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PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
Registro: 2013.0000219134
ACÓRDÃO
Vistos, relatados e discutidos estes autos de Apelação nº 
0012533-95.2011.8.26.0554, da Comarca de Santo André, em que 
é apelante PORTO SEGURO COMPANHIA DE SEGUROS GERAIS, é 
apelado FAZENDA DO ESTADO DESÃO PAULO.
ACORDAM, em 8ª Câmara de Direito Público do Tribunal de 
Justiça de São Paulo, proferir a seguinte decisão: "Negaram 
provimento ao recurso. V. U.", de conformidade com o voto do 
Relator, que integra este acórdão.
O julgamento teve a participação dos Exmos. 
Desembargadores RUBENS RIHL (Presidente), CRISTINA COTROFE 
E JOÃO CARLOS GARCIA.
São Paulo, 17 de abril de 2013. 
Rubens Rihl
RELATOR
Assinatura Eletrônica
PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
Apelação nº 0012533-95.2011.8.26.0554-Santo André - Voto nº 11361 2
Apelação Cível nº: 0012533-95.2011.8.26.0554
Apelante: PORTO SEGURO COMPANHIA DE SEGUROS 
GERAIS
Apelada: FAZENDA DO ESTADO DE SÃO PAULO
Comarca: SÃO PAULO
Voto nº: 11361
APELAÇÃO RESPONSABILIDADE CIVIL E 
INDENIZAÇÃO Furto de veículo pertencente a 
professora, de estacionamento destinado aos funcionários da 
unidade escolar, durante período em que aquela lecionava 
Não configuração, na espécie, de contrato de depósito, com 
tradição real ou simbólica, ou mesmo a assunção tácita, pela 
demandada, de obrigação de guarda e vigilância Ausência 
de liame causal entre o fato lesivo imputado à 
Administração e o dano Improcedência da ação 
corretamente pronunciada em primeiro grau Honorários 
advocatícios que não comportam mitigação Valor fixado 
em sentença mantido - Negado provimento ao recurso. 
Trata-se de ação ordinário ajuizada por PORTO SEGURO 
COMPANHIA DE SEGUROS GERAIS em face da FAZENDA DO 
ESTADO DE SÃO PAULO, objetivando a condenação da requerida ao 
pagamento de indenização por danos materiais na quantia de R$ 
15.163,56, corresponde ao valor do veículo de propriedade de 
Gabrielli Guazzelli Gamba, segurada, subtraído do estacionamento 
situado no pátio da Escola Estadual “Prof. Paulo Sinna”, durante 
período em que ela lá lecionava. 
A R. sentença de fls. 92/94, cujo relatório ora se adota, julgou 
improcedente o pedido, condenando a autora ao pagamento das 
custas e despesas processuais, além dos honorários advocatícios 
da parte adversa, estes fixados em 10% (dez por cento) sobre o 
valor atualizado da causa. 
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Apelação nº 0012533-95.2011.8.26.0554-Santo André - Voto nº 11361 3
Inconformada, apela a vencida buscando a inversão do resultado, 
sob as razões postas às fls. 105/119.
Recurso regularmente processado e respondido (fls. 127/153).
Os autos foram distribuídos à 26ª Câmara de Direito Privado que, 
pelo v. acórdão de fls. 164/166, da lavra do eminente Des. Antonio 
Nascimento, não conheceu do recurso por se tratar de matéria 
atinente à competência da Seção de Direito Púbico, vindo, então, 
em redistribuição.
É, em síntese, o relatório.
A despeito do posicionamento defendido pela recorrente, entendo 
que deve prevalecer a improcedência do pedido pronunciada em 
primeiro grau.
De fato, exame dos autos revela que a área reservada para que os 
professores guardassem seu veículo, enquanto estes ministram 
aulas, não pode ser caracterizada, propriamente, como um 
“estacionamento”, configurando, a bem da verdade, mero conforto, 
cortesia, oferecido pela unidade escolar aos seus docentes. 
Além do mais, a despeito da existência de muros, portão e, ao que 
parece, guarita, restou incontroverso nos autos o fato de que o 
local não comportava qualquer sistema de vigilância, apresentando 
equivalência a mero estacionamento em vias públicas, de modo 
que não há falar-se em obrigação universal do Estado de evitar em 
quaisquer circunstâncias furto de automóvel nesse caso. 
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Apelação nº 0012533-95.2011.8.26.0554-Santo André - Voto nº 11361 4
As condições do local do furto do veículo foram assim descritas 
pela segurada (fls. 15):
“(...) Através de contato telefônico, a mesma 
confirmou o fato relatado, esclarecendo que 
deixou seu veículo no estacionamento aberto e 
de livre acesso da Escola Estadual Professor 
Paulo Sinna, localizada no endereço acima 
mencionado por volta das 19:00 h. 
27/10/2009, e que se deu conta de sua 
subtração eram aproximadamente 22:30 h. 
também de 27/10/2009.” (grifo nosso)
Ressalte-se que o conjunto probatório não indica a existência de 
portão automático nem de “pessoa encarregada de vigiar os 
veículos, recebendo, ao que tudo indica, um valor mensal pago 
pelos professores”, como sustenta a apelante. 
Diante deste contexto, forçoso concluir que a Administração não 
havia assumido posição de guarda da coisa, nem se obrigara a 
prestar vigilância no estacionamento, inexistindo, pois, nexo causal 
entre o furto e o serviço prestado pela Administração, afastando o 
dever de indenizar com esteio no art. 37, §6º, da Constituição 
Federal.
Em casos semelhantes, outro não foi o entendimento sufragado por 
esta Egrégia Corte de Justiça, conforme demonstram as ementas 
abaixo transcritas:
“Indenização Furto de motocicleta, estacionada 
no pátio de unidade escolar Obrigação estatal 
indenizatória Inexistência Ausência de liame 
causal entre o fato lesivo imputado à 
Administração e o dano Verba honorária 
advocatícia Redução Admissibilidade Parcial 
provimento.” (Apelação Cível nº 453.531.5/0-00, rel. 
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Apelação nº 0012533-95.2011.8.26.0554-Santo André - Voto nº 11361 5
Des. Alves Bevilacqua, Segunda Câmara de Direito 
Público, j. 23.09.2008). 
“Responsabilidade civil Indenização Furto de 
veículo em pátio de escola estadual Portão 
aberto sem qualquer vigilância aos veículos 
estacionados Segurança que corre por conta e 
risco de quem estaciona Inexistência de 
obrigação de indenizar Sentença de 
improcedência mantida Apelação da autora 
improvida.” (Apelação Cível nº 151.213.5/8-00, rel. 
Des. Carlos de Carvalho, Primeira Câmara de Direito 
Público, j. 16.08.2005). 
Nesse sentido, também, a jurisprudência do Colendo Superior 
Tribunal de Justiça:
“ADMINISTRATIVO. RESPONSABILIDADE CIVIL. 
FURTO DE VEÍCULO EM ESTACIONAMENTO DE 
ESCOLA PÚBLICA.
1. 'O Poder Público deve assumir a guarda e 
responsabilidade do veículo quando este ingressa 
em área de estacionamento pertencente a 
estabelecimento público, desde que haja serviço 
especializado com esse fim.' (REsp 438.870/DF, 
2ª Turma, Min. Castro Meira, DJ de 01.07.2005).
2. Recurso especial a que se nega provimento.” 
(REsp 858772/SP, relator Ministro Carlos Fernando 
Mathias (Juiz Federal convocado do TRF 1ª Região), 
Segunda Turma, DJe 04.08.2008). 
“PROCESSUAL CIVIL. ADMINISTRATIVO. 
RESPONSABILIDADE CIVIL.
INDENIZAÇÃO. DANO MATERIAL. FURTO DE 
VEÍCULO. ESTACIONAMENTO DISPONIBILIZADO 
NAS DEPENDÊNCIAS DE UNIVERSIDADE 
FEDERAL. SÚMULA 07/STJ.
1. O Poder Público deve assumir a guarda e 
responsabilidade do veículo quando este ingressa 
em área de estacionamento pertencente a 
estabelecimento público, apenas, quando dotado 
de vigilância especializada para esse fim. 
Precedentes do STJ: Ag 937819/SC, Relatora 
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Apelação nº 0012533-95.2011.8.26.0554-Santo André - Voto nº 11361 6
Ministra DENISE ARRUDA, DJ de 20/06/2008; 
REsp 625604/RN, Relator Ministro HERMAN 
BENJAMIN, DJ de 02/06/2008 e REsp 
1032406/SC, Relator Ministro ARI PARGENDLER, 
DJ de 30/04/2008; REsp 438.870/DF, Relator 
Ministro CASTRO MEIRA, DJ 01/07/2005.
2. In casu, o exame acerca das circunstâncias que 
redundaramna ausência de responsabilização da 
Universidade pelos danos materiais, decorrentes 
de furto de automóvel no estacionamento da 
universidade demandada, carece da incursão em 
aspectos fáticos, notadamente no que pertine à 
existência de serviço especializado de vigilância 
no campus universitário, fato que, 
evidentemente, enseja a incidência da Súmula 
07/STJ.
3. A título de argumento obiter dictum merece 
destaque as situações fáticas insindicáveis nesta 
Corte: (a) "as fotos do estacionamento do campus 
apresentadas pela ré (fls. 59/64) demonstram a 
inexistência de qualquer tipo de controle de 
entrada e saída de veículos"; (b) "o depoimento 
do filho do autor (fls. 123), condutor do veículo 
na noite do furto, corrobora as fotos e a 
inexistência de qualquer forma de controle por 
parte da UFSC, no seguinte trecho: Tinha uma 
cancela na entrada do estacionamento, mas 
permanecia sempre aberta. Não havia nenhum 
tipo de controle de entrada de carros no 
estacionamento"; (c) "o depoimento da 
testemunha Leandro Luiz de Oliveira (fls.127/8), 
arrolada pela ré, servidor da UFSC, vigilante, 
esclareceu não estarem compreendidas dentre as 
atribuições o dever de guarda dos bens dos 
particulares" (fl. 204 verso).
4. Recurso Especial não conhecido.”
(REsp 1081532/SC, Rel. Ministro LUIZ FUX, PRIMEIRA 
TURMA, julgado em 10/03/2009, DJe 30/03/2009, grifo 
nosso)
Destarte, não configurado o dever estatal indenizatório, tem-se que 
a r. sentença apelada deu o desate correto à pendência, 
merecendo integral confirmação.
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Apelação nº 0012533-95.2011.8.26.0554-Santo André - Voto nº 11361 7
Quanto aos honorários advocatícios, inexiste motivo para sua 
redução, eis que arbitrados em percentual razoável do valor 
atualizado da causa, compatível com o serviço prestado, de modo 
que devem permanecer nos moldes fixados pela r. sentença.
 
Ressalto, em remate, que o presente acórdão enfocou as matérias 
necessárias à motivação do julgamento, tornando claras as razões 
pelas quais chegou ao improvimento do recurso. A leitura do 
acórdão permite ver cristalinamente o porquê do decisum, sendo, 
pois, o que basta para o respeito às normas de garantia do Estado 
de Direito, entre elas a do dever de motivação (CF, art. 93, IX). 
De qualquer modo, para viabilizar eventual acesso às vias 
extraordinária e especial, considero prequestionada toda matéria 
infraconstitucional e constitucional, observando o pacífico 
entendimento do Superior Tribunal de Justiça no sentido de que, 
tratando-se de prequestionamento, é desnecessária a citação 
numérica dos dispositivos legais, bastando que a questão posta 
tenha sido decidida (EDROMS 18205 / SP, Ministro FELIX FISCHER, 
DJ 08.05.2006 p. 240). 
Daí porque, em tais termos, nega-se provimento ao recurso. 
 RUBENS RIHL
Relator
PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
Registro: 2014.0000672331
ACÓRDÃO
Vistos, relatados e discutidos estes autos de Apelação nº 
0005013-03.2012.8.26.0602, da Comarca de Sorocaba, em que são apelantes 
FELIPE GOMES BRANDÃO RIBEIRO (JUSTIÇA GRATUITA) e MARCIA 
APARECIDA DO CARMO, é apelado ESC CONSTRUTORA E 
INCORPORADORA LTDA.
ACORDAM, em 1ª Câmara de Direito Privado do Tribunal de Justiça 
de São Paulo, proferir a seguinte decisão: "Deram provimento ao recurso. V. U. 
SUSTENTOU ORALMENTE O DR. CLAUDIO DA SILVA ALVES", de 
conformidade com o voto do Relator, que integra este acórdão.
O julgamento teve a participação dos Exmos. Desembargadores 
CHRISTINE SANTINI (Presidente) e CLAUDIO GODOY.
São Paulo, 21 de outubro de 2014. 
Rui Cascaldi
RELATOR
Assinatura Eletrônica
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TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
Apelação nº 0005013-03.2012.8.26.0602 2/4
VOTO Nº: 30057
APEL.Nº: 0005013-03.2012.8.26.0602
COMARCA: SOROCABA
APTE : FELIPE GOMES BRANDÃO RIBEIRO e MÁRCIA 
APARECIDA DO CARMO (JUST. GRAT.)
APDO : ESC CONSTRUTORA E INCORPORADORA LTDA
JUIZ : PEDRO LUIZ ALVES DE CARVALHO
AÇÃO DE COBRANÇA Proposta de compra de 
imóvel de propriedade da autora pelos réus, pelo 
preço total de R$ 150.000,00, com sinal de R$ 
17.000,00 a ser pago no ato da proposta Sinal não 
pago Expiração do prazo da proposta - Pretensão da 
autora de condenação dos demandados ao pagamento 
da importância do sinal Descabimento Proposta 
que não se concretizou Tratativas que não 
superaram a fase de puntuação Eventual 
responsabilidade pré-contratual dos réus demandaria 
demonstração de prática de ilícito civil, que ensejasse 
efetivo dano à autora, algo que não se verificou 
Ação improcedente Inversão do ônus sucumbencial 
 Recurso provido
Trata-se de apelação de sentença, cujo 
relatório se adota, que julgou procedente ação de 
cobrança, para condenar os réus ao pagamento à autora 
do sinal previsto na proposta de compra de imóvel 
objeto da lide, no montante de R$ 17.000,00 
(dezessete mil reais), corrigido monetariamente desde 
a data da propositura da demanda, com incidência de 
juros legais de 1% ao mês desde a citação. Em razão 
da sucumbência, foram os réus condenados ao pagamento 
das custas e despesas processuais, bem como dos 
honorários advocatícios, estes fixados em 15% sobre o 
valor da condenação, observado, contudo, o fato de 
serem eles beneficiários da gratuidade judiciária.
Recorrem os réus, sustentando, 
preliminarmente, a inépcia da petição inicial e a 
ilegitimidade passiva ad causam do corréu Felipe. 
Quanto ao mérito, aduzem que o prejuízo que a ré 
afirma ter suportado, em razão da não concretização 
da venda do imóvel, em realidade não existiu. 
Argumentam que apenas consultaram a ré acerca de um 
possível financiamento, não havendo formalização de 
proposta. Asseveram que o documento juntado a fl. 17 
(“proposta de compra e venda de imóvel”) é 
“imprestável e leonino”. Sustentam não houve 
notificação da corré Márcia para dar andamento ao 
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TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
Apelação nº 0005013-03.2012.8.26.0602 3/4
negócio, e que o corréu Felipe foi indevidamente 
notificado no décimo primeiro dia depois de firmada a 
“proposta”. Pugnam pela total improcedência da 
demanda. 
Recurso processado com resposta.
É o relatório.
Preliminarmente, não se reconhece a 
alegada inépcia da inicial, na qual os fatos são 
narrados de forma suficientemente clara, decorrendo 
logicamente sua conclusão, ou seja, de que a autora 
pretende a condenação dos réus ao pagamento de 
quantia referente ao sinal constante de proposta de 
venda de imóvel que acabou não se concretizando.
Também há de se afastar a alegada 
ilegitimidade passiva ad causam do corréu Felipe, já 
que este participou sim das tratativas objeto da 
presente lide.
Quanto ao mérito, verifica-se que em 
17.01.2012 foi firmada “proposta de compra de imóvel” 
(documento de fl. 17), mediante a qual os réus, ora 
apelantes, propuseram a aquisição do imóvel 
matriculado sob o nº. 84398 no 2º Cartório de 
Registro de Imóveis da comarca local, de propriedade 
da autora, ora apelada. O preço proposto foi de R$ 
150.000,00 (cento e cinquenta mil reais). 
A título de sinal e princípio de 
pagamento, seriam pagos R$ 17.000,00 (dezessete mil 
reais) no ato da proposta. Estabeleceu-se que esta 
valeria pelo prazo de dez dias. Pontuou-se, ainda, 
que, aceita a proposta pela proprietária, havendo 
desistência ou arrependimento dos proponentes, 
haveria a perda do sinal em favor daquela.
Sucedeu que, de acordo com o relato 
contido na inicial, os apelantes não teriam dado 
continuidade as tratativas. Aliás, a despeito do 
contido na proposta escrita, não teriam sequer pago o 
sinal. Mesmo depois de lhes ser enviado telegrama, 
conclamando-os para que efetuassem o indigitado 
pagamento, teriam os apelantesse quedado inertes. 
Assim, alegando ter sofrido prejuízo 
em razão de tal desistência tácita, a apelada 
ingressou com a presente ação, pugnando pela 
condenação dos apelantes ao pagamento da importância 
de R$ 17.000,00, correspondente ao mencionado sinal.
Bem se sabe que, conforme o art. 427 
do Código Civil, a proposta vincula o proponente, 
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Apelação nº 0005013-03.2012.8.26.0602 4/4
desde que séria e consciente. Tanto assim é que a 
desistência por parte do proponente comprador enseja 
a perda do valor pago a título de arras, por força do 
disposto no art. 418 do mesmo diploma legal.
Todavia, no caso em questão, constata-
se que o sinal sequer foi pago, a despeito da 
previsão expressa na oferta escrita, que claramente 
estabelecia que assim procederiam os proponentes “no 
ato da presente proposta” (fl. 17).
Ora, se as arras não foram dadas, 
logicamente não poderiam elas ser retidas.
Mais que isso, conclui-se que as 
partes sequer chegaram a superar a fase de puntuação, 
de negociações preliminares, já que não concretizada 
condição sine qua non para o perfazimento da 
proposta, qual seja, o pagamento do sinal. Apesar da 
existência de documento escrito, tudo indica que a 
própria proposta não se ultimou.
Não se poderia impor, portanto, o 
pagamento do sinal pelos apelantes como uma espécie 
de punição por não terem eles levado adiante a 
negociação.
Nesta esteira, eventual imposição de 
pagamento de indenização apenas se justificaria na 
prática de ilícito civil por parte dos apelantes, que 
causasse efetivo dano à apelada, algo que neste caso 
não se verificou.
Diante do exposto, DÁ-SE PROVIMENTO ao 
recurso, para julgar improcedente a presente demanda. 
Inverte-se, por conseguinte, o ônus da sucumbência, 
condenada a autora ao pagamento das custas e despesas 
processuais, bem como dos honorários advocatícios, 
estes fixados em R$ 1.000,00 (mil reais), nos termos 
do art. 20, § 4º, do Código de Processo Civil.
 
RUI CASCALDI
Relator
 
 
Superior Tribunal de Justiça
AgRg no RECURSO ESPECIAL Nº 1.230.665 - SP (2011/0001691-5)
RELATOR : MINISTRO PAULO DE TARSO SANSEVERINO
AGRAVANTE : COMPANHIA DE SEGUROS DO ESTADO DE SÃO PAULO 
COSESP 
ADVOGADOS : EDUARDO GOMES E OUTRO(S)
 FERNANDA GOMES 
 LUIS GUSTAVO POLLINI 
AGRAVADO : ANTÔNIO CORRÊA E OUTROS
ADVOGADO : LUIZ FERNANDO CARPENTIERI E OUTRO(S)
EMENTA
AGRAVO REGIMENTAL. AGRAVO DE INSTRUMENTO. SEGURO 
DE VIDA. RESCISÃO UNILATERAL DO CONTRATO. RECUSA 
IMOTIVADA DE RENOVAÇÃO. DANOS MATERIAIS.
1. Face o entendimento pacificado pela Segunda Seção desta Corte, é 
abusiva a negativa de renovação do contrato de seguro de vida, 
mantido sem modificações ao longo dos anos, por ofensa aos 
princípios da boa fé objetiva, da cooperação, da confiança e da 
lealdade, orientadores da interpretação dos contratos que regulam as 
relações de consumo. Precedente específico da Segunda Seção desta 
Corte, Resp nº 1073595/MG, Rel. MIN. NANCY ANDRIGHI. 
2. Considerando que a relação contratual mantida entre a agravante 
e os agravados se estendeu por mais de vinte anos, bem como o fato 
de já serem idosos, perfeita sintonia entre o presente caso e o 'leading 
case' desta Terceira Turma segundo o qual "a rescisão imotivada do 
contrato, em especial quando efetivada por meio de conduta desleal e 
abusiva - violadora dos princípios da boa-fé objetiva, da função 
social do contrato e da responsabilidade pós-contratual - confere à 
parte prejudicada o direito à indenização por danos materiais e 
morais". (REsp 1255315/SP, Rel. MIN. NANCY ANDRIGHI).
3. AGRAVO REGIMENTAL DESPROVIDO.
ACÓRDÃO
Vistos, relatados e discutidos os autos em que são partes as acima 
indicadas, acordam os Ministros da TERCEIRA Turma do Superior Tribunal de 
Justiça,por unanimidade, negar provimento ao agravo regimental, nos termos do voto 
do(a) Sr(a). Ministro(a) Relator(a). Os Srs. Ministros Ricardo Villas Bôas Cueva, 
Nancy Andrighi e Sidnei Beneti votaram com o Sr. Ministro Relator. 
Brasília (DF), 05 de março de 2013(Data do Julgamento)
Documento: 1213963 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 03/04/2013 Página 1 de 10
 
 
Superior Tribunal de Justiça
Ministro Paulo de Tarso Sanseverino 
Relator
Documento: 1213963 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 03/04/2013 Página 2 de 10
 
 
Superior Tribunal de Justiça
AgRg no RECURSO ESPECIAL Nº 1.230.665 - SP (2011/0001691-5)
 
AGRAVANTE : COMPANHIA DE SEGUROS DO ESTADO DE SÃO PAULO 
COSESP 
ADVOGADOS : EDUARDO GOMES E OUTRO(S) 
FERNANDA GOMES 
LUIS GUSTAVO POLLINI 
AGRAVADO : ANTÔNIO CORRÊA E OUTROS
ADVOGADO : LUIZ FERNANDO CARPENTIERI E OUTRO(S)
RELATÓRIO
O EXMO. SR. MINISTRO PAULO DE TARSO SANSEVERINO (Relator): 
Trata-se de agravo regimental manejado por COMPANHIA DE SEGUROS 
DO ESTADO DE SÃO PAULO COSESP contra decisão que deu provimento ao 
recurso especial.
Colhe-se dos autos que ANTÔNIO CORRÊA e outros moveram, em face 
da companhia agravante, ação de restituição de prêmios de seguro de vida, em 
face da resilição unilateral e imotivada da avença, requerendo a devolução das 
quantias pagas a título de prêmios, o pagamento de valor equivalente a 
"indenização por morte de qualquer causa" e a indenização por danos morais e 
materiais. (fls. 464)
A sentença julgou a ação parcialmente procedente para, a título de perdas 
e danos, condenar a ré a "pagar aos autores a diferença entre o último valor do 
prêmio do contrato resilido e o prêmio de um seguro equivalente no mercado, 
..., a partir da ilegal resilição, estendendo-se durante o período de sobrevida 
dos autores ", ou seja, até que atinjam a idade de oitenta anos. (fls. 476)
Irresignada, a companhia seguradora manejou recurso de apelação, que 
foi provido, para julgar a improcedência da ação, nos moldes da seguinte suma:
S E G U RO DE VIDA EM GRUPO. Ação de indenização. Recusa da 
seguradora em renovar apólice de seguro. Legitimidade de tal conduta. 
Direito do segurador de escolha dos riscos que quer cobrir. 
Procedência. Apelação provida. A renovação compulsória do contrato 
de seguro de vida não tem base legal, porque implica retirar do 
contrato seu caráter aleatório e agravar os riscos, se não são mantidas 
Documento: 1213963 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 03/04/2013 Página 3 de 10
 
 
Superior Tribunal de Justiça
condições seguras de equilíbrio entre o fundo mútuo arrecadado com 
os prêmios e os riscos que serão cobertos. É inocorrente desrespeito ao 
direito do segurado à informação, se é notório o conhecimento sobre o 
alcance do contrato de seguro, e muito mais pela razão de ele se pautar 
pela lei, que se presume conhecida. (fls. 569)
Sobrevindo recurso especial, a ele foi dado provimento para restabelecer 
a sentença, nos moldes da seguinte ementa:
RECURSO ESPECIAL. SEGURO DE VIDA. RESCISÃO UNILATERAL DO 
CONTRATO. DANOS MORAIS. CONDUTA ABUSIVA. DEVER DE 
INDENIZAR. SÚMULA 83/STJ. RECURSO ESPECIAL PROVIDO.
 
Assim, a COMPANHIA DE SEGUROS DO ESTADO DE SÃO PAULO 
COSESP maneja o presente agravo regimental alegando, preliminarmente, a 
prescrição da pretensão autoral, pois embora "não tenha alegado a prescrição 
durante o curso do processo, vale dizer que a prescrição é matéria de ordem 
pública e pode ser alegada em qualquer fase processual ". (fls. 845)
Nesse passo, salientou que o início da fluência do lapso prescricional se 
deu com a não renovação da apólice em 31.05.05, "ocorre que os autores só 
vieram a questionar a extinção da apólice, ..., em 31.10.06, ou seja, decorrido 
mais de um ano do momento em que o seguro não foi renovado ". (fls. 848)
Quanto ao mérito, afirmou que o caso em tela "não se trata de resilição 
contratual e sim deextinção da apólice pelo advento do termo, ... , não se 
encontrando a COSESP obrigada a renovar a apólice, sobretudo em face da 
natureza marcadamente bilateral e facultativa inerente ao contrato de seguro, 
onde as partes instauram a relação jurídica se assim entenderem ". (fls. 855)
Por fim, sustentou que "este STJ já possui entendimento pacífico que 
mero inadimplemento contratual não gera danos morais ". (fls. 863)
É o relatório.
 
Documento: 1213963 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 03/04/2013 Página 4 de 10
 
 
Superior Tribunal de Justiça
AgRg no RECURSO ESPECIAL Nº 1.230.665 - SP (2011/0001691-5)
 
VOTO
O EXMO. SR. MINISTRO PAULO DE TARSO SANSEVERINO (Relator): 
Eminentes Colegas, a irresignação não merece acolhida.
De início, ausente o prequestionamento da matéria relativa à prescrição, 
porquanto não apreciada pelo julgado recorrido, é inviável o seu conhecimento 
nesta sede, nos termos das súmulas 282 e 356/STF. 
É certo porém que, em determinados casos, tratando-se de matéria de 
ordem pública, é possível superar a ausência do prequestionamento, após a 
abertura da via do especial pelo conhecimento das demais alegações. Não é o 
caso dos autos, contudo.
Com efeito, na hipótese em tela o prequestionamento mostra-se 
indispensável para a finalidade de comprovação da presença de eventuais 
causas impeditivas, suspensivas ou interruptivas do lapso prescricional, tudo 
devidamente submetido ao crivo do contraditório e da ampla defesa, o que 
somente seria possível com o exaustivo tratamento da matéria fática no 
momento correto, qual seja, ainda nas instâncias ordinárias. Essa constatação 
torna-se mais evidente da leitura do seguinte trecho da sentença:
"A questão prejudicial, prescrição fulcrada no artigo 206, § 1º, II, "b" 
do CC, não merece acolhida, vez que cabalmente afastada pela 
interrupção do lapso prescricional, ensejada pela notificação, nos 
moldes do artigo 202, I, do CC, conforme se constata dos documentos 
juntados a fls. 147/153." (grifei, fls. 467)
Rejeito, pois, a preliminar de prescrição.
Quanto ao mérito, verifico que a lide não trata da renovação compulsória 
de contrato de seguro, mas cinge-se em determinar se a rescisão imotivada do 
contrato, renovado sucessivamente por mais de vinte anos, no momento em que 
os segurados atingem idade elevada, é fator causador de perdas e danos. 
Para o juízo monocrático, cuja sentença foi restabelecida pelo acórdão 
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embargado, tal conduta é fato gerador da obrigação de indenizar. A propósito, 
confira-se seus fundamentos, dos quais me utilizo, desde já, como razão de 
decidir:
"De fato, a resilição imotivada do contrato, por simples desinteresse 
no prosseguimento do negócio jurídico, após mais de vinte e dois 
anos, desconsidera, de forma inequívoca, a visão do contrato como 
regulamento de interesses privados que produz efeitos na comunidade 
politicamente organizada, ou seja, na sociedade.
A resilição unilateral do contrato sem motivo, após vinte e dois anos 
ininterruptos de cooperação e confiança entre as partes, somente 
seria admitida nos quadros de uma concepção individualista do 
negócio jurídico, centrada única e exclusivamente nos interesses 
particulares dos contratantes, considerados de forma estanque e 
autárquica.
Ora é justamente este quadro mental que a função social busca 
superar, ao conduzir o intérprete do contrato á visão e apreciação 
dos necessários efeitos coletivos gerados pelo regulamento de 
interesses privados. 
(...)
A idéia central da função social é evitar que a vida do contrato seja 
atingida por ocorrências como a dos autos, em que uma seguradora, 
sem nenhum motivo, decide pro fim a uma relação negocial de mais 
de vinte anos, gerando sérios problemas econômicos aos autores, os 
quais serão obrigados a ir ao mercado contratar novo seguro, em 
idade avançada e sem nenhum benefício decorrente do seguro em 
grupo. (fls. 472/473)
(...)
De fato, a ré poderá deixar de agir com eficácia e rigor na 
administração dos contratos de seguro de vida em grupo, controlando 
as despesas e verificando de forma aprofundada o pagamento das 
indenizações, bem como tomando medidas enérgicas para evitar 
fraudes." (fls. 473)
Nesse ordem de idéias, a sentença condenou a ré a "pagar aos autores a 
diferença entre o último valor do prêmio do contrato resilido e o prêmio de um 
seguro equivalente no mercado, ..., a partir da ilegal resilição, estendendo-se 
durante o período de sobrevida dos autores ", ou seja, até que atinjam a idade 
de oitenta anos. (fls. 476)
Quer dizer com isso, que o custo adicional que os autores, todos na faixa 
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dos sessenta e poucos anos de idade, teriam na contratação de outro seguro, até 
que venham a completar oitenta anos, deverá ser custeado pela empresa ré 
como forma de reparação dos danos que emergem do rompimento contratual.
Deveras, o custo adicional que os segurados terão ao procurar o mercado 
para contratar novos seguros de vida, sendo obrigados a aceitar, certamente, 
condições mais onerosas do que aquelas existentes nos contratos resilidos, 
deverá ser custeado pela empresa agravante como conseqüência de haver 
frustrado a legítima expectativa de proteção para a idade avançada, criada no 
ânimo dos segurados, com as sucessivas renovações ao longo de vinte e dois 
anos.
Logo, não merece acolhida, no presente caso, a alegação de que "mero 
inadimplemento contratual não gera danos morais ", porquanto a companhia 
agravante foi condenada somente em perdas e danos.
Quanto ao mais, o acórdão agravado nada mais faz do que dar coro ao 
entendimento, recentemente pacificado pela Segunda Seção deste Superior 
Tribunal de Justiça, de que "a pretensão da seguradora de modificar 
abrutamente as condições do seguro, não renovando o ajuste anterior, ofende 
os princípios da boa fé objetiva, da cooperação, da confiança e da lealdade 
que deve orientar a interpretação dos contratos que regulam relações de 
consumo". (REsp 1073595/MG, Rel. MIN. NANCY ANDRIGHI, SEGUNDA 
SEÇÃO).
Da mesma forma, o aresto impugnado alinha-se ao entendimento 
preconizado por esta Terceira Turma no sentido de que "a rescisão imotivada 
do contrato, em especial quando efetivada por meio de conduta desleal e 
abusiva - violadora dos princípios da boa-fé objetiva, da função social do 
contrato e da responsabilidade pós-contratual - confere à parte prejudicada o 
direito à indenização por danos materiais e morais". (REsp 1255315/SP, Rel. 
MIN. NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA).
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Também nesse sentido:
AGRAVO REGIMENTAL EM AGRAVO DE INSTRUMENTO. 
SEGURO. RENOVAÇÃO DO CONTRATO. PRINCÍPIOS DA 
BOA-FÉ, DA FUNÇÃO SOCIAL DO CONTRATO E DA PROTEÇÃO 
AO CONSUMIDOR. FUNDAMENTO NÃO ATACADO. SÚMULA Nº 
283/STF.RESILIÇÃO UNILATERAL DO CONTRATO. 
ABUSIVIDADE. SÚMULA Nº 83/STJ.
1. A ausência de impugnação dos fundamentos do acórdão recorrido 
quanto a aplicação dos princípios da boa-fé, função social do 
contrato e proteção ao consumidor, utilizados para determinar a 
renovação do contrato de seguro, enseja o não conhecimento do 
recurso, incidindo o enunciado da Súmula nº 283 do Supremo 
Tribunal Federal.
2. É abusiva a resilição unilateral do contrato de seguro, vigente por 
muitos anos, e ofende os princípios da boa-fé objetiva. Súmula nº 
83/STJ.
3. Os argumentos expendidos nas razões do regimental são 
insuficientespara autorizar a reforma da decisão agravada, de modo 
que esta merece ser mantida por seus próprios fundamentos.
4. Agravo regimental não provido.
(AgRg no Ag 1362420/PR, Rel. Ministro RICARDO VILLAS 
BÔAS CUEVA, TERCEIRA TURMA, DJe 17/08/2012)
AGRAVO REGIMENTAL. AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. 
DANO MORAL. RESCISÃO UNILATERAL DO CONTRATO. 
QUEBRA DA BOA-FÉ OBJETIVA. PRECEDENTES. QUANTUM 
INDENIZATÓRIO FIXADO COM RAZOABILIDADE.
1.- O Tribunal estadual concluiu que a ré agiu de má-fé, pois tinha 
conhecimento que o primeiro autor encontrava-se sob tratamento 
para o câncer que acomete sua saúde. Indevido e ilícito, portanto, o 
cancelamento unilateral do plano de saúde promovido pela ré.
2.- Conforme já decidido por esta Corte a pretensão da seguradora 
de modificar abruptamente as condições do seguro, não renovando o 
ajuste anterior, ofende os princípios da boa fé objetiva, da 
cooperação, da confiança e da lealdade que deve orientar a 
interpretação dos contratos que regulam relações de consumo" (REsp 
1.073.595/MG, Relatora Ministra NANCY ANDRIGHI, SEGUNDA 
SEÇÃO, DJe 29/04/2011). Dano moral configurado.
3.- A intervenção do STJ, Corte de Caráter nacional, destinada a 
firmar interpretação geral do Direito Federal para todo o país e não 
para a revisão de questões de interesse individual, no caso de 
questionamento do valor fixado para o dano moral, somente é 
admissível quando o valor fixado pelo Tribunal de origem, cumprindo 
o duplo grau de jurisdição, se mostre teratológico, por irrisório ou 
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abusivo.
4.- Inocorrência de teratologia no caso concreto, em que foi fixado, 
em 23.03.2010, o valor da indenização em R$ 20.400,00 (vinte mil e 
quatrocentos reais) a título de dano moral, consideradas as forças 
econômicas da autora da lesão.
5.- Agravo regimental improvido.
(AgRg no AREsp 175.663/RJ, Rel. Ministro SIDNEI BENETI, 
TERCEIRA TURMA, julgado em 26/06/2012, DJe 29/06/2012)
AGRAVO REGIMENTAL. AGRAVO DE INSTRUMENTO. SEGURO 
DE VIDA. RESCISÃO UNILATERAL DO CONTRATO. RECUSA 
IMOTIVADA DE RENOVAÇÃO. DANOS MORAIS. OCORRÊNCIA 
REEXAME FÁTICO-PROBATÓRIO. SÚMULA 07/STJ.
1. Face o entendimento pacificado pela Segunda Seção desta Corte, é 
abusiva a negativa de renovação do contrato de seguro de vida, 
mantido sem modificações ao longo dos anos, por ofensa aos 
princípios da boa fé objetiva, da cooperação, da confiança e da 
lealdade, orientadores da interpretação dos contratos que regulam 
relações de consumo.
2. "A rescisão imotivada do contrato, em especial quando efetivada 
por meio de conduta desleal e abusiva - violadora dos princípios da 
boa-fé objetiva, da função social do contrato e da responsabilidade 
pós-contratual - confere à parte prejudicada o direito à indenização 
por danos materiais e morais". (REsp 1255315/SP, Rel. MIN. NANCY 
ANDRIGHI).
3. A elisão das conclusões do aresto impugnado, comprovando a 
ocorrência dos danos morais, demandaria o revolvimento dos 
elementos de convicção dos autos, soberanamente delineados pelas 
instâncias ordinárias, providência vedada nesta sede especial a teor 
da súmula 07/STJ.
4. AGRAVO REGIMENTAL DESPROVIDO.
(AgRg nos EDcl no Ag 1400796/RS, de minha relatoria, 
TERCEIRA TURMA, julgado em 16/08/2012, DJe 21/08/2012)
Ante o exposto, nego provimento ao agravo regimental.
É o voto.
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CERTIDÃO DE JULGAMENTO
TERCEIRA TURMA
 
AgRg no
Número Registro: 2011/0001691-5 REsp 1.230.665 / SP
Números Origem: 1123271 112327110 13622006
EM MESA JULGADO: 05/03/2013
Relator
Exmo. Sr. Ministro PAULO DE TARSO SANSEVERINO
Presidente da Sessão
Exmo. Sr. Ministro PAULO DE TARSO SANSEVERINO
Subprocurador-Geral da República
Exmo. Sr. Dr. MAURÍCIO VIEIRA BRACKS
Secretária
Bela. MARIA AUXILIADORA RAMALHO DA ROCHA 
AUTUAÇÃO
RECORRENTE : ANTÔNIO CORRÊA E OUTROS
ADVOGADO : LUIZ FERNANDO CARPENTIERI E OUTRO(S)
RECORRIDO : COMPANHIA DE SEGUROS DO ESTADO DE SÃO PAULO COSESP
ADVOGADOS : EDUARDO GOMES E OUTRO(S)
LUIS GUSTAVO POLLINI
FERNANDA GOMES
ASSUNTO: DIREITO CIVIL - Obrigações - Espécies de Contratos - Seguro
AGRAVO REGIMENTAL
AGRAVANTE : COMPANHIA DE SEGUROS DO ESTADO DE SÃO PAULO COSESP
ADVOGADOS : EDUARDO GOMES E OUTRO(S)
LUIS GUSTAVO POLLINI
FERNANDA GOMES
AGRAVADO : ANTÔNIO CORRÊA E OUTROS
ADVOGADO : LUIZ FERNANDO CARPENTIERI E OUTRO(S)
CERTIDÃO
Certifico que a egrégia TERCEIRA TURMA, ao apreciar o processo em epígrafe na sessão 
realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão:
A Turma, por unanimidade, negou provimento ao agravo regimental, nos termos do voto 
do(a) Sr(a). Ministro(a) Relator(a). Os Srs. Ministros Ricardo Villas Bôas Cueva, Nancy Andrighi e 
Sidnei Beneti votaram com o Sr. Ministro Relator.
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Poder Judiciário
Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo
Registro: 2015.0000124420
ACÓRDÃO
Vistos, relatados e discutidos estes autos do Apelação nº 
9231577-78.2008.8.26.0000, da Comarca de Bauru, em que é apelante 
GENNY GRAGLIA LOPEZ, é apelado DIVELPA DISTRIBUIDORA DE 
VEICULOS LENÇOIS PAULISTA LTDA.
ACORDAM, em 15ª Câmara Extraordinária de Direito 
Privado do Tribunal de Justiça de São Paulo, proferir a seguinte 
decisão: "Negaram provimento ao recurso. V. U.", de conformidade com 
o voto do Relator, que integra este acórdão.
O julgamento teve a participação dos Exmos. 
Desembargadores SILVEIRA PAULILO (Presidente), ITAMAR GAINO E 
VIRGILIO DE OLIVEIRA JUNIOR.
São Paulo, 23 de fevereiro de 2015.
Silveira Paulilo
RELATOR
 Assinatura Eletrônica
Poder Judiciário
Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo
2/3
VOTO Nº: 38210
APELAÇÃO Nº 9231577-78.2008.8.26.0000
COMARCA: BAURU
APELANTE: GENNY GRAGLIA LOPEZ 
APELADO: DIVELPA DISTRIBUIDORA DE VEICULOS LENÇOIS 
PAULISTA LTDA
DUPLICATA MERCANTIL – Emissão em face de 
prestação de serviços com fornecimento de peças, relativa à 
franquia do seguro – Exceção de contrato não cumprido 
que desfavorece a autora – Retirada do veículo deixado 
para reparos sem que os serviços fossem completados, sem 
culpa da prestadora – Retorno não ocorrido – Inteligência 
do art. 476 do CC - Ação anulatória cambiária desacolhida 
no primeiro grau – Recurso improvido.
Cuida-se de apelação respondida e bem processada por 
meio da qual quer ver a apelante reformada a r. sentença de primeiro grau que 
desacolheu a ação anulatória cambiária (duplicata) que move em face da apelada. 
Sustenta, em síntese, não ter havido a prestação completa dos serviços de reparos em 
seu veículo contratados, faltando peças, razão pela qual a franquia do seguro, objeto do 
título, não poderia ser cobrada. O apelo permaneceu por anos nesta Corte à espera de 
julgamento até que, no dia 12.12.14, foi redistribuído a este Relator.
É o relatório.
O documento de fls. 12 é de uma clareza meridiana: a 
autora retirou seu caminhão sem que estivesse inteiramente reparado, e isto porque não 
tinham vindo ainda as peças e ela necessitava do automotor. Não havia, pois, culpa da 
prestadora.
Prova alguma existe de que tenha retornado para o fim dos 
consertos. A ré, por seu turno, diz estarem as peças faltantes à disposição dela, o que 
merece ser acreditado porquanto não haveria razão para mentir neste aspecto.
Em assim sendo, a exceção de contrato não cumprido 
desfavorece a autora porquanto foi ela quem não cumpriu sua parte no trato, razão pela 
qual não pode se negar a pagar a franquia à apelada, sob pena de locupletar-se 
ilicitamente à custa dos serviços já executados. Poderá, se quiser, retirar,depois, as 
peças faltantes junto à ré, mas primeiro há de pagar o que deve. Afinal, nos termos do 
art. 476 do CC, “Nos contratos bilaterais, nenhum dos contratantes, antes de cumprida 
sua obrigação, pode exigir o implemento da do outro.” Como poderia a ré completar os 
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3/3
serviços se a autora não deixa?
Pelo exposto, pelo meu voto, é negado provimento ao 
recurso.
SILVEIRA PAULILO
Relator