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ARTIGO SISTEMA ELEITORAL BRASILEIRO

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Prévia do material em texto

*Artigo apresentado à disciplina de Ciência Política e Estado ministrada pelo professor 
Márcio Aleandro para obtenção total da 2ª nota. 
** Graduando do 2º período de Direito da Universidade Federal do Maranhão. 
 
SISTEMA ELEITORAL BRASILEIRO: a conversão dos votos em mandatos políticos* 
 
Bernardo José Pinto de Mello e Silva Filho** 
 
RESUMO 
Descrição do sistema eleitoral brasileiro, levando em conta seus aspectos políticos e eleitoral-
normativos. Explicação dos mecanismos de contagem de votos e alocação de cadeiras, ou em 
outras palavras, da conversão dos sufrágios em mandatos, na medida em que estão 
relacionados diretamente ao sistema eleitoral do Brasil e como são aplicados nas eleições para 
os cargos político do Executivo (presidente, prefeitos e governadores) e do Legislativo 
(deputados, senadores e vereadores). Conclui que se pode considerar o sistema brasileiro 
como consolidado, sendo sua marca preponderante a heterogeneidade. 
 
1 INTRODUÇÃO 
Faz-se oportuno, antes de mais nada, definir o que seja “sistema eleitoral”, para tanto, 
lança-se mão do conceito elaborado por Jairo Nicolau (2004, p. 10): “é o conjunto de regras 
que define como em uma determinada eleição o eleitor pode fazer suas escolhas e como os 
votos são contabilizados para serem transformados em mandatos”. Apesar de que neste artigo 
se priorize por retratar elementos essencialmente políticos e eleitoral-normativos, sabe-se que 
a temática a ser desenvolvida não se encerra nesses pontos, porquanto muitos outros fatores 
de ordens diversas influem nesse processo. Não obstante, entende-se que problematizar tal 
assunto assume caráter de essencial importância, uma vez que possuir ciência dos trâmites do 
sistema eleitoral implica ter domínio do ponto alto da cidadania e da democracia: o voto. 
Além do mais, ter conhecimento pode representar o fator determinante na definição do 
individuo como eleitor manipulável ou como cidadão obstinado e focado em seus ideais 
políticos. 
Ainda assim, o foco do artigo não é emitir juízos de valor a respeito do sistema 
eleitoral brasileiro, mas, sobretudo, caracterizá-lo através de uma abordagem essencialmente 
descritiva, além de elucidativa na medida em se faz necessário detalhar os mecanismos que 
lhe dão funcionalidade, ou seja, à proporção que o sistema enquadra-se numa determinada 
classificação ou faz uso de certo método, busca-se previamente explicá-los. 
________________________ 
Bernardo
Realce
Bernardo
Realce
2 
 
2 MAGNITUDE DO DISTRITO 
 É um conceito que será deveras útil no decorrer deste estudo, por isso opta-se por 
apresentá-lo logo de início. A magnitude distrital diz respeito ao número de cadeiras que 
determinada circunscrição eleitoral dispõe para fins de preenchimento. É oportuno, antes de 
prosseguir, elucidar que distrito eleitoral nada mais é do que “a unidade territorial onde os 
votos são contabilizados para efeito de distribuição das cadeiras em disputa” (NICOLAU, 
2004, p. 13). Via de regra, os países que adotam o sistema majoritário de representação criam 
seus distritos especialmente para as eleições, por outro lado, as nações adeptas do sistema 
proporcional de representação aproveitam as divisões territoriais já existentes (estados, 
regiões, províncias) como distritos. No Brasil, todo o território transforma-se em um único 
distrito para efeitos das eleições presidenciais, ao passo que para as eleições de governadores, 
deputados federais e estaduais e senadores cada estado corresponde a um distrito, e ainda, 
para as eleições de prefeitos e vereadores, cada município satisfaz uma circunscrição eleitoral. 
 De maneira lógica, a magnitude (M) de cada distrito quando se trata da escolha do 
presidente da República, dos governadores, dos prefeitos e sistematicamente dos senadores 
(quando apenas 1/3 do Senado é renovado) é M=1. Diversamente, quando o que se está em 
questão é votação dos deputados federais e estaduais, dos vereadores e ordenadamente dos 
senadores (quando 2/3 da composição do Senado é modificada), M>1. Deduz-se, portanto, 
que a depender da função representativa em disputa, o mesmo distrito pode apresentar 
magnitudes diferentes, porém independentes entre si. 
 As cadeiras a que cada distrito tem direito a preencher, ou seja, sua respectiva 
magnitude, na Câmara dos Deputados, no Senado Federal, nas Assembleias Legislativas e nas 
Câmaras Municipais são fixadas por lei. Restringindo-se a análise às eleições dos senadores e 
dos deputados federais, tem-se que aqueles compõem um total de 81 parlamentares, já que o 
paragrafo primeiro do art. 46 da Constituição Federal determina que “cada Estado e o Distrito 
Federal elegerão três Senadores, com mandato de oito anos” (BRASIL, 1988); estes, por sua 
vez, segundo a lei complementar nº 78/1993, constituem-se em um número que “não 
ultrapassará quinhentos e treze representantes”, de modo que “o Estado mais populoso será 
representado por setenta deputados federais” e “nenhum dos Estados membros da Federação 
terá menos de oito deputados federais”, estabelecendo-se o número de cadeiras a que cada 
distrito tem direito na Câmara por meio de cálculos proporcionais às respectivas populações 
de cada estado, fazendo uso de dados fornecidos pelo Instituto Brasileiro de Geografia e 
Estatística – IBGE (BRASIL, 1993). 
3 
 
 Assim, percebe-se que a magnitude de qualquer distrito do Brasil nas eleições para 
composição do Senado Federal varia alternadamente entre 1 e 2. Para o preenchimento da 
Câmara dos Deputados, no entanto, as magnitudes de cada distrito são bem distintas entre si, 
como se pode perceber pela tabela seguinte: 
Tabela 1 Número de deputados federais por unidade da Federação e população respectiva 
Estado 
Número de 
deputados 
(magnitude) 
% do 
total de 
deputados 
População 
% da 
população 
brasileira 
Representatividade 
(Habitantes / 
Deputado) 
São Paulo 70 13,6% 39.924.091 21,5% 570.344 
Minas 
Gerais 
53 10,3% 19.159.260 10,3% 361.495 
Rio de 
Janeiro 
46 9% 15.180.636 8,2% 330.014 
Bahia 39 7,6% 13.633.969 7,3% 349.589 
Rio Grande 
do Sul 
31 6% 10.576.758 5,7% 341.186 
Paraná 30 5,8% 10.226.737 5,5% 340.891 
Pernambuco 25 4,9% 8.541.250 4,6% 341.650 
Ceará 22 4,3% 8.450.527 4,4% 371.822 
Maranhão 18 3,5% 6.424.340 3,5% 356.908 
Goiás 17 3,3% 5.849.105 3,1% 344.065 
Pará 17 3,3% 7.443.904 4% 437.877 
Santa 
Catarina 
16 3,1% 6.178.603 3,3% 386.163 
Paraíba 12 2,3% 3.753.633 2% 312.803 
Espírito 
Santo 
10 1,9% 3.392.775 1,8% 339.278 
Piauí 10 1,9% 3.086.448 1,7% 308.645 
Alagoas 9 1,7% 3.093.994 1,7% 343.777 
Acre 8 1,6% 707.125 0,4% 88.391 
Amazonas 8 1,6% 3.350.773 1,8% 418.847 
Amapá 8 1,6% 648.553 0,3% 81.069 
Distrito 
Federal 
8 1,6% 2.469.489 1,3% 308.686 
Mato 
Grosso do 
Sul 
8 1,6% 2.404.256 1,3% 300.532 
Mato 
Grosso 
8 1,6% 2.954.625 1,6% 369.328 
Rio Grande 
do Norte 
8 1,6% 3.121.451 1,7% 390.181 
Rondônia 8 1,6% 1.535.625 0,8% 191.953 
Roraima 8 1,6% 425.398 0,2% 53.175 
Sergipe 8 1,6% 2.036.227 1,1% 254.528 
Tocantins 8 1,6% 1.373.551 0,7% 171.694 
Total 513 100% 185.712.713 100% 
362.013 
(representatividade 
média nacional) 
Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – Censo 2010 
4 
 
 
3 DOS SISTEMAS DE REPRESENTAÇÃO EMPREGADOS 
 O primeiro aspecto a ser caracterizado em sistema eleitoral é o modo como os votos 
são considerados para efeitos de distribuição de cadeiras a serem ocupadas ou, em outras 
palavras, descrever a fórmula eleitoral. O Brasil adota dois tipos de sistema: o majoritário e o 
proporcional. Ressalve-se,porém, que de maneira alguma se pode dizer que o sistema 
admitido no Brasil é misto – como ocorre na Alemanha, por exemplo − pelo simples fato de 
empregar as duas referidas modalidades de organização dos sufrágios, pois em nenhum 
momento elas se misturam na composição de uma mesma Casa legislativa ou cargo político 
do Executivo. 
3.1 Sistema majoritário de representação 
 “É o mais antigo [dos sistemas]” (BONAVIDES, 2010, p. 265). De maneira sucinta, 
Nicolau (2004, p. 11) estabelece que o objetivo dessa modalidade é “garantir a eleição do(s) 
candidato(s) que obtiver(em) mais votos”. É um modelo mais largamente utilizado em 
distritos uninominais (M=1), isto é, naquelas circunscrições eleitorais onde há apenas um 
cargo representativo dentro de uma determinada categoria em disputa, apesar de que nada 
impede o emprego dessa técnica em distritos plurinominais (M>1) (NICOLAU, 2004, p. 13). 
A respeito desse tópico, Paulo Bonavides (2010, p. 266-268) é bem claro e objetivo ao 
elencar as vantagens e os inconvenientes da fórmula majoritária: no primeiro grupo, tem-se 
que a representação majoritária é relativamente simples, sem grandes empecilhos para o 
entendimento dos eleitores acerca da lógica do sistema; “produz governos estáveis”, uma vez 
que favorece o bipartidarismo em detrimento da “pulverização partidária” e confere maior 
governabilidade ao induzir a formação de maiorias também estáveis – é importante advertir, 
nesse ponto, que, segundo Duverger (1954 apud BONAVIDES, 2010, p. 268), a subespécie 
de maioria absoluta desse sistema tende a um “multipartidarismo temperado por alianças”; 
apresenta um maior poder de vinculação entre o eleitor e o candidato, porquanto aquele “não 
vota numa ideia ou num partido em termos abstratos, mas em pessoas com respostas ou 
soluções objetivas a problemas concretos do governo” ao mesmo tempo em que este se insere 
“numa dependência maior do eleitor do que do partido”. Por outro lado, no segundo conjunto, 
o das impertinências, inclui-se o fato de que a tendência ao bipartidarismo naturalmente 
implica a diminuição das opções do eleitorado no momento de atribuição de seus votos; “as 
minorias em geral nunca chegam ao poder”, já que o sistema privilegia os candidatos que 
angariam mais votos, logo são aqueles que representam as correntes de opinião maioritárias; 
grande parcela dos votos não logra nenhuma “eficácia representativa”, o que acaba por gerar 
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um certo “sentimento de frustração” no eleitor; pode acarretar uma espécie de acomodação da 
parcela maioritária e desesperança da fração minoritária da população nos distritos ditos 
“seguros”, ou seja, onde a vitória de determinado candidato e seu respectivo partido é tida 
como garantida, o que muitas vezes é o resultado da “geometria eleitoral”, que divide as 
circunscrição segundo interesses outros que não os da vontade geral. 
Existem três variações, a saber: maioria simples (turno único), maioria absoluta 
(possibilidade de dois turnos) e voto alternativo. Ater-se-á apenas aos dois primeiros por 
dizerem respeito diretamente ao sistema eleitoral brasileiro, ao contrário do terceiro. 
3.1.1 Sistema majoritário de maioria simples 
 O escrutínio daí derivado admite apenas um único turno, pois vence o candidato que 
atinge o maior número de votos, não importando se a diferença na quantidade de sufrágios 
conquistados tenha sido significativa ou não em relação a seus adversários. A característica 
marcante dessa variação é a simplicidade. Em contrapartida, apresenta-se como um problema 
peculiar a “eventual falta de representatividade de um candidato eleito, em relação à 
totalidade do eleitorado” (BONAVIDES, 2010, p. 267), o que fica fácil de ser compreendido 
através do seguinte exemplo: imagine-se uma cidade qualquer com 30.000 eleitores na qual os 
candidatos “A”, “B” e “C” disputam entre si o cargo de prefeito; apurados os votos e 
admitindo que todos eleitores votaram precisamente em um dos três pretendentes a prefeito, 
tem-se que “A” recebeu 9.800 votos, “B” 10.200 e “C” 10.000; como se pode deduzir, “B” foi 
eleito, todavia, praticamente 2/3 do eleitorado não o apoiou, o que pode significar um 
obstáculo a mais em sua administração. 
 No Brasil, o sistema majoritário de maioria simples é adotado nas eleições para 
senadores e prefeitos de municípios com até 200.000 eleitores. 
3.1.2 Sistema majoritário de maioria absoluta 
 Nesse método, o candidato vencedor deve receber necessariamente mais da metade 
dos votos (50% + 1), por esse motivo, muitas vezes as eleições somente são decididas em um 
segundo turno apenas com os candidatos mais bem votados. O grande trunfo dessa técnica é a 
garantia de que os candidatos serão eleitos somente se lograrem uma votação expressiva, 
assim, teoricamente, maior parte do eleitorado se sentirá mais representada. Destaque-se, 
ainda, que os partidos mais moderados levam certa vantagem sobre as agremiações políticas 
extremistas, haja vista que, no intervalo entre o primeiro e segundo turnos, aqueles possuem 
maior flexibilidade para estabelecer alianças enquanto estas têm mais dificuldades para tanto 
(NICOLAU, 2004, p. 25). 
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 É nessa variação do sistema majoritário de representação que, no Brasil, se baseiam as 
eleições dos prefeitos de municípios com mais de 200.000 eleitores, dos governadores 
estaduais e do presidente da República. 
3.2 Sistema de representação proporcional 
 Também chamado de sistema de representação das opiniões, o sistema de 
representação proporcional, desde as primeiras décadas do século XX, é empregado por 
diversos países (BONAVIDES, 2010, p. 268), tendo sido a Bélgica o primeiro Estado a adotá-
lo. “Tem por objeto assegurar às diversas opiniões, entre as quais se repartem os eleitores, um 
número de lugares [no Legislativo] proporcional às suas respectivas forças” (PRÉLOT, 1961 
apud BONAVIDES, 2010, p. 268), por isso é recomendado, segundo Nicolau (2004, p. 11), 
para países marcados por notáveis cisões éticas e religiosas. Para gerar os resultados 
esperados, essa fórmula deve ser aplicada obrigatoriamente em distritos plurinominais (M>1), 
pois a proporcionalidade estabelece uma relação direta com o número de cadeiras em jogo. 
Dessa forma, os partidos políticos, que, em tese, representam uma determinada parcela da 
população na medida em que se erigem em torno de uma bandeira ideológica que encontra 
adeptos dentro da sociedade, ocupam um número tão maior de cadeiras no Parlamento quanto 
for a quantidade de sufrágios direcionados a sua legenda e/ou candidatos, donde se percebe o 
princípio de justiça que norteia o sistema. 
 Das próprias características intrínsecas ao sistema derivam suas implicações positivas 
e negativas, e sobre isso Paulo Bonavides (2010, p. 269-271) também irá discorrer 
brevemente de maneira análoga ao que fez com sistema de representação majoritária. Dentre 
os efeitos positivos, tem-se que – e destacar isso é lugar comum dos defensores do sistema – 
há uma abertura de espaço para que as minorias também sejam representadas, e por 
conseguinte enseja-se que elas sejam protegidas e defendidas, pois “todo voto possui igual 
parcela de eficácia”; propicia uma “vida política mais dinâmica e abre à circulação das ideias 
e das opiniões novos condutosque impedem uma rápida e eventual esclerose do sistema 
partidário, já que estimula fundação de partidos políticos, ou seja, favorece o pluralismo 
partidário, o que, por sua vez, evita o surgimento de grupos políticos pela via da 
clandestinidade; é mais apropriado ao pluralismo democrático ocidental dos tempos atuais. 
Em compensação, tem-se ainda os efeitos negativos, dentre os quais são citados: “a fraqueza e 
instabilidade dos governos”, como consequência do multipartidarismo; abre oportunidade 
para que partidos políticos firmem uniões e acordos meramente oportunistas e interesseiros, 
sobretudo através das coligações, não importando as divergências ideológicas que possam 
haver entre eles, gerando dúvidas no eleitorado quanto a legitimidade dos mesmos; o 
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sentimento de desconfiança suscitado nos eleitores devido ao maior grau de complexidade das 
técnicas de contagem eleitoral. 
 Nesse sentido, as eleições brasileiras para deputado estadual, deputado federal e 
vereador são decididas pelo sistema proporcional da mesma maneira, evidenciando distinções 
apenas quando se trata das proporções distritais. 
 De acordo com Jairo Nicolau (2004, p. 38), o sistema de representação proporcional 
desdobra-se em duas variantes: o voto único transferível e o sistema de lista. Mais uma vez 
por ser o que de fato interessa ao sistema eleitoral brasileiro, destrinchar-se-á apenas o 
segundo. 
3.2.1 A representação proporcional de lista 
 Proposta pelo belga Victor D’Hondt, o funcionamento, em linhas gerais, dessa 
modalidade não é difícil de ser compreendido: cada partido ou coligação partidária elabora 
uma lista de candidatos, que então é submetida à apreciação do eleitor para que este faça sua 
escolha; os votos recebidos por cada partido ou coligação são então convertidos em número 
de cadeiras a que os mesmo têm direito; por fim, alguns dos candidatos elencados na lista são 
designados a ocupar as vagas conquistadas. De certo, porém, através desse quadro geral, 
algumas dúvidas foram fomentadas, tais como: o que precisamente são as coligações 
partidárias e como elas funcionam? Exatamente como se dá a distribuição das cadeiras entre 
os partidos e/ou coligações? Quais dos candidatos apresentados na lista irão de fato assumir as 
cadeiras conquistadas pelo partido? Há o risco de alguma cadeira “sobrar”? Tratar-se-á de 
responder essas indagações a seguir. 
3.2.1.1 As coligações partidárias 
 Nada mais são do que uniões temporárias entre partidos políticos para fins eleitorais. 
Cada partido tem autonomia para elaborar sua própria lista de candidatos, contudo, para 
efeitos de distribuição de cadeiras, as listas tornam-se uma só. Dessa forma, “nos países que 
permitem coligação, o processo de distribuição de cadeiras ocorre em duas fases” 
(NICOLAU, 2004, p. 53): na primeira, os assentos são repartidos entre os partidos e 
coligações; na segunda, as cadeiras são distribuídas entre os partidos coligados 
proporcionalmente à contribuição que cada um deu à votação total da coligação. Quanto a 
esse ponto, o Brasil possui a seguinte peculiaridade: “não existe mecanismo de cálculo 
intracoligação, ou seja, as cadeiras conquistadas pela coligação não são distribuídas 
proporcionalmente à contribuição que cada partido deu à votação final” (NICOLAU, 2004, p. 
54), mas sim de acordo com a votação nominal recebida por cada candidato, 
independentemente do desempenho de seu partido. Por isso, as vantagens que os pequenos 
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partidos encontram nas coligações para atingir a cota mínima que permite eleger um 
representante nem sempre se aplicam ao contexto brasileiro, principalmente quando essa 
união é estabelecida com partidos de grande envergadura, que acabam por arrebatar a maioria 
– senão todas – das cadeiras conquistadas pela coligação. 
3.2.1.2 Fórmulas eleitorais 
 São os métodos utilizados para distribuição das cadeiras entre partido e coligações. 
Segundo Nicolau (2004, p. 44), “as fórmulas eleitorais podem ser divididas em dois grupos: 
maiores médias, que utilizam um divisor, e maiores sobras, que utilizam quotas”. No 
primeiro, incluem-se os cálculos D’Hondt, Sainte-Lague e Sainte-Lague modificado; no 
segundo, tem-se a quota Hare e a quota Droop. 
O sistema eleitoral brasileiro não faz uso das espécies de fórmula eleitoral puramente, 
isto é, as técnicas das maiores médias e das maiores sobras combinam-se da seguinte forma: 
em um primeiro momento calcula-se o quociente eleitoral por meio da quota Hare, isto é, 
dividem-se os sufrágios válidos – votos nulos e brancos são excluídos – pelo número de 
cadeiras em disputa, devendo o resultado ser arredondado para que não haja fração; em 
seguida, determinam-se os quocientes partidários dividindo-se os votos recebidos por cada 
partido pelo quociente eleitoral, o resultado, cuja fração deve ser desprezada, será o número 
de cadeiras a que o partido ou coligação tem direito; havendo cadeiras “sobrando”, ou seja, 
que não foram preenchidas, utiliza-se a fórmula D’Hondt, que consiste na divisão dos votos 
totais do partido ou da coligação pelo número de cadeiras já ocupadas pelo(a) mesmo(a) 
acrescido de 1 unidade, para atribuir ao partido de maior média a primeira das cadeiras 
restantes; a técnica D’Hondt é repetida até que não restem mais assentos. É importante 
destacar que o quociente eleitoral (quota Hare) também é aproveitado no Brasil como cláusula 
de exclusão, em outras palavras, o partido ou coligação que não atingir um mínimo de votos 
igual ao quociente eleitoral estará eliminado do processo de distribuição de cadeiras. 
A compreensão será mais fácil com o seguinte exemplo fictício: suponha uma eleição 
proporcional de lista para deputado estadual na qual houve 46.322 votos válidos. Havia 17 
vagas (magnitude) na Assembleia Legislativa em disputa em um distrito qualquer e 6 partidos 
pleiteando-as: “A”, “B”, “C”, “D”, “E” e “F”. Cada partido recebeu, respectivamente: 15.992, 
12.811, 7.025, 6.144, 2.237 e 2.113 votos. O quociente eleitoral foi dado por 46.322 / 17 = 
2.724,8 ≈ 2.725. Comparando o quociente eleitoral com as votações dos partidos “E” e “F”, 
pode-se afirmar quem ambos já estão eliminados do processo e não poderão ocupar nenhuma 
cadeira. O quociente partidário de “A” é dado por 15.992 / 2.725 = 5,8 (que se torna igual a 5 
de acordo com o que prescreve a lei); a mesma operação é efetuada com os demais partidos, 
9 
 
de modo que seus quocientes partidários são: 4 (“B”), 2 (“C”) e 2 (“D”). Como visto, sobram 
ainda 4 cadeiras. Para resolver o problema das “sobras”, aplica-se a fórmula D’Hondt, de 
forma que a média de “A” é dada por 15.992 / 5+1 = 2.665,3; o mesmo procedimento é feito 
com os partidos “B”, “C” e “D”, de maneira que suas médias são, respectivamente: 2.562,2; 
2.341,6 e 2.048. Por ter obtido a maior média, o partido “A” conquista a primeira dos assentos 
restantes. O processo é repetido até todas as cadeiras estejam distribuídas, tomando o devido 
cuidado que o novo divisor da votação do partido “A” não mais será 5 acrescido de uma 
unidade, massim 6 acrescido de uma unidade, porquanto a primeira das cadeiras restantes 
agora lhe pertence. 
3.2.1.3 Estrutura do voto: as listas partidárias 
 Após de saber como são distribuídas as cadeiras para cada partido ou coligação, o que 
está em voga nessa seção é saber como se define quem, de fato, de cada partido ou coligação, 
assumirá pessoalmente a função representativa. Para tanto, o sistema eleitoral de cada Estado, 
caso a eleição seja do tipo proporcional, define que tipo de lista partidária deverá ser adotado. 
Conforme Nicolau (2004, p. 54), “a principal distinção nas regras para seleção de candidatos 
no sistema de representação proporcional é o grau de influência dos partidos comparado ao 
dos eleitores”. São quatro as espécies de listas partidárias, a saber: lista fechada, lista flexível, 
lista livre e lista aberta. Esta última é adotada pelo sistema brasileiro, por isso será mais bem 
detalhada adiante. 
3.2.1.3.1 A lista aberta 
 “O sistema eleitoral proporcional brasileiro apresenta uma estrutura de voto de lista 
aberta, segundo a qual o partido apresenta uma lista de candidatos sem ordem 
predeterminada” (GIUDICE, 2010, p. 25), logo, é atribuição exclusiva do eleitor decidir quem 
ocupará os assentos conquistados pelo partido ou coligação através do voto em um dos 
candidatos elencados. É um modelo que, geralmente, tende a personalizar a escolha do 
eleitorado mais que os outros tipos de lista, além de dar um peso maior a lideranças e 
personalidades de significativa popularidade que venham a ser atraídas por algum partido, no 
intuito de arrebatar mais votos; todavia, critica-se essa técnica por estimular a competição 
entre os próprios candidatos de um mesmo partido. 
Em relação demais países que aderem à lista aberta (Chile, Finlândia e Polônia), o 
Brasil apresenta duas particularidades: a primeira delas é o fato de aqui há a possibilidade de 
votar apenas no partido (voto de legenda), sem que este sufrágio interfira diretamente na 
determinação dos nomes que serão eleitos, mas somente na distribuição de cadeiras entre 
partidos e coligações; a segunda distinção “é a formação de uma única lista de candidatos 
10 
 
quando diferentes partidos estão coligados” (NICOLAU, 2004, p. 57), cujos candidatos mais 
votados serão eleitos independentemente dos partidos a que pertençam, fazendo diferença 
neste ponto os votos nominais. Nos outros países, os partidos coligados possuem listas 
próprias que não se misturam, assim, os candidatos mais votados de cada partido são eleitos. 
4 CONCLUSÃO 
 De fato, o sistema eleitoral oficializado no Brasil não é dos mais simples, mesmo 
porque, não raro, faz uso de técnicas e métodos que aparentemente possuem mais distinções 
que semelhanças entre si. Todavia, mostra-se um sistema consolidado, de outra forma não 
sobreviveria até hoje a certas críticas contundentes que ciclicamente são levantadas mesmo 
após de mais de um quarto de século de redemocratização, número este que pode se tornar 
ainda mais significativo se se levar em conta que alguns mecanismos hoje aplicados já vêm 
sendo empregados desde meados do século passado. Talvez seja possível atribuir essa 
constatação ao próprio sincretismo de artifícios eleitorais que compõe o sistema, pois ao 
combiná-los, assumem-se vantagens e desvantagens que se relacionam entre si como se uma 
compensasse os inconvenientes da outra. A heterogeneidade do sistema também se mostra um 
fator que, apesar de aproximá-lo de outros tipos em relação a características analisadas 
isoladamente, afasta-o dos demais quando considerado como um todo. 
É bem verdade, entretanto, que não há um sistema eleitoral que possa se dizer perfeito. 
É intrínseco a todos os modelos falhas que devem ser contornadas na medida do possível. 
Ainda assim, é provável que qualquer sistema − quer seja majoritário, quer seja proporcional, 
quer seja de maioria simples ou maioria absoluta, quer adote lista aberta ou fechada − seja tão 
mais aperfeiçoado quanto estiver adequado às características e peculiaridades da sociedade na 
qual está inserido. 
Por fim, tem-se, em resumo, o seguinte quadro do sistema eleitoral brasileiro: 
a) para eleger senadores e prefeitos de municípios com até duzentos mil eleitores: sistema de 
representação majoritária de maioria simples; 
b) para eleger prefeitos de municípios com mais de 200.000 eleitores, governadores estaduais 
e presidente da República: representação majoritária de maioria absoluta; 
c) para eleger deputados estaduais, deputados federais e vereadores: sistema de representação 
proporcional de lista aberta, com utilização da quota Hare para distribuição de cadeiras entre 
partidos e da fórmula D’Hondt para solucionar o “problema das sobras”, permitindo-se a 
coligação partidária e sendo o próprio quociente eleitoral a cláusula de exclusão. 
 
 
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ELECTORAL SYSTEM BRAZILIAN: the conversion of votes into political mandates 
 
ABSTRACT 
 
Description of the Brazilian electoral system, taking into account its political and election-
normative aspects. Explanation of vote counting mechanisms and allocation of chairs, or in 
other words, the conversion of the votes into mandates, to the extent that they are directly 
related to the electoral system in Brazil and how they are applied in elections to the political 
positions of the Executive (President , mayors and governors) and Legislative (deputies, 
senators and councilors). Concludes that one can consider the Brazilian system as 
consolidated, and its preponderant brand is heterogeneity. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Deputados, nos termos do art. 45, § 1º, da Constituição Federal. Disponível em: < 
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GIUDICE, Noelle del. O sistema proporcional no Brasil: origens, características e efeitos. Em 
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