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IBMR HEMATOLOGIA CLÍNICA Elaboração: Marcella Esteves Revisão: Prof. Rodrigo Carvalho 2 1. FASE PRÉ PRÉ-ANALÍTICA: Consiste em acrescentar o médico. Se essa fase já começa mal, vai terminar mal. Estamos diante do seguinte problema: um senhor passou um monte de sintomas que ele tem (ou acha que tem). Nesse momento, passa um monte de coisa na cabeça do médico e ele tem que fazer um monte de algoritmo e baseado no que o paciente falou, ele começa a traçar um monte de reta, até que ele cria o que chamamos de SUSPEITA CLÍNICA. Toda vez que estivermos diante de uma suspeita sempre vamos levar em consideração que todas as alterações que vierem no exame laboratoriais daqui para a frente serão frutos de um único agente causador (REGRA DE OSLER). Isso serve para pacientes abaixo de 60 anos. Baseado no que ele está suspeitando, irá pedir exames complementares e é agora que nós entramos. Quando ele pede exames complementares, ele automaticamente vai depender do laboratório. Quando ele tiver em posse dos resultados, ele vai elaborar uma intervenção e vai passar então um tratamento, que pode ser medicamentoso e isso vai gerar um desfecho (que pode ser positivo ou não). 2. FASE PRÉ-ANALÍTICA: Quando esse paciente sair do consultório cheio de pedidos de exames complementares, ele vai procurar o laboratório e aí começamos a ter um outro problema: o médico indica um determinado laboratório. Quando o paciente chega na recepção, entramos na fase PRÉ-ANALÍTICA. É feito então o cadastro desse paciente, com uma série de perguntas e ele será encaminhado para a coleta (flebotomia), vai entregar algum material (se tiver), como urina, fezes; esse material passará pela triagem. *RDC-50: fala da estrutura física de um hospital, do laboratório. 3. FASE ANALÍTICA: Realização da técnica e processamento do resultado. 4. FASE PÓS-ANALÍTICA: Depois que o resultado é gerado, nós teremos um número/valor; e esse valor será interpretado diretamente por nós. A fase pós-analítica é quando geramos o laudo (revisamos e assinamos o laudo). 5. FASE PÓS PÓS-ANALÍTICA: É quando volta para o médico; ele pega o resultado e pode fazer um contato com o laboratório para esclarecer qualquer dúvida sobre o resultado. 3 O artigo acima fala da importância do laboratório. Ele diz que 80% das decisões médicas são baseadas em exames laboratoriais. É bom porque a Medicina Laboratorial pode oferecer hoje o que há 10 anos não se podia. Antigamente só falávamos sobre exame de diagnóstico, ou seja, o indivíduo está com HIV, está enfartando no momento. Hoje, no futuro é o PROGNÓSTICO, onde são usados marcadores de prognósticos (mostram a possibilidade de ter alguma doença). A ideia hoje é a medicina preventiva. Existem marcadores que não vão dizer que o indivíduo está enfartando naquele momento e sim que ele está entrando numa insuficiência cardíaca congestiva e pode vir a ter um enfarto. *O marcador para insuficiência cardíaca congestiva é o BNP e PRÓ-BNP; Existem 4000 tipos de exame que o médico pode pedir e os de rotina são aproximadamente 500. COMO CADA SETOR DO LABORATÓRIO CONTRIBUI? A maneira mais fácil de se chegar a um diagnóstico de um processo infeccioso, por exemplo, é demonstrar a presença dos microrganismos, mas nem sempre isso é possível quando não vemos o microrganismo. Quando não conseguimos ver, mesmo assim podemos, em algumas vezes, cultivar o microrganismo. Não o vemos em lâmina, mas podemos pegar uma 4 amostra biológica, colocar num meio de cultivo e dali crescer alguma coisa (MICOLOGIA / BACTERIOLOGIA). Nem todas as patologias permitem que façamos isso. As vezes o indivíduo não tem uma carga bacteriana grande a ponto de ter um crescimento satisfatório no meio de cultura. Podemos, por exemplo, estarmos diante de um microrganismo que chamamos de crescimento chato, o fastidioso. A bactéria fastidiosa é aquela de difícil cultivo, de muita exigência nutricional (é difícil ter um meio de cultivo adequado para ela). Ou seja, muitas coisas podem acontecer e não conseguiremos cultivar. Nesse caso, a bacteriologia não vai ajudar. Podemos contar com o que? Com as alterações no sistema, porque o microrganismo, às vezes, não está presente, mas a consequência da passagem dele afetou alguns órgãos (rins, fígado, coração...). Conseguimos perceber, em marcadores, a passagem daquele microrganismo. Demos o exemplo do fígado (hepatite), encontramos de exames laboratoriais básicos de hepatite como alterações na bioquímica (hepatograma). Seções que podem nos ajudar: bioquímica, urinálise, hematologia. Continuando no exemplo da hepatite: temos a hepatite B e C, as alterações no fígado são basicamente as mesmas. Como vamos distinguir uma da outra? Nesse caso, vamos depender da sorologia (marcadores para hepatite), onde vamos observar a reposta imune. Podemos não ter mais o vírus, mas vamos ter a memória da passagem dele (anticorpos). Mas nem sempre conseguimos. Exemplo disso é o paciente que acabou de se infectar com o HIV, ele é um portador assintomático, porém é transmissor e não tem resposta por anticorpos ainda (fase da janela imunológica). Logo, não vai adiantar solicitar um teste sorológico. Nesses casos em que não temos a resposta sorológica, podemos fazer (hoje em dia) um teste de biologia molecular; onde detectamos fragmentos do material genético do microrganismo no sangue do paciente. Então, quando estamos interpretando, podemos observar como todas as seções estão interligadas. Depende do tipo e fase da doença e do que eu quero no diagnóstico. Não tem uma seção mais importante que a outra. COLETA: IMPORTÂNCIA – tudo começa por uma boa recepção, uma boa coleta; OS ELOS DA CORRENTE – está tudo interligado; O AMBIENTE DA COLETA (RDC 50) - BOX DA COLETA (1 PARA CADA 15/HORA) 1,5 M2 - SALA DA COLETA (3,6 M2) - SALA DE TRIAGEM (3,0 M2) A posição correta para colher é a de supino (inclinada); essa posição é importante pq as proteínas (albumina), dependendo da posição que o paciente esteja, ela muda de compartimento. Sabemos que há compartimento intracelular, intercelular, extracelular. Os analitos estão em movimento intercambiável (estão mudando de compartimento). Então, se o paciente fica numa posição, ou muda de posição de uma hora para outra, isso causa mudança na concentração das albuminas; Rejunte do chão não pode uma fresta larga de rejunte pq não pode haver superfície de difícil lavagem e que acumule poeira e microorganismos em arestas (RDC – 50); Sala de coleta tem que ter maca por causa lipotimia – sensação de desmaio (a pessoa que “acha” que vai desmaiar). Nesse caso devemos deitar o paciente; A caixa de descarte tem que estar próxima ao local da coleta. Não se deve andar com a agulha. 5 A primeira coisa que devemos nos preocupar na fase pré-analítica é com o atendimento. Para o trabalho tenha qualidade é importante receber o paciente da forma correta. COMO VAMOS RECEBER O PACIENTE? Quando vamos receber uma amostra do paciente devemos, automaticamente, acalmá- lo; pois na maioria das vezes receberemos pacientes nervosos, com a musculatura dura (em vasoconstricção) e será muito difícil achar a veia dele. Devemos distraí-lo para que ele relaxe, libere endorfina e faça vasodilatação e então conseguiremos coletar. Uma outra coisa muito importante é conferir os dados do paciente. Só devemos colher se o paciente estiver portando algum documento de identificação com foto (de preferênciaque seja mais de um documento). Quando cadastramos o paciente, devemos fazer uma série de perguntas como: Jejum, menstruada, uso de algum medicamento com frequência, naquele momento está com febre, mora em área de altitude mais elevada, idade, sexo, etnia... É muito importante fazer essas perguntas, mas sabemos que alguns laboratórios não funcionam assim. Eles não levam em consideração o que chamamos de VARIÁVEIS PRÉ ANALÍTICAS. Variáveis pré-analíticas: são coisas que podem acontecer antes da coleta e que vão alterar o resultado do exame. CONSIDERAÇÕES IMPORTANTES SOBRE A ETAPA PRÉ-ANALÍTICA: Definições de variáveis pré-analíticas controláveis (VPAC): Segundo Burtis e Ashwoos (2008): “Entendem-se como variáveis pré-analíticas controláveis, as variáveis de origem fisiológica (dieta, estilo de vida, uso de estimulantes, medicamentos, preparo de ervas e uso de drogas recreativas) e demais variáveis controláveis como mudança na postura corporal, prolongado repouso no leito, exercício, treinamento físico, variação circadiana e ciclo menstrual”. Segundo a Sociedade Brasileira de Patologia Clínica (2013): “Jejum, fumo, álcool, procedimentos de flebotomia, transporte, acondicionamento e preservação de amostras, anticoagulantes”. Variação cricadiana: Os resultados de alguns analitos variam de manhã para tarde; Fumo: de preferência 72h antes, mas, se não for possível, ele pode ficar de 2 a 4h sem fumar VARIABILIDADE BIOLÓGICA: foi trabalho feio na Espanha que viu o quanto que o resultado, se repetido, pode variar no mesmo dia e mesmo assim ser normal. Ex: faz o triglicerídeo e 6h depois faz novamente; o quanto que é normal termos esses resultados diferentes? No caso dos triglicerídeos é normal ter uma alteração de 20% em 6h. INTERFERÊNCIAS NO PROCEDIMENTO DE FLEBOTOMIA: Febre – Glicose, Nitrogenados, Leucócitos 6 LEUCÓCITOS: o paciente com febre tem uma discreta leucocitose aumento de leucócitos), basta lembrar que em um vaso sanguíneo, as hemácias têm um circulação central e os leucócitos são marginais (ficam na margem). O indivíduo que está com um processo febril geralmente tem um processo inflamatório acompanhado, tem liberação de interleucinas e estas fazem com que os leucócitos saiam da margem, o que chamamos de desmarginalização dos neutrófilos (eles vão para o centro). Com isso, parece que temos mais leucócitos, mas na verdade está ocorrendo a desmarginalização. GLICOSE: quando o indivíduo está em estado febril, é pq ele está combatendo um processo infeccioso e ele precisa de energia. Consequentemente ocorre um pico hiperglicêmico. NITROGENADOS: ureia, creatina e ácido úrico estarão aumentados pq o paciente começa a ter retenção renal Hospitalização – Proteínas e Ca++ O paciente parado na mesma posição sofre uma alteração de suas proteínas. Exercício leve – Lipídios, Glicose, Lactato, pH e pCO2, Retenção renal, Enzimas GLICOSE: despenca LIPÍDEOS: repor energia; começa a ter mais triglicerídeo na circulação LACTATO: produto final do consumo da glicose da via anaeróbia, ou seja, se você consome glicose o lactato sobe. GASOMETRIA (ph e PCO2): vai estar alterada pq ele vai estar ofegante ENZIMAS: se for um idoso (em uma situação ruim) que acabou de subir uma ladeira, ele pode liberar enzimas musculares que, para um desavisado, pode simular até mesmo um infarto. Variação Cronobiológica – Ferro, TSH Cortisol, Renina (variação circadiana) Cafeína – Catecolaminas, Lipídios, Hematúria ADRENALINA, ALDOSTERONA, as catecolaminas ficam alteradas; LIPÍDEO: vai aumentar o triglicerídeo; HEMATÚRIA: presença de sangue da urina; Fumo – Glicose, Insulina, GH, Lipoproteínas, Poliglobulia, Leucocitose, Gasometria GLICOSE: aumenta (ocorre o pico hiperglicêmico); INSULINA: quando o paciente tem pico hiperglicêmico e é fumante, geralmente é sedentário, obeso e ele começa a ter um decréscimo na insulina (desenvolve diabetes tipo 2); HORMÔNIO DO CRESCIMENTO (GH): aumenta em torno de 100% a cada tragada; LIPOPROTEÍNAS: LDL sobe (maior propensão a ter um infarto agudo do miocárdio); POLIGLOBULIA: aumento no número de hemáceas. Isso ocorre pq quem fuma tem uma discreta insuficiência respiratória e com isso não tem como transportar O2 e tem que produzir mais carreador (hemácea); LEUCOCITOSE: quem fuma tem o óxido nítrico do interior do neutróifilo reduzido. O óxido nítrico é importante dentro do neutrófilo para um processo chamado quimiotaxia. O neutrófilo fica pouco responsivo a um processo de quimiotaxia e não vai até o local da infecção. O fumante pode ter mais leucócitos mas eles não são responsivos; GASOMETRIA: vai estar totalmente alterado; Jejum – Glicose, Corpos Cetônicos O horário de jejum depende do exame solicitado. 7 Colesterol: não é necessário jejum Lipidograma: 12h Hemograma: 4h é o ideal, mas pode fazer sem. O hemograma pós prandial pode ter alteração LIMITE DE JEJUM: 14h Glicose: 6 a 8h Álcool – Glicose, Lipídios, Enzimas hepáticas GLICOSE: depende da dose, quando o indivíduo começa a beber ele tem um pico de hiperglicemia e o corpo vai “pedir para parar”. Se ele continuar bebendo, a glicemia começa a despencar pq o fígado “tem que se livrar” do álcool e começa a usar a glicose como forma de energia; LIPÍDEO: aumenta pq a glicose está caindo; ENZIMAS HEPÁTICAS: Gama GT é muito sensível à lesão no hepatócito Medicamentos: - Diuréticos: o indivíduo que urina muito perde sódio, cloro, potássio... - Analgésico e Relaxante Muscular: pode haver queda de plaqueta (púrpura trombozitopênica) - Vitamina C: tem que tomar cuidado com o EAS. Quando o indivíduo toma vit. C, ele inibe o teste para glicose (inibe glicose oxidase). O problema é que, se o paciente for diabético, e tiver glicose na urina, o exame dá negativo. - Opiáceo: Influência na dosagem do potássio, amilase e lipase. - Salicilato: Influência nas provas que envolvam coagulação e ação plaquetária. Ácido úrico, mg/dL 11,5 Fósforo, mg/dL 10,7 Potássio, mEq/L 7,1 Proteínas, g/dL 4,8 Cloro, mEq/L 3,8 F. ácida, U/L 3,0 Cálcio, mg/dL 3,2 Cortisol, mg/dl 60 Winkel et al., Am J Clin Pathol, 64:433-447, 1975 TSH 50 ALT, U/L 56 Ferro, mg/dl 50 AST, U/L 25 Uréia, mg/dl 22 F. alcalina, U/L 20 LDH, U/L 16 Colesterol, mg/dl 15 Creatinina, mg/dl 14,5 O cortisol varia 60% do resultado da manhã quando comparado com o da tarde. O ferro 50%, TGP 56%, TSH 56% EXISTE ALGO QUE NÃO SEJA UMA ALTERAÇÃO DIÁRIA, MAS QUE SEJA ANUAL (CIRCANUAL)? 8 R: Sim. O maior período de taxa de natalidade do mundo ocorre 9 meses após o inverno. É sabido que o homem produz de 20 a 30% mais espermatozoides durante o inverno. Isso já é uma alteração num analito. Se formos analisar um espermograma nesse período teremos que saber que vai estar alterado. CONSIDERAÇÕES IMPORTANTES SOBRE A ETAPA PRÉ-ANALÍTICA ALTERAÇÕES COM A AMOSTRA Lipemia: é a presença de lipídeo, especialmente triglicerídeos, na amostra. Olhando essa imagem podemos observar que há uma sequência gradativa entre o tubo ligeiramente lipêmico até o nível “creme de leite”. Numa amostra como essa vamos chegar a 5000 mg/dl de triglicerídeo (valor de referência de 50 a 150 mg/dl). A enzima que hidrolisa os TAG é a lipase. Indivíduos com 5000 mg/dl de triglicerídeos não apresentam a lipase, chamamos isso de dislipidemia do tipo 1. Existem 5 classificações: - Tipo 1: indivíduo que não tem a enzima lipase. Se ele não consegue hidrolisar lipase, esperamos que ele tenha muito triglicerídeo.O problema de termos uma amostra com 5000 mg/dl e nessas condições de opacidade é ... vamos lembrar das partes de um espectrofotômetro (mensura a concentração de analitos em bioquímica): temos a primeira parte que é uma lâmpada policromática (porque tem uma luz branca - onde temos todos os comprimentos de onda). Para utilizarmos um comprimento de onda específico, não é necessária uma luz policromática e sim uma luz monocromática. Para isso, vamos precisar de um monocromador (prisma, grade de difração). A luz monocromática vai incidir na cubeta onde está a solução e ela vai passar por essa solução. Temos uma estrutura que é a célula fotoelétrica, um impulso elétrico vai ser gerado para um galvanômetro (ampulheta). Vamos supor que estamos utilizando a água, a luz monocromática incide na água e não há nada que bloqueie isso, passa completamente, chamamos isso de TRANSMITÂNCIA DE 100%; como não ficou nada absorvido, a ABSORBÂNCIA será 0. Se a transmitância foi de 100%, vai chegar muita luz na célula fotoelétrica; essa célula detecta energia luminosa e transforma em energia elétrica. Quanto maior a intensidade de luz que chega nela, maior será o impulso elétrico e maior será o movimento do galvanômetro. VOLTANDO PARA A AMOSTRA CREME DE LEITE: se colocamos essa amostra na cubeta observamos que não vai passar nada. Logo, a transmitância será 0 e a absorbância será de 100%. Isso não é uma leitura real, o equipamento até libera um resultado, mas não será fidedigno. Só que o espectrofotômetro vai “dar um aviso”. Todo equipamento que “suspeita de alguma coisa”, toda vez que processa uma leitura, tem um resultado que não condiz com o que ele pode liberar, ele vai soltar o que chamamos de FLAG. Esse FLAG nos mostra que há alguma coisa errada. Numa situação dessa o FLAG que ele utilizará será que a LEITURA FOI NÃO LINEAR. 9 Isso significa que a amostra supostamente está tão concentrada que ele não é capaz de mensurar. Mas mesmo assim ele mensura, ele dá um resultado e libera o FLAG. O profissional tem que perceber isso e identificar o problema. Para o equipamento poder ler, é necessário que diluamos artificialmente essa amostra. Na amostra creme de leite é impossível diluir. A amostra lipêmica não interfere somente na bioquímica, interfere no hemograma – o elemento do hemograma em que utilizamos a espectro é a hemoglobina. E ainda tem um agravante: quando pegamos uma amostra da bioquímica, recebemos muitas das vezes o soro, conseguimos perceber claramente. Já numa amostra de hemograma, onde temos o sangue total, devemos ficar atentos e ver se a amostra está rosada (principalmente na parte superior). SOLUÇÕES: Se for um laboratório rico, podemos usar uma substância chamada LipoClear, que vai sedimentar os lipídeos. Uma segunda possibilidade é utilizar uma ultra centrífuga de 30 mil RPM (é muito difícil ter isso em laboratório). Ainda temos uma terceira possibilidade, que é avisar ao médico e não fazemos o exame. NÃO TEM COMO FAZER O EXAME COM UMA AMOSTRA ASSIM. Se não for algo genético, o paciente pode ser preparado com uma dieta. Há outros tipos de interferências como: Hemólise: é mais típico. Problemas - Água: qualquer material que entre em contato com o sangue misturado à água (seringa de vidro reaproveitadas, que não foram secas de forma adequada). Vai hemolisar por causa da diferença na concentração, no pontencial osmótico. Se temos uma hemácia dentro de um frasco com qualquer anteparo com água, ela vai inchar (tumefeita) e vai lisar. Cloreto de sódio a 0,9% possibilita o meio isosmótico; 10 - Águlha x Tração: escolher o material adequado para a veia; - Hemoconcentração: problema do garrote (no máximo 1 min). Pode formar plug plaquetário (vai contar várias plaquetas como 1) FLAG: macroplaqueta? Vamos para a lâmina e observamos as plaqutas; - Genética: paciente com fragilidade osmótica. Ex: deficiência da glicose-6- fosfatase (G6PD), enzima importante para o metabolismo da membrana das hemáceas. Sem ela, a hemácea hemolisa facilmente; - Manipulação inadequada: procedimento correto para homogeneizar a amostra – de 8 a 10 inversões. Colocar a amostra no bolso. Problemas com hemácea crenada (deixar a amostra no sol ou em cima do motor); - Calor ou frio: pegar a amostra e colocar de frente para o ar condicionado; - Separação do coágulo com bastão: PORQUE alguém mexeria no coágulo??? Imagine um técnico de laboratório que às 3h da manhã precise fazer um bioquímica (uma glicemia), o tubo que ele tem não possui ativador de coágulo (se tivesse um tubo com ativador de coágulo, ele só precisaria de 15 min para esperar a retração acontecer - para que possamos utilizar o soro). O tubo que não tem ativador de coágulo, quando deixado na bancada, ele vai coagular porque a cascata será ativada pela via EXTRÍNSECA. VIA EXTRÍNSECA x VIA INTRÍNSECA: na extrínseca temos a ideia de quem vai iniciar o processo da cascata é algo que está fora do vaso e o intrínseco é algo que está no interior do vaso. No caso do tubo que está na bancada, há alguma influência de algo externo que possa iniciar a cascata? Não (a não ser que na hora da coleta haja uma lesão na parede e liberação de tromboplastina – então a formação do coágulo será pela via extrínseca). Logo, o tubo que está na bancada começará a coagulação pela via intrínseca, através do FATOR XII (fator de contato). Como ele vai iniciar a cascata através de contato? Com o próprio tubo. Antigamente utilizávamos o tubo de vidro e o contado do sangue com o vidro fazia com o fator XII ficasse ativo. Precisamos esperar primeiro a coagulação acontecer e vamos perceber um botão no fundo (que são as células agregadas a um coágulo de fibrina) e em cima o soro. O volume do soro vai aumentar porque vai ocorrer a retração o coágulo. Quem é responsável por fazer essa retração do coágulo são as plaquetas. Isso leva tempo: para tubos que não contém ativador de coágulo, temos que esperar de 45 min a 1h. Muitos técnicos não esperam o período de retração acontecer. Logo após coletar o sangue, eles colocam o tubo na centrífuga e quando retira esse tubo, vai haver pouco soro e um grande coágulo. Então ele pega a vareta e empurra esse coágulo para gerar mais soro. Durante esse procedimento ocorre a hemólise do soro. Soro hemolisado tem uma alteração principalmente no potássio. Icterícia: amostra cheira de bilirrubina. Patológica: hepatite / Normal: hiperbilirrubinemia indireta neonatal. 11 Anticorpos Auto-imune: doença auto-imune. O problema de ter anticorpos de auto- imunidade é que alguns vão se ligar às hemáceas, fazendo aglutinação. A contagem celular nesse tipo de paciente estará alterada (LUPUS). Um outro tipo de anticorpo de autoimunidade muito frequente é a crioaglutinina (anticorpos que reagem melhor no frio). Colhemos o sangue do paciente, colocamos na bancada (ele fica um tempo exposto na temperatura de laboratório) e, quando vamos passar no equipamento, a contagem vai estar completamente alterada. Se o técnico tiver algum conhecimento e tiver o histórico do paciente e ver que ele tem crioaglutinina ele pega a amostra, coloca em banho-maria (20 a 30min), homogeniza e passa no equipamento (o resultado vai dar normal). Glicólise: a partir de 1h, se a amostra não for centrifugada, vai haver um decréscimo na concentração de glicose de 10 a 15% (a cada hora sem separar o soro das células). Como podemos evitar isso: utilizamos o fluoreto ou tubo com gel. COLETA DE SANGUE: SÍTIOS SÍTIOS DE PUNÇÃO CUTÂNEA (OU CAPILAR?) 12 Punção capilar: não há a separaçãono tecido e coleta somente do capilar. Na realidade o que “brota” é sangue capilar + líquido intersticial. O sangue é o capilar, mas a punção é cutânea. Sítios: 1. PÉ: “teste do pezinho”; porção lateral do calcâneo. No teste do pezinho não utilizamos a agulha comum e sim a lanceta. 2. PORÇÃO LATERAL DO GRANDE ARTELHO 3. LÓBULO DA ORELHA 4. PORÇÃO LATERAL DA POLPA DIGITAL DO QUARTO ARTELHO ANULAR SÍTIOS DE VENOPUNÇÃO: 1. FOSSA ANTECUBITAL E VEIAS DORSAIS DA MÃO FOSSA ANTECUBITAL: saber a anatomia é importante. Veia cefálica: mais próxima da cabeça, veia basílica, quando chega na foça antecubital elas se encontram e sã chamar de mediana (cefálica mediana e basílica mediana – veia preferida). 13 DORSO DA MÃO: continuação da cefálica e da basílica, mas elas começam a se ramificar em arcos. Formação de um “triângulo”: arco venoso dorsal, veia dorsal do metacarpio e veia dorsal superficial. 2. VEIA JUGULAR Possibilidades de coleta: VEIA JUGULAR EXTERNA (mais fácil) e VEIA JUGULAR INTERNA. *enfiar somente o bizel e manter uma pressão por 5min (no mínimo). 3. VEIA FEMORAL SÍTIOS DE COLETA ARTERIAL: 1. ARTÉRIA RADIAL 14 Antes do médico puncionar, ele tem que fazer o teste de Allen. Esse teste consiste em fechar as duas possibilidades da passagem do sangue (ULNAR e RADIAL), levanta a mão do paciente (percebemos que a mão ficará amarela), soltamos a ulnar e abaixamos a mão do paciente (percebemos que a mão fica vermelha), isso é sinal de que a ulnar está funcionando. 2. ARTÉRIA BRAQUIAL 3. ARTÉRIA FEMORAL Ordem de periculosidade: radial, braquial e femoral. PROCEDIMENTO PUNÇÃO CUTÂNEA: (Segundo a CLSI (NCCLS – Publ. H4-A3, 1991)) Considerações iniciais Técnica preferida em pacientes pediátricos: primeiro motivo: dificuldade de acesso; segundo motivo: anemia iatrogênica (anemia por múltiplas coletas de sangue). 15 - Todo paciente que verificamos ter somente um acesso venoso bom, ele é deixado preferencialmente para a medicação. Pacientes de escolha PACIENTE PSIQUIÁTRICO: Não devemos puncionar na fossa anticubital pois ele pode reagir. Deve ser realizado a punção cutânea; PACIENTE OBESO: dependendo do paciente obeso, não é possível fazer a venopunção. Deve ser feito a punção cutâneas; PACIENTE IDOSO: tem a pele pergaminhosa (pele rachada); PACIENTE COM VEIA MUITO EXPOSTA: é difícil fixar a veia pq ela fica móvel; PACIENTE TROMBÓTICO: evita-se a venopunção pois pode induzir o trombo. Nesse caso a punção cutânea é a melhor opção; PACIENTE QUEIMADO ou POLITRAUMATIZADO (múltiplas fraturas): mlhor opção é fazer a punção cutânea; Usamos álcool etílico ou isopropílico a 70%? Para fazer a antissepsia com álcool a 70%. Hoje em dia há um movimento para trocarmos o álcool etílico pelo isopropílico porque ele é menos inflamável e não dá “onda” (alcóolatras); Sangue de punção cutânea “arterializado” (Trafuril) Paciente de difícil punção arterial pode ser utilizado o sangue arterializado; Nesse caso, vamos realizar um procedimento onde vamos simular o sangue arterial; MODO: aumentamos a irrigação sanguínea naquela região (aumento da oxigenação). Podemos fazer com uma “pastinha” que esquenta (Trafuril). Passamos o Trafuril no local da punção cutânea (vai esquentar a região) e quando fizermos a punção, a quantidade O2 (Po2) vai estar um pouco mais alto; A coleta não deve ser realizada em lugares edemaciados, nem mesmo massagear o local, espremer ou siliconar. Edemaciados (paciente inchado); Silcone (faz com que a gota pingue e não escorra); Cuidado para não lesionar o calcâneo (menor que 2,4 mm). 16 Hemograma completo Hematimetria é a contagem das hemácias. Podendo ser manual ou automatizada. Importância do hemograma: Fornece uma ideia sobre os três elementos (hemácia, leucócitos e plaquetas). Diz qual é o nível nutricional do paciente, isso porque ele dá uma ideia de forma indireta do nível de ferro, ácido fólico (B9), cobalamina (B12). Além disso ainda se sabe o conteúdo da volemia (volume sanguíneo), através do hematócrito (é uma medida empírica / indireta em porcentagem do volume de células vermelhas do paciente). Observação: O mínimo aceitável de hematócrito é de 18%, limiares abaixo desse compromete o nível de troca gasosa, levando o paciente a anoxia. Hipovolemia é a baixa do volume sanguíneo. A baixa nesse volume leva ao choque. Valor de referência hematócrito: Mulheres – 37% a 45% (média 42%) Fornece o nível de oxigenação tecidual, através da hemoglobina. Identificar se o paciente tem parasitose. São encontrados hemoparasitas (ex.: malária, leishmania, trypanossoma cruzi, babésia) Detecta o estágio de resposta imune, na fase neutrofílica, basofílica e linfocítica. Detecta doenças neoplásicas (ex.: leucemias, alterações nas plaquetas, eritoleucemia) Detecta síndromes leucocitárias raras (ex.: CHEDIAK HIGASHI – os portadores são crianças, albinas e com o cabelo prata. O tempo de vida é de até 12 anos, isso porque o leucócito é alterado e então tem dificuldade de defender o organismo) Podemos identificar se é mulher ou homem através da lamina, isso porque só a mulher tem o corpúsculo de Barr no linfócito. Detecta processo inflamatórios, alergias, tipos de resposta (viral, bacteriana) Nas plaquetas vemos os níveis de agregação, alterações na morfologia (grumos plaquetário) O hemograma é dividido em: Eritrograma Leucograma Plaquetograma Observação: todo o resultado de laboratório quando o hemograma é conferido (lâmina), ele é rubricado. WBC (células brancas/ leucócitos), leucograma: É a contagem global de leucócitos. Dentro desse perfil temos um predomínio de um determinado tipo de leucócito, e assim conseguimos fazer uma contagem diferencial. A contagem automatizada libera um resultado absoluto (é o melhor resultado para ser analisado) e resultado relativo (é o mais comum para a liberação de resultado, o resultado é dado em porcentagem). Ex.: resultado liberado na forma relativa 17 Valor normal Neutrófilo segmentado – 55% a 75% Linfócito – 20% a 40% Resultado liberado Neutrófilo segmentado – 95% Linfócito – 3% Monócito – 2% É o neutrófilo que está alto ou o linfócito que está baixo? Pelo resultado relativo não tem como saber, por isso o resultado absoluto é muito importante. O resultado absoluto vem para confirmar o relativo, ou então desmenti-lo. Além disso se tiver alterações como no exemplo acima, deve-se fazer uma lâmina. Ao liberar o resultado a preferência vai ser pelo analista que fez a leitura da lâmina, e não do valor que o aparelho liberou. Histograma – é o resultado do hemograma liberado em forma de gráfico. Eritrograma – vamos fazer a contagem das hemácias. O que vai ser avaliado? Contagem global, RBC HGB (hemoglobina) HCT (hematócrito) Índices hematimétricos o VCM o HCM o VHCM RDW, índice de anisocitose NRBC, presença de eritroblasto Contagem de reticulócitos Parâmetros para a dosagem de ferro das hemácias Plaquetograma – faz a contagem das plaquetas. O que vai ser avaliado? Contagem de plaquetas 18 Índice hematimétrico das plaquetas Contagem celular: A contagem celular além de ser automatizada, também pode ser feita de forma manual, através das câmaras de contagem (hemocitômetro). Hematimetria manual – As câmaras maisutilizadas para a contagem manual são: Câmara de Neubauer o É a melhor em hematologia o Pode ser espelhada (facilita a leitura) ou não o Possui duas áreas importantes para a contagem 4 quadrantes laterais onde se faz a contagem de leucócitos. Cada quadrante possui 16 quadrados. Retículo central, onde são contadas as hemácias e plaquetas. A contagem deve ser feita nos quadrantes laterais e no quadrante do meio. No total são 80 quadrantes na contagem. o Toda vez que ver uma área com 3 riscos na câmara, aquela aera é o limite para a contagem de células o A contagem é feita em zig-zag Câmara de Fuchs Rosenthal o A diferença dessa para a de Neubauer vai estar nos quadrantes internos (diferem no número e no volume de quadrantes), pois externamente são iguais. o Essa câmara pode ser utilizada também para contar células do LCR. 19 Antes de fazer a contagem das células precisamos diluir a amostra, de modo que tire os interferentes para a determinada contagem. Essa diluição é feita através da pipeta de Thoma, que pode ser de dois tipos: Bolinha vermelha, serve para a contagem de hemácias Bolinha branca, serve para a contagem de leucócitos Observação: Essas bolinhas servem para misturar o liquido diluidor com o sangue (homogeneizar). Utilizamos o líquido diluidor de Hayem e Dacie para contagem de hemácias, esse liquido dilui os leucócitos. Já para a contagem de leucócitos utilizamos o líquido diluidor é o de Turk e Thoma. O líquido de Turk tem ácido acético na sua composição, este liquido dilui hemácias. Para a contagem de plaquetas utilizamos o líquido de REES e ECKER / SALINA FORMALADA, a pipeta utilizada a de diluição para hemácias. Como fazer a contagem de células em cada quadrante? Tudo que estiver à esquerda e acima eu conto Tudo que estiver à direita e a baixo eu deixo para contar depois Essa regrinha se deve para evitar a contagem repetida de algumas células que ficam em cima da linha do quadrante. Contagem de hemácias: A diluição que temos é de 1:100 e 1:200 (diluição dobrada). A diluição de 1:100 é utilizada para pacientes que apresentam anemia, já a de 1:200 é o padrão de diluição. Como fazer a diluição? 1:100 – pegar a pipeta de Thoma (bolinha vermelha), e aspirar o sangue até a marca 1 na pipeta. Depois deve-se aspirar o liquido diluidor até a marca 101 da pipeta. Feito isso os líquidos vão se misturar e depois é só encostar a pipeta na câmara que ela vai se encher por capilaridade. 20 1:200 – pegar a pipeta de Thoma (bolinha vermelha), e as pirar o sangue até a marca de 0,5 na pipeta. Depois deve-se aspirar o líquido diluidor até a marca 101 da pipeta. Feito isso os líquidos vão se misturar e depois é só encostar a pipeta na câmara que ela vai se encher por capilaridade. Exemplo - Diluição de 1:200 Quadrante superior esquerdo – 101 hemácias Quadrante superior direito – 97 hemácias Quadrante inferior esquerdo – 101 hemácias Quadrante inferior direito – 98 hemácias Retículo central – 103 hemácias Após a contagem de hemácias em cada quadrante, soma-se os valores encontrados. Nesse caso acima, tivemos um total de 500 células (hemácias). Após essa soma devemos aplicar esse valor na fórmula para achar o resultado da contagem de hemácias. Cálculo: HEMATIMETRIA = HEMÁCIAS CONTADAS x 5 x 10 x 200 Sendo 5, o número de quadrantes; 10, o volume da câmara (Neubauer), que é de 0,1 mm³. O volume da câmara só vai mudar se for utilizada outra câmara que não seja de Neubauer; 200, a diluição utilizada (lembrando que esse valor pode ser alterado, pois também tem diluição de 1:100). Aplicação da fórmula: HEMATIMETRIA = 500 x 5 x 10 x 200 HEMATIMETRIA = 5.000.000 Observação: MACETE - toda vez que tiver diluição de 1:200, podemos colocar 4 zeros no final da contagem de células. Esse macete não funciona com diluição 1:100. A diferença na contagem de células entre um quadrante e outro deve ser somente de 20 células, não pode ser maior do que isso senão a contagem sai errada. Quando ocorre uma diferença muito grande no número de células entre um quadrante e outro pode ser porque o sangue não foi bem homogeneizado; a lamínula pode não estar posicionada de forma adequada, ou seja, as células não ficaram distribuídas de forma homogênea na câmara; a câmara não foi enchida de maneira correta. Contagem de leucócitos: A diluição que temos é de 1:10 e 1:20. O procedimento de diluição é o mesmo para a contagem de hemácias, a diferença está na pipeta em que vai ser feita a diluição, que no caso a pipeta para contagem de leucócito é menor do que a para contagem de hemácias, isso porque os leucócitos estão em menor número quando comparados com as hemácias. A numeração nessa pipeta é 0,5 – 1 – 11. É a contagem na câmara vai ser apenas nos quadrantes laterais, totalizando 64 quadrados. Hematimetria automatizada: 21 A contagem automatizada utiliza o princípio da impedância. Este foi criado por Wallace Coulter em 1950. Com o passar dos anos descobrimos outras formas automatizadas para a contagem de células, como por exemplo a contagem óptica, a laser, através da fluorescência. Observação: Máquina XN 9000 – Ele possui 5 unidades de contagem celular. Acoplado a ele ainda tem um equipamento que prepara uma distensão sanguínea, cora e faz a leitura. Além disso, ainda faz a contagem de reticulócitos. O que é o princípio de Coulter (impedância – WIK) O sangue vai ser aspirado e diluído em câmaras diferentes (uma para contar hemácia e leucócito) vai ter que passar por um orifício muito pequeno em fila indiana e esse orifício é dotado de carga elétrica, e toda vez que uma célula passa pelo orifício esse fluxo de carga elétrica vai ser interrompido, isso vai gerar um pulso elétrico e essa interrupção vai contar quantas células passam. Além da quantidade de células, o tamanho dessas também será medido. A velocidade dessa contagem é muito grande, em 20 segundos já se tem o resultado. Observação: Se a hemácia for maior ou menor vai causar uma interferência nesse fluxo. E quanto maior a célula, maior vai ser a interferência nesse fluxo, assim teremos a leitura do tamanho da célula. Princípio óptico - WOK Esse princípio vai juntar o princípio da impedância mais um facho de laser incidido na célula. Esse facho vai ricochetear e vai rebater no sensor (vários e em ângulos diferentes), que vai liberar resultados com as características que existem no citoplasma da célula, como por exemplo, a quantidade de grânulos de uma célula. Porém se a célula deixar passar luz pelo interior dela, esse fecho de luz que vai chegar no sensor é maior, e o tipo de célula com essas características são as células jovens. Característica de uma célula jovem: Grande Relação núcleo citoplasma – o espaço entre o núcleo e o citoplasma é pequeno, ou seja, quanto mais madura a célula é maior a relação núcleo citoplasma. Ex.: pro eritroblasto – características de célula jovem / eritroblasto ortocromático (aquele que está quase jogando fora o núcleo para virar um reticulócitos) – se enquadra como célula madura. Toda célula jovem tem cromatina frouxa Observação: Diferente do linfócito que tem cromatina densa (núcleo bem condensado), a célula jovem tem cromatina frouxa, núcleo bem claro (roxo meio rosado) Citoplasma basofílico (azulado – quanto mais azulado mais jovem é a célula) Dentro do núcleo da célula jovem tem nucléolo (são núcleos acessórios - servem para produzir proteína) Princípio da fluorescência 22 Utilizada parafazer a contagem de plaquetas. Em aparelhos que tem a contagem de plaquetas por impedância e fluorescência, muitas vezes tem resultados diferentes e teremos como resultado fidedigno o da fluorescência. Além disso ainda podemos associar esses dois métodos ao método óptico. Porém se o resultado for muito diferente, o aparelho não libera o resultado e libera um flag para o analista. Essa discrepância ocorre em algumas doenças como por exemplo em pacientes neoplásicos fazendo uso de imunossupressores (altera a morfologia e tamanho dos leucócitos). Valores de referência: Porque mulheres tem menos hemácias do que os homens? Porque o homem mais testosterona que a mulher. Esse é um hormônio pró - eritropoiese (favorece a formação de novas hemácias). Além disso os homens têm mais massa muscular do que as mulheres, com isso precisa de mais oxigenação para esses tecidos e consequentemente mais hemácias. Os homens também apresentam maior massa muscular que as mulheres, e por isso tem mais tecido, precisando então de mais carreador para nutrir e levar O2. A diferença do número de hemácias do homem para a mulher é de 500 mil. HOMEM – 4.500.00 a 6.000.00 / mm³ MULHER – 4.000.000 a 5.500.00 / mm³ RN – 5.500.000 a 7.000.000 / mm³ Observação: Borderline – resultado que está na linha, no limítrofe. Ex.: 6.000.000 mm³ Diferença de valor de referência para valor de normalidade: o que é normal para um pode não ser normal para outro. O valor de referência é montado devido a região e devido ao público. Ex.: o valor de referência de pessoas que vivem em altitudes mais altas é diferente do valor das que estão em altitudes mais baixas. Alterações eritrocitárias: Valores acima do borderline é chamado de poliglobulia ou policitemia. Essa condição pode ter uma causa fisiológica ou patológica. Causa fisiológica: Por concentração do sangue periférico, isso é relativo (falso/pseudo poliglobulia). o Ex.: se eu diminuir o plasma vai parecer que a quantidade de células é maior. A perda do plasma pode ser por desidratação ou queimadura grave (3º grau). o Ex.2: a dengue é uma doença que causam hemoconcentração. O paciente tem queda das plaquetas, mas a quantidade de hemácias aumentava e como tratamento o paciente tem que ficar em repouso, ser colocado no soro e ficar dosando o hemograma. O soro serve para repor o liquido e baixar essa hemoconcentração. Se isso não fosse feito o paciente não teria fluidez sanguínea e acabaria tento agregação plaquetária (levando a formação de trombo), insuficiência cardíaca (a força para bombear o sangue muito viscoso), o sangue não chega de maneira adequada a todas as regiões (periferia) e muito menos ter um bom retorno sanguíneo. 23 Observação: a viscosidade do sangue é 1,2 a viscosidade da água, ou seja, o sangue não é tão fluido quanto a agua, ele é mais viscoso. Quando maior a viscosidade pior é para esse sangue circular. Morar em uma altitude mais elevada – a macula densa presente nos rins, mais especificamente no néfron (unidade funcional do rim) essa região é sensível a quantidade de oxigênio. E toda vez que ela detecta hipóxia, libera EPO2 (eritropoietina) que vai estimular eritropoiese (na medula) - produção de hemácias em maior quantidade, assim como a maturação das mesmas. Causa patológica: Policitemia vera – é quando tem um transtorno de alguns genes que regulam a produção e maturação de hemácias, e o indivíduo começa a produzi-las descontroladamente, tendo em torno de 8 a 9 milhões de hemácias. Isso faz com a viscosidade do sangue esteja muito aumentada, devido a uma produção exagerada de hemácias, que consequentemente vai ter muita hemoglobina (tem ferro). Esse ferro em grande quantidade precisa ser armazenado (na forma de ferritina e hemossiderina), depois que os órgãos armazenadores de ferro ficam cheios, outros órgãos que são vitais (rim, fígado, SNC) também passam a armazenar o ferro. E aí está o problema, pois gera riscos ao paciente. Como solução o paciente toma medicamentos quelante de ferro e faz sangria (esse sangue não pode ser doado, pois essas hemácias estão alteradas). RN Altitude Fumo – a pessoa tem insuficiência respiratória e com isso produz mais hemácias. O hematócrito de um fumante vai ser sempre mais alto do que o valor de referência. Checagem delta – feita em lab. particulares, onde os resultados anteriores dos pacientes são mostrados em gráficos. Síndrome da apneia noturna – esse tipo de paciente tem insuficiência respiratória momentânea, e para compensar ele produz mais células. Observação: Nem toda policitemia tem um aumento de hemácia, por isso é melhor chamar de poliglobulia. Porque sempre que falar policitemia, vai estar associado a policitemia vera. Uma outra alteração eritrocitária pode ser a hipoglobulia, que é a diminuição do número de hemácias, que é muito mais frequente do que a poliglobulia. Essa alteração pode ser causada por: Hemorragia – não temos só perda de hemácias, temos perda também de leucócitos e plaquetas. Em um primeiro momento o paciente tem HIPOGLOBULIA, depois ele vai ter BICITOPENIA (diminuição de dois grupos celulares) e depois PANCITOPENIA (diminuição dos três grupos celulares). Nesse caso eu controlo a perda de sangue pelo hematócrito, isso porque não é preciso colher um tubo de EDTA, o exame pode ser feito em um tubo capilar. Hemólise – lise (quebra) das hemácias. Podendo ser causada por presença de anticorpo ligada a membrana do paciente – DHPN (doença hemolítica perinatal) – eritroblastose 24 fetal, doença autoimune (anticorpos que recobrem as hemácias, levando a lise), IRC (insuficiência renal crônica – nessa doença as hemácias estão crenadas), deficiência de proteína de membrana (ex.: espectrina, banda 3, anquilina) e pacientes com apneia. FERROCINÉTICA O micronutriente mais importante é o ferro. Ferrocinética é o estudo da dinâmica da absorção, ingesta, assimilação e utilização do ferro. Nada mais é do que o movimento de obtenção e uso do ferro. Quando suspeitamos que um paciente está com anemia, a primeira coisa que devemos observar é a ferrocinética (principalmente se acreditamos que se trata de uma anemia ferropriva). ORIGENS DO FERRO NO ORGANISMO: Alimentação; Reciclagem do ferro – após 110/120 dias, as hemácias senescentes entram num processo de apoptose e serão fagocitadas pelos macrófagos de um órgão hemocaterético. O principal órgão hemocaterético (ou hemolítico) é o BAÇO. Mas não é somente ele que faz, temos basicamente 3 estruturas que fazem hemocaterese: BAÇO (principal), FÍGADO e SISTEMA RETÍCULO ENDOTELIAL; Como o principal órgão é o baço, nele encontramos macrófagos esplênicos. Os macrófagos esplênicos terão a função, uma vez que detectam através da membrana que a hemácia está em processo apoptótico, de fagocitar. Após o processo de fagocitose, esses macrófagos podem ter dois tipos de resposta e isso vai depender das nossas reservas de ferro. Os macrófagos esplênicos, quando fazem o processo de fagocitose das hemácias senescentes, eles detectam especificamente como que estão as nossas reservas de ferro. Então, ele pode fazer duas coisas: 1. Ele pode degradar essa hemácia, trabalhar a hemoglobina do interior, retirar o ferro da fração heme e leva direto para a medula; 2. O macrófago pode não fazer nada com o ferro e vai morrer com as partículas de ferro em seu interior (o que também é uma forma de reserva). É IMPORTANTE PARA ALGUM TIPO DE DIAGNÓSTICO TERMOS CÉLULAS DE FAGOCITOSE COM PRESENÇA DE FERRO EM SEU INTERIOR? R: Sim. Indivíduos com policitemia vera começam a ter grânulo de hemossiderina presenteem várias células fagocitárias. Não podemos ficar perdendo ferro, pois ele não é importante somente para a medula (produção de célula sanguínea). Ele é fundamental para várias coisas, como por exemplo: existem enzimas que precisam de ferro como cofator, chamadas de metaloenzimas (um exemplo é a catalase). Além disso, o ferro é superimportante para o sistema nervoso central, pois o processo metabólico realizado nas mitocôndrias necessita de ferro. Logo, para que tenhamos uma boa produção de energia, através do processo de respiração celular feito pelas mitocôndrias, vamos utilizar o ferro. - Origens do Ferro orgânico / Localizações do Ferro orgânico; Recebemos o ferro através do processo alimentar. A ingesta é pequena e o que reabsorvemos é menor ainda. Precisa ser constante. 25 Localizações do ferro no organismo 65% do ferro está na hemoglobina (na fração heme); 30% está em reserva, 3,5% está na mioglobina; 0,5% estão nas enzimas (metaloenzimas); e 0,1 % está sendo transportado – a transferrina (ou siderofilina) é a proteína de transporte do ferro na circulação. Somente 0,1% está sendo transportado, o resto está em uso ou está em estoque (ISSO É UMA BOA PERGUNTA DE PROVA). QUESTÃO BOA – QUAIS SÃO BASICAMENTE AS DUAS FORMAS DE RESERVA QUE NÓS TEMOS? R: Ferritina e os grânulos de hemossiderina Então, as duas maneiras clássicas de guarda de ferro no organismo são através de estoque em uma proteína chamada ferritina (que é utilizada em laboratório para pesquisar a ferrocinética) e os grânulos de hemossiderina. Desses 30%, 25% do estoque é feito através da ferritina e 5% são os grânulos de hemossiderina (que é o ferro nas células (principalmente as de defesa). Mioglobina (proteína muscular). A musculatura cardíaca precisa contrair e para isso utiliza muita energia. O ferro estará presente na mioglobina (para a produção de respiração celular e liberação de energia na mitocôndria precisaremos do ferro, logo teremos ferro na mioglobina). - Ingesta Diária (10 a 14 mg/ 10%); Varia muito pq vai depender do tipo de alimentação do indivíduo; A baixa ingesta pode fazer com que as nossas reservas de ferro caiam; Se o indivíduo tem uma alimentação adequada, a nossa ingesta diária está em torno de 10 a 14mg de ferro e só reabsorvemos 10%; Estamos reabsorvendo de 1 a 1,4 mg (isso é relativamente pouco, mas pode aumentar se o nosso estoque estiver baixo pois vamos precisar consumir mais ferro - suplementação); - Formas recebidas (Fe+++ ou Fe++ ou sob a forma de heme); Existem 3 tipos de ferro que nós absorvemos: 1. Forma FÉRRICA (Fe+3); 2. Forma FERROSA (Fe+2); 3. Forma de HEME (ferro que está na mioglobina – carne). 26 Em determinados momentos da recepção, da entrada do ferro na célula e do transporte dele, em situações específicas, ele vai ter que estar no estado DIVALENTE ou TRIVALENTE. Então, dependendo da situação em que o ferro estará sendo reabsorvido ou transportado, ele tem que estar em um estado diferente. Ex: para o ferro ser transportado pela transferrina, ele tem que estar na forma TRIVALENTE. Para entrar na célula, ele tem que estar na forma DIVALENTE. - Mecanismo de absorção (fatores que aceleram e retardam); Vamos absorver o ferro através do INTESTINO. Só que dependendo de que o indivíduo está ingerindo, teremos uma facilitação desse processo de absorção. Fatores que favorecem: HCL – existe uma patologia específica, chamada de anemia perniciosa, onde o indivíduo tende a ter uma baixa do nível de acidez estomacal. O ph estomacal vai ficando mais neutro, chamamos isso de ACLORIDRIA. Situações em que pode haver perda da acidez estomacal: pessoas que fazem uso de substâncias extremamente alcalinas para conter azia e má digestão, tendem ao longo do tempo produzir uma acloridria e isso dificulta a absorção do ferro. IMPORTANTE LEMBRAR: FERRO HEME, VITAMINA C E HCL. QUESTÃO – CITE 3 FATORES QUE FAVORECEM A ABSORÇÃO DO FERRO: R: A forma do ferro (fração heme), devida acidez estomacal e uso de vitamina C. Fatores que diminuem: O leite tem a capacidade de inibir / diminuir a absorção. O chá a base de tanino. A água tônica tem na sua composição essa erva chamada tanino. Temos o ferro na forma DIVALENTE (ferroso) e TRIVALENTE (férrico). Então, toda vez que esse ferro PERDE elétrons, ou seja, ele sofreu uma oxidação por vários agentes, ele sai do estado ferroso e passa a ser férrico. Na redução há um GANHO de elétrons, ou seja, ele sai do estado férrico e vai para o ferroso. 27 QUAIS SÃO OS ELEMENTOS QUE TENDEM A DIMINUIR A ABSORÇÃO? R: Tanino e Leite. A INTERFERÊNCIA (DIMINUIR A ABSORÇÃO) NO MECANISMO OCORRE QUANDO É FEITO AO MESMO TEMPO (INGERE FERRO E TOMA LEITE). - Transporte e reservas; FERROCINÉTICA: É o estudo específico de todo o metabolismo, desde a captação, da assimilação, da reabsorção, transporte e utilização do ferro. A primeira coisa que devemos perceber é que as duas formas básicas que temos uteis e disponíveis para o processo de reabsorção. Nesse caso, nós temos o ferro oriundo da alimentação, que vem sob duas formas: se estivermos consumindo carne vermelha, vamos ter o ferro no formato HEME; se tivermos consumido vegetais, teremos o ferro bem próximo ou disponível já DIVALENTE (Fe+2) ou TRIVALENTE (Fe+3). A forma que vai ser reabsorvida é a forma DIVALENTE. Se este ferro estiver na forma TRIVALENTE, ou seja, na forma férrica, vamos precisar ter uma transformação disso para a forma DIVALENTE. Assim, vamos precisar de uma enzima que atue nessa transformação, que é a FERROREDUTASE (Citocromo B Duodenal), que vai proporcionar a redução da forma férrica para o formato ferroso. Então o formato ferroso fica livre para ser reabsorvido pelas microvilosidades intestinais. MAS DE QUE MANEIRA ESSE FERRO FERROSO SERÁ REABSORVIDO? - Vamos precisar especificamente de um transportador de membrana, chamado de TRANSPORTADOR DE METAL DIVALENTE (vale lembrar que ele não é um transportador específico para ferro, ele é capaz de transportar outros minerais divalentes também). Reabsorção do ferro baseado no consumo da carne vermelha: temos um ferro na fração HEME e temos uma proteína transportadora específica para esse formato (esse é um dos motivos pelos quais conseguimos uma reabsorção mais rápida de ferro nesse formato), chamada de PROTEÍNA TRANSPORTADORA DE HEME – HCP-1. No interior da célula intestinal, teremos a transformação da fração heme em íon ferroso. 28 Uma vez a fração heme no interior da célula intestinal, agora ela vai sofrer uma ação de uma enzima para retirar esse íon de dentro desse anel de protoporfirina, para que ele possa ficar livre. Essa enzima é chamada de HEME OXIGENASE. É importante percebermos que a partir da quebra da fração heme, com a liberação do ion ferroso, ocorre a liberação de CO (dióxido de carbono), que volta para a luz intestinal e o pigmento da quebra do anel de protoporfirina é chamado de BILIVERIDINA, e da oxidação da biliverdina é que vai ser gerada a BILIRRUBINA, que vai cair na circulação (bilirrubina indireta). O formato de ferro gerado será o mesmo formato que foi reabsorvido após a conversão do formato férrico para o formato ferroso. Então, temos agora os dois mecanismos derivando um mesmo elemento, que é o íon ferroso. Podemos fazer 2 coisas com esse íon: Se não tivermos precisando naquele momento para utilização nas nossas próprias mitocôndrias, por exemplo, podemos ESTOCAR. O estoque é feito através de uma proteína chamadaFERRITINA – para utilizar na célula, para estocar podemos manter no formato ferroso; Podemos também transportar esse ferro na circulação – para transportamos na circulação, para chegar, por exemplo, em locais como medula, SNC, fígado, coração; vamos precisar transportar no formato FÉRRICO. Vamos precisar de uma enzima chamada FERROXIDASE (Hefestina), que vai transformar o formato ferroso em férrico. Esse íon férrico estará habilitado a se ligar a uma proteína que estava inativa, a qual chamamos de APOTRANSFERRINA (trasnferrina inativa/não ligada). A partir do momento que a apotransferrina estiver ligada ao ferro férrico, ela passa a ser chamada de TRANSFERRINA e seguirá na circulação até o seu destino; 29 Acabamos de ver dois marcadores importantes para a ferrocinética: FERRITINA e TRANSFERRINA. E AS RESERVAS? ONDE QUE NÓS VAMOS ACABAR TENDO RESERVAS? - Os formatos de reservas que temos é a FERRITINA e HEMOSSIDERINA (grânulos de hemossiderina). REGULAÇÃO EXTRACELULAR: Quem faz o controle de captação de mais ou menos ferro é uma proteína chamada HEPCIDINA. Essa proteína, inclusive, vai acabar se tornando responsável por uma anemia chamada de ANEMIA DE DOENÇAS CRÔNICAS. Então, o indivíduo com uma doença crônica vai tendendo ao longo do tempo a uma anemia. Só que essa anemia não é uma anemia especificamente que envolva os depósitos de ferro, ou seja, não é uma anemia ferropriva real; é uma anemia que vai envolver o ferro circulante. Veremos que o organismo faz uma redução do ferro circulante para se defender e essa diminuição do ferro disponível na circulação quem faz é a hepcidina. 30 A hepcidina vai controlar, através de um feedback negativo, a liberação de ferro na circulação. Se tiver um aumento (por qualquer motivo) de ferro na circulação, um aumento de ferro nos estoques, na transferrina, o fígado recebe esse aumento de ferro e responde com a hepcidina. A hepcidina vai bloquear a reabsorção do ferro e vai bloquear a saída de ferro das células; consequentemente estamos impedindo que novos íons cheguem na circulação pela reabsorção e estamos impedindo que essas células de alguma maneira também acabem liberando ferro na circulação. Logo, o nível de ferro vai diminuir. Fígado vai sentir um aumento na concentração de ferro; Liberação de IL-6, que é o processo inflamatório (possivelmente um processo infeccioso também); Isso vai fazer com que o fígado libere a hepcidina, que vai bloquear a reabsorção e vai manter o ferro no interior das células; O ferro na circulação vai diminuir. Fatores que inibem a liberação de hepcidina pelo fígado: Hipóxia; Eritropoese ineficaz. Fatores que estimulam a produção de hepcidina: Aumento de ferro; IL-6 e processo inflamatório. Na imagem abaixo podemos ver as duas atuações da hepcidina: boqueio na entrada e na saída de ferro. Em uma célula de defesa, a hepcidina vai impedir a saída do ferro. PARA QUE UMA CPELULA DE DEFESA PRECISA TER UMA CONCENTRAÇÃO DE FERRO MAIOR EM SEU INTERIOR? - Para ativar essa célula com mais íon e aumentar a resposta microbicida. Com isso baixou o nível de ferro na circulação e mais de 90% das bactérias patológicas utilizam ferro no seu metabolismo, fazendo com que diminua a replicação bacteriana. A longo prazo vai causar anemia. 31 - Origens do Ferro orgânico / Localizações do Ferro orgânico; - Ingesta Diária (10 a 14 mg/ 10%); - Formas recebidas (Fe+++ ou Fe++ ou sob a forma de heme); - Mecanismo de absorção (fatores que aceleram e retardam); - Transporte e reservas; - Distribuição do Ferro orgânico: 1- Massa Eritrocitária / 2- Depósitos / 3- Mioglobina / 4- Enzimas / 5- Plasma 0,1% / 6- Cerebral; - Regulação extracelular (Hepcidina – ADC); - Patogênese (perda, ingesta, transporte); PERDA – anemia ferropriva BAIXA INGESTA – indivíduos que tem anemia ferropriva por dificuldade de obtenção de ferro PROBLEMAS RELACIONADOS COM O TRANSPORTE – problemas na transferrina EXAMES LABORATORIAIS NA FERROCINÉTICA: 1. Avaliação do compartimento de ESTOQUE *Ferro Medular *Ferritina = 15-300mg/l (homens) / 15-200mg/l (mulheres) 32 Toda anemia ferropriva que se preze começa no estoque, passa pelo transporte e cai na ação (circulação). O principal e melhor marcador de ferrocinética existente é o FERRO MEDULAR, onde é feita uma punção de medula e detectamos especificamente por coloração (azul da Prússia), onde conseguimos detectar grânulos de ferro (observamos a quantidade de sideroblastos que temos na medula) – se temos uma quantidade boa de sideroblastos na medula, é um indicativo bom, pois temos ferro medular estocado. Agora, se fazemos uma biópsia, uma punção de medula, avalio a quantidade de sideroblastos presentes e está próximo a zero ou nulo, teremos um problema grave pois o estoque medular está baixíssimo e isso compromete a eritropoese na medula. QUAL O MELHOR MARCADOR PARA O ESTUDO DA FERROCINÉTICA EXISTENTE? - Ferro Medular O segundo marcador de estoque e mais usual é a FERRITINA. O problema da ferritina e do ferro é a IL-6 e o processo inflamatório, pois eles alteram o metabolismo do ferro. Toda vez que temos proteína de fase aguda envolvida, toda vez que temos processo inflamatório agudo, temos alteração na ferritina e no ferro sérico. Por isso eles não são os melhores marcadores. 2. Avaliação do compartimento de TRANSPORTE *Transferrina = Extremamente variável *TIBC = 250-450mg/l / 100ml soro – (Transferrina x 25) *Saturação da Transferrina (ST) = Relação Ferro/TIBC (16% a 50%) Cada laboratório tem um valor de referência para a transferrina. O processo inflamatório também altera a transferrina. A transferrina é uma proteína de fase aguda. Em substituição podemos utilizar um marcador chamado TIBC (Capacidade de Ligação Total do Ferro à Transferrina). É como se fosse a avidez de ligação do ferro pela transferrina. Para cada 100ml de soro, conseguimos ligar à transferrina, entre 250 a 450mg/L de ferro. Isso quer dizer o seguinte: a capacidade de ligação do ferro à transferrina gira em torno de 1/3 da capacidade total da transferrina. Então, normalmente, 1/3 da transferrina está totalmente ligado. Significa que ela tem disponível 2/3. Isso vai aumentar ou diminuir, dependendo da necessidade do organismo. Para calcular e acharmos o valor, geralmente multiplicamos a dosagem da transferrina por 25. Fora isso, temos um outro elemento muito usual (que é em porcentagem), que é a Saturação da transferrina, ou seja, o quanto que essa transferrina está impregnada de ferro. Dividimos o ferro pelo TIBC e vamos ter entre 16 a 50% de saturação normal. 3. Avaliação do compartimento FUNCIONAL *Hemograma = ÍNDICES HEMATIMÉTRICOS *Zincoprotoporfirina eritrocitária (ZPP) = <70mmol/mol heme *sTfR = Receptor Solúvel da Transferrina *Ferro Sérico = 13-31mmol (homens) / 12-29mmol (mulheres) A primeira alteração que vamos ver na circulação é o hemograma, nos índices hematimétricos. Especificamente vamos olhar hemoglobina e os índices hematimétricos. 33 O ZPP é um marcador recente. O anel de protoporfirina está ligado ao ferro, o problema é que quando o indivíduo tem uma deficiência na produção do HEME, por ausência de ferro, o zinco se liga no anel de protoporfirina no lugar do ferro. Esse marcador não passa por problemas relacionados ao processo inflamatório. O sTfR (receptor solúvel da transferina), não tem implicações relacionas ao processo inflamatório.E tem um envolvimento direto com a baixa de ferro. Avaliação diferencial na anemia ferropriva: Ferro sérico - / Ferritina - / ST - / TIBC + / ZPP + / Reticulócitos - / RDW + A TIBC vai estar alta, ou seja, a avidez pela ligação à transferrina do ferro estará alta pq se o indivíduo tem um problema no metabolismo do ferro, é interessante para ele que o ferro se ligue o mais rápido possível à transferrina. O ZPP aumenta pq se o indivíduo não tem ferro em grande quantidade, o zinco toma o lugar dele no anel de protoporfirina. IMPORTANTE: é característico de anemia ferropriva a modificação em um índice hematimétrico chamado RDW (índice de anisocitose – diferença de tamanho entre as hemáceas), que fica aumentado. Outra coisa importante é saber a diferença entre anemia ferropriva e anemia de doença crônica e isso se dá pela alteração do FERRO SÉRICO. Uma vai ter alteração no ferro sérico, que é a anemia de doenças crônicas. A anemia relacionada com a ferrocinética não vai ter alteração só no ferro sérico, vai ter alteração também na ferritina e no TIBC. O RDW na anemia de doença crônica não é tão alterado quanto na anemia ferropriva. RETICULÓCITOS: se a anemia não for problema de ferro, não for por problema de doença crônica, mas sim por hemólise, por destruição de célula, teremos desvio de reticulócitos (vai ficar aumentado). 34 a) Depleção de estoque: A ferritina é um marcador que determina uma alteração importante, a hemoglobina começa a cair (o que nos mostra uma anemia). Eritropoese deficiente: o ferro sérico começa a cair, o VCM também começa a cair, o que nos indica uma microcitose (as hemáceas começam a ficar pequenas); o RDW começa a subir porque começamos a ter hemácia menores e maiores (começo da anisocitose); o ferro despenca; a ferritina nem se fala, despenca muito; a capacidade de ligação à transferrina (TIBC) começa a aumentar, porque a avidez pela ligação começa a ficar maior; a sTfR começa a aumentar. b) Problema de queda de ferritina pode ser uma perda de ferro em uma grande concentração, para que esse ferro seja reposto, podemos utilizar medicamentos à base de ferro (suplementação); 35 Se o problema for no transporte, a suplementação pode não adiantar, teria que suplementar com proteína específica; Se for uma anemia de doença crônica, a suplementação também não vai adiantar, tem que curar a doença; VITAMINA B12 E ÁCIDO FÓLICO - Assimilação (1 a 2 mg) (reserva = 3.000 mg) - Absorção (fator intrínseco) / (Transcobalamina II e I) - Funções da vitamina B12 - Ácido Fólico (Folato, Ácido Pteroilglutâmico, vit. B9) A assimilação tanto de vitamina b12 quanto a do ácido fólico é feita a através da alimentação. O ácido fólio acaba sendo um problema e, por essa razão, acaba sendo muito suplementado pois ele sofre uma perda ambiental muito grande. O ácido fólico é desnaturado com muita frequência. COMO OBTEMOS A COBALAMINA (VIT. B12)? - Através da alimentação Dificilmente alguém terá problemas relacionados com a vitamina B12 por conta da não ingestão. O problema com ácido fólico e vitamina B12 podem ser 2: transporte ou a inativação da vitamina B12 no estômago. A absorção é feita da seguinte maneira: esse material que acabou de ser ingerido quando chegar no estômago vai sofrer a ação do ácido gástrico. O primeiro problema é esse, pois quando esse material começar a sofrer a ação do ácido gástrico, as células parietais do estômago terão que produzir uma proteína chamada FATO INTRÍNSECO. A função do fator intrínseco é envolver e proteger a vitamina B12 da ação do ácido estomacal. Com a vitamina B12 envolvida pelo fator intrínseco, ela passa facilmente pelo estômago e chega ao intestino. No intestino ela sobre a reabsorção e será transportado na circulação através da TRANSCOBALAMINA 1 e 2. Vamos citar somente a 2 porque mais de 90% da cobalamina é transportada por ela. O problema ocorre em indivíduos que tem ausência ou deficiencia na transcobalamina 2. O maior problema da anemia megaloblástica é a ausência do transportador (transcobalamina 2). COBALAMINA e VITAMINA B9 (ÁC. FÓLICO) não são importantes somente para a eritropoese; elas são importantes para a produção das bases nitrogenadas que compõe o DNA; uma outra importância é que o único meio que o organismo tem de transportar metil é através da vit. B12 e do ácido fólico. Funções da vitamina B12 e do ácido fólico: Metionina é o primeiro aminoácido que forma as proteínas. Para que a metionina seja formada, o ácido fólico e a vitamina B12 tem que estar envolvidos. O Metiltetraidofolato, que é o formato que obtemos através da alimentação, perde o metil (CH3) e se torna o Tetraidrofolato; O Tetraidrofolato vai produzir as bases purínicas e pirimidínicas que compõem o DNA; Além disso, a conversão de Serina a Glicina é realizada na presença de Tetraidrofolato; 36 O metil doado vai para a vitamina B12, que vira METILCOBALAMINA; O metilcobalamina doa para METIONINA (homocisteína); FORMAÇÃO DA HEMOGLOBINA: 2 Partes: - Fração Heme - Fração Globínica FRAÇÃO HEME EQUAÇÃO DE SÍNTESE DA FRAÇÃO HEME: 1) GLICINA + ÁCIDO SUCCÍNICO = Δ ALA (ÁCIDO DELTA LEVULÍNICO) 2) Δ ALA (ÁCIDO DELTA LEVULÍNICO) + Δ ALA (ÁCIDO DELTA LEVULÍNICO) = 1 ANEL PIRRÓLICO A formação da fração HEME começa com a glicina (que veio da conversão da serina) + ácido succínico é igual a delta ALA. Para completar a equação vamos precisar de Δ ALA + Δ ALA e isso vai gerar um anel PIRRÓLICO (anel de fogo) 37 Agora vamos precisar de 4 anéis pirrólicos para formar um ANEL TETRAPIRRÓLICO, que é o anel de PROTOPORFIRINA e será o local onde o átomo de ferro será inserido. É através desse anel de protoporfirina que formaremos os pigmentos biliverdina e bilirrubina (sai o ferro e o que fica vai virar biliverdina e após oxidação se tornará bilirrubina indireta). Dentro da hemácia temos a estrutura da hemoglobina num todo e as quatro estruturas vermelhas são os anéis de protoporfirina (fração heme) e em cada estrutura dessa temos o átomo de ferro no centro. Em cada hemoglobina temos 4 estruturas de fração heme ligada. 38 ALTERAÇÕES DA FRAÇÃO HEME: 1. Porfiria eritropoética (Uroporfirinogênio Sintase / Ferroquelatase) Disfunção genética caracterizada por: Fotosensibilidade e disfunções neuroviscerais. O indivíduo que tem porfiria eritropoética tem uma alteração numa enzima chamara UROPORFIRINOGÊNIO SINTASE, ele não consegue formar a fração heme de uma maneira adequada. Um dos problemas que isso pode causar é a fotosensibilidade, tem um formato horrendo e com feridas, a forma avançada da doença causa uma encefalopatia grave e o indivíduo tem transtornos neurológicos graves (ele ataca e morde as pessoas). Causas (que não estão relacionados com a enzima): - Intoxicação aguda por metais pesados (p. ex., chumbo) – muito comum na água da época medieval. - Tirosinemia tipo I – doença inata do metabolismo, o indivíduo começa a acumular tirosina no organismo. 2. Carboxiemoglobina É a formação de um pigmento anômalo, patológico, no lugar da hemoglobina. Sabemos que o sangue tem a cor vermelha por conta da presença do ferro na hemoglobina, a carboxiemoglobina é a produção de um pigmento patológico que faz o sangue ter uma cor amarronzada. Quando temos a hemácia com um alto teor de O2, ela é chamada de OXIEMOGLOBINA; quando doamos esse O2 para as células, automaticamente temos uma hemácia com o potencial reduzidode O2, chamamos essa hemoglobina HEMOGLOBINA 39 REDUZIDA. Não devemos confundir a hemoglobina reduzida com a carboxiemoglobina pois esta é um pigmento patológico. Carboxiemoglobina é a hemoglobina que não está ligada ao oxigênio e sim ao MONÓXIDO DE CARBONO (CO). Então a carboxiemoglobina é o pigmento gerado da ligação da hemoglobina com o CO. A hemoglobina tem uma avidez com o CO 210x maior do que pelo O2. Isso significa dizer que se tem CO, a hemoglobina se liga toda a CO e a partir desse momento deixamos de ter hemoglobina e passamos a ter carbxiemoglobina e então o O2 não será transportado pois essa é uma ligação IRREVERSÍVEL. O indivíduo terá hipóxia, anóxia, asfixia. RESPOSTA: C 3. Metahemoglobina (Hemoglobina M, NADH-diaforase) Metahemoglobina é uma hemoglobina reduzida. A questão é que temos uma fração de hemoglobina reduzida extremamente minúscula. Não temos mais hemoglobinas reduzidas pq possuímos mecanismos para que isso não aconteça. MECANISMOS: NADH-diaforase, METAEMOGLOBINA REDUTASE, ou seja, temos enzimas que evitam que a hemácia permaneça no formato de metahemoglobina. O problema é quando começamos a ter uma concentração de hemoglobinas com o pigmento transformado em metahemoglobina. Existe uma hemoglobinopatia chamada HEMOGLOBINA M, onde temos um aumento da metahemoglobina. Existem medicamentos que podem reduzir a hemácia a ponto de se transformar em metahemoglobina. Isso vai causar também transtornos no transporte de O2. 4. Sulfemoglobina (H2S) (Sulfonamidas, Fenacetina) Sulfemoglobina proporciona um pigmento verde. Então, o sangue do paciente fica literalmente verde. Isso ocorre porque o indivíduo em contato com o ácido sulfídrico (medicamentos como a fenacetina fazem com o paciente produza ácido sulfídrico dentro da hemácia) e quando ele fica em grande concentração dentro da hemácia, gera sulfemoglobina. É totalmente irreversível, uma vez a hemoglobina virando sulfemoglobina, acabou O2. 40 FRAÇÃO GLOBÍNICA: Síntese de globina A primeira hemoglobina do indivíduo se chama GOWER 1, que é formada por duas cadeias zeta e duas cadeias épsilon. Com o processo de maturação e o indivíduo deixando de ser embrião e passando a ser feto, a hemoglobina passa a ser chamada de GOWER 2, que é formada por duas cadeias alfa e duas cadeias épsilon. - As duas cadeias polipeptídicas alfa vão surgir na fase GOWER 2. Vai chegar um momento em que temos o seguinte: se o indivíduo maturar zeta, que vira alfa, ele terá a GOWER 2. Se não for a zeta e sim o épsilon que será maturado e se tornará gama, ele terá a PORTLAND. ALFA 2 e GAMA 2 é o que chamamos de HEMOGLOBINA FETAL. Um erro muito comum é pensarmos que no adulto só existe a hemoglobina adulta, mas ele possui a fetal também (em pequena quantidade). Com o indivíduo chegando na hemoglobina fetal, mais uma vez ele poderá evoluir em dois pontos: - A hemoglobina normal, a qual chamamos de A = alfa2 / beta2 – evoluiu de gama para beta; - Existe também a transformação de gama para delta, chamamos essa hemoglobina de A2. A hemoglobina que encontramos em maior concentração no sangue de um adulto é a HEMOGLOBINA A (duas cadeias polipeptídicas ALFA e duas cadeias polipeptídicas BETA). O segundo grupo das hemoglobinas comuns em um adulto é a HEMOGLOBINA A2 (ALFA 2 / DELTA 2). E, por fim, teremos a HEMOGLOBINA FETAL (ALFA 2 / GAMA 2). Proporções: HEMOGLOBINA A – 97 a 98% HEMOGLOBINA A2 – 1 a 2% HEMOGLOBINA FETAL – 1% Coisas importantes: O gene ALFA, que vai coordenar a produção dessa sequência de aminoácidos, dessa cadeia polipeptídica, está presente no cromossomo 16; Na cadeia ALFA temos duas sequências com 141 aminoácidos; Os genes BETA, GAMA e DELTA estão expressos no cromossomo 11; 41 As cadeias BETA, GAMA e DELTA possuem duas sequências de 146 aminoácidos. DETERMINAÇÃO DA CONCENTRAÇÃO: - Dosagem - “Método da Cianometemoglobina” - Reagente de Drabkin (causa problemas o método da cianometemoglobina / ele já matou muita gente em laboratório; antigamente a pipetagem era feita com a boa Bicarbonato de Sódio / Cianeto de Potássio (KCN) / Ferrocianeto de potássio (KFe) – são os reativos de Drabkin, que são altamente venenosos; - Valores de Referência Homens = 15 g/dl média 13,5 – 18 g/dl Mulheres = 13,5 g/dl média 11,5 - 16 g/dl Para recordar: HEMOGLOBINAS ANORMAIS Mecanismos Patológicos 1. Substituição de um único aminoácido Ex. Hemoglobina S / Hemoglobina C - Ocorre nas duas cadeias BETA; - O primeiro problema é a hemoglobina S (SICKLE – FOICE), que causa anemia falciforme. O QUE OCORRE PARA ESSA HEMOGLOBIA A VIRAR HEMOGLOBINA S? R: a cadeia BETA tem 146 aminoácidos e no sexto aminoácido era para ter ácido glutâmico, porém esse indivíduo não tem. Ele sofreu uma troca do ácido glutâmico por VALINA. O fato de mudar um aminoácido faz com que o indivíduo não tenha problema quando ele tem oxigemoglobina ou quando a hemácia está reduzida, o problema ocorre quando a hemácia fica velha; a hemácia velha quando recebe O2 (oxiemoglobina) não há problema, mas quando ela 42 está reduzida o problema aparece porque a hemácia quando doa o O2 para o tecido e fica reduzida, ela perde o seu formato característico e fica com forma de foice de cristaliza (TACTÓIDE), vira uma estrutura dura. A hemácia perde a sua capacidade reológica (mudar a estrutura da membrana para passar em ambientes menores). Essa hemácia não consegue mais, ela vai bater e estourar, o que dá início a uma anemia hemolítica. PROBLEMAS QUE O INDIVÍDUO COM HEMOGLOBINOPATIA S PODE TER: Hemácia velha doa o O2, ela muda a estrutura e cristaliza. Vira uma hemácia no formato de foice (DREPANÓCITO). Não consegue passar pelo baço e começa a romper. É uma doença típica e negroide; 1) ANEMIA HEMOLÍTICA; 2) DORES ARTICULARES – as hemácias começam a infiltrar em determinadas articulações, provocam processo inflamatório, geram dor aguda nas articulações; 3) PRIAPRISMO – que é ter ereção sem ter o estímulo. O indivíduo com anemia falciforme começa a ter ereção sem ter o estímulo, o pênis vai necrosar. Além do priaprismo, pode ocorrer micro infartos e pode gerar uma lesão cardíaca, que é uma característica de pacientes com um quadro mais grave. O quando mais grave é o indivíduo que tem SS, ou seja, ele é chamado de homozigoto. A alteração dele se dá nas duas cadeias BETA. Ele não tem traço falcêmico (apenas uma cadeia), ele tem a doença falciforme (as duas cadeias - SS). É comum o indivíduo ter o traço falciforme, o que não é muito grave. A HEMOGLOBINA C é a mesma coisa: na sexta posição da cadeia BETA, que era pra ter ácido glutâmico, vai ter LISINA. Indivíduo SS 43 O indivíduo com hemoglobina C não terá as complicações presentes na S (dores articulares e problemas cardíacos); vai estar mais associado a anemia hemolítica; É possível um indivíduo ter HEMOGLOBINA SC. 2. Supressão de um ou mais aminoácidos da cadeia polipeptídica Ex. Hemoglobina Freiburg e Hemoglobina Gun Hill - É incompatível com a vida; - Ocorre a falta de um ou mais aminoácidos; 3. Limitação de síntese de uma das cadeias Ex. Talassemias – Alfa 4 (Anemia de Cooley) Beta 4 (HbH), Gama 4 (Hb Bart) - O normal é o indivíduo ser ALFA 2 e BETA 2 (GAMA 2); - O indivíduo não terá uma das cadeias. Ele não produz ALFA ou não produz BETA; - Se o indivíduo não produz ALFA, mesmo assim ele terá que
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