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SEMIOLOGIA - SEMIOLOGIA DA TEMPERATURA

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SEMIOLOGIA DA TEMPERATURA
Yasmin Cavalcante
A febre não é uma doença, mas sim um sinal de alguma doença, infecciosa ou não.
 	Febre significa temperatura corpórea acima da faixa de normalidade (entre 36 e 37,4graus). Pode ser causada por transtornos do próprio cérebro ou por substâncias que influenciam os centros termorreguladores.
 A temperatura pode ser medida na cavidade oral, no oco axilar ou por via retal, esta última sendo aproximadamente 0,6 graus inferior à temperatura no interior dos órgãos. É importante conhecer as diferenças fisiológicas existentes entre os três locais, porque em certas condições fisiológicas (abdome agudo, afecções pélvicas inflamatórias) devem ser medidas as temperaturas axilar e via retal, tendo valor clínico uma diferença de temperatura maior que 0,5 graus.
 • TEMPERATURA AXILAR: 35,5-37 graus (com média de 36-36,5)
 • TEMPERTURA BUCAL: 36-37,4 graus
 • TEMPERATURA RETAL: 36-37,5 (isto é, 0,5 graus maior que a axilar)
 O pico da temperatura corpórea ocorre por volta das 18h e as variações diárias entre os valores mínimos e máximos são de 0,5-1 grau. As mulheres apresentam temperaturas mais baixas nas duas semanas antes da ovulação e um aumento em torno de 0,6 quando da ovulação. Devemos ter em mente que indivíduos idosos, imunocomprometidos ou desnutridos podem não apresentar febre mesmo na vigência de infecções graves.
 FISIOLOGIA 
A produção de calor depende de:
 • SÍNTESE DE ATP
 • TRABALHO INTERNO ENVOLVIDO NA MANUTENÇÃO DA INTEGRIDADE FUNCIONAL E ESTRUTURAL DO CORPO
 • CONTRAÇÃO DA MUSCULATURA QUANDO SE REALIZA TRABALHO FÍSICO OU QUANDO HÁ CALAFRIOS 
A perda de calor depende da:
 • RESPIRAÇÃO
 • VARIAÇÃO DO FLUXO SANGUÍNEO CUTÂNEO 
• SUDORESE
Centro regulador: HIPOTÁLAMO que induz a PELE (órgão termorregulador).
 	
O balanço entre a perda e ganho de calor é REGULADO PELO HIPOTÁLAMO, que recebe “informações” sobre a temperatura corpórea vindas de sensores térmicos periféricos e locais. A partir dessas informações, o hipotálamo, por meio de vias eferentes, vai modular o tônus vasomotor periférico, a produção de suor e a atividade muscular. Esses mecanismos visam manter a temperatura em torno de 37 graus (“set point”). Neurônios na região anterior do hipotálamo, irrigados por uma rede vascular altamente permeável com reduzida função de barreira hematoencefálica, liberam metabólitos do ácido araquidônico quando expostos aos pirógenos endógenos circulantes (IL-1, IL-6, TNF).
Esses metabólitos, principalmente o PGE2, difundem para a região anterior do hipotálamo, onde provavelmente ativam um segundo mensageiro, como o AMPc, que aumenta o set point termorregulador. A elevação do set point aciona um sinal para os nervos periféricos eferentes, determinando a retenção de calor e vasoconstricção. 
TERMORREGULAÇÃO CUTÂNEA POR INFLUXO DO HIPOTÁLAMO
 Temperatura interna: VASOCONSTRICÇÃO (economizar calor) 
 Temperatura interna: VASODILATAÇÃO (>37°C – provoca também sudorese para harmonizar a temperatura)
VARIAÇÕES DE TEMPERATURA
HIPOTERMIA
-Exógena: Exposição prolongada a baixas temperatura;
- Endógenas:
Lesões físicas da área do centro regulador,
Hipoglicemia (glicemia normal: 70-99mg/dL),
Drogas lícitas e ilícitas,
Choque anafilático (medicamentos – intermediado por reação alérgica) ou séptico (toxinas bacterianas – meningite bacteriana, sífilis, diarreia pela Escherichia coli produtora da toxina shiga) 
Obs.: Bactérias gram negativas, quando morrem, liberam endotoxinas.
Bactéria gram positivas não têm poder de penetração, logo, liberam exotoxinas
HIPETERMIA
Síndrome febril: Hipertermia, calafrios, cefaleia, dores no corpo, astenia (preguiça), taquicardia, taquipneia, oligúria (devido ao aumento da tempertatura, tem que haver economia de água), confusão mental, convulsões, aceleração de processos metabólicos, alterações do leucograma.
FEBRE = TAQUICARDIA
Cada 1°C de temperatura = 10 batimentos cardíacos 
Exceções dessa relação: - febre tifoide (febre alta e bradicardia relativa)
- difteria (febre baixa e taquicardia – porque a toxina atua no miocárdio)
			 - portadores de bloqueio atrioventricular (possuem bradicardia)
FISIOPATOLOGIA 
Os pirógenos endógenos, além de causarem febre, desencadeiam o que chamamos de resposta de fase aguda, com modificações metabólicas como mialgias, artralgias, anorexia, sonolência... O estímulo para a produção de pirógenos endógenos é a ação de diversas moléculas (pirógenos exógenos), que são em geral microorganismos ou frações destes, além de imunocomplexos e uma grande variedade de outras substâncias. Agem principalmente nos macrófagos e neutrófilos que por sua vez liberam os pirógenos endógenos. 
ASPECTOS CLÍNICOS
 Em algumas circunstâncias, a febre pode acarretar prejuízos, como por exemplo quando ocorre:
 • Aumento importante do consumo de oxigênio, aumento do trabalho cardíaco (precipitando insuficiência cardíaca em pacientes com doenças cardíacas prévias).
 • Indução de convulsão em crianças ou portadores de doenças neurológicas. 
• Mal estar físico (não é ocasionado diretamente pela febre e sim pelas outras ações sistêmicas dos pirógenos endógenos).
 • Redução da acuidade mental. 
FEBRE VERSUS HIPERTERMIA
 HIPERTERMIA: É uma síndrome provocada por exposição excessiva ao calor com desidratação, perda de eletrólitos e falência dos mecanismos termorreguladores corporais. Tem como principais causas: 
1) exposição direta e prolongada ao sol 
2) permanência em ambiente muito quente 
3) deficiência dos mecanismos de dissipação do calor corporal.
 FEBRE: É uma resposta fisiológica na qual a temperatura corporal é aumentada devido a um reajuste do ponto preestabelecido de regulação do calor no hipotálamo (“Set point”). Na febre os mecanismos periféricos de perda e/ou conservação de calor encontram-se intactos. A alteração ocorrida dá-se a nível central no reajuste do “Set point” hipotalâmico. (SEGUNDO O PROFESSOR É UMA SÍNDROME)
 FEBRE DE ORIGEM OBSCURA
 São aquelas febres maiores de 39,5, com duração de 3 semanas ou mais (contínua ou não), sem definição diagnóstica após 3 dias de investigação hospitalar ou 3 consultas ambulatoriais. Podem ter inúmeras causas.
 CARACTERISTICAS SEMIOLÓGICAS DA FEBRE
 Devem ser analisadas as seguintes características semiológicas da febre:
 INÍCIO
 INTENSIDADE
 DURAÇÃO 
MODO DE EVOLUÇÃO
TÉRMINO 
INÍCIO: Pode ser súbito ou gradual. 
Por exemplo: pneumonia, dengue, malária e infecções urinárias geralmente tem início súbito.
Na tuberculose, a febre tem início gradual.
 INTENSIDADE:
Febre leve (febrícula): até 37,5 
Febre moderada: 37,6-38,5
Febre alta: acima de 38,5
Obs.: Febre interna = mal estar
Obs.: Nem sempre há correlação entre intensidade e gravidade da doença
	Ex.: amigdalite (febre alta e bom estado geral),
Difteria (febre baixa e seu bacilo é gram positivo sem poder invasivo, porém possui exotoxinas que vão pra SNP, suprarrenais e miocárdio),
Tétano (sem febre, mas com exotoxina de ação no SNC),
Poliomielite (febre apenas no início),
Leishmaniose tegumentar (sem febre),
Leptospirose (febre durante 1 semana e o quadro agrava quando a febre passa),
Hanseníase (grave e sem febre).
DURAÇÃO: Febre prolongada: é aquela que dura mais de 1 semana. Por exemplo: febres prolongadas: TB, septicemia, malária, endocardite infecciosa, febre tifoide, colagenoses, linfomas, pielonefrite, brucelose, esquistossomose.
Febre prolongada de etiologia obscura (F.P.E.O.): -Obscuridade real
						 - Falta de exame clínico competente
 MODO DE EVOLUÇÃO
Febre Contínua
 Permanece sempre acima do normal com variações de até 1 grau, sem grandes oscilações. Tem febre todo dia.
Febre Irregular ou séptica 
Picos muito altos intercalados por temperaturas baixas. Não há qualquer caráter cíclico. Totalmente imprevisíveis.
Febre Remitente 
Há hipertermia diária com variações de mais de 1 grau, sem períodos de apirexia.
Febre IntermitenteA hipertermia é ciclicamente interrompida por um período de temperatura normal. Por exemplo: o paciente tem febre durante a manhã e passa a tarde sem febre ou um paciente que passa um dia com febre e o outro não. Tem períodos regulares de ausência de febre.
Ex. Malária (parasitismo eritrocitário)
Terçã: - Benigna (Plasmodium vivax)
 - Maligna (Plasmodium falciparum)
Quartã: Plasmodium malariae
Esporozoítos Merozoítos Trofozoítos
(Sangue)	 (Fígado)	 (Eritrócito) Hemácias cheias rompem
Reprodutível
 Ciclo de 3 ou 4 dias (motivo da oscilação da febre)
Esporozoítos quando perdem a capacidade reprodutível se transformam em MEROS zoítos.
Quando as hemácias estão cheias de trofozoítos, elas explodem e eles vão para outras novamente.
Na fase aguda, acontece do indivíduo TER FEBRE CONTÍNUA devido a MÚLTIPLAS PICADAS E INFECÇÕES.
Em Alagoas, existe o mosquito anopheles, por isso, apesar da malária não ser endêmica aqui, é possível sua infecção.
Febre Recorrente ou Ondulante (Héctica): Período de temperatura normal que dura dias e semanas até que sejam interrompidos por períodos de temperatura elevada. 
Ex.: Leishmaniose visceral (Calazar), Enterobacteriose septicêmica prolongada.
TÉRMINO: 
Em crise: A febre desaparece subitamente (geralmente ocorre sudorese profunda e prostração). Por exemplo: acesso malárico e doenças virais.
Em Lise: Hipertermia desaparece gradualmente (dança dos antibióticos). 
CAUSAS DA FEBRE
 • Aumento da produção de calor (como no hipertireoidismo). 
• Bloqueio da perda de calor (como na ICC e ausência congênita de glândulas sudoríparas). 
• Lesão de tecidos (por infecção por bactérias, vírus ou parasitos/ por lesões mecânicas (cirurgias, traumas..)/neoplasias malignas/doenças hemolinfopoiéticas/afecções vasculares(IAM, hemorragias, trombose)/colagenases/doenças do SNC 
• Medicamentos
Resumo do Professor para as causas de febre:
Desintegração tissular: infecções, necrose, tumores, hemorragias e traumas);
Alterações metabólicas e endócrinas;
Instabilidade do centro termorreglador ou lesão física nele.
FEBRES INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
Doenças virais: Benignas, de curta duração e autolimitadas.
Exceção: AIDS, raiva (febre discreta e fatal) e hepatites B e C.
Doenças bacterianas: Benignas ou não, não são autolimitadas (passíveis de tratamento com antibióticos e quimioterápicos), quase sempre alta e contínua.
Exceção: cólera (sem febre), tétano (sem febre), difteria (febre baixa) e tuberculose (febre baixa).
Doenças por protozoários: a febre pode ser contínua (toxoplasmose), intermitente (malária), recorrente (Calazar)
Doenças por helmintos: Na filariose (período inicial – febre e linfangite). Helmintos com ciclo pulmonar (síndrome de Löefer: quando a larva passa pelo pulmão e o paciente apresenta febre, tosse, dispneia – pneumonia atípica). Ex.: Esquistossomose toxêmica (aguda)
 
FEBRES NÃO INFECCIOSAS
- Doenças endócrinas: Síndrome de Addisson, hipertireoidismo, diabetes descompensada
- Além de também, neoplasias de fígado, baço, pulmão e pâncreas, leucemia, colagenosas, alergias, necroses, hemorragias em traumas, febre medicamentosa, insolação, infarto, hemorragias digestivas e febre psicológica.

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