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Fora de Hemiptera e Thysanoptera, o hábito de sucção de seiva é raro nas espécies viventes. Muitas espécies fósseis, contudo, tinham um rostro com peças bucais picadoras-sugadoras. Os Palaeodictyopteroidea (Figura 8.3), por exemplo, provavelmente se alimentavam sugando líquidos dos órgãos vegetais. As galhas induzidas pelos insetos nas plantas resultam de um tipo muito especializado de interação inseto- planta, em que a morfologia das partes vegetais é alterada, muitas vezes de maneira substancial e característica, pela influência do inseto. Em geral, as galhas são definidas como células, tecidos ou órgãos de plantas patologicamente desenvolvidas que surgiram por hipertrofia (aumento no tamanho das células) e/ou hiperplasia (aumento no número de células), como resultado da estimulação por organismos estranhos. Algumas galhas são induzidas por vírus, bactérias, fungos, nematódeos e ácaros, mas os insetos provocam muito mais. O estudo das galhas das plantas é chamado de cecidologia, os animais indutores de galhas (insetos, ácaros e nematódeos) são os cecidozoários, e as galhas induzidas por cecidozoários são chamadas de zoocecídias. Os insetos cecidogênicos correspondem a cerca de 2% de todas as espécies descritas de insetos, talvez com 13.000 espécies conhecidas. Embora o galhamento seja um fenômeno mundial que ocorre na maioria dos grupos de plantas, um levantamento global mostra um padrão ecogeográfico com a incidência de galhas sendo mais frequente na vegetação com hábito esclerófilo ou, ao menos, vivendo em plantas em ambientes com variação sazonal da umidade. No âmbito mundial, os cecidozoários principais em termos de número de espécies representam apenas três ordens de insetos: Hemiptera, Diptera e Hymenoptera. Além disso, cerca de 300 espécies dos geralmente tropicais Thysanoptera (tripes) são associadas a galhas, embora não necessariamente como indutores, e algumas espécies de Coleoptera (na maioria gorgulhos) e microlepidópteros (mariposas pequenas) induzem galhas. A maioria das galhas de hemípteros é induzida por Sternorrhyncha, em particular, pulgões, cochonilhas e psilídeos. Existem milhares de Sternorrhyncha galhadores e suas galhas são estruturalmente diversas. Aquelas dos eriococcídeos (Coccoidea: Eriococcidae) indutores de galhas podem ser muito grandes (p. ex., as galhas de espécies de Cystococcus; seção 1.8.1; ver Prancha 4F,G) e com frequência exibem um dimorfismo sexual espetacular, com as galhas das fêmeas muito maiores e mais complexas do que as dos machos da mesma espécie (p. ex., as galhas de Apiomorpha; Figura 11.5A,B; ver Prancha 5A). No mundo inteiro, há várias centenas de espécies de Coccoidea indutoras de galhas em aproximadamente dez famílias, cerca de 350 Psylloidea formadores de galhas, a maioria em duas famílias, e talvez 700 espécies de pulgões indutores de galhas, distribuídos em três famílias, Phylloxeridae (Boxe 11.2), Adelgidae e Aphididae. As enormes galhas de Baizongia pistaciae (Aphididae: Fordinae) em Pistacia teredinthus contêm, cada uma, centenas de indivíduos de pulgões (ver Prancha 5B). Os Diptera contêm o maior número de espécies indutoras de galhas, talvez milhares, mas o número provável é incerto porque muitos dípteros indutores de galhas são pouco conhecidos taxonomicamente. A maioria das moscas e dos mosquitos cecidogênicos pertence a uma família de pelo menos 6.000 espécies, os Cecidomyiidae, e induzem galhas simples ou complexas em folhas, caules, flores, gemas e até mesmo em raízes. A outra família de dípteros que inclui algumas espécies cecidogênicas importantes é Tephritidae, em que os indutores de galhas afetam em geral as gemas, com frequência de Asteraceae. As espécies indutoras de galhas tanto de Cecidomyiidae quanto de Tephritidae apresentam uso real ou potencial no controle biológico de plantas daninhas. Três superfamílias de vespas contêm um número grande de espécies indutoras de galhas: Cynipoidea contém as vespas de galha (Cynipidae, pelo menos 1.400 espécies), as quais estão entre os insetos produtores de galhas mais bem conhecidos na Europa e na América do Norte, onde centenas de espécies formam galhas quase sempre extremamente complexas, em especial em carvalhos (Figura 11.5C; ver Prancha 6A) e roseiras (Figura 11.5D; ver Prancha 5C). Tenthredinoidea tem muitas espécies de insetos formadores de galhas, como as espécies de Pontania (Tenthredinidae) (Figura 11.5G) Chalcidoidae inclui várias famílias de indutores de galhas, em particular espécies em Agaonidae (vespas-do-figo; Boxe 11.1), Eurytomidae e Pteromalidae. https://jigsaw.vitalsource.com/api/v0/books/9788527731188/print?bra... 1 of 4 24/03/2019 14:08 ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ Há uma enorme diversidade nos padrões de desenvolvimento, na forma e na complexidade celular das galhas de insetos (Figura 11.5). Elas variam de massas de células relativamente indiferenciadas (galhas “indeterminadas”) a estruturas altamente organizadas com camadas histológicas distintas (galhas “determinadas”). As galhas determinadas em geral apresentam forma que é específica para cada espécie de inseto. Cinipídeos, cecidomiídeos e eriococcídeos formam algumas das galhas mais especializadas e histologicamente complexas; essas galhas têm camadas teciduais distintas ou tipos que podem mostrar pouca semelhança com a parte vegetal da qual elas são derivadas. Entre as galhas determinadas, as formas diferentes se relacionam com o modo de formação da galha, que está relacionado à posição inicial e ao modo de alimentação do inseto (como discutido a seguir). Alguns tipos comuns de galhas são: Galhas de cobertura, nas quais o inseto fica envolto pela galha com uma abertura (ostíolo) para o exterior, como nas galhas de cochonilhas (Figura 11.5A,B; ver Prancha 5A), ou sem qualquer ostíolo, como nas galhas de cinipídeos (Figura 11.5C) Galhas felpudas, que são caracterizadas por suas protuberâncias epidérmicas com densa pilosidade (Figura 11.5D; ver Prancha 5C) Galhas de enrolamento e de dobramento, nas quais o crescimento diferencial provocado pela alimentação do inseto resulta em folhas, brotos, ou caules enrolados ou torcidos, os quais ficam quase sempre intumescidos, como em muitas galhas de pulgões (Figura 11.5E) Galhas em bolsa, que se desenvolvem como um inchaço da lâmina foliar, formando uma bolsa invaginada de um lado e um inchaço proeminente do outro, como em muitas galhas de psilídeos (Figura 11.5F) Galhas típicas, em que o ovo do inseto é depositado dentro dos ramos ou das folhas de modo que a larva fica completamente envolvida durante seu desenvolvimento, como nas galhas de alguns himenópteros (Figura 11.5G) Galhas em ponto, nas quais uma leve depressão, algumas vezes circundada por um halo protuberante, é formada no local em que o inseto se alimenta Galhas de gema e em roseta, que variam em complexidade e provocam o crescimento de botões ou, algumas vezes, a multiplicação e a miniaturização de folhas novas, formando uma galha semelhante ao cone de um pinheiro. A formação de galhas pode envolver dois processos separados: (i) a iniciação e (ii) o subsequente crescimento e manutenção da estrutura. Em geral, as galhas podem ser estimuladas a se desenvolver apenas a partir do tecido vegetal crescendo ativamente. Desse modo, as galhas são iniciadas em folhas jovens, botões de flores, caules e raízes e, raramente, nas partes maduras das plantas. Algumas galhas complexas se desenvolvem apenas a partir de tecido meristemático indiferenciado, o qual se molda em uma galha característica por meio das atividades do inseto. O desenvolvimento e o crescimento de galhas induzidas por insetos (incluindo, se presentes, as células nutritivas das quais alguns insetos se alimentam) depende da estimulaçãocontínua das células vegetais pelo inseto. O crescimento da galha termina se o inseto morre ou atinge a maturidade. Aparentemente, os insetos galhadores, em vez das plantas, controlam a maioria dos aspectos da formação da galha, primariamente por meio de suas atividades alimentares. Portanto, o fenótipo induzido da galha é uma extensão do fenótipo do inseto galhador. https://jigsaw.vitalsource.com/api/v0/books/9788527731188/print?bra... 2 of 4 24/03/2019 14:08 Variedade de galhas induzidas por insetos. A. Duas galhas de cocoides, cada uma formada por uma fêmea de Apiomorpha munita (Hemiptera: Eriococcidae) no caule de Eucalyptus melliodora. B. Cacho de galhas, cada uma contendo um macho de A. munita em E. melliodora. C. Três galhas formadas por Cynips quercusfolii (Hymenoptera: Cynipidae) em uma folha de Quercus sp.. D. Galhas formadas por Diplolepis roseae (Hymenoptera: Cynipidae) em Rosa sp.. E. Pecíolo foliar de um álamo, Populus nigra, galhado pelo pulgão Pemphigus spirothecae (Hemiptera: Aphididae). F. Três galhas de psilídeos, cada uma formada por uma ninfa de Glycaspis sp. (Hemiptera: Psyllidae) em uma folha de eucalipto. G. Galhas em forma de feijão, da vespa Pontania proxima (Hymenoptera: Tenthredinidae), em uma folha de salgueiro, Salix sp. (D–G. Segundo Darlington, 1975.) O modo de alimentação varia em táxons distintos como uma consequência de diferenças fundamentais na estrutura das peças bucais. As larvas de besouros, mariposas e vespas, indutoras de galhas, têm peças bucais mordedoras e mastigadoras, ao passo que as larvas de alguns mosquitos e as ninfas de pulgões, cocoides, psilídeos e tripes têm peças bucais picadoras e sugadoras. As larvas de alguns mosquitos galhadores têm peças bucais vestigiais e absorvem muito do seu alimento por sucção. Assim, esses insetos diferentes causam danos mecanicamente e liberam substâncias químicas (ou talvez material genético, ver a seguir) às células vegetais de várias formas. https://jigsaw.vitalsource.com/api/v0/books/9788527731188/print?bra... 3 of 4 24/03/2019 14:08 Pouco se sabe sobre o que estimula a indução e o crescimento das galhas. Lesões e hormônios vegetais (como citocininas) parecem ser importantes em galhas indeterminadas, mas o estímulo provavelmente é mais complexo para galhas determinadas. Secreções orais, excretas anais e secreções de glândulas acessórias https://jigsaw.vitalsource.com/api/v0/books/9788527731188/print?bra... 4 of 4 24/03/2019 14:08
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