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Aula 2 histórico, definição e princípios 2019

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DIREITO COLETIVO DO TRABALHO
Prof. Flávio Dantas
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ASSUNTOS:
Origem
Princípios
Sindicato
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Surgimento das relações coletivas de Trabalho
Contexto histórico no mundo
Quando iniciou? As relações coletivas de trabalho surgiram com a Revolução Industrial.
Em que contexto se deu o surgimento das relações coletivas? 
Qual o resultado dessa organização entre os trabalhadores? 
Sinteticamente:
Trabalhadores sozinhos  fracos
Trabalhadores reunidos  fortes
Empregador  ser coletivo por natureza
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Formação Histórica no Brasil (1/4)
Origem: na abolição da escravatura (1888) e na imigração de trabalhadores europeus.
Primeiros Diplomas legais:
Constituição do Império de 1824: apenas aboliu as corporações de Ofício (liberdade de profissões e ofícios);
Lei do Ventre Livre (1871): os nascidos do ventre de escrava já não eram mais escravos;
Lei Saraiva Cotegibe (1885): que libertou os escravos com mais de 60 anos de idade;
Lei Áurea (1888): Abolição a escravidão no Brasil;
Constituição Federal de 1891: liberdade de associação, sem armas;
Decreto 1.313/1891: tratavam do trabalho dos menores;
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Formação Histórica no Brasil (2/4)
Decreto nº 979/1903: sindicatos rurais (1ª norma brasileira sobre o tema);
Sindicatos urbanos (1907);
lei estadual nº 1.869, de 10/10/1922: criou, em cada comarca de São Paulo, um Tribunal Rural;
Ministério do Trabalho Industria e Comércio (1930)
Decreto regulamentador do trabalho das mulheres (1932);
Decreto sobre o salário mínimo (1936);
Justiça do Trabalho (1939).
Constituição de 1934: 
1ª a tratar especificamente do Direito do Trabalho (constitucionalismo social): jornada de 8 horas, proteção do trabalho das mulheres, férias etc.
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Formação Histórica no Brasil (3/4)
Constituição de 1937:
Estado intervencionista (regime ditatorial inspirada na Carta Del Lavoro de 1927 – Itália – sistema corporativista – facista): sindicato único, imposto sindical (atual contribuição sindical); poder normativo dos tribunais (evitar entendimento direto entre trabalhadores e empregadores), proibição da greve;
Sistematização das normas trabalhistas: 
Decreto 5.452/1943 (Consolidação das Leis do Trabalho – CLT); não é um código novo!
Constituição de 1946 (democrática): 
Greve, repouso semanal remunerado, estabilidade e participação dos empregados nos lucros das empresas; retirada da Justiça do Trabalho do Poder Executivo; 
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Formação Histórica no Brasil (4/4)
Constituição de 1967: Manteve os direitos trabalhistas estabelecidos nas Constituições anteriores
Leis 5.859/72 (empregados domésticos);
Lei 5.889/73 (trabalhador rural); 
Lei 6.019/74 (trabalhador temporário);
Constituição de 1988 (arts. 7º a 11º - direitos trabalhistas)
Separação dos direitos sociais da ordem econômica (“Dos Direitos Sociais”); (Dos Direitos e Garantias Fundamentais”).
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Classificação (1/2)
Introdução
Direito do Trabalho
individual: surge da constatação da diferenciação social, econômica e política entre empregado e empregador (sujeitos).
coletivo: é construído a partir de uma relação jurídica entre pessoas teoricamente equivalentes  empregadores (diretamente ou por meio dos respectivos sindicatos patronais) e os empregados, representados pelos sindicatos da categoria profissional (sindicato dos trabalhadores)  sujeitos.
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Classificação (2/2)
CONCEITO (o que é?): 
O Professor Sergio Pinto Martins conceitua o Direito Coletivo do Trabalho como sendo:
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Objetivo 
OBJETIVO: Estabelecer um conjunto de normas que se dirige indiretamente aos indivíduos e diretamente aos grupos profissionais, através da elaboração, pelo Estado, de normas instrumentais.
O que são normas instrumentais? 
São normas jurídicas elaboradas para o Direito Coletivo do Trabalho. Fornecem instrumento ao grupo para autocomposição dos seus próprios interesses. São os grupos que, usando esses instrumentos, criam direitos subjetivos para os indivíduos que os compõem. 
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Finalidade
FINALIDADE: 
	O direito coletivo tem por finalidade igualar as forças dos grupos em conflito, promovendo a equivalência subjetiva. As partes envolvidas na negociação coletiva não podem sofrer pressões desproporcionais umas das outras. 
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Princípios do Direito Coletivo do Trabalho (1/12)
Princípio da Liberdade associativa e sindical (Art. 8º, V, da CF de 1988):
“É livre a associação profissional ou sindical, observado o seguinte: (...)
 V - ninguém será obrigado a filiar-se ou a manter-se filiado a sindicato”.
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Princípios do Direito Coletivo do Trabalho (2/12)
Características:
Liberdade conferida ao trabalhador de se associar, e, de forma qualificada, se associar em sindicato. 
O direito de associação (conexo ao direito de reunião) não é específico ao direito do trabalho, constituindo direito fundamental garantido a todo cidadão pela CF/88 (art. 5º, XVI, XVII). 
Liberdade (garantia) de criação e/ou extinção de associações, independentemente de qualquer ingerência estatal (art. 5º, XVIII, XIX, XX e XXI);
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Princípios do Direito Coletivo do Trabalho (3/12) 
 Desdobramento do Princípio da Liberdade Sindical:
Princípio da liberdade de associação (mais abrangente)  direito de reunião.
Princípio da liberdade sindical (específico)  Liberdade de sindicalização e de criação e organização sindical. Subdivide-se em dois polos de atuação:
Liberdade sindical individual: Direito individual de filiar-se, manter-se filiado ou mesmo desfiliar-se do sindicato representativo da categoria (arts. 5º, XX e 8º, V, da CF/88).
Liberdade sindical coletiva: direito de criação de sindicato representativo dos interesses da categoria (econômica ou profissional) (arts. 5º, XVIII e 8º, caput, da CF/88)
Mitigação à liberdade Sindical Plena: unicidade sindical (art. 8º, II), contribuição sindical obrigatória a todos, filiados ou não (art. 8º, IV) e o poder normativo da Justiça do Trabalho (art. 114, §2º). 
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Princípios do Direito Coletivo do Trabalho (4/12) 
 Princípio da autonomia sindical:
Art. 8º, I, da CF/88: “a lei não poderá exigir autorização do Estado para a fundação de sindicato, ressalvado o registro no órgão competente, vedadas ao Poder Público a interferência e a intervenção na organização sindical;”
Características:
Autonomia administrativa (eleição de seus dirigentes, condução de suas atribuições e administração dos recursos financeiros;
Proibição de intervenção Estatal
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Princípios do Direito Coletivo do Trabalho (5/12) 
Princípio da autonomia sindical:
Necessidade de Registro no MTE: apenas para verificação da regra da unicidade sindical (STF).
São incompatíveis com a ideia de liberdade e autonomia sindicais :
a) sistema de unicidade sindical (imposição legal de um único sindicato); 
b) sistema do financiamento compulsório dos sindicatos; 
c) poder normativo da Justiça do Trabalho. 
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Princípios do Direito Coletivo do Trabalho (6/12) 
Princípio da Interveniência Sindical na Normatização Coletiva:
Somente será válida a negociação coletiva se dela tiver tomado parte o sindicato dos trabalhadores (participação obrigatória).
 “É obrigatória a participação dos sindicatos nas negociações coletivas de trabalho (art. 8º, VI, da CF/88).”
Ex.: acordo individual de redução de salário com a correspondente redução da jornada, durante um determinado período sem serviço, porém, sem a participação do sindicato dos trabalhadores (acordo individual), o pacto não tem validade jurídica, pois importa alteração prejudicial do contrato de trabalho.
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Princípios do Direito Coletivo do Trabalho (7/12) 
Princípio da equivalência dos contratantes coletivos:
 Sindicato dos trabalhadores  equivalentes  Sindicato dos empregadores/Empregador
A equivalência se verifica através dos meios/ferramentas eficazes de pressão nas negociações
engendradas (ex.: direito de greve).
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Princípios do Direito Coletivo do Trabalho (8/12) 
 Princípio da Lealdade e Transparência nas negociações:
É a exigência ao respeito à lealdade e a boa-fé objetiva. 
Exemplo: greve na vigência de uma convenção coletiva de trabalho, sem mudança substancial nas condições vividas pela categoria.
 Princípio da criatividade jurídica da negociação coletiva:
A negociação coletiva resulta em autênticas normas jurídicas (comandos abstratos, gerais e impessoais). Liberdade de criação normas jurídicas (fontes formais do Direito do Trabalho).
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Princípios do Direito Coletivo do Trabalho (9/12) 
 Princípio da adequação setorial negociada (Defendida por Godinho):
Trata-se do princípio que estabelece limites à negociação coletiva - patamar civilizatório mínimo – (núcleo intangível de direitos trabalhistas).
Premissas:
Que a norma coletiva estabeleça padrão superior ao estabelecido pela norma heterônoma estatal;
Que a norma coletiva transacione apenas setorialmente parcelas justrabalhistas de indisponibilidade apenas relativa.
 (por exemplo, art. 7º, VI, XIII e XIV da CF/88);
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Princípios do Direito Coletivo do Trabalho (10/12)
Patamar civilizatório mínimo: é o que Godinho denomina de núcleo intangível de direitos trabalhistas, que seria dado por três grupos de normas heterônomas:
Normas constitucionais (ressalvadas as exceções expressas, como no art. 7º, VI, XIII e XIV);
Normas internacionais integradas ao direito interno;
Normas legais infraconstitucionais que asseguram patamares de cidadania ao trabalhador (as normas relativas à saúde e segurança do trabalhador, por exemplo).
A norma coletiva não teria validade se constitui mera renúncia de direitos, pois não cabe ao sindicato renunciar a direito de terceiros (trabalhadores).
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Princípios do Direito Coletivo do Trabalho (11/12)
A jurisprudência tem, de uma forma geral, considerado que se a parcela está assegurada por norma cogente (Constituição, leis federais, tratados e convenções internacionais ratificados) ela deve prevalecer, inclusive em face da negociação coletiva. A exceção fica por conta dos casos em que a própria norma estipuladora do direito abre margem à flexibilização por negociação coletiva (compensação de jornada, por exemplo). Neste sentido, súmulas 449 e 437, II, do TST:
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Princípios do Direito Coletivo do Trabalho (12/12)
 Súmulas 449 do TST:
 	MINUTOS QUE ANTECEDEM E SUCEDEM A JORNADA DE TRABALHO. LEI Nº 10.243, DE 19.06.2001. NORMA COLETIVA. FlEXIBILIZAÇÃO. IMPOSSIBILIDADE.  (conversão da Orientação Jurisprudencial nº 372 da SBDI-1) – Res. 194/2014, DEJT divulgado em 21, 22 e 23.05.2014 A partir da vigência da Lei nº 10.243, de 19.06.2001, que acrescentou o § 1º ao art. 58 da CLT, não mais prevalece cláusula prevista em convenção ou acordo coletivo que elastece o limite de 5 minutos que antecedem e sucedem a jornada de trabalho para fins de apuração das horas extras.
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Princípios do Direito do Trabalho e a reforma
 Após a vigência da Lei 13.467/17 (reforma trabalhista) que alterou substancialmente normas importantes da CLT, afetando a sistemática do direito do trabalho, algumas questões precisam ser enfrentadas, a exemplo:
Art. 611-A da CLT;
 Art. 507 –A da CLT;
 Art. 620 da CLT, além de outros... 
 Estes dispositivos ferem princípios consagrados do Direito do Trabalho (individual e coletivo), a exemplo do Princ. Da proteção (norma mais favorável, condição mais benéfica), inalterabilidade contratual lesiva, impedimento ao retrocesso social e outros, inclusive, sobre o princípio da adequação setorial negociada, uma vez que o negociado prevalecerá sobre o legislado ainda que não traga benefícios. 
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REFERÊNCIA 
DELGADO, Mauricio Godinho. Curso de Direito do Trabalho. 15ª Ed. São Paulo: LTr., 2016.
MARTINEZ, Luciano. Curso de Direito do Trabalho: relações individuais, sindicais e coletivas de trabalho. 7ª Ed. São Paulo: Saraiva, 2016.
MARTINS, Sergio Pinto. Direito do Trabalho. 31ª edição. São Paulo: Atlas, 2016.
RESENDE, Ricardo. Direito do Trabalho - esquematizado. 5ª Ed. São Paulo: MÉTODO, 2015.
SARAIVA, Renato. SOUTO, Rafael Tonassi. Direito do Trabalho. 16 ed. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 2014.
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