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Curso Preparatório para OAB 2ª Fase Civil Professora Franciele Kühl 2 SUMÁRIO 1 CONHECIMENTOS INTRODUTÓRIOS: ................................................................................... 3 2 FUNDAMENTOS CONSTITUCIONAIS ESPECÍFICOS ............................................................ 4 3 DISPOSIÇÕES GERAIS: SISTEMA DE DIREITOS E GARANTIAS ......................................... 6 3.1 Criança e adolescente como sujeitos de direitos: .............................................................. 7 3.2 Direito à prioridade absoluta: .............................................................................................. 7 4 DIREITO FUNDAMENTAL: À VIDA E À SAÚDE (Arts. 7º a 14): .............................................. 9 5 DIREITO FUNDAMENTAL: À LIBERDADE, AO RESPEITO E À DIGNIDADE (Art. 15 a 18-B): ..................................................................................................................................................... 12 6 DIREITO FUNDAMENTAL: À EDUCAÇÃO, CULTURA, AO ESPORTE E AO LAZER (Arts. 53 a 59) ............................................................................................................................................ 14 7 DIREITO FUNDAMENTAL: À PROFISSIONALIZAÇÃO E À PROTEÇÃO AO TRABALHO (Art. 60 a 69): ...................................................................................................................................... 15 8 DIREITO FUNDAMENTAL: A PREVENÇÃO ESPECIAL (Arts. 70 a 85): ............................... 16 8.1 Da informação, cultura, lazer, esportes, diversão e espetáculos: .................................... 17 8.2 Produtos e Serviços .......................................................................................................... 18 8.3 Autorização para viajar: .................................................................................................... 19 9 DIREITO FUNDAMENTAL À CONVIVÊNCIA FAMILIAR E COMUNITÁRIA (Art. 19 a 52): ... 22 9.1 Poder familiar .................................................................................................................... 22 9.2 Família natural .................................................................................................................. 26 9.3 Família extensa ou ampliada: ........................................................................................... 26 9.4 Família substituta: ............................................................................................................. 27 9.4.1 Da guarda: ..................................................................................................................... 28 9.4.2 Da tutela ......................................................................................................................... 28 9.4.3 Da adoção: ..................................................................................................................... 30 10 OUTROS PROCEDIMENTOS: .............................................................................................. 36 10.1 Perda ou suspensão do poder familiar: .......................................................................... 36 10.2 Colocação em família substituta: .................................................................................... 37 10. 3 Pedido de adoção com pais desconhecidos ou falecidos: ............................................ 38 10.4 Pedido de adoção que necessita da concordância dos pais biológicos: ....................... 41 10.5 Ação de destituição do poder familiar cumulada com pedido de adoção: ..................... 43 11 DO ACESSO À JUSTIÇA: ...................................................................................................... 46 REFERÊNCIAS ........................................................................................................................... 49 Curso Preparatório para OAB 2ª Fase Civil Professora Franciele Kühl 3 CONHECIMENTOS INTRODUTÓRIOS: A Constituição Federal representa o marco jurídico da redemocratização do país, seu texto trouxe o ser humano e a preservação da sua dignidade como pontos centrais da nova organização política e jurídica do Brasil. Tanto é, que a dignidade da pessoa humana (art. 1º, III, CF) e a promoção do bem de todos sem qualquer distinção ou discriminação (art. 3º, IV, CF) estão descritas nos fundamentos e objetivos da Constituição. A partir da promulgação da Constituição da República Federativa do Brasil, em 05 de outubro de 1988, o processo de valorização dos direitos humanos contou com o reconhecimento de novos sujeitos de direitos, pela primeira vez, na história do país, homens e mulheres são juridicamente sujeitos de direitos iguais, as pessoas indígenas ganharam capítulo próprio, e as crianças e adolescentes passaram a ser tratadas como sujeitos de direito, principalmente após a entrada em vigor do Estatuto da Criança e do Adolescente, em 13 de julho de 1990, onde, uma nova visão foi adotada sobre os direitos da criança e do adolescente, passou-se a adotar a teoria da proteção integral. A teoria da proteção integral assegura às crianças e aos adolescentes o reconhecimento de direitos fundamentais vinculados ao status de prioridade absoluta. Considerando sua situação de pessoa em condição peculiar de desenvolvimento, todas as atenções devem estar voltadas à proteção de seus direitos fundamentais e que devem ser assegurados pela família, sociedade e Estado (CUSTÓDIO; KÜHL, 2017, p. 189-190). A doutrina da proteção integral está adotada expressamente no artigo 1º do Estatuto. Importante destacar que a doutrina confere juridicidade aos direitos, isto é, todos direitos assegurados são plenamente exigíveis pelo poder público, 01 Curso Preparatório para OAB 2ª Fase Civil Professora Franciele Kühl 4 instituições e pelo indivíduo, que, mediante o direito de ação, poderá pleitear determinado direito. FUNDAMENTOS CONSTITUCIONAIS ESPECÍFICOS A Proteção Integral está amparada na Constituição Federal, onde, os artigos 227, 228 e 229 tratam dos direitos fundamentais de crianças e adolescentes e dos deveres do Estado, da família e da sociedade com estes. Prevalece no artigo 227, que é dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem: Além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão. É dever, estabelecido constitucionalmente, a punição severa ao abuso, violência e a exploração sexual de criança e adolescentes (art. 227, §4º, CF). A adoção será assistida pelo Poder Público, a partir das leis que estabelecem os casos e as condições para efetivação, tanto da adoção por brasileiros, quanto por estrangeiros (art. 227, §5º, CF). O Estado deverá promover programas de assistência integral à saúde, programas de prevenção e atendimento especializado para pessoas portadoras de deficiência física, sensorial ou mental, que contarão com a aplicação de percentual dos recursos públicos, assim como, disporá sobre normas de construção dos logradouros e dos edifícios de uso público e de fabricação de 02 Curso Preparatório para OAB 2ª Fase Civil Professora Franciele Kühl 5 veículos de transporte coletivo, adequados às pessoas portadoras de deficiência (§1º e 2º, do artigo 227, CF). De acordo com o §3º, do artigo 227, da CF, O direito a proteção especial abrangerá os seguintes aspectos: Por fim, estabelece, no artigo 229, que os pais têm o dever de assistir, criar e educar os filhos menores, e os filhos maiores têm o dever de ajudar e amparar os pais na velhice, carência ou enfermidade. Todos os direitos de crianças e adolescentes devem ser garantidos tanto para filhos havidos ou não da relação do casamento e os adotados,que deverão ter os mesmos direitos e qualificações, sem designações discriminatórias relativas à filiação. Curso Preparatório para OAB 2ª Fase Civil Professora Franciele Kühl 6 DISPOSIÇÕES GERAIS: SISTEMA DE DIREITOS E GARANTIAS Antes de falarmos sobre questões mais principiológicas, é necessário estabelecermos a classificação de crianças e adolescentes, que será de acordo com a sua idade: O critério estabelecido pelo legislador é objetivo, CRIANÇAS são aquelas de até 12 anos INCOMPLETOS, já os ADOLESCENTES, são aqueles de 12 anos até 18 anos INCOMPLETOS, em outras palavras, criança é o ser humano até 11 anos completos e o adolescente é o ser humano de 12 anos completos até 17 anos completos. Além do Estatuto da Criança e do Adolescente, há também o Estatuto da Juventude, regulado pela Lei 12.852/2013, que estabelece em seu artigo 1º, §§1º e 2º, que são considerados jovens as pessoas com idade entre 15 a 29 anos de idade, todavia, aplicando-se o ECA prioritariamente aos jovens de 15 a 18 anos de idade. Lembrando que são penalmente inimputáveis os menores de dezoito anos, os quais, estão sujeitos às normas da legislação especial (o Estatuto da Criança e do Adolescente). 03 Curso Preparatório para OAB 2ª Fase Civil Professora Franciele Kühl 7 Enunciado 530 da Jornada de Direito Civil: A emancipação, por si só, não elide a incidência do Estatuto da Criança e do Adolescente. 3.1 Criança e adolescente como sujeitos de direitos: De acordo com o artigo 3º, a criança e o adolescente gozam de todos os direitos fundamentais inerentes à pessoa, sem prejuízo da proteção integral de que trata o estatuto, assegurando-lhes, por lei ou por outros meios, todas as oportunidades e facilidades, a fim de lhes facultar o desenvolvimento físico, mental, moral, espiritual e social, em condições de liberdade e de dignidade. A Lei 13.257/2016 (Marco legal da 1ª Infância), inseriu o parágrafo único, no artigo 3º, reforçando que os direitos enunciados no Estatuto da Criança e do Adolescente aplicam-se a todas as crianças e adolescentes, sem discriminação de nascimento, situação familiar, idade, sexo, raça, etnia ou cor, religião ou crença, deficiência, condição pessoal de desenvolvimento e aprendizagem, condição econômica, ambiente social, região e local de moradia ou outra condição que diferencie as pessoas, as famílias ou a comunidade em que vivem. No mesmo sentido, o artigo 5º, reforça que é dever de todos prevenir que qualquer criança ou adolescente seja vítima de alguma forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão, devendo, nesses casos, ser punido na forma da lei qualquer atentado aos direitos fundamentais, seja por ação ou omissão. 3.2 Direito à prioridade absoluta: O princípio da prioridade absoluta, está legalmente previsto no artigo 4º, do estatuto, bem como, no artigo 227, da Constituição Federal: Curso Preparatório para OAB 2ª Fase Civil Professora Franciele Kühl 8 Crianças e adolescentes precisam ser o foco principal, tanto do Poder Executivo, na destinação de verbas para amparo à família e à criança ou adolescente em situação de risco, assim como, o Poder Legislativo precisam priorizar a elaboração e votação de leis com prioridade total, e o Poder Judiciário deve garantir que os processos que envolvem crianças e adolescentes sejam céleres e que tenham juízes comprometidos (NUCCI, 2017, p.8). Importante ressaltar que não há desrespeito à igualdade de todos, no princípio da prioridade absoluta de crianças e adolescentes, muito pelo contrário, “há sim o respeito pela diferença entre os sujeitos de direito, pois elas são a própria exigência da igualdade. A igualdade por sua vez consiste em tratar, igualmente os iguais, e desigualmente os desiguais, na proporção que se desigualam” (NUCCI, 2017, p. 9), não ferindo, portanto, o princípio da igualdade. Ainda, importante mencionar o artigo 6º, do estatuto, o qual irá destacar que a interpretação do estatuto deve levar em conta os fins sociais a que ela se dirige, as exigências do bem comum, os direitos e deveres individuais e coletivos e a condição peculiar da criança e do adolescente como pessoas em desenvolvimento. Essa interpretação, portanto, devem assegurar a proteção integral e a prioridade absoluta. Curso Preparatório para OAB 2ª Fase Civil Professora Franciele Kühl 9 DIREITO FUNDAMENTAL: À VIDA E À SAÚDE (Arts. 7º a 14): Em consonância com os princípios gerais de Direitos Humanos, adotados pelos pactos internacionais, os direitos fundamentais à vida e à saúde, estão contemplados expressamente no artigo 7º, que diz “A criança e o adolescente têm direito a proteção à vida e à saúde, mediante a efetivação de políticas sociais públicas que permitam o nascimento e o desenvolvimento sadio e harmonioso, em condições dignas de existência”. Articulado com o direito de 1ª e 2ª dimensão: Os direitos fundamentais de primeira dimensão, são os direitos civis e políticos, inerentes à individualidade, referem-se ao direito à vida, à uma nacionalidade, à liberdade de movimento, à liberdade religiosa, à liberdade política, à liberdade de movimento, liberdade de opinião, o direito de asilo, à proibição de tortura ou tratamento cruel, desumano ou degradante, à proibição da escravidão, ao direito de propriedade e à inviolabilidade de domicílio, vinculam-se ao princípio da liberdade (GORCZEVSKI, 2009, pp.132-133). Os direitos de segunda dimensão estão ligados aos direitos sociais, econômicos e culturais (Wolkmer, 2010, p. 16), vinculam-se ao princípio da igualdade, exigem uma prestação positiva do Estado, o qual deve propiciar as condições necessárias para que sejam desfrutados, como o direito ao trabalho, a proteção contra o desemprego, assistência contra invalidez, direito de sindicalização, direito à educação e cultura, à saúde, seguridade social, direito à educação e ter um nível adequado de vida (GORCZEVSKI, 2009, pp.133-134). Estão ligadas as determinações constitucionais específicas de aplicação de percentual de recursos para a saúde na assistência materno-infantil e na criação de programas para crianças e adolescentes com deficiência física, mental ou sensorial (art. 227, §1º, I e II, CF). O legislador preocupou-se em garantir os direitos da infância desde a fase gestacional, incluindo o planejamento reprodutivo: 04 Curso Preparatório para OAB 2ª Fase Civil Professora Franciele Kühl 10 A partir da lei da 1ª infância, a gestante tem direito a ter garantida sua vinculação, no último trimestre da gestação, ao estabelecimento em que será realizado o parto, garantido o direito de opção da mulher (art. 8, ECA). Essas mães terão asseguradas pelo poder público, assistência psicológica, para prevenir o estado puerperal, assistência para aquelas que tem interesse em entregar seus filhos para adoção e para auxiliar mães que estejam em situação de privação de liberdade. O poder público, a partir da Lei n. 13.257/2016, deverá garantir à mulher com filho na primeira infância que se encontrem sob custódia em unidade de privação de liberdade, ambiência que atenda às normas sanitárias e assistenciais do Sistema Único de Saúde para o acolhimento do filho, em articulação com o sistema de ensino competente, visando ao desenvolvimento integral da criança (Art. 8º, §§ 2, 4, 5 e 10, ECA). Em relação às mulheres que desejam entregar seus filhos para adoção, estas serão obrigatoriamente encaminhadas, sem constrangimento, à Justiça da Infância e da Juventude, de acordo com o artigo 13, §1º, do ECA. Quando as garantias de aleitamento materno, o artigo 9º, do ECA, traz que o poderpúblico, as instituições e os empregadores propiciarão condições adequadas ao aleitamento materno, inclusive aos filhos de mães submetidas a medida privativa de liberdade. Ainda, os serviços de unidades de terapia intensiva neonatal deverão dispor de banco de leite humano ou unidade de coleta de leite humano (Art. 9º, §2º, ECA). O art. 7º-A do Estatuto da Advocacia, Lei n. 8.906/94 e o art. 313 do CPC, passou a garantir a advogada gestante, lactante ou adotante os seguintes direitos: Art. 7o-A. São direitos da advogada: I - gestante: Curso Preparatório para OAB 2ª Fase Civil Professora Franciele Kühl 11 a) entrada em tribunais sem ser submetida a detectores de metais e aparelhos de raios X. b) reserva de vaga em garagens dos fóruns dos tribunais; II - lactante, adotante ou que der à luz, acesso a creche, onde houver, ou a local adequado ao atendimento das necessidades do bebê; III - gestante, lactante, adotante ou que der à luz, preferência na ordem das sustentações orais e das audiências a serem realizadas a cada dia, mediante comprovação de sua condição; IV -adotante ou que der à luz, suspensão de prazos processuais quando for a única patrona da causa, desde que haja notificação por escrito ao cliente. § 1o Os direitos previstos à advogada gestante ou lactante aplicam-se enquanto perdurar, respectivamente, o estado gravídico ou o período de amamentação. Além do Estatuto da Advocacia, no Código de Processo Civil prevê no art. 313, inciso IX e X, que o processo fica suspenso durante o período do parto ou pela concessão de adoção, se a advogada constituir única patrona da causa. Mesma regra aplica-se aos advogados que se tornam pais. Outras ampliações às garantias de direitos fundamentais como a saúde, trazidas pela Lei da 1ª Infância, cabe destacar os §§1º e 2º, do artigo 11, o qual reforça a garantia de atendimento sem discriminação ou segregação de crianças e adolescentes com deficiência e o dever de oferecer gratuitamente: medicamentos, órteses, próteses e outras tecnologias assistivas relativas ao tratamento, habilitação ou reabilitação para crianças e adolescentes. Nesse sentido, a obrigação de promover assistência médica, odontológica e vacinação, de acordo com o artigo 14, §§2º e 3º, ECA. Ainda quanto ao direito à vida e a saúde, importante observar e compreender a redação do artigo 13, §2º, ECA, também uma inovação trazida pela lei da 1ª Infância, na qual reflete o princípio da prioridade absoluta, dando ênfase às crianças da primeira infância (até os 6 anos de idade), quando forem vítimas de qualquer tipo de violência, deverão ser atendidas pelos órgãos da rede de garantias de direitos, de forma prioritária. Curso Preparatório para OAB 2ª Fase Civil Professora Franciele Kühl 12 DIREITO FUNDAMENTAL: À LIBERDADE, AO RESPEITO E À DIGNIDADE (Art. 15 a 18-B): O capítulo II do Estatuto da Criança e do Adolescente, traz em sua redação que as crianças e os adolescentes têm direito à liberdade, ao respeito e à dignidade como pessoas humanas em processo de desenvolvimento e como sujeitos de direitos civis, humanos e sociais garantidos na Constituição Federal e nas leis esparsas, assim como, nos tratados internacionais. O direito à liberdade, de acordo com o artigo 16, ECA, corresponde: 05 Curso Preparatório para OAB 2ª Fase Civil Professora Franciele Kühl 13 Os artigos 18-A e 18-B, do ECA, foram introduzidos pela Lei n. 13.010/2014, inovação legislativa para estabelecer o direito da criança e do adolescente de serem educados e cuidados sem o uso de castigos físicos ou de tratamento cruel ou degradante. Nos casos de suspeita ou confirmação de castigo físico, de tratamento cruel ou degradante e de maus-tratos contra criança ou adolescente, serão obrigatoriamente comunicados ao Conselho Tutelar (art. 13, caput, ECA), que deverá tomar as providencias necessárias, sob pena de sanções, caso não faça a notificação (art. 245, ECA). Em suma, os artigos tratam do direito de ser educado sem o uso de castigo físico e tratamento cruel ou degradante, como formas de correção. Especificando, ainda, qual o entendimento sobre cada um deles: a) CASTIGO FÍSICO: ação de natureza disciplinar ou punitiva aplicada com o uso da força física sobre a criança ou o adolescente que resulte em: sofrimento físico. lesão. b) TRATAMENTO CRUEL OU DEGRADANTE: conduta ou forma cruel de tratamento em relação à criança ou ao adolescente que: humilhe. ameace gravemente. ridicularize. Além disso, é dever dos pais, integrantes da família ampliada, responsáveis, agentes públicos ou qualquer pessoa encarregada de cuidar de crianças e adolescentes, de trata-los, educa-los ou protege-los de castigo físico ou tratamento cruel ou degradante, como forma de correção, disciplina, estando sujeitos às sanções pelo Conselho Tutelar, como (art. 18-B): a) encaminhamento a programa oficial ou comunitário de proteção à família. b) encaminhamento a tratamento psicológico ou psiquiátrico. c) encaminhamento a cursos ou programas de orientação. d) obrigação de encaminhar a criança a tratamento especializado. e) advertência. Curso Preparatório para OAB 2ª Fase Civil Professora Franciele Kühl 14 DIREITO FUNDAMENTAL: À EDUCAÇÃO, CULTURA, AO ESPORTE E AO LAZER (Arts. 53 a 59) A criança e o adolescente têm direito à educação, visando o pleno desenvolvimento de sua pessoa, preparo para o exercício da cidadania e qualificação para o trabalho. O artigo 53, inciso V, do ECA assegura o acesso à escola pública e gratuita próxima de sua residência, e o artigo 54, do ECA, elenca rol de deveres do Estado, dentre os quais: a) de ensino fundamental, obrigatório e gratuito (para qualquer idade e como oferecimento de material didático-escolar, transporte, alimentação e assistência à saúde). b) ensino médio. c) ensino educacional especializado aos portadores de deficiência. d) atendimento em creche e pré-escola às crianças de zero a cinco anos. e) oferta de ensino noturno. f) de acesso ao ensino mais elevado, da pesquisa e criação artística. Os pais ou responsáveis são obrigados a matricular seus filhos ou pupilos no ensino regular. Os pais podem contestar critérios avaliativos, organizar e participar de entidades estudantis, de forma democratizada. Aos educadores e dirigentes de estabelecimento de ensino, cabe o dever de comunicar maus-tratos, reiteração de faltas injustificadas, evasão escolar, elevados níveis de repetência, segundo o artigo 56, do ECA. Além disso, conforme Art. 58, no processo educacional respeitar-se-ão os valores culturais, artísticos e históricos próprios do contexto social da criança e do adolescente, garantindo-se a estes a liberdade da criação e o acesso às fontes de cultura. E os municípios, com apoio dos estados e da União, estimularão e facilitarão a destinação de recursos e espaços para programações 06 Curso Preparatório para OAB 2ª Fase Civil Professora Franciele Kühl 15 culturais, esportivas e de lazer voltadas para a infância e a juventude, conforme artigo 59, do ECA. De acordo com a jurisprudência, é possível solicitar reparação moral, se evidenciar elementos constitutivos da responsabilidade civil do Estado em decorrência da negligência de servidores, quando não tomam providências necessárias para impedir a prática de bullying dentro da escola (Lei 13.185/2015). DIREITO FUNDAMENTAL: À PROFISSIONALIZAÇÃO E À PROTEÇÃO AO TRABALHO (Art. 60 a 69): O direito à profissionalização e ao trabalho protegido estão assegurados somente para os adolescentes. Isto porque, o trabalho infantil é proibido, mas o trabalho do adolescente é permitido, desde que atendaalguns critérios. O artigo 60, do ECA, possui uma redação confusa, traz em sua redação que “é proibido qualquer trabalho a menores de quatorze anos de idade, salvo na condição de aprendiz”, essa redação nos faz pensar que é possível o trabalho antes dos quatorze anos, se for na condição de menor aprendiz, mas esse NÃO é o entendimento correto! A partir da leitura do artigo 7º, inciso XXXIII, da Constituição Federal, podemos perceber que a idade mínima é de 14 anos, trabalho na condição de aprendiz, sendo que crianças e adolescentes até 14 anos incompletos NÃO PODEM TRABALHAR: 07 Curso Preparatório para OAB 2ª Fase Civil Professora Franciele Kühl 16 DIREITO FUNDAMENTAL: A PREVENÇÃO ESPECIAL (Arts. 70 a 85): Trata-se do sistema de prevenção, atribuindo individualmente, coletivamente e ao Estado, o dever de prevenir a ocorrência de ameaça, riscos iminentes e futuros, de violação de direitos de crianças e adolescentes (art. 70, do ECA). O ECA estipula medidas preventivas relativas a informação, cultura, lazer, esportes, diversões e espetáculos (art. 74 a 80), a produtos e serviços (art. 81 e 82) e a viagens de crianças e adolescentes (art. 83 a 85). É da União, os Estados, o Distrito Federal e os municípios, o dever de agir de forma articulada e com integração dos órgãos do Poder Judiciário, Ministério Público, Defensoria Pública, Conselho Tutelar, os Conselhos de Direitos da Criança e dos Adolescentes e entidades não governamentais, que atuam na proteção e defesa de direitos, de articular políticas públicas e executar ações destinada a promoção de campanhas educativas, formação e capacitação de profissionais da saúde, educação e da assistência social. Também, promove pela articulação dos órgãos públicos e da sociedade na elaboração de políticas públicas e na execução de ações destinadas a coibir o uso de castigos físicos ou de tratamento cruel ou degradante e difundir formas não violentas de educação de crianças e adolescentes (ZAPATER, 2017, p.1008), conforme o artigo 70-A e incisos, do ECA, incluído através da Lei n. 13.010/2014. 08 Curso Preparatório para OAB 2ª Fase Civil Professora Franciele Kühl 17 8.1 Da informação, cultura, lazer, esportes, diversão e espetáculos: O poder público é responsável por regular as diversões e espetáculos públicos, informando em lugar de visível e fácil acesso, a natureza, local, horário e a faixa etária que poderá assistir ou participar (art. 74, do ECA). Sendo que, crianças menores de 10 anos deverão estar sempre acompanhadas dos pais ou responsáveis. Compete a autoridade judiciária disciplinar, através de portaria, ou autorizar, mediante alvará: Art. 149. Compete à autoridade judiciária disciplinar, através de portaria, ou autorizar, mediante alvará: I - a entrada e permanência de criança ou adolescente, desacompanhado dos pais ou responsável, em: a) estádio, ginásio e campo desportivo; b) bailes ou promoções dançantes; c) boate ou congêneres; d) casa que explore comercialmente diversões eletrônicas; e) estúdios cinematográficos, de teatro, rádio e televisão. II - a participação de criança e adolescente em: a) espetáculos públicos e seus ensaios; b) certames de beleza. § 1º Para os fins do disposto neste artigo, a autoridade judiciária levará em conta, dentre outros fatores: a) os princípios desta Lei; b) as peculiaridades locais; c) a existência de instalações adequadas; d) o tipo de freqüência habitual ao local; e) a adequação do ambiente a eventual participação ou freqüência de crianças e adolescentes; f) a natureza do espetáculo. § 2º As medidas adotadas na conformidade deste artigo deverão ser fundamentadas, caso a caso, vedadas as determinações de caráter geral. As emissoras de rádio e televisão devem respeitar horários recomendados para público infantil, sendo que nada poderá ser apresentado ou anunciado sem o aviso prévio da classificação etária. Essa regra aplica-se aos proprietários, diretores, gerentes e funcionários de empresas que explorem a venda ou aluguel de fitas/revistas/CD’s/DVD’s/ ou qualquer tipo de material, cuidarão para que não haja venda ou locação em desacordo com a classificação atribuída pelo órgão competente. As classificações são regulamentadas pela Portaria n. 1220/2007, do Ministério da Justiça, que tem como base nos critérios para classificação as cenas de sexo e violência. Curso Preparatório para OAB 2ª Fase Civil Professora Franciele Kühl 18 Desrespeitadas as determinações acima, incorre em sanções estabelecidas pelo artigo 258, do Estatuto da Criança e do Adolescente. 8.2 Produtos e Serviços É proibida a venda às crianças e adolescentes, de armas, munições, explosivos, bebidas alcoólicas, produtos que possam causar dependência física ou psíquica, fogos de estampido e de artifício (exceto de reduzido potencial ofensivo), revistas e publicações inadequadas, bilhetes lotéricos e equivalente, segundo o artigo 81, do ECA. O artigo 82, do ECA, traz que é proibida a hospedagem de criança ou adolescente em hotel, motel, pensão ou estabelecimento congênere, salvo se autorizado ou acompanhado pelos pais ou responsável. Autorização simples, não precisa ser por firma reconhecida. Nem se aplica a regra de autorização pelo Curso Preparatório para OAB 2ª Fase Civil Professora Franciele Kühl 19 outro pai (como nos casos de viagem). Portanto, veda-se hospedagem em hotéis, motéis, pensões e estabelecimentos congêneres para evitar problemas como a fuga de casa, sequestro, prática de sexo não autorizado, encontros ocultos, para preservar a dignidade sexual de pessoas menores de 18 anos, evitando, assim, o estupro de vulnerável ou o comércio sexual de crianças e adolescentes. A infração a essa regra importa em sanção administrativa, conforme o artigo 250, do ECA, com pena de multa, no caso de reincidência, além da multa o estabelecimento poderá ser fechado até 15 dias, e se comprovada a reincidência em período inferior a 30 (trinta) dias, o estabelecimento será definitivamente fechado e terá sua licença cassada. 8.3 Autorização para viajar: Nenhuma criança pode viajar para fora da comarca onde reside, desacompanhada dos pais ou responsável, sem expressa autorização judicial. Essa autorização, em território NACIONAL somente não será necessária quando: a) Tratar-se de comarca contígua à da residência da criança, se na mesma unidade da Federação, ou incluída na mesma região metropolitana; b) a criança estiver acompanhada: 1) de ascendente ou colateral maior, até o terceiro grau, comprovado documentalmente o parentesco: esse documento deve ser original, ou seja, cópia simples de certidão de nascimento não é válida, sendo ilícito a alegação de desconhecimento dessa regra. 2) de pessoa maior, expressamente autorizada pelo pai, mãe ou responsável. A autoridade judiciária pode conceder autorização válida até dois anos. Em se tratando de viagem para o EXTERIOR, mesmo que acompanhada de um adulto estrangeiro residente ou domiciliado no exterior, a autorização dos pais, responsáveis ou do judiciário, é OBRIGATÓRIA, sendo dispensável somente quando a criança ou o adolescente: a) estiver acompanhado de ambos os pais ou responsável; Curso Preparatório para OAB 2ª Fase Civil Professora Franciele Kühl 20 b) viajar na companhia de um dos pais, autorizado expressamente pelo outro através de documento com firma reconhecida. c) Se desacompanhado ou em companhia de terceiros maiores e capazes, designados pelos genitores, desde que haja autorização de ambos os pais, com firma reconhecida, conforme Resolução 131/2011 do CNJ. A resolução também fala de que se a criança ou adolescente for residentedo exterior, para voltar, terá que apresentar também o atestado de residência, emitido por repartição consular brasileira há menos de dois anos. Nestes casos, dos artigos 83, 84 e 85, se uma empresa de ônibus ou avião, por exemplo, transportar uma criança acompanhada de ascendente, mas sem a documentação que comprova o parentesco, estará incorrendo em ilícito administrativo previsto no artigo 251, do ECA, aplicando-se multa. Esta norma tem por finalidade evitar o tráfico estrangeiro de crianças e adolescentes, como as adoções irregulares. Curso Preparatório para OAB 2ª Fase Civil Professora Franciele Kühl 21 Quadro comparativo: Curso Preparatório para OAB 2ª Fase Civil Professora Franciele Kühl 22 DIREITO FUNDAMENTAL À CONVIVÊNCIA FAMILIAR E COMUNITÁRIA (Art. 19 a 52): As concepções de convivência familiar e comunitária tiveram grandes mudanças a partir de promulgação da Constituição Federal de 1988. Durante a vigência da Constituição Federal de 1967, família era somente aquela constituída através do casamento, sendo ele indissolúvel. O Código Civil de 1916, que vigorou até 2002, previa que era legítimo somente os filhos concebidos no casamento, autorizado, porém, o reconhecimento voluntário, salvo se quanto a filhos “adulterinos ou incestuosos”, cujo reconhecimento de filiação era vedado (o que, posteriormente, foi revogado pela Lei de Investigação de Paternidade). A Constituição Federal de 1988, confere maior ênfase aos laços de consanguinidade e afetividade, do que ao casamento, além disso, adota-se a isonomia entre filhos havidos na constância do casamento e filhos havidos fora do casamento, sendo vedada qualquer discriminação, segundo o artigo 227, §6º, da CF. O atual entendimento é que a filiação passa a ser entendida como relação de parentesco de 1º grau e não mais vinculado ao casamento, tanto de natureza consanguínea (geração biológica), quanto a civil (por adoção), e seu reconhecimento passa a ser personalíssimo, indisponível e imprescritível, que pode ser oposto contra pais e herdeiros, indiferente se havidos fora ou dentro do casamento, possuindo os mesmos direitos, observado apenas o segredo de Justiça, segundo os artigos 20, 26 e 27, do ECA. 9.1 Poder familiar O poder familiar pode ser considerado como o direito/função/dever dos pais ou responsáveis, em relação aos deveres pessoais e patrimoniais com relação ao filho não emancipado, que deve ser exercido com observância do princípio do melhor interesse deste (ZAPATER, 2017, p. 1004). Segundo o artigo 21, do ECA, o poder familiar será exercido, em igualdade de condições, pelo pai e pela mãe, na forma do que dispuser a legislação civil, assegurado a 09 Curso Preparatório para OAB 2ª Fase Civil Professora Franciele Kühl 23 qualquer deles o direito de, em caso de discordância, recorrer à autoridade judiciária competente para a solução da divergência. Segundo o artigo 1.634, compete aos pais: Art. 1.634. Compete a ambos os pais, qualquer que seja a sua situação conjugal, o pleno exercício do poder familiar, que consiste em, quanto aos filhos: I - dirigir-lhes a criação e a educação. II - exercer a guarda unilateral ou compartilhada nos termos do art. 1.584; III - conceder-lhes ou negar-lhes consentimento para casarem; IV - conceder-lhes ou negar-lhes consentimento para viajarem ao exterior; V - conceder-lhes ou negar-lhes consentimento para mudarem sua residência permanente para outro Município; VI - nomear-lhes tutor por testamento ou documento autêntico, se o outro dos pais não lhe sobreviver, ou o sobrevivo não puder exercer o poder familiar. VII - representá-los judicial e extrajudicialmente até os 16 (dezesseis) anos, nos atos da vida civil, e assisti-los, após essa idade, nos atos em que forem partes, suprindo-lhes o consentimento; VIII - reclamá-los de quem ilegalmente os detenha; IX - exigir que lhes prestem obediência, respeito e os serviços próprios de sua idade e condição. No Código Civil de 1916, estipulava-se o pátrio poder e não o poder familiar, o pátrio poder seria exercido pelo marido, sendo a mulher mera colaboradora, prevalecendo a decisão do pai em caso de divergência entre ambos. A expressão “poder familiar” substituiu a expressão “pátrio poder” no Estatuto da Criança e do Adolescente, a partir da Lei n. 12.010/2009, todavia, esse apenas foi um reflexo do reconhecimento de igualdade de direitos entre mulher e homens, previsto na Constituição Federal de 1988 e da alteração do Código Civil de 2002. Curso Preparatório para OAB 2ª Fase Civil Professora Franciele Kühl 24 São deveres impostos ao poder familiar, tanto para família natural, família extensa ou ampliada e a família substituta: a) Dever de sustento: provisão de subsistência material, se estiver estudando em ensino superior, aplica-se por analogia as regras previdenciárias e tributárias, que fixam idade final como dependência os vinte e quatro anos de idade (art. 77, §2º, da Lei n. 3.000/1999). b) Dever de guarda: direito ao filho de conviver com os pais. c) Dever de educação: abrange a educação formal, para instrução básica e a familiar (de crenças e cultura). É direito da criança e do adolescente permanecer no seio familiar, excepcionalmente ocorrerá a suspensão ou destituição do poder familiar. O Estatuto da Criança e do Adolescente prevê o acolhimento institucional (que substituiu o termo “abrigamento”, de criança e adolescentes que tiveram seus direitos violados e necessitam ser afastados temporariamente da convivência familiar. A permanência da criança e do adolescente em programa de acolhimento institucional não se prolongará por mais de 18 (dezoito meses), salvo comprovada necessidade que atenda ao seu superior interesse, devidamente fundamentada pela autoridade judiciária, é o que trata o artigo 19 e parágrafos, do ECA. Esse recolhimento passará por reavaliação no prazo de seis meses, sendo que a manutenção ou a reintegração de criança ou adolescente à sua família terá preferência em relação a qualquer outra providência. A perda ou suspensão do poder familiar se dá por decretação judicial, em procedimento contraditório, nos casos previstos da legislação civil (art. 14, ECA). Vejamos, de acordo com o Código Civil: Curso Preparatório para OAB 2ª Fase Civil Professora Franciele Kühl 25 a) Extinção do poder familiar: Art. 1.635. Extingue-se o poder familiar: I - pela morte dos pais ou do filho; II - pela emancipação, nos termos do art. 5º, parágrafo único; III - pela maioridade; IV - pela adoção; V - por decisão judicial, na forma do artigo 1.638. b) Perda poder familiar: Art. 1.638. Perderá por ato judicial o poder familiar o pai ou a mãe que: I - castigar imoderadamente o filho; II - deixar o filho em abandono; III - praticar atos contrários à moral e aos bons costumes; IV - incidir, reiteradamente, nas faltas previstas no artigo antecedente. V - entregar de forma irregular o filho a terceiros para fins de adoção. c) Suspensão poder familiar: Art. 1.637. Se o pai, ou a mãe, abusar de sua autoridade, faltando aos deveres a eles inerentes ou arruinando os bens dos filhos, cabe ao juiz, requerendo algum parente, ou o Ministério Público, adotar a medida que lhe pareça reclamada pela segurança do menor e seus haveres, até suspendendo o poder familiar, quando convenha. Parágrafo único. Suspende-se igualmente o exercício do poder familiar ao pai ou à mãe condenados por sentença irrecorrível, em virtude de crime cuja pena exceda a dois anos de prisão. O filho que não for reconhecido pelo pai, fica sob poderfamiliar exclusivo da mãe e se esta não for reconhecida ou capaz de exercer o poder familiar, será nomeado tutor ao menor (Art. 1.33, CC). Curso Preparatório para OAB 2ª Fase Civil Professora Franciele Kühl 26 9.2 Família natural Entende-se por família natural, segundo o artigo 25, caput, do ECA, a comunidade formada pelos pais ou qualquer deles e seus descendentes, isto é, corresponde ao parentesco biológico. As recentes alterações advindas das Leis n. 12.962/2014 e n. 13.257/2016, que alteraram a redação de alguns artigo do ECA, asseguraram que a carência de recursos materiais (art. 23), a dependência de substâncias entorpecentes ou a condenação criminal, com cumprimento de pena privativa de liberdade, do pai ou da mãe, salvo se for contra o próprio filho(a) (art. 23, §2º), não implicam, por si só, na destituição do poder familiar. A perda ou suspensão do poder familiar só podem ser decretadas judicialmente, respeitado o contraditório e somente nas hipóteses previstas no Código Civil e se forem injustificadamente descumpridos os deveres de sustento, guarda e educação (art. 24, do ECA). 9.3 Família extensa ou ampliada: Curso Preparatório para OAB 2ª Fase Civil Professora Franciele Kühl 27 9.4 Família substituta: A colocação em família substituta ocorre em três modalidades: através da guarda, tutela ou da adoção, todas elas estão condicionadas a decisão judicial, sendo, em todos os casos, analisado se a família substituta possui compatibilidade com a natureza da medida e se oferece ambiente familiar adequado, segundo os artigos 28 e 29, do ECA. Considerando o profundo impacto que a colocação em família substituta causa, o Estatuto determina, que sempre que possível a criança será previamente ouvida por equipe interprofissional, tratando-se de maior de 12 anos de idade, portanto, adolescente, será necessário o consentimento obrigatório, conforme artigo 28, §§1º e 2º, do ECA. Além disso, deve ser apreciado o parentesco e a relação de afinidade ou de afetividade, afim de preservar o melhor interesse. Os grupos de irmãos não serão separados, via de regra, salvo situações excepcionais de solução diversa, plenamente justificados, evitando o rompimento definitivo de qualquer modo. O estatuto procura ainda considerar a diversidade cultural, em se tratando de criança ou adolescente indígena ou proveniente de comunidade remanescente de quilombo. Respeitando a identidade social e cultural, costumes e tradições, prevalecendo a colocação familiar prioritariamente no seio de sua comunidade ou junto a membros da mesma etnia. No caso de crianças indígenas, estas, deverão ter acompanhamento de antropólogos e de agentes da FUNAI. A colocação em família substituta estrangeira constitui medida excepcional, somente admissível na modalidade de adoção, segundo o artigo 31, do ECA. No caso da gestante que manifesta interesse em entregar seu filho para adoção, deverá ser encaminhada para Justiça da Infância e da Juventude (Art. 19-A, ECA), não havendo um representante da família extensa apto para receber a guarda da criança, a autoridade judiciária deverá decretar a extinção do poder familiar e determinar a colocação da criança sob guarda provisória de quem Curso Preparatório para OAB 2ª Fase Civil Professora Franciele Kühl 28 estiver habilitado a adotá-la ou, então, de entidade de acolhimento familiar ou institucional. 9.4.1 Da guarda: Inicialmente cabe a nós lembrarmos que a guarda é um dos deveres inerentes do poder familiar, assim, preferencialmente são os pais (da família de origem) que detêm a guarda (ZAPATER, 2017, p. 1006). A guarda obriga a prestação de assistência material, moral e educacional à criança ou adolescente, conferindo a seu detentor o direito de opor-se a terceiros, inclusive aos pais. Ela destina-se a regularizar a posse da criança ou do adolescente, podendo ser concedida no final de uma ação judicial, liminarmente ou incidentalmente, salvo nos casos de adoção estrangeira, que não poderá ocorrer de forma liminar ou incidental, segundo o artigo 33, §1º, do ECA. Em regra, a guarda será utilizada para casos de tutela e adoção, excepcionalmente para atender situações peculiares ou para suprir a falta dos pais ou responsáveis, podendo o direito de representação ser para apenas alguns atos determinados. Ela confere a criança ou ao adolescente a condição de dependente para qualquer fim, inclusive para fins previdenciários. Ela não impede o direito de visitas dos pais, ou o dever deles de prestar alimentos. A guarda pode ser revogada a qualquer momento mediante ato judicial fundamentado, ouvido o Ministério Público, segundo o artigo 35, do ECA. 9.4.2 Da tutela A tutela pode ser deferida a pessoa até 18 anos de idade, ela pressupõe a prévia decretação da perda ou suspensão do poder familiar e implica, necessariamente o dever de guarda. O tutor nomeado por testamento ou qualquer documento autêntico, tem o prazo de 30 dias após a abertura da sucessão, para ingressar com o pedido de tutela, sendo que nesse pedido será avaliada a vontade do tutelando e também Curso Preparatório para OAB 2ª Fase Civil Professora Franciele Kühl 29 se não existe outra pessoa em melhores condições para assumir. A tutela está subordinada as regras do artigo 24, do ECA e também dos artigos 1.728 a 1.734 do Código Civil. Curso Preparatório para OAB 2ª Fase Civil Professora Franciele Kühl 30 9.4.3 Da adoção: A adoção é medida excepcional e irrevogável, à qual se deve recorrer apenas quando esgotados os recursos de manutenção da criança ou adolescente na família natural ou extensa, atribui a condição de filho ao adotado, análoga à do parentesco biológico, com os mesmos direitos e deveres, inclusive sucessórios, desligando o adotado de qualquer vínculo com pais e parentes, segundo os artigos 39, §1º, e 40, do ECA. É vedada a adoção por procuração, ela ocorre somente pela via judicial, sendo observados os interesses do adotando. A criança ou adolescente deve contar com no máximo 18 anos de idade, salvo se já estiver sob a guarda ou tutela dos adotantes. Segundo o artigo 41, §1º, do Eca, se um dos cônjuges ou concubinos adota o filho do outro, mantêm-se os vínculos de filiação entre o adotado e o cônjuge ou concubino do adotante e os respectivos parentes. Quem pode adotar? Os maiores de 18 (dezoito) anos, independentemente do estado civil, com 16 anos de diferença entre adotante e adotado. Quem não pode adotar? Os ascendentes e os irmãos do adotando e quem tiver menos de 16 anos de diferença do adotado. Divorciado, separado e os ex-companheiros podem adotar conjuntamente? Os divorciados, os judicialmente separados e os ex-companheiros podem adotar conjuntamente, contanto que acordem sobre a guarda e o regime de visitas e desde que o estágio de convivência tenha sido iniciado na constância do período de convivência e que seja comprovada a existência de vínculos de afinidade e afetividade com aquele não detentor da guarda, que justifiquem a excepcionalidade da concessão. É possível a guarda compartilhada? Conforme §2º, do artigo 42, do ECA e artigo 1.583 e seguinte do Código Civil, é possível a aguarda compartilhada, salvo se houve a perda do poder familiar. A guarda compartilhada corresponde Curso Preparatório para OAB 2ª Fase Civil Professora Franciele Kühl 31 a responsabilização conjunta do exercício de direitos e deveres do pai e da mãe que não vivem sob o mesmo teto (NUCCI, 2017, p. 186). E se o adotante falecer no curso do processo de adoção? A adoção poderá ser deferida ao adotante que, após inequívoca manifestação de vontade, vier a falecer no curso do procedimento, antes de prolatada a sentença.Preferência na adoção: 1) Brasileiros, residentes no país. 2) Brasileiros, residentes no exterior. 3) Estrangeiros, residentes no exterior. É possível a adoção unilateral? Sim, é possível a adoção de um cônjuge ou companheiro, por exemplo, se Joana é filha adotada de Maria, a qual inicia uma união estável com João, este poderá adotar unilateralmente, Joana, ainda que Maria e João terminem o relacionamento, sendo o desejo de João e Joana, poderá haver a adoção unilateral, pois já houve a convivência familiar deles e há a existência de vinculo. Neste caso, Maria e João deverão acordar sobre a guarda. A adoção depende do consentimento dos pais ou do representante legal do adotando (art. 45), isto é, ela não poderá ser forçada, esse consentimento só será dispensado se os pais forem desconhecidos ou se ocorreu a destituição do poder familiar. Lembrando que o maior de 12 anos tem direito de consentir com a adoção. A adoção será precedida de estágio de convivência, pelo prazo máximo de 90 dias (podendo ser prorrogado por prazo igual), o qual pode ser dispensado Curso Preparatório para OAB 2ª Fase Civil Professora Franciele Kühl 32 se o adotado estiver sob a tutela ou guarda legal tempo suficiente para que tenha sido averiguada a conveniência da constituição de vínculo (art. 46 e seus parágrafos). Em caso de adoção por pessoa ou casal residente ou domiciliado fora do País, o estágio de convivência será de, no mínimo, 30 (trinta) dias e, no máximo, 45 (quarenta e cinco) dias, prorrogável por até igual período, uma única vez, mediante decisão fundamentada da autoridade judiciária O estágio de convivência será acompanhado pela equipe interprofissional a serviço da Justiça da Infância e da Juventude, será cumprido no território nacional, preferencialmente na comarca de residência da criança ou adolescente, ou, a critério do juiz, em cidade limítrofe, respeitada, em qualquer hipótese, a competência do juízo da comarca de residência da criança. O adotado, após completar 18 anos de idade, tem direito de conhecer sua origem biológica, bem como, ter acesso irrestrito ao processo de adoção, sendo Curso Preparatório para OAB 2ª Fase Civil Professora Franciele Kühl 33 assegurada orientação e assistência jurídica e psicológica, conforme artigo 48 e parágrafo único, do ECA. A morte dos adotantes não restabelece o poder familiar dos pais naturais, segundo artigo 48 e parágrafo único, do ECA. Cabe a autoridade judiciária manter na comarca ou foro regional, o registro de crianças e adolescente e pessoas aptas para adotar e serem adotadas. A inscrição será orientada pela equipe técnica da Justiça da Infância e da Juventude (art. 50 e parágrafos, do ECA). O Estatuto também prevê a criação e implementação de cadastros estaduais e a nível nacional, de crianças e adolescentes e postulantes à adoção. Para casais estrangeiros, o cadastro será distinto, e somente serão consultados na ausência de casais nacionais habilitados (brasileiros residentes no exterior terão preferência aos estrangeiros). Enquanto não localizada pessoa ou casal interessado em sua adoção, a criança ou o adolescente, sempre que possível e recomendável, será colocado sob guarda de família cadastrada em programa de acolhimento familiar (§11, art. 50, do ECA). Crianças com deficiência, doença crônica ou necessidades específicas de saúde tem prioridade no cadastro de adoção. Curso Preparatório para OAB 2ª Fase Civil Professora Franciele Kühl 34 A adoção internacional observará o procedimento previsto nos arts. 165 a 170 desta Lei, os países devem ser ratificantes da Convenção de Haia1, com as seguintes adaptações: a habilitação deve na Autoridade Central em matéria de adoção do país onde reside, a qual deverá emitir relatório sobre aptidão e enviará para a Autoridade Central Estadual, com cópia para Autoridade Central Federal Brasileira, a Autoridade Central Estadual poderá exigir complementações, de posse do laudo de habilitação, o interessado será autorizado a formalizar pedido de adoção perante o Juízo da Infância e da Juventude do local em que se encontra a criança ou adolescente. As autoridades do Brasil devem analisar o pedido e emitir, com validade de um ano, o laudo de habilitação para adoção. Todo esse processo poderá ser intermediado por organismos credenciados, cadastrados pelo Departamento de Polícia Federal e aprovados pela Autoridade Central Federal Brasileira. Após o trânsito em julgado da decisão que concede a adoção é expedido o alvará de autorização de viagem do adotando. 1 O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) é o responsável por coordenar e regulamentar a aplicação da Convenção da Apostila da Haia no Brasil, que entra em vigor em agosto de 2016. O tratado, assinado no segundo semestre de 2015 pelo Brasil, tem o objetivo de agilizar e simplificar a legalização de documentos entre os 112 países signatários, permitindo o reconhecimento mútuo de documentos brasileiros no exterior e de documentos estrangeiros no Brasil. https://www.hcch.net/pt/instruments/conventions/full-text/?cid=41 Curso Preparatório para OAB 2ª Fase Civil Professora Franciele Kühl 35 Curso Preparatório para OAB 2ª Fase Civil Professora Franciele Kühl 36 OUTROS PROCEDIMENTOS: O procedimento para perda ou suspensão do poder familiar e para colocação em família substituta estão regulados pelos artigos 155 a 170, do ECA. 10.1 Perda ou suspensão do poder familiar: Pode ser iniciado pelo Ministério Público, pelos pais, ou qualquer pessoa que tenha interesse, como um membro da entidade familiar. Ao receber a petição inicial. Havendo motivo grave, poderá a autoridade judiciária, ouvido o Ministério Público, decretar a suspensão do pátrio poder familiar, liminar ou incidentalmente, até o julgamento definitivo da causa, ficando a criança ou adolescente confiado a pessoa idônea, mediante termo de responsabilidade (art. 157, ECA). O prazo máximo para conclusão do procedimento será de 120 (cento e vinte) dias, e caberá ao juiz, no caso de notória inviabilidade de manutenção do poder familiar, dirigir esforços para preparar a criança ou o adolescente com vistas à colocação em família substituta. A sentença que decretar a perda ou a suspensão do poder familiar será averbada à margem do registro de nascimento da criança ou do adolescente. De acordo com o artigo 156, a petição deve conter (além daqueles requisitos estipulados no 319 e 320 do CPC): I - a autoridade judiciária a que for dirigida; II - o nome, o estado civil, a profissão e a residência do requerente e do requerido, dispensada a qualificação em se tratando de pedido formulado por representante do Ministério Público; III - a exposição sumária do fato e o pedido; IV - as provas que serão produzidas, oferecendo, desde logo, o rol de testemunhas e documentos. 10 Curso Preparatório para OAB 2ª Fase Civil Professora Franciele Kühl 37 O requerido é citado no prazo de 10 dias, para oferecer resposta escrita, indicando as provas a serem produzidas e oferecendo desde logo o rol de testemunhas e documentos (art. 158, ECA). Apresentada a resposta, a autoridade judiciária dará vista ao MP, por cinco dias, salvo se este for o requerente, designando desde logo a audiência de instrução e julgamento (art. 162, ECA). Na audiência, serão ouvidas as testemunhas, colhe-se oralmente o parecer técnico, salvo se apresentado anteriormente por escrito, manifesta-se o requerente, o requerido e o MP, pelo tempo de 20 minuto cada um, prorrogáveis por mais 10 minutos. A decisão deverá serproferida na audiência ou, então, a autoridade irá designar sua leitura no prazo máximo de cinco dias. 10.2 Colocação em família substituta: O procedimento para colocação de criança ou adolescente em família substituta é instaurado por petição inicial ajuízada por quem tiver interesse. A inicial poderá conter pedido de guarda provisória e nos pedidos de adoção o requerimento para a determinação do estágio de convivência (art. 167, do ECA). Curso Preparatório para OAB 2ª Fase Civil Professora Franciele Kühl 38 O juiz requererá a realização de estudo social, ou perícia por equipe de profissionais interprofissional, para decidir sobre a concessão de guarda provisória, ou no caso de adoção, pelo estágio de convivência. A colocação de criança ou adolescente sob a guarda de pessoa inscrita em programa de acolhimento familiar será comunicada pela autoridade judiciária à entidade por este responsável no prazo máximo de 5 (cinco) dias. 10. 3 Pedido de adoção com pais desconhecidos ou falecidos: EXCELENTISSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ... VARA CÍVEL DA COMARCA DE.... OU EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA VARA DA INFÂNCIA E JUVENTUDE DA COMARCA DE... (se o enunciado trouxer a informação de que existe vara especializada da infância e juventude) AUTOR..., nacionalidade..., estado civil..., união estável..., profissão..., portador da Cédula de identidade nº..., inscrito no CPF sob nº..., e AUTORA, nacionalidade..., estado civil..., união estável..., profissão..., portador da Cédula de identidade nº..., inscrito no CPF sob nº..., com endereço eletrônico..., residentes e domiciliados na Rua..., nº..., Bairro..., Cidade..., Estado..., CEP..., por intermédio de seu procurador constituído (procuração em anexo), OAB..., endereço eletrônico... e endereço profissional na Rua..., nº..., Bairro..., Cidade..., Estado..., onde recebe intimações, vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, com fundamento no artigo 165 e seguintes do Estatuto da Criança e do Adolescente e no artigo 1.618 do Código Civil, propor a presente AÇÃO DE ADOÇÃO, de NOME DO ADOTADO, nacionalidade..., data de nascimento, Curso Preparatório para OAB 2ª Fase Civil Professora Franciele Kühl 39 estado civil..., união estável..., profissão..., portador da Cédula de identidade nº..., inscrito no CPF sob nº..., com endereço eletrônico..., residente e domiciliado na Rua..., nº..., Bairro..., Cidade..., Estado..., CEP..., pelas razões de fato e de direito a seguir expostas: 1. DOS FATOS: Narrar o que ocorreu no mundo dos fatos que ensejou a propositura da ação, conforme problema fornecido pela FGV. 2. DO DIREITO: Trazer a fundamentação legal da ação. 3. DOS PEDIDOS: Diante do exposto, requer o Autor: a) O recebimento da presente demanda; b) A tramitação preferencial do presente feito, tendo em vista o artigo 1.048, inciso II, do Código de Processo Civil e artigo 47, §9º, do Estatuto da Criança e do Adolescente. c) O benefício da gratuidade da justiça, por ser o Autor pessoa pobre nos termos da lei, consoante previsão dos artigos 98 e 99 do Código de Processo Civil, conforme declaração anexa (se o enunciado trouxer informações para esse pedido, lembrando que nas ações que tramitam na Justiça da infância não possuem custo, isto é, são isentas de custas e emolumentos, segundo o §2º, do artigo 141 do ECA). d) A total procedência da ação com o fim de que seja concedida aos autores a adoção de NOME DO ADOTADO. Ou Curso Preparatório para OAB 2ª Fase Civil Professora Franciele Kühl 40 d) A total procedência da ação com o fim de que seja concedida aos autores a adoção de NOME DO ADOTADO, dispensando-se o estágio de convivência em razão da criança já residir com os requerentes há longo tempo (de acordo com as informações do enunciado). e) A intimação do representante do Ministério Público para que acompanhe o feito; f) A produção de todos os meios de provas permitidos em direito, em especial... (o candidato deverá analisar se enunciado fala sobre provas documentais, testemunhas, perícia social e psicológica, etc.). g) Expedição de mandado para o Cartório de Registro Civil desta Comarca, para cancelar o registro original do adotado e que seja lavrado novo registro contendo o nome dos adotantes como pais, bem como, de seus ascendentes e que, o adotado, passará a se chamar FULANO DE TAL, segundo artigo 47, §§1º, 2º e 5º do ECA. h) A oitiva da criança ou adolescente, para que manifeste sobre sua concordância, ou não, com o pedido de adoção dos autores, consoante artigo 28, §1º, do ECA. Valor da causa: Dá a causa o valor de R$... Termos em que, Pede deferimento. Local..., Data... Advogado... OAB... Curso Preparatório para OAB 2ª Fase Civil Professora Franciele Kühl 41 10.4 Pedido de adoção que necessita da concordância dos pais biológicos: EXCELENTISSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ... VARA CÍVEL DA COMARCA DE.... OU EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA VARA DA INFÂNCIA E JUVENTUDE DA COMARCA DE... (se o enunciado trouxer a informação de que existe vara especializada da infância e juventude) AUTOR..., nacionalidade..., estado civil..., união estável..., profissão..., portador da Cédula de identidade nº..., inscrito no CPF sob nº..., e AUTORA, nacionalidade..., estado civil..., união estável..., profissão..., portador da Cédula de identidade nº..., inscrito no CPF sob nº..., com endereço eletrônico..., residentes e domiciliados na Rua..., nº..., Bairro..., Cidade..., Estado..., CEP..., por intermédio de seu procurador constituído (procuração em anexo), OAB..., endereço eletrônico... e endereço profissional na Rua..., nº..., Bairro..., Cidade..., Estado..., onde recebe intimações, vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, com fundamento no artigo 165 e seguintes do Estatuto da Criança e do Adolescente e no artigo 1.618 do Código Civil, propor a presente AÇÃO DE ADOÇÃO, de NOME DO ADOTADO, nacionalidade..., data de nascimento, estado civil..., união estável..., profissão..., portador da Cédula de identidade nº..., inscrito no CPF sob nº..., com endereço eletrônico..., residente e domiciliado na Rua..., nº..., Bairro..., Cidade..., Estado..., CEP..., em face de NOME DO RÉU (pai biológico), nacionalidade..., estado civil..., união estável..., profissão..., portador da Cédula de identidade nº..., inscrito no CPF sob nº..., e NOME DA RÉ (mãe biológica), nacionalidade..., estado civil..., união estável..., profissão..., portador da Cédula de identidade nº..., inscrito no CPF sob nº..., com endereço eletrônico..., residentes e domiciliados na Rua..., nº..., Curso Preparatório para OAB 2ª Fase Civil Professora Franciele Kühl 42 Bairro..., Cidade..., Estado..., CEP..., pelas razões de fato e de direito a seguir expostas: 1. DOS FATOS: Narrar o que ocorreu no mundo dos fatos que ensejou a propositura da ação, conforme problema fornecido pela FGV. 2. DO DIREITO: Trazer a fundamentação legal da ação. 3. DOS PEDIDOS: Diante do exposto, requer o Autor: a) O recebimento da presente demanda; b) A tramitação preferencial do presente feito, tendo em vista o artigo 1.048, inciso II, do Código de Processo Civil e artigo 47, §9º, do Estatuto da Criança e do Adolescente. c) O benefício da gratuidade da justiça, por ser o Autor pessoa pobre nos termos da lei, consoante previsão dos artigos 98 e 99 do Código de Processo Civil, conforme declaração anexa (se o enunciado trouxer informações para esse pedido, lembrando que nas ações que tramitam na Justiça da infância não possuem custo, isto é, são isentas de custas e emolumentos, segundoo §2º, do artigo 141 do ECA). d) Citação dos requeridos para que compareçam em audiência a ser designada pelo Juízo, onde deverão ratificar, ou não, sua concordância com o pedido de adoção. e) A total procedência da ação com o fim de que seja concedida aos autores a adoção de NOME DA ADOTADA. Ou Curso Preparatório para OAB 2ª Fase Civil Professora Franciele Kühl 43 d) A total procedência da ação com o fim de que seja concedida aos autores a adoção de NOME DO ADOTADO, dispensando-se o estágio de convivência em razão da criança já residir com os requerentes (de acordo com as informações do enunciado). e) A intimação do representante do Ministério Público para que acompanhe o feito; f) A produção de todos os meios de provas permitidos em direito, em especial... (o candidato deverá analisar se enunciado fala sobre provas documentais, testemunhas, perícia social e psicológica, etc.). g) Expedição de mandado para o Cartório de Registro Civil desta Comarca, para cancelar o registro original do adotado e que seja lavrado novo registro contendo o nome dos adotantes como pais, bem como, de seus ascendentes e que, o adotado, passará a se chamar FULANO DE TAL, segundo artigo 47, §§1º, 2º e 5º do ECA. h) A oitiva da criança ou adolescente, para que manifeste sobre sua concordância, ou não, com o pedido de adoção dos autores, consoante artigo 28, §1º, do ECA. Valor da causa: Dá a causa o valor de R$... Termos em que, Pede deferimento. Local..., Data... Advogado... OAB... 10.5 Ação de destituição do poder familiar cumulada com pedido de adoção: Curso Preparatório para OAB 2ª Fase Civil Professora Franciele Kühl 44 EXCELENTISSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ... VARA CÍVEL DA COMARCA DE.... OU EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA VARA DA INFÂNCIA E JUVENTUDE DA COMARCA DE... (se o enunciado trouxer a informação de que existe vara especializada da infância e juventude) AUTOR..., nacionalidade..., estado civil..., união estável..., profissão..., portador da Cédula de identidade nº..., inscrito no CPF sob nº..., e AUTORA, nacionalidade..., estado civil..., união estável..., profissão..., portador da Cédula de identidade nº..., inscrito no CPF sob nº..., com endereço eletrônico..., residentes e domiciliados na Rua..., nº..., Bairro..., Cidade..., Estado..., CEP..., por intermédio de seu procurador constituído (procuração em anexo), OAB..., endereço eletrônico... e endereço profissional na Rua..., nº..., Bairro..., Cidade..., Estado..., onde recebe intimações, vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, com fundamento no artigo 155ª 163 do Estatuto da Criança e do Adolescente e nos artigos 1.618 e 1.638 do Código Civil, propor a presente AÇÃO DE DESTITUIÇÃO DO PODER FAMILIAR CUMULADA COM AÇÃO DE ADOÇÃO, de NOME DO ADOTADO, nacionalidade..., data de nascimento, estado civil..., união estável..., profissão..., portador da Cédula de identidade nº..., inscrito no CPF sob nº..., com endereço eletrônico..., residente e domiciliado na Rua..., nº..., Bairro..., Cidade..., Estado..., CEP..., em face de NOME DO RÉU (pai biológico), nacionalidade..., estado civil..., união estável..., profissão..., portador da Cédula de identidade nº..., inscrito no CPF sob nº..., e NOME DA RÉ (mãe biológica), nacionalidade..., estado civil..., união estável..., profissão..., portador da Cédula de identidade nº..., inscrito no CPF sob nº..., com endereço eletrônico..., residentes e domiciliados na Rua..., nº..., Bairro..., Cidade..., Estado..., CEP..., pelas razões de fato e de direito a seguir expostas: Curso Preparatório para OAB 2ª Fase Civil Professora Franciele Kühl 45 1. DOS FATOS: Narrar o que ocorreu no mundo dos fatos que ensejou a propositura da ação, conforme problema fornecido pela FGV. 2. DO DIREITO: Trazer a fundamentação legal da ação. 3. DOS PEDIDOS: Diante do exposto, requer o Autor: a) O recebimento da presente demanda; b) A tramitação preferencial do presente feito, tendo em vista o artigo 1.048, inciso II, do Código de Processo Civil e artigo 47, §9º, do Estatuto da Criança e do Adolescente. c) O benefício da gratuidade da justiça, por ser o Autor pessoa pobre nos termos da lei, consoante previsão dos artigos 98 e 99 do Código de Processo Civil, conforme declaração anexa (se o enunciado trouxer informações para esse pedido, lembrando que nas ações que tramitam na Justiça da infância não possuem custo, isto é, são isentas de custas e emolumentos, segundo o §2º, do artigo 141 do ECA). d) A total procedência da ação com o fim de que seja declarada a destituição do poder familiar dos réus em relação à criança ou adolescente e que seja concedida aos autores a adoção de NOME DO ADOTADO. Ou d) A total procedência da ação com o fim de que seja declarada a destituição do poder familiar dos réus em relação à criança ou adolescente e que seja concedida aos autores a adoção de NOME DO ADOTADO, dispensando-se o Curso Preparatório para OAB 2ª Fase Civil Professora Franciele Kühl 46 estágio de convivência em razão da criança já residir com os requerentes há longo tempo (de acordo com as informações do enunciado). e) A intimação do representante do Ministério Público para que acompanhe o feito; f) A produção de todos os meios de provas permitidos em direito, em especial... (o candidato deverá analisar se enunciado fala sobre provas documentais, testemunhas, perícia social e psicológica, etc.). g) Expedição de mandado para o Cartório de Registro Civil desta Comarca, para cancelar o registro original do adotado e que seja lavrado novo registro contendo o nome dos adotantes como pais, bem como, de seus ascendentes e que, o adotado, passará a se chamar FULANO DE TAL, segundo artigo 47, §§1º, 2º e 5º do ECA. h) A oitiva da criança ou adolescente, para que manifeste sobre sua concordância, ou não, com o pedido de adoção dos autores, consoante artigo 28, §1º, do ECA. Valor da causa: Dá a causa o valor de R$... Termos em que, Pede deferimento. Local..., Data... Advogado... OAB... DO ACESSO À JUSTIÇA: 11 Curso Preparatório para OAB 2ª Fase Civil Professora Franciele Kühl 47 É garantido a toda criança e adolescente o acesso à Defensoria Pública, Ministério Público e ao Poder Judiciário, sendo que a assistência judiciária gratuita será prestada sempre que necessário, através de defensor público ou de advogado nomeado. Lembrando que as ações que acontecem pela Justiça da Infância e Juventude são isentas de custas e emolumentos (art. 141, ECA). A competência será determinada a partir dos critérios estabelecidos no artigo 147, ECA: Art. 147. A competência será determinada: I - pelo domicílio dos pais ou responsável; II - pelo lugar onde se encontre a criança ou adolescente, à falta dos pais ou responsável. § 1º. Nos casos de ato infracional, será competente a autoridade do lugar da ação ou omissão, observadas as regras de conexão, continência e prevenção. § 2º A execução das medidas poderá ser delegada à autoridade competente da residência dos pais ou responsável, ou do local onde sediar-se a entidade que abrigar a criança ou adolescente. § 3º Em caso de infração cometida através de transmissão simultânea de rádio ou televisão, que atinja mais de uma comarca, será competente, para aplicação da penalidade, a autoridade judiciária do local da sede estadual da emissora ou rede, tendo a sentença eficácia para todas as transmissoras ou retransmissoras do respectivo estado. Aos procedimentos regulados pelo ECA são aplicados de forma subsidiaria os elencados na legislação processual vigente, então algumas regras são diferentes daquelas disposta no CPC, por exemplo: Art. 152. Aosprocedimentos regulados nesta Lei aplicam-se subsidiariamente as normas gerais previstas na legislação processual pertinente. § 1º É assegurada, sob pena de responsabilidade, prioridade absoluta na tramitação dos processos e procedimentos previstos nesta Lei, assim como na execução dos atos e diligências judiciais a eles referentes. § 2º Os prazos estabelecidos nesta Lei e aplicáveis aos seus procedimentos são contados em dias corridos, excluído o dia do começo e incluído o dia do vencimento, vedado o prazo em dobro para a Fazenda Pública e o Ministério Público. (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017) Art. 153. Se a medida judicial a ser adotada não corresponder a procedimento previsto nesta ou em outra lei, a autoridade judiciária poderá investigar os fatos e ordenar de ofício as providências necessárias, ouvido o Ministério Público. Parágrafo único. O disposto neste artigo não se aplica para o fim de afastamento da criança ou do adolescente de sua família de origem e em outros procedimentos necessariamente contenciosos. Curso Preparatório para OAB 2ª Fase Civil Professora Franciele Kühl 48 O artigo 198, do ECA, determina que nas ações relativas a Justiça da Infância e da Juventude, inclusive os relativos à execução das medidas socioeducativas, adotar-se-á o sistema recursal do Código de Processo Civil com as seguintes adaptações: Ainda, caberá apelação das decisões proferidas com base no artigo 149 (que trata da competência da autoridade judiciária para disciplinar, autorizar mediante alvará a entrada e permanência de criança ou adolescente desacompanhados dos pais ou responsável em estádio, boates, bailes, etc). Curso Preparatório para OAB 2ª Fase Civil Professora Franciele Kühl 49 REFERÊNCIAS BRANCHER, Leoberto Narciso. Organização e gestão do sistema de garantia de direitos da infância e juventude. 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