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Aula 01 Teoria Geral do Processo

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TEORIA GERAL DO PROCESSO
PROF. LEONARDO ZAGO GERVÁSIO
TEORIA GERAL DO PROCESSO
Noções introdutórias à disciplina. A visão do direito sob o prisma sociológico e sua relação com a atividade processual. A tutela jurídica da sociedade. Propedêutica processual: Conflito de interesses; solução do conflito de interesses; a relação jurídica: conceito; sujeitos; objeto; ocorrência; espécies; relação jurídica e direito subjetivo.
DIREITO PROCESSUAL CIVIL:CONCEITO
“Ramo do Direito destinado precisamente à tarefa de garantir a eficácia prática e efetiva do ordenamento jurídico, instituindo órgãos públicos com a incumbência de atuar essa garantia e disciplinando as modalidades e formas da sua atividade” LIEBMAN, Enrico Túllio.
“Ramo da ciência jurídica que estuda e regulamenta o exercício, pelo Estado, da função jurisdicional” CÂMARA, Alexandre Freitas.
DIREITO PROCESSUAL CIVIL:CONCEITO
“ A teoria geral do processo, teoria do processo, teoria geral do Direito Processual, é uma disciplina jurídica dedicada, a elaboração, a organização e à articulação dos conceitos jurídicos fundamentais (lógico-jurídicos) processuais.” DIDIER JR., Fredie. Curso de Direito Processual Civil 1, Salvador/BA, 2015.
 - É ramo do Direito Público! (artigos 22 e 62 da Constituição Federal);
 - A grosso modo é instrumento de aplicação do direito material civil;
 - Hodiernamente encontra-se CONSTITUCIONALIZADO em nosso ordenamento jurídico;
 - Conjunto de Normas que disciplinam o processo jurisdicional Civil.
ORIGENS E HISTÓRICO
Obs: Tutela jurídica: consiste na proteção dada pelo direito. Quando o Estado passou a resolver os conflitos, proibiu-se a autotutela. 
O Conceito torna-se vago quando não conhecemos a história dos conflitos.
“ubi societas, ibi jus” (Onde (está) a sociedade aí (está) o direito)
CONFLITO – PRETENSÃO - LIDE
Conflitos de interesses: ocorrem quando duas ou mais pessoas tiverem interesses contrapostos sobre algo. 
Ex: Várias pessoas entendem ser donas de um imóvel....
Pretensão: É a intenção de submeter interesse(s) próprio (s) ao alheio. Ex: O sujeito busca algo na justiça, a fim de tomar algo de alguém.
Lide: É espécie de conflito de interesse degenerado, caracterizado pela pretensão de uma parte e a resistência de outra. Ex: Manejo uma ação contra X, o qual oferece Contestação.
CONFLITO – PRETENSÃO - LIDE
Equivalentes Jurisdicionais:
1) Autotutela.
2) Autocomposição: (a) Renúncia; (b) Submissão ou aceitação ou reconhecimento do pedido; (c) Transação; (d) Mediação; (e) Conciliação.
3) Heterocomposição: Arbitragem
AUTOTUTELA
AUTOTUTELA
Proibida pelo Ordenamento Jurídico. Artigo 345 CP (EAPP)
Exceções:
Guerra
Greve
- Desforço Incontinente/imediato (Posse)
Legítima defesa
Estado de Necessidade
Direito de Retenção;
- Desde que amparados jurídicamente
OUTORGA AO ESTADO: ÚNICO COMPETENTE
LEI DE TALIÃO: OLHO POR OLHO. DENTE POR DENTE
NECESSIDADE DO HOMEM EM MOSTRAR SUA FORÇA
– Artigo 345 do Código Penal
Exercício arbitrário das próprias razões
 Art. 345 - Fazer justiça pelas próprias mãos, para satisfazer pretensão, embora legítima, salvo quando a lei o permite:
Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa, além da pena correspondente à violência.
Parágrafo único - Se não há emprego de violência, somente se procede mediante queixa.
Caráter interdisciplinar do Processo Civil!!!
Em regra, o monopólio da Jurisdição (dizer o direito) pertence ao Estado, porém, a sociedade possui instrumentos de resolução de conflitos sem necessariamente:
Fazer uso de força ou violência;
 Ex: Tomar bens do devedor, por dívida 
 Fazer uso da máquina Judiciária (um dos ideais do NCPC);
 Ex: Mediação.
E quais são esses instrumentos que a Sociedade pode fazer uso?
Autocomposição: Aqui os próprios conflitantes resolvem entre si a querela. Espécies:
a) Renúncia: O demandante abdica do seu interesse em favor do outro.
b) Submissão ou aceitação ou reconhecimento do pedido: O demandado aceita ou submete-se ao interesse formulado pela outra parte.
c) Transação (famoso acordo): ocorre concessões recíprocas, ou seja, cada conflitante cede parcela do seu interesse em prol da resolução do conflito. 
Ainda sobre Autocomposição
AUTOCOMPOSIÇÃO
e) MEDIAÇÃO: O mediador, que atuará preferencialmente nos casos em que houver vínculo anterior entre as partes, auxiliará aos interessados a compreender as questões e os interesses em conflito, de modo que eles possam, pelo restabelecimento da comunicação, identificar, por si próprios, soluções consensuais que gerem benefícios mútuos. (Definição dada pelo artigo 165, § 3° do NCPC)
d) CONCILIAÇÃO: O conciliador, que atuará preferencialmente nos casos em que não houver vínculo anterior entre as partes, poderá sugerir soluções para o litígio, sendo vedada a utilização de qualquer tipo de constrangimento ou intimidação para que as partes conciliem. (Definição dada pelo artigo 165, § 2° do NCPC)
O Novo CPC preocupou-se em elevar a autocomposição ao patamar CONSTITUCIONAL, vejamos:
CAPÍTULO I
DAS NORMAS FUNDAMENTAIS DO PROCESSO CIVIL
Art. 3o Não se excluirá da apreciação jurisdicional ameaça ou lesão a direito.
(...)
§ 2o O Estado promoverá, sempre que possível, a solução consensual dos conflitos.
§ 3o A conciliação, a mediação e outros métodos de solução consensual de conflitos deverão ser estimulados por juízes, advogados, defensores públicos e membros do Ministério Público, inclusive no curso do processo judicial.
HETEROCOMPOSIÇÃO
Um terceiro impõe a sua decisão as partes conflitantes.
Arbitragem: Espécie de heterocomposição, na qual terceiro escolhido pelas partes (juiz arbitral) impõe a sua decisão as mesmas. No Brasil a arbitragem é disciplinada pela lei 9.307/96, sendo ainda pouco utilizada. A arbitragem é boa para conflitos societários e internacionais, que requerem urgência na sua composição, não podendo esperar por uma decisão judicial. A decisão arbitral denomina-se sentença arbitral. Esta não precisa ser homologada pelo judiciário. O Poder Judiciário diante de uma sentença arbitral pode fazer duas coisas: Executá-la ou anulá-la (art. 33 da lei 9.307/96). O árbitro só pode cientificar as partes da sua decisão, não podendo concretizá-la (executá-la), pois falta poder jurisdicional para tanto. A nulidade da decisão arbitral tem que ser oposta em 90 dias.
O Novo CPC preocupou-se em elevar a heterocomposição ao patamar CONSTITUCIONAL, vejamos:
CAPÍTULO I
DAS NORMAS FUNDAMENTAIS DO PROCESSO CIVIL
Art. 3o Não se excluirá da apreciação jurisdicional ameaça ou lesão a direito.
(...)
§ 1o É permitida a arbitragem, na forma da lei.
ATENÇÃO!! – Questão de Prova
A arbitragem fere o Princípio Constitucional da Inafastabilidade da Jurisdição? NÃO, porque a arbitragem é facultativa, sendo realizada por pessoas capazes e versando sobre direitos disponíveis. Portanto, não há qualquer imposição para a utilização da arbitragem.
Tem-se reconhecido de forma acertada a abusividade da convenção de arbitragem nos contratos de adesão nas relações de consumo. Mas, por certo e justo a justiça poderá anular tal decisão.
JURISPRUDÊNCIA
APELAÇÃO CÍVEL - AÇÃO DE INDENIZAÇÃO - RELAÇÃO DE CONSUMO - CONTRATO DE ADESÃO - CLÁUSULA COMPROMISSÓRIA DE ARBITRAGEM - NULIDADE. - É nula de pleno direito a cláusula contratual que prevê arbitragem compulsória em contrato de adesão. (TJ-MG - AC: 10024122492044001 MG, Relator: Valdez Leite Machado, Data de Julgamento: 03/04/2014, Câmaras Cíveis / 14ª CÂMARA CÍVEL, Data de Publicação: 11/04/2014).
COMPRA E VENDA DE IMÓVEL. CONTRATO DE ADESÃO. CLÁUSULA COMPROMISSÓRIA DE ARBITRAGEM. VEDAÇÃO LEGAL PREVISTA NO ART. 51, VII DO CDC. SENTENÇA NULA. CAUSA MADURA. APLICABILIDADE DO ART. 515, § 3º DO CPC. CUSTAS RECURSAIS. PAGAMENTO. JUSTIÇA GRATUITA. DESNECESSIDADE. CLÁUSULA DE CONSTITUIÇÃO DE GARANTIA FIDUCIÁRIA. NÃO ABUSIVIDADE. DANOS MATERIAIS E MORAIS. NÃO CONFIGURAÇÃO. SUCUMBÊNCIA MANTIDA. (TJ-PE - APL: 2005972 PE, Relator: Alberto Nogueira Virgínio,Data de Julgamento: 08/04/2015, 2ª Câmara Cível, Data de Publicação: 28/04/2015)
– Artigo 51 Código de Defesa do Consumidor
SEÇÃO II
Das Cláusulas Abusivas
        Art. 51. São nulas de pleno direito, entre outras, as cláusulas contratuais relativas ao fornecimento de produtos e serviços que:
(...)
   VII - determinem a utilização compulsória de arbitragem;
 Caráter interdisciplinar do Processo Civil!!!
## Atenção!!
# A Arbitragem é permitida. Na forma da lei;
# É forma de Heterocomposição de Conflitos;
# Com o NCPC foi Constitucionalizada (elevada ao patamar constitucional);
E COMO NASCE A ARBITRAGEM?
A arbitragem nasce de um negócio jurídico denominado Convenção de Arbitragem. Há duas espécies de convenção de arbitragem: a) Cláusula compromissória: As partes afirmam que qualquer conflito futuro será resolvido por arbitragem. A cláusula é prévia e abstrata. O juiz pode conhecer de ofício da cláusula compromissória e nesse caso extinguir o processo sem resolução do mérito; b) Compromisso arbitral: É firmada posteriormente ao conflito, pois este já existe e as parte acordam resolvê-lo por arbitragem. É preciso que as partes provoquem para que o juiz possa conhecer o compromisso arbitral.
Muito utilizada em grandes negócios jurídicos, grandes contratos, principalmente entre conglomerados empresariais, fusões e aquisições.
CARACTERÍSTICAS DA ARBITRAGEM
1- Celeridade: O processo “deve” ser rápido...
2- Informalidade do Procedimento: Processo aqui é informal, mas que respeito os Dtos básicos.
3- Confidencialidade: Processo é confidencial.
4- Confiabilidade: Arbitragem, a priori, é confiável e justa.
5- Especialidade: Especialização por escolha das partes.
6- Flexibilidade: Aqui entra as possibilidades de resolver os problemas e contendas.
JUÍZO ARBITRAL
Qualquer pessoa física pode ser juiz arbitral, desde que capaz e possua especialidade sobre área do conhecimento capaz de solucionar o conflito. Pode ser escolhido um ou mais de um juiz arbitral. Se for mais de um, preferencialmente, número ímpar. Se as partes escolherem um número par, os escolhidos devem eleger outro juiz, formando um número ímpar. Pode ser escolhidos suplentes. 
O juiz arbitral é equiparado a funcionário público para fins penais. O juiz arbitral está submetido as causas de impedimento e de suspeição. Será escolhido o presidente do tribunal arbitral, quando as partes escolherem mais de um juiz. Os escolhidos elegem o presidente, não havendo consenso será o mais idoso.
SENTENÇA ARBITRAL
A sentença arbitral possui o mesmo peso ou importância de uma sentença judicial. Por isso, não necessita de homologação do poder judiciário e é considerada TITULO EXECUTIVO JUDICIAL. Ademais, a sentença arbitral é irrecorrível. Possui requisitos: 1) Relatório; 2) Fundamentação; 3) Dispositivo; 4) Data, local, ano e assinatura. Nulidade: art. 32 e 33 da lei 9307/96. 
TITULO EXECUTIVO JUDICIAL: É tudo aquilo que se pode exigir seu cumprimento. Vocês irão estudar uma cadeira exclusiva sobre isso “PROCESSO DE EXECUÇÃO”. Por hora, digamos que um título executivo é uma “carta de direitos” um documento em que seu direito já foi declarado e que com esse documento, o titular do direito pode exigir seu cumprimento. Dividem-se em títulos executivos judiciais (ex: sentença) e títulos executivos extrajudiciais (ex: cheque).

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