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Aula 01 Direito Processual Civil p/ Oficial PMDF Professores: Equipe Gabriel Borges, Gabriel Borges 02214600124 - Agatha Aparecida Rodrigues Moreira Direito Processual Civil Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges ʹ Aula 01 Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 2 de 75 DIREITO PROCESSUAL CIVIL P/ PMDF AULA 01: COMPETÊNCIA: CONCEITO, FORMAS, LIMITES E MODIFICAÇÕES DA COMPETÊNCIA. SUMÁRIO PÁGINA 1. Capítulo II: ¾ Competência: em razão do valor e da matéria; competência funcional e territorial; modificações de competência e declaração de incompetência. 1. Fixação da competência 2. Modificação de competência 2.1. Pela inércia do réu 3. Classificação 3.1. Distinção entre competência absoluta e competência relativa. 3.2. Em razão da matéria 3.3. Em razão do valor da causa 3.3.1. Lei 12.153/2009 3.4. Competência territorial 3.5. Competência funcional 4. Conflito de competências 5. Competência Internacional 5.1. Competência exclusiva (prevista no art. 89) 5.2. Competência concorrente (prevista no art. 88) 6. Declaração de incompetência 6.1. Dever de declaração 7. Perpetuatio jurisdictionis (perpetuação da jurisdição) 8. Temas de competência da justiça federal 02 3. Resumo 44 4. Questões comentadas 46 02214600124 02214600124 - Agatha Aparecida Rodrigues Moreira Direito Processual Civil Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges ʹ Aula 01 Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 3 de 75 5. Lista das questões apresentadas 69 6. Gabarito 75 CAPÍTULO II: DA COMPETÊNCIA. As regras da competência estão presentes na Constituição Federal (arts. 92 e seguintes), no CPC (arts. 86 e seguintes), em legislação esparsa, no regimento interno dos tribunais e nos códigos de organização judiciária. Essas normas dizem qual o órgão competente para receber cada ação, de acordo com a natureza jurídica, a matéria e as pessoas que participam da demanda. Competência é a fração delegada de jurisdição a um órgão ou conjunto de órgãos. A despeito de esse conceito dividir a jurisdição, no plano real, ela é una e indivisível. Ela também é entendida de outra forma, quando integra o Poder Judiciário: o juiz é investido da função jurisdicional; desse modo, onde houver órgão jurisdicional haverá jurisdição. Mas, há limitações a essa amplitude de atuação, e essa limitação é a competência. Se um órgão é incompetente, não quer dizer que ele perdeu a jurisdição, mas sim que teve a sua atuação limitada. 1. FIXAÇÃO DA COMPETÊNCIA Uma vez determinada a competência, em regra, não há possibilidade de alteração do juízo. Haveria enorme dificuldade, por exemplo, em ter uma ação proposta na Comarca de Belo Horizonte, que fosse encaminhada a Goiânia e depois a São Paulo. Se não houvesse a regra de fixação, os indivíduos estariam sujeitos a tal instabilidade. Dúvida: Quando ocorre a fixação? Determina-se a competência no momento do registro ou da distribuição da petição inicial (art. 43 do CPC/2015). Uma vez determinada a competência, em regra, não há possibilidade de alteração do juízo, sendo irrelevantes as modificações do estado de fato ou de direito ocorridas posteriormente, salvo quando suprimirem órgão judiciário ou alterarem a competência absoluta. (continuação do art. 43). O artigo 43 define o momento da perpetuatio jurisdictionis, ou seja, o instante em que ocorre a fixação da competência e a impossibilidade de sua 02214600124 02214600124 - Agatha Aparecida Rodrigues Moreira Direito Processual Civil Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges ʹ Aula 01 Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 4 de 75 alteração posterior, ressalvado a supressão do órgão jurisdicional ou alteração de competência absoluta. Observem que o referido artigo determinou para a fixação da perpetuatio jurisdictionis o registro ou a distribuição da petição inicial. Neste ponto, o CPC/2015 inovou em relação ao código de 1973. No CPC/1973 (art. 87), considerava-se o momento da propositura da ação como o de fixação da competência. Agora, no CPC/2015, o momento do registro ou da distribuição da petição inicial. Será considerado o momento da distribuição para a fixação da competência nas comarcas onde houver mais de uma vara especializada na mesma matéria. Inova, também, o código de 2015 ao definir o momento de prevenção do juízo. Vale relembrar que a prevenção é aquele instituto que torna o juízo competente para julgar determinada causa e as que sejam conexas a ela, de tal modo que se houver desistência da ação num momento e sua re-proposição no futuro, o juízo prevento deverá continuar a apreciá-la. Percebam, pois, que esse instituto se conecta ao princípio do juiz natural, uma vez que impede a modificação de órgãos judiciários por uma manobra da parte ± nesse caso, desistir da ação, para propô-la em momento diferente, perante novo juízo. No código de 1973 os momentos de fixação da competência e de prevenção do juízo eram distintos ± considerava-se prevento aquele que despachou em primeiro lugar (art. 106/CPC-1973) ±, enquanto no código de 2015, tanto a fixação quanto a prevenção ocorrem no mesmo momento: no registro ou na distribuição. Art. 59. O registro ou a distribuição da petição inicial torna prevento o juízo. Assim o registro ou a distribuição fixam a competência e tornam prevento o juízo. Um mesmo fato que gera a fixação e a prevenção. Outro ponto que devemos reforçar é de que são irrelevantes as modificações do estado de fato ou de direito ocorridas posteriormente, salvo quando suprimirem órgão judiciário ou alterarem a competência absoluta. Exemplo: Contra Alice, residente em São Paulo, foi proposta ação de cobrança. A ação de cobrança deve ser proposta no domicílio do réu. 02214600124 02214600124 - Agatha Aparecida Rodrigues Moreira Direito Processual Civil Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges ʹ Aula 01 Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 5 de 75 Alice, cansada da intensa movimentação de São Paulo, resolve mudar-se para Feira de Santana (BA) e leva consigo toda a atividade de seu escritório.Mas, ainda que a residência da ré tenha sido alterada, a lide já estava estabilizada e a mudança não leva nenhum efeito ao processo. Somente em situações excepcionais poderá ser alterada a competência: são os casos de modificação de competência. 2. MODIFICAÇÃO DE COMPETÊNCIA Quando ocorre a modificação de competência, o julgamento do processo é realizado por juízo diverso do que previu, a princípio, a lei. A modificação ocorre nos casos de competência relativa. Também é admitida em razão da continência ou da conexão. A competência determinada em razão da matéria, da pessoa ou da função é inderrogável por convenção das partes. As partes podem modificar a competência em razão do valor e do território, elegendo foro onde será proposta ação oriunda de direitos e obrigações. A eleição de foro só produz efeito quando constar de instrumento escrito e aludir expressamente a determinado negócio jurídico. Além disso, o CPC/2015 expressamente prevê que o foro contratual obriga os herdeiros e sucessores das partes. Contudo, antes da citação, a cláusula de eleição de foro, se abusiva, pode ser reputada ineficaz de ofício pelo juiz, que determinará a remessa dos autos ao juízo do foro de domicílio do réu. O legislador quis com essa previsão de restrição à eleição abusiva de foro que fossem preservados os princípios da dignidade da justiça e da isonomia, uma vez que impede o peso excessivo de um foro eleito a alguma das partes. Depois de citado, incumbe ao réu alegar a abusividade da cláusula de eleição de foro na contestação, sob pena de preclusão. Conexão e continência Dá-se a continência entre 2 (duas) ou mais ações quando houver identidade quanto às partes e à causa de pedir, mas o pedido de uma, por ser mais amplo, abrange o das demais. (Art. 56, CPC/2015). Ou seja, uma está contida na outra. É importante 02214600124 02214600124 - Agatha Aparecida Rodrigues Moreira Direito Processual Civil Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges ʹ Aula 01 Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 6 de 75 mencionar que diferente da conexão, na continência deduz não só a identidade da causa de pedir, mas também das partes. Quando houver continência e a ação continente tiver sido proposta anteriormente, no processo relativo à ação contida será proferida sentença sem resolução de mérito, caso contrário, as ações serão necessariamente reunidas. (Art. 57, CPC2015). O artigo 57 determina que não ocorrerá de forma invariável, a junção dos processos para o julgamento. Caso o processo ao qual se vincula a ação continente (a que possui o objeto mais amplo) tiver sido anteriormente ajuizada, no processo no qual está sendo processada a ação contida (aquela que contém o objeto mais curto) deverá ser proferida a sentença sem resolução de mérito. Contudo, se o processo que contém a ação contida for anterior ao que contém a ação continente, ambas serão, necessariamente, reunidas para julgamento conjunto. No caso de reunião dos processos tem-se competência relativa. Na continência, portanto, são comuns as partes e a causa de pedir e distinguem- se os objetos. Mas, um dos pedidos, por ser menor, acaba inserido no outro. Uma situação hipotética de continência seria: Marcos, dirigindo sua Ferrari em Mônaco, atropelou Bráulio. Bráulio ficou impossibilitado de trabalhar na escuderia de Fórmula 1, em que é mecânico, por um ano. Apesar da amizade, Bráulio requereu indenização por lucros cessantes em uma ação e reparação por perdas e danos (que inclui lucros cessantes) em outra. Reparem que o pedido da primeira ação foi englobado pelo da segunda. Na conexão, é diferente, há identidade da causa de pedir ou do objeto, mas não têm que ser idênticas as partes. Um exemplo de conexão: Marcos atropelou com sua Ferrari não apenas o Bráulio, mas, também, o Fitzgerald. Os dois ficaram bem, não foi nada grave, mas cada um deles propôs ação de perdas e danos contra o motorista (mesmo réu). Duas ações com idênticos pedidos e causa de pedir, mas com autores diferentes. Continente Contida 02214600124 02214600124 - Agatha Aparecida Rodrigues Moreira Direito Processual Civil Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges ʹ Aula 01 Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 7 de 75 Anote-se que, a despeito da estrita imposição legal, o STJ firmou orientação no sentido de que não se exige perfeita identidade entre os requisitos fixados (continência e conexão), para que ocorra a conexão das ações, sendo essencial que o julgador, em seu prudente arbítrio, reconheça a pertinência da medida. O legislador, ao determinar a reunião dessas ações, quis evitar a contradição nos julgados. Não haverá reunião dos processos, se um deles já foi julgado (Súmula 235 do STJ). Este enunciado foi consagrado no Novo Código e agora está expressamente na lei. Vejam o que dispõe a segunda parte do § 1º do artigo 55: Art. 55. Reputam-se conexas 2 (duas) ou mais ações quando lhes for comum o pedido [objeto] ou a causa de pedir. § 1º Os processos de ações conexas serão reunidos para decisão conjunta, salvo se um deles já houver sido sentenciado. Dúvida: Como ocorre a reunião dos processos? E qual o juiz deixará de julgar para que o outro julgue? Quando o réu for citado de uma nova ação, ele pedirá para reuni-la ao processo que tenha com ela continência ou conexão. O juiz pode também aplicar, de ofício, a regra da reunião dos processos (inciso VII c/c § 4o do art. 301). O julgamento das duas ações ficará a cargo do juiz que primeiro realizou citação válida. A citação válida torna prevento o juízo (art. 219 do CPC). O artigo 219 menciona juízo, mas na sua redação deveria constar foro: a citação válida torna o foro prevento. O momento de tornar prevento o juízo, quando há conflito entre dois juízes de mesma competência territorial, é definido pelo DUWLJR� ����� ³&RUUHQGR� HP� VHSDUDGR� Do}HV� FRQH[DV� SHUDQWH� MXt]HV� que têm a mesma competência territorial, considera-se prevento DTXHOH�TXH�GHVSDFKRX�HP�SULPHLUR�OXJDU´��DUW������&3&�� 2.1. PELA INÉRCIA DO RÉU Se o autor ajuíza ação em foro diferente do que a lei prevê e o réu se silencia, não suscitando a incompetência, o juízo indicado de modo equivocado pelo autor torna-se o competente. Nesse caso, há o fenômeno da prorrogação. A modificação de competência não ocorrerá se os dois juízos são absolutamente competentes. Assim, não 02214600124 02214600124 - Agatha Aparecida Rodrigues Moreira Direito Processual Civil Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges ʹ Aula 01 Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.brPágina 8 de 75 haverá possibilidade de reunião dos processos para julgamento conjunto, nem será admitido o critério da prevenção. 3. CLASSIFICAÇÃO Quando o ordenamento jurídico pátrio divide as atividades jurisdicionais em vários órgãos e juízes, ele pretende suprir impossibilidades práticas e físicas. Não se poderia delegar a um juiz o papel de solucionar sozinho todos os litígios que reivindicam prestação jurisdicional. Desse modo, inúmeros critérios de competência são adotados. 3.1. DISTINÇÃO ENTRE COMPETÊNCIA ABSOLUTA E COMPETÊNCIA RELATIVA Competência Relativa Competência Absoluta Privilegia a vontade das partes Razões de Ordem Pública Em regra, não pode ser declarada de ofício, salvo se for considerada abusiva (art. 63, § 3º, CPC). Pode ser declarada de ofício Há preclusão processual; não se admite arguição posterior (Súmula 33 do STJ) Não há preclusão; permite-se alegação a qualquer tempo e grau de jurisdição. Origem: descumprimento das normas de competência em razão do valor e do território. Origem: Material, natureza da lide; funcional, considera a função do órgão; pessoas (art. 109 da CF). Incompetência relativa: vício de nulidade relativa Incompetência absoluta: gera uma nulidade absoluta Normas de caráter dispositivo podem ser flexibilizadas. Normas de caráter cogente, não podem ser flexibilizadas. Argui-se, por preliminar de contestação, tanto a incompetência absoluta quanto a relativa. A incompetência absoluta pode ser alegada em qualquer tempo e grau de jurisdição e deve ser declarada de ofício. Reparem que a exceção de incompetência, como uma peça autônoma, foi abolida pelo CPC/2015, que preserva, contudo, as 02214600124 02214600124 - Agatha Aparecida Rodrigues Moreira Direito Processual Civil Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges ʹ Aula 01 Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 9 de 75 diferenças e os principais efeitos entre a incompetência relativa e absoluta, como se vê nos artigos 64 e 65. Art. 64. A incompetência, absoluta ou relativa, será alegada como questão preliminar de contestação. § 1o A incompetência absoluta pode ser alegada em qualquer tempo e grau de jurisdição e deve ser declarada de ofício. § 2o Após manifestação da parte contrária, o juiz decidirá imediatamente a alegação de incompetência. § 3o Caso a alegação de incompetência seja acolhida, os autos serão remetidos ao juízo competente. § 4o Salvo decisão judicial em sentido contrário, conservar-se-ão os efeitos de decisão proferida pelo juízo incompetente até que outra seja proferida, se for o caso, pelo juízo competente. Art. 65. Prorrogar-se-á a competência relativa se o réu não alegar a incompetência em preliminar de contestação. Parágrafo único. A incompetência relativa pode ser alegada pelo Ministério Público nas causas em que atuar. Dúvida: Pode explicar melhor, professor? Vejam só... Cabe ao réu arguir a incompetência absoluta desde logo, em preliminar de contestação, contudo, caso não o faça, poderá alegá-la ao longo do processo. Isso porque não há preclusão da incompetência absoluta. Tanto é assim, que cabe ao magistrado, de ofício e após atendimento ao princípio do contraditório, pronunciar a incompetência absoluta a qualquer tempo e grau de jurisdição. Após a realização do contraditório, ou seja, da manifestação da parte contrária, o juiz decidirá imediatamente a alegação de incompetência e caso a alegação de incompetência seja acolhida, os autos serão remetidos ao juízo competente. Importante ressaltar que os efeitos das decisões proferidas pelo juízo incompetente são conservados até que outra decisão em sentido contrário seja proferida, se for o caso, pelo juízo competente. 02214600124 02214600124 - Agatha Aparecida Rodrigues Moreira Direito Processual Civil Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges ʹ Aula 01 Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 10 de 75 A competência relativa será prorrogada caso o réu não alegue a incompetência em preliminar de contestação. A incompetência relativa pode ser alegada pelo Ministério Público nas causas em que atuar. O CPC/2015 expressamente reconhece a legitimidade do MP para arguir a incompetência relativa. Restringe, no entanto, aos casos em que este órgão atue como fiscal da ordem jurídica ou parte. No Brasil, adota-se o sistema jurídico que integra dispositivos legais das duas competências, relativa e absoluta. Assim, estabelece-se equilíbrio entre vontade das partes e interesse público, sem excessiva liberdade ao juízo ou às partes, o que poderia gerar desordem, nem com muita rigidez, o que poderia gerar excessivo custo às partes envolvidas. (TRT 4ª Região RS/Adaptada) Declarada a incompetência absoluta, o processo a) será extinto com resolução de mérito. b) deverá ser remetido ao juiz competente e somente os atos probatórios serão declarados nulos. c) deverá ser remetido ao juiz competente. d) deverá ser remetido ao juiz competente e todos os atos processuais serão declarados nulos. e) será sempre extinto sem resolução de mérito. Gabarito: C (TRT 6ª Região PE/Adaptada) No processo civil, a incompetência absoluta e a relativa a) não podem ser conhecidas de ofício pelo Juiz. b) devem ser alegadas mediante exceção. c) só podem ser reconhecidas pelo Juiz, não cabendo à parte deduzi-la. d) devem ser arguidas em preliminar de contestação pelo réu. e) se não forem alegadas no prazo da contestação, fica preclusa sua arguição no processo. 02214600124 02214600124 - Agatha Aparecida Rodrigues Moreira Direito Processual Civil Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges ʹ Aula 01 Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 11 de 75 Gabarito: D (TJ RJ/Adapatada) A incompetência absoluta a) uma vez declarada, remetem-se os autos ao juiz competente. b) uma vez declarada, sempre leva à extinção do processo, sem resolução do mérito. c) deve ser levantada por meio de exceção, a ser apensada aos autos principais. d) deve ser declarada após arguição preliminar, levando à nulidade de todo o processo. e) pode ser prorrogada, se o réu não opuser exceção declinatória nos casos e prazos legais. Gabarito: A 3.2. EM RAZÃO DA MATÉRIA A competência em razão da matéria (ratio materiae) é definida pela natureza da causa e utiliza regras de competência absoluta. Além de estarem nas leis de organização judiciária, essas normas também estão presentes na Constituição Federal, nas Constituições Estaduais, nas leis federais.Na CF/88, são definidas as competências das justiças ± Justiças especializadas: do Trabalho, Eleitoral, Militar. À Justiça Comum cabe competência residual: excluídas as definições para justiças especializadas e federal, há a comum. A competência da Justiça Federal está prevista nos arts. 108 e 109 da CF. 1 ± Compete ao Tribunal Regional Federal (art. 108) 1 ± Processar e julgar, originariamente: a) Os juízes federais da área de sua jurisdição, incluídos os da Justiça Militar e da Justiça do Trabalho, nos crimes comuns e de responsabilidade, e os membros do Ministério Público da União, ressalvada a competência da Justiça Eleitoral; b) As revisões criminais e as ações rescisórias de julgados seus ou dos juízes federais da região; 02214600124 02214600124 - Agatha Aparecida Rodrigues Moreira Direito Processual Civil Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges ʹ Aula 01 Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 12 de 75 c) Os mandados de segurança e os "habeas-data" contra ato do próprio Tribunal ou de juiz federal; d) Os "habeas-corpus", quando a autoridade coatora for juiz federal. e) Os conflitos de competência entre juízes federais vinculados ao Tribunal; 2 ± Julgar, em grau de recurso, as causas decididas pelos juízes federais e pelos juízes estaduais no exercício da competência federal da área de sua jurisdição. 2 ± Compete aos juízes federais (art. 109) a) As causas em que a União, entidade autárquica ou empresa pública federal forem interessadas na condição de autoras, rés, assistentes ou oponentes, exceto as de falência, as de acidentes de trabalho e as sujeitas à Justiça Eleitoral e à Justiça do Trabalho; b) As causas entre Estado estrangeiro ou organismo internacional e Município ou pessoa domiciliada ou residente no País; c) As causas fundadas em tratado ou contrato da União com Estado estrangeiro ou organismo internacional; d) Os crimes políticos e as infrações penais praticadas em detrimento de bens, serviços ou interesse da União ou de suas entidades autárquicas ou empresas públicas, excluídas as contravenções e ressalvada a competência da Justiça Militar e da Justiça Eleitoral; e) Os crimes previstos em tratado ou convenção internacional, quando, iniciada a execução no País, o resultado tenha ou devesse ter ocorrido no estrangeiro, ou reciprocamente; f) As causas relativas a direitos humanos a que se refere o § 5o deste artigo; g) Os crimes contra a organização do trabalho e, nos casos determinados por lei, contra o sistema financeiro e a ordem econômico-financeira; 02214600124 02214600124 - Agatha Aparecida Rodrigues Moreira Direito Processual Civil Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges ʹ Aula 01 Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 13 de 75 h) Os "habeas-corpus", em matéria criminal de sua competência ou quando o constrangimento provier de autoridade cujos atos não estejam diretamente sujeitos a outra jurisdição; i) Os mandados de segurança e os "habeas-data" contra ato de autoridade federal, excetuados os casos de competência dos tribunais federais; j) Os crimes cometidos a bordo de navios ou aeronaves, ressalvada a competência da Justiça Militar; k) Os crimes de ingresso ou permanência irregular de estrangeiro, a execução de carta rogatória, após o "exequatur", e de sentença estrangeira, após a homologação, as causas referentes à nacionalidade, inclusive a respectiva opção, e à naturalização; l) A disputa sobre direitos indígenas. Observando-se que: ± Nas causas em que a União for autora serão aforadas na seção judiciária onde tiver domicílio a outra parte. ± Nas causas intentadas contra a União poderão ser aforadas na seção judiciária em que for domiciliado o autor, naquela onde houver ocorrido o ato ou fato que deu origem à demanda ou onde esteja situada a coisa, ou, ainda, no Distrito Federal. ± Serão processadas e julgadas na justiça estadual, no foro do domicílio dos segurados ou beneficiários, as causas em que forem parte instituição de previdência social e segurado, sempre que a comarca não seja sede de vara do juízo federal, e, se verificada essa condição, a lei poderá permitir que outras causas sejam também processadas e julgadas pela justiça estadual. ± Na hipótese do tópico anterior, o recurso cabível será sempre para o Tribunal Regional Federal na área de jurisdição do juiz de primeiro grau. ± Nas hipóteses de grave violação de direitos humanos, o Procurador-Geral da República, com a finalidade de assegurar o cumprimento de obrigações decorrentes de tratados internacionais de direitos humanos dos quais o Brasil seja parte, poderá suscitar, perante o Superior Tribunal de Justiça, em qualquer fase do inquérito ou processo, incidente de deslocamento de competência para a Justiça Federal. 02214600124 02214600124 - Agatha Aparecida Rodrigues Moreira Direito Processual Civil Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges ʹ Aula 01 Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 14 de 75 A Corte Especial do STJ editou súmula que desloca para os tribunais regionais federais (TRFs) a competência para decidir os conflitos entre juizado especial federal e juízo federal da mesma seção judiciária. A nova orientação está presente na 6~PXOD������(QXQFLDGR��³&RPSHWH�DR�7ULEXQDO�5HJLRQDO�)HGHUDO� decidir os conflitos de competência entre juizado especial federal H�MXt]R�IHGHUDO�GD�PHVPD�VHomR�MXGLFLiULD´� Com o novo entendimento, o STJ reconheceu a interpretação dada pelo STF no Recurso Extraordinário no 5 90.409-56� H� UHYRJRX� D� 6~PXOD� ���»� 67-�� TXH� ILUPDYD� D� competência do STJ para essas hipóteses. 3.3. EM RAZÃO DO VALOR DA CAUSA Outro critério de definição da competência leva em conta o valor da causa. Trata- se de modalidade de competência relativa. É utilizada para determinar as causas que caberão aos Juizados Especiais. O Juizado Especial Estadual é regido pela Lei no 9.099/1995, o Juizado Especial Federal pela Lei no 10.259/2001 e o Juizado Especial da Fazenda Pública Estadual pela Lei no 12.153/2009. Os Juizados Especiais Estaduais têm competência para julgar as causas que não ultrapassem o valor de 40 salários-mínimos, nem que tenham sido previstas no art. 3o, incisos II a IV (Lei 9.099/1995). Art. 3o: O Juizado Especial Cível tem competência para conciliação, processo e julgamento das causas cíveis de menor complexidade, assim consideradas: I ± as causas cujo valor não exceda a quarenta vezes o salário mínimo; II ± as enumeradas no art. 275, inciso II, do Código de Processo Civil [previsão expressamente mantida pelo Novo CPC:Art. 1.063. Até a edição de lei específica, os juizados especiais cíveis previstos na Lei no 9.099, de 26 de setembro de 1995, continuam competentes para o processamento e julgamento das causas previstas no art. 275, inciso II, da Lei no 5.869, de 11 de janeiro de 1973]; Do código de 1973: (mantém-se em vigor) Art. 275. Observar-se-á o procedimento sumário: I - nas causas cujo valor não exceda a 60 (sessenta) vezes o valor do salário mínimo; 02214600124 02214600124 - Agatha Aparecida Rodrigues Moreira Direito Processual Civil Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges ʹ Aula 01 Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 15 de 75 II - nas causas, qualquer que seja o valor; a) de arrendamento rural e de parceria agrícola; b) de cobrança ao condômino de quaisquer quantias devidas ao condomínio; c) de ressarcimento por danos em prédio urbano ou rústico; d) de ressarcimento por danos causados em acidente de veículo de via terrestre; e) de cobrança de seguro, relativamente aos danos causados em acidente de veículo, ressalvados os casos de processo de execução; f) de cobrança de honorários dos profissionais liberais, ressalvado o disposto em legislação especial; g) que versem sobre revogação de doação; h) nos demais casos previstos em lei. Parágrafo único. Este procedimento não será observado nas ações relativas ao estado e à capacidade das pessoas. III ± a ação de despejo para uso próprio; IV ± as ações possessórias sobre bens imóveis de valor não excedente ao fixado no inciso I deste artigo. Ficam excluídas da competência do Juizado Especial as causas de natureza alimentar, falimentar, fiscal e de interesse da Fazenda Pública, e também as relativas a acidentes de trabalho, a resíduos e ao estado e capacidade das pessoas, ainda que de cunho patrimonial. Característica fundamental do Juizado Especial Cível consiste em que o autor pode escolher a Justiça Comum, mesmo que a sua causa se enquadre ao que é estipulado para o Juizado Especial. Fala-se, assim, do fenômeno da facultatividade. Os Juizados Especiais Federais, por sua vez, apresentam diferenças; têm competência para julgar causas de até 60 salários-mínimos ± somente as causas da Justiça Federal até esse valor. Ou seja, além de observar o valor, deverá ser observado se a causa cumpre o definido no art. 109 da CF (citado), que determina o que é causa da justiça federal. Dois requisitos, portanto: 1) valor máximo de 60 salários mínimos; 2) enquadrar-se entre as causas da justiça federal (art. 109, CF/88). Art. 3° da Lei no 10.259/2001: Compete ao Juizado Especial Federal Cível processar, conciliar e julgar causas de competência da Justiça Federal até o valor de sessenta salários mínimos, bem como executar as suas sentenças. § 1o Não se incluem na competência do Juizado Especial Cível as causas: 02214600124 02214600124 - Agatha Aparecida Rodrigues Moreira Direito Processual Civil Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges ʹ Aula 01 Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 16 de 75 I ± referidas no art. 109, incisos II, III e XI, da Constituição Federal, as ações de mandado de segurança, de desapropriação, de divisão e demarcação, populares, execuções fiscais e por improbidade administrativa e as demandas sobre direitos ou interesses difusos, coletivos ou individuais homogêneos; II ± sobre bens imóveis da União, autarquias e fundações públicas federais; III ± para a anulação ou cancelamento de ato administrativo federal, salvo o de natureza previdenciária e o de lançamento fiscal; IV ± que tenham como objeto a impugnação da pena de demissão imposta a servidores públicos civis ou de sanções disciplinares aplicadas a militares. § 2o Quando a pretensão versar sobre obrigações vincendas, para fins de competência do Juizado Especial, a soma de doze parcelas não poderá exceder o valor referido no art. 3o, caput. § 3o No foro onde estiver instalada Vara do Juizado Especial, a sua competência é absoluta. O parágrafo 3o desse artigo traz aquela que é uma das principais características do Juizado Especial Federal: o caráter de obrigatoriedade. Não há opção de recorrer a outro juízo, como ocorre no Especial Estadual. 3.3.1. LEI 12.153/2009 Enquanto a Lei no 9.099/95 (dos Juizados Especiais Cíveis e Criminais) exclui de sua competência as causas de interesse da Fazenda Pública Estadual, a Lei no 12.153/2009 vem tratar delas. Obviamente, mantendo a característica dos Juizados Especiais de atuar em causas de baixo valor. Mas, nesse ponto, também há diferença entre os dois juizados, já que os cíveis são competentes para causas até 40 salários mínimos, enquanto os Juizados Especiais da Fazenda Pública Estadual para causas até 60 salários mínimos (assim como os Especiais Federais). 02214600124 02214600124 - Agatha Aparecida Rodrigues Moreira Direito Processual Civil Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges ʹ Aula 01 Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 17 de 75 Enquanto prevalece no Juizado Especial Cível o caráter de facultatividade, prevalece no Juizado Especial da Fazenda Pública Estadual, como no federal, o de obrigatoriedade. Não é de competência do juizado especial em estudo: 1) as ações de mandado de segurança, de desapropriação e demarcação, populares, por improbidade administrativa, execuções fiscais e as demandas sobre direitos ou interesses difusos ou coletivos; 2) as causas sobre bens imóveis dos Estados, DF, territórios e municípios, bem como das autarquias e fundações públicas a eles vinculadas; 3) as causas que tenham como objeto a impugnação da pena de demissão imposta a servidores públicos civis ou sanções disciplinares aplicadas a militares. Sobre a esta Lei é igualmente importante memorizar que ela define, como partes possíveis nos Juizados Especiais da Fazenda Pública Estadual, autores: as pessoas físicas, as micro e pequenas empresas; réus: os estados, DF, territórios e municípios, bem como as autarquias, fundações públicas e empresas públicas a eles vinculadas. 3.4. COMPETÊNCIA TERRITORIAL É modalidade relativa, que define a circunscrição territorial judiciária: na Justiça Estadual, comarca e, na Justiça Federal, seção judiciária. Foro comum é o do domicílio do réu, previsto no art. 46 do CPC/2015. A ação fundada em direito pessoal e a ação fundada em direito real sobre bens móveis serão propostas, em regra, no foro do domicílio do réu; sendo que tendo mais de um domicílio, o réu será demandado no foro de qualquer deles. Se incerto ou desconhecido o domicílio do réu, ele será demandadoonde for encontrado ou no foro do domicílio do autor. Na hipótese de o réu não ter domicílio nem residência no Brasil, a ação será proposta no foro do domicílio do autor. Se este também residir fora do Brasil, a ação será proposta em qualquer foro. Se na causa houver dois ou mais réus, com diferentes domicílios, serão demandados no foro de qualquer deles, à escolha do autor. Desse modo, se o enunciado da questão dispuser que o réu será demandado no foro mais próximo ao domicílio do 02214600124 02214600124 - Agatha Aparecida Rodrigues Moreira Direito Processual Civil Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges ʹ Aula 01 Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 18 de 75 autor, se tiver dois ou mais domicílios, incorrerá em erro. Como vimos, tendo mais de um domicílio, o réu será demandado no foro de qualquer deles (art. 46), a critério do autor. Por seu turno, as pessoas jurídicas serão demandadas no local de sua sede; dessa forma, a União ± no Distrito Federal, e os estados ± nas respectivas capitais. As autarquias, fundações e empresas públicas têm sede definida na lei que as institui. Figurando-se no polo passivo mais de um réu, o autor poderá demandar em qualquer uma das sedes deles. Façamos leitura de artigos do CPC em que são previstos critérios de definição da competência territorial e, em seguida, passemos a exemplos de cobrança em prova: Obs. Fiquem atentos às partes destacadas!!! Leitura de dispositivos do CPC/2015 Art. 47. Para as ações fundadas em direito real sobre imóveis é competente o foro de situação da coisa. § 1o O autor pode optar pelo foro de domicílio do réu ou pelo foro de eleição se o litígio não recair sobre direito de propriedade, vizinhança, servidão, divisão e demarcação de terras e de nunciação de obra nova. § 2o A ação possessória imobiliária será proposta no foro de situação da coisa, cujo juízo tem competência absoluta. Art. 48. O foro de domicílio do autor da herança, no Brasil, é o competente para o inventário, a partilha, a arrecadação, o cumprimento de disposições de última vontade, a impugnação ou anulação de partilha extrajudicial e para todas as ações em que o espólio for réu, ainda que o óbito tenha ocorrido no estrangeiro. Parágrafo único. Se o autor da herança não possuía domicílio certo, é competente: I - o foro de situação dos bens imóveis; II - havendo bens imóveis em foros diferentes, qualquer destes; III - não havendo bens imóveis, o foro do local de qualquer dos bens do espólio. Art. 49. A ação em que o ausente for réu será proposta no foro de seu último domicílio, também competente para a arrecadação, o inventário, a 02214600124 02214600124 - Agatha Aparecida Rodrigues Moreira Direito Processual Civil Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges ʹ Aula 01 Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 19 de 75 partilha e o cumprimento de disposições testamentárias. Art. 50. A ação em que o incapaz for réu será proposta no foro de domicílio de seu representante ou assistente. Comentário: Não se pode, desse modo, processar a ação em que incapaz seja parte no foro que seja de exclusivo domicílio do autor. Esse tipo de ação será processada no domicílio do representante ou do assistente do incapaz. Art. 51. É competente o foro de domicílio do réu para as causas em que seja autora a União. Parágrafo único. Se a União for a demandada, a ação poderá ser proposta no foro de domicílio do autor, no de ocorrência do ato ou fato que originou a demanda, no de situação da coisa ou no Distrito Federal. Art. 52. É competente o foro de domicílio do réu para as causas em que seja autor Estado ou o Distrito Federal. Parágrafo único. Se Estado ou o Distrito Federal for o demandado, a ação poderá ser proposta no foro de domicílio do autor, no de ocorrência do ato ou fato que originou a demanda, no de situação da coisa ou na capital do respectivo ente federado. Art. 53. É competente o foro: I - para a ação de divórcio, separação, anulação de casamento e reconhecimento ou dissolução de união estável: a) de domicílio do guardião de filho incapaz; b) do último domicílio do casal, caso não haja filho incapaz; c) de domicílio do réu, se nenhuma das partes residir no antigo domicílio do casal; II - de domicílio ou residência do alimentando, para a ação em que se pedem alimentos; III - do lugar: a) onde está a sede, para a ação em que for ré pessoa jurídica; b) onde se acha agência ou sucursal, quanto às obrigações que a pessoa jurídica contraiu; 02214600124 02214600124 - Agatha Aparecida Rodrigues Moreira Direito Processual Civil Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges ʹ Aula 01 Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 20 de 75 c) onde exerce suas atividades, para a ação em que for ré sociedade ou associação sem personalidade jurídica; d) onde a obrigação deve ser satisfeita, para a ação em que se lhe exigir o cumprimento; e) de residência do idoso, para a causa que verse sobre direito previsto no respectivo estatuto; f) da sede da serventia notarial ou de registro, para a ação de reparação de dano por ato praticado em razão do ofício; IV - do lugar do ato ou fato para a ação: a) de reparação de dano; b) em que for réu administrador ou gestor de negócios alheios; V - de domicílio do autor ou do local do fato, para a ação de reparação de dano sofrido em razão de delito ou acidente de veículos, inclusive aeronaves. (TRT 20ª Região SE) Em relação à competência é correto afirmar: a) A ação em que o incapaz for réu se processará no foro do domicílio do autor. b) As ações em que o ausente for réu correm no foro de seu último domicílio, que é também o competente para a arrecadação, o inventário, a partilha e o cumprimento de disposições testamentárias. c) Nas ações fundadas em direito real sobre imóveis, é competente o foro do domicílio do réu, como regra. d) Tendo mais de um domicílio, o réu será demandado no foro mais próximo ao domicílio do autor. e) Quando o réu não tiver domicílio nem residência no Brasil, a ação deve ser proposta necessariamente no foro da Capital do Estado em que reside o autor. Gabarito: B (TJ RJ) Em relação à competência, é correto afirmar que 02214600124 02214600124 - Agatha Aparecida Rodrigues Moreira Direito Processual Civil Teoria e Exercícios comentadosProf. Gabriel Borges ʹ Aula 01 Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 21 de 75 a) a ação em que o incapaz for réu se processará no foro do domicílio de seu representante. b) a ação em que se pedem alimentos deve ser proposta no foro do alimentante. c) se houver dois ou mais réus, com domicílios diferentes, a demanda será proposta no foro do réu de maior idade. d) nas ações de reparação de dano sofrido por acidente de veículos, será competente o foro do domicílio do réu, com exclusão de qualquer outro. e) em qualquer processo, se o juiz considerar-se absolutamente incompetente, deverá extingui-lo, de ofício ou após provocação da parte. Gabarito: A 3.5. COMPETÊNCIA FUNCIONAL Ela prescreve a função de cada órgão jurisdicional diante de uma relação processual já iniciada. Modalidade de competência absoluta. Classifica-se: pelo grau de jurisdição ± recursal ou originária; pelo objeto do juízo; pelas fases do procedimento. O juízo que tenha sido acionado por registro ou distribuição da petição inicial será competente para exercer o poder de jurisdição no processo, ele se torna prevento (prevenção proporciona a fixação da competência no juízo). ³2 UHJLVWUR�RX�D�GLVWULEXLomR�GD�SHWLomR�LQLFLDO�WRUQD�SUHYHQWR�R�MXt]R´�± art. 59 do CPC/2015. Desse modo, o juiz da ação principal será competente para as acessórias. A Lei da Ação Civil Pública (no 7.347/1985) traz, em seu art. 2o, a competência funcional do local do dano. Determina-se a competência do local do dano pela natureza do direito controvertido: direitos coletivos, difusos, individuais homogêneos. Art. 2o: As ações previstas nesta Lei serão propostas no foro do local onde ocorrer o dano, cujo juízo terá competência funcional para processar e julgar a causa. Parágrafo único: A propositura da ação prevenirá a jurisdição do juízo para todas as ações posteriormente intentadas que possuam a mesma causa de pedir ou o mesmo objeto. 02214600124 02214600124 - Agatha Aparecida Rodrigues Moreira Direito Processual Civil Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges ʹ Aula 01 Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 22 de 75 4. CONFLITO DE COMPETÊNCIAS É um incidente processual que está previsto no art. 66 do CPC/2015. Há conflito de competência quando: conflito positivo ± quando 2 (dois) ou mais juízes se declaram competentes; conflito negativo ± quando 2 (dois) ou mais juízes se consideram incompetentes. Há, ainda, os casos do inciso III do art. 66, CPC, quando entre 2 (dois) ou mais juízes surge controvérsia acerca da reunião ou separação de processos. Não se trata, porém de nova espécie de conflito, já que uma análise mais apurada demonstrará que tais casos são derivações das espécies anteriores. O conflito pode ser suscitado por qualquer das partes, pelo Ministério Público ou pelo juiz. O Ministério Público será ouvido em todos os conflitos de competência; mas terá qualidade de parte naqueles que suscitar. 5. DOS LIMITES DA JURISDIÇÃO NACIONAL "Um sistema jurisdicional de um país pode pretender julgar causas que sejam propostas perante os seus juízes. No entanto, o poder de tornar efetivo aquilo que foi decidido sofre limitações, porque existem outros Estados, também organizados, e que não reconheceriam a Competência Jurisdicional Nacional Internacional Competência Relativa �(P�UD]mR�GR�YDORU�GD�FDXVD �7HUULWRULDO Competência Absoluta �(P�UD]mR�GD�0DWpULD �)Xncional 02214600124 02214600124 - Agatha Aparecida Rodrigues Moreira Direito Processual Civil Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges ʹ Aula 01 Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 23 de 75 validade da sentença em seu território, não permitindo, pois, a sua execução". (Didier Jr., 2011a) Nessa interessante exposição de Didier Jr., vê-se que o sistema jurisdicional depara-se com um limitador externo, que é o sistema jurisdicional dos outros países. Diante da possibilidade de estabelecer decisões sobre as quais o País não poderia controlar o cumprimento, o legislador brasileiro buscou estabelecer regras de competência internacional que se adequassem ao princípio da efetividade. Por esse princípio, o estado-juiz não deve julgar se sua decisão não irá ser reconhecida onde deveria produzir efeitos. Sem contar o alto dispêndio em ocupar os órgãos jurisdicionais do País com causas que não se liguem a seu ordenamento. Diante dessa dificuldade, estipulou-se uma limitação espacial da jurisdição, que comporta exceções. No CPC/2015, o aQWLJR� FDStWXOR� ³'D� &RPSHWrQFLD� ,QWHUQDFLRQDO´� ganhou nova roupagem, passando o conteúdo daquele capítulo a ser detalhado no Título II (Dos Limites da Jurisdição Nacional e da Cooperação Internacional) do Livro II (Da Função Jurisdicional). O CPC/2015 trata ³Dos Limites da Jurisdição Nacional´ em 5 artigos: do 21 ao 25, neles são definidas as competências concorrentes e as que devem ser analisadas por autoridade judiciária nacional. Previsão importante é a do parágrafo único do artigo 24 do CPC/2015, de que a pendência de causa perante a jurisdição brasileira não impede a homologação de sentença judicial estrangeira quando exigida para produzir efeitos no Brasil. Essa hipótese restringe-se aos casos da competência internacional concorrente (artigos 21 e 22), pois em caso de competência exclusiva, em regra, não se admitiria a homologação de sentença estrangeira (vide tópicos seguintes). Por fim, o artigo 25 elenca a hipótese de cláusula de eleição de foro exclusivo estrangeiro em contrato internacional, situação em que não competirá à autoridade judiciária brasileira o processamento e o julgamento da ação, devendo esta cláusula ser arguida pelo réu na contestação. Obs1. Não se observará essa limitação diante das hipóteses de competência internacional exclusiva previstas no capítulo HP�HVWXGR��³'RV�/LPLWHV�GD�-XULVGLomR´�. 02214600124 02214600124 - Agatha Aparecida Rodrigues Moreira Direito Processual Civil Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges ʹ Aula 01 Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 24 de 75 Obs2. Aplicam-se à hipótese do artigo 25 (eleição de foro exclusivo estrangeiro) as disposições dos parágrafos 1º a 4º do artigo 63, a saber: Art. 63. As partes podem modificar a competência em razão do valor e do território, elegendo foro onde será proposta ação oriunda de direitos e obrigações. § 1o A eleição de foro só produz efeito quando constar de instrumento escrito e aludir expressamente a determinado negóciojurídico. § 2o O foro contratual obriga os herdeiros e sucessores das partes. § 3o Antes da citação, a cláusula de eleição de foro, se abusiva, pode ser reputada ineficaz de ofício pelo juiz, que determinará a remessa dos autos ao juízo do foro de domicílio do réu. § 4o Citado, incumbe ao réu alegar a abusividade da cláusula de eleição de foro na contestação, sob pena de preclusão. 5.1. COMPETÊNCIA CONCORRENTE (PREVISTAS NOS ARTS. 21 e 22) Causas que tribunais estrangeiros também podem julgar. De acordo com o art. 21, é competente a autoridade judiciária brasileira quando: 1) o réu estiver domiciliado no Brasil, independentemente de sua nacionalidade; 2) a obrigação tiver de ser cumprida no Brasil (é tida como domiciliada no Brasil, a pessoa jurídica estrangeira que aqui tiver agência, filial ou sucursal); 3) a ação tiver origem de fato ocorrido ou de ato praticado no Brasil. Conforme artigo 22, também competem à autoridade brasileira o processamento e julgamento das ações: 1 - de alimentos, quando: a) o credor tiver domicílio ou residência no Brasil; b) o réu mantiver vínculos no Brasil, tais como posse ou propriedade de bens, recebimento de renda ou obtenção de benefícios econômicos; 2 - decorrentes de relações de consumo, quando o consumidor tiver domicílio ou residência no Brasil; 02214600124 02214600124 - Agatha Aparecida Rodrigues Moreira Direito Processual Civil Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges ʹ Aula 01 Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 25 de 75 3 - em que as partes, expressa ou tacitamente, se submeterem à jurisdição nacional. Dúvida: Se a competência é concorrente, quer dizer que o Brasil determina o que outros Estados irão julgar? Não. Nos casos previstos nos artigos 21 e 22, o Brasil reconhece a sentença estrangeira, desde que homologada no Brasil; portanto, esse é o motivo por que se menciona competência concorrente no dispositivo. Os artigos 21 e 22 indicam situações em que a autoridade judiciária brasileira pode exercer sua jurisdição. Expressamente: Art. 21. Compete à autoridade judiciária brasileira processar e julgar as ações em que: I - o réu, qualquer que seja a sua nacionalidade, estiver domiciliado no Brasil; II - no Brasil tiver de ser cumprida a obrigação; III - o fundamento seja fato ocorrido ou ato praticado no Brasil. Parágrafo único. Para o fim do disposto no inciso I, considera-se domiciliada no Brasil a pessoa jurídica estrangeira que nele tiver agência, filial ou sucursal. Art. 22. Compete, ainda, à autoridade judiciária brasileira processar e julgar as ações: I - de alimentos, quando: a) o credor tiver domicílio ou residência no Brasil; b) o réu mantiver vínculos no Brasil, tais como posse ou propriedade de bens, recebimento de renda ou obtenção de benefícios econômicos; II - decorrentes de relações de consumo, quando o consumidor tiver domicílio ou residência no Brasil; III - em que as partes, expressa ou tacitamente, se submeterem à jurisdição nacional. Esta previsão do inciso III merece destaque, uma vez que confere às partes o poder de decidir pela jurisdição brasileira, em real cláusula de eleição de foro. Está em 02214600124 02214600124 - Agatha Aparecida Rodrigues Moreira Direito Processual Civil Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges ʹ Aula 01 Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 26 de 75 consonância com as previsões do que se tem chamado de negócio processual (art. 190 do CPC/2015), que permite convenção das partes sobre procedimentos a serem utilizados no processamento da ação. (Inédita) Julgue certo ou errado o item abaixo: Compete à autoridade judiciária brasileira processar e julgar as ações em que o réu, unicamente brasileiro ou português, que estiver domiciliado no Brasil. COMENTÁRIOS: Compete à autoridade brasileira o processamento e julgamento de ações de réu, qualquer que seja sua nacionalidade (inciso I, art. 21 do CPC/2015), que estiver domiciliado no Brasil. Gabarito: Errado. 5.2. COMPETÊNCIA EXCLUSIVA (PREVISTA NO ART. 23) Nas causas especificadas nesse artigo, listadas abaixo, a sentença estrangeira não produzirá efeito, nem sequer poderá ser homologada. Compete à autoridade judiciária brasileira, com exclusão de qualquer outra: 1) conhecer de ações relativas a imóveis situados no Brasil; 2) proceder à confirmação de testamento particular e ao inventário e à partilha de bens situados no Brasil, ainda que o autor da herança seja de nacionalidade estrangeira ou tenha domicílio fora do território nacional; 3) em divórcio, separação judicial ou dissolução de união estável, proceder à partilha de bens situados no Brasil, ainda que o titular seja de nacionalidade estrangeira ou tenha domicílio fora do território nacional. Por fim, destaque-se que compete à autoridade judiciária brasileira, com exclusão de qualquer outra: I - conhecer de ações relativas a imóveis situados no Brasil; 02214600124 02214600124 - Agatha Aparecida Rodrigues Moreira Direito Processual Civil Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges ʹ Aula 01 Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 27 de 75 II - em matéria de sucessão hereditária, proceder à confirmação de testamento particular e ao inventário e à partilha de bens situados no Brasil, ainda que o autor da herança seja de nacionalidade estrangeira ou tenha domicílio fora do território nacional; III - em divórcio, separação judicial ou dissolução de união estável, proceder à partilha de bens situados no Brasil, ainda que o titular seja de nacionalidade estrangeira ou tenha domicílio fora do território nacional. Ainda que ação seja proposta perante tribunal estrangeiro discutindo a mesma causa, não serão configurados os efeitos comuns da litispendência, nem se obstará a que a autoridade judiciária brasileira conheça da mesma causa e das que lhe são conexas, ressalvadas as disposições em contrário de tratados internacionais e acordos bilaterais em vigor no Brasil. 6. DA ALEGAÇÃO DE INCOMPETÊNCIA A incompetência, absoluta ou relativa, será alegada como questão preliminar de contestação. A incompetência absoluta pode ser alegada em qualquer tempo e grau de jurisdição e deve ser declarada de ofício. Após manifestação da parte contrária, o juiz decidirá imediatamente a alegação de incompetência. Caso a alegação de incompetência seja acolhida, os autos serão remetidos ao juízo competente. Salvo decisão judicial em sentido contrário, conservar-se-ão os efeitos de decisão proferida pelo juízo incompetenteaté que outra seja proferida, se for o caso, pelo juízo competente. Houve uma substancial mudança aqui, pois no código anterior a previsão era de que os atos decisórios não provocariam efeitos, se fosse declarada a incompetência absoluta. Agora, são considerados eficazes, a menos que haja decisão em sentido contrário. 6.1. DEVER DE DECLARAÇÃO 02214600124 02214600124 - Agatha Aparecida Rodrigues Moreira Direito Processual Civil Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges ʹ Aula 01 Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 28 de 75 O § 1º do artigo 64 do CPC/2015 dispõe que a incompetência absoluta deve ser declarada de ofício pelo juiz, de modo que é dever do juiz reconhecer a incompetência absoluta do juízo, mesmo quando não solicitado pelas partes. O juiz não poderá deixar de reconhecê-la sempre que se convencer da sua incompetência. O próprio juiz há de ser o juiz da sua competência e proclamar a sua incompetência, de ofício. O ato por meio do qual o juiz reconhece e declara a incompetência e determina a remessa dos autos ao foro ou ao juízo competente é, em regra, de decisão. Nas excepcionalidades em que não seja possível a remessa dos autos é que então o juiz poderá reconhecer a incompetência e extinguir o processo. 7. PERPETUATIO JURISDICTIONIS (PERPETUAÇÃO DA JURISDIÇÃO) A perpetuatio jurisdictionis consiste em regra de estabilização da competência, pela qual se considera fixado o juízo depois de registrada (nos juízos em que há apenas uma vara) ou distribuída a petição inicial. Conforme art. 43 do CPC: "Determina-se a competência no momento do registro ou da distribuição da petição inicial, sendo irrelevantes as modificações do estado de fato ou de direito ocorridas posteriormente, salvo quando suprimirem órgão judiciário ou alterarem a competência absoluta." Fixada a competência são irrelevantes as modificações do estado de fato ou de direito ocorridas posteriormente, salvo se alterarem regra de competência absoluta ou suprimirem o órgão jurisdicional. Assim, se após a propositura da ação o autor alterar seu domicílio para outra comarca não haverá repercussão para a competência fixada. De outro modo, ocorrerá a modificação se a alteração for de competência absoluta (tratar de critérios de competência em razão da matéria ou da hierarquia) ou se houver suprimento do órgão judiciário. Exceção à regra da Perpetuação de jurisdição: x Caso ilustrativo Em um caso de conflito negativo de competência suscitado pelo Juízo Federal da Subseção Judiciária de Formosa/GO em face de decisão proferida pelo Juízo de Direito 02214600124 02214600124 - Agatha Aparecida Rodrigues Moreira Direito Processual Civil Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges ʹ Aula 01 Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 29 de 75 da Comarca de Flores de Goiás/GO, o TRF 1ª Região proferiu acórdão em que reconheceu exceção ao princípio da perpetuatio jurisdictionis: Decorreu o episódio de uma ação previdenciária ajuizada contra o INSS, proposta inicialmente perante o Juízo de Direito da Comarca de Formosa/GO, que tinha jurisdição sobre o Município de Flores de Goiás/GO, local de domicílio da autora da demanda. Depois de processado e julgado o feito, com trânsito em julgado da sentença nele proferida, o Juízo de Direito da Comarca de Formosa/GO determinou a remessa dos autos ao juízo de Flores de Goiás, em razão de sua criação e instalação naquele município. Recebendo os autos, o juízo de Flores de Goiás entendeu por bem declinar da competência para a Subseção Judiciária da Justiça Federal em Formosa/GO, em razão de sua instalação e jurisdição naquele município. O Juízo Federal, por sua vez, suscitou conflito negativo de competência, por entender que, tratando-se de típico caso de competência relativa, não poderia o Juízo Estadual, contrariando a escolha do autor, declinar da competência de ofício, conforme enunciado da Súmula 33/STJ [A incompetência relativa não pode ser declarada de ofício]. 1R� PHVPR� VHQWLGR� GR� � �� GR� DUW�� ����� FRP� R� VHJXLQWH� WHRU�� ³Excetuadas a convenção de arbitragem e a incompetência relativa, o juiz conhecerá de ofício das matérias enumeradas neste artigo.´ Assim, o TRF da 1ª Região firmou entendimento de que a superveniente criação de vara federal no município onde havia sido ajuizada e julgada a ação, à época da execução do julgado, levou a nova fixação de competência, tratando-se a hipótese de exceção ao princípio da perpetuatio jurisdictionis. Ementa do julgado: 02214600124 02214600124 - Agatha Aparecida Rodrigues Moreira Direito Processual Civil Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges ʹ Aula 01 Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 30 de 75 1. A jurisprudência deste Tribunal, na linha da jurisprudência do colendo Superior Tribunal de Justiça, firmou entendimento de que a superveniente criação de vara federal no município onde havia sido ajuizada e julgada a ação, à época da execução do julgado, levou a nova fixação de competência, tratando-se a hipótese de exceção ao princípio da perpetuatio jurisdictionis. 2. Tratando-se de competência federal delegada, esta cessa quando, na sede do município, se dá a instalação de vara federal, ainda que para a execução de título executivo judicial prolatado pelo juízo de direito. 3. Conflito de competência que se conhece, para declarar a competência do Juízo Federal da Subseção Judiciária de Formosa/GO, o suscitante. Decisão A Seção, por unanimidade, conheceu do conflito, para declarar a competência do Juízo Federal da Subseção Judiciária de Formosa/GO, o suscitante. (Processo CC 0062928-02.2012.4.01.0000/GO; CONFLITO DE COMPETENCIA. Relator: DESEMBARGADOR FEDERAL NÉVITON GUEDES. Órgão: PRIMEIRA SEÇÃO. Publicação: 14/05/2013 e-DJF1 P. 6. Data Decisão: 11/12/2012 8. TEMAS DE COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA FEDERAL 8.1. CARACTERÍSTICAS A Constituição Federal listou, como já vimos, taxativamente as competências da Justiça Federal. Assim, a competência atribuída à Justiça Federal não pode ser ampliada por norma infraconstitucional. Alteração, acréscimo ou subtração de regras de competência são consideradas inócuas ou inconstitucionais se forem determinadas por normas de hierarquia inferior. A competência cível da Justiça Federal é determinada em razão da pessoa, da matéria e da função, sendo, portanto, absoluta, inderrogável pela vontade das partes, salvo as normas de competência territorial. Assim podemos dizer que existem três critérios para fixar a competência da Justiça Federal, quanto à: 1) Pessoa; 2) Matéria;3) Função. Vamos analisar cada um deles. 02214600124 02214600124 - Agatha Aparecida Rodrigues Moreira Direito Processual Civil Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges ʹ Aula 01 Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 31 de 75 8.1.1. EM RAZÃO DA PESSOA a) Art. 109, I, CF/88 Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar: I - as causas em que a União, entidade autárquica ou empresa pública federal forem interessadas na condição de autoras, rés, assistentes ou oponentes, exceto as de falência, as de acidentes de trabalho e as sujeitas à Justiça Eleitoral e à Justiça do Trabalho. Para que se reconheça a competência por este critério, exige-se que um dos entes listados atue no processo como parte (na situação de assistentes ou oponentes também são tidos como partes). Cuida esse dispositivo das causas cíveis, até mesmo de mandado de segurança impetrado por um dos entes mencionados contra ato de autoridade estadual ou municipal, salvo os casos em que a autoridade tenha foro estabelecido como prerrogativa de sua função. Vejamos alguns enunciados da súmula do STJ: STJ Súmula nº 32 - 24/10/1991 - DJ 29.10.1991 Competência - Justificações Judiciais - Exclusividade de Foro Compete à Justiça Federal processar justificações judiciais destinadas a instruir pedidos perante entidades que nela têm exclusividade de foro, ressalvada a aplicação do Art. 15, II da Lei 5.010-66. Obs. Justificação judicial, com base no §5º do art. 381 do NCPC, consiste no meio processual pelo qual se prova a existência de fato, ato ou relação jurídica, de que não se possui prova escrita (em regra, meio de prova testemunhal), a fim de que com ela venha a ser instruído pedido formulado em processo regular. STJ Súmula nº 82 - 18/06/1993 - DJ 02.07.1993 Competência - Feitos Relativos a Movimentação do FGTS - Processo e Julgamento Compete à Justiça Federal, excluídas as reclamações trabalhistas, processar e julgar os feitos relativos a movimentação do FGTS. STJ Súmula nº 150 - 07/02/1996 - DJ 13.02.1996 02214600124 02214600124 - Agatha Aparecida Rodrigues Moreira Direito Processual Civil Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges ʹ Aula 01 Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 32 de 75 Competência - Interesse Jurídico - União, Autarquias ou Empresas Públicas. Compete à Justiça Federal decidir sobre a existência de interesse jurídico que justifique a presença, no processo, da União, suas autarquias ou empresas públicas. STJ Súmula nº 161 - 12/06/1996 - DJ 19.06.1996 Competência - Autorização - Levantamento - PIS-PASEP e FGTS - Falecimento do Titular É da competência da Justiça Estadual autorizar o levantamento dos valores relativos ao PIS-PASEP e FGTS, em decorrência do falecimento do titular da conta. STJ Súmula nº 224 - 02/08/1999 - DJ 25.08.1999 Excluído do Feito o Ente Federal - Conflito de Competência Excluído do feito o ente federal, cuja presença levara o Juiz Estadual a declinar da competência, deve o Juiz Federal restituir os autos e não suscitar conflito. Importantíssima para nosso estudo este enunciado, porque foi consagrado no CPC/2015, mais especificamente no § 3º do artigo 45, a saber: Art. 45. Tramitando o processo perante outro juízo, os autos serão remetidos ao juízo federal competente se nele intervier a União, suas empresas públicas, entidades autárquicas e fundações, ou conselho de fiscalização de atividade profissional, na qualidade de parte ou de terceiro interveniente, exceto as ações: [...] § 3o O juízo federal restituirá os autos ao juízo estadual sem suscitar conflito se o ente federal cuja presença ensejou a remessa for excluído do processo. STJ Súmula nº 254 - 01/08/2001 - DJ 22.08.2001 Exclusão de Ente Federal da Relação Processual - Reexame da Decisão A decisão do Juízo Federal que exclui da relação processual ente federal não pode ser reexaminada no Juízo Estadual. b) Pessoas (entes) 1) União: ³Uma observação do juiz Novély Vilanova, corroborada por Aluisio Mendes é SHUWLQHQWH�� D� JUDILD� ³8QLmR� )HGHUDO´� QmR� WHP� DPSDUR� FRQVWLWXFLRQDO�� União é o nome correto. Outro equívoco manifesto é o de colocar-se em processos os nomes dos órgãos (ministérios, departamentos etc), ao invés do nome da pessoa jurídica ± União ± a quem estão vinculados�´��&XUVR�GH�'LUHLWR�3URFHVVXDO�&LYLO��YRO��,��'LGLHU�-U��� Fredie, pág. 172) 02214600124 02214600124 - Agatha Aparecida Rodrigues Moreira Direito Processual Civil Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges ʹ Aula 01 Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 33 de 75 2) Entidade Autárquica Federal: As entidades autárquicas federais são criadas por Lei para desempenhar serviço público descentralizado. São pessoas jurídicas de direito público. Para que a competência seja deslocada para a Justiça Federal é necessário ser entidade autárquica federal ± termo genérico que abarca as agências reguladoras e as fundações autárquicas. 3) Empresas Públicas Federais: Criadas por decreto, com capital exclusivamente público e com natureza de pessoa jurídica de direito privado, as empresas públicas federais devem realizar atividades de interesse da Administração que a instituiu nos parâmetros da iniciativa privada. Exemplo: Caixa Econômica Federal. 4) Conselho de Fiscalização Profissional: Equiparam-se à entidade autárquica federal, mesmo que sob regime sui generis. Exemplo: OAB. STJ Súmula nº 66 - 15/12/1992 - DJ 04.02.1993 Competência - Execução Fiscal - Conselho de Fiscalização Profissional Compete à Justiça Federal processar e julgar execução fiscal promovida por Conselho de fiscalização profissional. 5) Sociedade de Economia Mista: STF Súmula nº 556 - 15/12/1976 - DJ de 3/1/1977, p. 1; DJ de 4/1/1977, p. 33; DJ de 5/1/1977, p. 57. Competência - Julgamento - Sociedade de Economia Mista É competente a justiça comum para julgar as causas em que é parte sociedade de economia mista. 02214600124 02214600124 - Agatha Aparecida Rodrigues Moreira Direito Processual Civil Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges ʹ Aula 01 Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 34 de 75 STJ Súmula nº 42 - 14/05/1992 - DJ 20.05.1992 Competência
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