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APLICABILIDADE DAS MEDIDAS PROTETIVAS PREVISTAS NA LEI MARIA DA PENHA LEI N 11 340 2006

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1 
 
UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ 
JOSE RICARDO DEMOGALSKI 
 
 
 
 
 
 
 
 
APLICABILIDADE DAS MEDIDAS PROTETIVAS PREVISTAS NA 
LEI MARIA DA PENHA - LEI Nº 11.340/2006 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CURITIBA 
2015 
 
2 
 
JOSÉ RICARDO DEMOGALSKI 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
APLICABILIDADE DAS MEDIDAS PROTETIVAS PREVISTAS NA 
LEI MARIA DA PENHA - LEI Nº 11.340/2006 
 
 
 
Monografia apresentada ao Curso de Direito, da 
Faculdade de Ciências Jurídicas, da Universidade 
Tuiuti do Paraná – UTP, como requisito para 
obtenção do titulo de Bacharel em Direito. 
Orientadora: Professora Helena De Souza Rocha 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CURITIBA 
2015 
 
3 
 
TERMO DE APROVAÇÃO 
 
JOSÉ RICARDO DEMOGALSKI 
 
APLICABILIDADE DAS MEDIDAS PROTETIVAS PREVISTAS NA 
LEI MARIA DA PENHA- LEI Nº 11.340/2006 
 
 
Esta monografia foi julgada e aprovada para a obtenção do titulo de Bacharel no Curso de 
bacharelado Direito da Universidade Tuiuti do Paraná-UTP. 
Curitiba,_____ de_____________de 2015. 
 
____________________________________________ 
Prof.º Dr. Eduardo de Oliveira Leite 
Coordenação do Núcleo de Monografia 
Universidade Tuiuti do Paraná 
 
 
Orientador____________________________________________ 
 Prof.ª Helena de Souza Rocha 
Universidade TUIUTI Do Paraná 
Curso de Direito 
 
 
 
 
Supervisor____________________________________________ 
 Prof.º..................................................... 
Universidade TUIUTI Do Paraná 
Curso de Direito 
 
 
 
 
Supervisor____________________________________________ 
Prof.º ..................................................... 
Universidade TUIUTI Do Paraná 
Curso de Direito 
 
 
 
 
 
4 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
DEDICATÓRIA 
Dedico o presente estudo a todas as 
mulheres do Brasil e do mundo, que lutaram e 
continuam lutando por uma vida sem 
violência. Sabe-se que muitas mulheres 
sofreram ou ainda sofrem constantemente 
todos os tipos de agressão. Dentre elas, a 
mais traumática de todas é a psicológica, pois 
deixa marcas profundas em suas vidas. 
Dedico também aos homens que tratam com 
respeito todas as mulheres, sejam elas, 
esposas, filhas ou não, respeitando um dos 
principais pilares da existência: o da 
dignidade da pessoa humana. 
 
5 
 
 
 
 
 
 
 
AGRADECIMENTOS 
 
 
 
 
Primeiramente quero agradecer a Deus, pois sem 
ele nada é possível, por ter concedido a mim 
sabedoria, saúde e principalmente persistência, 
para poder estar realizando meu sonho. 
Agradecer à minha esposa Ceres Emilia, 
companheira dedicada, boa esposa, boa mãe, 
profissional ética e competente em quem busco 
sempre me espelhar; que sempre, esteve ao meu 
lado e acreditou em mim, no meu potencial. 
Aos meus pais já falecidos, que certamente 
estariam muito felizes em poder compartilhar 
comigo esta vitória; a minhas filhas Luana e Ana 
Carolina e meu filho José Ricardo Jr, em especial 
minha cunhada, Rosângela Rauen, pelo apoio e 
dedicação na correção ortográfica desta 
monografia, e aos demais familiares e amigos da 
faculdade com quem compartilhei estes últimos 5 
anos de vida e dedicação aos estudos. 
Agradecer aos professores da UTP os quais os 
tenho em minha mais elevada estima, respeito e 
consideração. 
E agradecer a minha estimada professora e 
orientadora, Helena de Souza Rocha, pela 
paciência e dedicação. 
 
 
6 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A violência não é força, mas fraqueza, nem 
nunca poderá ser criadora de coisa alguma, 
apenas destruidora. Benedetto Croce. 
 
 
 
7 
 
RESUMO 
 
O presente trabalho versa sobre a questão da violência doméstica e psicológica 
sofrida pelas mulheres, buscando realizar a análise da discussão acerca da 
aplicabilidade da medida protetiva em relação à Lei nº 11.340 de 2006, conhecida 
com Lei Maria da Penha. Nesse contexto serão pontuadas as diversas formas de 
violência contra a mulher, bem como as medidas que assegurem o afastamento do 
agressor de sua vítima. Além disso, pretende-se reconhecer de que forma o acesso 
à justiça por parte da vítima é facilitado, bem como os métodos que estão sendo 
utilizados pelo Estado para dar maior efetividade a aplicação da Lei nº 11.340 de 
2006. 
Palavras-chave: Vítima, Agressor, Medidas Protetivas, Violência. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
8 
 
SUMÁRIO 
 
 INTRODUÇÃO..................................................................................................09 
1 A VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR CONTRA A MULHER...................10 
1.1 HISTÓRICO DA VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER.........................................10 
1.2 DADOS SOBRE A VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR..............................11 
1.3 DESENVOLVIMENTO INTERNACIONAL.........................................................12 
1.3.1 Convenção CEDAW..........................................................................................13 
1.3.2 Convenção Belém do Pará................................................................................13 
1.3.3 Caso Maria da Penha......................................................................................13 
1.4 A Aprovação da Lei Maria da Penha..................................................................14 
2. A LEI MARIA DA PENHA E A VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR 
 CONTRA A MULHER.......................................................................................15 
2.1 DEFINIÇÃO DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR.................................15 
3. FORMAS DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR CONTRA A 
MULHER............................................................................................................17 
3.1 VIOLÊNCIA FÍSICA............................................................................................18 
3.2 Violência Psicológica..........................................................................................18 
3.3 Violência Sexual.................................................................................................19 
3.4 Violência Patrimonial..........................................................................................19 
3.5 Violência Moral...................................................................................................20 
4. AS MEDIDAS PROTETIVAS NA LEI MARIA DA PENHA.................................20 
4.1 TIPOS DE MEDIDAS A PARTIR DA FUNCIONALIDADE.................................24 
4.2 Das Dificuldades em seu cumprimento..............................................................25 
4.3 Insuficiência de equipamentos públicos.............................................................26 
CONCLUSÃO............................................................................................................28 
JURISPRUDÊNCIA...................................................................................................31 
REFERÊNCIAS.........................................................................................................33 
 
 
9 
 
 
INTRODUÇÃO 
 
O objetivo deste estudo busca traçar um paralelo entre a eficiência e a real 
eficácia da medida protetiva concedida no marco da Lei 11.340/2006, conhecida 
como Lei Maria da Penha, que trás, em seu rol de medidas, aquelas que devem ser 
tomadas pelos agentes responsáveis em garantir a proteção da vítima no seu efetivo 
cumprimento,para que o ato do agressor, autor da violência doméstica e familiar, 
não produza novos crimes, assegurando às vítimas o direito de uma vida sem 
violência. 
A relevância da escolha do tema tem como escopo demonstrar que apesar 
dos avanços contidos no texto legal, a prática demonstra uma realidade antagônica, 
vez que a proteção à vítima carece de um aparelhamento estatal que hoje, mostra-
se inócuo. 
 Para tanto, buscou-se compreender como funciona na prática a efetiva 
proteção da vítima e de seus dependentes através da análise detalhada de estudos 
já realizados pelas mais diversas esferas. 
Para que essa proteção aconteça, é fundamental que o Estado assuma seu 
papel na proteção das vítimas, buscando de forma coercitiva conter o agressor com 
mecanismos rápidos, que neutralizem a ação agressiva, conforme reza o art. 22 e 
seguintes da Lei 11.340/2006. 
As medidas acautelatórias de urgência, que têm a finalidade de estancar a 
violência doméstica e familiar contra a mulher estão a cargo da polícia, do juiz e do 
Ministério Público, que deverão agir de modo imediato e eficiente. 
Sabe-se que em algumas situações o aspecto de dependência emocional, 
psicológica e financeira existente entre a vítima e seu agressor fazem com que a 
violência sofrida seja superada em razão da convivência sob o mesmo teto. 
Dois fatores devem ser considerados: a eficiência e a eficácia do controle da 
lei, principalmente se o aparelho estatal está preparado e estruturado para conduzir 
o problema até o curso final, de tal sorte que consiga atingir sua finalidade, que é 
devolver a paz social, a integridade física, moral e psicológica da mulher e não 
destruir a família. 
 
10 
 
 
1. A VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR CONTRA A MULHER 
 
Desde a aprovação da Lei 11.340/2006, denominada Lei Maria da Penha o 
tema da violência doméstica e familiar contra as mulheres vem se transformando 
nos últimos tempos. 
Alguns fatores como a globalização e a disseminação de informações trazidas 
pela internet incentivaram a emancipação das mulheres, a luta apela igualdade e o 
direito às garantias fundamentais de segurança para as mulheres. 
Conforme a Recomendação Geral nº19 do Comitê para Eliminação da Discriminação 
contra a mulher: 
A violência doméstica é uma das mais insidiosas formas de violência contra a 
mulher. Prevalece em todas as sociedades, no âmbito das relações familiares; 
mulheres de todas as idades são vítimas de violência de todas as formas, 
incluindo espancamento, o estupro e outras formas de abuso sexual, violência 
psíquica, e outras, que se perpetuam por meio da tradição. A falta de 
independência econômica faz com que muitas mulheres permaneçam em relações 
violentas. (...) Estas formas de violência submetem mulheres a riscos de saúde e 
impedem a sua participação na vida familiar e na vida pública com base na 
igualdade. 
 
 
 
 
1.1. HISTÓRICO DA VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER 
 
A violência contra a mulher é um fenômeno antigo e, também por isso, muito 
banalizado. 
A figura paterna representava o eixo familiar. Espelhado em seu pai, o 
homem crescia com a idéia de que, quando se tornasse adulto, repetiria esse 
padrão e, por conseguinte, teria como esposa uma mulher submissa a ele. 
No entendimento de T.N.Bruno (apud Pacheco, 2015, p.1): 
 
Por mais que a sociedade lute para que não haja desigualdade entre homens e 
mulheres, como visa a própria Constituição Federal, ainda é cultivada essa idéia 
da família patriarcal e de desigualdade entre os sexos; assim, como 
consequencia, a criança cresce vendo sua mãe sendo vítima da violência 
doméstica e considera a situação natural. 
11 
 
 
 
Essa violência se justifica no fato de a mulher ser mais frágil e possuir menor 
força física, pois, quando se fala em “violência contra a mulher” na realidade, 
remete-se às relações patriarcais de gênero e à desproporcionalidade que elas 
estabelecem na relação de convívio, identidade e diferenças de sexualidade entre os 
sexos masculino e feminino. Essa relação de desigualdade de gênero encontra-se 
calcada, portanto, no homem enquanto ser antagônico à mulher. 
Segundo Cunha (2014): 
 
nessa polarização, o sexo masculino encontra-se como forte, dominador, racional, 
chefe de família, enquanto que o sexo feminino é o sexo frágil, dominado, 
domesticável, emotivo e dócil. Percebe-se, portanto, que os valores da sociedade 
moderna se encontram como caracterizadores do masculino e que o discurso 
colonizador está presente nessas relações de gênero. A partir da ideologia 
sexista, o homem, tal como foi construído, é quem sabe o que é melhor para a 
mulher, a família e a sociedade. A violência de gênero, neste sentido, tem como 
um de seus fundamentos o discurso racionalista. 
 
Por outro lado, a lei mostra que pode haver violência contra a mulher dentro 
de um relacionamento homoafetivo, ampliando o conceito de família, rompendo o 
dualismo de gênero, segundo Maria Berenice Dias (apud Campos, 2011, p.22) e, 
consequentemente, rompendo com a noção fixa de mulher vítima, pois a mulher 
lésbica também pode ser agressora. 
Partindo dessa premissa, a mulher lésbica pode ser vítima do homem em um 
confronto externo e, ao mesmo tempo, agressora de sua parceira no âmbito da 
residência familiar. 
 
1.2 DADOS SOBRE A VIOLÊNCIA DOMESTICA E FAMILIAR 
 
Sabe-se que a violência contra a mulher é crescente no Brasil a cada ano, 
mesmo considerando-se que, na maioria dos casos, os agressores não chegam a 
ser denunciados. 
Ainda que a Lei beneficie as mulheres, muitas delas sentem-se receosas em 
denunciar seus companheiros. 
ELUF (apud Pacheco 2015, p.6) afirma que “O Brasil ocupa o sétimo lugar no 
ranking mundial de violência doméstica. É um dos piores ambientes do mundo para 
as mulheres.” 
12 
 
Apesar de toda a evolução que a Lei Maria da Penha trouxe para as 
mulheres, muitas ainda têm medo de denunciar as agressões praticadas pelos seus 
companheiros, fazendo com que estas se prolonguem. 
Conforme a pesquisa DataSenado, 2015, cem por cento das brasileiras 
sabem da existência da Lei Maria da Penha, a saber: em 2011 eram 98%; em 2013, 
99% e em 2015 praticamente 100% das entrevistadas. 
Em contrapartida, a eficácia da proteção diminuiu seu percentual: hoje 56% 
se sentem mais protegidas. Em 2013 eram 66%. Mesmo que uma em cada cinco 
mulheres declara já ter sofrido algum tipo de violência, 26% delas ainda convivem 
com seu agressor que, em 70% dos casos é o parceiro ou ex-parceiro. 
Há um predomínio de agressões físicas (66%) seguida de violência 
psicológica, que passou de 38% em 2013 para 48% em 2015. 
Houve declínio no percentual de relatos de violência moral, que passou de 
39% em 2013 para 31% em 2015. 
Quanto à periodicidade das agressões, 23% das entrevistadas afirmam sofrer 
agressões semanais, e 67% delas, raramente são agredidas. 
Demonstra, ainda, a pesquisa que 43% das entrevistadas declaram que não 
há respeito no tratamento para com as mulheres, sendo mais sensível entre as 
idosas (52%), as menos escolarizadas (53%) e entre as empregadas domésticas 
(59%). 
Além disso, a pesquisa demonstrou que a mulher sente-se menos protegida, 
mesmo com a Lei Maria da Penha, a saber: em 2013, 66% das entrevistadas 
declarou sentir-se protegida; hoje, apenas 56%. 
A análise por nível de instrução demonstra que quanto maior a escolaridade, 
maior a proteção, a saber: no grupo com superior completo, 70% acreditam na 
melhora; dentre as que cursaram até o ensino médio, 53% e, para as que têm até o 
ensino fundamental, 42%. 
 
1.3 DESENVOLVIMENTO INTERNACIONAL 
 
O tema da violência doméstica e familiar contra as mulheres mostrou que as 
agressõesaconteciam no mundo todo, tendo inclusive, sido apresentado um 
relatório especial na 52ª Sessão, da comissão dos Direitos Humanos da ONU, 
realizada em 1995. 
13 
 
 
1.3.1 Convenção CEDAW 
 
Em 18 de dezembro de 1979 a Assembléia Geral da ONU adotou a 
Convenção para a Eliminação de todas as Formas de Discriminação contra a 
Mulher, que entrou em vigor em 03 de setembro de 1981 (CEDAW). Ela é composta 
por um preâmbulo e 30 artigos, sendo que 16 deles contemplam direitos 
substantivos que devem ser respeitados, protegidos, garantidos e promovidos pelo 
Estado. 
 
1.3.2 Convenção Belém do Pará 
 
O marco histórico para a eliminação da violência contra a mulher data de 19 
de junho de 1994, quando a Assembléia Geral da Organização dos Estados 
Americanos – OEA – adotou a Convenção Interamericana para Prevenir, Punis e 
Erradicar a Violência contra a Mulher – Convenção de Belém do Pará, ratificada pelo 
Brasil em 27 de novembro de 1995. 
A partir dessa data o Brasil passou contar com um dispositivo legal 
internacional que define como é e como se manifesta essa forma específica de 
violência, principalmente por estarem as mulheres inseridas em um contexto 
histórico e cultural desigual entre homens e mulheres. 
 
 
1.3.3 Caso Maria da Penha 
 
Maria da Penha Maia Fernandes, era uma de tantas mulheres vitimas da 
violência domestica deste país. 
Em maio de 1983, seu marido simulou um assalto, atingindo-a com um tiro de 
espingarda, deixando-a paraplégica. Dias depois, tentou eletrocutá-la, enquanto esta 
tomava banho. 
Transcorridos anos, episódios sucessivos de maus tratos, torturas e 
agressões no âmbito domestico, a vitima Maria da Penha Maia Fernandes, nunca 
14 
 
deixou de manifestar sua indignação, não se calando, mesmo diante da inércia da 
Justiça. 
Após desencadear uma luta de repercussão nacional conseguiu que, em 
1991, seu marido fosse condenado pelo Tribunal do Júri, a oito anos de prisão, 
tendo recorrido em liberdade, e após, o julgamento tenha sido anulado. 
Nesse sentido, Maria Berenice Dias (Jusnavigandi), assevera que: 
Essa é a história de Maria da Penha. A repercussão foi de tal ordem que o 
Centro pela Justiça e Direito Internacional – CEJIL e o Comitê Latino-
Americano e do Caribe para a Defesa dos Direitos da Mulher – CLADEM 
formalizaram denúncia à Comissão Interamericana de Direitos Humanos da 
Organização dos Estados Americanos. Foi a primeira vez que a OEA acatou 
uma denúncia de crime de violência doméstica. Apesar de, por quatro 
vezes, a Comissão ter solicitado informações ao governo brasileiro, nunca 
recebeu nenhuma resposta. O Brasil foi condenado internacionalmente, em 
2001. O relatório n.º 54 da OEA, além de impor o pagamento de 
indenização no valor de 20 mil dólares, em favor de Maria da Penha, 
responsabilizou o estado brasileiro por negligência e omissão frente à 
violência doméstica, recomendando a adoção de várias medidas, entre elas 
“ simplificar os procedimentos judiciais penais, a fim de que possa ser 
reduzido o tempo processual”. A indenização, no valor de 60 mil reais, foi 
paga a Maria da Penha, em julho de 2008, pelo governo do estado do 
Ceará em uma solenidade pública com pedido de desculpas. 
 
 
1.4 A APROVAÇÃO DA LEI MARIA DA PENHA 
A lei nº 11.340, de 2006, trouxe um avanço para o nosso sistema jurídico. A 
recorrente violência que a mulher vinha sofrendo durante muitos anos, levou o 
legislador brasileiro a elaborar uma lei específica para tutelar a vida e a integridade 
física da mulher. 
Calazans e Cortes em O processo de criação, aprovação e implementação da 
Lei Maria da Penha traçam o histórico da seguinte forma: a luta teve início na 
década de 1970, quando as mulheres foram às ruas com o slogan Quem ama não 
mata, tendo o assunto permanecido em debate, culminando com as primeiras ações 
governamentais para discussão da violência contra as mulheres na década de 1980. 
Nos anos 1990 as mulheres se organizaram em seminários onde debatiam 
este tema como foco principal, porque em nosso país não se falava em proteção 
específica para as mulheres que já naquela época eram vítimas de violência 
doméstica e familiar. 
15 
 
Mesmo com esses avanços, nada amenizava a vida dessas vítimas. Era 
como se os crimes praticados dentro dos lares devessem ser encerrados lá mesmo 
e guardados a sete chaves. 
Esse era o cenário jurídico ainda no ano de 2000, quando notou-se que a 
questão da violência doméstica contra as mulheres já havia sido inserida em, pelo 
menos, seis projetos de lei que tramitavam no Congresso Nacional com vistas a 
promover alterações no Código Penal sem, contudo, garantir a efetiva proteção da 
vítima. 
Embora houvesse esse movimento em busca de leis específicas, a situação 
que a realidade apresentava era diferente, pois os casos de violência doméstica 
eram encaminhados para os juizados especiais cíveis e criminais que tinham 
competência para julgar os crimes de menor potencial ofensivo. 
Diante da resistência em aprovar leis específicas, em julho de 2002, seis 
organizações governamentais feministas, a saber: CFEMEA, ADVOCACI, AGENDE, 
CEPIA, CLADEM/BR e THEMIS organizaram-se em um consórcio para a elaboração 
de lei integral de combate à violência doméstica contra as mulheres. 
Depois de intensas batalhas, muitas reuniões, (re)elaboração de textos legais 
e maciço apoio da sociedade, finalmente, em 07 de agosto de 2006, a Lei Maria da 
Penha foi sancionada pelo então presidente do Brasil Luís Inácio Lula da Silva, 
introduzindo definitivamente o aumento no rigor das punições às agressões contra a 
mulher. 
2. A LEI MARIA DA PENHA E A VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR CONTRA 
A MULHER 
2.1. DEFINIÇÃO DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA FAMILIAR 
Segundo artigo publicado no Núcleo de Estudos da Violência Contra a 
Mulher, da Universidade Estadual de Ponta Grossa, UEPG, publicado no sítio 
nevicompg.blogspot.com.br , violência doméstica e familiar contra a mulher é 
“qualquer ação ou omissão baseada no gênero que lhe cause morte, lesão, 
sofrimento físico, sexual ou psicológico e dano moral ou patrimonial” quando 
16 
 
praticada no âmbito da unidade doméstica, da família ou em qualquer relação íntima 
de afeto. 
A vítima desses atos de violência é sempre a mulher. Já seu agressor pode 
ser seu companheiro ou ex-companheiro (independente de orientação sexual), 
irmãos ou qualquer outro sujeito ativo, desde que entre eles exista um vínculo de 
relação doméstica familiar ou de afetividade. 
Outros exemplos de sujeitos passivos para a Lei Maria da Penha são as 
colegas de quarto em uma república estudantil e a empregada doméstica cuja 
presença regular no domicílio onde trabalha estabelece um vínculo afetivo. 
Quanto aos tipos de violência doméstica e familiar a Lei estabelece cinco 
formas específicas, a saber: física, psicológica, sexual, patrimonial e moral. 
De acordo com o artigo 5º, da Lei 11.340/06: 
 “Para os efeitos desta Lei, configura violência doméstica e familiar contra a 
mulher qualquer ação ou omissão baseada no gênero que lhe cause morte, lesão, 
sofrimento físico, sexual ou psicológico e dano moral ou patrimonial.” 
 
Da leitura desse artigo depreende-se que nem toda ação praticada contra a 
mulher será tida como violência doméstica e familiar, mas apenas aquela fundada 
em preconceito ou opressão tendo como vítima a mulher. 
A Lei 11.340/2006, não configura por imposição, como deve ser definida a 
família, permitindo que seu conceito se estenda para as uniões monoparentais, 
uniões homoafetivas, famílias paralelas ou qualquer outra forma estabelecida pela 
vontade de seus membros. 
Dessa forma, sobre o tema, leciona ROLF MADALENO (2001, p.152): 
{...} realidadesocial de larga existência, a união de pessoas de sexo 
distintos é a mais antiga das formas de agrupamento humano por laços de 
afeto que unem em família e de modo informal, um homem e uma mulher, 
como sucede ao longo dos tempos. Merecendo ser conferida a celebre 
manifestação doutrinaria de Virgílio de Sá Pereira, de existir família na visão 
de um homem e uma mulher reunidos sob o mesmo teto, em torno de um 
pequenino ser, fruto único do seu amor, encerrando por afirmar que a 
família nasce de um a fato natural e não de uma convenção social. 
 
17 
 
Diante disso, aplica-se a proteção jurisdicional contra toda e qualquer 
agressão à mulher, seja ela quando não ocorre convivência sob o mesmo teto que 
seu companheiro, seja quando nas relações de namoro e ex-namoro, e também na 
ocorrência de relacionamentos duradouros, passageiros ou advindos da união 
estável/ casamento. 
Sobre isso se posicionou o STJ, a saber: 
EMENTA: PENAL.RECURSO EM HABEAS CORPUS. LEI MARIA DA PENHA. 
EX-NAMORADOS. APLICABILIDADE. AUDIENCIA PRELIMINAR. REALIZÃO 
SEM A PREENÇA DO PACIENTE. IRRELEVANCIA. CONSTRANGIMENTO 
ILEGAL NÃO IVIDENCIADO. RECURSO DESPROVIDO. I. A Terceira Seção 
deste Superior Tribunal de Justiça vem firmando entendimento jurisprudencial no 
sentido de que a ameaça cometida por ex-namorado que não se conforma com o 
rompimento do vinculo configura violência domestica, ensejando a aplicação da 
Lei nº 11.340/2006.(...) IV.Recurso desprovido. (STJ-RHC 
27317.RJ2009/0240403-0-J.24/05/2012.Rel.Min.Gilson Dipp. 
 
3. FORMAS DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR CONTRA A MULHER 
Conforme dispõe o art. 7º da Lei Maria da Penha, são formas de violência 
doméstica e familiar contra a mulher, entre outras: 
I - a violência física, entendida como qualquer conduta que ofenda sua integridade 
ou saúde corporal; 
II - a violência psicológica, entendida como qualquer conduta que lhe cause dano 
emocional e diminuição da auto-estima ou que lhe prejudique e perturbe o pleno 
desenvolvimento ou que vise degradar ou controlar suas ações, comportamentos, 
crenças e decisões, mediante ameaça, constrangimento, humilhação, 
manipulação, isolamento, vigilância constante, perseguição contumaz, insulto, 
chantagem, ridicularização, exploração e limitação do direito de ir e vir ou qualquer 
outro meio que lhe cause prejuízo à saúde psicológica e à autodeterminação; 
III - a violência sexual, entendida como qualquer conduta que a constranja a 
presenciar, a manter ou a participar de relação sexual não desejada, mediante 
intimidação, ameaça, coação ou uso da força; que a induza a comercializar ou a 
utilizar, de qualquer modo, a sua sexualidade, que a impeça de usar qualquer 
método contraceptivo ou que a force ao matrimônio, à gravidez, ao aborto ou à 
prostituição, mediante coação, chantagem, suborno ou manipulação; ou que limite 
ou anule o exercício de seus direitos sexuais e reprodutivos; 
IV - a violência patrimonial, entendida como qualquer conduta que configure 
retenção, subtração, destruição parcial ou total de seus objetos, instrumentos de 
trabalho, documentos pessoais, bens, valores e direitos ou recursos econômicos, 
incluindo os destinados a satisfazer suas necessidades; 
18 
 
V - a violência moral, entendida como qualquer conduta que configure calúnia, 
difamação ou injúria. 
 
3.1 VIOLÊNCIA FÍSICA 
Ainda que a agressão não deixe marcas aparentes, o uso da força física que 
ofenda o corpo ou a saúde da mulher constitui vis corporalis, expressão que define a 
violência física. A violência física pode deixar sinais ou sintomas que facilitam a sua 
identificação: hematomas, arranhões, queimaduras e fratura. 
O estresse crônico gerado em razão da violência também pode desencadear 
sintomas físicos, como dores de cabeça, fadiga crônica, dores nas costas e até 
distúrbios no sono. Conforme dados do PNAD/IBGE, 48% das mulheres foram 
agredidas dentro de suas próprias residências e que 3 em cada 5 mulheres jovens 
sofreram violência em relacionamentos (Fonte Instituto AVON). 
Segundo a mesma fonte, 37% das jovens que responderam as pesquisas 
afirmam ter tido relação sexual sem preservativo por insistência do parceiro, o que 
justifica o aumento da contaminação por HIV entre os jovens; 51% das mulheres, ao 
fim de uma relação, já sofreram ameaças, foram perseguidas ou deixaram de 
frequentar lugares comuns por medo. (Pesquisa DATA POPULAR/INSTITUTO 
AVON 2013). 
 
3.2 VIOLÊNCIA PSICOLÓGICA 
A violência psicológica consiste na agressão emocional (tão ou mais grave 
que a física). O comportamento típico se dá quando o agente ameaça, rejeita, 
humilha ou discrimina a vítima, demonstrando prazer quando vê o outro se sentir 
amedrontado, inferiorizado e diminuído, configurando a vis compulsiva. 
Ainda analisando o art.7º , II, da Lei Maria da Penha, fica claro que tal 
violência se refere a qualquer ato que possa, emocionalmente, causar a diminuição 
da autoestima da vitima. 
19 
 
Após estudo aprofundado, o legislador percebeu que o agressor, na maioria 
das vezes, insulta, ridiculariza, chantageia e ameaça sua vitima, passando a 
persegui-la sem descanso. 
 
3.3 VIOLÊNCIA SEXUAL 
A violência sexual abrange uma variação de atos ou tentativas de relação 
sexual, seja fisicamente forçada ou coagida, que se dá tanto no casamento bem 
como em outros tipos de relacionamentos. 
O fato dos autores serem geralmente cônjuges é fator que contribui para que 
esse tipo de violência permaneça invisível. 
Continuando na analise do art.7º, da Lei retro citada, percebe-se que existe a 
abrangência da violência sexual de modo ainda mais amplo que no direito penal, 
pois determina que essa violência deve ser entendida como a conduta que 
constranja, mantenha, obrigue ou provoque a participação da mulher em uma 
relação sexual indesejada. 
 
3.4 VIOLÊNCIA PATRIMONIAL 
É o ato de “subtrair” objetos da mulher, o que nada mais é do que furtar. 
Assim, subtrair para si coisa alheia móvel, configura o delito de furto. Quando a 
vítima é mulher com quem o agente mantém relação de ordem afetiva, não se pode 
mais admitir a escusa absolutória. 
O mesmo se diga com relação à apropriação indébita e ao delito de dano. É 
violência patrimonial “apropriar” e “destruir”, os mesmos verbos utilizados pela lei 
penal para configurar tais crimes. 
Forte no estudo do art.7º da Lei Maria da Penha, agora em seu inciso IV, há o 
entendimento de que toda a conduta que culmine com a retenção, subtração, 
destruição total ou parcial dos objetos, instrumentos de trabalho, documentos, bens, 
direitos ou recursos econômicos de uma mulher, serão passiveis de pena. 
20 
 
Segundo RANGEL(2013, p.176) : 
A elite sempre resolveu a violência doméstica através de um instituto tipicamente 
burguês e capitalista: o divórcio. A divisão do patrimônio sempre foi um dos 
maiores fatores de permanência e controle do homem no lar. A mulher burguesa e 
espancada, portanto, vítima do descontrole marital, sempre usou bem a divisão do 
patrimônio como um freio à violência do marido, e à tentativa de reconstrução do 
amor perdido. Todavia, a pobre, o que tenta é renegociar o pacto doméstico 
conjugal, evitando que os inquéritos policiais sigam em frente. Ela tem amor ao 
marido, mas também dependência econômica. 
 
3.5 VIOLÊNCIA MORAL 
Também prevista no art.7º, inciso V, a violência moral encontra proteção 
penal nos delitos contra a honra: calúnia, difamação e injúria. São denominados 
delitos que protegem a honra, mas, se cometidos em decorrência de vínculo de 
natureza familiar ou afetiva, configuram violência moral. 
Na calúnia, o fato atribuído pelo ofensor à vitima é definido como crime. 
Na injúria não há atribuição de fato determinado, masna difamação há 
atribuição de fato ofensivo à reputação da vítima. A calúnia e a difamação atingem a 
honra objetiva; a injúria atinge a honra subjetiva. 
A calúnia e a difamação consumam-se quando terceiros tomam conhecimento 
da imputação; a injúria consuma-se quando o próprio ofendido toma conhecimento 
do ultraje. 
 
4. AS MEDIDAS PROTETIVAS NA LEI MARIA DA PENHA. 
 
Com a criação da Lei nº 11.340/2006, a violência doméstica passou a contar 
com mudanças na regra relativa à punição do agressor. 
O art. 8º da lei Maria da Penha (e seus incisos) dedicou-se a criar medidas 
visando prevenir e coibir o delito, aplicando-lhe a pena cabível, decretando que a 
política pública que visa coibir a violência doméstica e familiar contra a mulher far-
21 
 
se-á por meio de um conjunto articulado de ações da União, dos Estados, do Distrito 
Federal e dos Municípios e de ações não-governamentais, tendo por diretrizes: 
I - a integração operacional do Poder Judiciário, do Ministério Público e da 
Defensoria Pública com as áreas de segurança pública, assistência social, saúde, 
educação, trabalho e habitação; 
II - a promoção de estudos e pesquisas, estatísticas e outras informações 
relevantes, com a perspectiva de gênero e de raça ou etnia, concernentes às 
causas, às conseqüências e à freqüência da violência doméstica e familiar contra 
a mulher, para a sistematização de dados, a serem unificados nacionalmente, e a 
avaliação periódica dos resultados das medidas adotadas; 
III - o respeito, nos meios de comunicação social, dos valores éticos e sociais da 
pessoa e da família, de forma a coibir os papéis estereotipados que legitimem ou 
exacerbem a violência doméstica e familiar, de acordo com o estabelecido no 
inciso III do art. 1o, no inciso IV do art. 3o e no inciso IV do art. 221 da Constituição 
Federal; 
IV - a implementação de atendimento policial especializado para as mulheres, em 
particular nas Delegacias de Atendimento à Mulher; 
V - a promoção e a realização de campanhas educativas de prevenção da 
violência doméstica e familiar contra a mulher, voltadas ao público escolar e à 
sociedade em geral, e a difusão desta Lei e dos instrumentos de proteção aos 
direitos humanos das mulheres; 
VI - a celebração de convênios, protocolos, ajustes, termos ou outros instrumentos 
de promoção de parceria entre órgãos governamentais ou entre estes e entidades 
não-governamentais, tendo por objetivo a implementação de programas de 
erradicação da violência doméstica e familiar contra a mulher; 
VII - a capacitação permanente das Polícias Civil e Militar, da Guarda Municipal, 
do Corpo de Bombeiros e dos profissionais pertencentes aos órgãos e às áreas 
enunciados no inciso I quanto às questões de gênero e de raça ou etnia; 
VIII - a promoção de programas educacionais que disseminem valores éticos de 
irrestrito respeito à dignidade da pessoa humana com a perspectiva de gênero e 
de raça ou etnia; 
IX - o destaque, nos currículos escolares de todos os níveis de ensino, para os 
conteúdos relativos aos direitos humanos, à equidade de gênero e de raça ou 
etnia e ao problema da violência doméstica e familiar contra a mulher. 
Com a inovação da Lei, as medidas protetivas de urgência, previstas nos art. 
22 a 24, devem ser aplicadas após a análise da gravidade de cada caso. 
Isso não significa serem esses os únicos artigos da Lei que determinam a 
proteção da vítima. Eis que, consultando-a em seu inteiro teor, vêem-se vários 
artigos dispondo resguardar a integridade da mulher. 
Tais medidas, podem ser conhecidas e fixadas de oficio pelo juiz, requeridas 
pelo Ministério Público, ou, a pedido da própria ofendida. 
22 
 
Cabe à mulher, vítima de violência doméstica, procurar uma delegacia de 
polícia especializada, relatar o ocorrido e assegurar-se de que a autoridade policial 
tomará as providências necessárias e as medidas judiciais cabíveis. 
Talvez por esse motivo ocorra a inaplicabilidade das citadas medidas 
protetivas elencadas na Lei Maria da Penha. 
 Outro benefício assegurado pela Lei nº 11.340/2006 em seus artigos 18 a 24, 
refere-se à previsão do desarmamento do violador e até o afastamento entre o 
agressor e a ofendida. 
No entanto, para que tal ocorra, os agentes do Estado dependem de um 
aparato que hoje não lhes é fornecido, conforme apontam as pesquisas do 
DataSenado mencionados no topo deste trabalho. 
Ainda tratando-se de medidas de urgência na proteção da violência doméstica 
contra a mulher, a prisão preventiva é medida respaldada pela Lei. 
Quando se trata da proteção da ofendida previsto está o encaminhamento ao 
programa de proteção que a reconduz ao lar e lhe garante direitos civis, patrimoniais 
e trabalhistas, se forem o caso. 
É nesse momento que se faz necessário analisar profundamente a eficácia da 
medida protetiva, pautando o raciocínio nos arts.18 e seguintes; já no primeiro deles 
a garantia de proteção policial à vitima mostra-se totalmente inócua, vez que, na 
maioria das delegacias especializadas espalhadas pelo pais, inexiste pessoal 
suficiente e, nem mesmo, a instrumentalização necessária para o cumprimento do 
dispositivo legal. 
Ou seja, a previsão legal é diametralmente oposta ao aparelhamento do 
Estado, que não possui atualmente efetivo para colocar nas ruas fazendo frente à 
quantidade sem número de vítimas da violência doméstica e familiar, o que ocorre 
por falta de políticas públicas sistematizadas em todo o pais. 
De acordo com NUCCI (2006, p.1270) o disposto no texto legal é de grande 
valia teórica, porém, na prática a realidade remete à falta de estrutura do Estado em 
garantir os direitos ali expostos. 
A apurada análise do dispositivo acima mencionado, permite considerar que a 
autoridade policial ainda se depara com o arrependimento da vitima que, 
invariavelmente, vai ao encontro do suposto laço afetivo, da dependência financeira 
ou até mesmo pela pressão exercida pelos filhos e familiares, quando se deparam 
com a possibilidade da prisão. 
23 
 
Por conseguinte, o que se percebe é que dentre as medidas relativas ao 
ofensor, alguns dispositivos acabam servindo apenas como advertência, sem o 
menor valor cogente, sabendo-se que o agressor, em muitos casos, jamais irá 
obedecer ao que lhe foi imposto/proibido, haja vista a ausência de fiscalização pelo 
Estado. 
Percebe-se, portanto, que as medidas protetivas consideradas um avanço na 
proteção das mulheres, são impraticáveis, vez que a tutela da mulher ofendida 
requer um atendimento especializado junto às delegacias, serviços de apoio e 
demais sistemas que, por existirem em número insuficiente, não conseguem garantir 
que o acusado seja impedido de se aproximar de sua vitima, o que agrava 
imensamente a situação cotidiana da mulher agredida. 
Em países mais desenvolvidos e em alguns poucos Estados brasileiros, o que 
também já se encontra sendo utilizado é o monitoramento eletrônico do agressor e 
da vitima, permitindo que a polícia seja informada acerca de uma possível 
aproximação entre ambos. 
Apesar de a utilização dessa ferramenta permitir uma rápida intervenção 
policial, no Brasil isso é difícil, pois os registros de casos de violência domestica 
contra a mulher acontecem aos milhares, isso desprezando-se os números dos 
quais não se têm noticia, se levarmos em conta aquelas vitimas que, por medo, 
deixam de buscar a tutela do estado. 
Conforme estabelece o artigo 10 da Lei n.º11.340 de 2006, cabe à autoridade 
policial que tomar conhecimento dos fatos adotar as medidas legais cabíveis, senão 
vejamos: 
Na hipótese da iminência ou da pratica de violência domestica e familiar contra a 
mulher, a autoridade policial que tomar conhecimento da ocorrência adotará, de 
imediato,as providencias legais cabíveis. 
Aplica-se o disposto no caput deste artigo ao descumprimento de medida protetiva 
de urgência deferida. 
 
 Diante disso, vale analisar o artigo 11 da referida Lei, que trata das medidas 
a serem tomadas pela autoridade policial, sem prejuízo de outras elencadas no 
corpo da legislação vigente, eis que não se trata de um rol taxativo. 
 
 
 
24 
 
4.1 TIPOS DE MEDIDAS A PARTIR DA FUNCIONALIDADE 
 
Inicialmente, há que se mencionar que as medidas restritivas relativas ao 
agressor e previstas no artigo 22 da Lei n.º11.340 de 2006, são as seguintes: 
 
I- suspensão da posse ou restrição do porte de armas, com a comunicação ao 
órgão competente, nos termos da Lei nº 10.826/2003; 
II- afastamento do lar, domicílio ou local de convivência com a ofendida; 
III- proibição de determinadas condutas, entre as quais: 
 a) aproximação da ofendida, de seus familiares e das testemunhas, fixando 
limite mínimo de distância entre estes e o agressor; 
 b) contato com a ofendida, seus familiares e testemunhas por qualquer meio de 
comunicação; 
 c) freqüentação de determinados lugares a fim de preservar a integridade física 
e psicológica da ofendida; 
IV- restrição ou suspensão de visitas aos dependentes menores, ouvida a equipe 
de atendimento multidisciplinar ou serviço similar; 
V- prestação de alimentos provisionais ou provisórios. 
 
 
Frise-se que tais medidas não restringem a aplicação de outras, sempre 
vislumbrando a segurança da vítima. De acordo com Arnoldo Camanho de Assis 
(2008, p.22), o requerimento das medidas protetivas de urgência surge da seguinte 
forma: 
 
A autoridade policial que tomar conhecimento da ocorrência adotará, de imediato, 
as providências legais cabíveis. Isso significa, em outras palavras, que, sem 
prejuízo do disposto no artigo 11 da LMP, deverá, feito o registro da ocorrência, 
remeter, no prazo de 48 horas, expediente apartado ao juiz com o pedido da 
ofendida para a concessão das medidas protetivas de urgência (artigo 12, inciso III 
da LMP). 
 
Assim, cuida o artigo 22, inciso I, da Lei n.º11.340 de 2006, da suspensão ou 
restrição do porte de arma do agressor. 
Frise-se que caso o porte de arma seja regular, o desarmamento só poderá 
se efetivar caso a vítima o solicite, e a restrição ou suspensão de seu uso deverá ser 
comunicada ao Sistema Nacional de Armas (SINARM), assim como à Policia 
Federal. 
Quanto ao inciso II, do artigo 22, da Lei n.º11.340 de 2006, o juiz poderá 
determinar o afastamento do agressor do seu lar, domicilio, ou qualquer outro local 
de convivência com a ofendida. 
25 
 
Maria Berenice Dias (2010, p.107), explica que o afastamento do lar “somente 
será deferido ante a notícia da prática ou do risco concreto de algum crime que o 
justifique, e não como mero capricho da ofendida”. 
Diverso não é o entendimento do Egrégio Tribunal de Justiça do Estado do 
Rio de Janeiro, senão vejamos: 
MANDADO DE SEGURANÇA. LEI MARIA DA PENHA. MEDIDA PROTETIVA DE 
AFASTAMENTO DO CONJUJE VARÃO DO LAR PARA QUE A EX-ESPOSA E A 
FILHA MENOR RETORNEM A CASA. Marido e mulher autores e vitimas 
recíprocas de lesões corporais oriundas das 36 relações domesticas e familiares. 
Necessidade de ser dado amparo à filha menor do casal uma vez que, juntamente 
com a mãe, foi constrangida a se afastar do lar, não recebendo qualquer auxilio 
por parte do pai e sendo a mãe hipossuficiênte e se vendo obrigada a custear 
aluguel de uma moradia para abrigá-las. Decisão amparada no artigo 23, inciso II, 
da Lei n.º11.340/06, que não consistiu em qualquer ilegalidade, eis que atendeu 
ao objetivo protetivo do instituto legal, considerando a hipossuficiência da parte 
ofendida em sozinha sustentar a filha menor oriunda da união e a impossibilidade 
de permanecer o casal sob o mesmo teto sem agressões mutuas. DENEGAÇÃO 
DA ORDEM. (TJ/RJ – MS 2008.078.0042-Rel. Leila Albuquerque – J.. em 
14.07.2008. 
 
Pode, ainda, o juiz determinar que o agressor não se aproxime da ofendida, 
familiares e testemunhas, fixando limite mínimo de distancia entre eles ( inciso III, a). 
Guilherme de Souza Nucci (2006,p.879) leciona sobre o tema que: 
 
Andou bem o legislador em não definir a extensão da distancia. Ainda que a falta 
de delimitação na lei possa gerar algumas discussões, melhor que a 
individualização do espaço de aproximação fique a arbítrio do juiz, até porque, a 
depender de determinadas circunstancias espaciais, a margem de segurança 
pode variar de caso a caso. 
 
Outra medida de proteção da mulher vem descrita no artigo 22, inciso III, 
alínea b, da lei nº 11.340 de 2006, que dispõe sobre a restrição de qualquer tipo de 
contato com a ofendida, seus familiares e testemunhas. 
Por fim, o artigo 22, inciso VI, da Lei n.º 11.340 de 2006, dispõe sobre a 
suspensão ou restrição das visitas aos filhos menores assim que seja ouvida a 
equipe multidisciplinar, cuja opinião é de suma importância, fazendo-se necessária 
para preservar o vínculo de convivência entre pais e filhos. 
 
4.2. DAS DIFICULDADES EM SEU CUMPRIMENTO 
 
Quando se fala das dificuldades no cumprimento das medidas protetivas de 
urgência, o número insuficiente de delegacias e varas especializadas e até mesmo o 
26 
 
comportamento machista de alguns juízes e delegados, dificultam o cumprimento da 
lei, mesmo com um grande número de queixas. 
Estatísticas da Agência Câmara de Notícias demonstram que em 2012 foram 
registrados por dia, pela Central de Atendimento à Mulher - o Ligue 180, cerca de 
240 registros de violência doméstica e familiar contra a mulher. 
Dos mais de 88 mil atendimentos, quase 57% referiam-se a casos de 
violência física, seguidos de denúncias de violência psicológica, moral, sexual e 
patrimonial. Entre os relatos, 89% tinham como agressor o companheiro, cônjuge, 
namorado, ex-marido ou ex-namorado da vítima. 
No total, o Ligue 180 realizou mais de 700 mil atendimentos no ano passado, 
entre denúncias e pedidos de informação. Um aumento de 11% em comparação a 
2011. O serviço foi criado em 2005 pela Secretaria de Políticas para as Mulheres 
para escutar e orientar mulheres em situação de violência. 
Desde a sanção da Lei Maria de Penha, em 2006, essa tem sido uma das 
principais causas de ligação à central. 
E como entrave maior para o cumprimento das medidas protetivas de 
urgência, o sistema estatal se depara com uma mulher que, ao se deslocar até as 
delegacias, precisou romper vários obstáculos internos. 
Portanto, deve ser tratada de forma a sentir-se acolhida e não tratada como 
corresponsável pela violência que sofreu, conforme afirma Ana Cristina Melo 
Santiago, delegada de polícia civil do Distrito Federal. 
 
 
4.3 INSUFICIÊNCIA DE EQUIPAMENTOS PÚBLICOS 
 
Para a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investigou entre 
2012 e 2013 a violência contra a mulher, o quadro é grave e demonstra a 
insuficiência de equipamentos públicos adequados para receber as vítimas. 
Segundo o relatório final do grupo, o País conta com 408 Delegacias da 
Mulher e 103 núcleos especializados em delegacias comuns. A maioria está 
concentrada nas capitais e regiões metropolitanas. 
Mesmo onde existem delegacias, a comissão constatou a situação de 
abandono de muitas delas, dificultando o registro de boletins de ocorrência e tomada 
de depoimentos das vítimas ou testemunhas. 
27 
 
Uma das poucas exceções é a Delegacia da Mulher do Distrito Federal, que, 
apesar de localizada no Plano Piloto – longe das regiões com mais concentração 
feminina na capital –, conta com uma estrutura adequada para atendimento às 
mulheres. 
Porém, não é só nas delegacias que as vítimas podem encontrar problemas. 
A comissão de inquéritotambém constatou que os Tribunais de Justiça do País não 
dão a devida atenção à Lei Maria da Penha. 
Existem Estados brasileiros, por exemplo, onde juízes ainda suspendem 
processos por entender que as lesões decorrentes da violência doméstica e familiar 
fazem parte do grupo das que têm menor poder ofensivo. 
Apesar das recomendações do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), falta 
orçamento para a instalação de juizados e varas especializadas. Segundo a 
comissão, existem 66 Juizados Especializados de Violência Doméstica no Brasil, 
valor este irrisório diante da quantidade de boletins de ocorrência lavrados 
diariamente. 
A comissão do Congresso que investigou a violência contra a mulher entende 
que é possível aperfeiçoar a legislação, para maior abrangência de sua eficácia. 
Entre as mudanças propostas à Lei Maria da Penha, está a obrigação de o 
juiz, ao encaminhar mulheres para um abrigo, analisar necessariamente os 
requisitos da prisão preventiva do agressor, para evitar que o réu permaneça solto 
enquanto a vítima se mantenha com a liberdade restringida em uma casa-abrigo. 
Outra proposta é explicitar na lei a impossibilidade de se perguntar à vítima o 
interesse em desistir do processo penal. 
Na tentativa de tornar mais eficaz o atendimento às vítimas, o governo federal 
lançou recentemente o programa "Mulher, Viver sem Violência", com previsão de 
verba de R$ 265 milhões. 
Entre as medidas, está a construção das chamadas Casas da Mulher 
Brasileira nas 27 capitais, com serviços integrados de delegacia, juizado 
especializado, Ministério Público, Defensoria, abrigo temporário, espaço de 
convivência, sala de capacitação e brinquedoteca. 
 
 
 
 
28 
 
CONCLUSÃO 
 
Após extensa leitura e análise de todo o material coletado, vários foram os 
questionamentos particulares sobre o tema em comento. 
A uma, sob o prisma do avanço na legislação que regula o instituto da 
violência doméstica por refletir toda uma gama de sofrimentos históricos, aos quais a 
mulher vem sendo submetida desde tempos longínquos. 
Em que pese o avanço obtido pela incansável luta de Maria da Penha 
Fernandes, que não mediu esforços para conscientizar as autoridades, juristas e 
legisladores, sobre um problema que atinge milhares de mulheres no Brasil, a 
máquina policial em nossa nação não acompanhou tais mudanças, visto que 
delegacias especializadas deveriam ser criadas e efetivamente o foram, porém, 
dado o clamor provocado pela inovação trazida pela Lei Maria da Penha, 
insuficientes e sem efetivo. 
Como o contingente operacional não foi alterado, dezenas de boletins de 
ocorrências diariamente lavrados, aguardam ser investigados pelo mesmo número 
de agentes operacionais. Ou seja, cresce a cada dia o número de ocorrências que 
devem ser impulsionadas pelo mesmo número de agentes já sobrecarregados, 
fazendo com que muitas delas permaneçam estagnadas e sem solução, dessa 
forma, boa parte dos casos de violência não é resolvida. 
Com isso, muitas das mulheres vitimizadas, que precisaram de muito tempo e 
sofrimento para colocar um ponto final em seu calvário, não sentiram a segurança 
necessária vinda da autoridade constituída para lhes dar proteção, e com isso 
desistiram de todo o processo que a Lei Maria da Penha lhes garantia. 
De acordo com HEILBORN (2000, p.94) mesmo depois de estabelecidos os 
SOS - entidades que ofereciam apoio às mulheres vítimas de violência doméstica 
através de plantões de atendimento, a exemplo do que se fazia na Europa e nos 
Estados Unidos, orientando as mulheres a fazer uma reflexão sobre o seu papel e 
encorajando-as a abandonar quem lhes agredia. “Fracassaram. A violência 
continuou” diz a autora. 
 Tanto é que, mesmo depois de transcorridos quase 8 (oito) anos de sua 
existência, muitas mulheres ainda são perseguidas, mutiladas e mortas, mesmo 
29 
 
tendo denunciado por vezes sucessivas seus agressores às autoridades 
competentes, tal como aconteceu com a própria Maria da Penha Fernandes. 
Maria Berenice Dias afirma: “a questão da violência está enraizada em nossa 
história e cultura, não sendo o agressor o único culpado pelas agressões. O 
fundamento é cultural e decorre da desigualdade no exercício de poder e que leva a 
uma relação de dominante e dominado.” ( 2008,pp 15,16). 
A duas, sob o ângulo do legislador que buscou dar à redação do texto legal 
toda a abrangência que o tema merecia, na tentativa de proteger a mulher vitima de 
seu agressor, apontando as diversas formas da violência doméstica contra esta – 
física, psicológica, sexual, patrimonial e moral - servindo para medir o grau de 
agressão a que a vítima pode estar sujeita. 
Além do mais, a Lei 11.340/2006, trouxe a possibilidade da aplicação de 
prisão preventiva aos crimes nela mencionados, somando-se a ela uma série de 
medidas protetivas cujo objetivo é resguardar a integridade física e psíquica da 
vitima, as quais, se adotadas de acordo com a previsão legal, conferem eficiência e 
eficácia à dita medida protetiva. Entretanto o que se vê na realidade é um sistema 
falho e omisso, que carece de delegacias especializadas com contingente humano 
suficiente para conferir às vitimas o atendimento rápido e eficaz como o fato exige, 
além da morosidade do poder judiciário que coloca uma barreira impeditiva que 
acaba por descaracterizar a urgência que o problema merece. 
Nesse entendimento e buscando dar maior efetividade a Lei Maria da Penha, 
alguns Estados viabilizam serviços para assegurar a integridade física da vitima, 
através da criação da patrulha Maria da Penha, cujo objetivo é monitorar a execução 
e obediência às medidas protetivas. 
No entanto, nada disso terá valor, nem tão pouco o processo terá eficácia se 
a vitima não se conscientizar acerca da violência sofrida e estancar sua tentativa em 
desviar o foco da responsabilidade que deve recair sobre o agressor. 
Deixá-lo arcar com a responsabilidade de seus atos infracionais, permitindo 
que o Estado aplique as penas a que estiver adstrito por força do julgamento pelo 
seu crime, assim como deixar de sentir pena de quem lhe agride, são 
comportamentos que dependem da mudança radical de comportamento social entre 
as mulheres. RANGEL(2013,p.176), afirma que a violência doméstica de um 
cônjuge contra o outro não acabou: “O legislador tenta mais uma vez conter essa 
30 
 
onda de violência no lar, mas o faz sem a menor técnica legislativa e sempre com 
aquela falsa sensação de que a lei resolverá tudo. Há um apelo legislativo muito 
grande no Brasil. Não se educa, legisla-se. A lei substitui a educação do povo.” 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
31 
 
JURISPRIDÊNCIAS 
 
1) AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. DESCUMPRIMENTO DE 
MEDIDAS PROTETIVAS. LEI MARIA DA PENHA. CRIME DE DESOBEDIÊNCIA. 
ATIPICIDADE. 1. O crime de desobediência é um delito subsidiário, que se 
caracteriza nos casos em que o descumprimento da ordem emitida pela autoridade 
não é objeto de sanção administrativa, civil ou processual. 2. O descumprimento das 
medidas protetivas emanadas no âmbito da Lei Maria da Penha, admite requisição 
de auxílio policial e decretação da prisão, nos termos do art. 313 do Código de 
Processo Penal, afastando a caracterização do delito de desobediência. 3. Agravo 
regimental improvido. 
(STJ - AgRg no REsp: 1476500 DF 2014/0207599-7, Relator: Ministro WALTER DE 
ALMEIDA GUILHERME (DESEMBARGADOR CONVOCADO DO TJ/SP), Data de 
Julgamento: 11/11/2014, T5 - QUINTA TURMA, Data de Publicação: DJe 
19/11/2014). 
 
2) PENAL E PROCESSUAL. RECURSO EM HABEAS CORPUS. LESÃO 
CORPORAL. VIOLÊNCIADOMÉSTICA E FAMILIAR. LEI MARIA DA PENHA. 
SUSPENSÃO CONDICIONAL DO PROCESSO. IMPOSSIBILIDADE. 1. O art. 41 da 
Lei n. 11.340/2006 veda expressamente a aplicação das benesses previstas na Lei 
n. 9.099/1995 aos crimes praticados com violência doméstica e familiar. 2. Os 
diversos institutos despenalizadores previstos na Lei dos Juizados Especiais, 
inclusive a suspensão condicional do processo, não são aplicáveis aos crimes 
cometidos com violência familiar, independentemente da gravidade da infração. 
Precedentes. 3. Recurso não provido. 
(STJ - RHC: 54493 SP 2014/0322066-0, Relator: Ministro GURGEL DE FARIA, Data 
de Julgamento: 24/02/2015, T5 - QUINTA TURMA, Data de Publicação: DJe 
03/03/2015) 
 
3) PROCESSUAL PENAL. RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS. LEI 
MARIA DA PENHA. MEDIDAS PROTETIVAS. CONSTRANGIMENTO ILEGAL. 
AUSÊNCIA DE FUNDAMENTAÇÃO. INOCORRÊNCIA. EXCESSO DE PRAZO 
PARA A INSTAURAÇÃO DO INQUÉRITO POLICIAL. SUPRESSÃO DE 
INSTÂNCIA. RECURSO DESPROVIDO. I - A manutenção da medida protetiva 
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combatida encontra fundamento, precipuamente, na necessidade de garantia da 
segurança pessoal da ora recorrida, em razão, principalmente, da suposta ameaça 
de morte que estaria sofrendo. II - In casu, foram aplicadas ao recorrente as 
medidas protetivas de urgência previstas no art. 22, incisos II e III, da Lei n. 
11.340/06 (Lei Maria da Penha), uma vez que teria praticado, em tese, o delito 
tipificado no art. 7º do mesmo diploma legal. III - Dessa forma, devidamente 
fundamentada a manutenção da medida protetiva ora imposta (afastamento do lar), 
pelo que não se vislumbra, na hipótese e por ora, configurado constrangimento 
ilegal. IV - Impossibilidade de análise do alegado excesso de prazo para instauração 
de inquérito policial, sob pena de supressão de instância (precedente). Recurso 
ordinário desprovido. 
(STJ - RHC: 41826 BA 2013/0353990-8, Relator: Ministro FELIX FISCHER, Data de 
Julgamento: 28/04/2015, T5 - QUINTA TURMA, Data de Publicação: DJe 
21/05/2015) 
 
4) RECURSO EM HABEAS CORPUS. LEI MARIA DA PENHA. MEDIDAS 
PROTETIVAS DE URGÊNCIA. FUNDAMENTAÇÃO. PALAVRA DA VÍTIMA. 
POSSIBILIDADE. PRECEDENTES. 1. Em se tratando de casos de violência 
doméstica em âmbito familiar contra a mulher, a palavra da vítima ganha especial 
relevo para o deferimento de medida protetiva de urgência, porquanto tais delitos 
são praticados, em regra, na esfera da convivência íntima e em situação de 
vulnerabilidade, sem que sejam presenciados por outras pessoas. 2. No caso, 
verifica-se que as medidas impostas foram somente para manter o dito agressor 
afastado da ofendida, de seus familiares e de eventuais testemunhas, restringindo 
apenas em menor grau a sua liberdade. 3. Estando em conflito, de um lado, a 
preservação da integridade física da vítima e, de outro, a liberdade irrestrita do 
suposto ofensor, atende aos mandamentos da proporcionalidade e razoabilidade a 
decisão que restringe moderadamente o direito de ir e vir do último. 4. Recurso em 
habeas corpus improvido. 
(STJ - RHC: 34035 AL 2012/0213979-8, Relator: Ministro SEBASTIÃO REIS 
JÚNIOR, Data de Julgamento: 05/11/2013, T6 - SEXTA TURMA, Data de 
Publicação: DJe 25/11/2013) 
 
 
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