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Módulo II - LFG

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Direito Civil
Direito Civil – João Aguirre
LICC: não disciplina apenas normas de Direito Civil. Trata-se de uma norma sobre normas, também conhecida como norma de sobredireito. Aspectos disciplinados pela LICC:
Vigência da lei no tempo;
Vigência da lei no espaço;
Obrigatoriedade da Lei;
Interpretação da norma (hermenêutica jurídica) (§ 6º, art. 226, CF polêmica atual);
Integração da norma: preenchimento de lacunas da norma.
Fonte primária da lei (direta/imediata): leis; súmulas vinculantes;
Fontes secundárias (indiretas/mediatas): analogia, costumes e princípios gerais de Direito (nesta ordem, segundo a doutrina clássica). Todavia, atualmente, tem prevalecido o entendimento de que os princípios gerais de direito antecedem as demais formas de integração.
*** *** ***
DAS PESSOAS:
A pessoa é sujeito de Direito: STF disse que só se torna pessoa quando o embrião é alojado no útero da mulher.
I. Personalidade: é o atributo da pessoa para ser titular de direitos e de deveres na ordem civil. O Código Civil estabelece que a personalidade decorre do nascimento com vida.
Contudo, vale lembrar que este atributo pode se vincular a uma pessoa natural ou uma pessoa jurídica.
Início da personalidade: art. 2º, primeira parte – nascimento com vida, desde que respire pelo pulmão.
Art. 2o A personalidade civil da pessoa começa do nascimento com vida; mas a lei põe a salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro.
Nascituro: art. 2º, segunda parte – a lei põe a salvo os direitos do nascituro a partir da concepção. Isso enseja 02 teorias:
Art. 2o A personalidade civil da pessoa começa do nascimento com vida; mas a lei põe a salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro.
Natalista: o nascituro não tem nenhum direito. O nascituro é um “nada jurídico”. (OAB gosta desta teoria). Professor não concorda, pois não se pode fazer o que quiser com o feto.
Concepcionista: Maria Helena Diniz – os direitos patrimoniais do nascituro são garantidos a partir do nascimento com vida. Todavia, os direitos da personalidade se concretizam a partir da concepção.
Capacidade: é a medida da personalidade.
De Direito (de gozo): trata-se da titularidade de direitos inerente a todos e não pode sofrer limitações.
De fato (de exercício): trata-se da capacidade para o exercício de direitos. A capacidade de fato pode sofrer limitações.
Capaz: tem capacidade de direito + capacidade de fato;
Incapaz: sofre limitação à capacidade de fato;
Absolutamente incapaz: não pode exercer direitos sem estar representado;
Relativamente incapaz: sofre limitação relativa e pode exercer alguns direitos, mas para outros deve estar assistido. Pode praticar 03 atos sem estar assistido: testamento; testemunho; e casamento (autorização é diferente de representação).
Cessação da Incapacidade: cessa a incapacidade quando cessarem os motivos que lhe deram origem.
Atenção para a emancipação: pode ocorrer de 03 formas:
Voluntária: pais, por instrumento público, independentemente de homologação judicial.
Judicial: juiz, por meio de sentença, devendo, sempre que possível, ouvir o tutor.
Legal: viabilizada pela lei.
- Casamento;
- Colação de grau em curso superior;
- Exercício de função pública em caráter efetivo: não basta passar no concurso deve tomar posse e exercer a função em caráter efetivo;
- Exercício de atividade civil ou comercial ou relação de emprego (vínculo empregatício) que permita ao menor ter economia própria.
Fim da personalidade: se dá pela morte. A morte pode ser:
Real: não depende da falência múltipla dos órgãos. Ex.: morte cerebral.
Presumida: se dá em 02 situações.
Ausência: declarado como tal por uma sentença.
Sem declaração de ausência: quando a morte for extremamente provável (ex.: catástrofe) ou se a pessoa fica desaparecida após 02 anos do término da guerra.
Direitos da personalidade: todos os direitos que decorrem do direito à vida. Inclusive aqueles direitos que envolvam pessoas já mortas.
Personalidade não é sinônimo de direitos da personalidade.
Art. 11. Com exceção dos casos previstos em lei, os direitos da personalidade são intransmissíveis e irrenunciáveis, não podendo o seu exercício sofrer limitação voluntária.
Os direitos da personalidade são: 
Ilimitados: não estão previstos em rol taxativo.
Indisponíveis: os direitos autorais e os direitos de imagem são exceção.
 Tipos de imagem:
	- Retrato: é a que está no porta-retrato e é passível de exposição.
	- Atributo: é o atributo perante a sociedade.
Impenhoráveis
Imprescritíveis
Com relação ao nome, vale dizer: mudança do nome.
Lei de Registros Públicos (L. 6015/73): até um ano após a maioridade.
Erro gráfico;
Levar ao ridículo;
Casamento;
Adoção;
Inclusão de alcunha ou apelido;
Alteração da filiação.
*** *** ***
PESSOA JURÍDICA:
	É todo ente formado pela coletividade de pessoas ou de bens que adquire personalidade jurídica própria por força de determinação legal.
	1. Estrutura coletiva: 
De pessoas (intersubjetiva): formada por sujeitos.
 Sociedades: é a pessoa jurídica com finalidade lucrativa;
 Associações: não podem ter finalidade lucrativa. Ex.: associações filantrópicas.
Cuidado: eventualmente, a associação pode gerar lucro, mas como atividade meio e não atividade fim. Neste caso, todo o lucro deve ser empregado na finalidade da associação e nunca dela retirado.
Obs.: juridicamente, igrejas têm natureza associativa.
De bens (patrimonial): diz respeito às fundações e, também, não podem ter finalidade lucrativa.
Art. 62, § ú: finalidade religiosa, moral ou de assistência Rol exemplificativo. Portanto, em todas as hipóteses em que se admite associação também poderá haver fundação.
Art. 62. Para criar uma fundação, o seu instituidor fará, por escritura pública ou testamento, dotação especial de bens livres, especificando o fim a que se destina, e declarando, se quiser, a maneira de administrá-la.
Parágrafo único. A fundação somente poderá constituir-se para fins religiosos, morais, culturais ou de assistência.
	
	2. Personalidade jurídica: é apta para direitos e obrigações.
Em que momento surge a pessoa jurídica? Para o Direito, a personalidade jurídica tem início com a inscrição do ato constitutivo (contrato social para sociedades e estatuto para associações e fundações). Inscrição, neste caso, é sinonímia de registro.
Qual a natureza jurídica do registro da pessoa jurídica: constitutivo.
Obs.: (declaratório ou constitutivo geralmente é essa a resposta que se espera neste tipo de pergunta. A resposta define os efeitos ex nunc ou ex tunc).
	3. Responsabilidade civil: a desconsideração da personalidade jurídica é sempre a exceção.
A regra é o princípio da separação patrimonial era previsto no art. 20 do Código Civil de 1916, mas não é expresso atualmente em nosso ordenamento jurídico.
Principais aspectos da desconsideração da personalidade jurídica: OAB!
Desconsideração é simples medida processual em que o juiz determina a inclusão dos sócios ou administradores da PJ no pólo passivo da demanda para que respondam com seu patrimônio particular pelas dívidas da PJ. A desconsideração da personalidade jurídica não afeta em nada a PJ, mas sim a situação dos sócios ou administradores. 
 Não acarreta a extinção, dissolução, liquidação, ou anulação dos atos constitutivos da PJ.
O art. 50 do CC estabelece que a desconsideração ocorrerá quando houver abuso da personalidade, decorrente de desvio de finalidade ou confusão patrimonial. A decisão deve ser fundamentada.
Art. 50. Em caso de abuso da personalidade jurídica, caracterizado pelo desvio de finalidade, ou pela confusão patrimonial, pode o juiz decidir, a requerimento da parte, ou do Ministério Público quando lhe couber intervir no processo, que os efeitos de certas e determinadas relações de obrigações sejam estendidos aos bens particulares dos administradores ou sócios da pessoa jurídica.Pelo Código Civil, o juiz não pode decretar a desconsideração da PJ de ofício. Deste modo, a desconsideração depende de provocação, admitindo-se, inclusive, pedido do MP.
Obs.: 
O CDC autoriza decretar de ofício a desconsideração.
Art. 28, CDC (Teoria maior) – também exige motivo para a desconsideração. Contudo, elenca 11 hipóteses de desconsideração. 
        Art. 28. O juiz poderá desconsiderar a personalidade jurídica da sociedade quando, em detrimento do consumidor, houver abuso de direito, excesso de poder, infração da lei, fato ou ato ilícito ou violação dos estatutos ou contrato social. A desconsideração também será efetivada quando houver falência, estado de insolvência, encerramento ou inatividade da pessoa jurídica provocados por má administração.
§ 5º: não exige motivo! (Teoria menor) O CDC transforma os donos em “fiadores da empresa”. Por essa razão, o caput acaba ficando sem aplicação.
§ 5° Também poderá ser desconsiderada a pessoa jurídica sempre que sua personalidade for, de alguma forma, obstáculo ao ressarcimento de prejuízos causados aos consumidores.
Por essa razão, o juiz do trabalho, na hipótese de desconsideração da PJ, aplica analogia com o CDC. Tanto no Direito do Trabalho quanto nas relações de consumo, a relação é desequilibrada. Há identidade principiológica destinam-se a corrigir a isonomia substancial.
*** *** ***
BENS
Quanto à mobilidade:
Imóveis:
Por sua natureza: compreende o solo; o subsolo; o espaço aéreo; e tudo quanto for incorporado ao solo de forma natural.
Por acessão física: é tudo que é incorporado ao solo pelo Homem, de forma permanente. Ex.: construções, plantações, e a semente lançada ao solo.
Por acessão intelectual: são os móveis destinados ao aformeseamento de um imóvel. Garantem determinada finalidade ao bem. Logo, uma TV dentro da casa é considerada imóvel.
Ex.: pertenças são bens acessórios que, em regra, não seguem a sorte do principal.
Por determinação legal: são assim determinados por lei. 
Ex.¹: herança (direito à sucessão aberta), independentemente de seu conteúdo.
Ex.²: direitos reais sobre bens imóveis. (Direitos são bens!).
Móveis:
Por sua natureza: são aqueles que podem ser transportados de um lugar a outro, sem que se destruam. Ex.: animais entram aqui (semoventes).
Por antecipação: são os imóveis que foram mobilizados em atenção a sua finalidade econômica. Ex.: madeira cortada e fruta colhida.
Por determinação legal: aqueles assim considerados por lei. 
Ex.¹: energias que tenham conteúdo econômico;
Ex.²: direitos reais sobre bens móveis;
Ex.³: direito obrigacional.
*** *** ***
ATOS E FATOS JURÍDICOS: são atos e fatos que importam ao Direito. 
Fato jurídico lato sensu: todo evento que tenha importância ao Direito.
Natural: eventos da natureza que tenham importância ao direito. 
Ordinário: ex.: nascimento de uma criança;
Extraordinário: caso fortuito.
Humano: 
Ilícito: contrário ao ordenamento jurídico (lei, moral, ordem pública, bons costumes). São causas de dano e responsabilidade civil.
Lícito: estão de acordo com o ordenamento jurídico. O fato lícito pode ser denominado de ato jurídico lato sensu (vontade + licitude). Trata-se de um gênero de duas espécies:
Ato jurídico stricto sensu: art. 185, CC – é a manifestação de vontade que produz efeitos impostos por lei. Tanto o conteúdo quanto as conseqüências do ato estão previstos na lei (ex legem) Ex.: reconhecimento de filho. A lei não é um cardápio: a lei se impõe!
Art. 185. Aos atos jurídicos lícitos, que não sejam negócios jurídicos, aplicam-se, no que couber, as disposições do Título anterior. 
Negócio jurídico: art. 104 e 184, CC – manifestação de vontade que produz efeitos desejados pelas partes e permitidos por lei. Deriva do exercício da autonomia privada. Trata-se de negócio ex voluntate.
Art. 104. A validade do negócio jurídico requer:
I - agente capaz;
II - objeto lícito, possível, determinado ou determinável;
III - forma prescrita ou não defesa em lei.
Art. 184. Respeitada a intenção das partes, a invalidade parcial de um negócio jurídico não o prejudicará na parte válida, se esta for separável; a invalidade da obrigação principal implica a das obrigações acessórias, mas a destas não induz a da obrigação principal.
VALIDADE DO NEGÓCIO JURÍDICO:
Requisitos de validade: a ausência destes requisitos enseja a invalidade do negócio.
Partes capazes e legítimas;
Objeto lícito, possível, determinado ou determinável;
A vontade deve ser livre: sem vícios.
A forma deve ser aquela prescrita ou não defesa em lei.
Invalidade:
Absoluta: neste caso, o negócio jurídico é nulo. 
A ação adequada é a declaratória de nulidade, de modo que a pretensão é imprescritível e os efeitos da sentença são erga omnes. Os efeitos são ex tunc.
Relativa: neste caso, o negócio é anulável.
A ação adequada é a anulatória, cuja o prazo é decadencial (são muitas hipóteses). O alcance da sentença é interpartes e não há posição definitiva sobre efeitos ex nunc ou ex tunc.
Vícios do negócio jurídico:
Da vontade do consentimento: o que se contamina é a formação da vontade. Além disso, o prejudicado é sempre um dos contratantes.
Erro: é a falsa percepção da realidade. 
Recebe o mesmo tratamento da ignorância, que é o completo desconhecimento da realidade. A ignorância é um erro exacerbado.
Conseqüência: o negócio é anulável ação anulatória: prazo de 04 anos a partir do momento de celebração do negócio jurídico.
Atenção para uma análise mais específica:
a.1) Erro essencial: é aquele que recai sobre aspecto determinante do negócio. (ex.: o material de que é feita uma jóia). Portanto, o negócio é anulável.
a.2) Erro acidental: recai sobre aspecto secundário do negócio. (ex.: embrulho de um relógio). Logo, o negócio não é anulável.
Mas indenizável por perdas e danos? Não, pois a outra parte não teve culpa pelo erro (elemento de caracterização da responsabilidade subjetiva): quem erra, erra sozinho.
Dolo: é o induzimento malicioso a erro.
Conseqüência: o negócio é anulável ação anulatória: prazo de 04 anos a partir do momento de celebração do negócio jurídico.
Atenção para uma análise mais específica:
a.1) Dolo essencial (substancial / dolus causam): incide sobre aspecto determinante do negócio – o negócio não teria sido realizado se o outro contratante soubesse da verdade. Torna o negócio jurídico anulável.
a.2) Dolo acidental (dolus incidens): incide sobre aspecto secundário, isto é, não determinante ao negócio. O negócio não pode ser anulado. 
Porém, dolo é uma modalidade de culpa no âmbito da responsabilidade civil. Logo, caso se prove prejuízo, haverá direito de pedir indenização.
Coação: é a pressão ou ameaça exercida sobre uma pessoa para que esta realize um determinado negócio.
Conseqüência: torna o negócio jurídico anulável ação anulatória: 04 anos, contados da data em que cessar a coação.
Doutrina: faz outra diferenciação.
Relativa (vis compulsiva): deixa opção ao coagido. (Ex.: ameaça de mostrar as fotos de uma traição). Esta é a prevista no Código Civil de 2002. Torna o negócio anulável.
Absoluta (vis absoluta): (O Código Civil não trata) é aquela que não deixa opção ao coagido. Portanto, não há manifestação de vontade e, portanto, o negócio carece de um dos requisitos de existência. Por isso o negócio é inexistente. (Para a prova, assinalar que o negócio é anulável, pois é o texto do código).
Estado de perigo: tutela o Direito da Personalidade.
Requisito objetivo: pessoa que realiza negócio jurídico assumindo obrigação excessivamente onerosa.
Requisito subjetivo: perigo de morte ou grave dano moral envolvendo a própria pessoa; parente próximo; cônjuge ou companheiro; ou amigo íntimo.
O negócio é anulável e a ação deve ser proposta no prazo de 04 anos a contar da data da celebração.
Obs.: para que o negócio seja anulado por estado de perigo deve ser provado o dolo de aproveitamento, isto é, deve-se provar que o outro contratante sabia da situação de perigo.Lesão: tutela o Direito Patrimonial.
Requisito objetivo: pessoa que realiza negócio jurídico assumindo obrigação excessivamente onerosa.
Requisito subjetivo: premente necessidade ou inexperiência. 
O negócio é anulável e a ação deve ser proposta no prazo de 04 anos a contar da data da celebração.
Obs.: na lesão não há necessidade de se provar o dolo de aproveitamento não há necessidade de provar que a parte contratante sabia que o sujeito estava em premente necessidade ou inexperiência.
Sociais: o que se contamina é a manifestação da vontade. Além disso, o prejudicado é sempre um terceiro.
Fraude contra credores: é a atuação maliciosa do devedor insolvente ou, na iminência de assim se tornar, que se desfaz de seu patrimônio procurando não responder pelas obrigações anteriormente assumidas.
Requisitos: 
Anterioridade do crédito; 
Consilium fraudis: conluio fraudulento entre o devedor e o adquirente do bem. 
Obs.: se a alienação foi gratuita, presume-se o consilium.
Eventus damini: deve ser provado que o ato (alienação) deixou o devedor sem bens suficientes para responder pela dívida.
Conseqüência: o negócio é anulável por meio de ação pauliana, no de prazo de 04 anos, contados da celebração do negócio jurídico.
Doutrina e jurisprudência: apontam que a FCC torna o negócio INEFICAZ.
Simulação: é o desacordo entre a vontade interna (intenção) e a vontade externa (manifestação). Pode existir de 02 formas.
Absoluta: tudo é mentira e, por isso, nada se aproveita: tudo é nulo.
Relativa: nem tudo é mentira e, por isso, só será nula a parte falsa. Ex.: compra e venda abaixo do real valor.
Deve-se propor ação de nulidade absoluta: não tem prazo e é imprescritível.
*** *** ***
PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA:
Prescrição é a perda da pretensão de reparação do direito violado em virtude da inércia de seu titular no prazo previsto em lei.
Não é perda do direito de ação, garantido constitucionalmente.
Decadência é a perda efetiva de um direito potestativo pela falta de seu exercício no prazo previsto em lei ou pelas partes.
	Prescrição
	Decadência
	Perde a pretensão;
	Perde o direito;
	Relacionada a direitos subjetivos patrimoniais: decorre de um dever jurídico (obrigação). Ex.: direito de o credor cobrar dívida do devedor;
	Relacionada a direitos potestativos: quando a outra parte se encontra em estado de sujeição (a parte contrária não está obrigada a nada). 
Ex.: direito de anular um contrato. 
Trata-se de um poder que tem uma parte sobre a outra.
	Prevista somente em lei: não se cria nem se altera;
	É prevista em lei e pode ser pactuada: exemplo – garantia estendida. 
	Pode ser renunciada (art. 191, CC);
	Se a garantia for legal, é irrenunciável e o juiz deve declarar de ofício.
Por outro lado, a decadência convencionada é renunciável e o juiz não pode declarar de ofício.
	Deve ser declarada de ofício pelo juiz (§ 5º, art. 219, CPC).
	
*** *** ***
DIREITO DAS OBRIGAÇÕES:
	A obrigação deve ser compreendida como uma espécie de relação jurídica em que há um credor titular de um crédito e um devedor titular de um dever. O objeto desta relação é a prestação trata-se de um comportamento de devedor para atender um interesse do credor. 
Em uma relação de compra e venda de um copo de água, por exemplo, a obrigação é entregar a água, e não a água em si.
A relação obrigacional é transitória: a relação nasce já com vistas à extinção.	
Obrigação Simples: a obrigação se extingue por uma única prestação;
Obrigação Cumulativa: ocorre quando há necessidade de 02 ou mais prestações para extinção da obrigação.
Modalidades (OAB!):
Obrigação de dar: art. 233, CC – traduz-se pela transmissão da posse, da propriedade ou de um direito real de uma coisa.
Art. 233. A obrigação de dar coisa certa abrange os acessórios dela embora não mencionados, salvo se o contrário resultar do título ou das circunstâncias do caso.
Tendo em vista o direito do credor, as obrigações de dar comportam duas classificações:
Dar coisa certa; e
Dar coisa incerta.
Obs.: coisa certa e coisa incerta não são o mesmo que coisa fungível ou infungível. 
A fungibilidade está relacionada à natureza da coisa. Já a certeza, está ligada ao interesse do credor. Quando o credor define o seu interesse sobre a coisa a obrigação é de dar coisa certa. Quando esta definição é mínima (gênero e quantidade), temos a obrigação de dar coisa incerta.
A obrigação de dar coisa incerta, no seu cumprimento, passa a ser certa. A escolha do bem deve ser feita, como regra, pelo devedor. A escolha, aqui, relaciona-se à coisa.
		
Obrigação de fazer ou não fazer: ato ou omissão praticada pelo devedor no interesse do credor. Dividem-se em duas espécies:
Obrigação de fazer fungível: pode ser praticada pelo devedor ou um terceiro. No Direito Civil, esta é regra: art. 304, CC.
Art. 304. Qualquer interessado na extinção da dívida pode pagá-la, usando, se o credor se opuser, dos meios conducentes à exoneração do devedor.
Parágrafo único. Igual direito cabe ao terceiro não interessado, se o fizer em nome e à conta do devedor, salvo oposição deste.
Obrigação de fazer infungível (personalíssima/intuito persona): é aquela que somente pode ser praticada pelo devedor. A infungibilidade decorre de qualidades pessoais do devedor, disposição contratual ou legal.
Obrigações alternativas (disjuntivas): nestas obrigações, existe mais de uma prestação, porém, basta que o devedor cumpra uma única para que a obrigação seja extinta. Aqui há escolha da prestação.
 A escolha na obrigação alternativa, como regra, é do devedor, mas recai sobre a prestação, diferentemente do que ocorre na obrigação de dar coisa incerta, cuja escolha recai sobre a coisa. 
Divisível ou Indivisível: possibilidade de fracionamento da prestação/comportamento. 
Se a coisa é indivisível, obrigatoriamente, a obrigação será indivisível. Todavia, sendo a coisa divisível, a prestação poderá ser divisível ou não: depende do interesse do credor.
Todas as obrigações, quando convertidas em perdas e danos, são tratadas como obrigações divisíveis, por expressa determinação legal.
Obrigação solidária: a solidariedade é um vínculo entre os sujeitos da relação obrigacional. Este vínculo decorre de previsão legal ou expressa disposição negocial. 
A pluralidade de sujeitos pode significar duas coisas distintas: divisibilidade da prestação ou solidariedade. A divisibilidade é presumida, enquanto a solidariedade não se presume.
Exemplo de pergunta da OAB: Diante da pluralidade de sujeitos em um dos pólos da relação obrigacional é correto dizer: a prestação é presumidamente divisível.
Características da solidariedade:
Não se presume;
É mantida mesmo quando a obrigação é convertida em perdas e danos;
A solidariedade não se transmite aos herdeiros, pois se trata de um vínculo pessoal. Cabe, portanto, aos herdeiros pagar apenas o valor da dívida do falecido.
Transmissão das obrigações:
Cessão de crédito: a transmissão de crédito se realiza por meio da cessão de crédito (mecanismo negocial). A cessão envolve dois sujeitos: o cedente e o cessionário.
Cedente: é o credor originário;
Cessionário: é o novo credor.
O Código Civil exige que a cessão seja cientificada ao devedor, sob pena de ineficácia. A falta de notificação ao devedor não interfere na validade da mesma, mas sim na sua eficácia com relação ao devedor.
Assunção de dívida: trata-se de mecanismo muito mais rígido que a cessão de crédito, pois envolve o chamado “interveniente anuente” o credor precisa concordar com a cessão da dívida.
Cedente: devedor originário;
Cessionário: novo devedor.
Pagamento/Adimplemento (OAB!): ato de extinção da relação obrigacional.
A quem se deve pagar? Ao credor ou seu representante. O pagamento equivocado que se realiza de boa-fé caracteriza o denominado pagamento putativo. Trata-se de um ato válido, sem qualquer sanção ao devedor.
Quem deve pagar? Qualquer interessado art. 304, CC. Esta situação comporta 03 sujeitos:Devedor pagando, extingue-se a obrigação;
Terceiro interessado (pessoa com vínculo obrigacional de responsabilidade) pagando, a dívida é extinta, operando-se a sub-rogação, que torna o terceiro o novo credor.
Terceiro não-interessado: pagando, extingue-se a obrigação, mas não há sub-rogação, pois não há vínculo obrigacional. Há apenas o direito a reembolso.
Lugar do pagamento:
Domicílio do devedor: dívida quesível. Esta é a regra do Direito Civil Brasileiro.
Domicílio do credor: dívida portável. 
Prova do pagamento: é a quitação. Ato exclusivo do credor.
Tempo do pagamento: as dívidas devem ser pagas à vista.
*** *** ***
RESPONSABILIDADE CIVIL:
	A responsabilidade civil tem como: 
Origem violação de um dever jurídico. 
Conseqüência obrigação de indenizar.
Elementos constitutivos da obrigação de indenizar:
Essenciais: são os elementos constitutivos de qualquer relação obrigacional.
Conduta: diz respeito a uma ação ou omissão imputável para se determinar o responsável.
A regra, na conduta, é a denominada responsabilidade por ato próprio. Mas é quanto ao incapaz? R: também responde por ato próprio. Todavia, responde apenas subsidiariamente (art. 928, CC). 
Art. 928. O incapaz responde pelos prejuízos que causar, se as pessoas por ele responsáveis não tiverem obrigação de fazê-lo ou não dispuserem de meios suficientes.
Parágrafo único. A indenização prevista neste artigo, que deverá ser eqüitativa, não terá lugar se privar do necessário o incapaz ou as pessoas que dele dependem.
Hipóteses de responsabilidade dos incapazes:
Quando o representante legal não tiver obrigação (Ex.: curador por atos não patrimoniais do pródigo);
Quando o representante não tiver como suportar (ausência de meios) a obrigação de indenizar.
Obs.: o valor da indenização nos casos do art. 928 será arbitrado de forma equitativa para não comprometer o sustento do incapaz.
		Existem 02 exceções à chamada regra por ato próprio:
		
Responsabilidade por ato de terceiro (art. 932/933): são hipóteses em que a lei determina a responsabilidade de uma pessoa que não praticou a conduta danosa. Nestes casos o terceiro sofre imputação legal.
Ex.: 
Motorista vítima (dano)
Empresa: responsabilidade por ato de terceiro.
Motorista que dirige de forma imprudente e causa dano à vítima. O motorista tem responsabilidade por ato próprio. A empresa contratante do motorista terá responsabilidade por ato de terceiro. Aqui, o autor da conduta terá responsabilidade subjetiva (deve-se apurar a culpa). Já o terceiro terá responsabilidade objetiva (art. 933, CC). Ambos possuem responsabilidade solidária. 
Art. 932. São também responsáveis pela reparação civil:
I - os pais, pelos filhos menores que estiverem sob sua autoridade e em sua companhia;
II - o tutor e o curador, pelos pupilos e curatelados, que se acharem nas mesmas condições;
III - o empregador ou comitente, por seus empregados, serviçais e prepostos, no exercício do trabalho que lhes competir, ou em razão dele;
IV - os donos de hotéis, hospedarias, casas ou estabelecimentos onde se albergue por dinheiro, mesmo para fins de educação, pelos seus hóspedes, moradores e educandos;
V - os que gratuitamente houverem participado nos produtos do crime, até a concorrente quantia.
Art. 933. As pessoas indicadas nos incisos I a V do artigo antecedente, ainda que não haja culpa de sua parte, responderão pelos atos praticados pelos terceiros ali referidos.
Responsabilidade pelo fato da coisa: são hipóteses de responsabilidade objetiva a lei não diz, mas a doutrina e jurisprudência são pacíficas quanto a isso.
Pelo fato do animal (art. 936, CC): nestes casos a responsabilidade é do dono ou detentor, isto é, daquele que deveria evitar o dano.
Art. 936. O dono, ou detentor, do animal ressarcirá o dano por este causado, se não provar culpa da vítima ou força maior.
Por ruína de edifício por falta de reparos (art. 937, CC): em regra, a responsabilidade recai sobre o dono.
Obs.: tanto a doutrina quanto a jurisprudência alargam a responsabilidade do art. 937, imputando o dever de indenizar ao locatário, comodatário e outros possuidores.
Art. 937. O dono de edifício ou construção responde pelos danos que resultarem de sua ruína, se esta provier de falta de reparos, cuja necessidade fosse manifesta.
Por objetos que caem ou são lançados de edifício (art. 938, CC): nestes casos, o responsável é o habitante. Deste modo, em se tratando de condomínio edilício, a responsabilidade recairá sobre todo o condomínio caso encontrem a unidade responsável, caberá ação regressiva.
Art. 938. Aquele que habitar prédio, ou parte dele, responde pelo dano proveniente das coisas que dele caírem ou forem lançadas em lugar indevido.
Nexo causal: trata-se de uma relação lógica entre a conduta imputável do agente e o dano experimentado pela vítima. Não se trata da apuração da causa, mas apenas a constatação da relação. Teorias explicativas do nexo causal:
Teoria das condições equivalentes (sine qua non): todas as causas relacionadas ao evento danoso permitem imputação de responsabilidade civil. 
* Crítica generaliza demais as causas, ampliando em demasia a responsabilidade do indivíduo.
Teoria da causa direta/imediata (dano direto): muito adotada pela jurisprudência dos TJ’s e STJ busca identificar a causa que deu origem ao fluxo causal. Em outras palavras, busca-se a causa que, caso não estivesse presente, o dano não teria ocorrida. Deixa de lado, portanto, fatores secundários.
Teoria da causa adequada: busca-se a causa que, valorativamente, merece imputação de responsabilidade civil. 
* Crítica muita discricionariedade por parte do magistrado.
Dano: trata-se de uma lesão ou prejuízo a um bem juridicamente tutelado. Implica em um abalo socialmente relevante ao status de proteção do bem. O elemento do dano comporta uma classificação:
Dano patrimonial (material): atinge o direito de propriedade da vítima. De acordo com o Código Civil, este dano possui duas projeções (art. 402):
Dano emergente: análise do passado para o presente deve ser efetivo.
Lucro cessante: análise do presente para o futuro deve ser razoável.
Art. 402. Salvo as exceções expressamente previstas em lei, as perdas e danos devidas ao credor abrangem, além do que ele efetivamente perdeu, o que razoavelmente deixou de lucrar.
Dano extrapatrimonial (moral/estético): atinge a dignidade da vítima.
O dano moral decorre da violação dos direitos da personalidade (honra/imagem/intimidade). O dano moral tem uma variante muito discutida na prática:
Teoria da perda de uma chance: a chance é um fato concreto no presente capaz de alterar positivamente a vida de um indivíduo no futuro. É importante observar que apenas as chances concretas e socialmente relevantes poderão ser objetos de indenização. 
Vale dizer, ainda, que outros elementos podem ser elementos constitutivos da relação obrigacional:
Culpa: responsabilidade subjetiva regra geral.
Risco: responsabilidade objetiva.
Regimes de responsabilidade:
Regime da responsabilidade extracontratual (aquiliana): tem o ato ilícito como origem da responsabilidade.
Regra: art. 186 responsabilidade subjetiva. Há, portanto, a necessidade de mais um elemento constitutivo da relação: a culpa.
Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.
Exceção: art. 187 responsabilidade objetiva.
Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes.
Regime da responsabilidade contratual: tem como origem o inadimplemento.
Absoluto: art. 389.
Art. 389. Não cumprida a obrigação, responde o devedor por perdas e danos, mais juros e atualização monetária segundo índices oficiais regularmente estabelecidos, e honorários de advogado.
Relativo: art. 394/395.Art. 394. Considera-se em mora o devedor que não efetuar o pagamento e o credor que não quiser recebê-lo no tempo, lugar e forma que a lei ou a convenção estabelecer.
Art. 395. Responde o devedor pelos prejuízos a que sua mora der causa, mais juros, atualização dos valores monetários segundo índices oficiais regularmente estabelecidos, e honorários de advogado.
Excludentes de responsabilidade civil: as excludentes são mecanismos que impedem a configuração da obrigação de indenizar.
Excludentes de ilicitude: art. 188 o ato deixa de ser ilícito. São as mesmas do direito penal. 
Art. 188. Não constituem atos ilícitos:
I - os praticados em legítima defesa ou no exercício regular de um direito reconhecido;
II - a deterioração ou destruição da coisa alheia, ou a lesão a pessoa, a fim de remover perigo iminente.
Parágrafo único. No caso do inciso II, o ato será legítimo somente quando as circunstâncias o tornarem absolutamente necessário, não excedendo os limites do indispensável para a remoção do perigo.
Caso fortuito: é um fato ou ato imprevisível. É uma excludente relativa da responsabilidade de indenizar. (É relacionado à causa).
Força maior: é um ato ou fato inevitável. Trata-se de uma excludente absoluta da obrigação de indenizar. (É relacionado à conseqüência).
Culpa exclusiva da vítima ou ato de terceiro: há a presença de um deslocamento do nexo causal. A causa do dano é imputável à vítima ou a um terceiro. A culpa concorrente não é excludente, mas permite a redução do valor da indenização.
*** *** ***
CONTRATOS:
Conceito: é o acordo de vontades que visa criar, modificar, resguardar, transferir, garantir ou extinguir direitos.
O que é contrato consigo mesmo? Resposta: A celebra contrato com B; porém, B passa procuração com poderes especiais para A praticar os atos inerentes à relação contratual.
Princípios:
Autonomia da vontade:
 Liberdade: para contratar; com quem contratar; e sobre o que contratar.
Obrigatoriedade das convenções (pacta sunt servanda): força obrigatória do contrato. Este princípio é relativizado pelo princípio da função social do contrato e da boa-fé objetiva.
Função social do contrato: o contrato não pode ser conflitante com o interesse público. Ex.: contrato de seguro de saúde.
Boa-fé: 
Subjetiva: pautou o Código Civil de 1916 boa-fé crença, em que era necessário provar que a pessoa sabia que agia de forma errada e teve a intenção de prejudicar. É subjetiva demais.
Objetiva: Código Civil de 2002 juiz se utiliza de um critério objetivo de padrão de conduta: ética, lealdade, probidade. Se faltar um destes elementos, há má-fé. Ex.: não se pode pagar 10 mil em um carro que custe 80 mil.
	Pouco importa a intenção do indivíduo.
Formação dos contratos: 03 fases.
Negociações preliminares: responsabilidade extracontratual (art. 927, CC). Ex.: quebra da promessa de casamento para que haja responsabilização, deve-se provar o dano. (Lembrando: dano moral = violação de um direito da personalidade).
Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo.
Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, nos casos especificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem.
Proposta: vincula os proponentes já há responsabilidade contratual (art. 389 e seguintes, CC).
Art. 389. Não cumprida a obrigação, responde o devedor por perdas e danos, mais juros e atualização monetária segundo índices oficiais regularmente estabelecidos, e honorários de advogado.
Art. 390. Nas obrigações negativas o devedor é havido por inadimplente desde o dia em que executou o ato de que se devia abster.
Art. 391. Pelo inadimplemento das obrigações respondem todos os bens do devedor.
Art. 392. Nos contratos benéficos, responde por simples culpa o contratante, a quem o contrato aproveite, e por dolo aquele a quem não favoreça. Nos contratos onerosos, responde cada uma das partes por culpa, salvo as exceções previstas em lei.
Art. 393. O devedor não responde pelos prejuízos resultantes de caso fortuito ou força maior, se expressamente não se houver por eles responsabilizado.
Parágrafo único. O caso fortuito ou de força maior verifica-se no fato necessário, cujos efeitos não era possível evitar ou impedir.
Aceitação.
Vícios redibitórios: são os vícios ou defeitos ocultos que tornam a coisa imprópria para os fins a que se destina ou que diminuem o seu valor.
	Coisa imprópria para os fins a que se destina
	 Ação Redibitória
	 Não sabia do vício: gera o desfazimento do negócio com a devolução do preço corrigido.
	 Sabia do vício: desfazimento do négocio, devolução do preço corrigido e perdas e danos.
	Diminuição do valor da coisa
	 Ação Quanti Minoris ou estimatória
	 Não sabia do vício: abatimento no preço (desconto).
	 Sabia do vício: abatimento no preço + perdas e danos.
Assim como a evicção, o vício redibitório é uma garantia ao adquirente, independentemente da ciência prévia ou não do alienante.
Importante: não confundir vício com descumprimento da obrigação
 Para o CDC:
	Vício: está relacionado com a qualidade e quantidade.
	Defeito: relacionado a saúde e segurança.
Prazos:
Regra: 
Bens móveis – 30 dias, contados da tradição;
Bens imóveis – 01 ano, contado da tradição.
Exceções: 
O prazo será reduzido pela meta quando o adquirente já estava na posse do bem, de modo que, neste caso, o prazo será contado da data da alienação.
Quando o vício por sua natureza só puder ser conhecido mais tarde, o prazo (para início da contagem do prazo da regra a cima) será contado da sua ciência, não podendo ser superior a 180 dias para móveis e 01 ano para imóveis.
Evicção: perda da coisa por meio de decisão judicial (ou ato administrativo jurisprudência).
 Trata-se de uma cláusula de garantia.
Dicas:
A responsabilidade pela evicção se estende para o bem arrematado em hasta pública.
A garantia pela evicção pode ser excluída, aumentada ou diminuída pela vontade das partes.
Extinção do contrato: Rescisão, Resolução e Resilição.
Resolução:
Sem culpa das partes: caso fortuito, força maior, onerosidade excessiva (acontecimentos imprevisíveis).
Rescisão: 
Há culpa das partes; ou
Invalidação: contrato nulo ou anulável.
Resilição:
Há desinteresse:
 Resilição bilateral: distrato (é a regra).
 Resiliçao unilateral: denúncia (exceção). Deve estar prevista em lei!
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DIREITO DAS COISAS: posse + direitos reais.
Posse: art. 1.196, CC.
Art. 1.196. Considera-se possuidor todo aquele que tem de fato o exercício, pleno ou não, de algum dos poderes inerentes à propriedade.
Conceito: é uma relação de poder de um indivíduo com uma determinada coisa. Esta relação de poder é uma situação de fato que gera um estado de aparência de domínio. Deste modo, o possuidor, aparentemente, é o proprietário. 
A posse, mesmo sendo uma relação de fato, recebe proteção jurídica, permitindo a defesa dos interesses do possuidor.
Proteção possessória: será deferida quando existir posse justa (art. 1.200, CC não tem definição técnica). Doutrina: posse justa é aquela isenta de vícios.
Art. 1.200. É justa a posse que não for violenta, clandestina ou precária.
Art. 1.201. É de boa-fé a posse, se o possuidor ignora o vício, ou o obstáculo que impede a aquisição da coisa.
Parágrafo único. O possuidor com justo título tem por si a presunção de boa-fé, salvo prova em contrário, ou quando a lei expressamente não admite esta presunção.
03 vícios são previstos pela lei: rol exemplificativo.
Violência: posse adquirida por força física. Ex.: invasões.
Clandestinidade: forma de aquisição por ocultamento. Ex.: pessoa que, durante a madrugada, muda a cerca de lugar.
Precariedade: resulta do termo final do negócio que garante a posse da coisa.
 Cuidado: a simples precariedade não caracteriza necessariamente uma posse injusta. Ex.: comodatáriodurante o período de vigência do contrato.
Obs.: posse justa ou injusta é relevante para a tutela jurídica da posse, mas não da propriedade, como no caso da usucapião, em que o critério é posse de boa-fé ou má-fé.
Tutela possessória:
Autotutela: trata-se de uma forma extrajudicial. Como regra, a autotutela é proibida. Mas, neste caso, é deferida pelo desforço imediata ou legítima defesa da posse destina-se a inibir a ocorrência do vício.
Interditos possessórios: trata-se de um mecanismo judicial.
Ação de reintegração de posse: é utilizada nos casos de esbulho, que se caracteriza pela perda da posse. O esbulho pode ser total ou parcial.
Ação de manutenção de posse: aplicável nos casos de turbação da posse a posse é prejudicada. Ex.: cortar caminho, atravessando a propriedade do vizinho com um rebanho.
Interdito proibitório: tutela a ameaça do esbulho ou de turbação.
Direitos reais:
Características:
Taxatividade: art. 1.225, CC – todos os direitos reais são previstos expressamente em lei (não é necessariamente no Código Civil). Se não está na lei, não existe 
 Diferentemente do que existe nos EUA, em que é possível criar contratos atípicos.
Art. 1.225. São direitos reais:
I - a propriedade;
II - a superfície;
III - as servidões;
IV - o usufruto;
V - o uso;
VI - a habitação;
VII - o direito do promitente comprador do imóvel;
VIII - o penhor;
IX - a hipoteca;
X - a anticrese.
XI - a concessão de uso especial para fins de moradia; (Incluído pela Lei nº 11.481, de 2007)
XII - a concessão de direito real de uso. (Incluído pela Lei nº 11.481, de 2007)
Aderência: a existência do direito real está aliada à existência da coisa.
Seqüela: trata-se de uma marca jurídica que permite a identificação do titular. Dessa marca surge o ius persequendi direito de perseguir a coisa (busca e apreensão, p. ex.).
Eficácia erga omnes: é a projeção de efeitos para toda sociedade. Os direitos reais criam um dever geral de abstenção a ninguém é dado o direito de interferir nos direitos reais.
Direito de propriedade: a propriedade garante ao titular 04 faculdades de exercício sobre a coisa, a saber: usar, fruir, dispor, reivindicar. Todavia, o exercício das faculdades inerentes ao direito de propriedade é limitado ao cumprimento da função social (art. 1.228, CC).
Art. 1.228. O proprietário tem a faculdade de usar, gozar e dispor da coisa, e o direito de reavê-la do poder de quem quer que injustamente a possua ou detenha.
§ 1o O direito de propriedade deve ser exercido em consonância com as suas finalidades econômicas e sociais e de modo que sejam preservados, de conformidade com o estabelecido em lei especial, a flora, a fauna, as belezas naturais, o equilíbrio ecológico e o patrimônio histórico e artístico, bem como evitada a poluição do ar e das águas.
§ 2o São defesos os atos que não trazem ao proprietário qualquer comodidade, ou utilidade, e sejam animados pela intenção de prejudicar outrem.
§ 3o O proprietário pode ser privado da coisa, nos casos de desapropriação, por necessidade ou utilidade pública ou interesse social, bem como no de requisição, em caso de perigo público iminente.
§ 4o O proprietário também pode ser privado da coisa se o imóvel reivindicado consistir em extensa área, na posse ininterrupta e de boa-fé, por mais de cinco anos, de considerável número de pessoas, e estas nela houverem realizado, em conjunto ou separadamente, obras e serviços considerados pelo juiz de interesse social e econômico relevante. 
§ 5o No caso do parágrafo antecedente, o juiz fixará a justa indenização devida ao proprietário; pago o preço, valerá a sentença como título para o registro do imóvel em nome dos possuidores.
Perspectivas constitucionais do direito de propriedade:
Função social como direito e garantia fundamental art. 5º, CF.
Função social como direito social art. 6º, CF (ex.: moradia).
Função social como princípio da ordem econômica art. 170, CF.
Propriedade como instrumento de política pública urbana e rural art. 182, 183, 185, 186, 187, CF.
Obs.: ler 1.228 – 1368, CC.
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DIREITO DE FAMÍLIA: 
Formas de família previstas pela CF/88: conceitos completamente ultrapassados esse rol é encarado pela doutrina como exemplificativo.
Matrimonial: formada pelo casamento.
Informal: formada pela União Estável.
Monoparental: formada por um dos pais e seus descendentes.
Entendimento da doutrina atual: a família é composta por relação de afeto.
União Estável: é a relação pública contínua e duradoura entre homem e mulher com o objetivo de constituir família.
A diferença de sexo ainda é requisito para a União Estável.
A coabitação e procriação não são requisitos, embora sejam fortes indícios.
Não há prazo específico para reconhecimento da União Estável: basta ser contínua e duradoura.
A diferença entre União Estável e namoro longo é que, na União Estável, as partes já formam uma família, enquanto que, no namoro prolongado, há um objetivo futuro de formar família.
Quem pode constituir: solteiros; viúvos; divorciados; separados judicialmente; separados de fato; 
Direitos: na união estável, o companheiro tem direito a regime de bens, alimentos, herança e meação.
A União Estável não deve ser confundida com o concubinato: relação não eventual entre pessoas impedidas de casar. Ex.: a relação entre irmãos; amante.
No concubinato, o concubino não tem direito ao regime de bens, alimentos, herança e meação. 
 Cuidado: a doutrina equipara o concubinato a uma sociedade de fato. Logo, os bens adquiridos durante a relação devem ser repartidos na exata proporção do que cada um pagou.
Casamento: é a união civil entre homem e mulher, com o fim de estabelecer plena comunhão de vida.
Cuidado: a intenção de ter filhos não é necessária.
Habilitação: procedimento administrativo que tem por objetivo verificar a regularidade de um casamento pretendido.
Onde deve ser feita: cartório de registro civil do local do domicílio de um dos nubentes.
Nesta ocasião, assina-se um requerimento manifestando a intenção de casar e são juntados alguns documentos.
Em seguida, publicam-se os editais (proclamas) para que são fixados no cartório. Lá ficam por 15 dias.
Estando tudo OK, é expedida a certidão de habilitação válida por 90 dias: prazo improrrogável.
Objetivo da habilitação: 
Verificar a capacidade matrimonial idade núbil: 16 anos.
Com 18 anos ou mais: capacidade matrimonial plena – não depende de autorização.
Com 16 ou 17 anos: capacidade matrimonial limitada – depende do consentimento dos pais. 
 Havendo divergência ou recusa injusta, o menor poderá solicitar o suprimento judicial da vontade dos pais.
Menor de 16 anos: admitido somente em caso excepcional gravidez. Não há limite mínimo de idade previsto em lei. Além disso, dependerá necessariamente de autorização do juiz.
Verificar a inexistência de impedimentos: art. 1521, CC
Art. 1.521. Não podem casar:
I - os ascendentes com os descendentes, seja o parentesco natural ou civil;
II - os afins em linha reta;
III - o adotante com quem foi cônjuge do adotado e o adotado com quem o foi do adotante;
IV - os irmãos, unilaterais ou bilaterais, e demais colaterais, até o terceiro grau inclusive;
V - o adotado com o filho do adotante;
VI - as pessoas casadas;
VII - o cônjuge sobrevivente com o condenado por homicídio ou tentativa de homicídio contra o seu consorte.
Impedimentos resultantes de parentesco: ascendentes com descendentes, sendo o parentesco natural (consangüíneo) ou civil (adoção).
Os afins em linha reta;
O adotante com quem foi cônjuge do adotado e o adotado com quem o foi do adotante eu e sogra.
Os irmãos unilaterais (mesmo pai ou mesma mão) ou bilaterais (mesmos	pais) e demais colaterais, até o 3º grau, inclusive.
O adotado com o filho do adotante: são irmãos.
Impedimentos resultantes de vínculo: pessoas casadas.
Impedimentos resultantes de crime: o cônjuge sobrevivente ou condenado por homicídio ou tentativa de homicídio contra o seu consorte.Verificar a inexistência de causas suspensivas: as causas suspensivas não proíbem a celebração do casamento, nem geram sua nulidade ou anulabilidade visam apenas coibir o casamento, impondo uma sanção de caráter patrimonial: o regime da separação obrigatória de bens.
O objetivo das causas suspensivas é evitar confusão de patrimônio ou confusão de sangue. As partes podem requerer ao juiz que deixe de aplicar a sanção provando a inexistência/impossibilidade de confusão.
Atenção Parentesco:
Art. 1.591. São parentes em linha reta as pessoas que estão umas para com as outras na relação de ascendentes e descendentes.
Art. 1.592. São parentes em linha colateral ou transversal, até o quarto grau, as pessoas provenientes de um só tronco, sem descenderem uma da outra.
Art. 1.593. O parentesco é natural ou civil, conforme resulte de consangüinidade ou outra origem.
Art. 1.594. Contam-se, na linha reta, os graus de parentesco pelo número de gerações, e, na colateral, também pelo número delas, subindo de um dos parentes até ao ascendente comum, e descendo até encontrar o outro parente.
Art. 1.595. Cada cônjuge ou companheiro é aliado aos parentes do outro pelo vínculo da afinidade.
§ 1o O parentesco por afinidade limita-se aos ascendentes, aos descendentes e aos irmãos do cônjuge ou companheiro.
§ 2o Na linha reta, a afinidade não se extingue com a dissolução do casamento ou da união estável.
Obs.: cunhado é parente, mas quando se desfaz o casamento, rompe-se o vínculo.
Obs.²: o casamento entre colaterais de terceiro grau (tios e sobrinhos) é admitido em caráter excepcional pelo decreto lei 1.200/41. De acordo com este decreto, o casal deve se submeter a uma perícia médica para apontar a compatibilidade sanguínea. 
Local de Celebração Casamento: pode ser realizada em qualquer local do país.
Divórcio: põe fim ao vínculo matrimonial, permitindo novo casamento.
Com a aprovação da EC 66/10, já não existe prazo para o divórcio. Esta emenda também extinguiu o procedimento de separação judicial, embora exista interpretação em sentido contrário.
Conseqüência: Não é mais possível a discussão de culpa pelo fim do casamento no procedimento de separação. Porém, ainda é possível a discussão de culpa em procedimentos específicos: 
Ação de alimentos: o cônjuge culpado somente tem direito aos alimentos mínimos/necessários. 
Ação de exclusão de sobrenome;
Sucessão: art. 1830, CC.
Art. 1.830. Somente é reconhecido direito sucessório ao cônjuge sobrevivente se, ao tempo da morte do outro, não estavam separados judicialmente, nem separados de fato há mais de dois anos, salvo prova, neste caso, de que essa convivência se tornara impossível sem culpa do sobrevivente.
Ação de reparação de danos.
*** *** ***
SUCESSÕES:
Momento de abertura da sucessão: é a morte.
Princípio da saisine: art. 1784 – a posse e a propriedade dos bens do falecido transmitem-se aos seus herdeiros no momento da abertura da sucessão.
Art. 1.784. Aberta a sucessão, a herança transmite-se, desde logo, aos herdeiros legítimos e testamentários.
Legislação: art. 1787 – aplica-se a lei vigente no momento da abertura da sucessão.
Art. 1.787. Regula a sucessão e a legitimação para suceder a lei vigente ao tempo da abertura daquela.
Lembrando que existem os herdeiros necessários: filhos e cônjuges (Código Civil de 2002). Até então, o falecido poderia deixar todos seus descendentes sem herança.
Não existe direito adquirido em relação à herança de pessoa viva: há, no máximo, mera expectativa de direito. Se assim não o fosse, não poderia o testador revogar o testamento antes de morrer. Contrato envolvendo herança de pessoa viva é nulo.
	Pela mesma razão, a cláusula do pacto antenupcial que estabelece a renúncia recíproca à herança é nula: só se renúncia depois que o sujeito morre.
Sucessão testamentária: seguem-se as disposições do testamento.
Sucessão legítima: segue-se a lei.
Hipóteses de cabimento:
Quando não tiver testamento;
Quando o testamento for parcial;
Quando o testamento não versar sobre questões patrimoniais, mas apenas pessoais (ex.: reconhecimento de filho);
Quando o testamento for inválido (nulo ou anulável); ou
Quando ocorrer a caducidade do testamento: o testamento é válido, mas não é eficaz. (ex.: quando o herdeiro renúncia o direito à herança; ou quando o herdeiro já está morto ao momento da morte do testador).
Capacidade para suceder:
Na sucessão legítima: art. 1798 – é herdeiro aquele que estiver vivo ou já concebido no momento da abertura da sucessão.
Art. 1.798. Legitimam-se a suceder as pessoas nascidas ou já concebidas no momento da abertura da sucessão.
Premoriência: Pedro é irmão de José, que é casado com Maria, irmã de Ana. Tanto José quanto Maria tinham 01 milhão de reais cada um. Em um acidente, determina-se que José morreu primeiro. Conseqüência: 01 milhão de José vai para Maria. Como ela morreu em seguida, Ana herda de Maria 02 milhões.
Conmoriência: no exemplo acima, não sendo possível determinar qual cônjuge morreu primeiro, Pedro fica com 01 milhão de José e Ana com 01 milhão de Maria.
Art. 1799: as pessoas.
Art. 1.799. Na sucessão testamentária podem ainda ser chamados a suceder:
I - os filhos, ainda não concebidos, de pessoas indicadas pelo testador, desde que vivas estas ao abrir-se a sucessão;
II - as pessoas jurídicas;
III - as pessoas jurídicas, cuja organização for determinada pelo testador sob a forma de fundação.
Vivas, no momento da abertura da sucessão;
Já concebidas no momento da abertura da sucessão;
Os filhos ainda não concebidos de pessoas indicadas pelo testador desde que vivas estas no momento da abertura da sucessão.
 Art. 1800, § 4º: tal filho deve ser concebido em até 02 anos da abertura da sucessão.
Pessoas jurídicas já existentes: APAE, por exemplo.
Pessoa jurídica que será instituída após a morte: só é possível instituir fundação por meio de testamento.
Ordem de vocação hereditária: não se deve confundir Direito de Família (regime de bens) com Direito das Sucessões (herança).
Casos de União Estável: antes de qualquer coisa, deve-se verificar se o companheiro tinha direito à meação. (Direito de família – regime de bens).
Sucessão:
Código Civil de 1916: o Direito de Sucessões era muito mais simples: uma classe excluía a outra.
Descendentes;
Ascendentes: só no caso de não haver descendentes;
Cônjuges: somente na hipótese de não existência de 1 e 2.
Colaterais até o 4º grau.
No Código Civil de 2002 o legislador desejou privilegiar o cônjuge.
O cônjuge tornou-se herdeiro necessário e passou a concorrer com os descendentes; ou com os ascendentes (se for o caso).
Situações hipotéticas:
Situação 01:
José (70 anos), que tem um irmão Pedro (65 anos), casou com Maria (19 anos). José tem 50.000.000 de reais. O regime foi de separação obrigatória. Quando morre José, Maria tem direito a quanto?
Resposta:
	Na meação: não vem nada regime de separação total.
Na sucessão: recebe 50.000.000! Não existe concorrência entre cônjuge e colateral (concorre apenas com ascendente e descendente).
	Situação 02:
José, casado com Maria e pai de Pedro e Ana, tinha uma casa de 600 mil reais antes de morrer. Adquiriu outra casa no mesmo valor na constância do casamento. O regime de bens do casamento era o da comunhão universal.
	Na meação: 600 mil para Maria.
	Para sucessão: 600 mil 300 para Pedro e 300 para Ana.
Atenção: art. 1829, I, CC – aos descendentes, concorrendo com o cônjuge sobrevivente (regra), salvo se casados pelo regime:
Comunhão universal;
Separação obrigatória;
Comunhão parcial e o falecido não tiver deixado bens particulares.
Art. 1.829. A sucessão legítima defere-se na ordem seguinte:
I - aos descendentes, em concorrência com o cônjuge sobrevivente, salvo se casado este com o falecido no regime da comunhão universal, ou no da separação obrigatória de bens (art. 1.640, parágrafo único); ou se, no regime da comunhão parcial, o autor da herança não houver deixado bens particulares;II - aos ascendentes, em concorrência com o cônjuge;
III - ao cônjuge sobrevivente;
IV - aos colaterais.
Situação 03: regime de separação obrigatória. Igual à situação 02, mas aqui José é maior que 60 anos.
	Na meação: nada para Maria;
	Sucessão: 1.200.000 reais sendo 600 mil disponíveis.
	Maria não terá direito a nada?! Art. 1831 – qualquer que seja o regime de bens o cônjuge sobrevivente, sem prejuízo da participação que lhe caiba na herança, terá direito real de habitação do imóvel que é a residência da família, desde que seja o único desta natureza a inventariar.
Art. 1.831. Ao cônjuge sobrevivente, qualquer que seja o regime de bens, será assegurado, sem prejuízo da participação que lhe caiba na herança, o direito real de habitação relativamente ao imóvel destinado à residência da família, desde que seja o único daquela natureza a inventariar.	
	Direito real de habitação é o direito de usar o imóvel como moradia do titular e de sua família. Por incrível que pareça, este direito é personalíssimo e não cessa ainda que Maria case novamente.
	 Vale dizer que este direito se estende ao companheiro (a).
Situação 04: regime de separação convencional. Como não entra nas exceções previstas no art. 1829, I, deverá o cônjuge concorrer.
	Logo, ficarão 400 mil para Maria, 400 mil para Pedro e 400 mil para Ana.
Situação 05: José, casado com Maria, com comunhão parcial com apenas uma casa de 600 mil na constância do casamento. (hipótese do art. 1829, I, c Comunhão parcial e o falecido não tiver deixado bens particulares).
	Na meação: 300 mil.
	Na sucessão: 300 mil para ser dividido igualmente entre Pedro e Ana.
	Conclusão: no regime de comunhão parcial o cônjuge
Não concorre com os descendentes do falecido se este não deixou bens particulares;
Concorre com os descendentes do falecido se este deixou bens particulares (só sobre os bens particulares).
Logo, caso existisse um bem particular antes do casamento, no valor de 600 mil, Maria concorreria com relação a este bem.
	
	Casamento Comunhão Parcial
	União Estável
	Meação (Regime de bens)
	Sim
	Sim
	Bem Comum (Sucessão)
	Não
	Sim
	Bem Particular (Sucessão)
	Sim
	Não
	 
Processo Civil
Processo Civil – Renato Montans (Coleção OAB Nacional – Volume II)
JURISDIÇÃO: é o Poder-dever do Estado em fazer Justiça e dirimir os conflitos de interesse.
I. Classificação:
1. Contenciosa: jurisdição contenciosa é jurisdição. Toda jurisdição pressupõe ser contenciosa, uma vez que pressupõe um conflito. (Jurisdição = dizer o Direito).
2. Voluntária: são hipóteses em que, embora não exista conflito, o Judiciário (Estado) deseja intervir para que aquela relação possa produzir efeitos na esfera jurídica das partes. Ex.: interdição; separação consensual; e testamento.
A OAB já afirmou que jurisdição voluntária “é a administração pública dos interesses privados” (Frederico Marques).
	Contenciosa
	Voluntária
	Lide;
Partes;
Atividade Jurisdicional: Substitutiva – O Estado não se limita a julgar, mas substitui a vontade das partes do processo.
Sentença: Qualquer tipo de sentença;
Faz coisa julgada (característica clássica do Poder Judiciário);
Ação Rescisória: art. 485, CPC.
	Ausência de lide;
Interessados;
Atividade Jurisdicional: Integrativa – O Estado age como órgão chancelador da vontade das partes.
Sentença: Homologatória;
Não faz coisa julgada (art. 1.111, CPC) – porque não há o que tornar imutável: as partes simplesmente não estão em conflito.
Ação anulatória: art. 486, CPC – Desconstitui sentença de jurisdição voluntária.
II. Características da Jurisdição:
Princípios:
Inafastabilidade: art. 5º, XXXV, CF.
 Desdobra-se no art. 126, CPC: DECORAR!
Art. 126.  O juiz não se exime de sentenciar ou despachar alegando lacuna ou obscuridade da lei. No julgamento da lide caber-lhe-á aplicar as normas legais; não as havendo, recorrerá à analogia, aos costumes e aos princípios gerais de direito.
Imparcialidade: todo juiz deve ser imparcial para a causa.
Contudo, o legislador previu hipóteses em que o juiz poderia não ser imparcial para julgar. As hipóteses mais graves ensejam impedimento (art. 134, CPC), ao passo que as hipóteses menos graves geram suspeição (art. 135, CPC).
Técnica de identificação para o caso concreto: se provar de plano (certidão de nascimento, certidão de casamento, documentos em geral) que o juiz não pode julgar a causa, o caso é de impedimento. Contudo, se demandar dilação probatória, o caso é de suspeição (amizade, inimizade).
Art. 134.  É defeso ao juiz exercer as suas funções no processo contencioso ou voluntário:
        		I - de que for parte;
II - em que interveio como mandatário da parte, oficiou como perito, funcionou como órgão do Ministério Público, ou prestou depoimento como testemunha;
        		III - que conheceu em primeiro grau de jurisdição, tendo-lhe proferido sentença ou decisão;
IV - quando nele estiver postulando, como advogado da parte, o seu cônjuge ou qualquer parente seu, consangüíneo ou afim, em linha reta; ou na linha colateral até o segundo grau;
V - quando cônjuge, parente, consangüíneo ou afim, de alguma das partes, em linha reta ou, na colateral, até o terceiro grau;
        		VI - quando for órgão de direção ou de administração de pessoa jurídica, parte na causa.
Parágrafo único.  No caso do no IV, o impedimento só se verifica quando o advogado já estava exercendo o patrocínio da causa; é, porém, vedado ao advogado pleitear no processo, a fim de criar o impedimento do juiz.
        		Art. 135.  Reputa-se fundada a suspeição de parcialidade do juiz, quando:
        		I - amigo íntimo ou inimigo capital de qualquer das partes;
II - alguma das partes for credora ou devedora do juiz, de seu cônjuge ou de parentes destes, em linha reta ou na colateral até o terceiro grau;
        		III - herdeiro presuntivo, donatário ou empregador de alguma das partes;
IV - receber dádivas antes ou depois de iniciado o processo; aconselhar alguma das partes acerca do objeto da causa, ou subministrar meios para atender às despesas do litígio;
        		V - interessado no julgamento da causa em favor de uma das partes.
        		Parágrafo único.  Poderá ainda o juiz declarar-se suspeito por motivo íntimo.
Inércia: art. 2º e art. 262, CPC.
Art. 2o  Nenhum juiz prestará a tutela jurisdicional senão quando a parte ou o interessado a requerer, nos casos e forma legais.
Art. 162.  Os atos do juiz consistirão em sentenças, decisões interlocutórias e despachos.
§ 1o Sentença é o ato do juiz que implica alguma das situações previstas nos arts. 267 e 269 desta Lei. (Redação dada pela Lei nº 11.232, de 2005)
§ 2o  Decisão interlocutória é o ato pelo qual o juiz, no curso do processo, resolve questão incidente.
§ 3o  São despachos todos os demais atos do juiz praticados no processo, de ofício ou a requerimento da parte, a cujo respeito a lei não estabelece outra forma.
§ 4o  Os atos meramente ordinatórios, como a juntada e a vista obrigatória, independem de despacho, devendo ser praticados de ofício pelo servidor e revistos pelo juiz quando necessários.
 Exceção à inércia: 
Inventário – art. 989, CPC. Pode ser aberto de ofício, uma vez que o Estado tem interesse no caso;
Produção de provas de ofício – art. 130, CPC;
Fixação de multa de ofício: astreinte – art. 461, § 4º, CPC;
Exibição de testamento
Arrecadação de bens do ausente
Conflito de competência
Imperatividade: a decisão do juiz tem força de lei, nos limites da lide.
Substitutividade: o Estado substitui a vontade das partes.
Imutabilidade: aptidão para fazer coisa julgada.
Identidade física do juiz: aquele que colhe a prova, julga (art. 132, CPC). Todavia, existem exceções que estão previstas no próprio art. 132.
Art. 132.  O juiz, titular ou substituto, que concluir a audiência julgará a lide, salvo se estiverconvocado, licenciado, afastado por qualquer motivo, promovido ou aposentado, casos em que passará os autos ao seu sucessor. (Redação dada pela Lei nº 8.637, de 1993)
Parágrafo único.  Em qualquer hipótese, o juiz que proferir a sentença, se entender necessário, poderá mandar repetir as provas já produzidas. (Incluído pela Lei nº 8.637, de 1993)
*** *** ***
COMPETÊNCIA: é a distribuição aos órgãos judiciários de suas jurisdições.
I. Critérios de competência adotados pelo Brasil:
Material: em razão da matéria. (In)Competência Absoluta.
Funcional: é a competência hierárquica – juiz de primeiro grau; juízes de segundo grau; tribunais superiores. (In)Competência Absoluta.
Territorial: estabelecida pelo Estado. (In)Competência Relativa.
Valor da causa: (In)Competência Relativa.
O juiz é incompetente quando o advogado erra. O que é absoluta ou relativa é a incompetência do magistrado.
II. Mecanismos de solução da incompetência:
Absoluta: Material e Funcional
Juiz pode conhecer de ofício e remete para a vara competente;
Alega-se por simples objeção: nome genérico que se dá a qualquer forma de alegação da parte.
Por envolver caso grave de incompetência, a objeção pode ser alegada a qualquer momento, ainda que tenha havido trânsito em julgado (art. 485, II, CPC).
Para facilitar o andamento do processo, a Lei coloca a incompetência absoluta como preliminar de contestação (art. 301, II, CPC).
As partes não podem derrogar (abrir mão).
Relativa: Territorial e Valor da Causa.
Juiz não pode conhecer de ofício: Súmula 33, STJ. Se a parte não opuser exceção de incompetência, ocorre a prorrogação da competência: art. 114, CPC.
O instrumento adequado é a exceção de incompetência.
Exceção: contrato de adesão em que se verificar a abusividade da cláusula de eleição de foro: art. 112, § ú, CPC.
As partes podem abrir mão (foro de eleição). 
Exceção: juizado especial federal a competência é absoluta onde houver. Em outras palavras, se o valor da causa estiver dentro dos limites do JEF, o JEF será o único competente.
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(Fábio Menna – menna@mdpadvogados.adv.br)
AÇÃO
I. 	Condições da ação: 
As condições da ação estão atreladas a sua existência e não ao seu exercício, pois este é assegurado pela Constituição, por meio do princípio do amplo acesso à Justiça.
1. Matéria de ordem pública portanto, pertence a todos, inclusive, ao Estado, de modo que o juiz poderá, de ofício, verificar as condições da ação.
	Caso o juiz não verifique, as partes poderão suscitar que o juiz realize esta verificação.
2. A ausência das condições da ação: enseja a carência da ação. A carência da ação, por sua vez, resultará na extinção do processo sem julgamento do mérito (art. 267, VI, CPC).
	
		 Classificação:
		a) Legitimidade: pode ser ordinária (regra) ou extraordinária (exceção) (art. 6º, CPC).
A legitimidade ordinária é verificada quando a parte é a titular do direito. 
Todavia, quando a parte não for titular do direito, mas vier a substituir este, a legitimidade será extraordinária. Por essa razão, a legitimidade extraordinária é chamada de substituição processual. 
Vale dizer que a representação não é atrelada à legitimidade, mas sim à capacidade.
A análise da legitimidade deve ser feita com relação às partes, e não aos representantes, pois a representação se dá por ausência de capacidade de estar em juízo.
Ex.: Junior, representado pela mãe, promove ação de alimentos. Junior tem legitimidade ordinária. Neste caso, a mãe não é parte.
Exemplo de legitimidade extraordinária: MP ao promover ação civil pública.
Dica: a OAB gosta de colocar legitimidade “ativa” e “passiva” a fim de induzir o candidato a erro.
		
b) Interesse: quem promove a ação deve demonstrar que existe alguma utilidade naquela ação, de modo que há a necessidade daquela ação. Ex.: execução de uma nota promissória que ainda não venceu.
c) Possibilidade jurídica do pedido: o pedido juridicamente impossível é aquele que não encontra respaldo na legislação vigente. Ex.: pedido que tenha por objeto dívida de jogo é pedido juridicamente impossível.
II. 	Elementos da ação: 
Partes: se relaciona à legitimidade.
Causa de pedir: será estudada mais adiante.
Pedido: será estudado mais adiante.
Finalidade dos elementos da ação: servem para a identificação das ações. Sendo assim, vejamos algumas hipóteses em que a identificação da ação se apresenta relevante:
Litispendência: a litispendência se caracteriza pela existência de 02 ações idênticas em andamento, sendo que uma ação é idêntica a outra quando entre elas houver coincidência entre as partes, o pedido, e a causa de pedir. Verificada a litispendência, deverá prosseguir aquela em que ocorreu a primeira citação (art. 301, §§ 1º, 2º e 3º, CPC).
Conexão: se caracteriza pela existência de 02 ou mais ações em andamento, sendo que nelas há identidade entre a causa de pedir e/ou o pedido. Pode ocorrer de ofício ou por iniciativa das partes. 
	O objetivo da conexão é evitar decisões conflitantes, motivo pelo qual, verificada a conexão, as ações deverão ser reunidas perante o mesmo juiz (prevento) da seguinte forma: (art. 105 e 106, CPC).
a) Se as ações conexas estiverem na mesma comarca, o juiz prevento é quem proferiu o primeiro despacho; 
b) Se as ações conexas estiverem em comarcas distintas, será prevento o juiz do processo em que ocorreu a primeira citação válida.
Vale dizer que caso a conexão não se realize e, ao final dos processos, existam 02 sentenças conflitantes, a segunda sentença será nula.
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LITISCONSÓRCIO: 
I. 	Conceito: é a pluralidade de partes em um único processo.
	Estas partes, contudo, tem em comum uma relação jurídica, isto é, o mesmo ambiente jurídico que decorre de certo fato ou contrato.
II.	Classificação:
Quanto às partes:
Ativo: reunião de autores X um réu;
Passivo: um autor X vários réus;
Misto: vários autores X vários réus.
Quanto ao momento:
Anterior: formado antes da distribuição da ação;
Ulterior: formado após a distribuição da ação. Ex.: denunciação da lide e chamamento ao processo.
Quanto à formação:
Facultativo: art. 46 – é formado a partir da vontade das partes. Trata-se de uma liberalidade.
Tendo em vista o princípio da celeridade, verificando o juiz a existência de um número excessivo de litisconsortes, poderá limitar o número de partes, de modo a aprimorar sua atividade jurisdicional. A limitação dependerá do caso concreto. Trata-se de litisconsórcio facultativo multitudinário (§ ú, art. 46, CPC).
Necessário (obrigatório): art. 47 – o litisconsórcio é formado por determinação da lei. Independe da vontade das partes. 
O litisconsórcio necessário é condição de eficácia da sentença. Sendo assim, caso o litisconsórcio não seja formado, a sentença será nula.
Se o juiz verificar que é um caso de litisconsórcio necessário, deverá determinar que o autor providencie a citação do réu, sob pena do processo ser extinto sem resolução do mérito. Neste caso, não pode haver litisconsórcio multitudinário, uma vez que o litisconsórcio é obrigatório.
Quanto à decisão:
Simples: quando o juiz puder proferir decisões diferentes para cada litisconsorte.
Unitário (uniforme): quando o juiz deve proferir a mesma decisão para todos litisconsortes.
III. 	Prazos: art. 191, CPC.
	Havendo litisconsortes com procuradores (advogados) diferentes, o prazo será computado em dobro. Esta regra não se aplica no caso de embargos à execução, pois os embargos têm natureza de ação. (Falando em prazo... Lembrar que a fazenda Pública tem o prazo em quádruplo para contestar e em dobro para recorrer).
IV. 	Revelia: 
	A contestação de um dos litisconsortes aproveitará aos demais (art. 320, CPC).
*** *** *** 
INTERVENÇÃO DE TERCEIROS:
	Se a relação se dá entre autor e réu, qual a razão para a intervenção de terceiros? Pelo fato de que é possível que a decisão de um processo alcance outras pessoas além de autor e réu. Em nosso ordenamento, existem 05 modalidades.Assistência: art. 50, CPC – ocorre quando o terceiro tem interesse jurídico em que uma das partes vença a demanda. No Brasil, pode ser classificada de duas formas:
Art. 50.  Pendendo uma causa entre duas ou mais pessoas, o terceiro, que tiver interesse jurídico em que a sentença seja favorável a uma delas, poderá intervir no processo para assisti-la.
Parágrafo único.  A assistência tem lugar em qualquer dos tipos de procedimento e em todos os graus da jurisdição; mas o assistente recebe o processo no estado em que se encontra.
Simples; e
Litisconsorcial;
Se o terceiro tiver relação com apenas uma das partes, a assistência será simples. Caso tenha com as duas ou mais pessoas que integrem o mesmo pólo da ação, será litisconsorcial.
O assistente ingressa por petição simples a qualquer momento, no modo em que o processo se encontrar.
A assistência é facultativa.
Ingressando o assistente, as partes serão intimadas, na pessoa de seus advogados, para se manifestar em 05 dias. Caso as partes não se manifestarem aceitação tácita.
Concordando ocorre o simples ingresso do assistente;
Não concordando juiz desentranha a petição e decide se o assistente tem ou não interesse na assistência. Caso tenha, permanecerá no processo; caso não tenha, juiz retira do processo.
Atividade do assistente:
Litisconsorcial: atividade de parte, podendo contestar; recorrer; renunciar; confessar; etc.
Simples: prática de todos os atos, condicionado à vontade do assistido e vedada a prática de atos dispositivos.
Nomeação à autoria:
Art. 62.  Aquele que detiver a coisa em nome alheio, sendo-lhe demandada em nome próprio, deverá nomear à autoria o proprietário ou o possuidor.
Art. 63.  Aplica-se também o disposto no artigo antecedente à ação de indenização, intentada pelo proprietário ou pelo titular de um direito sobre a coisa, toda vez que o responsável pelos prejuízos alegar que praticou o ato por ordem, ou em cumprimento de instruções de terceiro.
Cuida das hipóteses em que a lei não autoriza alegar ilegitimidade de partes em preliminar de contestação (art. 301, X, CPC) Situações em que o sujeito é mero detentor (art. 62) ou mero executor (art. 63).
É a correção do pólo passivo da demanda em circunstâncias especiais entre terceiro e sai o réu (extromissão processual).
Ex.: Mero detentor caseiro (sempre que a OAB coloca caseiro no enunciado, a resposta é nomeação à autoria).
Ex.²: Mero executor funcionário que cumpre ordem do chefe.
A nomeação à autoria se realiza por meio de petição simples, no prazo de defesa.
Se a nomeação à autoria for indeferida, o juiz devolverá o prazo de defesa.
A nomeação à autoria é obrigatória: para que o subordinado não seja “bode expiatório”.
Princípio da dupla concordância: para ocorrer a nomeação à autoria, tanto autor quanto terceiro devem concordar. O autor deve concordar, pois já ocorreu a citação. O terceiro deve concordar, pois tem mais elementos para discutir a lide.
Denunciação à lide: art. 70 – é a intervenção de garantia. A parte pode trazer ao processo terceiro para responder aos termos da demanda regressivamente. É como se fossem duas demandas resolvidas em uma única sentença.
Art. 70.  A denunciação da lide é obrigatória:
I - ao alienante, na ação em que terceiro reivindica a coisa, cujo domínio foi transferido à parte, a fim de que esta possa exercer o direito que da evicção Ihe resulta;
II - ao proprietário ou ao possuidor indireto quando, por força de obrigação ou direito, em casos como o do usufrutuário, do credor pignoratício, do locatário, o réu, citado em nome próprio, exerça a posse direta da coisa demandada;
III - àquele que estiver obrigado, pela lei ou pelo contrato, a indenizar, em ação regressiva, o prejuízo do que perder a demanda.
Existem duas modalidades:
Evicção: perda da coisa por meio de decisão judicial (art. 448, CC);
Seguradoras: A bate em B. A tem seguro. A processa B, que denuncia a seguradora à lide. Sentença: condena A a pagar B e a seguradora a pagar A.
O autor denuncia à lide na petição inicial e o réu na defesa.
A denunciação é obrigatória? Para a lei, todos os casos são obrigatórios. Para a doutrina, somente nos casos de evicção.
Chamamento ao processo: intervenção que permite ao réu trazer ao processo os demais co-obrigados que contraíram a dívida mas não foram demandados. Desta forma, é a formação ulterior de litisconsórcio. Hipóteses: art. 77.
Art. 77.  É admissível o chamamento ao processo:  
        	I - do devedor, na ação em que o fiador for réu; 
        	II - dos outros fiadores, quando para a ação for citado apenas um deles; 
III - de todos os devedores solidários, quando o credor exigir de um ou de alguns deles, parcial ou totalmente, a dívida comum. 
Fiador traz o devedor: importante saber que o benefício de ordem não é para ser demandado, mas sim para a execução.
Fiador traz os demais fiadores;
Devedor traz os demais devedores.
O réu chamará ao processo no prazo de defesa, sendo uma intervenção facultativa.
Oposição: art. 56, CPC – ocorre oposição quando terceiro reivindica para si, no todo ou em parte, aquilo que as partes disputam juízo.
Art. 56.  Quem pretender, no todo ou em parte, a coisa ou o direito sobre que controvertem autor e réu, poderá, até ser proferida a sentença, oferecer oposição contra ambos.
 
Embargos de terceiro tem uma sutil diferença: não há discussão nenhuma sobre o mérito da lide.
O ingresso se dá por meio de ação, nos moldes do art. 282, CPC.
Até a sentença.
É facultativo. 
Art. 57: com o ingresso da oposição, as partes originárias serão citadas na pessoa dos seus advogados para se manifestarem, no prazo comum, de 15 dias.
*** *** ***
	Estrutura do Processo Civil
	Processo de conhecimento:
Comum:
Ordinário: é a base de todo o processo civil.
Sumário.
Especiais.
Processo de execução.
Processo cautelar.
	Rito comum ordinário:
		1ª Fase: Postulatória – abrange desde a petição inicial até a resposta do réu.
		2ª Fase: Saneadora – art. 329/331.
		3ª Fase: Instrutória – provas.
		4ª Fase: Decisória – sentença.
		5ª Fase: Execução – cumprimento de sentença.
PETIÇÃO INICIAL:
	Destina-se a fixar os limites da ação. Tudo que ocorre no processo ocorre em função da petição inicial.
	Contudo, para que a petição seja válida deve preencher determinados requisitos, que estão previstos no art. 282, CPC.
Requisitos:
Partes;
Competência;
Causa de pedir;
Pedido: nada mais é do que a conclusão da petição inicial.
Como regra, o pedido deve ser certo e determinado. Todavia, há uma exceção: o pedido genérico. Admite-se o pedido genérico nas ações de indenização quando o autor, ao apresentar a petição inicial, não souber qual é a extensão do dano.
			Obs.: para a OAB e para o TJ/SP, o dano moral é pedido certo e determinado.
			
Cumulação de pedidos:
Simples: pedido 01 + pedido 02.
Alternativa: pedido 01 ou pedido 02. 
Na cumulação alternativa, a forma de cumprimento da obrigação vai depender da vontade do réu.
Sucessiva: autor quer o pedido 01, mas para que ele seja alcançado, antes, é necessário o pedido 02. Ex.: autor quer alimentos, mas antes precisa do reconhecimento de paternidade.
Subsidiária: autor quer o pedido 01. Porém, não sendo possível o pedido 01, o autor ficará satisfeito com o pedido 02. Não depende da vontade do réu, mas sim das provas do processo.
Valor da causa: 
 Impugnação ao valor da causa: ato exclusivo do réu.
Mero incidente no processo;
Apresentada no prazo da contestação, por meio de petição simples: não é na contestação, mas deve ser simultânea a esta!
Não suspende o processo: não tem efeito suspensivo.
Autuação: apensada (pendurada no outro processo).
Não deve ser julgada juntamente com a sentença, pois interfere no recolhimento das custas, de modo que se o valor for maior, o autor deverá corrigir o recolhimento.
É decisão interlocutória, sendo passível de agravo de instrumento.
Provas;
Citação: art. 221 – é o ato pelo qual se chama o réu em

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