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Direito Tributário Aula 12

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Aula 12
Direito Tributário p/ Delegado Polícia Civil-PE (com videoaulas)
Professor: Fábio Dutra
Direito Tributário para Delegado ʹ PC - PE 
Curso de Teoria e Questões 
Prof. Fábio Dutra - Aula 12 
 
Prof. Fábio Dutra www.estrategiaconcursos.com.br Página 1 de 79 
AULA 12: Garantias e Privilégios do Crédito 
Tributário e Administração Tributária 
 
 
SUMÁRIO PÁGINA 
Observações sobre a aula 01 
Garantias e Privilégios do Crédito Tributário 02 
Administração Tributária 29 
Lista das Questões Comentadas em Aula 64 
Gabarito das Questões Comentadas em Aula 79 
 
Observações sobre a Aula 
 Olá, amigo(a), mais uma vez! 
 Hoje, vamos tratar das garantias e dos privilégios do crédito tributário e, 
PDLV�j�IUHQWH��HVWXGDUHPRV�R�WHPD�³$GPLQLVWUDomR�7ULEXWiULD´� 
 Vamos estudar várias questões do CESPE muito interessantes nesta 
aula! Fiquemos atentos ao modo como o assunto é abordado pela banca. 
Muitas vezes, basta conhecer a literalidade do CTN! 
 Abra o seu CTN e...vamos começar!!! 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Direito Tributário para Delegado ʹ PC - PE 
Curso de Teoria e Questões 
Prof. Fábio Dutra - Aula 12 
 
Prof. Fábio Dutra www.estrategiaconcursos.com.br Página 2 de 79 
1 ± GARANTIAS E PRIVILÉGIOS DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO 
 A partir do art. 183, o CTN cuida das garantias e dos privilégios relativos 
ao crédito tributário. Mas o que vem a ser garantia e privilégio, em se tratando 
de crédito tributário? 
 As garantias dizem respeito aos mecanismos criados pelo legislador 
para facilitar a cobrança do crédito tributário. Os privilégios ou 
preferências têm como objetivo conferir ao crédito tributário 
prioridade de pagamento em relação às demais dívida que o devedor possa 
ter. 
 De acordo com o ilustre professor Paulo de Barros Carvalho, 
 Por garantias devemos entender os meios jurídicos assecuratórios que 
 cercam o direito subjetivo do Estado de receber a prestação do tributo. E 
 por privilégios, a posição de superioridade de que desfruta o crédito 
 tULEXWiULR��FRP�UHODomR�DRV�GHPDLV������´� 
 (CARVALHO, Paulo de Barros. Curso de direito tributário. 25ª Edição. 
 2013. Pág. 511) 
 
Observação: Há créditos que preferem ao crédito tributário. Isso será visto 
em tópico específico desta aula. 
 
 
Garantias Æ facilitação da cobrança 
Privilégios Æ prioridade de pagamento em relação aos 
demais créditos 
1.1 ± Garantias do crédito tributário 
 O CTN previu, em seu art. 183, que as garantias do crédito tributário não 
são taxativas. Ou seja, leis ordinárias podem vir a prever expressamente 
outras garantias ao crédito tributário, conforme dispõe o dispositivo: 
Art. 183. A enumeração das garantias atribuídas neste Capítulo ao 
crédito tributário não exclui outras que sejam expressamente 
previstas em lei, em função da natureza ou das características do 
tributo a que se refiram. 
 
Para sua prova, guarde o seguinte: 
Taxativo = Exaustivo = Numerus Clausus 
Exemplificativo = Numeros Apertus 
Direito Tributário para Delegado ʹ PC - PE 
Curso de Teoria e Questões 
Prof. Fábio Dutra - Aula 12 
 
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 Assim, embora o CTN já tenha previsto algumas garantias ao crédito 
tributário, nada impede que outras leis venham prever outras. Isso pode 
ocorrer, em função das características de cada tributo. Há tributos cujas 
características intrínsecas oferecem maior risco de não recebimento ao ente 
tributante. 
 Sendo assim, cada ente federativo pode criar leis, com o objetivo 
de assegurar o recebimento do tributo devido pelo sujeito passivo. 
 Por exemplo, quando determinados bens entram em regime de admissão 
temporária (ingresso temporário de bens no território nacional, que retornarão 
ao país de origem) pode ser exigido do contribuinte uma garantia de que, se o 
bem não retornar ao país de origem, haverá o pagamento do imposto de 
importação. 
 Portanto, o importador pode ter que realizar depósito em dinheiro entre 
outras garantias previstas na legislação aduaneira, para garantir o pagamento 
do tributo. Trata-se, pois, de uma garantia prevista expressamente em lei 
para assegurar o recebimento do crédito tributário. 
Observação: 7RPH�FXLGDGR�FRP�D�SDODYUD�³H[SUHVVDPHQWH´� O examinador 
pode armar uma pegadinha, afirmando que outras garantias podem ser 
implicitamente previstas em lei, o que não é verdade. 
 Contudo, as garantias atribuídas ao crédito tributário não têm o 
condão de alterar a natureza do crédito tributário, muito menos da 
obrigação tributária a ele relativa. É isso o que dispõe o par. único do art. 
183, do CTN. 
 A título de exemplo, a União pode exigir o oferecimento de uma garantia 
real, como condição para fruição de determinado benefício fiscal. Assim, se o 
contribuinte agir em desacordo com a legislação que regula o benefício, pode-
lhe ser exigido os tributos devidos, que foram garantidos pela constituição de 
uma hipoteca. 
Observação: Garantias reais são aquelas que asseguram o cumprimento de 
uma obrigação, por meio de bens móveis e imóveis. No caso da hipoteca, 
trata-se de uma garantia real de bem imóvel. Ou seja, o devedor continua 
tendo a posse e propriedade do bem imóvel, mas, em caso de inadimplência, 
o credor pode executar a hipoteca do imóvel, como pagamento da dívida. 
 Pois bem, a hipoteca, por óbvio, não é um crédito tributário, mas sim um 
crédito hipotecário. Isso não significa que, se o crédito tributário tiver 
sido garantido por uma hipoteca se transformará em crédito 
hipotecário. O mesmo se pode dizer em relação à obrigação tributária 
correspondente. 
Direito Tributário para Delegado ʹ PC - PE 
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1.2 ± Universalidade da cobrança do crédito tributário 
 O art. 184 do CTN estabelece o seguinte: 
Art. 184. Sem prejuízo dos privilégios especiais sobre 
determinados bens, que sejam previstos em lei, responde pelo 
pagamento do crédito tributário a totalidade dos bens e das 
rendas, de qualquer origem ou natureza, do sujeito passivo, seu 
espólio ou sua massa falida, inclusive os gravados por ônus real 
ou cláusula de inalienabilidade ou impenhorabilidade, seja qual for 
a data da constituição do ônus ou da cláusula, excetuados unicamente 
os bens e rendas que a lei declare absolutamente impenhoráveis. 
 O dispositivo em análise teve por objetivo favorecer o Fisco, em 
relação aos bens e rendas suscetíveis de cobrança. Assim, respondem pelo 
pagamento do crédito tributário todos os bens e rendas do sujeito passivo, 
espólio ou massa falida. 
 Nessa linha, se o sujeito passivo possui um imóvel urbano, com dívidas 
de IPTU que superem o valor do respectivo imóvel (embora seja de difícil 
aplicação prática, serve-nos como exemplo), pode ter de cumprir a obrigação 
com outros bens que possua. Por isso é que se diz que a responsabilidade é 
pessoal, respondendo pela dívida a totalidade dos bens do devedor. 
 Portanto, ainda que os bens tenham sido gravados por ônus real 
(hipoteca, por exemplo) ou tenham sido declarados impenhoráveis ou 
inalienáveis, por ato de vontade do particular, respondem pelo crédito 
tributário. Ou seja, até mesmo aqueles bens que não podem ser objeto 
de cobrança de créditos de outra natureza, ficam submetidos à 
cobrança do crédito tributário. 
 A exceção diz respeito aos bens e rendas declarados pela lei como 
absolutamente impenhoráveis. Sendo assim, os bens voluntariamente 
declarados como impenhoráveis continuam sujeitos aocrédito tributário. Em 
outros termos, o que restringe o acesso do fisco aos é a disposição legal 
no sentido da absoluta impenhorabilidade. 
 4XDLV� VmR� HVVHV� EHQV� ³DEVROXWDPHQWH� LPSHQKRUiYHLV´"� (VWmR� SUHYLVWRV�
no art. 649 do Código de Processo Civil: 
Art. 649. São absolutamente impenhoráveis: 
I - os bens inalienáveis e os declarados, por ato voluntário, não sujeitos 
à execução; 
II - os móveis, pertences e utilidades domésticas que guarnecem a 
residência do executado, salvo os de elevado valor ou que ultrapassem 
as necessidades comuns correspondentes a um médio padrão de vida; 
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III - os vestuários, bem como os pertences de uso pessoal do executado, 
salvo se de elevado valor; 
IV - os vencimentos, subsídios, soldos, salários, remunerações, 
proventos de aposentadoria, pensões, pecúlios e montepios; as quantias 
recebidas por liberalidade de terceiro e destinadas ao sustento do 
devedor e sua família, os ganhos de trabalhador autônomo e os 
honorários de profissional liberal, observado o disposto no § 3o deste 
artigo; 
V - os livros, as máquinas, as ferramentas, os utensílios, os instrumentos 
ou outros bens móveis necessários ou úteis ao exercício de qualquer 
profissão; 
VI - o seguro de vida; 
VII - os materiais necessários para obras em andamento, salvo se essas 
forem penhoradas; 
VIII - a pequena propriedade rural, assim definida em lei, desde que 
trabalhada pela família; . 
IX - os recursos públicos recebidos por instituições privadas para 
aplicação compulsória em educação, saúde ou assistência social; 
X - até o limite de 40 (quarenta) salários mínimos, a quantia depositada 
em caderneta de poupança. 
XI - os recursos públicos do fundo partidário recebidos, nos termos da 
lei, por partido político. 
Observação: Você não precisa decorar tudo. Normalmente, as questões de 
Direito Tributário não se aprofundam nesse tema. Sendo assim, sabendo que, 
em regra, trata-se de recursos essenciais para sobrevivência ou 
exercício da profissão da pessoa, já é o suficiente. 
No que se refere ao art. 649, I, não há aplicação em relação ao crédito 
tributário, pois os bens assim declarados por ato voluntários estão sujeitos à 
cobrança pelo Fisco, já que o CTN assim o diz, sendo este norma específica, 
com status de lei complementar. 
 Cabe destacar que até mesmo o bem de família é penhorável para a 
cobrança de tributos, desde que relativos ao próprio bem imóvel 
familiar (Lei 8.009/1990, art. 3º, IV). 
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Bens e rendas absolutamente impenhoráveis por 
disposição legal Æ Não respondem pelo crédito 
tributário. 
Bens e rendas declarados impenhoráveis por ato 
voluntário Æ Respondem pelo crédito tributário. 
 Além dos bens e rendas declarados pela lei como absolutamente 
impenhoráveis, o art. 184, na sua parte inicial, afirma também que a lei pode 
determinar privilégios especiais sobre determinados bens. 
 Dessa forma, com o advento da LC 118/05, foi incluído o art. 186, par. 
único, I, o qual estabelece que o crédito tributário não prefere (não tem 
preferência) sobre os créditos com garantia real, nos processos de falência. 
Isso será entendido por completo, quando estudarmos os privilégios do crédito 
tributário. 
 Por hora, o que deve ser entendido é que, em processo de falência, os 
créditos gravados por garantia real gozam de prioridade em relação ao 
crédito tributário. 
 Portanto, por serem utilizados como meio de pagamento aos com 
prioridade, os imóveis hipotecados (garantia real), por exemplo, nem sempre 
respondem pelas dívidas tributárias, pois podem ser entregues aos 
respectivos credores, antes que se proceda ao pagamento do crédito 
tributário. 
 
 
 
 
 
1.3 ± Presunção de fraude à execução fiscal 
 Com o intuito de fornecer maior proteção e garantia ao crédito tributário, 
o legislador do CTN estabeleceu um momento a partir do qual se considera 
fraude à execução fiscal a alienação de bens pelo devedor, quando este não 
mantiver outros bens suficientes para a quitação da obrigação 
tributária. 
 
 
Não respondem 
pelo pagamento 
do crédito 
tributário 
Bens e rendas absolutamente 
impenhoráveis pela lei 
Bens gravados por garantia real, nos 
processos de falência 
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 Vejamos o que diz o art. 185 do CTN: 
Art. 185. Presume-se fraudulenta a alienação ou oneração de bens 
ou rendas, ou seu começo, por sujeito passivo em débito para 
com a Fazenda Pública, por crédito tributário regularmente 
inscrito como dívida ativa.(Redação dada pela Lcp nº 118, de 2005) 
Parágrafo único. O disposto neste artigo não se aplica na hipótese de 
terem sido reservados, pelo devedor, bens ou rendas suficientes 
ao total pagamento da dívida inscrita. (Redação dada pela Lcp nº 
118, de 2005) 
Observação: Para o ajuizamento de uma ação de execução fiscal, é 
necessário que o crédito tributário tenha sido inscrito em dívida ativa. Trata-
se de tema que ainda será estudado nesta aula. 
 Com base no que foi visto no art. 185, o momento estabelecido pelo 
legislador como marco para a presunção de fraude à execução é o da 
inscrição do crédito tributário em dívida ativa. A inscrição em dívida ativa 
ocorre quando não há pagamento do crédito tributário dentro do prazo de 
vencimento. Portanto, ocorre em momento posterior ao do lançamento e, 
consequentemente, do fato gerador. 
 Destaque-se que a presunção prevista no caput do art. 185 é 
puramente objetiva, ou seja, não se considera a intenção do devedor, 
mas unicamente a sua atuação no sentido de alienar seus bens sem deixar 
saldo suficiente para pagamento de crédito inscrito em dívida ativa. 
 Em decorrência do exposto, também não se admite prova em contrário 
pelo sujeito passivo. Ou seja, constatada a situação prevista em lei, há 
presunção absoluta de alienação fraudulenta. Assim entende a doutrina 
dominante. 
 
Entenda-se como momento de inscrição em dívida ativa 
aquele em que o sujeito passivo tiver sido 
comunicado formalmente a respeito da inscrição. 
 Sendo assim, podemos afirmar que antes da inscrição do crédito em 
dívida ativa, o devedor pode dispor de seus bens, sem que fique 
configurado qualquer ato lesivo ao Fisco. 
 Aliás, conforme mencionado acima, ainda que tenha alienado os bens 
após a inscrição em dívida ativa, se o devedor tiver reservado bens ou 
rendas suficientes ao total pagamento da dívida inscrita, não há que se 
falar em alienação fraudulenta (CTN, art. 185, par. único). 
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 Em síntese, pode-se dizer que, para que fique presumida a alienação 
fraudulenta, é necessário que ocorram cumulativamente as seguintes 
situações: 
x Crédito tributário inscrito em dívida ativa (após comunicação oficial); 
x Alienação de bens ou seu começo; 
x Não houver reserva de bens ou rendas para quitar o crédito inscrito. 
Observação: Tudo o que foi explicado neste tópico se aplica também à 
³oneração de bens´��2X�VHMD��TXDQGR�R�GHYHGRU�RIHUHFH�EHQV�FRPR�JDUDQWLD�de outro crédito (constitui uma hipoteca, por exemplo), após a inscrição do 
crédito tributário em dívida ativa, e não reserva bens e rendas suficientes 
para quitação do crédito inscrito, a oneração também é considerada 
fraudulenta! 
1.4 ± Penhora eletrônica ou online 
 No tópico anterior, nós havíamos falado da alienação fraudulenta, que é 
aquela realizada após a inscrição do crédito em dívida ativa. Veja que para ser 
considerada fraudulenta não é necessário que o devedor já tenha sido 
executado, bastando a inscrição em dívida ativa. Correto? 
 A penhora online ocorre somente no curso da ação de execução 
fiscal. Apenas para se ter uma noção básica, admitida a ação de execução 
fiscal proposta pela Fazenda Pública, o devedor é citado (comunicado) para 
pagar a dívida tributária ou nomear bens à penhora. 
 Contudo, se o devedor não pagar nem apresentar bens à penhora e 
também não forem encontrados bens penhoráveis, fica o devedor sujeito ao 
disposto no caput do art. 185-A, do CTN, cuja redação é a seguinte: 
Art. 185-A. Na hipótese de o devedor tributário, devidamente citado, 
não pagar nem apresentar bens à penhora no prazo legal e não 
forem encontrados bens penhoráveis, o juiz determinará a 
indisponibilidade de seus bens e direitos, comunicando a decisão, 
preferencialmente por meio eletrônico, aos órgãos e entidades 
que promovem registros de transferência de bens, especialmente 
ao registro público de imóveis e às autoridades supervisoras do 
mercado bancário e do mercado de capitais, a fim de que, no 
âmbito de suas atribuições, façam cumprir a ordem judicial. (Incluído 
pela Lcp nº 118, de 2005) 
 
Requisitos para ocorrer penhora online: 
x Não pagou; 
x Não apresentou bens à penhora no prazo legal; 
x Não foram encontrados bens penhoráveis. 
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 Sendo assim, o juiz determinará a indisponibilidade dos bens e direitos 
do sujeito passivo, sendo comunicados os órgãos que promovem registros de 
transferência de bens (como os departamentos de trânsito, por exemplo), 
especialmente o registro público de imóveis (cartório de registro de imóveis), e 
também o Banco Central e a CVM, que são as autoridades supervisoras do 
mercado bancário e de capitais, respectivamente. 
Observação: Com a indisponibilidade dos bens, estes ficam bloqueados 
(penhorados), à disposição do juízo. 
 Após o cumprimento da ordem judicial, os órgãos e entidades aos quais 
se fizer a comunicação enviarão imediatamente ao juiz a relação discriminada 
dos bens e direitos cuja indisponibilidade houverem promovido (CTN, art. 185-
A, § 1º). 
 Com base nas informações apresentadas, o juiz determinará o 
imediato levantamento da indisponibilidade dos bens ou valores que 
excederem o valor da dívida (CTN, art. 185-A, § 2º). 
 Repare que este tópico é bem tranquilo, referindo-se à possibilidade de o 
juiz determinar a indisponibilidade dos bens eletronicamente, comunicando a 
ordem aos órgãos responsáveis. Obviamente, o valor que exceder a dívida 
tributária, deve ser imediatamente liberado. Veja, ainda, que o instituto só 
foi previsto no CTN, com a edição da LC 118/05, ou seja, é recente, se 
comparado com o ano da publicação do CTN (1966). 
1.5 ± Prova de quitação dos tributos 
 O legislador determinou que, para a prática de certos atos jurídicos, é 
necessário haver a prova de quitação dos tributos. Isso é feito por meio da 
certidão negativa, tema a ser visto adiante, mas que, por hora, é bom saber 
que se trata de documento capaz de comprovar a inexistência de 
débitos em nome do sujeito passivo. 
 A prova de quitação dos tributos não deixa de ser uma garantia 
do crédito tributário, tendo em vista que se impõe o pagamento dos tributos 
como condição para os atos que serão descritos a seguir. 
 
Parte da doutrina considera que, ao exigir a prova de 
quitação dos tributos, concede-se ao crédito tributário 
um sistema adicional de garantias. 
 Em primeiro lugar, o art. 191 do CTN determinou que para se obter a 
declaração judicial da extinção das obrigações do falido, ao final do processo 
de falência, deve ser comprovada a quitação de todos os tributos devidos. 
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 Além disso, de acordo com o art. 191-A, a concessão da recuperação 
judicial também está condicionada à comprovação da quitação de todos os 
tributos, observados os arts. 151, 205 e 206 do CTN. 
 O art. 151, como já estudamos, refere-se à suspensão da exigibilidade 
do crédito tributário. Estudaremos mais à frente que, quando um crédito 
tributário está com sua exigibilidade suspensa, é possível a emissão da 
certidão positiva com efeitos de negativa (art. 206). Ou seja, embora 
exista a dívida, os efeitos da certidão positiva são os mesmos da certidão 
negativa, podendo ser utilizada para a concessão da recuperação judicial. 
 Já o art. 192 do CTN, ao tratar dos processos de inventário ou 
arrolamento, estabelece que nenhuma sentença de partilha (vários 
herdeiros) ou adjudicação (único herdeiro) será proferida sem prova da 
quitação de todos os tributos relativos aos bens do espólio, ou às suas 
rendas. 
 Por último, o art. 193 do CTN proíbe que os departamentos da 
administração pública da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos 
Municípios, ou suas autarquias, celebrem contrato ou aceitem proposta em 
licitação pública, sem que o contratante ou proponente faça prova de quitação 
de todos os tributos devidos à Fazenda Pública interessada, relativos à 
atividade em cujo exercício contrata ou concorre. 
 O que se pode interpretar da redação do dispositivo? Ora, o contratante 
ou proponente só precisa demonstrar quitação dos tributos relativos ao ente 
federativo com o qual está celebrando o contrato, bem como em relação às 
atividades em cujo exercício contrata ou concorre. Vamos ver um exemplo? 
 Se determinada pessoa deseja celebrar um contrato de prestação de 
serviços de guincho com o Município de São Paulo, deve comprovar apenas a 
quitação de ISS, relativo ao Município de São Paulo. Não precisa, portanto, 
comprovar pagamento de IPTU (pois não se relaciona com a prestação do 
serviço), nem do IPVA do caminhão que será utilizado para prestar o serviço 
(por se tratar de tributo de competência de outro ente). 
Observação: Esse raciocínio é o que deve ser levado para a prova de Direito 
Tributário. Contudo, devemos deixar claro que a Lei de Licitações e Contratos 
(Lei 8.666/1993) traz regras mais rigorosas sobre o tema em seu art. 29. 
 
 
Em TODOS os casos apresentados, deve haver 
comprovação da quitação de TODOS os tributos devidos. 
Cuidado com questões que afirmam a necessidade de se 
comprovar apenas a quitação dos tributos relativos à 
atividade mercantil do falido. Está errado!!! 
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 Em suma, são as seguintes situações que exigem do sujeito passivo a 
apresentação de certidão negativa, comprovando a quitação de todos os 
tributos: 
x Declaração judicial da extinção das obrigações do devedor falido (CTN, art. 
191); 
x Concessão de recuperação judicial (CTN, art. 191-A); 
x Prolação de sentença judicial de partilha ou adjudicação (CTN, art. 192); 
x Participação em contrato ou licitação da Administração Pública (CTN, art. 
193); 
1.6± Os privilégios ou preferências do crédito tributário 
 Os privilégios ou preferências dos créditos se aplicam diante da 
pluralidade de credores, como nos processos de falência, recuperação judicial 
ou inventário, por exemplo. O objetivo é estabelecer uma relação hierárquica 
entre as classes de créditos que serão pagas em primeiro lugar, em segundo e 
assim sucessivamente. 
Observação: Somente se passa para a segunda classe de créditos após se 
esgotarem aqueles créditos que pertencem à primeira classe, conforme 
estabelecido pela lei. 
 No que se refere aos privilégios do crédito tributário, o caput art. 186 do 
CTN estabelece o seguinte: 
Art. 186. O crédito tributário prefere a qualquer outro, seja qual 
for sua natureza ou o tempo de sua constituição, ressalvados os 
créditos decorrentes da legislação do trabalho ou do acidente de 
trabalho. (Redação dada pela Lcp nº 118, de 2005) 
 Veja, então, que o crédito tributário tem preferência quase que absoluta 
sobre os demais, não prevalecendo apenas sobre os créditos 
decorrentes da legislação do trabalho e de acidente de trabalho. 
 Nesse sentido, primeiramente são pagos os créditos trabalhistas e 
acidentários. Logo em seguida, procede-se ao pagamento dos créditos 
tributários. Posteriormente, se ainda houver saldo remanescente, as demais 
classes legais são pagas. 
 Deve-se ter em mente que o caput art. 186 se refere aos privilégios do 
crédito tributário nos processos em geral. No parágrafo único, o legislador 
estipulou regras especiais para o crédito tributário nos processos de 
falência. Vamos ver quais são elas? 
 
 
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1.6.1 ± Regras relativas aos processos de falência 
 De início, faz-se necessário transcrever as palavras do par. único do art. 
186, do CTN: 
Art. 186 - (...): 
Parágrafo único. Na falência: (Incluído pela Lcp nº 118, de 2005) 
I ± o crédito tributário não prefere aos créditos extraconcursais ou às 
importâncias passíveis de restituição, nos termos da lei falimentar, 
nem aos créditos com garantia real, no limite do valor do bem gravado; 
(Incluído pela Lcp nº 118, de 2005) 
II ± a lei poderá estabelecer limites e condições para a preferência dos 
créditos decorrentes da legislação do trabalho; e (Incluído pela Lcp nº 
118, de 2005) 
III ± a multa tributária prefere apenas aos créditos subordinados. 
(Incluído pela Lcp nº 118, de 2005) 
 Em primeiro lugar, saiba que, mesmo nos processos de falência, os 
créditos trabalhistas e acidentários precedem ao crédito tributário. 
 Além dessa prioridade, outras foram incluídas pelo par. único do art. 
186. Assim, pode-se dizer que o crédito tributário perdeu espaço na 
preferência entre os demais, nos processos de falência. Ou seja, além 
da preferência dos créditos trabalhistas e acidentários, precedem ao 
crédito tributário os créditos extraconcursais, as importâncias passíveis 
de restituição e os créditos com garantia real (penhor, hipoteca). 
 
Quando não se tratar de processo de falência, os 
créditos com garantia real não possuem prioridade 
sobre o crédito tributário. 
 Os créditos extraconcursais são aqueles cujos fatos geradores 
ocorrem após a decretação da falência, como fruto da administração da 
massa falida. Podem ser de várias espécies, inclusive tributária (quando 
os fatos geradores ocorrerem após a decretação falência), ou trabalhista 
(quando os serviços tiverem sido prestados após a decretação da falência). 
 Nesse contexto, vejamos a redação do art. 188 do CTN: 
Art. 188. São extraconcursais os créditos tributários decorrentes de fatos 
geradores ocorridos no curso do processo de falência. (Redação dada 
pela Lcp nº 118, de 2005) 
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 Portanto, podemos dizer que os créditos tributários extraconcursais 
preferem aos créditos tributários não extraconcursais, cujos fatos 
geradores tenham ocorrido antes da falência. Recomendo a leitura do art. 84 
da Lei 11.101/2005 (Lei de Falências). 
 No que concerne às importâncias passíveis de restituição, são 
aqueles bens ou valores que pertencem a terceiros, e que na data da 
decretação da falência estavam em poder do devedor falido. 
 É também passível de restituição os bens vendidos a crédito e entregues 
ao devedor nos 15 (quinze) dias anteriores ao requerimento de sua falência, se 
ainda não alienada. O objetivo dessa prioridade é proteger aqueles que, de 
boa-fé, vendem a prazo aos devedores, desconhecendo a crítica situação 
financeira destes. 
 Nessa mesma linha, o STJ considerou como importância passível de 
restituição os valores adiantados pelos clientes da empresa falida para 
realização de contrato de câmbio: 
Súmula STJ 307 - A restituição de adiantamento de contrato de câmbio, na 
falência, deve ser atendida antes de qualquer crédito. 
 Relativamente aos créditos com garantia real, há que se destacar 
que preferem ao crédito tributário, até o limite de valor do bem gravado 
com garantia real���2�³YDORU�GR�EHP´�p�DTXHOH�HIHWLYDPHQWH�DUUHFDGDGR�FRP�
a sua venda. 
 Lembre-se de que a oneração de bens (garantia real, por exemplo) após 
a inscrição do crédito tributário, desde que não tenham sido reservados bens 
suficientes para a quitação do crédito inscrito, é considerada fraudulenta (CTN, 
art. 185), não gozando da preferência estabelecida no CTN. 
 Outro aspecto a ser destacado é o art. 186, II, do CTN, o qual afirma que 
a lei poderá estabelecer limites e condições para a preferência dos 
créditos decorrentes da legislação do trabalho. Foi nesse rumo que a Lei 
11.101/2005 estipulou como limite o valor de 150 salários-mínimos por 
credor. Destaque-se que esse limite não se aplica aos créditos 
decorrentes de acidentes de trabalho. 
 Ademais, prescreve o art. 186, III, do CTN, que, na falência, a multa 
tributária não tem a mesma preferência do crédito tributário, 
preferindo apenas aos créditos subordinados. O objetivo é que, se as 
multas tivessem maior prioridade, muitos credores deixariam de receber seus 
créditos, havendo verdadeira punição aos credores, pela infração cometida 
pelos devedores (afinal, quem fez surgir a penalidade foram estes). 
 
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 Vamos resumir a classificação dos créditos na falência: 
ORDEM CRÉDITOS OBSERVAÇÕES 
1º Importâncias Passíveis de Restituição Adiant. de contrato de câmbio 
2º Créditos Extraconcursais Podem ser tributários ou não 
3º Créditos derivados da legislação do trabalho e decorrentes de acidente de trabalho 
Limite p/ créd. Leg. 
Trab.: 150 salários-
mínimos 
4º Créditos com garantia real Até o limite do bem gravado 
5º Créditos tributários, seja qual for sua natureza ou tempo de constituição 
As multas não se 
incluem nessa 
classe 
6º Créditos com privilégio especial - 
7º Créditos com privilégio geral - 
8º Créditos quirografários - 
9º 
Multas contratuais, penas pecuniárias por 
infração penal ou administrativa, inclusive as 
multas tributárias 
- 
10º Créditos subordinados - 
 
Observação: Para as provas de Direito Tributário, não é necessário estudar 
as características de cada classe. O tema é detalhadamente estudado no 
Direito Empresarial. 
DICA DE PROVA: Se a questão cobrar privilégios do créditotributário, a 
SULPHLUD�DWLWXGH�D�VHU�WRPDGD�p�YHULILFDU�VH�D�TXHVWmR�PHQFLRQD�³SURFesso de 
IDOrQFLD´�� VLWXDomR� HP� TXH� YRFr� GHYHUi� XWLOL]DU� DV� UHJUDV� HVSHFtILFDV� GR� SDU��
único, do art. 186, do CTN. Caso contrário, utilize o que foi estabelecido no 
caput do referido artigo. 
1.6.3 ± Autonomia da execução fiscal 
 Este tópico, na realidade, trata especificamente de processo tributário, 
ou seja, a maneira como deve ser feita a cobrança do crédito tributário. 
 Quando se instaura processo de cobrança coletiva, como na falência, 
concordata ou inventário, os credores devem se habilitar no respectivo juízo 
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para receberem seus créditos. Não é possível, portanto, ajuizar ação 
individual em tais casos. Essa é a regra para todos, com exceção do 
Fisco. 
 Veja o que diz o caput do art. 187, do CTN: 
Art. 187. A cobrança judicial do crédito tributário não é sujeita a 
concurso de credores ou habilitação em falência, recuperação judicial, 
concordata, inventário ou arrolamento. (Redação dada pela Lcp nº 118, 
de 2005) 
 Portanto, a execução fiscal não é obrigatoriamente habilitada no 
juízo universal (onde estão os demais credores). No entanto, nada impede 
que a cobrança do crédito tributário seja feita juntamente aos demais 
credores. 
 
A ação de execução fiscal não está sujeita ao 
concurso de credores. 
 Neste ponto, pode suscitar algumas dúvidas, como a seguinte: se o 
crédito tributário não possui prioridade absoluta (sobre todos os demais), será 
respeitada a preferência dos demais créditos (como os trabalhistas, por 
exemplo), se a ação é ajuizada individualmente? 
 Sim, será! Se houver, por exemplo, penhora de bem na ação de 
execução fiscal, o montante arrecadado com a alienação do referido bem deve 
ser remetido ao juízo falimentar (onde estão os demais credores), para que 
seja distribuído conforme a ordem. 
 Destaque-se que, na hipótese da cobrança do crédito tributário ser feita 
no juízo universal, se houver contestação do devedor acerca da legitimidade do 
crédito tributário, não compete ao juiz da falência decidir sobre o 
assunto. Neste caso, a controvérsia deverá ser remetida ao juízo 
competente: 
Art. 188 - (...): 
§ 1º Contestado o crédito tributário, o juiz remeterá as partes ao 
processo competente, mandando reservar bens suficientes à extinção 
total do crédito e seus acrescidos, se a massa não puder efetuar a 
garantia da instância por outra forma, ouvido, quanto à natureza e valor 
dos bens reservados, o representante da Fazenda Pública interessada. 
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 Por fim, destaque-se que as mesmas regras previstas no art. 188 são 
aplicáveis aos processos de concordada, conforme preceitua o § 2º, do art. 
188, do CTN. Embora não tenha aplicação prática, o dispositivo deve estar 
sempre na memória dos candidatos que se preparam para provas de 
Direito Tributário. 
1.6.4 ± O crédito tributário nos processos de inventário e arrolamento 
e na liquidação judicial ou voluntária 
 No que se refere aos processos de inventário ou arrolamento, o art. 189 
do CTN estabelece o seguinte: 
Art. 189. São pagos preferencialmente a quaisquer créditos habilitados 
em inventário ou arrolamento, ou a outros encargos do monte, os 
créditos tributários vencidos ou vincendos, a cargo do de cujus ou de seu 
espólio, exigíveis no decurso do processo de inventário ou arrolamento. 
 Dessa forma, os créditos tributários exigíveis no decurso do 
processo de inventário ou arrolamento são pagos preferencialmente a 
qualquer encargo do monte. 
Observação: Encargo do monte são as dívidas deixadas pelo de cujus. 
 Da mesma forma como ocorre no juízo falimentar, no processo de 
inventário ou arrolamento, se for contestado o crédito tributário, o juiz 
deve remeter as partes ao processo competente, adotando os mesmos 
procedimentos previstos no § 1º do art. 188 (CTN, art. 189, par. único). 
 Semelhantemente, nos processos de liquidação judicial ou voluntária, os 
créditos tributários vencidos ou vincendos são pagos 
preferencialmente a quaisquer outros créditos. Vejamos o que diz o art. 
190 do CTN: 
Art. 190. São pagos preferencialmente a quaisquer outros os créditos 
tributários vencidos ou vincendos, a cargo de pessoas jurídicas de direito 
privado em liquidação judicial ou voluntária, exigíveis no decurso da 
liquidação. 
Observação: A liquidação consiste no levantamento do patrimônio da 
sociedade, realizando (venda) o ativo, e pagando o passivo. Trata-se de 
procedimento com a finalidade de extinguir a sociedade, após decisão 
societária. 
DICA DE PROVA: Se a questão cobrar privilégios ou preferências do crédito 
tributário, em processo de inventário ou arrolamento, ou mesmo em processo 
de liquidação, lembre-se que o crédito tributário prefere a quaisquer 
outros. 
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1.6.5 ± Concurso de preferência entre as Fazendas Públicas 
 Vimos que o crédito tributário não se sujeite ao concurso de credores, ou 
seja, é possível que a ação de execução fiscal tramite individualmente. 
Contudo, o CTN prevê o concurso de preferência entre as pessoas jurídicas de 
direito público, quando mais de uma for credora: 
Art. 187 - (...): 
Parágrafo único. O concurso de preferência somente se verifica 
entre pessoas jurídicas de direito público, na seguinte ordem: 
I - União; 
II - Estados, Distrito Federal e Territórios, conjuntamente e pró rata; 
III - Municípios, conjuntamente e pró rata. 
 Isso significa que, ao realizar o pagamento dos créditos, segue-se a 
ordem que aprendemos, partindo-se da primeira classe, em direção às demais, 
assim que for esgotado o crédito daquela. 
 Ao chegar a vez do crédito tributário, deve-se analisar o concurso de 
preferência entre as pessoas jurídicas de direito público. Primeiramente, 
procede-se ao pagamento dos créditos da União. Somente são pagos os 
créditos tributários dos Estados e DF, se for possível quitar todos os de 
competência da União. O mesmo raciocínio se aplica aos créditos tributários 
dos Municípios. 
 Se, porventura, o montante a ser distribuído não for suficiente para 
quitar os créditos dos vários Estados interessados (ou Municípios), deve-se 
fazer o rateio proporcionalmente ao valor total dos créditos de cada 
ente federativo. 
 Vamos exemplificar? 
 Imagine que em um processo de falência todos os credores com 
preferência sobre o crédito tributário já tenham sido pagos, cabendo ao Fisco o 
recebimento de seus créditos de natureza tributária. 
 O montante a ser distribuído é de R$ 200.000,00. 
 O valor dos créditos tributários de cada ente federativo são os seguintes: 
x União: R$ 100.000,00 
x Estado de Minas Gerais: R$ 400.000,00 
x Estado de São Paulo: R$ 600.000,00 
x Município de Belo Horizonte: R$ 100,000,00 
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 Fazendo os cálculos, conforme explicado acima: 
ENTE FEDERATIVO CRÉDITO TRIBUT. VALOR PAGO PROPORÇÃO 
União R$ 100.000,00 R$ 100.000,00 - 
Minas Gerais R$ 400.000,00 R$ 40.000,0040% 
São Paulo R$ 600.000,00 R$ 60.000,00 60% 
Belo Horizonte R$ 100,000,00 - - 
 Veja que a União recebeu os seus créditos tributários integralmente, o 
que não ocorreu com os Estados, pois o valor dos créditos superou o montante 
a ser distribuído. Sendo assim, foi feito rateio proporcionalmente ao valor total 
de cada Estado, quando comparado à soma total dos créditos tributários 
estaduais. 
 Com relação ao Município de Belo Horizonte, nada foi pago, já que o 
montante se esgotou. O mesmo se poderia dizer em relação aos demais 
créditos que deveriam ser pagos após o crédito tributário, como os créditos 
com privilégio especial, por exemplo. 
 Cumpre destacar, para finalizar o assunto, que a Lei 6.830/1980 
equiparou aos entes federados suas respectivas autarquias, conforme se 
demonstra na redação do art. 29: 
Art. 29 - A cobrança judicial da Dívida Ativa da Fazenda Pública não é 
sujeita a concurso de credores ou habilitação em falência, concordata, 
liquidação, inventário ou arrolamento 
Parágrafo Único - O concurso de preferência somente se verifica entre 
pessoas jurídicas de direito público, na seguinte ordem: 
I - União e suas autarquias; 
II - Estados, Distrito Federal e Territórios e suas autarquias, 
conjuntamente e pro rata; 
III - Municípios e suas autarquias, conjuntamente e pro rata. 
 Observe que, no inciso I, não se fala em rateio. O que isso significa? Em 
todos os casos em que houver créditos do ente e da respectiva autarquia, 
primeiramente se procede ao pagamento do ente federativo, para 
posteriormente realizar o pagamento da autarquia. 
 
 
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Questão 01 ± CESPE/ANATEL-Especialista em Regulação/2014 
 
Suponha que Franco, após ter recebido notificação de lançamento para 
pagamento voluntário, antes da inscrição do débito em dívida ativa, tenha 
alienado, pela metade do valor de mercado, barco de sua propriedade a 
Alemão. Nesse caso, está configurada fraude à execução fiscal. 
 
Comentário: De acordo com o art. 185, caput, do CTN, presume-se 
fraudulenta a alienação ou oneração de bens ou rendas, ou seu começo, por 
sujeito passivo em débito para com a Fazenda Pública, por crédito tributário 
regularmente inscrito como dívida ativa. Como o crédito ainda não havia sido 
inscrito em dívida ativa, não há que se falar em fraude à execução fiscal. 
Questão errada. 
 
Questão 02 ± CESPE/ANATEL-Especialista em Regulação/2014 
 
O crédito trabalhista prefere ao crédito tributário quando aquele for inferior a 
duzentos e cinquenta salários mínimos. 
Comentário: De acordo com o CTN, na falência, a lei poderá estabelecer 
limites e condições para a preferência dos créditos decorrentes da legislação 
do trabalho. Com base nisso, a Lei 11.101/2005 estipulou como limite o valor 
de 150 salários-mínimos por credor. Questão errada. 
Questão 03 ± CESPE/ANATEL-Especialista em Regulação/2014 
 
Para a extinção das obrigações do falido e a concessão de recuperação judicial, 
exige-se prévia quitação dos tributos devidos, sendo possível, nesse último 
caso, a concessão da recuperação se o devedor obtiver a suspensão da 
exigibilidade do crédito devido. 
Comentário: De acordo com o art. 191-A, do CTN, a concessão de 
recuperação judicial depende da apresentação da prova de quitação de todos 
os tributos. Vale lembrar que, quando um crédito tributário está com sua 
exigibilidade suspensa, é possível a emissão da certidão positiva com efeitos 
de negativa (CTN, art. 206). Ou seja, embora exista a dívida, os efeitos da 
certidão positiva são os mesmos da certidão negativa, podendo ser utilizada 
para a concessão da recuperação judicial. Questão correta. 
 
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Questão 04 ± CESPE/JUIZ-TJ-PB/2011 
 
O bem de família, instituído por lei, pode ser penhorado em execução fiscal, 
independentemente da natureza do tributo cobrado em juízo. 
 
Comentário: O bem de família somente pode ser penhorado em execução 
fiscal, se os tributos objetos de cobrança forem relativos ao bem imóvel. 
Portanto, a questão está errada. 
 
Questão 05 ± CESPE/JUIZ-TJ-PB/2011 
 
A fraude à execução fiscal ocorre com a alienação de bens pelo sujeito passivo 
em débito tributário para com a fazenda pública, após a regular inscrição do 
crédito tributário na dívida ativa, tornando-o insolvente. 
 
Comentário: De acordo com o caput do art. 185, do CTN, presume-se 
fraudulenta a alienação ou oneração de bens ou rendas, ou seu começo, por 
sujeito passivo em débito para com a Fazenda Pública, por crédito tributário 
regularmente inscrito como dívida ativa. Questão correta. 
 
Questão 06 ± CESPE/JUIZ-TJ-PB/2011 
 
Os créditos tributários gozam de preferência em relação a quaisquer outros, 
incluindo-se os decorrentes da legislação trabalhista. 
 
Comentário: Os créditos tributários não preferem aos decorrentes da 
legislação trabalhista. Questão errada. 
 
Questão 07 ± CESPE/JUIZ-TJ-PB/2011 
 
O concurso de preferência para recebimento do crédito tributário entre as 
pessoas jurídicas de direito público obedece à seguinte ordem: municípios, 
estados e DF e, por fim, a União. 
 
Comentário: O concurso de preferência entre as pessoas jurídicas de direito 
público segue a seguinte ordem (CTN, art. 187, par. único): União; Estados, 
Distrito Federal e Territórios, conjuntamente e pró rata;e Municípios, 
conjuntamente e pró rata. Questão errada. 
 
Questão 08 ± CESPE/JUIZ-TJ-PB/2011 
 
Respondem pelo pagamento do crédito tributário todos os bens, presentes e 
futuros, do sujeito passivo, salvo os gravados por ônus real ou cláusula de 
inalienabilidade ou impenhorabilidade. 
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Comentário: De acordo com o art. 184 do CTN, responde pelo pagamento do 
crédito tributário a totalidade dos bens e das rendas, de qualquer origem ou 
natureza, do sujeito passivo, seu espólio ou sua massa falida, inclusive os 
gravados por ônus real ou cláusula de inalienabilidade ou impenhorabilidade. 
Questão errada. 
 
Questão 09 ± CESPE/JUIZ-TJ-PI/2012 
 
As garantias atribuídas ao crédito tributário estão previstas no CTN, não se 
admitindo outras oriundas de outras fontes legislativas, ainda que de maneira 
subsidiária. 
 
Comentário: De fato, a enumeração das garantias atribuídas ao crédito 
tributário pelo CTN não é exaustiva. No entanto, de acordo com o caput do art. 
183 do CTN, somente previsão expressa em lei pode atribuir outras garantias 
ao crédito tributário. Questão errada. 
 
Questão 10 ± CESPE/AFTM-Vitória/2007 
 
Lúcia, visando esquivar-se do pagamento de tributo federal, gravou com 
cláusula de impenhorabilidade seu apartamento. Nessa situação, promovida a 
execução fiscal, o apartamento de Lúcia não poderá ser penhorado. 
 
Comentário: De acordo com o CTN, os bens impenhoráveis por ato voluntário, 
como aqueles gravados por ônus real, respondem pelo pagamento do crédito 
tributário. Dessa forma, Lúcia terá seu apartamento penhorado em favor do 
Fisco. Questão errada. 
 
Questão 11 ± FGV/Advogado- Senado Federal/2008 
 
As garantias do crédito tributário não estão sujeitas ao princípio da reserva 
legal. 
 
Comentário: As garantias atribuídas ao crédito tributário podem estar 
previstas tanto no CTN como em outrasleis, conforme determina o art. 183, 
caput, do próprio CTN. Sujeitam-se, pois, ao princípio da reserva legal. 
Questão errada. 
 
Questão 12 ± FGV/Fiscal de Rendas-RJ/2009 
 
O artigo 195 do CTN reza que ³SDUD�RV�HIHLWRV�GD�OHJLVODomR�WULEXWiULD��QmR�WrP�
aplicação quaisquer disposições legais excludentes ou limitativas do direito de 
examinar mercadorias, livros, arquivos, documentos, papéis e efeitos 
comerciais ou fiscais, dos comerciantes industriais ou produtores, ou da 
obrigação destes de exibi-ORV´�� &RP� EDVH� QHVVH� GLVSRVLWLYR�� R� 6XSUHPR�
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Tribunal Federal editou súmula de modo a consolidar o entendimento de que 
se sujeitam à fiscalização tributária ou previdenciária quaisquer livros 
comerciais, ilimitadamente, independentemente dos pontos objeto da 
investigação. 
 
Comentário: A transcrição do art. 195 do CTN está fiel ao texto da norma. O 
erro está em dizer que a Súmula do STF ampliou os poderes da fiscalização 
tributária, quando, na verdade, a redação da Súmula 439 do STF estabeleceu 
TXH�³Hstão sujeitos a fiscalização tributária ou previdenciária quaisquer livros 
FRPHUFLDLV�� OLPLWDGR�R�H[DPH�DRV�SRQWRV�REMHWR�GD� LQYHVWLJDomR´��3RUWDQWR��D�
questão está errada. 
 
Questão 13 ± FGV/Fiscal de Rendas-RJ/2010 
 
Analise as afirmativas a seguir. 
I. A cobrança judicial do crédito tributário fica sujeita a concurso de credores 
ou habilitação em falência, recuperação judicial, concordata, inventário ou 
arrolamento. 
II. São pagos preferencialmente a quaisquer créditos habilitados em inventário 
ou arrolamento, ou a outros encargos do monte, os créditos tributários 
vencidos ou vincendos, a cargo do de cujus ou de seu espólio, exigíveis no 
decurso do processo de inventário ou arrolamento. 
III. A concessão de recuperação judicial depende da apresentação da prova de 
quitação de todos os tributos, sem qualquer exceção. 
Assinale: 
(A) se somente as afirmativas I e II estiverem corretas. 
(B) se somente as afirmativas II e III estiverem corretas. 
(C) se somente a afirmativa I estiver correta. 
(D) se somente a afirmativa II estiver correta. 
(E) se somente a afirmativa III estiver correta. 
 
Comentário: 
 
Item I: Na realidade, o caput do art. 187, do CTN, previu que a cobrança 
judicial do crédito tributário não é sujeita a concurso de credores ou habilitação 
em falência, recuperação judicial, concordata, inventário ou arrolamento. 
Portanto, este item está errado. 
 
Item II: Novamente, a banca FGV exige a literalidade do CTN, desta vez do 
seu art. 190, a saber: são pagos preferencialmente a quaisquer outros os 
créditos tributários vencidos ou vincendos, a cargo de pessoas jurídicas de 
direito privado em liquidação judicial ou voluntária, exigíveis no decurso da 
liquidação. Item correto. 
 
Item III: Não se trata de regra sem exceção, pois o art. 191-A previu a 
possibilidade de apresentação da certidão positiva com efeito de negativa, 
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relativa aos tributos que estejam com sua exigibilidade suspensa, nos termos 
do art. 151, do CTN. Item errado. 
 
Gabarito: Letra D 
 
Questão 14 ± FGV/AFRE- RJ/2011 
 
Carlos, proprietário de apartamento em zona urbana de grande município, 
furtou-se ao pagamento do IPTU nos anos de 2008 e 2009. A secretaria 
municipal de fazenda efetuou o lançamento e notificou-o do crédito em aberto 
em 2010. Nessa situação fictícia, é correto afirmar que 
a) Caso o apartamento de Carlos seja registrado como bem de família, a 
impenhorabilidade é oponível nos casos de execução fiscal. Assim, o fisco deve 
dirigir a execução a qualquer outro bem do patrimônio disponível de Carlos. 
b) No momento da notificação oficial até a sentença final em sede de execução 
fiscal, Carlos pode alienar o apartamento em questão, uma vez que a fraude 
contra a fazenda somente se configura se a alienação ocorrer após o trânsito 
em julgado da sentença de execução. 
c) Na hipótese de Carlos vender o seu apartamento antes do lançamento, o 
adquirente de boa-fé jamais responderia perante o fisco pelas eventuais 
dívidas do apartamento antes da sua aquisição. 
d) Caso Carlos possuísse dívidas de natureza civil, ainda que constituídas antes 
da notificação do crédito em aberto em virtude do não pagamento do IPTU, o 
crédito tributário, mesmo assim, teria preferência sobre aquelas. 
e) A notificação seria inócua, uma vez que haveria ocorrido a prescrição. 
 
Comentário: 
 
Alternativa A: Como vimos durante a aula, até o bem de família é penhorável 
para a cobrança de tributos, isto é, é inoponível à execução fiscal. Alternativa 
errada. 
 
Alternativa B: A fraude presume-se fraudulenta a partir do momento em que 
há a inscrição em dívida ativa do crédito tributário. Portanto, a alternativa está 
errada. 
 
Alternativa C: Apenas não há responsabilidade para o sucessor, adquirente 
do bem imóvel, caso conste do título a prova da quitação dos tributos 
incidentes sobre o imóvel. No caso, o adquirente responderia pelos fatos 
geradores já ocorridos, ainda que não tenham sido objeto de lançamento. 
Alternativa errada. 
 
Alternativa D: As dívidas de natureza civil não preferem ao crédito tributário. 
Portanto, haveria sim a prioridade do crédito tributário. Alternativa correta. 
 
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Alternativa E: Não há que se falar em prescrição nem mesmo em decadência 
(prazo para constituição do crédito tributário), pois não decorreu o prazo 
definido no CTN. Alternativa errada. 
 
Gabarito: Letra D 
 
Questão 15 ± FGV/Juiz-PA/2008 
 
São extraconcursais os créditos tributários decorrentes de fatos geradores 
ocorridos no curso do processo de falência. 
 
Comentário: Os créditos extraconcursais são aqueles cujos fatos geradores 
ocorrem após a decretação da falência, como fruto da administração da massa 
falida. Questão correta. 
 
Questão 16 ± FGV/Juiz-PA/2008 
 
Na falência, o crédito tributário prefere a qualquer outro, seja qual for a 
natureza ou o tempo da constituição deste, ressalvados os créditos 
decorrentes de acidente de trabalho ou da legislação do trabalho, 
independentemente do seu valor. 
 
Comentário: Na realidade, a questão confunde a preferência do crédito 
tributário nos processo de falência, com a preferência nos demais processos. 
Na falência, há outros créditos além dos trabalhistas e acidentários que 
preferem ao crédito tributário. Portanto, a questão está errada. 
 
Questão 17 ± FGV/Juiz-PA/2008 
 
A cobrança judicial do crédito tributário não está sujeita a concurso de 
credores ou habilitação em falência, recuperação judicial, inventário ou 
arrolamento. 
 
Comentário: A execução fiscal (cobrança judicial do crédito tributário) não é 
obrigatoriamente habilitada no juízo universal, onde estão os demais credores. 
No entanto, nada impede que a cobrança do crédito tributário seja feita 
juntamente aos demais credores. Questão correta. 
 
Questão 18 ± FGV/Juiz-PA/2008 
 
São pagos preferencialmente a quaisquer créditos habilitados em inventário ou 
arrolamento, ou a outros encargos do monte, os créditos tributários vencidos 
ou vincendos a cargo do de cujus ou de seu espólio, exigíveis no decurso do 
processo de inventário ou arrolamento. 
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Comentário: De acordo com o art. 189, caput, do CTN, os créditos tributários 
exigíveis no decurso do processo de inventário ou arrolamento são pagos 
preferencialmente a qualquer encargo do monte. Questão correta. 
 
Questão 19 ± FGV/Juiz-PA/2008 
 
São pagos preferencialmente a quaisquer outros os créditos tributários 
vencidos ou vincendos, a cargo de pessoas jurídicas de direito privado em 
liquidação judicial ou voluntária, exigíveis no decurso da liquidação. 
 
Comentário: Trata-se da literalidade do art. 190 do CTN, segundo o qual são 
pagos preferencialmente a quaisquer outros os créditos tributários vencidos ou 
vincendos, a cargo de pessoas jurídicas de direito privado em liquidação 
judicial ou voluntária, exigíveis no decurso da liquidação. Questão correta. 
 
Questão 20 ± FGV/Juiz-PA/2008 
 
A enumeração das garantias dos créditos tributários pelo CTN é taxativa, pois 
não permite que outras garantias sejam previstas em lei. 
 
Comentário: De acordo com o caput do art. 183, do CTN, a enumeração das 
garantias atribuídas ao crédito tributário não exclui outras que sejam 
expressamente previstas em lei, em função da natureza ou das características 
do tributo a que se refiram. Portanto, as garantias não são taxativas (ou 
exaustivas). Questão errada. 
 
Questão 21 ± FCC/PGE-SP-Procurador/2009 
 
Com base no art. 185-A do CTN, o juiz pode determinar a indisponibilidade de 
bens do devedor, se preenchidos determinados requisitos legais. 
 
Comentário: O art. 185-A do CTN trata da penhora online, que ocorre quando 
o devedor tributário, devidamente citado, não pagar nem apresentar bens à 
penhora no prazo legal e não forem encontrados bens penhoráveis. Nesse 
caso, o juiz determinará a indisponibilidade de seus bens e direitos. Questão 
correta. 
 
Questão 22 ± ESAF/PGFN/2007 
 
Na falência, dentro do limite do valor do bem gravado, o crédito tributário fica 
abaixo dos créditos com hipoteca. 
 
Comentário: Como a questão se trata do processo de falência, os créditos 
com garantia real, no limite do valor do bem gravado, preferem aos créditos 
tributários. Questão correta. 
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Questão 23 ± ESAF/PGFN/2007 
 
Decorre do CTN que a multa tributária tem, na falência, a mesma preferência 
dos demais créditos tributários. 
 
Comentário: Pela redação do art. 186, par. único, III, pode-se inferir que, na 
falência, a multa tributária não tem a mesma preferência dos demais créditos 
tributários. Portanto, a questão está errada. 
 
Questão 24 ± ESAF/PGFN/2007 
 
A dívida inscrita precisa estar em fase de execução, para que se presuma 
fraudulenta a alienação de bem efetuada por sujeito passivo insolvente, em 
débito para com a Fazenda Pública. 
Comentário: Antes da LC 118/05, a presunção só se dava se o crédito inscrito 
em dívida ativa tivesse sido objeto de ação de execução fiscal. Contudo, com 
as alterações promovidas pela referida lei complementar, basta que haja 
regular inscrição em dívida ativa para que se presuma fraudulenta a alienação 
de bem efetuada por sujeito passivo insolvente. Questão errada. 
 
Questão 25 ± FCC/Juiz Substituto-AL/2007 
 
Em nosso sistema tributário, a presunção de fraude à execução somente pode 
ser invocada pela Fazenda Pública nos casos de alienação ou oneração de bens 
do sujeito passivo após a inscrição do débito fiscal como dívida ativa. 
 
Comentário: Havendo regular inscrição em dívida ativa, presume-se 
fraudulenta a alienação de bem efetuada por sujeito passivo, quando não tiver 
sido reservado bens ou rendas suficientes para o pagamento total da dívida 
tributária. Questão correta. 
 
Questão 26 ± FGV/Juiz-PA/2008 
 
A penhora on-line, no Direito Tributário, encontra amparo no CTN e permite a 
decretação judicial da indisponibilidade dos bens e direitos do devedor, com a 
comunicação da decisão, preferencialmente por meio eletrônico, aos órgãos e 
entidades que promovem os registros de transferência de bens, a fim de que, 
no âmbito de suas atribuições, façam cumprir a ordem judicial. 
 
Comentário: A penhora online encontra guarida no art. 185-A do CTN, 
permitindo a decretação judicial da indisponibilidade dos bens e direito do 
devedor, com a comunicação da decisão preferencialmente por meio eletrônico 
aos responsáveis por promover os registros de transferência de bens. Questão 
correta. 
 
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Questão 27 ± FGV/Juiz-PA/2008 
 
Segundo o CTN, os créditos tributários decorrentes de fatos geradores 
ocorridos no curso do processo de falência são considerados extraconcursais. 
 
Comentário: Os créditos extraconcursais são aqueles cujos fatos geradores 
ocorrem após a decretação da falência. Portanto, a questão está correta. 
 
Questão 28 ± ESAF/SEFAZ-CE/2007 
 
Como regra, respondem pelo pagamento do crédito tributário a totalidade dos 
bens e de rendas, de qualquer natureza ou origem, do sujeito passivo. 
 
Comentário: De acordo com o art. 184, a regra é que responde pelo 
pagamento do crédito tributário a totalidade dos bens e das rendas, de 
qualquer origem ou natureza, do sujeito passivo, seu espólio ou sua massa 
falida, inclusive os gravados por ônus real ou cláusula de inalienabilidade ou 
impenhorabilidade, seja qual for a data da constituição do ônus ou da cláusula. 
A exceção são os bens e rendas que a lei declare absolutamente 
impenhoráveis. Questão correta. 
 
Questão 29 ± ESAF/SEFAZ-CE/2007 
 
Na execução fiscal, existe hipótese em que o juiz pode decretar a 
indisponibilidade dos bens e direitos do sujeito passivo. 
 
Comentário: Estabelece o caput do art. 185-A, do CTN, que na hipótese de o 
devedor tributário, devidamente citado, não pagar nem apresentar bens à 
penhora no prazo legal e não forem encontrados bens penhoráveis, o juiz 
determinará a indisponibilidade de seus bens e direitos. Questão correta. 
 
Questão 30 ± ESAF/SEFAZ-CE/2007 
 
Nos casos de falência e recuperação judicial, podemos afirmar que a lei não 
poderá estabelecer limites e condições para a preferência dos créditos 
decorrentes da legislação do trabalho. 
 
Comentário: Em se tratando de processo de falência, o art. 186, par. único, 
II, do CTN, prevê que a lei poderá estabelecer limites e condições para a 
preferência dos créditos decorrentes da legislação do trabalho. Questão errada. 
 
 
 
 
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Questão 31 ± ESAF/SEFAZ-CE/2007 
 
Nos casos de falência e recuperação judicial, podemos afirmar que a multa 
tributária prefere apenas aos créditos subordinados. 
 
Comentário: Na falência, a multa tributária prefere apenas aos créditos 
subordinados, conforme preceitua o art. 186, par. único, III, do CTN. Questão 
correta. 
 
Questão 32 ± ESAF/AFRF/2005 
 
Na falência, a cobrança judicial do crédito tributário é sujeita a habilitação em 
processo de falência. 
Comentário: Embora a Fazenda Pública possa optar por habilitar o crédito no 
juízo falimentar, não há tal sujeição, de modo que a cobrança pode se dar em 
ação de execução fiscal, individualmente. Questão errada.Questão 33 ± ESAF/AFTE-RN/2005 
 
A cobrança judicial do crédito tributário não está sujeita à habilitação em 
inventário, exceto se houver herdeiro civilmente incapaz. 
 
Comentário: Não há qualquer exceção, que faça com que a cobrança judicial 
do crédito tributário se sujeite à habilitação no juízo falimentar. Questão 
errada. 
 
Questão 34 ± ESAF/PFN/2003 
 
Nenhuma sentença de julgamento de partilha ou adjudicação será proferida 
sem prova da quitação de todos os tributos relativos aos bens do espólio, ou às 
suas rendas. 
 
Comentário: De forma a garantir indiretamente o pagamento dos tributos 
devidos, o art. 192 determina que nenhuma sentença de julgamento de 
partilha ou adjudicação será proferida sem prova da quitação de todos os 
tributos relativos aos bens do espólio, ou às suas rendas. Questão correta. 
 
Questão 35 ± ESAF/Procurador-Fortaleza/2002 
 
Não há concurso de preferência entre Estados e Municípios, na cobrança 
judicial de seus créditos tributários. 
 
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Comentário: O concurso de preferência somente se verifica entre pessoas 
jurídicas de direito público, conforme estabelece o par. único, do art. 187, do 
CTN. Questão errada. 
2 ± ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA 
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Foram estabelecidas algumas regras para nortear os procedimentos a serem 
adotados pelos órgãos e agentes fazendários. 
 Conforme foi visto no início do nosso curso, os tributos são a principal 
fonte de receita do Estado. É por isso que a administração tributária é, em 
termos simples, a sustentação do Estado, conforme está previsto no art. 37, 
XXII, da CF/88: 
XXII - as administrações tributárias da União, dos Estados, do Distrito 
Federal e dos Municípios, atividades essenciais ao funcionamento do 
Estado, exercidas por servidores de carreiras específicas, terão 
recursos prioritários para a realização de suas atividades e 
atuarão de forma integrada, inclusive com o compartilhamento de 
cadastros e de informações fiscais, na forma da lei ou convênio. 
 Destaque-se que, em compatibilidade com a previsão acima no sentido 
de que as administrações tributárias terão recursos prioritários, o art. 167, IV, 
da própria CF/88, permitiu a excepcional vinculação da receita dos 
impostos para realização das atividades da administração tributária. 
 Em suma, o que nos importa nesse momento é saber que o CTN dividiu 
o tema em três capítulos, quais sejam: Fiscalização, Dívida Ativa e Certidões 
Negativas. 
 Vamos estudar cada um deles a partir de agora! 
2.1 - Fiscalização 
 O capítulo que trata da fiscalização diz respeito aos poderes e deveres 
das autoridades administrativas. Também trata das restrições quanto à 
divulgação de informações relativas à situação econômica dos contribuintes. 
2.1.1 ± Poderes das autoridades administrativas 
 Em primeiro lugar, cabe relembrar que o CTN é uma norma geral em 
matéria tributária. Por conseguinte, há outras regras atinentes à fiscalização 
tributária, previstas em leis ordinárias de cada ente federativo. 
 Sendo assim, em cada esfera podem ser criadas normas 
regulamentando as prerrogativas das autoridades fiscais a ela 
vinculadas. Tais normas podem ser tanto em caráter geral, aplicando-se à 
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fiscalização de todos os tributos de competência do ente, ou em caráter 
especial, aplicando-se a um tributo especificamente. 
 Vejamos o que estabelece o art. 194 do CTN: 
Art. 194. A legislação tributária, observado o disposto nesta Lei, 
regulará, em caráter geral, ou especificamente em função da 
natureza do tributo de que se tratar, a competência e os poderes 
das autoridades administrativas em matéria de fiscalização da 
sua aplicação. 
Parágrafo único. A legislação a que se refere este artigo aplica-se às 
pessoas naturais ou jurídicas, contribuintes ou não, inclusive às que 
gozem de imunidade tributária ou de isenção de caráter pessoal. 
 Neste ponto, é muito importante que o aluno perceba que, ainda que o 
contribuinte esteja imune ou isento, deve ser fiscalizado. Isso ocorre porque a 
imunidade e a isenção exoneram o contribuinte da obrigação de pagar, 
mas não da possibilidade de vir a ser fiscalizado. 
 Ademais, há casos de imunidade ou isenção em que o contribuinte fica 
sujeito a alguns requisitos, e só há um meio de verificar se estão sendo 
realmente cumpridos: fiscalização. 
 Nesse rumo, o art. 195 dispõe sobre os poderes das autoridades fiscais: 
Art. 195. Para os efeitos da legislação tributária, não têm aplicação 
quaisquer disposições legais excludentes ou limitativas do direito 
de examinar mercadorias, livros, arquivos, documentos, papéis e efeitos 
comerciais ou fiscais, dos comerciantes industriais ou produtores, ou da 
obrigação destes de exibi-los. 
 Sendo assim, as autoridades fiscais têm o direito de examinar os livros, 
arquivos e documentos do sujeito passivo, e este tem o dever de exibi-los, 
ainda que haja lei excluindo ou limitando essa prerrogativa fiscal. É 
claro que a fiscalização deve se limitar ao objeto da investigação, conforme se 
extrai do entendimento sumulado do STF: 
Súmula STF 439 - Estão sujeitos a fiscalização tributária ou previdenciária 
quaisquer livros comerciais, limitado o exame aos pontos objeto da 
investigação. 
 Repare que o STF deixa claro que quaisquer livros comerciais estão 
submetidos à fiscalização tributária ou previdenciária. O que isso quer dizer? 
Ora, até mesmo aqueles livros que não são de escrituração obrigatória 
(não constituem obrigações acessórias) submetem-se ao exame do Fisco. 
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 Relativamente aos livros obrigatórios de escrituração comercial e 
fiscal e aos comprovantes dos lançamentos neles efetuados, o par. 
único do art. 195, do CTN, assevera que devem ser conservados até que 
ocorra a prescrição dos créditos tributários decorrentes das operações 
a que se refiram. 
 Tenha muito cuidado em relação a esse dispositivo. O legislador não 
previu um prazo fixo (5 anos, por exemplo), até porque o prazo 
prescricional, como foi visto no nosso curso, está submetido à interrupção, 
hipótese em que é reiniciado. Sendo assim, o prazo para ocorrer a prescrição 
do crédito tributário pode ser bastante superior aos 5 anos. 
 
Conservação de livros obrigatórios e comprovantes 
de lançamentos = até ocorrer prescrição. 
 De qualquer modo, é sempre importante ter em mente que os poderes 
das autoridades administrativas não são ilimitados. No caso do exame dos 
livros comerciais, vimos que o STF entende que o exame fica limitado ao ponto 
objeto da investigação. Seguindo raciocínio semelhante, a autoridade fiscal 
também não pode apreender as mercadorias do sujeito passivo como meio 
coercitivo para pagamento dos tributos. Vejamos a redação da Súmula 323 do 
STF: 
Súmula STF 323 - É inadmissível a apreensão de mercadorias como meio 
coercitivo para pagamento de tributos. 
Retornando nossa análise sobre o Código Tributário Nacional, o art. 197 
prevê que a autoridade fiscal tem a prerrogativa de requisitar informações a 
terceiros, no interesse da fiscalização, conforme se expõe a seguir: 
Art. 197. Mediante intimação escrita, são obrigadosa prestar à 
autoridade administrativa todas as informações de que disponham 
com relação aos bens, negócios ou atividades de terceiros: 
I - os tabeliães, escrivães e demais serventuários de ofício; 
II - os bancos, casas bancárias, Caixas Econômicas e demais instituições 
financeiras; 
III - as empresas de administração de bens; 
IV - os corretores, leiloeiros e despachantes oficiais; 
V - os inventariantes; 
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VI - os síndicos, comissários e liquidatários; 
VII - quaisquer outras entidades ou pessoas que a lei designe, em 
razão de seu cargo, ofício, função, ministério, atividade ou profissão. 
Parágrafo único. A obrigação prevista neste artigo não abrange a 
prestação de informações quanto a fatos sobre os quais o 
informante esteja legalmente obrigado a observar segredo em 
razão de cargo, ofício, função, ministério, atividade ou profissão. 
 Deve ficar claro que não são apenas as pessoas listadas no art. 197 
do CTN que estão obrigadas a prestar informações ao Fisco. Veja que o 
inciso VII abrange quaisquer outras pessoas ou entidades que a lei designe. O 
objetivo é abranger todas as pessoas que de alguma forma possam ter 
conhecimento de informações necessárias à atividade de fiscalização. 
 
A lista prevista no CTN de pessoas obrigadas a prestar 
informações sobre bens, negócios ou atividades de 
terceiros não é taxativa. Lei ordinária pode estendê-
la. 
As pessoas já citadas nos incisos I a VI do art. 197, do 
CTN, não dependem de lei ordinária para estarem 
obrigadas a prestar informações, por já se encontrar 
expresso no próprio CTN. 
 Fica ressalvado, no entanto, os casos em que a lei reguladora da 
profissão determine o dever de sigilo. Por exemplo, se o advogado impedido 
de prestar informações relativas aos seus clientes, em decorrência da lei 
regulamentadora da sua profissão, não fica obrigado a fornecê-las, diante da 
intimação recebida. 
 No que concerne à possibilidade de a autoridade fiscal requisitar 
informações protegidas por sigilo bancário (art. 197, II), com o advento da LC 
105/2001, foi previsto o seguinte: 
Art. 6º As autoridades e os agentes fiscais tributários da União, dos 
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios somente poderão examinar 
documentos, livros e registros de instituições financeiras, inclusive os 
referentes a contas de depósitos e aplicações financeiras, quando 
houver processo administrativo instaurado ou procedimento 
fiscal em curso e tais exames sejam considerados indispensáveis 
pela autoridade administrativa competente. 
 O tema foi recorrentemente submetido ao STF, questionando-se a 
constitucionalidade do dispositivo da LC 105/2001, que garante o acesso do 
Fisco aos dados bancários independentemente de autorização judicial. A 
alegação era a de que o referido dispositivo contrariava o art. 5º, incisos X 
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(princípio da inviolabilidade da intimidade, da vida privada, da honra e da 
imagem das pessoas) e XII (princípio da inviolabilidade do sigilo da 
correspondência e das comunicações telegráficas, de dados e das 
comunicações telefônicas), da CF/88. 
 Tal tema é objeto de forte controvérsia jurisprudencial ao longo de anos. 
O STF já chegou a decidir que não se coaduna com os preceitos da CF/88 
norma legal que atribua à autoridade administrativa, que constitui uma das 
partes na relação jurídico-tributária (sujeito ativo), o afastamento do sigilo dos 
dados referentes ao sujeito passivo. 
Contudo, em decisão emblemática que pôs fim às controvérsias sobre o 
tema, o STF entendeu que a norma não resulta em quebra de sigilo 
bancário, mas sim em transferência do sigilo dos bancos ao Fisco, o 
qual tem o dever de preservar o sigilo dos dados, protegendo-os contra o 
acesso de terceiros. Não há, pois, ofensa à Constituição Federal. Este é o 
entendimento que você deve levar para a prova! 
 
O STF decidiu que o Fisco pode requisitar informações 
bancárias, independentemente de autorização judicial. 
Não há que se falar em quebra de sigilo bancário. 
 Prezado aluno(a), repare que não estamos falando de divulgação 
das informações protegidas pelo sigilo bancário, mas sim do acesso às 
informações pertinentes ao processo administrativo fiscal instaurado 
contra o sujeito passivo, sem ordem judicial para tanto. 
 Destaque-se que a autoridade administrativa também possui o poder de 
requisitar (e não apenas solicitar) o auxílio da força pública, ou seja, das 
autoridades policiais, quando vítimas de embaraço ou desacato no 
exercício de suas funções, ou quando necessário à efetivação de 
medida prevista na legislação aduaneira (CTN, art. 200). Isso se aplica 
mesmo que o obstáculo imposto pelo sujeito passivo não se configure 
fato definido em lei como crime ou contravenção. 
 Outro detalhe previsto no art. 200 do CTN é o fato de a autoridade 
fiscal poder requisitar a força pública vinculada a outro ente federado. 
Por exemplo, o Auditor-Fiscal da Receita Federal, embora esteja vinculado à 
União, pode requisitar a Polícia Militar, órgão vinculado a determinado estado-
membro. 
Observação: Lembre-se de que a administração fazendária e seus servidores 
fiscais têm, dentro de suas áreas de competência e jurisdição, precedência 
sobre os demais setores administrativos, na forma da lei (CF/88, art. 37, 
XVIII). 
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 Entretanto, cabe destacar que o acesso ao estabelecimento do 
contribuinte nem sempre é possível, já que devem ser levadas em 
consideração as garantias individuais, previstas no art. 5º, XI, da CF/88 
(inviolabilidade domiciliar). 
 Citamos, abaixo, as palavras do ilustre Leandro Paulsen a respeito desse 
assunto (grifamos): 
O STF tem entendido que, inobstante a prerrogativa do Fisco de solicitar 
e analisar documentos, os agentes fiscais só podem ingressar em 
escritório de empresa quando autorizados (pelo proprietário, gerente ou 
preposto). Em caso de recusa, não podem os agentes 
simplesmente requerer auxílio de força policial, eis que, forte na 
garantia de inviolabilidade do domicílio, oponível também ao 
Fisco, a medida dependerá de autorização judicial. 
(PAULSEN, Leandro. Direito tributário: Constituição e Código 
Tributário à luz da doutrina e da jurisprudência. 16 Ed. Pág. 1391) 
 
 
A autoridade responsável pela fiscalização é sempre a 
fiscal, e não a policial. 
2.1.2 ± Deveres das autoridades administrativas 
2.1.2.1 ± Termo de Início de Fiscalização 
 No que se refere à atividade de fiscalização, o CTN previu prerrogativas à 
autoridade administrativa, como também estabeleceu alguns deveres. O 
primeiro deles é o dever de lavrar o Termo de Início de Fiscalização. 
 Vamos ver o que está previsto no art. 196 do CTN: 
Art. 196. A autoridade administrativa que proceder ou presidir a 
quaisquer diligências de fiscalização lavrará os termos necessários 
para que se documente o início do procedimento, na forma da 
legislação aplicável, que fixará prazo máximo para a conclusão 
daquelas. 
Parágrafo único. Os termos a que se refere este artigo serão lavrados, 
sempre que possível, em um dos livros fiscais exibidos; quando 
lavrados em separado deles se entregará, à pessoa sujeita à fiscalização, 
cópia autenticada

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