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Dos crimes contra a fé pública Moeda falsa – Art. 289, CP. Art. 289 - Falsificar, fabricando-a ou alterando-a, moeda metálica ou papel-moeda de curso legal no país ou no estrangeiro: Pena - reclusão, de três a doze anos, e multa. § 1º - Nas mesmas penas incorre quem, por conta própria ou alheia, importa ou exporta, adquire, vende, troca, cede, empresta, guarda ou introduz na circulação moeda falsa. § 2º - Quem, tendo recebido de boa-fé, como verdadeira, moeda falsa ou alterada, a restitui à circulação, depois de conhecer a falsidade, é punido com detenção, de seis meses a dois anos, e multa. § 3º - É punido com reclusão, de três a quinze anos, e multa, o funcionário público ou diretor, gerente, ou fiscal de banco de emissão que fabrica, emite ou autoriza a fabricação ou emissão: I - de moeda com título ou peso inferior ao determinado em lei; II - de papel-moeda em quantidade superior à autorizada. § 4º - Nas mesmas penas incorre quem desvia e faz circular moeda, cuja circulação não estava ainda autorizada. Sujeitos: - ativo: crime comum; -passivo: Estado, bem como aquele que sofre eventual lesão decorrente da conduta típica (quem a recebe, por exemplo). Conduta: - o núcleo do tipo é falsificar moeda (imitar, fazer passar por autêntica moeda falsa, que pode ser pela formação da moeda pela impressão, cunhagem, ou por alteração de moeda verdadeira para que passe a representar um valor maior do que o real) - indispensável, como em toda falsificação, a imitatio veri (semelhança com o verdadeiro, podendo ser confundido com autêntico). - não o desfigura, a imperfeição que só possa ser verificada em exame atento. - imitação grosseira, rudimentar, perceptível ictu oculi, não configura o crime de moeda falsa, podendo constituir, em tese, o crime de estelionato. - A conduta de apor na moeda números e letras recortados de cédulas verdadeiras sobre outras, de modo que estas apresentem valor superior constitui crime na modalidade de alterar prevista pelo art. 289, caput, do CP. Objeto material: moeda metálica ou o papel-moeda, nacional ou estrangeira. Por ser crime que deixa vestígios, é indispensável o laudo pericial. Tipo Subjetivo: Dolo. Não se exige a finalidade de colocar em circulação O desconhecimento da falsidade exclui a tipicidade. Consumação e tentativa: Consuma-se com fabricação ou adulteração, ainda que de apenas uma moeda que tenha idoneidade para iludir. Mesmo a adulteração de várias moedas caracteriza crime único. -Possível tentativa. Segundo entendimento do STJ e § 1°, do art.289, CP é crime a conduta de guardar notas inautênticas. Porém, a simples posse de instrumentos para falsificação de moeda constitui outro ilícito penal (art. 291, CP). Crimes subseqüentes: de importar, exportar, adquirir, trocar, vender, ceder, emprestar, guardar e introduzir na circulação moeda falsificada. Tratando-se de crime de conduta múltipla alternativa “pura”, o agente que pratique duas ou mais ações típicas responde por crime único. Já se decidiu, porém, por crime continuado. Responde por esse delito aquele que não foi o autor da falsificação; caso seja também o autor da falsificação responde pelo crime previsto no caput do art. 289, CP (a circulação seria mero exaurimento). Relação com estelionato: - entendimento é de que o crime de falsum é meio de cometimento do estelionato, sendo absorvido – crime do 171, CP. Vide Súmula 17 do STJ. Crime privilegiado: conduta daquele que restitui à circulação a moeda falsa que recebeu de boa-fé, como verdadeira. Deve existir o dolo no momento em que o agente recolocou a moeda em circulação. Fabricação ou Emissão com fraude ou excesso: o §3° do art. 289, CP. - crime próprio; - inciso I: moeda metálica fabricada com título ou peso inferior ao determinado em lei; - inciso II: papel-moeda fabricado em quantidade superior ao autorizado. - omissão quanto à emissão de moeda metálica em quantidade superior à autorizada – discute-se a possibilidade de se fazer uma interpretação extensiva/teleológica. Circulação não autorizada: § 4 do art. 289, CP - desvio, sem que ocorra a circulação, configura tentativa. Competência: justiça Federal (art.109, IV, CF). - se configurar o estelionato: competência estadual. Vide Súmula 73 do STJ. Crimes assimilados ao de moeda falsa – Art. 290, CP. Art. 290 - Formar cédula, nota ou bilhete representativo de moeda com fragmentos de cédulas, notas ou bilhetes verdadeiros; suprimir, em nota, cédula ou bilhete recolhidos, para o fim de restituí-los à circulação, sinal indicativo de sua inutilização; restituir à circulação cédula, nota ou bilhete em tais condições, ou já recolhidos para o fim de inutilização: Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa. Parágrafo único - O máximo da reclusão é elevado a doze anos e multa, se o crime é cometido por funcionário que trabalha na repartição onde o dinheiro se achava recolhido, ou nela tem fácil ingresso, em razão do cargo. (Vide Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Sujeitos: - ativo: crime comum - passivo: Estado (tutela da fé pública) e o particular que sofre dano decorrente da conduta. Objeto material: cédula, nota ou bilhete representativo da moeda. Não há menção da moeda metálica. Conduta: - imitatio veri, imitação grosseira e estelionato: idem comentários ao 289, CP. a) formar cédula, nota ou bilhete com fragmentos verdadeiros (diferença com o delito de moeda falsa, embora haja muita decisões contrárias.) b) suprimir sinal indicativo da inutilização da cédula (carimbo, picote, riscos etc.), em papel-moeda ou bilhete já recolhido. A terceira ação é a de restituir à circulação o papel-moeda nas condições já mencionadas, bem como aquele que, embora ainda não assinalado, foi recolhido para ser inutilizado. Entendimentos: STF: Alterar papel moeda, com aposição de fragmentos de uma cédula sobre outra, para aparentar maior valor é delito punido pelo art. 289 CP. TRF: Tratando-se de alteração de moeda, através da junção de fragmentos de cédulas a figura delituosa é a do art. 290 do CP. Tem prevalecido o entendimento do STJ/STF – porque alterou cédula que já existia. Falsificação de documento público - Art. 297, CP Art. 297 - Falsificar, no todo ou em parte, documento público, ou alterar documento público verdadeiro: Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa. § 1º - Se o agente é funcionário público, e comete o crime prevalecendo-se do cargo, aumenta-se a pena de sexta parte. § 2º - Para os efeitos penais, equiparam-se a documento público o emanado de entidade paraestatal, o título ao portador ou transmissível por endosso, as ações de sociedade comercial, os livros mercantis e o testamento particular. § 3o Nas mesmas penas incorre quem insere ou faz inserir: (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) I - na folha de pagamento ou em documento de informações que seja destinado a fazer prova perante a previdência social, pessoa que não possua a qualidade de segurado obrigatório;(Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) II - na Carteira de Trabalho e Previdência Social do empregado ou em documento que deva produzir efeito perante a previdência social, declaração falsa ou diversa da que deveria ter sido escrita; (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) III - em documento contábil ou em qualquer outro documento relacionado com as obrigações da empresa perante a previdência social, declaração falsa ou diversa da que deveria ter constado. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) § 4o Nas mesmas penas incorre quem omite, nos documentos mencionados no § 3o, nome do segurado e seus dados pessoais, a remuneração, a vigência do contrato de trabalho ou de prestação de serviços.(Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) Sujeitos: - ativo: crime comum - passivo: Estado; pessoa lesada. Falsificar, no todo ou em parte, documento público, ou alterar verdadeiro. Objeto jurídico – tutela-se a fé pública.Conduta: - falsificar e alterar. - capacidade de iludir o homo medius. Objeto material: documento público; - são considerados documentos públicos:original;cópia autenticada; documento emitido por autoridade estrangeira; documentos legalmente equiparados ao público. Elemento subjetivo: dolo Consumação e tentativa: Consuma-se com a falsificação ou alteração do documento, sendo prescindível o uso efetivo deste. A tentativa é possível. Formas: a) simples: caput. b) majorada: agente é funcionário público, e comete o crime prevalecendo-se do cargo. c) equiparada - Falsificação de documento público previdenciário. A lei n. 9.983, de 17 de julho de 2000, que cuida especificamente dos crimes contra a Previdência Social. A objetividade jurídica tutelada é a fé pública dos documentos referentes à Previdência Social. Trata-se aqui de falsum ideológico. Consoante o dispositivo legal, o agente insere ou faz inserir: - na folha de pagamento ou em documento de informações que seja destinado a fazer prova perante a Previdência Social, pessoa que não possua a qualidade de seguro obrigatório; - na Carteira de Trabalho e Previdência Social do empregado ou em documento que deva produzir efeito perante a Previdência Social, declaração falsa ou diversa da que deveria ter sido escrita; - em documento contábil ou em qualquer outro documento relacionado com as obrigações da empresa perante a Previdência Social, declaração falsa ou diversa da que deveria ter constado. Consumação e tentativa: a consumação ocorre com a inserção da declaração falsa ou diversa. A tentativa é possível. Segunda forma equiparada. Incorre quem omite, nos documentos mencionados no §3º, nome do segurado e seus dados pessoais, a remuneração, a vigência do contrato de trabalho ou de prestação de serviços. O crime se consuma no momento em que o agente não realiza a inserção das informações nos documentos. A tentativa é inadmissível. Concurso de crimes a) falso documental e estelionato; b) falso documental e uso (CP, art. 304); c) falso documental e sonegação fiscal; Exame de corpo de delito: Este é em que os peritos descrevem suas observações e se destina a comprovar a existência do delito. - exame de corpo de delito direto é feito no documento falsificado. - exame de corpo de delito indireto advém de raciocínio dedutivo sobre um fato narrado por testemunhas, sempre que impossível o exame direto. Exame grafotécnico. Destina-se a apurar, por meio da comparação dos padrões gráficos, se o falsário foi realmente o autor do documento. Art. 304 – Uso de Documento Falso Art. 304 - Fazer uso de qualquer dos papéis falsificados ou alterados, a que se referem os arts. 297 a 302: Pena - a cominada à falsificação ou à alteração. Objeto jurídico: Tutela-se a fé pública Elementos do tipo Ação nuclear: Fazer uso de documento, público ou particular, falso. De qualquer forma, não basta o simples porte do documento - Enquanto este não é apresentado pelo agente a terceiros. Objeto material: qualquer documento a que se referem os arts. 297 (documento público), 298 (documento particular), 299 (documento público ou particular ideologicamente falso), 301, §1º (atestado ou certidão materialmente falso) e 302 (atestado médico falso). Sujeito ativo – trata-se de crime comum, portanto, qualquer pessoa pode praticá-lo. Sujeito passivo – é o Estado. Elemento subjetivo: dolo, consubstanciado na vontade livre de fazer uso de qualquer dos papéis falsificados ou alterados a que se referem os arts. 297 a 302. Consumação e tentativa: Consuma-se com o efetivo uso do documento falso. Não é necessária a obtenção de qualquer vantagem, bastando que o agente apenas se utilize dele uma única vez. Concurso de crimes - uso de diversos documentos falsos em um mesmo contexto. - uso continuado de documentos. - uso de documento falso e estelionato. - falso documental e uso. - uso de documento falso e sonegação fiscal. Legislação penal especial. - crime tributário (Lei n. 8.137/90); - crime contra o Sistema Financeiro Nacional (Lei n. 7.492/86); - crime falimentar (Lei n. 11.101, de 9-2-2005 – regula a recuperação judicial, a extrajudicial e a falência do empresário e da sociedade empresária). - CNH: simples porte é crime Roteiro - Crimes Contra a Administração Pública Considerações preliminares - Administração pública: conjunto de funções exercidas pelos vários órgãos do Estado em benefício do bem estar e desenvolvimento da sociedade. Daí a necessidade de sua proteção. As necessidades públicas, coletivas, ganham destaque. - Objetividade jurídica: normalidade funcional, a probidade, a moralidade e a eficácia da administração pública. - crimes próprios (aqueles nos quais a condição de funcionário público é essencial para a existência do delito) e os impróprios ou mistos (nos quais há violação do dever funcional e um crime comum. Ex. violência arbitrária acompanhada de um crime contra a pessoa). - Funcionário público para fins penais: 327, CP Art. 312, CP – Peculato Art. 312 - Apropriar-se o funcionário público de dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel, público ou particular, de que tem a posse em razão do cargo, ou desviá-lo, em proveito próprio ou alheio: Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa. § 1º - Aplica-se a mesma pena, se o funcionário público, embora não tendo a posse do dinheiro, valor ou bem, o subtrai, ou concorre para que seja subtraído, em proveito próprio ou alheio, valendo-se de facilidade que lhe proporciona a qualidade de funcionário. Peculato culposo § 2º - Se o funcionário concorre culposamente para o crime de outrem: Pena - detenção, de três meses a um ano. § 3º - No caso do parágrafo anterior, a reparação do dano, se precede à sentença irrecorrível, extingue a punibilidade; se lhe é posterior, reduz de metade a pena imposta. Objetividade jurídica: a administração pública (patrimônio público e interesse patrimonial do Estado) e também a moral pública – a probidade dos agentes públicos. (Carrara classificava este delito como contra a fé pública). Sujeito ativo: funcionário público (crime próprio). A condição de funcionário publico é elementar do crime e comunica-se ao particular que figure como co-autor (desde que o particular tenha consciência da qualidade especial de funcionário público) – conforme art. 29 §2º, CP (cooperação dolosamente distinta) poderá responder pelo crime que pretendia praticar (apropriação indébita). Sujeito passivo: Estado e as instituições de direito público (art. 327 §1º CP). Na modalidade “peculato – malversação”, se o bem móvel for particular, também o proprietário ou possuidor deste bem. Conduta: 4 figuras típicas - a) peculato – apropriação (1ª parte “caput”); b) peculato – desvio (2ª parte “caput’); c) peculato furto (§1º); d) peculato – culposo (§2º). - apossamento ou desvio de coisa móvel, pública ou particular, de que o funcionário público tem posse em razão do cargo em proveito próprio ou alheio. - “caput”: é pressuposto que haja anterior posse lícita, legitima, da coisa móvel. A posse deve preexistir ao delito e deve ser exercida pelo agente em nome alheio, ou seja, do Poder Público (caso contrário haverá peculato – furto ou furto) em decorrência do cargo exercido (posse resultante da lei ou de praxe não proibida pela lei). - Objeto material: dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel (pertencente ou não à Adm. Públ. (Estado responde pelos danos caudados por seus funcionários aos bens de terceiros, que se encontrem sob sua responsabilidade). - Peculato – apropriação: - Tomar como sua, assenhorar-se, inverter a posse, de coisa móvel, pública ou particular, de que tenha posse em razão do cargo. Assemelha-se à apropriação indébita. - Dinheiro (papel-moeda ou moeda metálica de curso legal no país); valor (qualquer título, papelde crédito, documento negociável ou conversível em dinheiro ou mercadoria (apólice, ação, títulos de credito, etc.). Bem móvel é aquele passível de deslocamento. - Não se equipara à coisa móvel a prestação de serviço de um funcionário a outro; não é coisa a prestação de serviço. - Peculato – desvio: - Alterar o destino natural, dar aplicação diversa da determinada, em proveito próprio ou alheio. Não há propósito de apropriar-se, mas tirar proveito, para si ou para outrem, do uso irregular da coisa (se o benefício se dá para a própria administração, não há peculato e sim desvio de verba). - Consuma-se com o efetivo desvio, mesmo que não seja auferido o proveito desejado. - proveito pode ser de qualquer natureza e a posse não pode advir de violência ou fraude (pois configura outros delitos – concussão, estelionato) e nem de erro (ou incidirá o 313,CP). - Peculato – furto (312 §1º, CP): - agente não tem a posse da coisa; a subtrai ou concorre para que outrem o faça, valendo-se da facilidade que lhe proporciona a qualidade de funcionário público. - O peculato de uso que se tipificaria pelo uso momentâneo do objeto material, sem “animus domini”, com a devolução intacta do bem após sua utilização, não configura este delito. Entretanto há o art. 1º, II, do Decreto lei 201/67 que prevê tal conduta como típica quando o agente é Prefeito (crimes de responsabilidade dos Prefeitos). - O desvio de verba pública sem finalidade de obtenção de proveito pessoal, enquadra-se no art. 315, CP. - Peculato – culposo: - o agente concorre culposamente e para o crime de outrem (que pode ser funcionário público ou não). Não se trata de concurso de agentes (pois não pode haver participação culposa em crime doloso). - Só se configura se o crime do 3º se consumar (pois não se admite tentativa de crime culposo; se o crime doloso ficar na fase de tentativa, não há o crime em exame). Observa-se que a facilidade deve ter sido aproveitada. - no peculato-culposo é possível extinção da punibilidade ou redução de pena mediante reparação do dano (§3º) Art. 317, CP -Corrupção Passiva Art. 317 - Solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida, ou aceitar promessa de tal vantagem: Pena - reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa. (Redação dada pela Lei nº 10.763, de 12.11.2003) § 1º - A pena é aumentada de um terço, se, em conseqüência da vantagem ou promessa, o funcionário retarda ou deixa de praticar qualquer ato de ofício ou o pratica infringindo dever funcional. § 2º - Se o funcionário pratica, deixa de praticar ou retarda ato de ofício, com infração de dever funcional, cedendo a pedido ou influência de outrem: Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa. - É uma forma de “mercancia” dos atos de oficio que deve praticar o funcionário público. Classificação Corrupção ativa ou passiva: A corrupção não e necessariamente bilateral, não precisando existir a corrupção passiva para existir a ativa e vice-versa. É uma exceção a teoria unitária do concurso de pessoas adotada pelo CP. Oferecida a vantagem indevida, pelo particular, configura a corrupção ativa (333 CP), que independe da aceitação do funcionário. Por outro lado, se o funcionário público solicitar ou receber a vantagem, há o crime do art. 317 CP. (corrupção ativa ou passiva). Nada impede, sendo até comum, que haja, ao mesmo tempo, corrupção ativa ou passiva. Própria ou imprópria: Na corrupção passiva ou funcionário público em troca de vantagem, pratica ou deixa de praticar o ato de ofício para beneficiar alguém. Tal ato pode ser de ilegítimo, ilícito ou injusto (corrupção própria), como por exemplo, se o funcionário público solicitar dinheiro para”dar sumiço” no inquérito ou processo. Se o ato for legitimo, licito ou justo, ainda assim haverá corrupção, mas imprópria (Ex: Para dar prioridade ao cumprimento de um mandado judicial expedido). Antecedente ou subseqüente: Conforme a vantagem seja entregue antes ou depois da ação/omissão do funcionário público. O próprio oferecimento da vantagem pode ser posterior – não é preciso que haja prévio acordo de vontades entre o funcionário e o particular. A subsequente é inadmissível na corrupção ativa (333,CP) Conduta Solicitar: Pedir, manifestar desejo quanto a algo. O crime resta configurado com a solicitação, ainda que nenhuma vantagem seja auferida. A vitima cede por vontade, não por violência, grave ameaça ou medo. Receber: Aceitar, tomar posse. O 3° oferece e o funcionário público aceita e recebe a vantagem indevida. - Nesta modalidade, é condição para que o crime se configure que haja anterior crime de corrupção ativa, ou seja, o oferecimento (333, CP). Aceitar promessa de recebê-la: basta que o funcionário público concorde com a proposta de recebimento da vantagem; não há o efetivo recebimento. Também é essencial, para que se configure, que haja anterior delito de corrupção ativa. - entende a doutrina que a vantagem deve estar ligada a realização ou obtenção de algum ato de competência especifica do funcionário (ato de oficio) – caso contrario, não estará configurada a corrupção passiva e sim o art. 332 (trafico de influência) ou estelionato. Objeto Material - A vantagem indevida, de qualquer natureza, mas deve-se salientar que nem toda vantagem configura o delito. Reembolso de despesas: Embora devam ser feitos por guias, em banco oficial, não é vantagem (sem qualquer vantagem ou lucro pessoal); trata-se de um ressarcimento irregular; Gratificação de pequena monta por um serviço extraordinário não contrario a lei: é praxe e insere-se na adequação social. Ex: vinho, bombom etc. Pequenas doações ocasionais, como as de final de ano: Novamente, trata-se de adequação social e não há o mínimo prejuízo para a Administração Pública. Sujeito Ativo: funcionário público. O particular que oferece ou promete a vantagem responde pelo 333 do CP e não em concurso. Situações Especificas Fiscal de rendas: art. 3°, II, Lei 8137/90 Testemunha, perito, tradutor ou intérprete judicial (oficiais ou não): 342§2°CP. Quem deu, ofereceu ou prometeu vantagem para um desses sujeitos responde pelo 343 CP. Jurado: Pratica o delito do 317 CP (conforme orientação expressa do art. 445 CPP) Sujeito Passivo: Estado e terceiro para quem a proposta foi feita. Elemento Subjetivo: Dolo. Exige-se a finalidade especial “para si ou para outrem”. Caso a vantagem se reverta para a própria Administração, haverá ato de improbidade administrativa (art. 11, I, Lei 8429/92). Consumação: Crime formal; - o efetivo recebimento é mero exaurimento, mas constitui causa de maior punibilidade (317,§1° CP). Em tese é possível a tentativa. 317§2°: Figura Privilegiada 327§ 2°: Causa de Aumento de pena. Distinções: Corrupção passiva e concussão: Na concussão não há solicitação e sim exigência. Na passiva há solicitação e a vitima cede livremente, podendo até ter beneficio em troca da vantagem prestada. Corrupção passiva e prevaricação: Nesta (319 CP), o funcionário público age ou deixa de agir para satisfazer um interesse ou sentimento pessoal – Não é movido pelo interesse de receber qualquer vantagem por parte de 3°. Ele não cede a pedido de outrem, não há qualquer intervenção alheia. Questão (livro Capez): Policial exonerado que solicita dinheiro de presos para transferi-los a outro presídio. Responde por exercício funcional ilegalmente prolongado (324 CP) em concurso com estelionato (171 CP) – já que não é funcionário público e não teria (ainda que não exonerado) competência funcional para o ato prometido. Artigo 319, CP- Prevaricação Art. 319 - Retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício, ou praticá-lo contra disposição expressa de lei, para satisfazer interesse ou sentimento pessoal: Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa. Art. 319-A.Deixar o Diretor de Penitenciária e/ou agente público, de cumprir seu dever de vedar ao preso o acesso a aparelho telefônico, de rádio ou similar, que permita a comunicação com outros presos ou com o ambiente externo: (Incluído pela Lei nº 11.466, de 2007). Pena: detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano. - retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício ou pratica-lo em desconformidade com a lei, para satisfazer interesse pessoal. Infidelidade ao dever de ofício. - como fala em ato de ofício, tem que ter competência para aquele ato. Abrange ato administrativo e judicial. - por omissão: somente possível se houver lei determinando, obrigando a que faça. - crime próprio - Elemento subjetivo: exige que tenha a finalidade de satisfazer interesse ou sentimento pessoal. - observar se não configura corrupção ou concussão (não pode haver intervenção alheia) - se por “preguiça”: artigo 11, lei 8429/92 (improbidade). - Distingue-se da: a) corrupção: pela finalidade (vantagem indevida) e intervenção alheia; b) da corrupção privilegiada: a intervenção de outrem; d) desobediência: só praticada por particular ou funcionário público fora de suas funções; - Leis especiais: Código Eleitoral (345, Lei 4737/65); Crime contra Sistema Financeiro (23, Lei 7492/86); Política Nacional do Meio ambiente (15, §2º, lei 6938/81) Cezar Roberto Bitencourt, em seu Tratado de Direito Penal, Parte Especial, volume 5, 2ª Edição, Editora Saraiva, página 105, quando assevera: “(...) é necessária, ainda, a presença do elemento subjetivo especial do tipo, representado pelo fim especial de agir, que, na dicção da descrição típica, é “para satisfazer interesse ou sentimento pessoal”,isto é, há a necessidade de que o móvel da ação seja para a satisfação desse tipo de interesse ou sentimento. Interesse pessoal, que pode ser material ou moral, é aquele que, por alguma razão, satisfaz pretensão, ambição ou anseio do agente, podendo ser representado por qualquer vantagem ou proveito que possa ser obtido pelo sujeito ativo em razão de sua conduta incriminada nesse tipo penal”. Continua o nobre jurista: “Sentimento pessoal, por sua vez, reflete um estado afetivo ou emocional do próprio agente, que pode manifestar-se em suas mais variadas formas, tais como amor, paixão, emoção, ódio, piedade, carinho, afeto, vingança, favorecimento ou prejuízo a alguém etc.” Funcionário público Art. 327 - Considera-se funcionário público, para os efeitos penais, quem, embora transitoriamente ou sem remuneração, exerce cargo, emprego ou função pública. § 1º - Equipara-se a funcionário público quem exerce cargo, emprego ou função em entidade paraestatal, e quem trabalha para empresa prestadora de serviço contratada ou conveniada para a execução de atividade típica da Administração Pública. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) § 2º - A pena será aumentada da terça parte quando os autores dos crimes previstos neste Capítulo forem ocupantes de cargos em comissão ou de função de direção ou assessoramento de órgão da administração direta, sociedade de economia mista, Art. 329, CP- Resistência Art. 329 - Opor-se à execução de ato legal, mediante violência ou ameaça a funcionário competente para executá-lo ou a quem lhe esteja prestando auxílio: Pena - detenção, de dois meses a dois anos. § 1º - Se o ato, em razão da resistência, não se executa: Pena - reclusão, de um a três anos. § 2º - As penas deste artigo são aplicáveis sem prejuízo das correspondentes à violência. - Opor-se à execução de ato legal, mediante violência ou ameaça a funcionário competente para executá-lo ou a quem lhe esteja prestando auxílio. Sujeito Ativo: Crime comum (aquele que sofre a execução do ato legal ou terceiro que age por ele, como esposa, por ex.) Sujeito Passivo: Estado; pessoa que sofre a agressão. Conduta - Oposição violenta ou mediante ameaça -direcionada contra pessoa; se for contra coisa, responde por crime de dano. Ex. Pontapés no policial que está cumprindo o mandado. -Não configura o crime se houver resistência pacífica (agarrar no poste,não abrir porta, correr). Nestes casos configura-se desobediência (330CP). -O simples xingamento, gestos, vias de fato não configuram resistência, mas sim 331 CP. - A violência ou ameaça deve ser exercida durante a prática do ato funcional. (se anterior ou posterior será outro delito como ameaça, lesão etc.) -Se a violência for empregada com finalidade fuga, após ter sido efetuada prisão, haverá o delito do art. 352 CP. (evasão) - O ato ao qual o agente se opõe deve ser legal do ponto de vista material e formal. OBS: não se trata de analisar se o ato é justo ou injusto (ex: mandado de prisão preventiva legal que depois vem a ser revogado) Consumação e tentativa: - Com emprego de violência, ameaça. - crime formal. - Possível tentativa (ex: vai dar uma paulada mas é impedido) Concurso de crimes: - Aplica-se também a pena da violência (concurso material) - Desacato e resistência: Desacato é absorvido (ex: xinga e joga pedra) - Desobediência e resistência: Desobediência é absorvida. Art. 330, CP- Desobediência Art. 330 - Desobedecer a ordem legal de funcionário público: Pena - detenção, de quinze dias a seis meses, e multa. -Desobedecer a ordem legal de funcionário público. -também chamado de “resistência pacífica”. Resume-se no não cumprimento de ordem legal lançada por funcionário competente. - obs: ordem e não solicitação (ex: pedido de ofício do MP) Sujeito ativo: crime comum. Qualquer pessoa pode cometê-lo. -Se agente é funcionário público: não comete este crime se o cumprimento da ordem estiver no contexto de suas funções. Nesta hipótese, o desatendimento da ordem poderá configurar eventual crime de prevaricação (art. 319, CP. Ex: delegado que não instaura inquérito requisitado por juiz de direito ou diligências requeridas pelo MP e deferidas);não obstante, é pacífico que, se a ordem legal não se relacionar com suas funções específicas, o crime será mesmo de desobediência. Obs: tratando-se de ORDEM JUDICIAL, a tendência dos tribunais é enquadrar também o funcionário público na desobediência (igualando-o ao particular). -contra ordem legal, emanada de autoridade competente ( não está falando em lei, regulamento, etc.). Neste sentido, vide decisões fornecidas. Conduta: -desobediência sem violência ou grave ameaça - a pessoa a quem a ordem é dirigida tem o DEVER de obedecer;- a ordem deve ser LEGAL;- FORMAL;- a intimação deve dar-se PESSOALMENTE;. - Doutrina: discute se há ou não o delito quando a lei prevê sanção extrapenal. Ex: 219 do CPP – multa para testemunha faltosa, independentemente do processo por crime de desobediência; no outro sentido: não há crime em recusar-se a tirar do veículo do local proibido, eis que o CTB prevê multa. - Conflito: se várias ordens a serem obedecidas, concomitantemente, com a impossibilidade de se cumprir a todas: a) A doutrina afirma que deve ser obedecida a ordem da autoridade de maior hierarquia.Também afirma que deva ser obedecida a que preserva o bem jurídico de maior valor.Se não cumprir nenhuma: configura o delito. - “Bêbado: Não tem este dolo; tem que haver a ciência inequívoca da ordem – escutar e entender. - Médico e advogado: a questão do sigilo. Quanto ao médico, observar se a ação está relacionada com prestação de socorro médico ou moléstia de notificação compulsória - Recusa do bafômetro, fornecer sangue ou DNA, exame grafotécnico. Princípio da não obrigatoriedade de produzir prova contra si. -Identificação criminal: 12037/09. -Reprodução simulada: pode ser obrigado a comparecer (260, CPP), mas não a participar. - Desobediência a decisão judicial sobre perda ou suspensão de direito: delito do art. 359, CP (se for específica violação quanto a suspensão ou proibição de obter permissão ou habilitação para dirigir – 307, CTB) Corrupçãoativa Art. 333 - Oferecer ou prometer vantagem indevida a funcionário público, para determiná-lo a praticar, omitir ou retardar ato de ofício: Pena - reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa. (Redação dada pela Lei nº 10.763, de 12.11.2003) Parágrafo único - A pena é aumentada de um terço, se, em razão da vantagem ou promessa, o funcionário retarda ou omite ato de ofício, ou o pratica infringindo dever funcional. DO LIVRO DO FERNANDO CAPEZ (1) Documentos internacionais: Vide comentários ao art. 317 do CP. (2) FundameAMnto constitucional: Vide comentários ao art. 312 do CP. (3) Objeto jurídico: O tipo penal visa à proteção da moralidade da Administração Pública e ao regular desempenho da função pública, os quais são colocados em risco com a corrupção. (4) Exceção pluralista: O legislador pune de forma autônoma os crimes de corrupção ativa (CP, art. 333) e a passiva (CP, art. 317). Trata-se de exceção pluralista ao princípio unitário que norteia o concurso de agentes. Assim, cada um responderá por um delito de forma autônoma e não pelo concurso de pessoas. (5) Ação nuclear: Duas são as ações incriminadas: (a) oferecer vantagem indevida, isto é, colocar à disposição ou aceitação; ou (b) prometer vantagem indevida, isto é, comprometer-se, fazer promessa, garantir a entrega de algo ao funcionário. Pode a corrupção ser praticada por meio escrito (carta, e-mail, fax etc.), oral (telefone) ou por meio de gestos ou atos. Pode ela ser feita diretamente ao funcionário público, bem como por interposta pessoa. Conforme a doutrina, ao contrário do delito de corrupção passiva, o Código não pune a corrupção ativa subsequente, isto é, o oferecimento da vantagem após a prática do ato de ofício, sem que tenha havido qualquer influência do particular na prática, omissão ou retardamento do ato funcional. É que o próprio dispositivo penal é expresso no sentido de que o particular deve oferecer ou prometer vantagem indevida a funcionário para determiná-lo a praticar, omitir ou retardar ato de ofício, isto é, o ato deve ser praticado após o oferecimento ou promessa de vantagem, e não antes. De acordo com o dispositivo legal, a oferta ou promessa de vantagem deve ser realizada com o fim de determinar o funcionário a praticar, omitir ou retardar ato de ofício. Deve o ato necessariamente ser de específica atribuição do funcionário público. Não se compreende nesse dispositivo penal o fim de impedir a prática de ato ilegal, arbitrário, pelo funcionário público ou que não seja de sua competência. Nesse sentido: Damásio de Jesus, Direito penal, cit., v. 4, p. 233. (6) Objeto material: É a vantagem indevida (ilícita) de natureza patrimonial, moral, sentimental, sexual etc. Em sentido contrário: Nélson Hungria, para quem a vantagem deve ser de cunho patrimonial (Comentários, cit., v. 9, p. 370). A vantagem deve ser indevida (elemento normativo do tipo), isto é, não autorizada legalmente; do contrário, o fato será atípico. Nem todo oferecimento ou promessa de vantagem por parte do particular configura o crime de corrupção ativa, como, por exemplo, as gratificações usuais de pequena monta por serviço extraordinário (não se tratando de ato contrário à lei) e pequenas doações ocasionais, como as costumeiras “Boas Festas” de Natal ou Ano-Novo. Nesse sentido: Nélson Hungria, Comentários, cit., v. 9, p. 369-370. (7) Sujeito ativo: Qualquer pessoa pode praticar o crime em estudo, inclusive o funcionário público, desde que não aja nessa qualidade. Admite-se o concurso de pessoas. (8) Sujeito passivo: O Estado, titular do bem jurídico ofendido. (9) Elemento subjetivo: É o dolo, isto é, a vontade livre e consciente de oferecer ou prometer vantagem, ciente de que ela é indevida e de que se destina a funcionário público. Exige-se também o elemento subjetivo do tipo: “para determiná-lo a praticar, omitir ou retardar ato de ofício”. (10) Consumação. Tentativa: Reputa-se o crime consumado com a simples oferta ou promessa de vantagem indevida por parte do extraneus ao funcionário público. Por não se tratar de crime bilateral, prescinde-se da aceitação da vantagem pelo funcionário público. Caso aceite, o funcionário deverá responder pelo delito de corrupção passiva. Também não é necessário que o funcionário pratique, retarde ou omita o ato de ofício de sua competência. A tentativa é possível, salvo se a oferta ou promessa for feita oralmente, pois nesse caso o delito é unissubsistente. Prisão em flagrante: O flagrante do recebimento pelo funcionário da vantagem indevida (momento em que o crime se exaure) realizado pelos policiais, cuja intervenção se deu por aviso da vítima, não induz à aplicação da Súmula 145 do STF, visto que o crime já se consumara anteriormente com a solicitação da vantagem. Logo, na espécie há flagrante esperado, mas não preparado. (11) Causa de aumento de pena (parágrafo único): “A pena é aumentada de um terço se, em razão da vantagem ou promessa, o funcionário retarda ou omite ato de ofício, ou o pratica infringindo dever funcional”. Estamos diante de uma forma majorada do crime de corrupção ativa. Aqui a conduta do funcionário vai além do recebimento da vantagem indevida, pois ele efetivamente: (a) retarda a prática do ato, isto é, desrespeita o prazo para sua execução; (b) deixa de praticar o ato, isto é, abstém-se de sua prática; (c) pratica infringindo dever funcional, isto é, a ação é contrária a seu dever de ofício. As letras a e b constituem a chamada corrupção passiva imprópria (prática de ato lícito); a letra c contém a chamada corrupção passiva própria (ato ilícito). Constituem, na realidade, hipóteses de exaurimento do crime, mas que acabam por funcionar como causa de aumento de pena. (12) Ação penal: Trata-se de crime de ação penal pública incondicionada. (13) Corrupção ativa e passiva. Bilateralidade: A corrupção, em nossa legislação, não é crime necessariamente bilateral, de forma que nem sempre a configuração da corrupção passiva dependerá do delito de corrupção ativa e vice-versa. Assim, por exemplo, o oferecimento ou a promessa de vantagem feita pelo particular ao funcionário público configura, por si só, o delito de corrupção ativa (CP, art. 333), independentemente do recebimento da vantagem ou da aceitação da promessa pelo funcionário público. (14) Corrupção ativa e concussão: Não é possível a existência concomitante de ambos. Nesse sentido: “Corrupção ativa. Prática concomitante do crime de concussão. Inocorrência. Ausência de relação de superioridade em face do administrado. Tentativa de transação entre funcionário corrupto e corruptor. Ação penal. Prosseguimento. Ordem denegada. O que caracteriza a corrupção ativa é o acordo para a venda da função pública, pouco importando quem dele teve a iniciativa, a posição paritária do particular e do funcionário, a vantagem indevida por este oferecida àquele e a retribuição do extraneus para evitar o ato de ofício legítimo que o poderia prejudicar” (TJSP, HC 341.761-3, 5ª Câmara Criminal, Rel. Des. Dante Busana, j. 8-3-2001, v.u.). (15) Distinção: Caso o agente pratique a conduta de dar, oferecer, ou prometer dinheiro ou qualquer outra vantagem a testemunha, tradutor ou intérprete, para fazer afirmação falsa, negar ou calar a verdade em depoimento, perícia, tradução ou interpretação, ainda que a oferta ou promessa não seja aceita, responderá pelo delito previsto no art. 343 do CP. (16) Competência: Vide art. 312 do CP. Lei de Lavagem de Dinheiro (1) Crime de “lavagem de dinheiro”: De acordo com o art. 1º, V, da Lei, constitui crime de “lavagem de dinheiro”, “Ocultar ou dissimular a natureza, origem, localização, disposição, movimentação ou propriedade de bens, direitos ou valores provenientes, direta ou indiretamente, de crime contra a Administração Pública, inclusivea exigência, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, de qualquer vantagem, como condição ou preço para a prática ou omissão de atos administrativos”. E, consoante o § 4º, “A pena será aumentada de um a 2/3 (dois terços), nos casos previstos nos incisos I a IV do caput, se o crime for cometido de forma habitual ou por intermédio de organização criminosa”. �PAGE � �PAGE �3�
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