FILOSOFIA: A Justiça e o bem comum

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A justiça e o bem comum
Campanhas, mentiras e lealdades duradouras
A mentira e a imagem para o eleitor
Um dos capítulos que marcaram as primeiras eleições pós-ditadura ocorreu em São Paulo. Favorita em todas as pesquisas de intenção de voto, a candidatura de Fernando Henrique começou a degringolar. Seus jingles adaptavam músicas como Vai Passar, de Chico Buarque,Baile dos Passarinhos e Parabéns a Você:
Jânio Quadros (falecido expresidente), acusava FHC de conhecer mais intimamente os subúrbios de Paris do que a periferia de São Paulo. Ele explorou à exaustão uma resposta infeliz do sociólogo durante um debate na TV. O jornalista Boris Casoy perguntou-lhe se acreditava em Deus. Desconcertado, Fernando Henrique balbuciou que, conforme o combinado, a pergunta não seria feita. (Veja 2 outubro de 2010)
A resposta de FHC foi na ocasião: “Eu respeito a religião do povo, as várias religiões do povo, automaticamente estou abrindo uma chance para a crença em Deus.” A resposta evasiva não convenceu e ficou famosa a sua falta de posição quanto a suas “lealdades duradouras”, ou seja, convicções religiosas, filosóficas ou morais sem as quais uma pessoa não se imagina (Sandel 2011, 309).
O fantasma do ateísmo no qual o eleitor desconfia, provocou uma súbita conversão do Serra ao fundamentalismo cristão – um “neo-carolismo” (Conversa afiada, 15 de outubro de 2010).
Com Dilma não foi diferente. Em entrevista a Datena, Dilma já havia chamado Nossa Senhora de “deusa”, inaugurando o politeísmo cristão! Na sabatina promovida pela Folha, em 2007 ela responde:
Eu não acho que a gente pode achar que só existe o… aquele seu Deus, entende? Eu acho que você tem de ter, assim, uma abertura para contemplar todas as possibilidades (…) Eu me equilibro nessa questão: ‘Será que há [Deus], será que não há?”
A dificuldade em assumir, quando claramente é o caso de Dilma e de FHC, declarados ateístas do passado, e de Serra, agnóstico convicto, parece residir no fato de que não se pode separar a identidade de homem público daquela de cidadão comum e mesmo de ser humano com suas crenças e devoções. As lealdades duradouras influenciam sim na plataforma política de um candidato e, mais ainda, de um partido.
Nesta esteira Obama declarou em 2004:
“Os secularistas estão errados quando pedem aos crentes que deixem a sua religião à porta antes de entrar na vida pública… Dizer que os homens e mulheres não devem trazer a sua “moral pessoal” para o debate público é um absurdo. A nossa lei é, por definição, a codificação da moralidade, muita da qual fundada na tradição judaico-cristã”.
Hoje sabemos que Obama não é tão propenso a valorizar a liberdade religiosa. Obama e os seus subordinado têm imposto uma agenda secularista e têm-se esforçado por “fazer do Governo o árbitro da moralidade e subordinar a liberdade religiosa à coerção governamental”. Seguem alguns exemplos que apontam para esse fato...
  A Administração de Obama disse em Fevereiro de 2011 que iam ser eliminadas as objecções de consciência para médicos e enfermeiros pró-vida que trabalham em hospitais com financiamento público.
O Departamento de Segurança Interna (DOHS) publicou um relatório absurdo que argumenta que os pró-vida poderiam ser uma ameaça séria à Segurança Nacional. Os pró-vida são potenciais terroristas porque o DOHS considera-os extremistas anti-Governo dedicados a uma só causa.
O convite ao reverendo Franklin Graham para falar no Dia Nacional da Oração no Pentágono foi cancelada porque o movimento esquerdista Military Religious Freedom Foundation o catalogou, falsamente, como islamófobo. Graham, que explicou à CNN que a acusação era absurda e que, embora não concordasse com todos os ensinamentos, não desejava qualquer mal aos muçulmanos, foi insultado publicamente pelo porta-voz do Pentágono.
 O Centro Médico Walter Reid ordenou que “Itens religiosos (como por exemplo Bíblias e material de leitura) não podem ser oferecidos ou usados nas visitas”. O regulamento foi abandonado depois da reacção negativa por parte do público.
A Academia da Força Aérea deixou de participar na Operação Presente de Natal, uma caridade que distribuía mais de oito milhões de pequenos presentes a crianças pobres em mais de 100 países. A razão invocada foi: “Uma mensagem cristã evangélica estava incluída nas caixas”.
A intervenção do Estado em temas privados, como se vê, não é algo que os governantes quertem abrir mão depois do pleito
No Brasil, com o uso de dinheiro público são fornecidas nas escolas primárias e médias, cartilhas com conteúdo polêmico. Para evitar conceitos religiosos fala-se em "ajuda" e nunca em "salvação". Cartilhas ensinando a reduzir danos no uso de Crack também são objeto de repúdio por parte de parcela da sociedade.
Enfrentamento do problema
John Rawls diz que devemos nos ater à razão pública quando tratamos da coisa pública e que o estado deve intervir minimamente.
Esta é uma versão do Liberalismo. O que se pretende é deixar de fora as lealdades duradouras, mas também as ideologias.
O que é ideologia?
Termo cunhado primeiramente como um estudo de ideias e sensações, passa a ter um significado negativo depois que Napoleão usa para designar a atividade de seus opositores teóricos. Hoje significa qualquer espécie de análise filosófica, mas uma doutrina mais ou menos destituída de validade objetiva, porém mantida pelos interesses claros ou ocultos daqueles que a utilizam.
Segundo Rawls, para sabermos se estamos seguindo a razão pública, devemos nos perguntar: como veríamos nosso argumento se ele nos fosse apresentado como opinião da Suprema Corte?
Objeção de consciência
Razão pública X Objeção de consciência
Objeção de consciência significa que ninguém legalmente pode ser obrigado a fazer algo contra a consciência, especialmente ferindo seus valores morais e espirituais.
A ministra Eleonora Menicucci, da Secretaria de Políticas para Mulheres, criticou a falta de médicos nos serviços que fazem aborto legal no País, noticiou o Jornal “O Estado de São Paulo”, em 15/3/2012.
Disse a ministra que: “É preciso que esses serviços coloquem outra pessoa no lugar”.
Que “se coloque outra pessoa no lugar”, mas que o médico que não aceite fazer o aborto não seja punido ou prejudicado.
Razão pública
Parece que a teoria de Rawls conclama a todos a fazerem uma ascética separação entre razão pública e convicções privadas, de sorte que, fosse possível ao médico deixar de lado de fora do exercício de sua profissão suas convicções morais. Isso pode ser difícil para alguns e impossível para outros.
Talvez não exista argumento neutro em seu estado puro!
Outros exemplos
Em universidades os professores são obrigados, por lei, a aplicar provas de Vestibular em dia que não seja o sábado, para os fiéis “Adventistas de Sétimo Dia”, ou judeus cuja fé não lhes permite realizar exames no sábado. A merenda escolar deve oferecer alternativas à carne suína para alunos muçulmanos e judeus que não comem tais carnes.
Talvez para o critério da razão pública esses alunos tenham que "esquecer" que são professos dessas religiões e culturas.
e no caso dos muçulmanos que permitem casamentos com mais de uma esposa? Também aí deveriam estes esquecer sua pertença a essa cultura?
O Islã tem a sexta como dia do Senhor, os Judeus o Sabah e os Cristãos o domingo. É preciso conciliar.
Justiça e reconhecimento
A Fundação da Memória Republicana, que abriga o Memorial José Sarney, é o mais ambicioso e completo de todos os memoriais. Tem até espaço reservado para o seu mausoléu. Conta com uma biblioteca de 40 mil títulos, as agendas diárias de compromissos no Palácio do Planalto durante 5 anos de governo, 70 mil recortes de reportagens de jornais e revistas da época, todos os despachos do então presidente, os pronunciamentos televisivos e todos os presentes recebidos enquanto ele ocupava a Presidência. 
O deputado federal José Genoino (PT-SP) pediu à Câmara aposentadoria por invalidez. A solicitação deverá ser avaliada por uma junta médica da Casa que ainda não tem prazo para
dar um laudo definitivo sobre o caso.
O pedido foi encaminhado na quarta-feira (4) ao Departamento Pessoal da Câmara. Caso a junta médica conceda a aposentadoria, o petista deverá receber integralmente o atual salário de R$ 26.723,13.
Convidado para participar de um almoço com os acadêmicos em celebração aos 110 anos de nascimento de José Lins do Rego, flamenguista histórico, o atleta recebeu a medalha Machado de Assis, a máxima honraria da ABL.
Na mesa do Palácio Petit Trianon, foi identificado como "Doutor Ronaldinho".
Ele é o primeiro jogador em atividade a receber a medalha. O técnico Vanderlei Luxemburgo também ganhou a peça no almoço. Em 2010, Joel Santana, então no Botafogo, também ganhou a medalha.
Virtude cívica, comprometimento moral
O auxílio-reclusão é um benefício devido aos dependentes do segurado recolhido à prisão, durante o período em que estiver preso sob regime fechado ou semiaberto. Não cabe concessão de auxílio-reclusão aos dependentes do segurado que estiver em livramento condicional ou cumprindo pena em regime aberto. Valor: 971,78 (retroativo a 2009 http://www.previdencia.gov.br/conteudoDinamico.php?id=22)
http://www.cremesp.com/?siteAcao=Jornal&id=1569
Quando o Hospital do Servidor (Iamspe) abre vagas para contratação de novos médicos, não consegue preenchê-las em função do péssimo salário. Eles irão ganhar R$ 1.910,00 ao longo de 30 anos, por isso não se preenchem as vagas. Em função disso, os que já estão lá acabam assumindo mais responsabilidades para suprir as necessidades de atendimento.  
Desigualdade, solidariedade
"Uma política de engajamento moral não é apenas um ideal mais inspirador do que uma política que se esquiva do debate. Ela é também uma base mais promissora para uma sociedade mais justa" (Sandel 2011, 330)