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PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO Registro: 2013.0000219134 ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos estes autos de Apelação nº 0012533-95.2011.8.26.0554, da Comarca de Santo André, em que é apelante PORTO SEGURO COMPANHIA DE SEGUROS GERAIS, é apelado FAZENDA DO ESTADO DESÃO PAULO. ACORDAM, em 8ª Câmara de Direito Público do Tribunal de Justiça de São Paulo, proferir a seguinte decisão: "Negaram provimento ao recurso. V. U.", de conformidade com o voto do Relator, que integra este acórdão. O julgamento teve a participação dos Exmos. Desembargadores RUBENS RIHL (Presidente), CRISTINA COTROFE E JOÃO CARLOS GARCIA. São Paulo, 17 de abril de 2013. Rubens Rihl RELATOR Assinatura Eletrônica PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO Apelação nº 0012533-95.2011.8.26.0554-Santo André - Voto nº 11361 2 Apelação Cível nº: 0012533-95.2011.8.26.0554 Apelante: PORTO SEGURO COMPANHIA DE SEGUROS GERAIS Apelada: FAZENDA DO ESTADO DE SÃO PAULO Comarca: SÃO PAULO Voto nº: 11361 APELAÇÃO RESPONSABILIDADE CIVIL E INDENIZAÇÃO Furto de veículo pertencente a professora, de estacionamento destinado aos funcionários da unidade escolar, durante período em que aquela lecionava Não configuração, na espécie, de contrato de depósito, com tradição real ou simbólica, ou mesmo a assunção tácita, pela demandada, de obrigação de guarda e vigilância Ausência de liame causal entre o fato lesivo imputado à Administração e o dano Improcedência da ação corretamente pronunciada em primeiro grau Honorários advocatícios que não comportam mitigação Valor fixado em sentença mantido - Negado provimento ao recurso. Trata-se de ação ordinário ajuizada por PORTO SEGURO COMPANHIA DE SEGUROS GERAIS em face da FAZENDA DO ESTADO DE SÃO PAULO, objetivando a condenação da requerida ao pagamento de indenização por danos materiais na quantia de R$ 15.163,56, corresponde ao valor do veículo de propriedade de Gabrielli Guazzelli Gamba, segurada, subtraído do estacionamento situado no pátio da Escola Estadual “Prof. Paulo Sinna”, durante período em que ela lá lecionava. A R. sentença de fls. 92/94, cujo relatório ora se adota, julgou improcedente o pedido, condenando a autora ao pagamento das custas e despesas processuais, além dos honorários advocatícios da parte adversa, estes fixados em 10% (dez por cento) sobre o valor atualizado da causa. PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO Apelação nº 0012533-95.2011.8.26.0554-Santo André - Voto nº 11361 3 Inconformada, apela a vencida buscando a inversão do resultado, sob as razões postas às fls. 105/119. Recurso regularmente processado e respondido (fls. 127/153). Os autos foram distribuídos à 26ª Câmara de Direito Privado que, pelo v. acórdão de fls. 164/166, da lavra do eminente Des. Antonio Nascimento, não conheceu do recurso por se tratar de matéria atinente à competência da Seção de Direito Púbico, vindo, então, em redistribuição. É, em síntese, o relatório. A despeito do posicionamento defendido pela recorrente, entendo que deve prevalecer a improcedência do pedido pronunciada em primeiro grau. De fato, exame dos autos revela que a área reservada para que os professores guardassem seu veículo, enquanto estes ministram aulas, não pode ser caracterizada, propriamente, como um “estacionamento”, configurando, a bem da verdade, mero conforto, cortesia, oferecido pela unidade escolar aos seus docentes. Além do mais, a despeito da existência de muros, portão e, ao que parece, guarita, restou incontroverso nos autos o fato de que o local não comportava qualquer sistema de vigilância, apresentando equivalência a mero estacionamento em vias públicas, de modo que não há falar-se em obrigação universal do Estado de evitar em quaisquer circunstâncias furto de automóvel nesse caso. PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO Apelação nº 0012533-95.2011.8.26.0554-Santo André - Voto nº 11361 4 As condições do local do furto do veículo foram assim descritas pela segurada (fls. 15): “(...) Através de contato telefônico, a mesma confirmou o fato relatado, esclarecendo que deixou seu veículo no estacionamento aberto e de livre acesso da Escola Estadual Professor Paulo Sinna, localizada no endereço acima mencionado por volta das 19:00 h. 27/10/2009, e que se deu conta de sua subtração eram aproximadamente 22:30 h. também de 27/10/2009.” (grifo nosso) Ressalte-se que o conjunto probatório não indica a existência de portão automático nem de “pessoa encarregada de vigiar os veículos, recebendo, ao que tudo indica, um valor mensal pago pelos professores”, como sustenta a apelante. Diante deste contexto, forçoso concluir que a Administração não havia assumido posição de guarda da coisa, nem se obrigara a prestar vigilância no estacionamento, inexistindo, pois, nexo causal entre o furto e o serviço prestado pela Administração, afastando o dever de indenizar com esteio no art. 37, §6º, da Constituição Federal. Em casos semelhantes, outro não foi o entendimento sufragado por esta Egrégia Corte de Justiça, conforme demonstram as ementas abaixo transcritas: “Indenização Furto de motocicleta, estacionada no pátio de unidade escolar Obrigação estatal indenizatória Inexistência Ausência de liame causal entre o fato lesivo imputado à Administração e o dano Verba honorária advocatícia Redução Admissibilidade Parcial provimento.” (Apelação Cível nº 453.531.5/0-00, rel. PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO Apelação nº 0012533-95.2011.8.26.0554-Santo André - Voto nº 11361 5 Des. Alves Bevilacqua, Segunda Câmara de Direito Público, j. 23.09.2008). “Responsabilidade civil Indenização Furto de veículo em pátio de escola estadual Portão aberto sem qualquer vigilância aos veículos estacionados Segurança que corre por conta e risco de quem estaciona Inexistência de obrigação de indenizar Sentença de improcedência mantida Apelação da autora improvida.” (Apelação Cível nº 151.213.5/8-00, rel. Des. Carlos de Carvalho, Primeira Câmara de Direito Público, j. 16.08.2005). Nesse sentido, também, a jurisprudência do Colendo Superior Tribunal de Justiça: “ADMINISTRATIVO. RESPONSABILIDADE CIVIL. FURTO DE VEÍCULO EM ESTACIONAMENTO DE ESCOLA PÚBLICA. 1. 'O Poder Público deve assumir a guarda e responsabilidade do veículo quando este ingressa em área de estacionamento pertencente a estabelecimento público, desde que haja serviço especializado com esse fim.' (REsp 438.870/DF, 2ª Turma, Min. Castro Meira, DJ de 01.07.2005). 2. Recurso especial a que se nega provimento.” (REsp 858772/SP, relator Ministro Carlos Fernando Mathias (Juiz Federal convocado do TRF 1ª Região), Segunda Turma, DJe 04.08.2008). “PROCESSUAL CIVIL. ADMINISTRATIVO. RESPONSABILIDADE CIVIL. INDENIZAÇÃO. DANO MATERIAL. FURTO DE VEÍCULO. ESTACIONAMENTO DISPONIBILIZADO NAS DEPENDÊNCIAS DE UNIVERSIDADE FEDERAL. SÚMULA 07/STJ. 1. O Poder Público deve assumir a guarda e responsabilidade do veículo quando este ingressa em área de estacionamento pertencente a estabelecimento público, apenas, quando dotado de vigilância especializada para esse fim. Precedentes do STJ: Ag 937819/SC, Relatora PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO Apelação nº 0012533-95.2011.8.26.0554-Santo André - Voto nº 11361 6 Ministra DENISE ARRUDA, DJ de 20/06/2008; REsp 625604/RN, Relator Ministro HERMAN BENJAMIN, DJ de 02/06/2008 e REsp 1032406/SC, Relator Ministro ARI PARGENDLER, DJ de 30/04/2008; REsp 438.870/DF, Relator Ministro CASTRO MEIRA, DJ 01/07/2005. 2. In casu, o exame acerca das circunstâncias que redundaramna ausência de responsabilização da Universidade pelos danos materiais, decorrentes de furto de automóvel no estacionamento da universidade demandada, carece da incursão em aspectos fáticos, notadamente no que pertine à existência de serviço especializado de vigilância no campus universitário, fato que, evidentemente, enseja a incidência da Súmula 07/STJ. 3. A título de argumento obiter dictum merece destaque as situações fáticas insindicáveis nesta Corte: (a) "as fotos do estacionamento do campus apresentadas pela ré (fls. 59/64) demonstram a inexistência de qualquer tipo de controle de entrada e saída de veículos"; (b) "o depoimento do filho do autor (fls. 123), condutor do veículo na noite do furto, corrobora as fotos e a inexistência de qualquer forma de controle por parte da UFSC, no seguinte trecho: Tinha uma cancela na entrada do estacionamento, mas permanecia sempre aberta. Não havia nenhum tipo de controle de entrada de carros no estacionamento"; (c) "o depoimento da testemunha Leandro Luiz de Oliveira (fls.127/8), arrolada pela ré, servidor da UFSC, vigilante, esclareceu não estarem compreendidas dentre as atribuições o dever de guarda dos bens dos particulares" (fl. 204 verso). 4. Recurso Especial não conhecido.” (REsp 1081532/SC, Rel. Ministro LUIZ FUX, PRIMEIRA TURMA, julgado em 10/03/2009, DJe 30/03/2009, grifo nosso) Destarte, não configurado o dever estatal indenizatório, tem-se que a r. sentença apelada deu o desate correto à pendência, merecendo integral confirmação. PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO Apelação nº 0012533-95.2011.8.26.0554-Santo André - Voto nº 11361 7 Quanto aos honorários advocatícios, inexiste motivo para sua redução, eis que arbitrados em percentual razoável do valor atualizado da causa, compatível com o serviço prestado, de modo que devem permanecer nos moldes fixados pela r. sentença. Ressalto, em remate, que o presente acórdão enfocou as matérias necessárias à motivação do julgamento, tornando claras as razões pelas quais chegou ao improvimento do recurso. A leitura do acórdão permite ver cristalinamente o porquê do decisum, sendo, pois, o que basta para o respeito às normas de garantia do Estado de Direito, entre elas a do dever de motivação (CF, art. 93, IX). De qualquer modo, para viabilizar eventual acesso às vias extraordinária e especial, considero prequestionada toda matéria infraconstitucional e constitucional, observando o pacífico entendimento do Superior Tribunal de Justiça no sentido de que, tratando-se de prequestionamento, é desnecessária a citação numérica dos dispositivos legais, bastando que a questão posta tenha sido decidida (EDROMS 18205 / SP, Ministro FELIX FISCHER, DJ 08.05.2006 p. 240). Daí porque, em tais termos, nega-se provimento ao recurso. RUBENS RIHL Relator PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO Registro: 2014.0000672331 ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos estes autos de Apelação nº 0005013-03.2012.8.26.0602, da Comarca de Sorocaba, em que são apelantes FELIPE GOMES BRANDÃO RIBEIRO (JUSTIÇA GRATUITA) e MARCIA APARECIDA DO CARMO, é apelado ESC CONSTRUTORA E INCORPORADORA LTDA. ACORDAM, em 1ª Câmara de Direito Privado do Tribunal de Justiça de São Paulo, proferir a seguinte decisão: "Deram provimento ao recurso. V. U. SUSTENTOU ORALMENTE O DR. CLAUDIO DA SILVA ALVES", de conformidade com o voto do Relator, que integra este acórdão. O julgamento teve a participação dos Exmos. Desembargadores CHRISTINE SANTINI (Presidente) e CLAUDIO GODOY. São Paulo, 21 de outubro de 2014. Rui Cascaldi RELATOR Assinatura Eletrônica PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO Apelação nº 0005013-03.2012.8.26.0602 2/4 VOTO Nº: 30057 APEL.Nº: 0005013-03.2012.8.26.0602 COMARCA: SOROCABA APTE : FELIPE GOMES BRANDÃO RIBEIRO e MÁRCIA APARECIDA DO CARMO (JUST. GRAT.) APDO : ESC CONSTRUTORA E INCORPORADORA LTDA JUIZ : PEDRO LUIZ ALVES DE CARVALHO AÇÃO DE COBRANÇA Proposta de compra de imóvel de propriedade da autora pelos réus, pelo preço total de R$ 150.000,00, com sinal de R$ 17.000,00 a ser pago no ato da proposta Sinal não pago Expiração do prazo da proposta - Pretensão da autora de condenação dos demandados ao pagamento da importância do sinal Descabimento Proposta que não se concretizou Tratativas que não superaram a fase de puntuação Eventual responsabilidade pré-contratual dos réus demandaria demonstração de prática de ilícito civil, que ensejasse efetivo dano à autora, algo que não se verificou Ação improcedente Inversão do ônus sucumbencial Recurso provido Trata-se de apelação de sentença, cujo relatório se adota, que julgou procedente ação de cobrança, para condenar os réus ao pagamento à autora do sinal previsto na proposta de compra de imóvel objeto da lide, no montante de R$ 17.000,00 (dezessete mil reais), corrigido monetariamente desde a data da propositura da demanda, com incidência de juros legais de 1% ao mês desde a citação. Em razão da sucumbência, foram os réus condenados ao pagamento das custas e despesas processuais, bem como dos honorários advocatícios, estes fixados em 15% sobre o valor da condenação, observado, contudo, o fato de serem eles beneficiários da gratuidade judiciária. Recorrem os réus, sustentando, preliminarmente, a inépcia da petição inicial e a ilegitimidade passiva ad causam do corréu Felipe. Quanto ao mérito, aduzem que o prejuízo que a ré afirma ter suportado, em razão da não concretização da venda do imóvel, em realidade não existiu. Argumentam que apenas consultaram a ré acerca de um possível financiamento, não havendo formalização de proposta. Asseveram que o documento juntado a fl. 17 (“proposta de compra e venda de imóvel”) é “imprestável e leonino”. Sustentam não houve notificação da corré Márcia para dar andamento ao PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO Apelação nº 0005013-03.2012.8.26.0602 3/4 negócio, e que o corréu Felipe foi indevidamente notificado no décimo primeiro dia depois de firmada a “proposta”. Pugnam pela total improcedência da demanda. Recurso processado com resposta. É o relatório. Preliminarmente, não se reconhece a alegada inépcia da inicial, na qual os fatos são narrados de forma suficientemente clara, decorrendo logicamente sua conclusão, ou seja, de que a autora pretende a condenação dos réus ao pagamento de quantia referente ao sinal constante de proposta de venda de imóvel que acabou não se concretizando. Também há de se afastar a alegada ilegitimidade passiva ad causam do corréu Felipe, já que este participou sim das tratativas objeto da presente lide. Quanto ao mérito, verifica-se que em 17.01.2012 foi firmada “proposta de compra de imóvel” (documento de fl. 17), mediante a qual os réus, ora apelantes, propuseram a aquisição do imóvel matriculado sob o nº. 84398 no 2º Cartório de Registro de Imóveis da comarca local, de propriedade da autora, ora apelada. O preço proposto foi de R$ 150.000,00 (cento e cinquenta mil reais). A título de sinal e princípio de pagamento, seriam pagos R$ 17.000,00 (dezessete mil reais) no ato da proposta. Estabeleceu-se que esta valeria pelo prazo de dez dias. Pontuou-se, ainda, que, aceita a proposta pela proprietária, havendo desistência ou arrependimento dos proponentes, haveria a perda do sinal em favor daquela. Sucedeu que, de acordo com o relato contido na inicial, os apelantes não teriam dado continuidade as tratativas. Aliás, a despeito do contido na proposta escrita, não teriam sequer pago o sinal. Mesmo depois de lhes ser enviado telegrama, conclamando-os para que efetuassem o indigitado pagamento, teriam os apelantesse quedado inertes. Assim, alegando ter sofrido prejuízo em razão de tal desistência tácita, a apelada ingressou com a presente ação, pugnando pela condenação dos apelantes ao pagamento da importância de R$ 17.000,00, correspondente ao mencionado sinal. Bem se sabe que, conforme o art. 427 do Código Civil, a proposta vincula o proponente, PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO Apelação nº 0005013-03.2012.8.26.0602 4/4 desde que séria e consciente. Tanto assim é que a desistência por parte do proponente comprador enseja a perda do valor pago a título de arras, por força do disposto no art. 418 do mesmo diploma legal. Todavia, no caso em questão, constata- se que o sinal sequer foi pago, a despeito da previsão expressa na oferta escrita, que claramente estabelecia que assim procederiam os proponentes “no ato da presente proposta” (fl. 17). Ora, se as arras não foram dadas, logicamente não poderiam elas ser retidas. Mais que isso, conclui-se que as partes sequer chegaram a superar a fase de puntuação, de negociações preliminares, já que não concretizada condição sine qua non para o perfazimento da proposta, qual seja, o pagamento do sinal. Apesar da existência de documento escrito, tudo indica que a própria proposta não se ultimou. Não se poderia impor, portanto, o pagamento do sinal pelos apelantes como uma espécie de punição por não terem eles levado adiante a negociação. Nesta esteira, eventual imposição de pagamento de indenização apenas se justificaria na prática de ilícito civil por parte dos apelantes, que causasse efetivo dano à apelada, algo que neste caso não se verificou. Diante do exposto, DÁ-SE PROVIMENTO ao recurso, para julgar improcedente a presente demanda. Inverte-se, por conseguinte, o ônus da sucumbência, condenada a autora ao pagamento das custas e despesas processuais, bem como dos honorários advocatícios, estes fixados em R$ 1.000,00 (mil reais), nos termos do art. 20, § 4º, do Código de Processo Civil. RUI CASCALDI Relator Superior Tribunal de Justiça AgRg no RECURSO ESPECIAL Nº 1.230.665 - SP (2011/0001691-5) RELATOR : MINISTRO PAULO DE TARSO SANSEVERINO AGRAVANTE : COMPANHIA DE SEGUROS DO ESTADO DE SÃO PAULO COSESP ADVOGADOS : EDUARDO GOMES E OUTRO(S) FERNANDA GOMES LUIS GUSTAVO POLLINI AGRAVADO : ANTÔNIO CORRÊA E OUTROS ADVOGADO : LUIZ FERNANDO CARPENTIERI E OUTRO(S) EMENTA AGRAVO REGIMENTAL. AGRAVO DE INSTRUMENTO. SEGURO DE VIDA. RESCISÃO UNILATERAL DO CONTRATO. RECUSA IMOTIVADA DE RENOVAÇÃO. DANOS MATERIAIS. 1. Face o entendimento pacificado pela Segunda Seção desta Corte, é abusiva a negativa de renovação do contrato de seguro de vida, mantido sem modificações ao longo dos anos, por ofensa aos princípios da boa fé objetiva, da cooperação, da confiança e da lealdade, orientadores da interpretação dos contratos que regulam as relações de consumo. Precedente específico da Segunda Seção desta Corte, Resp nº 1073595/MG, Rel. MIN. NANCY ANDRIGHI. 2. Considerando que a relação contratual mantida entre a agravante e os agravados se estendeu por mais de vinte anos, bem como o fato de já serem idosos, perfeita sintonia entre o presente caso e o 'leading case' desta Terceira Turma segundo o qual "a rescisão imotivada do contrato, em especial quando efetivada por meio de conduta desleal e abusiva - violadora dos princípios da boa-fé objetiva, da função social do contrato e da responsabilidade pós-contratual - confere à parte prejudicada o direito à indenização por danos materiais e morais". (REsp 1255315/SP, Rel. MIN. NANCY ANDRIGHI). 3. AGRAVO REGIMENTAL DESPROVIDO. ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos os autos em que são partes as acima indicadas, acordam os Ministros da TERCEIRA Turma do Superior Tribunal de Justiça,por unanimidade, negar provimento ao agravo regimental, nos termos do voto do(a) Sr(a). Ministro(a) Relator(a). Os Srs. Ministros Ricardo Villas Bôas Cueva, Nancy Andrighi e Sidnei Beneti votaram com o Sr. Ministro Relator. Brasília (DF), 05 de março de 2013(Data do Julgamento) Documento: 1213963 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 03/04/2013 Página 1 de 10 Superior Tribunal de Justiça Ministro Paulo de Tarso Sanseverino Relator Documento: 1213963 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 03/04/2013 Página 2 de 10 Superior Tribunal de Justiça AgRg no RECURSO ESPECIAL Nº 1.230.665 - SP (2011/0001691-5) AGRAVANTE : COMPANHIA DE SEGUROS DO ESTADO DE SÃO PAULO COSESP ADVOGADOS : EDUARDO GOMES E OUTRO(S) FERNANDA GOMES LUIS GUSTAVO POLLINI AGRAVADO : ANTÔNIO CORRÊA E OUTROS ADVOGADO : LUIZ FERNANDO CARPENTIERI E OUTRO(S) RELATÓRIO O EXMO. SR. MINISTRO PAULO DE TARSO SANSEVERINO (Relator): Trata-se de agravo regimental manejado por COMPANHIA DE SEGUROS DO ESTADO DE SÃO PAULO COSESP contra decisão que deu provimento ao recurso especial. Colhe-se dos autos que ANTÔNIO CORRÊA e outros moveram, em face da companhia agravante, ação de restituição de prêmios de seguro de vida, em face da resilição unilateral e imotivada da avença, requerendo a devolução das quantias pagas a título de prêmios, o pagamento de valor equivalente a "indenização por morte de qualquer causa" e a indenização por danos morais e materiais. (fls. 464) A sentença julgou a ação parcialmente procedente para, a título de perdas e danos, condenar a ré a "pagar aos autores a diferença entre o último valor do prêmio do contrato resilido e o prêmio de um seguro equivalente no mercado, ..., a partir da ilegal resilição, estendendo-se durante o período de sobrevida dos autores ", ou seja, até que atinjam a idade de oitenta anos. (fls. 476) Irresignada, a companhia seguradora manejou recurso de apelação, que foi provido, para julgar a improcedência da ação, nos moldes da seguinte suma: S E G U RO DE VIDA EM GRUPO. Ação de indenização. Recusa da seguradora em renovar apólice de seguro. Legitimidade de tal conduta. Direito do segurador de escolha dos riscos que quer cobrir. Procedência. Apelação provida. A renovação compulsória do contrato de seguro de vida não tem base legal, porque implica retirar do contrato seu caráter aleatório e agravar os riscos, se não são mantidas Documento: 1213963 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 03/04/2013 Página 3 de 10 Superior Tribunal de Justiça condições seguras de equilíbrio entre o fundo mútuo arrecadado com os prêmios e os riscos que serão cobertos. É inocorrente desrespeito ao direito do segurado à informação, se é notório o conhecimento sobre o alcance do contrato de seguro, e muito mais pela razão de ele se pautar pela lei, que se presume conhecida. (fls. 569) Sobrevindo recurso especial, a ele foi dado provimento para restabelecer a sentença, nos moldes da seguinte ementa: RECURSO ESPECIAL. SEGURO DE VIDA. RESCISÃO UNILATERAL DO CONTRATO. DANOS MORAIS. CONDUTA ABUSIVA. DEVER DE INDENIZAR. SÚMULA 83/STJ. RECURSO ESPECIAL PROVIDO. Assim, a COMPANHIA DE SEGUROS DO ESTADO DE SÃO PAULO COSESP maneja o presente agravo regimental alegando, preliminarmente, a prescrição da pretensão autoral, pois embora "não tenha alegado a prescrição durante o curso do processo, vale dizer que a prescrição é matéria de ordem pública e pode ser alegada em qualquer fase processual ". (fls. 845) Nesse passo, salientou que o início da fluência do lapso prescricional se deu com a não renovação da apólice em 31.05.05, "ocorre que os autores só vieram a questionar a extinção da apólice, ..., em 31.10.06, ou seja, decorrido mais de um ano do momento em que o seguro não foi renovado ". (fls. 848) Quanto ao mérito, afirmou que o caso em tela "não se trata de resilição contratual e sim deextinção da apólice pelo advento do termo, ... , não se encontrando a COSESP obrigada a renovar a apólice, sobretudo em face da natureza marcadamente bilateral e facultativa inerente ao contrato de seguro, onde as partes instauram a relação jurídica se assim entenderem ". (fls. 855) Por fim, sustentou que "este STJ já possui entendimento pacífico que mero inadimplemento contratual não gera danos morais ". (fls. 863) É o relatório. Documento: 1213963 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 03/04/2013 Página 4 de 10 Superior Tribunal de Justiça AgRg no RECURSO ESPECIAL Nº 1.230.665 - SP (2011/0001691-5) VOTO O EXMO. SR. MINISTRO PAULO DE TARSO SANSEVERINO (Relator): Eminentes Colegas, a irresignação não merece acolhida. De início, ausente o prequestionamento da matéria relativa à prescrição, porquanto não apreciada pelo julgado recorrido, é inviável o seu conhecimento nesta sede, nos termos das súmulas 282 e 356/STF. É certo porém que, em determinados casos, tratando-se de matéria de ordem pública, é possível superar a ausência do prequestionamento, após a abertura da via do especial pelo conhecimento das demais alegações. Não é o caso dos autos, contudo. Com efeito, na hipótese em tela o prequestionamento mostra-se indispensável para a finalidade de comprovação da presença de eventuais causas impeditivas, suspensivas ou interruptivas do lapso prescricional, tudo devidamente submetido ao crivo do contraditório e da ampla defesa, o que somente seria possível com o exaustivo tratamento da matéria fática no momento correto, qual seja, ainda nas instâncias ordinárias. Essa constatação torna-se mais evidente da leitura do seguinte trecho da sentença: "A questão prejudicial, prescrição fulcrada no artigo 206, § 1º, II, "b" do CC, não merece acolhida, vez que cabalmente afastada pela interrupção do lapso prescricional, ensejada pela notificação, nos moldes do artigo 202, I, do CC, conforme se constata dos documentos juntados a fls. 147/153." (grifei, fls. 467) Rejeito, pois, a preliminar de prescrição. Quanto ao mérito, verifico que a lide não trata da renovação compulsória de contrato de seguro, mas cinge-se em determinar se a rescisão imotivada do contrato, renovado sucessivamente por mais de vinte anos, no momento em que os segurados atingem idade elevada, é fator causador de perdas e danos. Para o juízo monocrático, cuja sentença foi restabelecida pelo acórdão Documento: 1213963 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 03/04/2013 Página 5 de 10 Superior Tribunal de Justiça embargado, tal conduta é fato gerador da obrigação de indenizar. A propósito, confira-se seus fundamentos, dos quais me utilizo, desde já, como razão de decidir: "De fato, a resilição imotivada do contrato, por simples desinteresse no prosseguimento do negócio jurídico, após mais de vinte e dois anos, desconsidera, de forma inequívoca, a visão do contrato como regulamento de interesses privados que produz efeitos na comunidade politicamente organizada, ou seja, na sociedade. A resilição unilateral do contrato sem motivo, após vinte e dois anos ininterruptos de cooperação e confiança entre as partes, somente seria admitida nos quadros de uma concepção individualista do negócio jurídico, centrada única e exclusivamente nos interesses particulares dos contratantes, considerados de forma estanque e autárquica. Ora é justamente este quadro mental que a função social busca superar, ao conduzir o intérprete do contrato á visão e apreciação dos necessários efeitos coletivos gerados pelo regulamento de interesses privados. (...) A idéia central da função social é evitar que a vida do contrato seja atingida por ocorrências como a dos autos, em que uma seguradora, sem nenhum motivo, decide pro fim a uma relação negocial de mais de vinte anos, gerando sérios problemas econômicos aos autores, os quais serão obrigados a ir ao mercado contratar novo seguro, em idade avançada e sem nenhum benefício decorrente do seguro em grupo. (fls. 472/473) (...) De fato, a ré poderá deixar de agir com eficácia e rigor na administração dos contratos de seguro de vida em grupo, controlando as despesas e verificando de forma aprofundada o pagamento das indenizações, bem como tomando medidas enérgicas para evitar fraudes." (fls. 473) Nesse ordem de idéias, a sentença condenou a ré a "pagar aos autores a diferença entre o último valor do prêmio do contrato resilido e o prêmio de um seguro equivalente no mercado, ..., a partir da ilegal resilição, estendendo-se durante o período de sobrevida dos autores ", ou seja, até que atinjam a idade de oitenta anos. (fls. 476) Quer dizer com isso, que o custo adicional que os autores, todos na faixa Documento: 1213963 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 03/04/2013 Página 6 de 10 Superior Tribunal de Justiça dos sessenta e poucos anos de idade, teriam na contratação de outro seguro, até que venham a completar oitenta anos, deverá ser custeado pela empresa ré como forma de reparação dos danos que emergem do rompimento contratual. Deveras, o custo adicional que os segurados terão ao procurar o mercado para contratar novos seguros de vida, sendo obrigados a aceitar, certamente, condições mais onerosas do que aquelas existentes nos contratos resilidos, deverá ser custeado pela empresa agravante como conseqüência de haver frustrado a legítima expectativa de proteção para a idade avançada, criada no ânimo dos segurados, com as sucessivas renovações ao longo de vinte e dois anos. Logo, não merece acolhida, no presente caso, a alegação de que "mero inadimplemento contratual não gera danos morais ", porquanto a companhia agravante foi condenada somente em perdas e danos. Quanto ao mais, o acórdão agravado nada mais faz do que dar coro ao entendimento, recentemente pacificado pela Segunda Seção deste Superior Tribunal de Justiça, de que "a pretensão da seguradora de modificar abrutamente as condições do seguro, não renovando o ajuste anterior, ofende os princípios da boa fé objetiva, da cooperação, da confiança e da lealdade que deve orientar a interpretação dos contratos que regulam relações de consumo". (REsp 1073595/MG, Rel. MIN. NANCY ANDRIGHI, SEGUNDA SEÇÃO). Da mesma forma, o aresto impugnado alinha-se ao entendimento preconizado por esta Terceira Turma no sentido de que "a rescisão imotivada do contrato, em especial quando efetivada por meio de conduta desleal e abusiva - violadora dos princípios da boa-fé objetiva, da função social do contrato e da responsabilidade pós-contratual - confere à parte prejudicada o direito à indenização por danos materiais e morais". (REsp 1255315/SP, Rel. MIN. NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA). Documento: 1213963 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 03/04/2013 Página 7 de 10 Superior Tribunal de Justiça Também nesse sentido: AGRAVO REGIMENTAL EM AGRAVO DE INSTRUMENTO. SEGURO. RENOVAÇÃO DO CONTRATO. PRINCÍPIOS DA BOA-FÉ, DA FUNÇÃO SOCIAL DO CONTRATO E DA PROTEÇÃO AO CONSUMIDOR. FUNDAMENTO NÃO ATACADO. SÚMULA Nº 283/STF.RESILIÇÃO UNILATERAL DO CONTRATO. ABUSIVIDADE. SÚMULA Nº 83/STJ. 1. A ausência de impugnação dos fundamentos do acórdão recorrido quanto a aplicação dos princípios da boa-fé, função social do contrato e proteção ao consumidor, utilizados para determinar a renovação do contrato de seguro, enseja o não conhecimento do recurso, incidindo o enunciado da Súmula nº 283 do Supremo Tribunal Federal. 2. É abusiva a resilição unilateral do contrato de seguro, vigente por muitos anos, e ofende os princípios da boa-fé objetiva. Súmula nº 83/STJ. 3. Os argumentos expendidos nas razões do regimental são insuficientespara autorizar a reforma da decisão agravada, de modo que esta merece ser mantida por seus próprios fundamentos. 4. Agravo regimental não provido. (AgRg no Ag 1362420/PR, Rel. Ministro RICARDO VILLAS BÔAS CUEVA, TERCEIRA TURMA, DJe 17/08/2012) AGRAVO REGIMENTAL. AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. DANO MORAL. RESCISÃO UNILATERAL DO CONTRATO. QUEBRA DA BOA-FÉ OBJETIVA. PRECEDENTES. QUANTUM INDENIZATÓRIO FIXADO COM RAZOABILIDADE. 1.- O Tribunal estadual concluiu que a ré agiu de má-fé, pois tinha conhecimento que o primeiro autor encontrava-se sob tratamento para o câncer que acomete sua saúde. Indevido e ilícito, portanto, o cancelamento unilateral do plano de saúde promovido pela ré. 2.- Conforme já decidido por esta Corte a pretensão da seguradora de modificar abruptamente as condições do seguro, não renovando o ajuste anterior, ofende os princípios da boa fé objetiva, da cooperação, da confiança e da lealdade que deve orientar a interpretação dos contratos que regulam relações de consumo" (REsp 1.073.595/MG, Relatora Ministra NANCY ANDRIGHI, SEGUNDA SEÇÃO, DJe 29/04/2011). Dano moral configurado. 3.- A intervenção do STJ, Corte de Caráter nacional, destinada a firmar interpretação geral do Direito Federal para todo o país e não para a revisão de questões de interesse individual, no caso de questionamento do valor fixado para o dano moral, somente é admissível quando o valor fixado pelo Tribunal de origem, cumprindo o duplo grau de jurisdição, se mostre teratológico, por irrisório ou Documento: 1213963 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 03/04/2013 Página 8 de 10 Superior Tribunal de Justiça abusivo. 4.- Inocorrência de teratologia no caso concreto, em que foi fixado, em 23.03.2010, o valor da indenização em R$ 20.400,00 (vinte mil e quatrocentos reais) a título de dano moral, consideradas as forças econômicas da autora da lesão. 5.- Agravo regimental improvido. (AgRg no AREsp 175.663/RJ, Rel. Ministro SIDNEI BENETI, TERCEIRA TURMA, julgado em 26/06/2012, DJe 29/06/2012) AGRAVO REGIMENTAL. AGRAVO DE INSTRUMENTO. SEGURO DE VIDA. RESCISÃO UNILATERAL DO CONTRATO. RECUSA IMOTIVADA DE RENOVAÇÃO. DANOS MORAIS. OCORRÊNCIA REEXAME FÁTICO-PROBATÓRIO. SÚMULA 07/STJ. 1. Face o entendimento pacificado pela Segunda Seção desta Corte, é abusiva a negativa de renovação do contrato de seguro de vida, mantido sem modificações ao longo dos anos, por ofensa aos princípios da boa fé objetiva, da cooperação, da confiança e da lealdade, orientadores da interpretação dos contratos que regulam relações de consumo. 2. "A rescisão imotivada do contrato, em especial quando efetivada por meio de conduta desleal e abusiva - violadora dos princípios da boa-fé objetiva, da função social do contrato e da responsabilidade pós-contratual - confere à parte prejudicada o direito à indenização por danos materiais e morais". (REsp 1255315/SP, Rel. MIN. NANCY ANDRIGHI). 3. A elisão das conclusões do aresto impugnado, comprovando a ocorrência dos danos morais, demandaria o revolvimento dos elementos de convicção dos autos, soberanamente delineados pelas instâncias ordinárias, providência vedada nesta sede especial a teor da súmula 07/STJ. 4. AGRAVO REGIMENTAL DESPROVIDO. (AgRg nos EDcl no Ag 1400796/RS, de minha relatoria, TERCEIRA TURMA, julgado em 16/08/2012, DJe 21/08/2012) Ante o exposto, nego provimento ao agravo regimental. É o voto. Documento: 1213963 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 03/04/2013 Página 9 de 10 Superior Tribunal de Justiça CERTIDÃO DE JULGAMENTO TERCEIRA TURMA AgRg no Número Registro: 2011/0001691-5 REsp 1.230.665 / SP Números Origem: 1123271 112327110 13622006 EM MESA JULGADO: 05/03/2013 Relator Exmo. Sr. Ministro PAULO DE TARSO SANSEVERINO Presidente da Sessão Exmo. Sr. Ministro PAULO DE TARSO SANSEVERINO Subprocurador-Geral da República Exmo. Sr. Dr. MAURÍCIO VIEIRA BRACKS Secretária Bela. MARIA AUXILIADORA RAMALHO DA ROCHA AUTUAÇÃO RECORRENTE : ANTÔNIO CORRÊA E OUTROS ADVOGADO : LUIZ FERNANDO CARPENTIERI E OUTRO(S) RECORRIDO : COMPANHIA DE SEGUROS DO ESTADO DE SÃO PAULO COSESP ADVOGADOS : EDUARDO GOMES E OUTRO(S) LUIS GUSTAVO POLLINI FERNANDA GOMES ASSUNTO: DIREITO CIVIL - Obrigações - Espécies de Contratos - Seguro AGRAVO REGIMENTAL AGRAVANTE : COMPANHIA DE SEGUROS DO ESTADO DE SÃO PAULO COSESP ADVOGADOS : EDUARDO GOMES E OUTRO(S) LUIS GUSTAVO POLLINI FERNANDA GOMES AGRAVADO : ANTÔNIO CORRÊA E OUTROS ADVOGADO : LUIZ FERNANDO CARPENTIERI E OUTRO(S) CERTIDÃO Certifico que a egrégia TERCEIRA TURMA, ao apreciar o processo em epígrafe na sessão realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão: A Turma, por unanimidade, negou provimento ao agravo regimental, nos termos do voto do(a) Sr(a). Ministro(a) Relator(a). Os Srs. Ministros Ricardo Villas Bôas Cueva, Nancy Andrighi e Sidnei Beneti votaram com o Sr. Ministro Relator. Documento: 1213963 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 03/04/2013 Página 1 0 de 10 Poder Judiciário Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo Registro: 2015.0000124420 ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos estes autos do Apelação nº 9231577-78.2008.8.26.0000, da Comarca de Bauru, em que é apelante GENNY GRAGLIA LOPEZ, é apelado DIVELPA DISTRIBUIDORA DE VEICULOS LENÇOIS PAULISTA LTDA. ACORDAM, em 15ª Câmara Extraordinária de Direito Privado do Tribunal de Justiça de São Paulo, proferir a seguinte decisão: "Negaram provimento ao recurso. V. U.", de conformidade com o voto do Relator, que integra este acórdão. O julgamento teve a participação dos Exmos. Desembargadores SILVEIRA PAULILO (Presidente), ITAMAR GAINO E VIRGILIO DE OLIVEIRA JUNIOR. São Paulo, 23 de fevereiro de 2015. Silveira Paulilo RELATOR Assinatura Eletrônica Poder Judiciário Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo 2/3 VOTO Nº: 38210 APELAÇÃO Nº 9231577-78.2008.8.26.0000 COMARCA: BAURU APELANTE: GENNY GRAGLIA LOPEZ APELADO: DIVELPA DISTRIBUIDORA DE VEICULOS LENÇOIS PAULISTA LTDA DUPLICATA MERCANTIL – Emissão em face de prestação de serviços com fornecimento de peças, relativa à franquia do seguro – Exceção de contrato não cumprido que desfavorece a autora – Retirada do veículo deixado para reparos sem que os serviços fossem completados, sem culpa da prestadora – Retorno não ocorrido – Inteligência do art. 476 do CC - Ação anulatória cambiária desacolhida no primeiro grau – Recurso improvido. Cuida-se de apelação respondida e bem processada por meio da qual quer ver a apelante reformada a r. sentença de primeiro grau que desacolheu a ação anulatória cambiária (duplicata) que move em face da apelada. Sustenta, em síntese, não ter havido a prestação completa dos serviços de reparos em seu veículo contratados, faltando peças, razão pela qual a franquia do seguro, objeto do título, não poderia ser cobrada. O apelo permaneceu por anos nesta Corte à espera de julgamento até que, no dia 12.12.14, foi redistribuído a este Relator. É o relatório. O documento de fls. 12 é de uma clareza meridiana: a autora retirou seu caminhão sem que estivesse inteiramente reparado, e isto porque não tinham vindo ainda as peças e ela necessitava do automotor. Não havia, pois, culpa da prestadora. Prova alguma existe de que tenha retornado para o fim dos consertos. A ré, por seu turno, diz estarem as peças faltantes à disposição dela, o que merece ser acreditado porquanto não haveria razão para mentir neste aspecto. Em assim sendo, a exceção de contrato não cumprido desfavorece a autora porquanto foi ela quem não cumpriu sua parte no trato, razão pela qual não pode se negar a pagar a franquia à apelada, sob pena de locupletar-se ilicitamente à custa dos serviços já executados. Poderá, se quiser, retirar,depois, as peças faltantes junto à ré, mas primeiro há de pagar o que deve. Afinal, nos termos do art. 476 do CC, “Nos contratos bilaterais, nenhum dos contratantes, antes de cumprida sua obrigação, pode exigir o implemento da do outro.” Como poderia a ré completar os Poder Judiciário Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo 3/3 serviços se a autora não deixa? Pelo exposto, pelo meu voto, é negado provimento ao recurso. SILVEIRA PAULILO Relator