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CENTRO PAULA SOUZA FACULDADE DE TECNOLOGIA DE JAHU CURSO DE TECNOLOGIA EM GESTÃO DA PRODUÇÃO INDUSTRIAL NATALIA ANDRESSA OCTAVIANO CADEIA DE SUPRIMENTOS PARA A RECUPERAÇÃO DO ÓLEO COMESTÍVEL USADO Estudo de caso em Jaú - SP Jahu, SP 1º semestre/2014 NATALIA ANDRESSA OCTAVIANO CADEIA DE SUPRIMENTOS PARA A RECUPERAÇÃO DO ÓLEO COMESTÍVEL USADO Estudo de caso em Jaú - SP Relatório Técnico Científico integrante do Projeto de Iniciação Científica em Gestão de Resíduos apresentado à Faculdade de Tecnologia de Jahu, como exigência parcial para obtenção do grau de Tecnólogo em Gestão da Produção Industrial, sob orientação do Prof. Msc Erasmo Picolo Jahu, SP 1º semestre/2014 Dedico este trabalho primeiramente a Deus por permitir que tudo pudesse ser realizado à seu tempo, a minha família, aos meus pais, em especial aos meus tios Nilton e Paula, ao apoio incondicional em todos os momentos. AGRADECIMENTOS Além de Deus, que continuamente nos da força, agradeço a muitas pessoas em razão a ajuda, das críticas, sugestões e do incentivo que me deram. Algumas em especial. Não poderia deixar de agradecer às pessoas que contribuíram com a conclusão deste trabalho ao Sr. Fabio Abdullatif, proprietário da Empresa Fassiu Coletora de Óleo para Reciclagem, pelos dados fornecidos para a realização do trabalho. Ao meu Orientador, Professor Msc Erasmo Aparecido Piccolo, pela paciência, dedicação, incentivo e sabedoria que muito me auxiliou para conclusão deste Trabalho de Conclusão de Curso. Agradeço a todos os professores do Curso de Gestão da Produção Industrial, da Faculdade de Tecnologia de Jahu – Fatec, que colaboraram e construíram bases sólidas no meu desenvolvimento e aprendizagem para o crescimento profissional, principalmente ao Professor Msc Osvaldo Contador Junior e ao Professor Msc Marcos Antônio Bonifácio pelo apoio e auxilio no desenvolvimento deste trabalho. RESUMO Este estudo propôs como tema a recuperação do óleo de cozinha usado, definindo as principais utilizações para o mesmo. O estudo de caso foi realizado na cidade de Jaú, com a intenção de contribuir com a difusão de informações e coletar dados da destinação do óleo usado na cidade. O desenvolvimento desse estudo se deu primeiramente com uma revisão bibliográfica para definir os processos industriais usados na fabricação, recuperação e reutilização do óleo de cozinha. A definição dos tipos de óleos comestíveis mais usados e fabricados no Brasil se deu através de pesquisas, demonstrando a constante evolução desde a inicialização do óleo na culinária. A bibliografia serviu como fundamento para a metodologia adotada no estudo, auxiliando na coleta de dados realizada. Foram identificados pontos de coleta da cidade e realizado contato com a empresa coletora e recuperadora de óleo de cozinha usado localizada em Jaú, obtendo valores e quantidades coletadas. O trabalho proporcionou para a discente um maior conhecimento da metodologia pesquisada e fez com que convivesse mais de perto com os problemas causados pelo descarte incorreto do óleo usado e a necessidade de maior divulgação e informação a população. PALAVRAS-CHAVE: ÓLEO DE COZINHA, RECICLAGEM, BIOCOMBUSTÍVEL. LISTA DE ILUSTRAÇÕES Gráfico 1 Evolução da produção de soja no Brasil 13 Figura 1 Esquema Básico de logística 18 Figura 2 O ciclo do Óleo Vegetal 20 Gráfico 2 Principais óleos vegetais utilizados na produção de biodiesel mundialmente 13 Figura 5 Locais de coleta de óleo usado na microrregião de Jaú 25 SUMÁRIO 1 – INTRODUÇÃO 12 1.1 Tema 14 1.2 Objetivos 14 1.2.1 Objetivo Geral 14 1.2.2 Objetivos Específicos 15 1.3 Problemática 15 1.4 Hipóteses de Pesquisa 16 2 – DESENVOLVIMENTO 16 2.1 Metodologia 16 2.2 Bibliografia de Referência 17 2.3 Procedimentos Experimentais 23 2.4 Análise dos Resultados 23 3 – CONSIDERAÇÕES FINAIS 25 3.1 Recomendações 26 3.2 Desmembramentos Possíveis 26 REFERÊNCIAS 27 12 1 INTRODUÇÃO Até primórdios do século XX, quando a produção para autoconsumo era predominante, o uso da banha era um item comum, pois era necessário o aproveitamento máximo dos recursos produzidos. Com a expansão industrial na década de 70, aumentou-se o fluxo migratório para cidades, reduzindo o trabalho no campo, mudando assim, de certa forma, o modelo de produção. Paralelamente a este movimento, observou-se o aumento da exportação da soja, commodities utilizada como matéria prima básica para a produção de óleos vegetais comestíveis, produto substituto da banha para a produção de alimentos, que pela redução da escala de produção passou-se a observar uma redução na produção com gradativo aumento de preço. Aliado a essa situação campanhas públicas passavam a veicular informando supostas vantagens dos óleos vegetais em relação à gordura de origem animal, apontando o como causador da obesidade e de doenças cardíacas, por exemplo. Desta forma a criação de suínos passou a ser focada para o consumo da carne e a soja direcionada a ser cultivada em larga escala, principalmente para produção de óleo vegetal. O uso de óleo vegetais no Brasil se popularizou por volta de 1970, mas estudos preliminares de sua utilização datam do ano de 1920 as primeiras referencias estudadas (UFRJ, 2014). Ainda de acordo com pesquisas da UFRJ - Universidade Federal do Rio de Janeiro (2014), na década de 50, o consumo do óleo de algodão foi predominante, passando na década de 60 para o óleo de amendoim que teve destaque pelo seu aroma agradável, mas a partir dos anos 70, com o surgimento da cultura da soja no país, foi inaugurada uma nova fase que vai marcar definitivamente a evolução do agronegócio em oleaginosas, o óleo de soja. Atualmente, o Brasil é o segundo maior produtor mundial deste grão. Por meio do gráfico 1, a seguir, pode-se analisar a expansão da produção do óleo de soja no Brasil a partir dos anos 2000. 13 Gráfico 1: Evolução da produção de soja no Brasil Fonte: ABIOVE, 2014 Segundo levantamento da Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (ABIOVE, 2012), o Brasil produz anualmente cerca de 6 bilhões de litros de óleo vegetal. De acordo com a Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo, 2007), cada litro de óleo despejado em rios ou lagos polui 20 mil litros de água, mas essa informação é divergente. Somente 32,1% dos entrevistados levam o óleo usado aos locais de coleta. Um total de 17% joga os resíduos oleosos no lixo, 8,3% lançam em lotes baldios e 42,5% afirmou adotar outras práticas, o que pode incluir o lançamento nos mananciais e queima a céu aberto (SINDICOM, 2010). Segundo informações obtidas pelo site da SABESP, no país apenas 2,5 a 3,5% do óleo vegetal comestível descartadoé reciclado. Estima-se que aproximadamente metade do óleo não é ingerido nas frituras e saladas, nem fica aderido às embalagens e utensílios, estando assim livre para descarte. Acredita-se que o mercado anual de óleo de fritura reciclado é da ordem de 30 milhões de litros ou 24.000 toneladas, incluindo tanto a coleta para processo industrial, como a reciclagem caseira na fabricação de sabão. Mas como parte da reciclagem é feita pelo mercado informal o dado de volume reciclado é estimado. O descarte inadequado deste volume de óleo vegetal acaba por gerar prejuízos ao meio ambiente contaminando a água, com o despejo indevido na rede de esgoto, onde o que não fica retido no encanamento, provocando entupimentos, 5.286 5.507 5.736 5.429 6.045 6.267 5.896 6.928 7.340 7.013 0 1.000 2.000 3.000 4.000 5.000 6.000 7.000 8.000 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 M ilh õ e s d e T o n e la d as 14 vai parar na ETE - Estação de Tratamento de Esgotos, que atrapalha o processo e contamina a água dos rios durante seu despejo. Foi constatado que um litro de óleo jogado na rede de esgotos irá degradar um milhão de litros d’água, ou seja, o equivalente ao consumo médio de uma pessoa durante 14 anos, além de aumentar em 45% os custos no tratamento das redes de esgoto Lucca e Honorato (2008). Pode também contaminar o solo, pela impermeabilização facilitando a ocorrência de enchentes e, dependendo da quantidade, pode vir a contaminar a água do lençol freático (água subterrânea), por infiltração. E, também pode contaminar o ar, pois o despejo indevido de óleo no lixo que, após a coleta vai acabar nos lixões, pode contribuir para o aumento do aquecimento global, uma vez que a decomposição do óleo de cozinha emite metano na atmosfera, que é um dos principais gases que causa o efeito estufa. Para mitigar o volume dos descartes e seus impactos a alternativa pode ser a reciclagem do óleo vegetal com posterior reutilização, este é o tema deste relatório técnico científico. 1.1 Tema O tema central deste projeto passa pela gestão ambiental, estando focado na mitigação do descarte de óleo vegetal de soja (óleo de cozinha) contaminante de água, solo e ar, a partir da reciclagem do óleo usado para a produção de biocombustíveis. 1.2 Objetivos Traçar objetivos para um trabalho de pesquisa é determinar os pontos de controle que determinaram, ou não, o atendimento das hipóteses traçadas. Para este relatório técnico científico, os seguintes objetivos são propostos. 15 1.2.1 Objetivo Geral Demonstrar um processo de reciclagem de óleo vegetal de soja (óleo de cozinha) destinado à fabricação de “biocombustível1” como sendo uma maneira adequada e correta de destinação do óleo de cozinha usado. 1.2.2 Objetivos Específicos a) Definir a Cadeia de Suprimentos para a recuperação do óleo comestível usado, definindo desde o processo de fabricação até a sua reutilização em fabricação de biodiesel; b) Delimitar a cadeia de destinação do óleo usado, por meio da logística reversa, demonstrando possíveis destinações para o mesmo; c) Ressaltar a necessidade da discussão sobre logística reversa como forma de aumentar o processo de captação do óleo vegetal usado; d) Demonstrar a importância da destinação correta do óleo comestível usado, salientando os danos causados na natureza. 1.3 Problemática Os problemas ambientais cada vez mais aparentes são ocasionados devido ao crescimento urbano acelerado e descontrolado, com isso o aumento de resíduos se torna evidente. O manejo e o descarte incorreto agrava a situação ambiental. A reutilização e a reciclagem de resíduos é uma ferramenta importante atualmente, pois destina os resíduos de forma adequada, suprimindo a utilização de recursos da natureza e gerando um ambiente melhor para a população. O óleo é um produto de difícil degradação, pois por ser um tipo de gordura não se mistura a água, bloqueando trocas gasosas e oxigenação, gerando problemas aos ecossistemas aquáticos. Além de obstruir redes de esgoto quando se descarta o mesmo em redes de encanamento. 1 Biocombustível = Trata-se de combustíveis de origem biológica. São fabricados a partir de vegetais, tais como, milho, soja, cana-de-açúcar, mamona, canola, babaçu, cânhamo, entre outros, ou de reciclagem de alguns tipos de óleos já utilizados. O lixo orgânico também pode ser usado para a fabricação de biocombustível. 16 Diante dos problemas identificados este estudo questiona: como aumentar a conscientização da população e incentivar a destinação correta do óleo de cozinha usado? 1.4 Hipóteses de pesquisa Com o estabelecimento e divulgação de pontos de coleta de óleo de cozinha usado, a população poderá destinar o óleo residual para o Ecoponto de sua preferência, gerando maior comodidade. A difusão dos benefícios obtidos pela reciclagem do óleo vegetal e as suas derivações salientará a importância que o consumidor tem em armazenar e destinar o óleo usado para o local devido. Os prejuízos ambientais que o óleo descartado de maneira errônea ocasiona também devem ser transmitidos a população de maneira que a preocupação com o meio ambiente desperte a conscientização. 17 2 – DESENVOLVIMENTO 2.1 Metodologia Para Marconi e Lakatos (2010) a finalidade da atividade científica expressa em qualquer forma de trabalho, TCC, Relatórios Técnicos Científicos, Dissertações, Teses, etc. é a obter a verdade, por intermédio da comprovação de determinadas hipóteses traçadas inicialmente, que ligam uma visão da realidade à teoria científica, que busca, por sua vez, a própria realidade. Esta Metodologia trata- se de um conjunto de atividades que devem ser seguidas sistematicamente, de forma racional, que permitiram alcançar aos objetivos traçados inicialmente. A primeira destas atividades é a escolha do tipo de pesquisa a ser utilizado. Marconi e Lakatos (2011) destacam que existem inúmeros tipos de pesquisa e que sua escolha dependerá exclusivamente do enfoque que o autor quiser dar ao seu trabalho. Neste trabalho utilizou-se basicamente o tipo Bibliográfico, que busca suas referências em materiais já escritos e também o tipo Individual, pois será desenvolvida por único indivíduo (MARCONI; LAKATOS, 2011). A segunda atividade deve ser a definição de Técnicas de Coleta de Dados, onde para este relatório será a pesquisa bibliográfica, que é um apanhado geral sobre os principais trabalhos já realizados, que pela importância, são capazes de fornecer dados atuais e relevantes relacionados com o tema da pesquisa. E, para referência complementar haverá o contato direto, realizado com pessoas que podem fornecer dados ou sugerir possíveis fontes de informações úteis. Para esta segunda técnica a entrevista será utilizada como apoio (MARCONI; LAKATOS, 2011). Finalmente a Análise dos Dados se dá após os dados estarem disponíveis, cabendo ao pesquisador fazer sua análise na busca pelo entendimento dos fenômenos pesquisados. Esta análise Lakatos e Marconi (2006) é a tentativa de EVIDENCIAR as relações existentes entre o fenômeno estudado e outros fatores. Neste projeto a abordagem de análise será qualitativa tendo-se a interpretação que é verificação das relações entre as variáveis, a fim de ampliar os conhecimentos sobre o fenômeno como forma de análise (MARCONI; LAKATOS, 2011).18 2.2 Bibliografia de Referência 2.2.1 Logística A logísitca é responsável pela realização e planejamento de vários projetos. Surgiu inicialmente como parte da arte dos militares, era utilizada na guerra para cuidar da armaznagem, distribuição e manutenção de materiais, roupas e alimentos. Atualmente é parte essencial nas empresas, é responsável pela gestão de materiais de qualquer tipo. De acordo com Novaes (2001), logística é o processo de planejar, implementar e controlar de maneira eficiente o fluxo e a armazenagem de produtos, bem como os serviços e informações associados, cobrindo desde o ponto de origem até o ponto de consumo, com o objetivo de atender aos requisitos do consumidor. Figura 1: Esquema básico de logística Fonte: Adaptado de Novaes, 2001 Para este projeto a apresentação rápida de logística permitirá um conhecimento mínimo para discutir-se na sequência logística reversa que deverá ser utilizada para o retorno do óleo vegetal de soja já utilizado para o processo de reciclagem. Ballou (1993), diz que a logística deve tratar de todas as atividades de movimentação e armazenagem, de produtos que facilitando o fluxo de produtos desde o ponto de aquisição da matéria-prima até ao ponto de consumo final, assim como dos fluxos de informação que colocam os produtos em movimento, com 19 propósito de providenciar níveis de serviço adequados aos clientes a um custo razoável. Já Kotler (1993), discorre que a logística envolve o planejamento, a implementação e o controle dos fluxos físico de materiais e produtos finais a partir de seus pontos de origem aos seus pontos de utilização, para satisfazer a necessidade do cliente, visando a um lucro. Entre as inúmeras vantagens da logística, destaca-se o fato de colocar os produtos certos, com qualidade, no lugar, na hora e na quantidade certa, além de proporcionar preços competitivos (CONCEIÇÃO, 2010). 2.2.2 Logística Reversa O conceito da logística reversa conforme Leite (2003) é a área da logística empresarial que planeja, opera e controla o fluxo e as informações logísticas correspondentes, do retorno dos bens de pós – vendas e de pós-consumo ao ciclo de negócio ou ao ciclo produtivo, por meio dos canais de distribuições reversos, agregando valores a natureza: econômico, ecológico, legal, logístico, de imagem coorporativa, entre outros. Para Stock (1998), logística reversa é o termo utilizado para referir-se à logística na reciclagem, descarte e gerenciamento de materiais contaminantes que, numa perspectiva mais ampla, inclui atividades logísticas de redução de emissão, reciclagem, substituição, reutilização de materiais e descarte. Hoje em dia há um apoio dado pela legislação brasileira para a implementação da logística reversa nas indústrias, visando a redução da extração de matéria prima na natureza e reduzindo o materiais jogados na mesma. A logística reversa contribui para o desenvolvimento de estratégias de sustentabilidade, vinculadas aos interesses econômicos, sociais, ambientais e políticos. O retorno monetário, das empresas que possuem a politica da logística reversa vem do reaproveitamento de materiais, a utilização de embalagens retornáveis, a venda dos resíduos no mercado secundário, e a compra de matéria- prima reciclada. 2.2.3 O Ciclo do Óleo Vegetal 20 De acordo com a ANVISA ([sd]) - Agência de Vigilância Sanitária, os óleos vegetais são produtos constituídos, principalmente, de glicerídeos de ácidos graxos de espécies vegetais, que se encontram na forma líquida à temperatura de 25°C. O ciclo do óleo (figura 2) se inicia no meio ambiente onde estão as fontes de extração. Nas indústrias passam por uma pré-limpeza, onde são eliminadas a sujeiras mais grossas, para esse processo, são utilizadas máquinas com peneiras vibratórias. O próximo processo é o descascamento, onde são separados os cotilédones (polpas) e os tegumentos (cascas). Os descascadores são máquinas simples, as cascas são quebradas por batedores ou facas giratórias. Figura 2: O ciclo do óleo Vegetal Fonte: Autora, 2014 Os cotilédones separados (duas metades), após o descascamento, passam por um aquecimento entre 55 e 60ºC. Depois de aquecidos, são enviados para a trituração e laminação. A trituração e a laminação são realizadas por meio de rolos de aço inoxidáveis horizontais ou oblíquos. Os grãos triturados são enviados para o cozimento, visando o rompimento das paredes celulares. São cozidos em “cozedores”, com quatro ou cinco bandejas sobrepostas e aquecidas com vapor. (AMVISA, [sd]) 21 Ainda de acordo com ANVISA ([sd]) Após o cozimento é enviado para a prensagem mecânica continua, seguida pela extração com solvente orgânico, constituindo assim o processo misto. Depois, a miscela é filtrada e enviada a um destilador de aquecimento a vácuo, onde se separa do solvente, originando o óleo vegetal. 2.2.4 Tipos de Óleo O óleo vegetal é obtido a partir da combinação de óleos de diferentes sementes e frutos, gerando um produto final de qualidade, além de possibilitar produtos com diferentes níveis de ácidos, proporcionando para o cliente final uma variedade de óleos que se adeque a suas necessidades e preferências. No Brasil encontramos uma vasta diversidade de vegetais oleaginosos, os mais utilizados são os de soja, amendoim, dendê, milho, algodão, canola, girassol, palma, entre outros. Segundo a ANVISA ([sd]) o óleo de soja é comestível e obtido de sementes de Glycine max L. (soja) através de processos de extração e refino. O óleo de amendoim também é comestível obtido de sementes de Arachis hypogaea L.(amendoim) através de processos tecnológicos adequados, apresenta aspecto límpido e isento de impurezas a 25°C. Já o óleo de milho é obtido do germe de Zea mays (milho), o óleo de algodão a partir de sementes de Gossypium herbaceum (algodão) e o de canola através de sementes de Brassica campestris L. e Brassica napus L. Através da prensagem da semente de Helianthus annus L. (girassol) da lavagem, decantação, centrifugação e filtragem, obtém-se o óleo de girassol. Através do processamento da amêndoa do fruto da Elaeis guineensis (palmeira) origina-se óleo de palma. O óleo de dendê é originário de uma palmeira e já é consumido há mais de 5.000 anos, foi introduzido no continente americano a partir do século XV. No contexto atual o azeite de dendê é o óleo mais produzido e consumido, de acordo com a CEPLAC - Comissão Executiva de Planejamento da Lavoura Cacaueira. 2.2.5 Óleo Vegetal Recuperado 22 Para minimizar os efeitos do descarte incorreto do óleo, empresas brasileiras investem cada vez mais em ações e programas de incentivo à coleta seletiva e, consequentemente, à reciclagem do óleo de cozinha usado. O óleo de cozinha usado, ao ser reciclado, torna se matéria prima para o biodiesel, produtos químicos e para fabricação de sabão. A transformação do óleo de cozinha em energia renovável começa pela filtragem, que retira todo o resíduo deixado pela fritura, depois é retirado toda a água que está misturada a esse óleo. Dependendo do óleo, ele passará por uma purificação química que retirará os últimos resíduos. Esse óleo "limpo" recebe a adição de álcool e uma substância catalisadora. Colocado no reator e agitado a temperaturas específicas transforma-se em biocombustível e após o refino pode ser usado em motores capacitados para queimá-lo (Fonte: Wladimir D'Andrade / Estadao.com.br). Para evitar que o óleo usado seja lançado narede de esgoto, varias cidades em todo o Brasil tem criados métodos de reciclagem. São diversas as possibilidades de reciclagem do óleo usado, destacando-se entre outras finalidades a produção de sabão, detergente, resina para tintas, ração para animais e o biodiesel. 2.2.6 Processo de Reciclagem do óleo vegetal No Brasil a maneira mais comum de reciclagem do óleo vegetal é a transesterificação, que segundo a química Jenifer Fogaça é a reação em que se obtém um estér por meio de outro estér. Esse método utiliza apenas uma etapa, é de baixo custo pois utiliza apenas um catalizador e pode ser realizado em pressão ambiente. Esse processo é muito utilizado para a obtenção do biodiesel, que pode ser usado no lugar do diesel com a vantagem de poluir menos o meio ambiente, além de ser biodegradável, renovável e não corrosivo. Os óleos vegetais usados nesse processo podem ser de mamona, de dendê, de palma de soja, milho, amendoim, algodão, babaçu etc. Esses óleos após usados para frituras podem ser reutilizados, sendo benéfico para o meio ambiente 23 porque impede que esses óleos sejam lançados nas águas de rios, lagos, lençóis freáticos ou contaminem o solo. Para que ocorra esse processo, primeiramente deve se recolher o óleo de cozinha usado e armazena-los em locais adequados que posteriormente deverá ser encaminhado a uma recuperadora de óleo, onde será colocado em tanques de filtragens para separar os resíduos sólidos. Após a filtragem o óleo é armazenado em tanques, onde ficará decantando por cinco dias. Com o óleo purificado, o processo continua no reator, onde é adicionado o metóxido de sódio (mistura de metanol e soda cáustica), e ocorre agitação por até três horas, originando o biocombustível. O restante que se encontra no reator volta para o tanque de decantação, a parte mais densa, composta por glicerol, água e impurezas. O glicerol é retirado e pode ser aproveitado para fazer sabão. O biodiesel é submetido a um processo de lavagem com água destilada e depois decantado para a retirada de água e impurezas. 2.3 Procedimentos Experimentais Foi realizada uma análise de dados sobre o óleo, a reciclagem, destino e reutilização. Essas informações foram importantes para os futuros procedimentos, como a localização de recuperadoras de óleo. Após isso, foram definidas as cidades pertencentes ao polo de Jaú, delimitando onde os dados seriam coletados. Esses procedimentos demandaram um mês de trabalho, entre visitas, entrevistas e busca de informações com especialistas no assunto e na logística da região. As cidades, totalizaram doze, sendo elas: Barra Bonita, Dois Córregos, Jaú, Bariri, Boracéia, Mineiros do Tietê, Bocaina, Igaraçu do Tietê, Itaju, Itapuí, Macatuba, Pederneiras. Com isso foram obtidos resultados coletados através de pesquisa realizada por meio de ligações telefônicas nas prefeituras das cidades, resultando em informações sobre projetos e locais de coleta de óleo vegetal. Com os dados em mãos foi elaborado mapa com os principais pontos de coleta e destinação do óleo de cozinha usado de cada cidade. As informações também foram geradas por contatos com ecopontos, obtendo informações sobre o descarte e empresas responsáveis pela e reciclagem do óleo na região, possibilitando a visita até essas empresas. 24 Através da visita técnica na indústria de recuperação do óleo e contato com especialistas na área, foi definido o processo logístico do óleo vegetal usado. Foram usado também referências bibliografias e dados de organizações obtidas por meio do site dos mesmos, gerando gráficos. 2.4 Análise dos Resultados No Brasil, 80% da produção de óleo de soja é destinada a produção de biodiesel, no cenário mundial os valores são diferentes, com base nas informações obtidas pelo Instituto de Economia Agrícola (IEA), foi elaborado o gráfico abaixo. Gráfico 2: Principais óleos vegetais utilizados na produção de biodiesel mundialmente Fonte: Autora, 2014 Após levantamento feito nas cidades da microrregião de Jaú, foram identificados os principais pontos de recolhimento do óleo de cozinha usado em cada uma das cidades. Na maioria das cidades localizam em supermercados que funcionam como ecopontos, recebendo e armazenado o óleo vegetal usado que posteriormente será recolhido por empresas especializadas. As prefeituras, muitas vezes fazem o recolhimento juntamente com a coleta de lixo. A população armazena o óleo usado em recipiente adequado e o deixa ao lado do lixo, assim ao passar o caminhão de lixo, recolhe-se o lixo e o óleo que é colocado em local separado no caminhão. Outra maneira encontrada pelas prefeituras para o recolhimento do óleo é as escolas, além de ser iniciativa ambiental para as crianças, pode ser usado para arrecadar verbas como é o caso das APAES (Associação dos Pais e Amigos dos Excepicionais). 32% 29% 3% 3% 8% 16% 9% Palma Soja Algodão Amendoim Girassol Canola Outros 25 Em Jaú, o Hospital Amaral Carvalho também utiliza a venda do óleo usado como forma de arrecadação, ajudando a grupos de voluntários que atende pacientes carentes em tratamento e custear as atividades de assistência social e aquisição de medicamentos que não são fornecidos pelo Sistema Único de Saúde (SUS), como informado no site do próprio hospital (www.amaralcarvalho.org.br). A empresa Fassiu Coletora de Óleo, situada em Jaú, realiza coleta em vinte cidades, coletando também em cidades não pertencentes a nossa região. A coleta total do óleo gera 50.000 litros por mês, sendo que só em Jaú são coletados de 10 a 15 mil litros por mês. Para incentivar a destinação correta do óleo a Fassiu faz campanhas em escolas. O óleo coletado pela empresa é destinado para as indústrias de fabricação de tintas, vernizes e ração animal. Em todas as cidades encontram-se Coletores Individuais de Resíduos, que coletam materiais recicláveis e também óleo de cozinha usado, vendendo os para locais especializados que fazem a correta destinação e fornecem renda aos Coletores. No mapa expresso na figura 3, a seguir, pode-se observar quais são as principais formas de coleta de óleo de cozinha usado nas cidades da microrregião de Jaú. Figura 3:Locais de coleta de óleo usado na microrregião de Jaú 26 Fonte:Autora, 2014 3 – CONSIDERAÇÕES FINAIS Este estudo se propôs a definir o processo da reciclagem do óleo vegetal usado para a fabricação de biocombustível, demonstrando formas de reaproveitamento do óleo de cozinha usado e a maneira correta de descarte, que além de ser economicamente viável, ajuda na conservação do meio ambiente. A definição ciclo do óleo vegetal desde a fabricação até a reutilização foi importante para a delimitação do processo de logística empregada, possibilitando a maior visualização das dificuldades apresentadas no processo, buscando assim soluções para a melhoria e amplitude do projeto de reciclagem do óleo. A logística reversa é evidente e necessária para a reciclagem do óleo, por isso se faz necessário uma maior difusão da mesma com o objetivo de que a quantidade coletada de óleo usado seja maior. As vantagens da reciclagem do óleo também devem ser salientadas. Atualmente a maior divulgação é nas escolas, uma maneira de se formar cidadãos conscientes, além de observar se que os alunos passam o conhecimento aos seus familiares, uma maneira de baixo custo e eficiente de divulgação. 3.1 Recomendações A reciclagem do óleo usado é fundamental aomeio ambiente e empresas como a Fassiu, são importantes, pois coletam grande volume do óleo usado dando o destino adequado a ele, além de reduzir custos das indústrias que utilizam ele para fabricação de outros produtos. Jaú tem um grande volume de óleo usado coletado, mas o volume poderá ser maior se empresas, prefeituras e escolas divulgarem a importância da logística reversa. 27 3.2 Desmembramentos Possíveis Em estudos futuros desenvolveria uma pesquisa mais ampla, com foco em outras cidades da região. Começaria a implantação de um projeto, em conjunto com as prefeituras das cidades para a maior conscientização da população e divulgação dos ecopontos. 28 REFERÊNCIAS ____________. 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