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* * DIREITO COLETIVO DO TRABALHO Prof. Flávio Dantas * * ASSUNTOS: Origem Princípios Sindicato \ \ * * Surgimento das relações coletivas de Trabalho Contexto histórico no mundo Quando iniciou? As relações coletivas de trabalho surgiram com a Revolução Industrial. Em que contexto se deu o surgimento das relações coletivas? Qual o resultado dessa organização entre os trabalhadores? Sinteticamente: Trabalhadores sozinhos fracos Trabalhadores reunidos fortes Empregador ser coletivo por natureza \ \ * * Formação Histórica no Brasil (1/4) Origem: na abolição da escravatura (1888) e na imigração de trabalhadores europeus. Primeiros Diplomas legais: Constituição do Império de 1824: apenas aboliu as corporações de Ofício (liberdade de profissões e ofícios); Lei do Ventre Livre (1871): os nascidos do ventre de escrava já não eram mais escravos; Lei Saraiva Cotegibe (1885): que libertou os escravos com mais de 60 anos de idade; Lei Áurea (1888): Abolição a escravidão no Brasil; Constituição Federal de 1891: liberdade de associação, sem armas; Decreto 1.313/1891: tratavam do trabalho dos menores; \ \ * * Formação Histórica no Brasil (2/4) Decreto nº 979/1903: sindicatos rurais (1ª norma brasileira sobre o tema); Sindicatos urbanos (1907); lei estadual nº 1.869, de 10/10/1922: criou, em cada comarca de São Paulo, um Tribunal Rural; Ministério do Trabalho Industria e Comércio (1930) Decreto regulamentador do trabalho das mulheres (1932); Decreto sobre o salário mínimo (1936); Justiça do Trabalho (1939). Constituição de 1934: 1ª a tratar especificamente do Direito do Trabalho (constitucionalismo social): jornada de 8 horas, proteção do trabalho das mulheres, férias etc. \ \ * * Formação Histórica no Brasil (3/4) Constituição de 1937: Estado intervencionista (regime ditatorial inspirada na Carta Del Lavoro de 1927 – Itália – sistema corporativista – facista): sindicato único, imposto sindical (atual contribuição sindical); poder normativo dos tribunais (evitar entendimento direto entre trabalhadores e empregadores), proibição da greve; Sistematização das normas trabalhistas: Decreto 5.452/1943 (Consolidação das Leis do Trabalho – CLT); não é um código novo! Constituição de 1946 (democrática): Greve, repouso semanal remunerado, estabilidade e participação dos empregados nos lucros das empresas; retirada da Justiça do Trabalho do Poder Executivo; \ \ * * Formação Histórica no Brasil (4/4) Constituição de 1967: Manteve os direitos trabalhistas estabelecidos nas Constituições anteriores Leis 5.859/72 (empregados domésticos); Lei 5.889/73 (trabalhador rural); Lei 6.019/74 (trabalhador temporário); Constituição de 1988 (arts. 7º a 11º - direitos trabalhistas) Separação dos direitos sociais da ordem econômica (“Dos Direitos Sociais”); (Dos Direitos e Garantias Fundamentais”). \ \ * * Classificação (1/2) Introdução Direito do Trabalho individual: surge da constatação da diferenciação social, econômica e política entre empregado e empregador (sujeitos). coletivo: é construído a partir de uma relação jurídica entre pessoas teoricamente equivalentes empregadores (diretamente ou por meio dos respectivos sindicatos patronais) e os empregados, representados pelos sindicatos da categoria profissional (sindicato dos trabalhadores) sujeitos. \ \ * * Classificação (2/2) CONCEITO (o que é?): O Professor Sergio Pinto Martins conceitua o Direito Coletivo do Trabalho como sendo: \ \ * * Objetivo OBJETIVO: Estabelecer um conjunto de normas que se dirige indiretamente aos indivíduos e diretamente aos grupos profissionais, através da elaboração, pelo Estado, de normas instrumentais. O que são normas instrumentais? São normas jurídicas elaboradas para o Direito Coletivo do Trabalho. Fornecem instrumento ao grupo para autocomposição dos seus próprios interesses. São os grupos que, usando esses instrumentos, criam direitos subjetivos para os indivíduos que os compõem. \ \ * * Finalidade FINALIDADE: O direito coletivo tem por finalidade igualar as forças dos grupos em conflito, promovendo a equivalência subjetiva. As partes envolvidas na negociação coletiva não podem sofrer pressões desproporcionais umas das outras. \ \ * * Princípios do Direito Coletivo do Trabalho (1/12) Princípio da Liberdade associativa e sindical (Art. 8º, V, da CF de 1988): “É livre a associação profissional ou sindical, observado o seguinte: (...) V - ninguém será obrigado a filiar-se ou a manter-se filiado a sindicato”. \ \ * * Princípios do Direito Coletivo do Trabalho (2/12) Características: Liberdade conferida ao trabalhador de se associar, e, de forma qualificada, se associar em sindicato. O direito de associação (conexo ao direito de reunião) não é específico ao direito do trabalho, constituindo direito fundamental garantido a todo cidadão pela CF/88 (art. 5º, XVI, XVII). Liberdade (garantia) de criação e/ou extinção de associações, independentemente de qualquer ingerência estatal (art. 5º, XVIII, XIX, XX e XXI); \ \ * * Princípios do Direito Coletivo do Trabalho (3/12) Desdobramento do Princípio da Liberdade Sindical: Princípio da liberdade de associação (mais abrangente) direito de reunião. Princípio da liberdade sindical (específico) Liberdade de sindicalização e de criação e organização sindical. Subdivide-se em dois polos de atuação: Liberdade sindical individual: Direito individual de filiar-se, manter-se filiado ou mesmo desfiliar-se do sindicato representativo da categoria (arts. 5º, XX e 8º, V, da CF/88). Liberdade sindical coletiva: direito de criação de sindicato representativo dos interesses da categoria (econômica ou profissional) (arts. 5º, XVIII e 8º, caput, da CF/88) Mitigação à liberdade Sindical Plena: unicidade sindical (art. 8º, II), contribuição sindical obrigatória a todos, filiados ou não (art. 8º, IV) e o poder normativo da Justiça do Trabalho (art. 114, §2º). \ \ * * Princípios do Direito Coletivo do Trabalho (4/12) Princípio da autonomia sindical: Art. 8º, I, da CF/88: “a lei não poderá exigir autorização do Estado para a fundação de sindicato, ressalvado o registro no órgão competente, vedadas ao Poder Público a interferência e a intervenção na organização sindical;” Características: Autonomia administrativa (eleição de seus dirigentes, condução de suas atribuições e administração dos recursos financeiros; Proibição de intervenção Estatal \ \ * * Princípios do Direito Coletivo do Trabalho (5/12) Princípio da autonomia sindical: Necessidade de Registro no MTE: apenas para verificação da regra da unicidade sindical (STF). São incompatíveis com a ideia de liberdade e autonomia sindicais : a) sistema de unicidade sindical (imposição legal de um único sindicato); b) sistema do financiamento compulsório dos sindicatos; c) poder normativo da Justiça do Trabalho. \ \ * * Princípios do Direito Coletivo do Trabalho (6/12) Princípio da Interveniência Sindical na Normatização Coletiva: Somente será válida a negociação coletiva se dela tiver tomado parte o sindicato dos trabalhadores (participação obrigatória). “É obrigatória a participação dos sindicatos nas negociações coletivas de trabalho (art. 8º, VI, da CF/88).” Ex.: acordo individual de redução de salário com a correspondente redução da jornada, durante um determinado período sem serviço, porém, sem a participação do sindicato dos trabalhadores (acordo individual), o pacto não tem validade jurídica, pois importa alteração prejudicial do contrato de trabalho. \ \ * * Princípios do Direito Coletivo do Trabalho (7/12) Princípio da equivalência dos contratantes coletivos: Sindicato dos trabalhadores equivalentes Sindicato dos empregadores/Empregador A equivalência se verifica através dos meios/ferramentas eficazes de pressão nas negociações engendradas (ex.: direito de greve). \ \ * * Princípios do Direito Coletivo do Trabalho (8/12) Princípio da Lealdade e Transparência nas negociações: É a exigência ao respeito à lealdade e a boa-fé objetiva. Exemplo: greve na vigência de uma convenção coletiva de trabalho, sem mudança substancial nas condições vividas pela categoria. Princípio da criatividade jurídica da negociação coletiva: A negociação coletiva resulta em autênticas normas jurídicas (comandos abstratos, gerais e impessoais). Liberdade de criação normas jurídicas (fontes formais do Direito do Trabalho). \ \ * * Princípios do Direito Coletivo do Trabalho (9/12) Princípio da adequação setorial negociada (Defendida por Godinho): Trata-se do princípio que estabelece limites à negociação coletiva - patamar civilizatório mínimo – (núcleo intangível de direitos trabalhistas). Premissas: Que a norma coletiva estabeleça padrão superior ao estabelecido pela norma heterônoma estatal; Que a norma coletiva transacione apenas setorialmente parcelas justrabalhistas de indisponibilidade apenas relativa. (por exemplo, art. 7º, VI, XIII e XIV da CF/88); \ \ * * Princípios do Direito Coletivo do Trabalho (10/12) Patamar civilizatório mínimo: é o que Godinho denomina de núcleo intangível de direitos trabalhistas, que seria dado por três grupos de normas heterônomas: Normas constitucionais (ressalvadas as exceções expressas, como no art. 7º, VI, XIII e XIV); Normas internacionais integradas ao direito interno; Normas legais infraconstitucionais que asseguram patamares de cidadania ao trabalhador (as normas relativas à saúde e segurança do trabalhador, por exemplo). A norma coletiva não teria validade se constitui mera renúncia de direitos, pois não cabe ao sindicato renunciar a direito de terceiros (trabalhadores). \ \ * * Princípios do Direito Coletivo do Trabalho (11/12) A jurisprudência tem, de uma forma geral, considerado que se a parcela está assegurada por norma cogente (Constituição, leis federais, tratados e convenções internacionais ratificados) ela deve prevalecer, inclusive em face da negociação coletiva. A exceção fica por conta dos casos em que a própria norma estipuladora do direito abre margem à flexibilização por negociação coletiva (compensação de jornada, por exemplo). Neste sentido, súmulas 449 e 437, II, do TST: \ \ * * Princípios do Direito Coletivo do Trabalho (12/12) Súmulas 449 do TST: MINUTOS QUE ANTECEDEM E SUCEDEM A JORNADA DE TRABALHO. LEI Nº 10.243, DE 19.06.2001. NORMA COLETIVA. FlEXIBILIZAÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. (conversão da Orientação Jurisprudencial nº 372 da SBDI-1) – Res. 194/2014, DEJT divulgado em 21, 22 e 23.05.2014 A partir da vigência da Lei nº 10.243, de 19.06.2001, que acrescentou o § 1º ao art. 58 da CLT, não mais prevalece cláusula prevista em convenção ou acordo coletivo que elastece o limite de 5 minutos que antecedem e sucedem a jornada de trabalho para fins de apuração das horas extras. \ \ * * Princípios do Direito do Trabalho e a reforma Após a vigência da Lei 13.467/17 (reforma trabalhista) que alterou substancialmente normas importantes da CLT, afetando a sistemática do direito do trabalho, algumas questões precisam ser enfrentadas, a exemplo: Art. 611-A da CLT; Art. 507 –A da CLT; Art. 620 da CLT, além de outros... Estes dispositivos ferem princípios consagrados do Direito do Trabalho (individual e coletivo), a exemplo do Princ. Da proteção (norma mais favorável, condição mais benéfica), inalterabilidade contratual lesiva, impedimento ao retrocesso social e outros, inclusive, sobre o princípio da adequação setorial negociada, uma vez que o negociado prevalecerá sobre o legislado ainda que não traga benefícios. \ \ * * REFERÊNCIA DELGADO, Mauricio Godinho. Curso de Direito do Trabalho. 15ª Ed. São Paulo: LTr., 2016. MARTINEZ, Luciano. Curso de Direito do Trabalho: relações individuais, sindicais e coletivas de trabalho. 7ª Ed. São Paulo: Saraiva, 2016. MARTINS, Sergio Pinto. Direito do Trabalho. 31ª edição. São Paulo: Atlas, 2016. RESENDE, Ricardo. Direito do Trabalho - esquematizado. 5ª Ed. São Paulo: MÉTODO, 2015. SARAIVA, Renato. SOUTO, Rafael Tonassi. Direito do Trabalho. 16 ed. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 2014. * *
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