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Revogação de prisão preventiva

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Excelentíssimo(a) Senhor(a) Doutora(a) Juiz(a) da __ Vara Criminal da Comarca de Santos – SP
Processo nº ______
MARIANO (nome completo), já qualificado nos autos em epígrafe, representado por advogado (procuração anexa), vem perante Vossa Excelência, com base no artigo 5, incisos LVII e LXVII da Constituição Federal e artigos 316 e 321 do Código de Processo Penal, requerer
REVOGAÇÃO DE PRISÃO PREVENTIVA
DOS FATOS
Em _/_/_, o requerente foi em preso em flagrante delito pela Corregedoria de Polícia Civil por ter supostamente praticado o crime de concussão ao exigir de um comerciante de automóveis quantia em dinheiro para não conduzi-lo a delegacia, sob a alegação de que alguns veículos que se encontravam na loja estavam sem a documentação devida (fls._). Em razão da pena máxima ser superior a 4 anos, a autoridade policial deixou de arbitrar fiança.
No interrogatório, negou as acusações que lhe foram imputadas e afirmou que apenas estava investigando uma denúncia anônima de que o negociante guardava em seu estabelecimento, carros e peças provenientes de furto de veículos e que a suposta vitima tentou lhe subornar para que a averiguação fosse finalizada (fls._).
Já o ofendido relatou que o requerente esteve mais de uma vez em seu local de trabalho e que após análise de documentos, lhe foi exigido valor em dinheiro para que a investigação não fosse aberta (fls _).
Posteriormente ao ocorrido, a autoridade policial entregou nota de culpa (fls._) ao requerente e comunicou a prisão em flagrante ao juízo competente dentro do prazo legal de 24 horas.
Este(a) magistrado(a) reconheceu a legalidade da prisão e a converteu em preventiva, sob as alegações de garantia da ordem pública, conveniência da instrução criminal e aplicação da lei penal. Ao final, expressou também em sua decisão (fls._) que como a pena da transgressão aludida é superior a 4 anos, estão presentes os requisitos necessários para a decretação de prisão preventiva.
Em que pese o entendimento de Vossa Excelência, a prisão preventiva deverá ser revogada em razão dos fundamentos expostos adiante.
DO DIREITO
1 – DA AUSÊNCIA DOS MOTIVOS QUE AUTORIZAM A PRISÃO PREVENTIVA
Nos termos do caput do artigo 312 do Código de Processo Penal, poderá ser determinada a prisão preventiva quando o agente representar risco a garantia da ordem econômica e pública, a aplicação da lei penal e a conveniência da instrução criminal.
Art. 312.  A prisão preventiva poderá ser decretada como garantia da ordem pública, da ordem econômica, por conveniência da instrução criminal, ou para assegurar a aplicação da lei penal, quando houver prova da existência do crime e indício suficiente de autoria.
Ora, o requerente reside na cidade de Santos – SP há mais de 20 anos e é servidor público estadual, bem como não possui quaisquer antecedentes criminais.
Entretanto, ao decretar a prisão cautelar, Vossa Excelência limitou-se a os motivos previstos no artigo supradito genericamente, não mencionando o porquê o requerente apresenta tal perigo as mesmas, portanto, carecendo de idoneidade a decisão de conversão da prisão em flagrante. No que diz respeito a gravidade do delito, ainda que a pena da conduta atribuída ao requerente seja superior a 4 anos, a simples alusão abstrata a esta condição sem a devida atenção as especificidades do caso concreto também não caracterizam fundamentação adequada.
Isto posto, nota-se evidente a infração aos artigos 283, caput e 315 do Código de Processo Penal e ao inciso LXI do artigo 5 da Constituição, ipsis litteris.
Art. 283.  Ninguém poderá ser preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada da autoridade judiciária competente, em decorrência de sentença condenatória transitada em julgado ou, no curso da investigação ou do processo, em virtude de prisão temporária ou prisão preventiva.
Art. 315.  A decisão que decretar, substituir ou denegar a prisão preventiva será sempre motivada.
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:  
LXI - ninguém será preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada de autoridade judiciária competente, salvo nos casos de transgressão militar ou crime propriamente militar, definidos em lei.
Desta forma, considera o Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo sobre esta questão.
PRISÃO PREVENTIVA. Ausência das hipóteses previstas no art. 312 do CPP. Gravidade abstrata do delito. Insuficiência. Fundamentação inidônea. Constrangimento ilegal. Ocorrência. – A manutenção ou não da custódia cautelar deve levar em conta a necessidade da medida, em face dos fundamentos estampados Fno art. 312 do CPP, sendo insuficiente para tanto a gravidade abstrata do delito, assim, sem elementos concretos para a manutenção da prisão, de rigor o deferimento da liberdade provisória. (TJSP;  Habeas Corpus Criminal 0001284-82.2019.8.26.0000; Relator (a): João Morenghi; Órgão Julgador: 12ª Câmara de Direito Criminal; Foro Plantão - 13ª CJ - Araraquara - Vara Plantão - Araraquara; Data do Julgamento: 27/02/2019; Data de Registro: 28/02/2019) (grifos meus)
HABEAS CORPUS com pedido liminar. Suposta prática de homicídio qualificado. Pleito de concessão da liberdade provisória, por entender desnecessário o cárcere cautelar. Sustenta irregularidade na prisão em flagrante, bem como ausência de fundamentação idônea na decisão que decretou a prisão preventiva, supostamente por ser lastreada tão-só na gravidade abstrata do delito. Alega ser primário, com residência fixa e ocupação lícita. Paciente que permaneceu solto durante a instrução criminal. Ausência de fato novo que justificasse ou indicasse a presença dos requisitos do art. 312 do Código de Processo Penal. Direito de aguardar o julgamento do recurso em liberdade. Possibilidade. Ordem concedida. (TJSP;  Habeas Corpus Criminal 2243826-34.2018.8.26.0000; Relator (a): Andrade Sampaio; Órgão Julgador: 9ª Câmara de Direito Criminal; Foro de Sertãozinho - 1ª Vara Criminal; Data do Julgamento: 07/02/2019; Data de Registro: 20/02/2019) (grifo meu)
Por fim, ressalta-se que a revogação da prisão do requerente não trará qualquer prejuízo a futuro inquérito policial que venha a ser instaurado ou até mesmo a eventual processo criminal em seu desfavor, já que podem ser aplicadas medidas cautelares diversas da prisão ou mesmo ser decretado novo cárcere provisório se verificadas novas condições que o justifiquem.
Art. 316. O juiz poderá revogar a prisão preventiva se, no correr do processo, verificar a falta de motivo para que subsista, bem como de novo decretá-la, se sobrevierem razões que a justifiquem.
             
Art. 321.  Ausentes os requisitos que autorizam a decretação da prisão preventiva, o juiz deverá conceder liberdade provisória, impondo, se for o caso, as medidas cautelares previstas no art. 319 deste Código e observados os critérios constantes do art. 282 deste Código
2 – DA DESPROPORCIONALIDADE DA MEDIDA CAUTELAR
Em face do presente cenário, a prisão preventiva imposta ao requerente mostra-se desproporcional.
A única circunstância que pesa contra o peticionário são as alegações do comerciante, as quais foram negadas em sede de interrogatório policial. Há de se notar também, a falta de outros elementos que corroborem a versão do empreendedor, posto que este afirma que o requerente esteve mais de uma vez em seu local de trabalho, porém, não apresentou qualquer testemunha que corroborasse seus relatos.
Pertinente salientar que na situação narrada não houve violência ou grave ameaça contra o suposto ofendido e que na hipótese de eventual condenação, a pena máxima cominada ao crime que lhe é irrogado não permite o inicio da execução em regime fechado.
Concussão
Art. 316 - Exigir, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antesde assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida:
Pena – reclusão, de dois a oito anos, e multa
Art. 33 – A pena de reclusão deve ser cumprida em regime fechado, semi-aberto ou aberto. A de detenção, em regime semi-aberto, ou aberto, salvo necessidade de transferência a regime fechado.
§ 2º - As penas privativas de liberdade deverão ser executadas em forma progressiva, segundo o mérito do condenado, observados os seguintes critérios e ressalvadas as hipóteses de transferência a regime mais rigoroso:
b) o condenado não reincidente, cuja pena seja superior a 4 (quatro) anos e não exceda a 8 (oito), poderá, desde o princípio, cumpri-la em regime semi-aberto
Evidenciada a falta de necessidade da prisão preventiva e a ausência do fumus comissi delicti e periculum libertatis, deverá o réu ter a restrição de sua liberdade encerrada.
3 – DA PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA
Conforme preceitua o inciso LVII do artigo 5 da Carta Magna, ninguém será considerado culpado até que transite em julgado sentença penal condenatória.
Consagrado o princípio da presunção de inocência no texto constitucional, faz-se imperiosa que a revogação da prisão preventiva do requerente, sob pena de violação de um dos direitos basilares do cidadão que é a liberdade de ir e vir assim como do inciso LXVI do artigo 5 da Lei Maior.
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:  
LXVI - ninguém será levado à prisão ou nela mantido, quando a lei admitir a liberdade provisória, com ou sem fiança.
  
DOS PEDIDOS
Diante do exposto, requer-se de Vossa Excelência:
1 – Revogação da prisão preventiva, tendo em vista a ausência dos pressupostos do artigo 312 do Código de Processo Penal, e a expedição do alvará de soltura;
2 – Todavia, no caso de entendimento diverso por parte deste Juízo, pugna o requerente pela aplicação de uma das medidas cautelares previstas no artigo 319 do diploma processual penal em substituição a prisão preventiva.
Termos em que
P. deferimento
Local e data
Nome do advogado
OAB nº
Assinatura

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