjam repetidas leis que instituam aumento de tributos. Além da criação de índices, o Estado está autorizado a receber o tributo indiretamente, como ocorre quando a empresa compra os lacres para cigarros ou bebidas.
A natureza jurídica do tributo é sempre de obrigação de dar.
1º/08/2011
- Características do tributo: art. 3º, CTN; para ser tributo, tem que possuir as características abaixo.
	a) Prestação pecuniária: a natureza jurídica de tributo iguala-se a uma obrigação de dar quantia certa.
	b) Compulsória: o tributo é sempre obrigatório; não se tem a faculdade de escolher pagar ou não pagar. Ex.: taxa de água e esgoto; o pedágio será tributo quando não houver outra via de acesso para chegar à localidade desejada (se houver outra via, será tarifa). Sobre a água, tem-se também um entendimento de que seria tarifa, já que o Estado não cobra diretamente, delegando à Deso, que é uma sociedade de economia mista, mas esse entendimento não verifica a natureza do serviço em si, pois o fato de o serviço ser prestado por concessionária não descaracteriza a essencialidade e relevância do mesmo. Por isso, deve-se considerar como tributo, e não tarifa, já que o consumidor não tem a opção de escolha; a lei obriga a ter a casa ligada à rede de água e esgoto.
	c) Em moeda: não se pode cumprir com obrigação de fazer como pagamento de tributo; a prestação é sempre pecuniária.
	d) Não seja sanção de ato ilícito: o tributo sempre decorre de uma obrigação lícita prevista em lei; não é pena, não é consequência, nem é multa pelo descumprimento de uma obrigação. Não se pode ter uma norma tributária que decorra de um fato ilícito. Se não há ilicitude na norma que obriga ao pagamento de tributo, o tributo é válido. O tributo decorre de um fato descrito em lei, que deve ser lícito.
	e) Instituído por lei: Princípio da Legalidade Tributária (art. 150, I, CF); do ponto de vista formal, a cobrança de algo mediante decreto, portaria ou Medida Provisória, por exemplo, seria, no mínimo, inconstitucional. Só se pode exigir tributo mediante lei, no sentido formal, seja ordinária ou complementar.
	f) Atividade administrativa vinculada: o tributo é cobrado mediante uma atividade administrativa vinculada. Assim como o contribuinte é obrigado a pagar o tributo, o Estado é obrigado a cobrar o tributo, pois não há discricionariedade na cobrança e fiscalização do tributo; o agente público fiscalizador, quando estiver diante de um contribuinte em débito com o Estado, é obrigado a notificar a autuar o contribuinte a pagar o tributo devido. O gestor público que renuncia ao pagamento do tributo responde pela Lei de Responsabilidade Fiscal. Art. 142, PU, CTN – responsabilidade funcional.
- Classificação dos tributos: pode ser feita através de alguns critérios.
	* Vinculabilidade do tributo: classificação relacionada à atuação estatal diante do contribuinte; o que o Estado faz para o contribuinte para que faça jus ao pagamento do tributo. Segundo essa classificação, o tributo é uma contraprestação.
		a) Vinculado: quando o Estado presta determinado serviço público que possa ser mensurado individualmente pelo contribuinte, devendo este pagar ao Estado o tributo proporcionalmente ao serviço auferido. O contribuinte só é obrigado a pagar o tributo na proporção do serviço que lhe é prestado pelo Estado, individualmente mensurado. Ex.: Taxa de água, pois quanto mais se consome, maior o valor da taxa. É tributo, pois a ligação é obrigatória; ainda que não consuma nada, tem que pagar a taxa mínima. No tributo vinculado, há duas espécies: taxa e contribuição de melhoria, que representam a classificação constitucional e legal.
		b) Não vinculado: o único tributo não vinculado é o imposto, pois o Estado não precisa demonstrar nenhum tipo de atuação específica estatal (benefício específico) em prol do contribuinte. O imposto é arrecadado simplesmente pelo fato de o contribuinte se enquadrar no fato típico tributário descrito na lei, independentemente de o Estado demonstrar que prestou algum serviço. Por isso, a taxa de iluminação pública foi considerada pelo STF como imposto, pois não há como mensurar quem utiliza e o quanto utiliza. Assim, foi considerada inconstitucional e, como os impostos estão previstos na CF, não podendo, em regra, criar outros, não foi criado o imposto de iluminação pública.
	* Constitucional e legal: art. 145, CF; art. 5º, CTN.
		a) Imposto: tributo não vinculado.
		b) Taxa: tributo vinculado.
		c) Contribuição de melhoria: tributo vinculado; é cobrada quando a realização de uma obra pública valoriza individualmente o imóvel do contribuinte. Há a realização do serviçoespecífico pelo Estado e, em contrapartida, o contribuinte paga ao Estado a contribuição de melhoria, proporcionalmente à valorização do imóvel. A lei que institui a contribuição tem que demonstrar o benefício, o ganho que o contribuinte terá com a obra.
	* Pacificamente na doutrina e jurisprudência, não há apenas essas três espécies, pois ainda há os empréstimos compulsórios e as contribuições sociais, elevados à categoria de tributo justamente por preencherem as características acima. As contribuições sociais podem ser: de intervenção do domínio econômico, de categorias profissionais ou econômicas ou de seguridade social.
03/08/2011
HIERARQUIA DAS NORMAS TRIBUTÁRIAS
CF (art. 146, III) CTN Leis (ordinárias e complementares) MP (instituição de imposto) Legislação (normas administrativas).
- CF: é a norma suprema, inclusive para o Direito Tributário. Do art. 146 até o art. 162, tem-se um sistema rígido, fechado, é um sistema constitucional próprio para o Direito Tributário. Existem, nesse capítulo constitucional, princípios exclusivos, que são considerados clausulas pétreas, e o próprio caput do art. 150 dispõe que esses princípios são garantias individuais. É um sistema fechado, que traz princípios específicos, que envolvem exclusivamente a relação Estado x contribuinte. Além disso, também traz princípios decorrentes, os quais reforçam a existência de um sistema constitucional tributário. A CF traz somente as regras máximas, que estão no nascedouro das normas tributárias. Todos os entes que têm capacidade política de legislar devem seguir as normas do STN. Traz também as regras de redistribuição da arrecadação de tributos. É a CF que distribui a competência, quais tributos poderão ser criados, quais tributos as unidades federativas poderão criar, e começa limitando o exercício da competência estatal. Com relação aos impostos, ela traz quais a União poderá criar. Os impostos são os tributos de maior arrecadação financeira do Estado. Para que exista uma harmonia, inclusive na distribuição de renda tributária, a União e os Estados devem seguir as determinações constitucionais. O STN começa autorizando os entes a instituir seus tributos. A CF traz o nascedouro do STN, ela organiza do ponto de vista politico, econômico e administrativo o que os entes devem seguir. Por fim, a CF autoriza a lei complementar a dispor sobre normas gerais em matéria tributária, que seriam aquelas complementares ao STN, que visam a tratar sobre todo procedimento administrativo e legislativo em matéria tributária. 
- CTN: A lei complementar vai dispor sobre o fato gerador de cada imposto, além de trazer a base de cálculo (montante de receita). Deve trazer, ainda, quem são os sujeitos ativo e passivo da obrigação tributário, bem como as regras sobre prescrição e decadência em matéria tributária, e os critérios de fiscalização da Administração Pública em relação ao contribuinte. O CTN é a lei complementar que trata de normas gerais tributárias. É um conjunto de normas que regulamentam de forma ampla e geral todo o sistema tributário brasileiro. O CTN regulamenta o STN, além de harmonizar e igualar os três entes federativos. O CTN, na sua origem, é lei ordinária, mas, a CF atribuiu a disposição das normas gerais à lei complementar (art. 146, III), o que geraria um vácuo, então o CTN foi recepcionado com o status de lei complementar, por força do Princípio da Recepção. Alguns artigos que constam no CTN não foram recepcionados, pois são conflituosos com o STN.
- Leis: ordinárias ou complementares, de cada ente político. É a lei específica de cada ente federado que vai efetivamente instituir e obrigar ao pagamento do tributo. O que não pode é a lei não obedecer às normas gerais do CTN. Poucos tributos são de competência de lei complementar, e esses já são especificados pela CF quando trata da competência. A regra geral é a lei ordinária.
- Medidas Provisórias: tem força de lei, mas não o é, deve ser convertida. É o Executivo legislando em matéria tributária, por isso é temerário. A EC 38/01 alterou o art. 62, que trata de MP, passando a permitir a instituição de impostos por MP. Discutiu-se a constitucionalidade dessa EC, pois viola o Princípio da Estrita Legalidade Tributária, não podendo haver modificação pelo poder constituinte derivado, já que o princípio é cláusula pétrea. O STF já decidiu pela sua constitucionalidade, não admitindo a violação desse princípio. O STF decidiu que pode haver a instituição por MP, mas não a exigência, pois deve ser convertida em lei. É a relação entre o art. 62, I e o art. 150, I, da CF. Os projetos de lei em matéria tributária ficam anos no Congresso, então isso é uma forma de apressar essa apreciação, já que a MP tem que ser decidida logo, e ainda tranca a pauta. A MP só entra em vigor no ano seguinte à sua conversão em lei. A MP tem que ser convertida em lei em até 90 dias e no mesmo exercício financeiro. Se passar, descaracteriza a MP e não a converte em lei, ou converte e o tributo só é cobrado a partir do ano seguinte. Em regra, o tributo só pode ser cobrado no ano seguinte (Princípio implícito da Não Surpresa). Há tributos, entretanto, que podem ser cobrados por MP de imediato, sem a conversão em lei, assim como há aqueles mais urgentes em que as leis que o instituem entram em vigor e eficácia imediata.
- Legislação: a legislação abarca as normas administrativas, que são as expedidas pela Administração Pública tributária no seu poder fiscalizatório. São normas procedimentais, e obrigam o contribuinte a fazer ou deixar de fazer algo, a fim de facilitar a fiscalização tributária.
SISTEMA TRIBUTÁRIO NACIONAL
- Competência: art. 145, CF. Está relacionada com o poder político para legislar, então só tem competência tributária quem tem capacidade de legislar (União, Estados e Distrito Federal e Municípios). A competência tributária é plena quando o ente abarca, sozinho, as funções de instituir, fiscalizar, arrecadar e cobrar o tributo. Às vezes, a União não tem condições de fazer tudo isso, então, fica somente com a parte legislativa (instituir o tributo), delegando para outra pessoa jurídica de Direito Público as funções de fiscalizar, arrecadar e obrar o tributo de sua competência. Delegar a capacidade tributária significa dizer que delegou as funções de fiscalizar, arrecadar e cobrar o tributo. A competência é indelegável! Só os entes federados têm competência tributária, mas outras entidades, a exemplo das autarquias, podem ter capacidade.
* União: pode criar impostos, taxas, contribuição de melhoria, empréstimos compulsórios, contribuições sociais (de intervenção do domínio econômico ou das categorias profissionais ou econômicas, e contribuições de seguridade social). Impostos: II, IE, IPI, IOF, ITF, IR, IGF, IResidual e IExtraordinário. A União abarca 90% da carga tributária do País.
* Estados e Distrito Federal: ICMS, IPVA, ITCMD (Imposto sobre Transmissão Causa Mortis e doação), taxas e contribuição de melhoria. O Distrito Federal, para fins tributários, é equiparado aos Estados, mas, na verdade, tem dupla competência, pois pode legislar sobre tributos estaduais e municipais. 
* Municípios: IPTU, ISS (sobre todos os serviços, salvo os de transporte intermunicipal ou interestadual e os de comunicação, que são cobrados por ICMS), ITBI.
10/08/2011
# O art. 147 da CF trata do Distrito Federal, e também da competência relacionada aos territórios federais, que atualmente não existem no Brasil, porém não é vedada a sua criação. Como se trata de território federal, é totalmente ligado à União, política, administrativa e legislativamente. Assim, território federal é entidade política da União, sendo que esta detém competência para legislar, fiscalizar, cobrar e arrecadar. A União abarca os tributos de competência dos Estados, dos Municípios da própria União. Em relação à população que vive em determinado território federal, a competência para aplicar e fiscalizar os tributos é exclusiva da União, ou seja, os tributos relativosà União, aos Estados e aos Municípios. É como se a União possuísse uma tripla competência. Há uma exceção: se no território federal houver municípios, cada um deles mantém sua competência tributária plena, e a União ficará com os tributos federais e estaduais.
- Espécies de competência:
	* Privativa: é a competência prevista na CF para instituir impostos (tributos não vinculados). Cada ente político já tem seus impostos privativos previstos, por isso, um não pode invadir a esfera do outro.
	* Comum: é a competência para instituir taxas e contribuições de melhoria (tributos vinculados). Não existem taxas ou contribuições de melhoria predeterminadas por critérios políticos, legislativos ou administrativos para cada ente. Por isso, todos podem criá-las. Taxas são vinculadas ao serviço público (ex.: taxa de esgoto), ao passo que contribuições de melhoria são vinculadas a obras públicas que valorizem o imóvel individualmente, então é uma contraprestação em decorrência da valorização.
	* Exclusiva: é a competência para instituir empréstimos compulsórios e contribuições sociais. Na CF, os empréstimos compulsórios estão previstos no art. 148 e só podem ser cridos pela União (exclusiva). Além disso, são de competência de lei complementar. No art. 153, VII, está previsto o Imposto sobre Grandes Fortunas (IGF). Há dois tipos de contribuição social no art. 149, que são as de intervenção no domínio econômico e das categorias profissionais ou econômicas, e o terceiro tipo está no art. 195, que são as contribuições da seguridade social. Há uma exceção quanto às contribuições sociais: os Estados, o DF e os Municípios têm competência suplementar, que é a possibilidade dada pela CF de esses entes instituírem contribuição social para o custeio do regime de previdência dos seus próprios servidores. Ex.: O IPES (Instituto de Previdência do Estado de Sergipe) é recolhido pelo Estado.
	* Residual: prevista no art. 154, I; é a competência para instituir o imposto residual, que faz parte da competência residual, e só pode ser criado pela União, por lei complementar (requer maioria absoluta para sua aprovação), que deve prever um fato gerador (fato descrito na lei como gerador do tributo) e base de cálculo (montante econômico do contribuinte sobre o qual vai incidir o imposto) diferente de qualquer outro imposto previsto na CF, a fim de que não ocorra a bitributação, que é vedada expressamente pela CF. O imposto residual é definitivo, como os outros que a União já possui, por isso, vem a agregar ao rol do art. 153, que já prevê os impostos da União. Ex.: O fato gerador do IPTU é a propriedade de um bem imóvel. A base de cálculo é sobre que parte vai incidir o IPTU, que é 80% do valor da propriedade. Alíquota é o percentual previsto na lei que incide sobre a base de cálculo para se chegar ao montante econômico do tributo a ser pago. O imposto residual tem que preencher três requisitos: ser instituído por lei complementar; descrever o fato gerador e a base de cálculo; não ser cumulativo. Há impostos que incidem uma única vez, e outros que incidem várias vezes, como o ICMS, cujo fato gerador é a circulação de mercadoria. Então, se A vende a mercadoria pra B, há imposto, e se B vende a mercadoria pra C, vai incidir o imposto novamente. Para evitar o prejuízo de C, a lei dispõe que o imposto residual não pode ser cumulativo. Assim, ao vender a mercadoria pra C, vai abater o valor do ICMS pago quando a comprou a A. Ex.: Se o valor da mercadoria é R$ 100,00 e a alíquota do ICMS é 10%, A vende a mercadoria a B por R$ 110,00, repassando para o comprador o valor do imposto. Se B quer vender a mercadoria a C por R$ 200,00, com o ICMS, o valor seria de R$ 220,00. Mas isso não pode ocorrer, pois não pode ser cumulativo. Dentro dos R$ 200,00, já foi pago o ICMS de R$ 10,00 por B. O Princípio da Não Cumulatividade diz que tem que abater o ICMS que já foi pago na etapa anterior. Por isso, o valor correto seria de R$ 210,00.
# Há basicamente quatro elementos que compõem a norma tributária. A lei que cria um tributo, em qualquer esfera, tem que ter, necessariamente, quatro elementos: o fato gerador, que é o fato descrito na lei capaz de gerar a obrigação tributária; a base de cálculo, que é o montante econômico do patrimônio do contribuinte; alíquota, que é o percentual que incide sobre a base de cálculo para se chegar ao tributo a ser pago; e a sanção, que é a penalidade que será aplicada ao contribuinte, caso ele descumpra com sua obrigação tributária. Se a lei não tiver pena, a norma tem a eficácia comprometida. A sanção é um elemento implícito de coercitividade; é como se fosse uma cláusula penal contratual. Quando o fato gerador está previsto na lei de forma impessoal, sendo direcionado para todos, é chamado de hipótese de incidência. Portanto, hipótese de incidência é o fato tributário descrito na lei de forma abstrata. Usa-se o termo “fato gerador” quando o contribuinte realiza, concretiza a hipótese de incidência.
* Extraordinária: prevista no art. 154, II, é a competência da União para instituir o imposto extraordinário, em caso de guerra externa ou iminência de guerra. Como ocorre apenas nesses casos, é um imposto transitório e, por isso mesmo, pode ser idêntico a qualquer outro imposto existente: pode ter o mesmo gerador, a mesma base de cálculo e ser cumulativo, ou seja, não precisa obedecer a nenhuma das regras do imposto residual.
15/08/2011
LIMITAÇÕES CONSTITUCIONAIS AO PODER DE TRIBUTAR
- Princípios constitucionais tributários: são limites constitucionais ao exercício da competência tributária, observando-se que cada ente, ao instituir o tributo, tem que fazê-lo por lei, e esta regra está na própria CF, assim como as limitações. O exercício do poder de tributar não é absoluto, pois é limitado pelos princípios tributários. Se o ente não respeita os limites ao criar o tributo, este já será inconstitucional na sua formação. O caput do art. 150 da CF deixa claro que os princípios são cláusulas pétreas, pois são colocados como garantias individuais do contribuinte, e gozam de rigidez constitucional, nada podendo alterá-los.
* Legalidade: para muitos autores, a legalidade é um princípio geral decorrente, pois decorre do princípio genérico da legalidade disposto no art. 5º da CF. O art. 150, I dispõe que só se pode exigir ou majorar tributos com prévia lei (ordinária ou complementar); é o Princípio da Estrita Legalidade Tributária. Porém, a regra geral conta com quatro exceções, instituídas pelo próprio poder constituinte originário: II (Imposto de Importação), IE (Imposto de Exportação), IPI (Imposto Sobre Produtos Industrializados) e IOF (Imposto Sobre Operações Financeiras). A exceção à legalidade está no sentido de que esses impostos podem ter suas alíquotas alteradas por um decreto do Chefe do Executivo, ou seja, o Presidente da República. Para modificar fato gerador, hipótese de incidência ou base de cálculo, por exemplo, deve haver lei; a alíquota é o único elemento da norma tributária que pode ser alterada por ato do Poder Executivo. 
O tributo pode ter característica fiscal, extrafiscal e parafiscal: fiscal quer dizer que a função do tributo é meramente arrecadatória (arrecadar recursos para o Estado; gerar recursos públicos para custear despesas públicas); extrafiscal quer dizer que, além da mera arrecadação, o tributo tem outra função, sendo utilizado como um instrumento da política econômica e social, um instrumento de fomento para uma determinada atividade econômica produtiva, um instrumento para gerar o desenvolvimento socioeconômico de uma região específica do País, ou um instrumento de controle da balança comercial do País. Esses quatro impostos da exceção à legalidade são considerados impostos de caráter extrafiscal. Se fosse deixar a alteração das alíquotas a critério de lei, a demora no trâmite legislativo seria tão grande, que quando a lei nova entrasse em vigor, já haveria perdido sentido a necessidade da alteração. A função parafiscal é utilizada por alguns tributosque são administrados e arrecadados por entidades paraestatais, como as autarquias, por exemplo. São exemplos de tributos com função parafiscal as contribuições sociais, que são arrecadadas por uma entidade paraestatal específica, que tem capacidade tributária delegada, auxiliando o Estado na prestação dos serviços públicos essenciais. O tributo parafiscal, além da função arrecadatória, tem a administração exercida por uma entidade paraestatal que tem capacidade tributária delegada pelo próprio Estado.
A EC 32/01 modificou a parte do art. 62 da CF que diz respeito às Medidas Provisórias. Com essa mudança, a CF passou a permitir que os impostos pudessem ser instituídos por Medidas Provisórias. Porém, esses impostos instituídos por MP teriam que ser convertidos em lei no mesmo ano (no mesmo exercício financeiro) em que foi editada a MP, para serem cobrados (exigidos) somente no exercício financeiro seguinte. Ou seja, a edição da MP por si só não autorizava a cobrança efetiva dos impostos por ela instituídos. Questionava-se onde estariam a urgência e a relevância para a edição da MP, já que a cobrança do imposto por ela instituída estava sujeita àquelas condições. Chegou-se à conclusão de que a EC não é inconstitucional, pois a cobrança só ocorre após a conversão da MP em lei, como dispõe ser necessário o art. 150, I da CF, não surpreendendo, dessa forma, o contribuinte. A MP apenas institui o imposto, mas a lei em que é convertida autoriza a sua exigência. Há uma exceção: o Imposto Extraordinário, se instituído por MP, pode incidir imediatamente, ainda que a MP esteja sob apreciação do Congresso Nacional. Se o CN decidir que não há necessidade desse imposto, não convertendo a MP em lei, pela própria CF, através de resolução, o CN deve dispor sobre os efeitos da MP, decidindo o que será feito com o tributo já arrecadado. O empréstimo compulsório, para o caso de calamidade pública ou guerra externa (art. 148, I, CF), não pode ser instituído por MP, pois o caput do art. 148 dispõe que essa competência é de lei complementar, e a EC veda expressamente que a MP possa ser utilizada em tributo de competência de lei complementar, a fim de evitar que tributos considerados extremamente incidentes e relevantes sobre a vida das pessoas sejam manipulados por MP de maneira mais rápida. Só podem ser alvo de MP os tributos instituídos por lei ordinária, evitando, assim, que tributos de grande relevância sejam manipulados facilmente.
	* Anterioridade Tributária: a previsão está no art. 150, III, “b” e “c” da CF; é um princípio específico do Sistema Tributário Nacional. Dispõe que todo tributo somente pode ser exigido no exercício financeiro seguinte àquele em que foi publicada a lei que o instituiu ou majorou. Esse princípio vem dar vazão a um princípio implícito do STN (na verdade, é universal, pois todas as legislações tributárias buscam segui-lo), que é o da Não-Surpresa ao contribuinte. Tributo é algo que incide sobre a vida econômica, o patrimônio e a renda do contribuinte, portanto deve-se evitar que o cidadão seja surpreendido pela exigência de um novo tributo ou de um tributo majorado. O Estado pode criar o tributo quando quiser, mas só pode cobrá-lo a partir do exercício financeiro seguinte, para não prejudicar a programação financeira do contribuinte. Para a cobrança, considera-se o momento da publicação da lei.
Observe-se que “exercício financeiro seguinte” não pressupõe o lapso temporal de 365 dias. Diante disso, não seria inconstitucional publicar a lei que institui o tributo no dia 31/12, para cobrá-lo no dia 1º/01, mas defendia-se que essa atitude violava o Princípio da Não-Surpresa. Nesse sentido, foi incluída a alínea “c” no art. 150, que trata da “anterioridade qualificada” ou “noventena”, agregando ao Princípio da Anterioridade Tributária, que é a regra que prevalece. Assim, o tributo só pode ser exigido no exercício financeiro seguinte, desde que haja um intervalo mínimo de 90 dias entre a publicação da lei e o início do exercício financeiro seguinte. A CF não criou um novo princípio, apenas qualificou o Princípio da Anterioridade Tributária já previsto na alínea “b”. Ex.: Se a lei foi publicada em 31/12, o tributo só poderá ser cobrado no final de março ou começo de abril (os 90 dias são contados dia a dia).
Existe, ainda, a Restrita Anterioridade ou Prazo Nonagesimal, que incide apenas nos tributos do art. 195, §6º, CF, que são as contribuições sociais da seguridade social. Qualquer contribuição social da seguridade social, cuja lei foi publicada em qualquer período, entra em vigor 90 dias (corridos) depois da publicação da lei. Ou seja, as contribuições sociais da seguridade social não obedecem ao Princípio da Anterioridade Tributária, mas à Restrita Anterioridade ou Prazo Nonagesimal. Os demais tributos seguem as regras normais (salvo as exceções constitucionais): Anterioridade e, a depender do momento em que foi publicada a lei, noventena.
Exceções constitucionais ao Princípio da Anterioridade Tributária: II, IE, IPI, IOF, IExt (Imposto Extraordinário), empréstimos compulsórios (art. 148, I, que trata de calamidade pública e guerra externa). Quando esses impostos forem instituídos, terão vigência imediata à publicação da lei, sem a necessidade de aguardar o primeiro dia do exercício financeiro seguinte. Ocorre que, após a inclusão da alínea “c”, a situação ficou meio desconexa. Assim, para evitar que se excepcione a Anterioridade, mas permaneça a sujeição à noventena, criou-se exceções a esta última: II, IE, IR (Imposto de Renda), IOF, IExt, empréstimos compulsórios. Observa-se, então, que as exceções à noventena são as mesmas à Anterioridade, salvo por uma mudança: sai o IPI e entra o IR.
17/08/2011
A regra é a anterioridade.
Exceções à anterioridade: II; IE; IPI; IOF; IExt; empréstimo compulsório (art. 148, I).
Exceções à noventena: II; IE; IR; IOF; IExt; empréstimo compulsório (art. 148, I); base de cálculo do IPTU e IPVA (uma lei que altere essas bases não é exceção à anterioridade, mas à noventena).
Exemplos:
1) Uma lei federal majorou o IR, com publicação em 10/12/2010. A partir de quando poderá incidir? Como não é exceção à anterioridade, deve-se respeitá-la, entrando em vigor em 1º/01/2011, ou seja, no exercício financeiro seguinte. Não precisa aguardar os 90 dias, pois o IR é exceção à noventena. Se fosse II, entraria em vigor imediatamente, já que não obedece à anterioridade nem à noventena.
2) Uma lei publicada em 20/11/2010 modificou o IPI. Quando entrará em vigor? 90 dias depois, já que é exceção à anterioridade, mas não é exceção à noventena. Entrará em vigor aproximadamente em 20/02/2011 (tem que contar os dias corridos).
3) Uma lei que modifica o IE, publicada em 10/10/2010, dispõe que só entrará em vigor em 1º/03/2011. A partir de quando poderá ser cobrado o tributo? Em 1º/03/2011, pois, apesar de ser exceção à anterioridade e à noventena, não se pode cobrar uma lei que ainda não está em vigor.
4) Uma lei criou uma contribuição social para arrecadar recursos para a seguridade social em 10/04/2010. Quando essa lei entra em vigor? Pelo Princípio da Restrita Anterioridade (ou Mitigada ou prazo nonagesimal), a vigência e a eficácia ocorrem 90 dias corridos depois da publicação da lei. Não segue nem a anterioridade nem a noventena. Assim, entra em vigor e é eficaz a partir de 10/07/2010.
OBS.: Uma lei que modifique o fato gerador do IPTU ou do IPVA obedece à anterioridade. Há exceção apenas quando se altera a base de cálculo.
	A vigência da lei tributária esbarra no respeito ao Princípio da Anterioridade Tributária. A lei pode estar em vigor, mas ainda não ter eficácia.
	* Irretroatividade: previsto no art. 150, III, “a”; é também uma regra geral sobre legislação tributária e um limite ao poder de tributar; não é um limite ao poder em si, mas ao exercício. A lei tributária não poderá retroagir para atingir fatos geradores ocorridos antes da sua vigência e eficácia. Isso parte do pressuposto de que a lei tributária só poderáatingir os fatos presentes e futuros. É um princípio geral decorrente, pois é regra constitucional que sempre deverá prevalecer a irretroatividade, salvo as exceções legais. Visa à proteção da segurança jurídica, e também ampara o Princípio da Não-Surpresa.
	Ex.: No dia 20/01/2010, o contribuinte praticou o fato gerador do tributo, mas ainda não foi cobrado. Em 25/04/2010, entra em vigor uma nova lei dispondo que para aquele tributo sofrerá redução na base de cálculo em 50%. Se antes o contribuinte deveria pagar R$ 1.000,00, com a alteração, pagaria R$ 500,00. Ocorre que, pelo Princípio da Irretroatividade, a mudança não atinge aquele contribuinte, mesmo que ele ainda não tenha pago o tributo. 
Por mais que a lei nova reduza o tributo, ela não retroage. Não existe retroatividade de lei, mesmo que seja para beneficiar o contribuinte. Em matéria de tributo, sempre prevalecerá a lei vigente à data do fato gerador. Se assim não fosse, o contribuinte ficaria numa constante insegurança jurídica, e isso também poderia privilegiar o inadimplente em matéria tributária. Estaria incentivando a mora, a sonegação fiscal e a inadimplência tributária.
A exceção é em penalidade pecuniária, ou seja, é em matéria de pena. A sanção é pessoal ao contribuinte, é punição, não é tributo. A sanção retroage. A lei tributária posterior à ocorrência do fato gerador somente retroagirá em matéria de penalidade pecuniária, isso se for mais benéfica ao contribuinte.
Ex.: Para o mesmo exemplo, caso o contribuinte não pagasse, incorreria em uma pena de 10% do valor do tributo, então seria R$ 100,00. A nova lei reduziu em 50% o tributo. Com base na lei vigente à época da ocorrência do fato gerador, o tributo a ser cobrado é de R$ 1.000,00, mas, com base na nova lei, a multa a ser cobrada é de R$ 50,00, pois é mais benéfica ao contribuinte. Caso o Estado cobre antes da vigência da nova lei, será o valor maior. Se a nova lei tivesse aumentado a multa, não se aplicaria. Para a penalidade, sempre se aplicará a lei mais benéfica ao contribuinte.
Há outra exceção, quando a lei é interpretativa, não tratando da obrigação em si, reportando-se à lei anterior somente para esclarecer e interpretar a lei anterior. Nesse caso, a lei interpretativa sempre retroagirá, detalhando a abrangência da lei anterior. Essa lei não cria tributos, não modifica nenhum elemento de um tributo já existente, nem altera a penalidade ou a base de cálculo; não altera a substância de um tributo criado anteriormente.
Ex.: Se uma lei tributária vigente atualmente for uma lei dúbia cuja incidência está gerando controvérsias e demandas judiciais, o Estado pode editar uma lei apenas para esclarecer a anterior. Sobre o Imposto de Importação, havia uma dúvida na legislação antiga, que dizia que o fato gerador era a entrada da mercadoria em território nacional. Mas quando se pode considerar que a mercadoria entrou no território nacional? Havia duas interpretações: uma considerava entrar do ponto de vista físico; segundo a outra, só se considera ingressada no território nacional quando a Receita Federal liberar a documentação da mercadoria para que se possa levá-la. Havia essa interpretação dúbia, então, posteriormente, veio uma lei interpretativa para dispor que a entrada em território nacional só se efetiva com a liberação pela Receita Federal. O fato gerador é o desembaraço da mercadoria.
	* Igualdade ou Isonomia: esse princípio também é considerado genérico e decorrente, pois decorre do Princípio genérico da Igualdade, previsto no art. 5º da CF. Portanto, a base desse princípio é a regra contida no art. 5º da CF. O Princípio da Igualdade trata de uma igualdade formal, e não real, pois a lei não pode tratar a todos de forma igual, pois nem todos são iguais. 
a) Em Direito Tributário, o princípio segue o mesmo sentido, tratando de igualdade do ponto de vista formal. Está previsto no art. 150, II da CF. A igualdade formal do Direito Tributário é voltada especificamente para o sistema de tributação. É proibido a qualquer ente federado, dentro de sua competência, dar tratamento tributário diferenciado para os contribuintes que se enquadrem na mesma situação econômica e jurídica-tributária. A proibição atinge também o cargo e a função do contribuinte, bem como o seu tipo de renda, que não podem servir de fator diferenciador. Se A e B ganham a mesma coisa, o tratamento deve ser igual para ambos, independentemente de um exercer função diferente do outro. Essa diferenciação geraria uma discriminação de pessoas que estão sob o mesmo fato gerador.
	A lei tributária deve incidir de forma idêntica para todos os contribuintes que praticaram o mesmo fato gerador e se enquadram na mesma situação econômica. Uma lei que diferencie o tratamento por função, cargo ou renda, por exemplo, será inconstitucional, pois viola o Princípio da Isonomia.
	b) A igualdade também tem o aspecto material. O Princípio da Igualdade ou Isonomia está sendo respeitado simplesmente se o aspecto formal está sendo respeitado. O aspecto material é uma complementação do Princípio da Igualdade para que a tributação alcance uma maior justiça fiscal em relação ao contribuinte.
	Ex.: Imposto de Renda – “A” ganhou R$ 2.000,00 e “B” ganhou R$ 5.000,00 (são fatos econômicos). A lei que regulamenta o IR dispõe que o fato gerador é “adquirir renda”, então essa lei incide para qualquer pessoa que adquirir renda. A lei vai ser aplicada para “A” e “B” da mesma forma, e isso é a igualdade formal, pois os dois vão ser alvo da lei. Mas há também a igualdade material, que é uma tentativa do Estado em buscar um equilíbrio material e econômico na arrecadação tributária para trazer para o contribuinte a justiça fiscal. Cobra-se mais tributo daquele que tem mais condições de contribuir; cobra-se menos tributo daquele que tem menos condições de contribuir. Por isso, a lei criou alíquotas progressivas para o IR, de acordo com o montante da renda que o contribuinte vai auferindo. Essas faixas são progressivas e revistas a cada ano. Atualmente, é isento aquele que ganha até R$ 2.800,00. A igualdade material é uma forma de cobrar o imposto de forma diferenciada, de acordo com a capacidade econômica de cada contribuinte.
22/08/2011
	* Não Confisco: também chamado de Princípio do Efeito Não Confiscatório. Previsto no art. 150, IV da CF, é mais uma garantia individual do contribuinte. É um direito que não pode ser suprimido/retirado nem por força de emenda constitucional. Garante o direito do contribuinte de não ser tributado em seu patrimônio de forma que essa incidência venha a ter uma característica de confisco, perdendo grande parte de sua riqueza ou patrimônio. Ou seja, visa a evitar que a tributação que incide sobre o patrimônio ou a riqueza do contribuinte seja caracterizada como um confisco. O confisco existiria no caso de apoderação do patrimônio ou riqueza do contribuinte sem que existisse nenhum tipo de contrato, de ajuste. 
	Analisando a relação tributária, poder-se-ia dizer que o próprio tributo já é um confisco, já que é cobrado unilateralmente. Não há vontade do contribuinte para gerar a obrigação do recolhimento do tributo; a incidência é coercitiva e obrigatória. Mas não é confisco, pois é uma contraprestação ao serviço prestado pelo Estado, mesmo que não haja contrato.
	Confisco é apropriar-se unilateralmente do patrimônio do cidadão. Mas o que diferencia o confisco do tributo? O tributo é legal, possui previsão constitucional... mas pode ser que o ente competente possa utilizar esse tributo para, dentro de sua legalidade, confiscar o patrimônio do contribuinte. O que era uma mera arrecadação de receita, uma contrapartida do contribuinte, pode privar o contribuinte das suas necessidades básicas, quando ultrapassado o limite. O ente público às vezes pode exagerar na hora de legislar sobre determinado tributo, ultrapassando o limite admitido. Tem-se que analisar a partir de quando a incidência do tributo pode vir a gerar o confisco do patrimônio do contribuinte.
	O tributoconfiscatório não seria um tributo independente, mas a carga tributária como um todo que recai sobre o patrimônio do contribuinte. Se essa carga tributária for elevada ao ponto de retirar do contribuinte o necessário para sua subsistência, então essa carga tributária poderá ser considerada confiscatória. O contribuinte pode pedir o redimensionamento do tributo, provando judicialmente que a carga tributária está prejudicando sua subsistência. Não existe uma regra universal sobre o que vem a ser confisco; isso tem que ser analisado caso a caso. 
	* Ilimitabilidade do Tráfego de Pessoas e Bens Mediante Cobrança de Tributos: esse princípio também exerce mais uma limitação ao poder de tributar, mais um limite ao exercício da competência tributária. Na verdade, ele restringe e proíbe aos entes políticos competentes que limitem o tráfego/trânsito de pessoas e bens, com base na cobrança de tributos. O princípio vem corroborar com os princípios gerais da CF, como o da liberdade, o direito de ir e vir de forma livre e plena. Esse princípio veda que a tributação possa incidir no trânsito de pessoas e bens; visa a garantir a liberdade e o direito de ir e vir do contribuinte. Veda que os entes competentes venham a instituir um tributo cujo fato gerador recaia sobre o livre trânsito de pessoas e bens. 
O pedágio é a única exceção a esse princípio; pedágio pode ter natureza tributária ou não, a depender da forma como incide. Se a única estrada de acesso é a que tem o pedágio, este pode ter natureza de tributo, pois a sua exigência é obrigatória, já que o contribuinte não tem outra escolha. Por outro lado, pode ser contraprestação a serviço público (conservar a via pública, por exemplo). Se houver a possibilidade de outra via de acesso à localidade desejada sem pedágio, este deixa de ser compulsório e, sendo utilizada a via com pedágio, este assume a natureza de tarifa ou preço público, sendo o preço que se paga para ter o serviço à disposição. Nesse caso, portanto, é facultativo. O pedágio até viola o livre tráfego de pessoas e bens, mas é uma exceção constitucional.
- Imunidades: regra que está presente no art. 150, VI, alíneas “a”, “b”, “c” e “d” da CF. Apesar de as imunidades estarem dentro do rol do art. 150, que traz todos os princípios vistos acima como limites do poder de tributar (e não proibição), elas não são limites ao poder de tributar, pois não o restringe. Na verdade, a imunidade é uma proibição, uma vedação completa ao poder de tributar. Não é um princípio, é muito mais forte que um princípio. Alguns autores dizem que imunidade é uma verdadeira competência negativa, sendo o oposto da competência constitucional, pois, enquanto a CF, no art. 145, distribui a competência tributária aos entes federados, a imunidade exclui essa competência, na medida em que proíbe que esses entes possam sequer criar tributos sobre determinadas situações. Portanto, as regras de imunidade tributária só podem estar previstas na CF, já que a competência é uma regra constitucional. Não existe a menor possibilidade de uma lei conceder imunidade tributária. Jamais o ente federado pode, através de lei, imunizar determinada atividade ou determinado contribuinte. Quem dá competência é a CF, então só quem pode excluí-la é a CF. A imunidade proíbe a criação da lei, a existência e regulamentação do tributo; proíbe o exercício da competência tributária. Por isso, a imunidade está na mesma linha hierárquica da competência. É a vedação constitucional ao exercício da competência tributária diante de determinadas pessoas ou atividades, em que a CF resolveu excluir a incidência de alguns tributos. As imunidades só se aplicam aos impostos.
	* Imunidade recíproca: é a proibição constitucional de os entes políticos competentes cobrarem impostos uns dos outros sobre o patrimônio, a renda e os serviços. Essa imunidade foi criada para que não se perdesse a finalidade tributária. Ex.: A União não pode comprar IR sobre a renda dos Estados; o Estado não pode cobrar IPVA sobre os veículos dos Municípios; o Município não pode cobrar IPTU sobre um prédio da União. Nenhum ente pode comprar imposto um do outro, mas apenas aqueles que incidem sobre o patrimônio, a renda e os serviços. Exs.: ICMS, ISS, IR... Se incidissem os tributos, seria retirada grande parte dos recursos do ente. A imunidade recíproca é extensiva às autarquias e fundações instituídas ou mantidas pelo Poder Público. SOMENTE impostos sobre patrimônio, renda e serviços públicos. 
As autarquias e fundações públicas são instituídas por lei e têm natureza de pessoa jurídica de direito público. Por isso, gozam da mesma imunidade recíproca que os entes competentes: Não se pode tributar impostos sobre o patrimônio, a renda e os serviços da autarquia ou fundação. 
E sociedades de economia mista? Também fazem parte da Administração Indireta, embora sejam pessoas jurídicas de direito privado. Em regra geral, não gozam de imunidade recíproca, pois são de direito privado e muitas delas atuam apenas na atividade econômica do mercado, concorrendo com outras empresas privadas. Muitas sociedades de economia mista e empresas públicas atuam desenvolvendo atividades econômicas, concorrendo com outras empresas privadas, e não prestando serviços públicos. Se incidisse a imunidade, estar-se-ia interferindo na livre concorrência, na competitividade com as outras empresas privadas do mercado. Elas até podem gozar da imunidade recíproca, mas apenas quando forem prestadoras de serviço público. Ex.: Empresa de Correios e Telégrafos, que é empresa pública, pois prestam serviço público, inclusive em sistema de monopólio. Outro exemplo é a Infraero.
24/08/2011
	* Imunidade dos templos de qualquer culto: prevista no art. 150, VI, “b”. É uma regra de exclusão da competência para tributar os templos, compreendidos como locais onde se exerce atividade religiosa, qualquer que seja o culto ou religião, para não gerar discriminação ou violência à isonomia. É uma regra que veio privilegiar a liberdade de crença e o exercício de atividade religiosa, sem que ocorra qualquer limitação estatal. Desde que se caracterize como um templo, goza dessa imunidade. É semelhante à imunidade recíproca, pois também está restrita aos impostos que incidem sobre o patrimônio, a renda e os serviços do templo. Não pode sequer haver a possibilidade de a lei tributária colocar os templos como sujeitos passivos da obrigação de pagar impostos relacionados ao patrimônio, à renda e aos seus serviços.
	É uma imunidade relativa, pois pode ser quebrada se ficar demonstrado que o templo desviou de sua finalidade essencial. As imunidades prevalecem enquanto os templos estiverem atendendo à sua finalidade essencial. Ex.: Um carro que pertence a uma paróquia, quando vendido, passa a ser objeto de IPVA, pois desviou da atividade do templo. Não importa que o carro continue em nome da igreja, se desviou da sua finalidade, a imunidade é extinta. Portanto, a imunidade é relativa, embora seja presumida. A renda do templo também goza de imunidade, não sendo tributada por IR, desde que seja revertida para as atividades do templo. Cabe ao Poder Público competente fiscalizar essa situação, exercendo o seu poder de polícia fiscalizatório. Porém, os templos têm que, anualmente, provar ao Município que continuam como templos, requerendo a manutenção da imunidade, o que é errado, pois a imunidade se opera de pleno direito, desde que se caracterize como templo. Cabe ao Poder Público fiscalizar, não é certo fazer isso.
	* Imunidade...: abrange um maior número de beneficiados; está prevista no art. 150, VI, “c”; incide sobre os partidos políticos, entidades sindicais de trabalhadores e entidades de assistência social e educacional sem fins lucrativos. Essa imunidade também tem as mesmas características das anteriores; o que muda são as pessoas que a elas estão sujeitas. Atingem impostos que incidem sobre patrimônio, renda e serviço, desde que os sujeitos atendam às suas finalidades essenciais. 
Essa imunidade veio para trazer umacorroboração à livre associação partidária, livre manifestação de ideias e pensamentos político-partidários. Por isso, também não há limitação à criação dessas entidades, desde que atendam aos requisitos legais. Alguns autores criticam, mas como somente a CF pode prever imunidades, apenas as entidades sindicais de trabalhadores gozam dessa imunidade.
Para as entidades educacionais e de assistência social, a regra é que não gozem de imunidade, somente sendo por ela alcançadas se demonstrarem que a atividade de sua finalidade essencial não é lucrativa. Elas são tributadas, a não ser que requeiram o enquadramento como entidades de finalidade não lucrativa. Se a entidade se enquadrar, a imunidade também incide sobre patrimônio, renda e serviços. 
Mas quando ocorre a finalidade não lucrativa? Quando há o preenchimento dos três requisitos previstos no art. 14 do CTN. 1) Não pode haver distribuição de lucro entre os sócios ou terceiros no resultado da atividade financeira. 2) Toda a receita auferida deverá ser aplicada dentro do território nacional e nas finalidades da própria instituição. 3) Manter os livros fiscais e contábeis da entidade dentro das formalidades legais. Para as entidades manterem a finalidade não lucrativa, devem preencher os três requisitos. Não ser lucrativa não quer dizer “não ganhar dinheiro”. Os colégios ligados a atividades religiosas, tais como o Arquidiocesano e o Salesiano, também gozam dessa imunidade.
* Imunidade sobre livros, jornais, periódicos e o papel destinado à sua impressão: é uma imunidade que também veio para reforçar a liberdade de culto, de acesso à cultura, que deve ser veiculada para todos indistintamente. É uma forma de baratear os custos, para que atinja mais pessoas. É uma imunidade objetiva, porque independe do conteúdo divulgado nos livros, jornais e periódicos. Recentemente, o STF decidiu que revistas em quadrinhos também gozam dessa imunidade, pois é um instrumento de aprendizado para as crianças. Como o conceito de cultura é muito amplo, os quadrinhos são uma de suas formas.
Essa imunidade difere das outras, pois incide sobre quaisquer impostos, sem qualquer limitação. O STF decidiu que os livros eletrônicos também gozam dessa imunidade, com o argumento de que quando a CF foi promulgada, a internet não estava difundida como meio de comunicação, devendo o Direito evoluir com o passar do tempo. A produção é atingida pela imunidade, as fábricas são tributadas, até porque as máquinas pertencem ao ativo da empresa, podendo, inclusive, ser objetos de venda.
Art. 195, §7º, CF: deve-se entender o termo “isentas” como “imunes”, pois a isenção só pode se dar por lei do ente competente para criar e administrar o tributo. O art. 151, III da CF dispõe que o poder de isentar é inerente ao poder de tributar. Isenção significa exclusão do crédito tributário; o Estado exclui do contribuinte a obrigação de pagar o crédito. O §7º é uma imunidade que se aplica às contribuições sociais da seguridade social, para as entidades beneficentes de assistência social, que não têm fins lucrativos.
29/08/2011 (copiado de Ítala)
OUTROS PRINCÍPIOS ESPECÍFICOS
- Aplicam-se especificamente ao Direito Tributário (não são decorrentes).
* Uniformidade: todo tributo de competência da União deve incidir de maneira uniforme, em todo o território nacional, salvo a concessão de benefícios fiscais para a promoção do desenvolvimento sócio-econômico regional. Esse princípio aplica-se exclusivamente aos tributos de competência da União e, por isso, é um principio específico. Serve para corroborar o fato que todo tributo de competência da União deve ter o mesmo tratamento em todo o território federal, independentemente de onde o fato gerador seja encontrado. Ex.: A União não pode cobrar o ITR de um valor no Sul e outro no Nordeste.
A exceção a essa regra é a concessão de benefícios fiscais. Observe-se que conceder benefício fiscal está relacionado diretamente com a isenção tributária. Isentar um contribuinte de recolher um tributo é o mesmo que excluir o crédito tributário deste contribuinte, dispensá-lo do pagamento devido; o contribuinte se obrigou a recolher aquele tributo, mas, por força de lei posterior, este contribuinte ficou isento do pagamento. Isenção não se confunde com a imunidade, pois, enquanto esta é uma regra constitucional, aquela é uma matéria de lei. A imunidade é uma retirada de competência, pois proíbe alguém de tributar, evita que possa ser criado um tributo sobre aquela situação que a Constituição imunizou. Por isenção, tem-se a exclusão do dever de pagar o tributo; a isenção exclui o próprio crédito tributário. 
Para falar em isenção, o tributo pode ser cobrado sobre aquela situação, entretanto, mesmo ele existindo e podendo ser cobrado, algumas categorias de contribuintes podem ser beneficiadas com o não pagamento do tributo. Só quem pode isentar é a própria lei do mesmo ente que instituiu tal benefício. Para que uma lei, em qualquer esfera, possa isentar, deve existir uma motivação. Para alguns, a isenção causa uma violação ao Principio da Isonomia Tributária e, por isso, ela deve ser motivada. Por trás dessa motivação é que está a ideia de concessão do benefício fiscal, voltado para a diminuição da desigualdade sócio econômica. A isenção (art. 151, III) não viola a isonomia, mas busca alcançá-la, tratando de forma diferenciada pessoas com circunstâncias diferentes. Ou seja: a isenção quando é concedida, não é para dar tratamento diferenciado a contribuintes, mas para dar um tratamento diferenciado, pois são contribuintes que se encontram numa situação sócio econômica diferenciada. A isenção busca alcançar a isonomia quando dá o tratamento diferenciado a pessoas que se encontram numa situação diferenciada. 
A isenção não é uma afronta à CF e geralmente é concedida com prazo determinado. A regulamentação da isenção está no CTN. Quando concedida por prazo indeterminado, a isenção só pode ser revogada por outra lei. A isenção pode ser condicionada; a lei que a impõe estabelece condições para que haja a manutenção do benefício. Se o contribuinte mantiver os requisitos, a isenção é mantida; caso não os mantenha, o beneficio é retirado.
* Não Diferenciação Tributária: por este princípio, os Estados e o DF não podem dar tratamento tributário diferenciado a bens ou serviços em razão da sua origem ou do seu destino. Este princípio envolve os tributos estaduais, tais como o ICMS. Ex.: O Estado não pode, no âmbito de sua competência, cobrar ICMS diferenciado em razão da origem ou do destino da mercadoria. É semelhante ao Princípio da Uniformidade, mas se aplica no âmbito estadual. Dar tratamento diverso a uma mesma categoria de bens, levando em conta o destino ou a procedência dos mesmos, seria uma afronta ao Princípio da Isonomia.
* Seletividade: é exceção ao Princípio da Não Diferenciação Tributária. Este princípio é aplicado apenas a dois impostos, o IPI e o ICMS, sendo que, para o primeiro, a aplicação é obrigatória, ao passo que, para o segundo, a aplicação é facultativa.
O Princípio da Seletividade diz respeito à estipulação de alíquotas diferenciadas em razão da essencialidade do produto ou da mercadoria, sempre que possível tributando mais aqueles produtos considerados nocivos, e tributando menos os produtos considerados essenciais. Isso é uma obrigação no âmbito federal, visto que o IPI incide na própria fabricação do produto. Já o Estado tem a obrigação de manter seu ICMS. O selo também é uma maneira de aplicação desse tributo.
* Princípio da Progressividade: este princípio diz respeito à aplicação de alíquotas maiores à medida que se majora a base de cálculo, gerando, assim, o respeito ao Princípio da Capacidade Contributiva (progressividade com função fiscal). O Princípio da Progressividade também pode ser aplicado em caráter extrafiscal, ou seja, majorando-se as alíquotas de determinado tributo, com a finalidade de se atingir a função social de determinada atividade do contribuinte (progressividade com função extrafiscal).A progressividade fiscal é a primeira parte do conceito, e significa aumentar a alíquota através do aumento da base de cálculo. Capacidade contributiva é a capacidade de o contribuinte poder contribuir com parcela de seu patrimônio para o Estado. O princípio vem para atingir essa capacidade contributiva, tirando mais de quem tem mais, e menos de quem tem menos rendimento tributável, a exemplo do que ocorre com o Imposto de Renda.
A progressividade extrafiscal não tem nada a ver com capacidade contributiva. É a cobrança de alíquotas cada vez maiores para que se possa forçar o contribuinte a atingir determinada finalidade contributiva que o tributo exige. Ex.: O IPTU, pois, pela CF, é possível a cobrança de alíquotas progressivas, tendo como motivo o alcance da função social da propriedade. Sendo assim, se determinado proprietário de imóvel urbano não está dando ao mesmo a finalidade social adequada, prevista em lei municipal, o Município pode criar e cobrar IPTU progressivo no tempo (ou seja, alíquotas cada vez maiores) ao proprietário até que este adeque seu imóvel à finalidade social prevista. No caso do IPTU, podem até incidir as duas funções da progressividade, pela razão acima exposta e pela localização do imóvel, por exemplo. Isso serve também para o ITR, no âmbito federal, manter a propriedade rural atendendo à sua finalidade social.
No âmbito federal, tem-se o IPI, o IOF, o II, o IE, além do ITR e IR; no âmbito, municipal, tem-se o IPTU progressivo; no âmbito estadual, tem-se o IPVA (EC 42/03).
05/09/2011
Diferença entre a progressividade e o Princípio da Proporcionalidade: na progressividade, há um aumento de alíquota à medida que se aumenta a base de cálculo; quanto maior a parcela do patrimônio, maior a alíquota do imposto; é uma forma de atingir o Princípio da Capacidade Contributiva. Na proporcionalidade, a alíquota é fixa, o que varia é a base de cálculo. Ex.: O IPTU pode ser um imposto proporcional; há uma previsão legal de que pode ser cobrado em razão da localidade do imóvel. O imóvel que fica em uma zona economicamente privilegiada pode ter uma base de cálculo menor, mas a alíquota é a mesma. Se o imóvel da periferia custa R$ 100.000,00 e o da zona privilegiada também, ainda assim o IPTU pode ser diferenciado, pois a base de cálculo pode ser diferente, 50% para um e 80% para outro, por exemplo. A alíquota não muda, mas quando é aplicada sobre bases de cálculo diferenciadas, então o imposto será diferente.
* Princípio da Não Tributação das Rendas Públicas: é um princípio que veda que as rendas ou dívidas públicas da União, dos Estados, do DF e dos Municípios sejam alvo de tributação. Esse princípio evita que a União, por exemplo, que tem competência para cobrar o IR, cobre este imposto sobre a renda dos Estados, do DF e dos Municípios, pois acabaria desvirtuando a finalidade da tributação, que é formar receita pública para custear despesas dosserviços públicos. A renda pertencente a cada ente federado é intocável, e pertence aos próprios entes arrecadadores.
* Princípio de que a Isenção é Inerente ao Ente Competente: só quem pode conceder uma isenção é o próprio ente competente, em relação àquele tributo que quer isentar. O poder de isentar é inerente ao poder de tributar. A União só pode isentar tributos de sua própria competência, assim como os Estados e Municípios. A isenção só pode ser concedida pelo próprio ente político que tem competência para legislar sobre aquele tributo que se quer isentar. Isso também reforça a ideia de que a isenção só pode ser concedida por lei, não pela CF, que só pode imunizar. A isenção é uma exclusão do crédito; o Estado está deixado de cobrar, desobrigado o contribuinte do pagamento. A isenção pressupõe a competência e a existência do tributo; é um benefício fiscal para que haja uma redução na carga tributária do contribuinte, para que este possa desenvolver sua atividade econômica, gerando um crescimento social, econômico, regional, produtivo, gerando renda e emprego em determinado região do País. Se por lei se cria e se exige o tributo, só por lei pode ocorrer a isenção. A imunidade proíbe que haja uma lei criando um tributo sobre aquela situação que a CF imunizou; a imunidade está no âmbito da competência.
REGRAS DE REPARTIÇÃO DE RECEITA TRIBUTÁRIA
A União, os Estados, o DF e os Municípios, quando recebem, em seus cofres, o dinheiro da receita tributária, antes de ocorrer a aplicação nas despesas públicas, a CF prevê que ocorra a repartição tributária. A União deve passar parte dos tributos arrecadados para os Estados e Municípios; os Estados devem fazer o mesmo em relação aos Municípios. É uma forma de buscar uma maior isonomia entre os três entes públicos competentes. A União tem a maior gama de tributos na sua esfera de competência; os Estados só possuem três impostos (ICMS, IPVA, e Imposto de Transmissão por “Causa Mortis”), mas a arrecadação é bem grande por causa do ICMS; os Municípios só têm o IPTU, o ITBI (incide na transferência da propriedade) e o ISS, portanto são os menos privilegiados, e alguns não arrecadam nem o próprio funcionamento do Município ou o suficiente para manter a folha de pagamento. A CF, então, determina que os entes que ganhem mais repassem uma parte dos tributos para aqueles que ganhem menos.
1) Participação Direta: os Estados, o DF e os Municípios vão ser os detentores de tudo o que for arrecadado a título de Imposto de Renda Retido na Fonte (IRRF) sobre os rendimentos pagos a qualquer título aos seus servidores. O IRRF é retido no momento do pagamento do salário do empregado, seja de empresa privada ou funcionário público. No contracheque, vem o valor bruto e já fica retido a contribuição previdenciária e a parcela do Imposto de Renda retido, chegando, então, ao valor líquido do salário. O IRRF é retido na fonte pagadora no ato do pagamento; a fonte é a empresa que paga ao funcionário. Se for funcionário do Estado, do DF ou do Município, o IRRF já fica diretamente em um desses entes, compondo sua receita. Por isso, a nomenclatura “participação direta”, pois o ente participa diretamente da arrecadação do IRRF, que nem chega a ir para a União. Ex.: O servidor público municipal, ao receber o salário, tem descontado o IRRF, que não vai para a União, embora a arrecadação do IR seja de sua competência, mas fica diretamente para o Município. Não é repassado, pois não chega a ir para a União, fica diretamente com o ente político. Com o empregado de empresa privada, não ocorre dessa forma, pois a empresa repassa o imposto para a União. A participação direta só acontece com servidores públicos, os quais são pagos pelos próprios entes políticos que são responsáveis pela arrecadação.
2) Receita Partilhada: 
a) 50% do que a União arrecada do ITR (Imposto Territorial Rural) deve ser devolvido aos Municípios; o repasse é feito de forma proporcional ao ITR arrecadado de cada Município; Aracaju não recebe essa participação, pois aqui é zona urbana, então não gera ITR; se o Município gerou “X” de ITR, a União devolverá 50% de “X”; é uma forma de aumentar a receita pública do Município. A EC 42/03 modificou essa regra, pois a CF agora permite que os Municípios que manifestem interesse em ficar com toda a administração tributária (fiscalizar, arrecadar, cobrar) do ITR fique com a totalidade da arrecadação (100% do ITR). Em regra, quem faz isso é a União, através de uma autarquia (INCRA). Se o Município quiser, através de convênio, receber a delegação da União em promover toda a administração tributária do ITR, ficará com 100% da arrecadação, mas isso implica uma despesa maior para o Município, que tem que montar uma estrutura para conseguir fazê-lo.
b) 50% do que o Estado arrecada em IPVA deve ser repassado para os Municípios; essa quantia é proporcional ao que o Município gerou em arrecadação de IPVA.
c) 25% do ICMS arrecadado pelo Estado deve ser repassado para os Municípios; segue a mesma lógica de proporcionalidade, ou seja, o repasse é proporcional ao que o Município gerouem arrecadação de ICMS para o Estado.
d) 29% do que a União arrecada em CIDE (Contribuição de Intervenção do Domínio Econômico) deve ser repassado para os Estados e DF. Os Estados, do que recebem da União em CIDE, devem repassar 10% para os Municípios (10% do que o Estado receber, e não do que for arrecadado pela União); aqui também é proporcional ao que o Município gerou.
e) 20% da arrecadação de Imposto Residual deve ser repassada pela União aos Estados e DF. 10% do que os Estados e o DF recebem em Imposto Residual deve ser repassado aos Municípios, seguindo a regra da proporcionalidade (o DF fica com tudo, já que não tem Municípios; o DF tem competência para arrecadar impostos estaduais e municipais).
3) Participação nos Fundos:
a) FPE (Fundo de Participação dos Estados)
b) FPM (Fundo de Participação dos Municípios)
O dinheiro que vai para o FPE e FPM é arrecadado pela União. 47% do que a União arrecada de IR e IPI é repartido da seguinte forma: 21,5% para o FPE, 22,5% para o FPM, e os 3% restantes são repassados para os setores produtivos das regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste. Aqui não há a regra da proporcionalidade; o que é repassado é repartido entre todos os Municípios do Brasil, portanto é mais ou menos igualitária, já que não é vinculada ao poder econômico do Município; há critérios que visam a privilegiar os Municípios menos favorecidos; é proporcional ao número de habitantes, renda per capita, o índice de desenvolvimento social e econômico em cada região, etc. Os 3% são repassados para fomentar o desenvolvimento das regiões beneficiadas, a fim de desenvolver essas regiões do ponto de vista sócio-econômico-produtivo. Desses 3%, metade deve ser aplicada na região do semi-árido do Nordeste.
Além disso, 10% do que a União arrecada de IPI sobre exportação deve ser repassado para os Estados. Esse é o IPI sobre produtos exportados! O restante será repassado na forma de fundos.
Essas regras são encontradas nos artigos 157 a 162 da CF, que é a última parte do sistema constitucional tributário.
Se o Município, por exemplo, possuir dívidas com a União, principalmente em relação a contribuições previdenciárias, como o INSS, o débito pode ser compensado no repasse da receita tributária.
2ª UNIDADE
OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA
1. Conceito
É a relação jurídica obrigacional, que gira sempre em torno de uma obrigação de dar, fazer ou não fazer, prevista em lei ou na legislação tributária, cujo fato ensejador é praticado pelo sujeito passivo, contribuinte ou responsável, passando o Estado a ter o dever de exigir compulsoriamente o cumprimento desta obrigação.
2. Natureza jurídica
Pode ser de obrigação de dar, fazer ou não fazer; há três tipos de prestação (objetos) na obrigação tributária. As obrigações cíveis, que também giram em torno desses três objetos, têm muitas semelhanças com as obrigações tributárias, pois têm a mesma estrutura. A obrigação cível tem como principal princípio a autonomia da vontade, só surgindo em razão desta. 
A obrigação tributária, por sua vez, não surge por ato de vontade. O Direito Tributário, como ramo do direito público, segue estritamente o Princípio da Legalidade, portanto, a obrigação tributária nasce, primeiramente, da lei (fonte mediata ou formal). A fonte imediata ou material é a prática do fato jurídico descrito na lei, ou seja, é a prática do fato gerador da obrigação tributária; é um fato abstrato e normativo descrito na lei. Para que exista a obrigação tributária não basta que haja a lei; a lei cria a obrigação e regulamenta a sua incidência, mas o que efetivamente obriga o contribuinte ao pagamento do tributo é a prática do fato descrito na lei. É o fato gerador que gera o vínculo jurídico da obrigação tributária. A obrigação tributária independe da vontade do devedor; não existe fato volitivo.
Pode ocorrer de uma obrigação cível gerar uma obrigação tributária. Ex.: O contrato de compra e venda de imóvel é uma obrigação cível; ao passar o imóvel para o seu nome no Cartório, o devedor pratica o fato gerador do ITBI, portanto, sujeita-se a uma obrigação tributária.
Os três objetos prestacionais na obrigação tributária são, a princípio, os mesmos da obrigação cível. A diferença básica entre a obrigação cível e a tributária é a sua origem
A prática do fato gerador é o marco inicial do surgimento da obrigação tributária. Uma vez praticado, surge a figura do devedor ou sujeito passivo da obrigação tributária, que passa a ter o dever de cumprir com o objeto da obrigação para com o credor (União, Estados, Municípios e DF), que é o sujeito ativo da obrigação tributária. Esse objeto, como afirmado anteriormente, pode constituir uma obrigação de dar, fazer ou não fazer.
O sujeito passivo da obrigação tributária pode ser o contribuinte ou o responsável. O credor tem o direito de exigir compulsoriamente/coercitivamente o cumprimento da obrigação tributária. O devedor deve cumpri-la, sob pena de os seu patrimônio responder por tal cumprimento.
3. Espécies
3.1. Principal – Dar
A obrigação tributária principal é o tributo, visando à formação de receita pública para ser aplicada na prestação de serviços públicos. O tributo é prestação pecuniária.
Segue estritamente o Princípio da Legalidade Tributária, pois o tributo deve estar previsto em lei para ser cobrado. Toda obrigação tributária principal, que impõe o dever de pagamento do tributo, deve ser instituída por lei.
3.2. Acessória – Fazer e Não Fazer
No Direito Civil, a obrigação acessória segue a principal; se a obrigação principal está paga, não há que se falar em fiança, por exemplo. No Direito Tributário, isto não ocorre, pois a obrigação acessória não está atrelada à principal, independendo da mesma. Existe relação entre as duas, mas de auxílio, e não de dependência. 
A obrigação tributária acessória auxilia o cumprimento da obrigação tributária principal, podendo aquela existir mesmo que não haja esta. A acessória serve como um auxílio para o Estado cobrar a principal; a acessória é de existência obrigatória, servindo para o Estado se basear para cobrar ou não a principal. A obrigação tributária acessória constitui uma imposição ao contribuinte da prática ou da abstenção da prática de determinados atos. Essa imposição é feita para que haja um auxílio maior, por parte do contribuinte, que facilite a fiscalização, por parte da Administração Tributária, para saber se houve ou não a prática do fato gerador que autorize a exigência do tributo. Ou seja: a acessória serve para auxiliar na fiscalização, bem como auxiliar a Administração Tributária sobre a ocorrência do fato gerador da obrigação principal.
Ex.: A obrigação de o contribuinte emitir nota fiscal sempre que ocorre a saída de mercadoria do estabelecimento comercial é uma obrigação acessória (obrigação de fazer). O Estado exige a emissão de NF para ter controle e fiscalização sobre as mercadorias que estão saindo do estabelecimento comercial e circulando no comércio, mas não quer dizer que há a obrigação de pagar o ICMS (pode ser uma empresa isenta desse pagamento, por exemplo). Quando se compra um veículo em um estado, paga-se o ICMS lá, mas, ao transportá-lo pra outro estado, a nota fiscal deve acompanhá-lo.
A obrigação acessória pode estar prevista na legislação tributária (art. 96, CTN), que é composta pela lei, pelos tratados e convenções internacionais, pelos decretos (ato do Chefe do Executivo) e pelas normas complementares (art. 100, CTN), que são normas de caráter administrativo (infralegais; portarias, instruções normativas, regulamentos administrativos).
Pode existir obrigação principal sem que haja a acessória, porém, nesse caso, dificilmente o Estado vai conseguir fiscalizar a ocorrência do fato gerador da principal, a fim de arrecadar o tributo.
� PAGE \* MERGEFORMAT �44�

Outros materiais