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1 UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ JOSE RICARDO DEMOGALSKI APLICABILIDADE DAS MEDIDAS PROTETIVAS PREVISTAS NA LEI MARIA DA PENHA - LEI Nº 11.340/2006 CURITIBA 2015 2 JOSÉ RICARDO DEMOGALSKI APLICABILIDADE DAS MEDIDAS PROTETIVAS PREVISTAS NA LEI MARIA DA PENHA - LEI Nº 11.340/2006 Monografia apresentada ao Curso de Direito, da Faculdade de Ciências Jurídicas, da Universidade Tuiuti do Paraná – UTP, como requisito para obtenção do titulo de Bacharel em Direito. Orientadora: Professora Helena De Souza Rocha CURITIBA 2015 3 TERMO DE APROVAÇÃO JOSÉ RICARDO DEMOGALSKI APLICABILIDADE DAS MEDIDAS PROTETIVAS PREVISTAS NA LEI MARIA DA PENHA- LEI Nº 11.340/2006 Esta monografia foi julgada e aprovada para a obtenção do titulo de Bacharel no Curso de bacharelado Direito da Universidade Tuiuti do Paraná-UTP. Curitiba,_____ de_____________de 2015. ____________________________________________ Prof.º Dr. Eduardo de Oliveira Leite Coordenação do Núcleo de Monografia Universidade Tuiuti do Paraná Orientador____________________________________________ Prof.ª Helena de Souza Rocha Universidade TUIUTI Do Paraná Curso de Direito Supervisor____________________________________________ Prof.º..................................................... Universidade TUIUTI Do Paraná Curso de Direito Supervisor____________________________________________ Prof.º ..................................................... Universidade TUIUTI Do Paraná Curso de Direito 4 DEDICATÓRIA Dedico o presente estudo a todas as mulheres do Brasil e do mundo, que lutaram e continuam lutando por uma vida sem violência. Sabe-se que muitas mulheres sofreram ou ainda sofrem constantemente todos os tipos de agressão. Dentre elas, a mais traumática de todas é a psicológica, pois deixa marcas profundas em suas vidas. Dedico também aos homens que tratam com respeito todas as mulheres, sejam elas, esposas, filhas ou não, respeitando um dos principais pilares da existência: o da dignidade da pessoa humana. 5 AGRADECIMENTOS Primeiramente quero agradecer a Deus, pois sem ele nada é possível, por ter concedido a mim sabedoria, saúde e principalmente persistência, para poder estar realizando meu sonho. Agradecer à minha esposa Ceres Emilia, companheira dedicada, boa esposa, boa mãe, profissional ética e competente em quem busco sempre me espelhar; que sempre, esteve ao meu lado e acreditou em mim, no meu potencial. Aos meus pais já falecidos, que certamente estariam muito felizes em poder compartilhar comigo esta vitória; a minhas filhas Luana e Ana Carolina e meu filho José Ricardo Jr, em especial minha cunhada, Rosângela Rauen, pelo apoio e dedicação na correção ortográfica desta monografia, e aos demais familiares e amigos da faculdade com quem compartilhei estes últimos 5 anos de vida e dedicação aos estudos. Agradecer aos professores da UTP os quais os tenho em minha mais elevada estima, respeito e consideração. E agradecer a minha estimada professora e orientadora, Helena de Souza Rocha, pela paciência e dedicação. 6 A violência não é força, mas fraqueza, nem nunca poderá ser criadora de coisa alguma, apenas destruidora. Benedetto Croce. 7 RESUMO O presente trabalho versa sobre a questão da violência doméstica e psicológica sofrida pelas mulheres, buscando realizar a análise da discussão acerca da aplicabilidade da medida protetiva em relação à Lei nº 11.340 de 2006, conhecida com Lei Maria da Penha. Nesse contexto serão pontuadas as diversas formas de violência contra a mulher, bem como as medidas que assegurem o afastamento do agressor de sua vítima. Além disso, pretende-se reconhecer de que forma o acesso à justiça por parte da vítima é facilitado, bem como os métodos que estão sendo utilizados pelo Estado para dar maior efetividade a aplicação da Lei nº 11.340 de 2006. Palavras-chave: Vítima, Agressor, Medidas Protetivas, Violência. 8 SUMÁRIO INTRODUÇÃO..................................................................................................09 1 A VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR CONTRA A MULHER...................10 1.1 HISTÓRICO DA VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER.........................................10 1.2 DADOS SOBRE A VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR..............................11 1.3 DESENVOLVIMENTO INTERNACIONAL.........................................................12 1.3.1 Convenção CEDAW..........................................................................................13 1.3.2 Convenção Belém do Pará................................................................................13 1.3.3 Caso Maria da Penha......................................................................................13 1.4 A Aprovação da Lei Maria da Penha..................................................................14 2. A LEI MARIA DA PENHA E A VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR CONTRA A MULHER.......................................................................................15 2.1 DEFINIÇÃO DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR.................................15 3. FORMAS DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR CONTRA A MULHER............................................................................................................17 3.1 VIOLÊNCIA FÍSICA............................................................................................18 3.2 Violência Psicológica..........................................................................................18 3.3 Violência Sexual.................................................................................................19 3.4 Violência Patrimonial..........................................................................................19 3.5 Violência Moral...................................................................................................20 4. AS MEDIDAS PROTETIVAS NA LEI MARIA DA PENHA.................................20 4.1 TIPOS DE MEDIDAS A PARTIR DA FUNCIONALIDADE.................................24 4.2 Das Dificuldades em seu cumprimento..............................................................25 4.3 Insuficiência de equipamentos públicos.............................................................26 CONCLUSÃO............................................................................................................28 JURISPRUDÊNCIA...................................................................................................31 REFERÊNCIAS.........................................................................................................33 9 INTRODUÇÃO O objetivo deste estudo busca traçar um paralelo entre a eficiência e a real eficácia da medida protetiva concedida no marco da Lei 11.340/2006, conhecida como Lei Maria da Penha, que trás, em seu rol de medidas, aquelas que devem ser tomadas pelos agentes responsáveis em garantir a proteção da vítima no seu efetivo cumprimento,para que o ato do agressor, autor da violência doméstica e familiar, não produza novos crimes, assegurando às vítimas o direito de uma vida sem violência. A relevância da escolha do tema tem como escopo demonstrar que apesar dos avanços contidos no texto legal, a prática demonstra uma realidade antagônica, vez que a proteção à vítima carece de um aparelhamento estatal que hoje, mostra- se inócuo. Para tanto, buscou-se compreender como funciona na prática a efetiva proteção da vítima e de seus dependentes através da análise detalhada de estudos já realizados pelas mais diversas esferas. Para que essa proteção aconteça, é fundamental que o Estado assuma seu papel na proteção das vítimas, buscando de forma coercitiva conter o agressor com mecanismos rápidos, que neutralizem a ação agressiva, conforme reza o art. 22 e seguintes da Lei 11.340/2006. As medidas acautelatórias de urgência, que têm a finalidade de estancar a violência doméstica e familiar contra a mulher estão a cargo da polícia, do juiz e do Ministério Público, que deverão agir de modo imediato e eficiente. Sabe-se que em algumas situações o aspecto de dependência emocional, psicológica e financeira existente entre a vítima e seu agressor fazem com que a violência sofrida seja superada em razão da convivência sob o mesmo teto. Dois fatores devem ser considerados: a eficiência e a eficácia do controle da lei, principalmente se o aparelho estatal está preparado e estruturado para conduzir o problema até o curso final, de tal sorte que consiga atingir sua finalidade, que é devolver a paz social, a integridade física, moral e psicológica da mulher e não destruir a família. 10 1. A VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR CONTRA A MULHER Desde a aprovação da Lei 11.340/2006, denominada Lei Maria da Penha o tema da violência doméstica e familiar contra as mulheres vem se transformando nos últimos tempos. Alguns fatores como a globalização e a disseminação de informações trazidas pela internet incentivaram a emancipação das mulheres, a luta apela igualdade e o direito às garantias fundamentais de segurança para as mulheres. Conforme a Recomendação Geral nº19 do Comitê para Eliminação da Discriminação contra a mulher: A violência doméstica é uma das mais insidiosas formas de violência contra a mulher. Prevalece em todas as sociedades, no âmbito das relações familiares; mulheres de todas as idades são vítimas de violência de todas as formas, incluindo espancamento, o estupro e outras formas de abuso sexual, violência psíquica, e outras, que se perpetuam por meio da tradição. A falta de independência econômica faz com que muitas mulheres permaneçam em relações violentas. (...) Estas formas de violência submetem mulheres a riscos de saúde e impedem a sua participação na vida familiar e na vida pública com base na igualdade. 1.1. HISTÓRICO DA VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER A violência contra a mulher é um fenômeno antigo e, também por isso, muito banalizado. A figura paterna representava o eixo familiar. Espelhado em seu pai, o homem crescia com a idéia de que, quando se tornasse adulto, repetiria esse padrão e, por conseguinte, teria como esposa uma mulher submissa a ele. No entendimento de T.N.Bruno (apud Pacheco, 2015, p.1): Por mais que a sociedade lute para que não haja desigualdade entre homens e mulheres, como visa a própria Constituição Federal, ainda é cultivada essa idéia da família patriarcal e de desigualdade entre os sexos; assim, como consequencia, a criança cresce vendo sua mãe sendo vítima da violência doméstica e considera a situação natural. 11 Essa violência se justifica no fato de a mulher ser mais frágil e possuir menor força física, pois, quando se fala em “violência contra a mulher” na realidade, remete-se às relações patriarcais de gênero e à desproporcionalidade que elas estabelecem na relação de convívio, identidade e diferenças de sexualidade entre os sexos masculino e feminino. Essa relação de desigualdade de gênero encontra-se calcada, portanto, no homem enquanto ser antagônico à mulher. Segundo Cunha (2014): nessa polarização, o sexo masculino encontra-se como forte, dominador, racional, chefe de família, enquanto que o sexo feminino é o sexo frágil, dominado, domesticável, emotivo e dócil. Percebe-se, portanto, que os valores da sociedade moderna se encontram como caracterizadores do masculino e que o discurso colonizador está presente nessas relações de gênero. A partir da ideologia sexista, o homem, tal como foi construído, é quem sabe o que é melhor para a mulher, a família e a sociedade. A violência de gênero, neste sentido, tem como um de seus fundamentos o discurso racionalista. Por outro lado, a lei mostra que pode haver violência contra a mulher dentro de um relacionamento homoafetivo, ampliando o conceito de família, rompendo o dualismo de gênero, segundo Maria Berenice Dias (apud Campos, 2011, p.22) e, consequentemente, rompendo com a noção fixa de mulher vítima, pois a mulher lésbica também pode ser agressora. Partindo dessa premissa, a mulher lésbica pode ser vítima do homem em um confronto externo e, ao mesmo tempo, agressora de sua parceira no âmbito da residência familiar. 1.2 DADOS SOBRE A VIOLÊNCIA DOMESTICA E FAMILIAR Sabe-se que a violência contra a mulher é crescente no Brasil a cada ano, mesmo considerando-se que, na maioria dos casos, os agressores não chegam a ser denunciados. Ainda que a Lei beneficie as mulheres, muitas delas sentem-se receosas em denunciar seus companheiros. ELUF (apud Pacheco 2015, p.6) afirma que “O Brasil ocupa o sétimo lugar no ranking mundial de violência doméstica. É um dos piores ambientes do mundo para as mulheres.” 12 Apesar de toda a evolução que a Lei Maria da Penha trouxe para as mulheres, muitas ainda têm medo de denunciar as agressões praticadas pelos seus companheiros, fazendo com que estas se prolonguem. Conforme a pesquisa DataSenado, 2015, cem por cento das brasileiras sabem da existência da Lei Maria da Penha, a saber: em 2011 eram 98%; em 2013, 99% e em 2015 praticamente 100% das entrevistadas. Em contrapartida, a eficácia da proteção diminuiu seu percentual: hoje 56% se sentem mais protegidas. Em 2013 eram 66%. Mesmo que uma em cada cinco mulheres declara já ter sofrido algum tipo de violência, 26% delas ainda convivem com seu agressor que, em 70% dos casos é o parceiro ou ex-parceiro. Há um predomínio de agressões físicas (66%) seguida de violência psicológica, que passou de 38% em 2013 para 48% em 2015. Houve declínio no percentual de relatos de violência moral, que passou de 39% em 2013 para 31% em 2015. Quanto à periodicidade das agressões, 23% das entrevistadas afirmam sofrer agressões semanais, e 67% delas, raramente são agredidas. Demonstra, ainda, a pesquisa que 43% das entrevistadas declaram que não há respeito no tratamento para com as mulheres, sendo mais sensível entre as idosas (52%), as menos escolarizadas (53%) e entre as empregadas domésticas (59%). Além disso, a pesquisa demonstrou que a mulher sente-se menos protegida, mesmo com a Lei Maria da Penha, a saber: em 2013, 66% das entrevistadas declarou sentir-se protegida; hoje, apenas 56%. A análise por nível de instrução demonstra que quanto maior a escolaridade, maior a proteção, a saber: no grupo com superior completo, 70% acreditam na melhora; dentre as que cursaram até o ensino médio, 53% e, para as que têm até o ensino fundamental, 42%. 1.3 DESENVOLVIMENTO INTERNACIONAL O tema da violência doméstica e familiar contra as mulheres mostrou que as agressõesaconteciam no mundo todo, tendo inclusive, sido apresentado um relatório especial na 52ª Sessão, da comissão dos Direitos Humanos da ONU, realizada em 1995. 13 1.3.1 Convenção CEDAW Em 18 de dezembro de 1979 a Assembléia Geral da ONU adotou a Convenção para a Eliminação de todas as Formas de Discriminação contra a Mulher, que entrou em vigor em 03 de setembro de 1981 (CEDAW). Ela é composta por um preâmbulo e 30 artigos, sendo que 16 deles contemplam direitos substantivos que devem ser respeitados, protegidos, garantidos e promovidos pelo Estado. 1.3.2 Convenção Belém do Pará O marco histórico para a eliminação da violência contra a mulher data de 19 de junho de 1994, quando a Assembléia Geral da Organização dos Estados Americanos – OEA – adotou a Convenção Interamericana para Prevenir, Punis e Erradicar a Violência contra a Mulher – Convenção de Belém do Pará, ratificada pelo Brasil em 27 de novembro de 1995. A partir dessa data o Brasil passou contar com um dispositivo legal internacional que define como é e como se manifesta essa forma específica de violência, principalmente por estarem as mulheres inseridas em um contexto histórico e cultural desigual entre homens e mulheres. 1.3.3 Caso Maria da Penha Maria da Penha Maia Fernandes, era uma de tantas mulheres vitimas da violência domestica deste país. Em maio de 1983, seu marido simulou um assalto, atingindo-a com um tiro de espingarda, deixando-a paraplégica. Dias depois, tentou eletrocutá-la, enquanto esta tomava banho. Transcorridos anos, episódios sucessivos de maus tratos, torturas e agressões no âmbito domestico, a vitima Maria da Penha Maia Fernandes, nunca 14 deixou de manifestar sua indignação, não se calando, mesmo diante da inércia da Justiça. Após desencadear uma luta de repercussão nacional conseguiu que, em 1991, seu marido fosse condenado pelo Tribunal do Júri, a oito anos de prisão, tendo recorrido em liberdade, e após, o julgamento tenha sido anulado. Nesse sentido, Maria Berenice Dias (Jusnavigandi), assevera que: Essa é a história de Maria da Penha. A repercussão foi de tal ordem que o Centro pela Justiça e Direito Internacional – CEJIL e o Comitê Latino- Americano e do Caribe para a Defesa dos Direitos da Mulher – CLADEM formalizaram denúncia à Comissão Interamericana de Direitos Humanos da Organização dos Estados Americanos. Foi a primeira vez que a OEA acatou uma denúncia de crime de violência doméstica. Apesar de, por quatro vezes, a Comissão ter solicitado informações ao governo brasileiro, nunca recebeu nenhuma resposta. O Brasil foi condenado internacionalmente, em 2001. O relatório n.º 54 da OEA, além de impor o pagamento de indenização no valor de 20 mil dólares, em favor de Maria da Penha, responsabilizou o estado brasileiro por negligência e omissão frente à violência doméstica, recomendando a adoção de várias medidas, entre elas “ simplificar os procedimentos judiciais penais, a fim de que possa ser reduzido o tempo processual”. A indenização, no valor de 60 mil reais, foi paga a Maria da Penha, em julho de 2008, pelo governo do estado do Ceará em uma solenidade pública com pedido de desculpas. 1.4 A APROVAÇÃO DA LEI MARIA DA PENHA A lei nº 11.340, de 2006, trouxe um avanço para o nosso sistema jurídico. A recorrente violência que a mulher vinha sofrendo durante muitos anos, levou o legislador brasileiro a elaborar uma lei específica para tutelar a vida e a integridade física da mulher. Calazans e Cortes em O processo de criação, aprovação e implementação da Lei Maria da Penha traçam o histórico da seguinte forma: a luta teve início na década de 1970, quando as mulheres foram às ruas com o slogan Quem ama não mata, tendo o assunto permanecido em debate, culminando com as primeiras ações governamentais para discussão da violência contra as mulheres na década de 1980. Nos anos 1990 as mulheres se organizaram em seminários onde debatiam este tema como foco principal, porque em nosso país não se falava em proteção específica para as mulheres que já naquela época eram vítimas de violência doméstica e familiar. 15 Mesmo com esses avanços, nada amenizava a vida dessas vítimas. Era como se os crimes praticados dentro dos lares devessem ser encerrados lá mesmo e guardados a sete chaves. Esse era o cenário jurídico ainda no ano de 2000, quando notou-se que a questão da violência doméstica contra as mulheres já havia sido inserida em, pelo menos, seis projetos de lei que tramitavam no Congresso Nacional com vistas a promover alterações no Código Penal sem, contudo, garantir a efetiva proteção da vítima. Embora houvesse esse movimento em busca de leis específicas, a situação que a realidade apresentava era diferente, pois os casos de violência doméstica eram encaminhados para os juizados especiais cíveis e criminais que tinham competência para julgar os crimes de menor potencial ofensivo. Diante da resistência em aprovar leis específicas, em julho de 2002, seis organizações governamentais feministas, a saber: CFEMEA, ADVOCACI, AGENDE, CEPIA, CLADEM/BR e THEMIS organizaram-se em um consórcio para a elaboração de lei integral de combate à violência doméstica contra as mulheres. Depois de intensas batalhas, muitas reuniões, (re)elaboração de textos legais e maciço apoio da sociedade, finalmente, em 07 de agosto de 2006, a Lei Maria da Penha foi sancionada pelo então presidente do Brasil Luís Inácio Lula da Silva, introduzindo definitivamente o aumento no rigor das punições às agressões contra a mulher. 2. A LEI MARIA DA PENHA E A VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR CONTRA A MULHER 2.1. DEFINIÇÃO DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA FAMILIAR Segundo artigo publicado no Núcleo de Estudos da Violência Contra a Mulher, da Universidade Estadual de Ponta Grossa, UEPG, publicado no sítio nevicompg.blogspot.com.br , violência doméstica e familiar contra a mulher é “qualquer ação ou omissão baseada no gênero que lhe cause morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológico e dano moral ou patrimonial” quando 16 praticada no âmbito da unidade doméstica, da família ou em qualquer relação íntima de afeto. A vítima desses atos de violência é sempre a mulher. Já seu agressor pode ser seu companheiro ou ex-companheiro (independente de orientação sexual), irmãos ou qualquer outro sujeito ativo, desde que entre eles exista um vínculo de relação doméstica familiar ou de afetividade. Outros exemplos de sujeitos passivos para a Lei Maria da Penha são as colegas de quarto em uma república estudantil e a empregada doméstica cuja presença regular no domicílio onde trabalha estabelece um vínculo afetivo. Quanto aos tipos de violência doméstica e familiar a Lei estabelece cinco formas específicas, a saber: física, psicológica, sexual, patrimonial e moral. De acordo com o artigo 5º, da Lei 11.340/06: “Para os efeitos desta Lei, configura violência doméstica e familiar contra a mulher qualquer ação ou omissão baseada no gênero que lhe cause morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológico e dano moral ou patrimonial.” Da leitura desse artigo depreende-se que nem toda ação praticada contra a mulher será tida como violência doméstica e familiar, mas apenas aquela fundada em preconceito ou opressão tendo como vítima a mulher. A Lei 11.340/2006, não configura por imposição, como deve ser definida a família, permitindo que seu conceito se estenda para as uniões monoparentais, uniões homoafetivas, famílias paralelas ou qualquer outra forma estabelecida pela vontade de seus membros. Dessa forma, sobre o tema, leciona ROLF MADALENO (2001, p.152): {...} realidadesocial de larga existência, a união de pessoas de sexo distintos é a mais antiga das formas de agrupamento humano por laços de afeto que unem em família e de modo informal, um homem e uma mulher, como sucede ao longo dos tempos. Merecendo ser conferida a celebre manifestação doutrinaria de Virgílio de Sá Pereira, de existir família na visão de um homem e uma mulher reunidos sob o mesmo teto, em torno de um pequenino ser, fruto único do seu amor, encerrando por afirmar que a família nasce de um a fato natural e não de uma convenção social. 17 Diante disso, aplica-se a proteção jurisdicional contra toda e qualquer agressão à mulher, seja ela quando não ocorre convivência sob o mesmo teto que seu companheiro, seja quando nas relações de namoro e ex-namoro, e também na ocorrência de relacionamentos duradouros, passageiros ou advindos da união estável/ casamento. Sobre isso se posicionou o STJ, a saber: EMENTA: PENAL.RECURSO EM HABEAS CORPUS. LEI MARIA DA PENHA. EX-NAMORADOS. APLICABILIDADE. AUDIENCIA PRELIMINAR. REALIZÃO SEM A PREENÇA DO PACIENTE. IRRELEVANCIA. CONSTRANGIMENTO ILEGAL NÃO IVIDENCIADO. RECURSO DESPROVIDO. I. A Terceira Seção deste Superior Tribunal de Justiça vem firmando entendimento jurisprudencial no sentido de que a ameaça cometida por ex-namorado que não se conforma com o rompimento do vinculo configura violência domestica, ensejando a aplicação da Lei nº 11.340/2006.(...) IV.Recurso desprovido. (STJ-RHC 27317.RJ2009/0240403-0-J.24/05/2012.Rel.Min.Gilson Dipp. 3. FORMAS DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR CONTRA A MULHER Conforme dispõe o art. 7º da Lei Maria da Penha, são formas de violência doméstica e familiar contra a mulher, entre outras: I - a violência física, entendida como qualquer conduta que ofenda sua integridade ou saúde corporal; II - a violência psicológica, entendida como qualquer conduta que lhe cause dano emocional e diminuição da auto-estima ou que lhe prejudique e perturbe o pleno desenvolvimento ou que vise degradar ou controlar suas ações, comportamentos, crenças e decisões, mediante ameaça, constrangimento, humilhação, manipulação, isolamento, vigilância constante, perseguição contumaz, insulto, chantagem, ridicularização, exploração e limitação do direito de ir e vir ou qualquer outro meio que lhe cause prejuízo à saúde psicológica e à autodeterminação; III - a violência sexual, entendida como qualquer conduta que a constranja a presenciar, a manter ou a participar de relação sexual não desejada, mediante intimidação, ameaça, coação ou uso da força; que a induza a comercializar ou a utilizar, de qualquer modo, a sua sexualidade, que a impeça de usar qualquer método contraceptivo ou que a force ao matrimônio, à gravidez, ao aborto ou à prostituição, mediante coação, chantagem, suborno ou manipulação; ou que limite ou anule o exercício de seus direitos sexuais e reprodutivos; IV - a violência patrimonial, entendida como qualquer conduta que configure retenção, subtração, destruição parcial ou total de seus objetos, instrumentos de trabalho, documentos pessoais, bens, valores e direitos ou recursos econômicos, incluindo os destinados a satisfazer suas necessidades; 18 V - a violência moral, entendida como qualquer conduta que configure calúnia, difamação ou injúria. 3.1 VIOLÊNCIA FÍSICA Ainda que a agressão não deixe marcas aparentes, o uso da força física que ofenda o corpo ou a saúde da mulher constitui vis corporalis, expressão que define a violência física. A violência física pode deixar sinais ou sintomas que facilitam a sua identificação: hematomas, arranhões, queimaduras e fratura. O estresse crônico gerado em razão da violência também pode desencadear sintomas físicos, como dores de cabeça, fadiga crônica, dores nas costas e até distúrbios no sono. Conforme dados do PNAD/IBGE, 48% das mulheres foram agredidas dentro de suas próprias residências e que 3 em cada 5 mulheres jovens sofreram violência em relacionamentos (Fonte Instituto AVON). Segundo a mesma fonte, 37% das jovens que responderam as pesquisas afirmam ter tido relação sexual sem preservativo por insistência do parceiro, o que justifica o aumento da contaminação por HIV entre os jovens; 51% das mulheres, ao fim de uma relação, já sofreram ameaças, foram perseguidas ou deixaram de frequentar lugares comuns por medo. (Pesquisa DATA POPULAR/INSTITUTO AVON 2013). 3.2 VIOLÊNCIA PSICOLÓGICA A violência psicológica consiste na agressão emocional (tão ou mais grave que a física). O comportamento típico se dá quando o agente ameaça, rejeita, humilha ou discrimina a vítima, demonstrando prazer quando vê o outro se sentir amedrontado, inferiorizado e diminuído, configurando a vis compulsiva. Ainda analisando o art.7º , II, da Lei Maria da Penha, fica claro que tal violência se refere a qualquer ato que possa, emocionalmente, causar a diminuição da autoestima da vitima. 19 Após estudo aprofundado, o legislador percebeu que o agressor, na maioria das vezes, insulta, ridiculariza, chantageia e ameaça sua vitima, passando a persegui-la sem descanso. 3.3 VIOLÊNCIA SEXUAL A violência sexual abrange uma variação de atos ou tentativas de relação sexual, seja fisicamente forçada ou coagida, que se dá tanto no casamento bem como em outros tipos de relacionamentos. O fato dos autores serem geralmente cônjuges é fator que contribui para que esse tipo de violência permaneça invisível. Continuando na analise do art.7º, da Lei retro citada, percebe-se que existe a abrangência da violência sexual de modo ainda mais amplo que no direito penal, pois determina que essa violência deve ser entendida como a conduta que constranja, mantenha, obrigue ou provoque a participação da mulher em uma relação sexual indesejada. 3.4 VIOLÊNCIA PATRIMONIAL É o ato de “subtrair” objetos da mulher, o que nada mais é do que furtar. Assim, subtrair para si coisa alheia móvel, configura o delito de furto. Quando a vítima é mulher com quem o agente mantém relação de ordem afetiva, não se pode mais admitir a escusa absolutória. O mesmo se diga com relação à apropriação indébita e ao delito de dano. É violência patrimonial “apropriar” e “destruir”, os mesmos verbos utilizados pela lei penal para configurar tais crimes. Forte no estudo do art.7º da Lei Maria da Penha, agora em seu inciso IV, há o entendimento de que toda a conduta que culmine com a retenção, subtração, destruição total ou parcial dos objetos, instrumentos de trabalho, documentos, bens, direitos ou recursos econômicos de uma mulher, serão passiveis de pena. 20 Segundo RANGEL(2013, p.176) : A elite sempre resolveu a violência doméstica através de um instituto tipicamente burguês e capitalista: o divórcio. A divisão do patrimônio sempre foi um dos maiores fatores de permanência e controle do homem no lar. A mulher burguesa e espancada, portanto, vítima do descontrole marital, sempre usou bem a divisão do patrimônio como um freio à violência do marido, e à tentativa de reconstrução do amor perdido. Todavia, a pobre, o que tenta é renegociar o pacto doméstico conjugal, evitando que os inquéritos policiais sigam em frente. Ela tem amor ao marido, mas também dependência econômica. 3.5 VIOLÊNCIA MORAL Também prevista no art.7º, inciso V, a violência moral encontra proteção penal nos delitos contra a honra: calúnia, difamação e injúria. São denominados delitos que protegem a honra, mas, se cometidos em decorrência de vínculo de natureza familiar ou afetiva, configuram violência moral. Na calúnia, o fato atribuído pelo ofensor à vitima é definido como crime. Na injúria não há atribuição de fato determinado, masna difamação há atribuição de fato ofensivo à reputação da vítima. A calúnia e a difamação atingem a honra objetiva; a injúria atinge a honra subjetiva. A calúnia e a difamação consumam-se quando terceiros tomam conhecimento da imputação; a injúria consuma-se quando o próprio ofendido toma conhecimento do ultraje. 4. AS MEDIDAS PROTETIVAS NA LEI MARIA DA PENHA. Com a criação da Lei nº 11.340/2006, a violência doméstica passou a contar com mudanças na regra relativa à punição do agressor. O art. 8º da lei Maria da Penha (e seus incisos) dedicou-se a criar medidas visando prevenir e coibir o delito, aplicando-lhe a pena cabível, decretando que a política pública que visa coibir a violência doméstica e familiar contra a mulher far- 21 se-á por meio de um conjunto articulado de ações da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios e de ações não-governamentais, tendo por diretrizes: I - a integração operacional do Poder Judiciário, do Ministério Público e da Defensoria Pública com as áreas de segurança pública, assistência social, saúde, educação, trabalho e habitação; II - a promoção de estudos e pesquisas, estatísticas e outras informações relevantes, com a perspectiva de gênero e de raça ou etnia, concernentes às causas, às conseqüências e à freqüência da violência doméstica e familiar contra a mulher, para a sistematização de dados, a serem unificados nacionalmente, e a avaliação periódica dos resultados das medidas adotadas; III - o respeito, nos meios de comunicação social, dos valores éticos e sociais da pessoa e da família, de forma a coibir os papéis estereotipados que legitimem ou exacerbem a violência doméstica e familiar, de acordo com o estabelecido no inciso III do art. 1o, no inciso IV do art. 3o e no inciso IV do art. 221 da Constituição Federal; IV - a implementação de atendimento policial especializado para as mulheres, em particular nas Delegacias de Atendimento à Mulher; V - a promoção e a realização de campanhas educativas de prevenção da violência doméstica e familiar contra a mulher, voltadas ao público escolar e à sociedade em geral, e a difusão desta Lei e dos instrumentos de proteção aos direitos humanos das mulheres; VI - a celebração de convênios, protocolos, ajustes, termos ou outros instrumentos de promoção de parceria entre órgãos governamentais ou entre estes e entidades não-governamentais, tendo por objetivo a implementação de programas de erradicação da violência doméstica e familiar contra a mulher; VII - a capacitação permanente das Polícias Civil e Militar, da Guarda Municipal, do Corpo de Bombeiros e dos profissionais pertencentes aos órgãos e às áreas enunciados no inciso I quanto às questões de gênero e de raça ou etnia; VIII - a promoção de programas educacionais que disseminem valores éticos de irrestrito respeito à dignidade da pessoa humana com a perspectiva de gênero e de raça ou etnia; IX - o destaque, nos currículos escolares de todos os níveis de ensino, para os conteúdos relativos aos direitos humanos, à equidade de gênero e de raça ou etnia e ao problema da violência doméstica e familiar contra a mulher. Com a inovação da Lei, as medidas protetivas de urgência, previstas nos art. 22 a 24, devem ser aplicadas após a análise da gravidade de cada caso. Isso não significa serem esses os únicos artigos da Lei que determinam a proteção da vítima. Eis que, consultando-a em seu inteiro teor, vêem-se vários artigos dispondo resguardar a integridade da mulher. Tais medidas, podem ser conhecidas e fixadas de oficio pelo juiz, requeridas pelo Ministério Público, ou, a pedido da própria ofendida. 22 Cabe à mulher, vítima de violência doméstica, procurar uma delegacia de polícia especializada, relatar o ocorrido e assegurar-se de que a autoridade policial tomará as providências necessárias e as medidas judiciais cabíveis. Talvez por esse motivo ocorra a inaplicabilidade das citadas medidas protetivas elencadas na Lei Maria da Penha. Outro benefício assegurado pela Lei nº 11.340/2006 em seus artigos 18 a 24, refere-se à previsão do desarmamento do violador e até o afastamento entre o agressor e a ofendida. No entanto, para que tal ocorra, os agentes do Estado dependem de um aparato que hoje não lhes é fornecido, conforme apontam as pesquisas do DataSenado mencionados no topo deste trabalho. Ainda tratando-se de medidas de urgência na proteção da violência doméstica contra a mulher, a prisão preventiva é medida respaldada pela Lei. Quando se trata da proteção da ofendida previsto está o encaminhamento ao programa de proteção que a reconduz ao lar e lhe garante direitos civis, patrimoniais e trabalhistas, se forem o caso. É nesse momento que se faz necessário analisar profundamente a eficácia da medida protetiva, pautando o raciocínio nos arts.18 e seguintes; já no primeiro deles a garantia de proteção policial à vitima mostra-se totalmente inócua, vez que, na maioria das delegacias especializadas espalhadas pelo pais, inexiste pessoal suficiente e, nem mesmo, a instrumentalização necessária para o cumprimento do dispositivo legal. Ou seja, a previsão legal é diametralmente oposta ao aparelhamento do Estado, que não possui atualmente efetivo para colocar nas ruas fazendo frente à quantidade sem número de vítimas da violência doméstica e familiar, o que ocorre por falta de políticas públicas sistematizadas em todo o pais. De acordo com NUCCI (2006, p.1270) o disposto no texto legal é de grande valia teórica, porém, na prática a realidade remete à falta de estrutura do Estado em garantir os direitos ali expostos. A apurada análise do dispositivo acima mencionado, permite considerar que a autoridade policial ainda se depara com o arrependimento da vitima que, invariavelmente, vai ao encontro do suposto laço afetivo, da dependência financeira ou até mesmo pela pressão exercida pelos filhos e familiares, quando se deparam com a possibilidade da prisão. 23 Por conseguinte, o que se percebe é que dentre as medidas relativas ao ofensor, alguns dispositivos acabam servindo apenas como advertência, sem o menor valor cogente, sabendo-se que o agressor, em muitos casos, jamais irá obedecer ao que lhe foi imposto/proibido, haja vista a ausência de fiscalização pelo Estado. Percebe-se, portanto, que as medidas protetivas consideradas um avanço na proteção das mulheres, são impraticáveis, vez que a tutela da mulher ofendida requer um atendimento especializado junto às delegacias, serviços de apoio e demais sistemas que, por existirem em número insuficiente, não conseguem garantir que o acusado seja impedido de se aproximar de sua vitima, o que agrava imensamente a situação cotidiana da mulher agredida. Em países mais desenvolvidos e em alguns poucos Estados brasileiros, o que também já se encontra sendo utilizado é o monitoramento eletrônico do agressor e da vitima, permitindo que a polícia seja informada acerca de uma possível aproximação entre ambos. Apesar de a utilização dessa ferramenta permitir uma rápida intervenção policial, no Brasil isso é difícil, pois os registros de casos de violência domestica contra a mulher acontecem aos milhares, isso desprezando-se os números dos quais não se têm noticia, se levarmos em conta aquelas vitimas que, por medo, deixam de buscar a tutela do estado. Conforme estabelece o artigo 10 da Lei n.º11.340 de 2006, cabe à autoridade policial que tomar conhecimento dos fatos adotar as medidas legais cabíveis, senão vejamos: Na hipótese da iminência ou da pratica de violência domestica e familiar contra a mulher, a autoridade policial que tomar conhecimento da ocorrência adotará, de imediato,as providencias legais cabíveis. Aplica-se o disposto no caput deste artigo ao descumprimento de medida protetiva de urgência deferida. Diante disso, vale analisar o artigo 11 da referida Lei, que trata das medidas a serem tomadas pela autoridade policial, sem prejuízo de outras elencadas no corpo da legislação vigente, eis que não se trata de um rol taxativo. 24 4.1 TIPOS DE MEDIDAS A PARTIR DA FUNCIONALIDADE Inicialmente, há que se mencionar que as medidas restritivas relativas ao agressor e previstas no artigo 22 da Lei n.º11.340 de 2006, são as seguintes: I- suspensão da posse ou restrição do porte de armas, com a comunicação ao órgão competente, nos termos da Lei nº 10.826/2003; II- afastamento do lar, domicílio ou local de convivência com a ofendida; III- proibição de determinadas condutas, entre as quais: a) aproximação da ofendida, de seus familiares e das testemunhas, fixando limite mínimo de distância entre estes e o agressor; b) contato com a ofendida, seus familiares e testemunhas por qualquer meio de comunicação; c) freqüentação de determinados lugares a fim de preservar a integridade física e psicológica da ofendida; IV- restrição ou suspensão de visitas aos dependentes menores, ouvida a equipe de atendimento multidisciplinar ou serviço similar; V- prestação de alimentos provisionais ou provisórios. Frise-se que tais medidas não restringem a aplicação de outras, sempre vislumbrando a segurança da vítima. De acordo com Arnoldo Camanho de Assis (2008, p.22), o requerimento das medidas protetivas de urgência surge da seguinte forma: A autoridade policial que tomar conhecimento da ocorrência adotará, de imediato, as providências legais cabíveis. Isso significa, em outras palavras, que, sem prejuízo do disposto no artigo 11 da LMP, deverá, feito o registro da ocorrência, remeter, no prazo de 48 horas, expediente apartado ao juiz com o pedido da ofendida para a concessão das medidas protetivas de urgência (artigo 12, inciso III da LMP). Assim, cuida o artigo 22, inciso I, da Lei n.º11.340 de 2006, da suspensão ou restrição do porte de arma do agressor. Frise-se que caso o porte de arma seja regular, o desarmamento só poderá se efetivar caso a vítima o solicite, e a restrição ou suspensão de seu uso deverá ser comunicada ao Sistema Nacional de Armas (SINARM), assim como à Policia Federal. Quanto ao inciso II, do artigo 22, da Lei n.º11.340 de 2006, o juiz poderá determinar o afastamento do agressor do seu lar, domicilio, ou qualquer outro local de convivência com a ofendida. 25 Maria Berenice Dias (2010, p.107), explica que o afastamento do lar “somente será deferido ante a notícia da prática ou do risco concreto de algum crime que o justifique, e não como mero capricho da ofendida”. Diverso não é o entendimento do Egrégio Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro, senão vejamos: MANDADO DE SEGURANÇA. LEI MARIA DA PENHA. MEDIDA PROTETIVA DE AFASTAMENTO DO CONJUJE VARÃO DO LAR PARA QUE A EX-ESPOSA E A FILHA MENOR RETORNEM A CASA. Marido e mulher autores e vitimas recíprocas de lesões corporais oriundas das 36 relações domesticas e familiares. Necessidade de ser dado amparo à filha menor do casal uma vez que, juntamente com a mãe, foi constrangida a se afastar do lar, não recebendo qualquer auxilio por parte do pai e sendo a mãe hipossuficiênte e se vendo obrigada a custear aluguel de uma moradia para abrigá-las. Decisão amparada no artigo 23, inciso II, da Lei n.º11.340/06, que não consistiu em qualquer ilegalidade, eis que atendeu ao objetivo protetivo do instituto legal, considerando a hipossuficiência da parte ofendida em sozinha sustentar a filha menor oriunda da união e a impossibilidade de permanecer o casal sob o mesmo teto sem agressões mutuas. DENEGAÇÃO DA ORDEM. (TJ/RJ – MS 2008.078.0042-Rel. Leila Albuquerque – J.. em 14.07.2008. Pode, ainda, o juiz determinar que o agressor não se aproxime da ofendida, familiares e testemunhas, fixando limite mínimo de distancia entre eles ( inciso III, a). Guilherme de Souza Nucci (2006,p.879) leciona sobre o tema que: Andou bem o legislador em não definir a extensão da distancia. Ainda que a falta de delimitação na lei possa gerar algumas discussões, melhor que a individualização do espaço de aproximação fique a arbítrio do juiz, até porque, a depender de determinadas circunstancias espaciais, a margem de segurança pode variar de caso a caso. Outra medida de proteção da mulher vem descrita no artigo 22, inciso III, alínea b, da lei nº 11.340 de 2006, que dispõe sobre a restrição de qualquer tipo de contato com a ofendida, seus familiares e testemunhas. Por fim, o artigo 22, inciso VI, da Lei n.º 11.340 de 2006, dispõe sobre a suspensão ou restrição das visitas aos filhos menores assim que seja ouvida a equipe multidisciplinar, cuja opinião é de suma importância, fazendo-se necessária para preservar o vínculo de convivência entre pais e filhos. 4.2. DAS DIFICULDADES EM SEU CUMPRIMENTO Quando se fala das dificuldades no cumprimento das medidas protetivas de urgência, o número insuficiente de delegacias e varas especializadas e até mesmo o 26 comportamento machista de alguns juízes e delegados, dificultam o cumprimento da lei, mesmo com um grande número de queixas. Estatísticas da Agência Câmara de Notícias demonstram que em 2012 foram registrados por dia, pela Central de Atendimento à Mulher - o Ligue 180, cerca de 240 registros de violência doméstica e familiar contra a mulher. Dos mais de 88 mil atendimentos, quase 57% referiam-se a casos de violência física, seguidos de denúncias de violência psicológica, moral, sexual e patrimonial. Entre os relatos, 89% tinham como agressor o companheiro, cônjuge, namorado, ex-marido ou ex-namorado da vítima. No total, o Ligue 180 realizou mais de 700 mil atendimentos no ano passado, entre denúncias e pedidos de informação. Um aumento de 11% em comparação a 2011. O serviço foi criado em 2005 pela Secretaria de Políticas para as Mulheres para escutar e orientar mulheres em situação de violência. Desde a sanção da Lei Maria de Penha, em 2006, essa tem sido uma das principais causas de ligação à central. E como entrave maior para o cumprimento das medidas protetivas de urgência, o sistema estatal se depara com uma mulher que, ao se deslocar até as delegacias, precisou romper vários obstáculos internos. Portanto, deve ser tratada de forma a sentir-se acolhida e não tratada como corresponsável pela violência que sofreu, conforme afirma Ana Cristina Melo Santiago, delegada de polícia civil do Distrito Federal. 4.3 INSUFICIÊNCIA DE EQUIPAMENTOS PÚBLICOS Para a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investigou entre 2012 e 2013 a violência contra a mulher, o quadro é grave e demonstra a insuficiência de equipamentos públicos adequados para receber as vítimas. Segundo o relatório final do grupo, o País conta com 408 Delegacias da Mulher e 103 núcleos especializados em delegacias comuns. A maioria está concentrada nas capitais e regiões metropolitanas. Mesmo onde existem delegacias, a comissão constatou a situação de abandono de muitas delas, dificultando o registro de boletins de ocorrência e tomada de depoimentos das vítimas ou testemunhas. 27 Uma das poucas exceções é a Delegacia da Mulher do Distrito Federal, que, apesar de localizada no Plano Piloto – longe das regiões com mais concentração feminina na capital –, conta com uma estrutura adequada para atendimento às mulheres. Porém, não é só nas delegacias que as vítimas podem encontrar problemas. A comissão de inquéritotambém constatou que os Tribunais de Justiça do País não dão a devida atenção à Lei Maria da Penha. Existem Estados brasileiros, por exemplo, onde juízes ainda suspendem processos por entender que as lesões decorrentes da violência doméstica e familiar fazem parte do grupo das que têm menor poder ofensivo. Apesar das recomendações do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), falta orçamento para a instalação de juizados e varas especializadas. Segundo a comissão, existem 66 Juizados Especializados de Violência Doméstica no Brasil, valor este irrisório diante da quantidade de boletins de ocorrência lavrados diariamente. A comissão do Congresso que investigou a violência contra a mulher entende que é possível aperfeiçoar a legislação, para maior abrangência de sua eficácia. Entre as mudanças propostas à Lei Maria da Penha, está a obrigação de o juiz, ao encaminhar mulheres para um abrigo, analisar necessariamente os requisitos da prisão preventiva do agressor, para evitar que o réu permaneça solto enquanto a vítima se mantenha com a liberdade restringida em uma casa-abrigo. Outra proposta é explicitar na lei a impossibilidade de se perguntar à vítima o interesse em desistir do processo penal. Na tentativa de tornar mais eficaz o atendimento às vítimas, o governo federal lançou recentemente o programa "Mulher, Viver sem Violência", com previsão de verba de R$ 265 milhões. Entre as medidas, está a construção das chamadas Casas da Mulher Brasileira nas 27 capitais, com serviços integrados de delegacia, juizado especializado, Ministério Público, Defensoria, abrigo temporário, espaço de convivência, sala de capacitação e brinquedoteca. 28 CONCLUSÃO Após extensa leitura e análise de todo o material coletado, vários foram os questionamentos particulares sobre o tema em comento. A uma, sob o prisma do avanço na legislação que regula o instituto da violência doméstica por refletir toda uma gama de sofrimentos históricos, aos quais a mulher vem sendo submetida desde tempos longínquos. Em que pese o avanço obtido pela incansável luta de Maria da Penha Fernandes, que não mediu esforços para conscientizar as autoridades, juristas e legisladores, sobre um problema que atinge milhares de mulheres no Brasil, a máquina policial em nossa nação não acompanhou tais mudanças, visto que delegacias especializadas deveriam ser criadas e efetivamente o foram, porém, dado o clamor provocado pela inovação trazida pela Lei Maria da Penha, insuficientes e sem efetivo. Como o contingente operacional não foi alterado, dezenas de boletins de ocorrências diariamente lavrados, aguardam ser investigados pelo mesmo número de agentes operacionais. Ou seja, cresce a cada dia o número de ocorrências que devem ser impulsionadas pelo mesmo número de agentes já sobrecarregados, fazendo com que muitas delas permaneçam estagnadas e sem solução, dessa forma, boa parte dos casos de violência não é resolvida. Com isso, muitas das mulheres vitimizadas, que precisaram de muito tempo e sofrimento para colocar um ponto final em seu calvário, não sentiram a segurança necessária vinda da autoridade constituída para lhes dar proteção, e com isso desistiram de todo o processo que a Lei Maria da Penha lhes garantia. De acordo com HEILBORN (2000, p.94) mesmo depois de estabelecidos os SOS - entidades que ofereciam apoio às mulheres vítimas de violência doméstica através de plantões de atendimento, a exemplo do que se fazia na Europa e nos Estados Unidos, orientando as mulheres a fazer uma reflexão sobre o seu papel e encorajando-as a abandonar quem lhes agredia. “Fracassaram. A violência continuou” diz a autora. Tanto é que, mesmo depois de transcorridos quase 8 (oito) anos de sua existência, muitas mulheres ainda são perseguidas, mutiladas e mortas, mesmo 29 tendo denunciado por vezes sucessivas seus agressores às autoridades competentes, tal como aconteceu com a própria Maria da Penha Fernandes. Maria Berenice Dias afirma: “a questão da violência está enraizada em nossa história e cultura, não sendo o agressor o único culpado pelas agressões. O fundamento é cultural e decorre da desigualdade no exercício de poder e que leva a uma relação de dominante e dominado.” ( 2008,pp 15,16). A duas, sob o ângulo do legislador que buscou dar à redação do texto legal toda a abrangência que o tema merecia, na tentativa de proteger a mulher vitima de seu agressor, apontando as diversas formas da violência doméstica contra esta – física, psicológica, sexual, patrimonial e moral - servindo para medir o grau de agressão a que a vítima pode estar sujeita. Além do mais, a Lei 11.340/2006, trouxe a possibilidade da aplicação de prisão preventiva aos crimes nela mencionados, somando-se a ela uma série de medidas protetivas cujo objetivo é resguardar a integridade física e psíquica da vitima, as quais, se adotadas de acordo com a previsão legal, conferem eficiência e eficácia à dita medida protetiva. Entretanto o que se vê na realidade é um sistema falho e omisso, que carece de delegacias especializadas com contingente humano suficiente para conferir às vitimas o atendimento rápido e eficaz como o fato exige, além da morosidade do poder judiciário que coloca uma barreira impeditiva que acaba por descaracterizar a urgência que o problema merece. Nesse entendimento e buscando dar maior efetividade a Lei Maria da Penha, alguns Estados viabilizam serviços para assegurar a integridade física da vitima, através da criação da patrulha Maria da Penha, cujo objetivo é monitorar a execução e obediência às medidas protetivas. No entanto, nada disso terá valor, nem tão pouco o processo terá eficácia se a vitima não se conscientizar acerca da violência sofrida e estancar sua tentativa em desviar o foco da responsabilidade que deve recair sobre o agressor. Deixá-lo arcar com a responsabilidade de seus atos infracionais, permitindo que o Estado aplique as penas a que estiver adstrito por força do julgamento pelo seu crime, assim como deixar de sentir pena de quem lhe agride, são comportamentos que dependem da mudança radical de comportamento social entre as mulheres. RANGEL(2013,p.176), afirma que a violência doméstica de um cônjuge contra o outro não acabou: “O legislador tenta mais uma vez conter essa 30 onda de violência no lar, mas o faz sem a menor técnica legislativa e sempre com aquela falsa sensação de que a lei resolverá tudo. Há um apelo legislativo muito grande no Brasil. Não se educa, legisla-se. A lei substitui a educação do povo.” 31 JURISPRIDÊNCIAS 1) AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. DESCUMPRIMENTO DE MEDIDAS PROTETIVAS. LEI MARIA DA PENHA. CRIME DE DESOBEDIÊNCIA. ATIPICIDADE. 1. O crime de desobediência é um delito subsidiário, que se caracteriza nos casos em que o descumprimento da ordem emitida pela autoridade não é objeto de sanção administrativa, civil ou processual. 2. O descumprimento das medidas protetivas emanadas no âmbito da Lei Maria da Penha, admite requisição de auxílio policial e decretação da prisão, nos termos do art. 313 do Código de Processo Penal, afastando a caracterização do delito de desobediência. 3. Agravo regimental improvido. (STJ - AgRg no REsp: 1476500 DF 2014/0207599-7, Relator: Ministro WALTER DE ALMEIDA GUILHERME (DESEMBARGADOR CONVOCADO DO TJ/SP), Data de Julgamento: 11/11/2014, T5 - QUINTA TURMA, Data de Publicação: DJe 19/11/2014). 2) PENAL E PROCESSUAL. RECURSO EM HABEAS CORPUS. LESÃO CORPORAL. VIOLÊNCIADOMÉSTICA E FAMILIAR. LEI MARIA DA PENHA. SUSPENSÃO CONDICIONAL DO PROCESSO. IMPOSSIBILIDADE. 1. O art. 41 da Lei n. 11.340/2006 veda expressamente a aplicação das benesses previstas na Lei n. 9.099/1995 aos crimes praticados com violência doméstica e familiar. 2. Os diversos institutos despenalizadores previstos na Lei dos Juizados Especiais, inclusive a suspensão condicional do processo, não são aplicáveis aos crimes cometidos com violência familiar, independentemente da gravidade da infração. Precedentes. 3. Recurso não provido. (STJ - RHC: 54493 SP 2014/0322066-0, Relator: Ministro GURGEL DE FARIA, Data de Julgamento: 24/02/2015, T5 - QUINTA TURMA, Data de Publicação: DJe 03/03/2015) 3) PROCESSUAL PENAL. RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS. LEI MARIA DA PENHA. MEDIDAS PROTETIVAS. CONSTRANGIMENTO ILEGAL. AUSÊNCIA DE FUNDAMENTAÇÃO. INOCORRÊNCIA. EXCESSO DE PRAZO PARA A INSTAURAÇÃO DO INQUÉRITO POLICIAL. SUPRESSÃO DE INSTÂNCIA. RECURSO DESPROVIDO. I - A manutenção da medida protetiva 32 combatida encontra fundamento, precipuamente, na necessidade de garantia da segurança pessoal da ora recorrida, em razão, principalmente, da suposta ameaça de morte que estaria sofrendo. II - In casu, foram aplicadas ao recorrente as medidas protetivas de urgência previstas no art. 22, incisos II e III, da Lei n. 11.340/06 (Lei Maria da Penha), uma vez que teria praticado, em tese, o delito tipificado no art. 7º do mesmo diploma legal. III - Dessa forma, devidamente fundamentada a manutenção da medida protetiva ora imposta (afastamento do lar), pelo que não se vislumbra, na hipótese e por ora, configurado constrangimento ilegal. IV - Impossibilidade de análise do alegado excesso de prazo para instauração de inquérito policial, sob pena de supressão de instância (precedente). Recurso ordinário desprovido. (STJ - RHC: 41826 BA 2013/0353990-8, Relator: Ministro FELIX FISCHER, Data de Julgamento: 28/04/2015, T5 - QUINTA TURMA, Data de Publicação: DJe 21/05/2015) 4) RECURSO EM HABEAS CORPUS. LEI MARIA DA PENHA. MEDIDAS PROTETIVAS DE URGÊNCIA. FUNDAMENTAÇÃO. PALAVRA DA VÍTIMA. POSSIBILIDADE. PRECEDENTES. 1. Em se tratando de casos de violência doméstica em âmbito familiar contra a mulher, a palavra da vítima ganha especial relevo para o deferimento de medida protetiva de urgência, porquanto tais delitos são praticados, em regra, na esfera da convivência íntima e em situação de vulnerabilidade, sem que sejam presenciados por outras pessoas. 2. No caso, verifica-se que as medidas impostas foram somente para manter o dito agressor afastado da ofendida, de seus familiares e de eventuais testemunhas, restringindo apenas em menor grau a sua liberdade. 3. Estando em conflito, de um lado, a preservação da integridade física da vítima e, de outro, a liberdade irrestrita do suposto ofensor, atende aos mandamentos da proporcionalidade e razoabilidade a decisão que restringe moderadamente o direito de ir e vir do último. 4. Recurso em habeas corpus improvido. (STJ - RHC: 34035 AL 2012/0213979-8, Relator: Ministro SEBASTIÃO REIS JÚNIOR, Data de Julgamento: 05/11/2013, T6 - SEXTA TURMA, Data de Publicação: DJe 25/11/2013) 33 REFERÊNCIAS ASSIS, Arnoldo Camanho de. Reflexões sobre o processo civil na Lei Maria da Penha.2008.Disponível em:http://WWW.tjdft.jus.br CALAZANS. Myllena.CORTES. Iaris. O processo da criação, aprovação e implementação da Lei Maria da Penha. Disponível em: http://www.compromissoeatitude.org.br. CAMPOS. Carmen H.(Org.).Lei Maria da Penha Comentada em uma perspectiva jurídico-feminista. Rio de Janeiro, Lumen Juris Editora.2011. CODIGO PENAL BRASILEIRO. Disponível em: < http:WWW.planalto.gov.br. Acesso em 05/09/2015. 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