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JURIDICA AV11507230

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Coletânea de textos I
Caros alunos e alunas: Esta coletânea de textos aborda conteúdos desenvolvidos ao longo das primeiras aulas (até a primeira avaliação/AV1, prevista para o dia 27/4). Trata-se de um material de apoio que está articulado com os planos de aula e com o material didático. Assim, convido cada um de vocês a ler e, especialmente, analisar os textos propostos. Espero, portanto, que esta análise promova reflexões que potencializem novos saberes e horizontes!
IMPORTANTE: O conteúdo proposto para cada encontro segue o respectivo Plano de Aula (PA)inserido no SIA. Além do material didático (aulas slides e indicações de capítulos do livro didático), o aluno deverá consultar (e estudar!) os textos indicados neste material de apoio. 
História da Psicologia Jurídica e da Psicologia do testemunho aos dias atuaisCódigo de ética: laudo e parecer. Áreas de atuação do psicólogo jurídico.
(Planos de Aula: 1, 2 e 3)[2: Os principais aspectos abordados foram extraídos dos planos de aula 1, 2 e 3 (SIA) ]
Caracterização:A psicologia jurídica é uma especialização que psicólogos, regulamentada pela resolução 014/00 do Conselho Federal de Psicologia em 20 de dezembro de 2000. 
- Constitui um conjunto de práticas e saberes sistematizados que se relacionam com o conhecimentose práticas produzido pelo Direito, incorrendo numa interseção. Portanto há um diálogo, uma interação. Tal processo de interação também inclui o diálogo com outros saberes como da Sociologia, Criminologia, entre outros.
Psicologia: SER --------- Direito: DEVER-ser
Complementaridade. Interlocução. Interseção
As questões humanas tratadas no âmbito do Direito e do judiciário são das mais complexas. Nesse cenário, o que está em questão “é como as leis que regem o convívio dos homens e das mulheres de uma dada sociedade podem facilitar a resolução de conflitos. Aqueles que têm alguma experiência na área se dão conta que as questões não são meramente burocráticas ou processuais. Elas revelam situações delicadas, difíceis e dolorosas” (LEAL, 2008). A referida autora, expõe alguns exemplo dos motivos pelos quais as pessoas recorrem ao judiciário: “pais que disputam a guarda de seus filhos ou que reivindicam direito de visitação, pois não conseguem fazer um acordo amigável com o pai ou a mãe de seu filho; maus-tratos e violência sexual contra criança, praticado por um dos pais ou pelo(a) companheiro(a) deste; casais que anseiam adotar uma criança por terem dificuldades de gerar filhos; pais que adotam e não ficam satisfeitos com o comportamento da criança e a devolvem ao Juizado; jovens que se envolvem com drogas/tráfico, ou, passam a ter outros comportamentos que transgridam a lei, e seus pais não sabem como fazer para ajudá-los uma vez que não contam com o apoio de outras instituições do Estado (de educação e de saúde, por exemplo)”.
1.1 História da Psicologia Jurídica: Ao realizar uma análise histórica da psicologia e o direito, podemos começar com o final do século XIX, com o que se denomina psicologia do testemunho. 
O que é a psicologia do testemunho? A psicologia do testemunho, na sua evolução histórica, inicialmente era considerada a verificação, através do estudo experimental dos processos psicológicos, a fidedignidade do relato do sujeito envolvido em um processo jurídico.
Esta fase inicial foi muito influenciada pelo ideário positivista, importante nesta época, que privilegiava o método científico empregado pelas ciências naturais, enfatizando uma prática profissional voltada para a perícia, exame criminológico e laudos psicológicos baseados no psicodiagnóstico.
Segundo Rauter (1994) esses pareceres e exames, serviam para instruir processos de livramento condicional e outros institutos ligados à execução das penas, porém, como informa a autora a maior parte do conteúdo destes laudos era bastante preconceituosa, bem estigmatizante, e nada tinha de científico.
Os laudos repetiam os preconceitos que a sociedade já tem com relação ao criminoso, com relação a alguém que vai para a prisão.
1.1. Psicologia Jurídica no Brasil (aspectos principais): Sobre o vídeo indicado: Este vídeo percorre a história da Psicologia Jurídica em São Paulo, desde as primeiras atuações na década de 1930 em instituições como o Instituto de Biotipologia Criminal, até se estabelecer como um campo definido de saber e uma especialidade da Psicologia. O psicólogo jurídico trabalha na interface da Psicologia com asáreas do Direito e da Justiça, basicamente nas Varas da Infância e Juventude, Varas da Família e Sucessões, no Sistema Penitenciário e como perito em ações cíveis e criminais. Com depoimentos dos psicólogos jurídicos Alvino de Sá, Dayse Bernardi, Fátima França e Sidney Shine, e material de pesquisa histórica, o vídeo percorre estas áreas de atuação, trazendo temas históricos, como a promulgação do ECA e suas implicações, e problematiza questões atuais, como, por exemplo, a abordagem da criminologia crítica. Atualmente, a Psicologia tem uma importante presença profissional, intelectual e política tanto em questões relacionadas à criminalidade e sistema penitenciário como naquelas relativas à infância, à adolescência e à família. O psicólogo atua participando inclusive do debate e da formulação nacional de políticas, campanhas educacionais e leis. A presença do psicólogo nestas áreas é considerada indispensável, não se restringindo à atividade avaliativa e pericial.
 - Principais características:
- Na década de 1960 - com o reconhecimento da profissão, novas atribuições e práticas foram se incorporando à Psicologia, principalmente em interface com outras Ciências e saberes. 
- Décadas de 1970 e 1980: primeiros registros de trabalhos de psicólogos em instituições de Justiça no Brasil (perícia terceirizada). 
OBS: No Brasil, nos anos 80, intensificou-se uma discussão importante sobre a cidadania e os direitos humanos impulsionada pela votação da nova Constituição brasileira. Esta Constituição Federal viria a interferir de forma absoluta na prática psicológica junto aos tribunais. Tal prática evolui junto da legislação pátria.
- 1985: 1º Concurso público em São Paulo. Início da Década de 90: luta dos psicólogos para criação do cargo junto ao Poder Judiciário.2000: Título de Especialista em Psicologia Jurídica pelo CFP: atividades relacionadas ao contexto das organizações de Justiça, incluindo organizações que integram os poderes Judiciário, Executivo e o Ministério Público.
Psicologia Jurídica, Forense ou Criminal? O termo Psicologia Jurídica é uma denominação genérica das aplicações da Psicologia relacionadas às práticas jurídicas, enquanto Psicologia Criminal, Psicologia Forense e Psicologia Judiciária são especificidades aí reconhecíveis e discrimináveis. O acadêmico que produz um artigo discutindo as interfaces entre a Psicologia e o Direito; o psicólogo assistente técnico que questiona as conclusões de um estudo psicológico elaborado por um psicólogo judiciário; como também o psicólogo judiciário que elabora uma dissertação de mestrado a partir de sua prática cotidiana no Foro, todos são praticantes da Psicologia Jurídica. 
Por exemplo, ao atuar no âmbito da Psicologia Jurídica, o profissional de psicologia coloca seus conhecimentos à disposição do juiz (que irá exercer a função julgadora), assessorando- o em aspectos relevantes para determinadas ações judiciais, trazendo aos autos uma realidade psicológica dos agentes envolvidos que ultrapassa a literalidade da lei, e que de outra forma não chegaria ao conhecimento do julgador por se tratar de um trabalho que vai além da mera exposição dos fatos; trata-se de uma análise aprofundada do contexto em que essas pessoas que acorreram ao Judiciário (agentes) estão inseridas. Essa análise inclui aspectos conscientes e inconscientes, verbais e não verbais, autênticos e não autênticos, individualizados e grupais, que mobilizam os indivíduos às condutas humanas. 
A Psicologia Forense corresponde a toda aplicação do saber psicológico realizada sobre uma situação que sesabe estar (ou estará) sob apreciação judicial, ou seja, a toda a Psicologia aplicada no âmbito de um processo ou procedimento em andamento no Foro (ou realizada vislumbrando tal objetivo). Incluem as intervenções exercidas pelo psicólogo criminal, pelo psicólogo judiciário, acrescidas daquelas realizadas pelo psicólogo assistente técnico. 
A Psicologia Criminal é um subconjunto da Psicologia Forense e, segundo Bruno (1967), estuda as condições psíquicas do criminoso e o modo pelo qual nele se origina e se processa a ação criminosa. Seu campo de atuação abrange a Psicologia do delinquente, a Psicologia do delito e a Psicologia das testemunhas. 
A Psicologia Judiciária também é um subconjunto da Psicologia Forense e corresponde a toda prática psicológica realizada a mando e a serviço da justiça. É aqui que se exerce a função pericial. A Psicologia Judiciária está contida na Psicologia Forense, que está contida na Psicologia Jurídica. A Psicologia Judiciária corresponde à prática profissional do psicólogo judiciário, sendo que toda ela ocorre sob imediata subordinação à autoridade judiciária. 
A PSICOLOGIA JURÍDICA ABRANGE AS SEGUINTES ÁREAS DE ATUAÇÃO: 
Psicologia Jurídica e as Questões da Infância e Juventude (adoção, conselho tutelar, criança e adolescente em situação de risco, intervenção junto a crianças abrigadas, infração e medidas sócio educativas); Psicologia Jurídica e o Direito de Família (separação, paternidade, disputa de guarda, acompanhamento de visitas); Psicologia Jurídica e Direito Civil (interdições, indenizações, dano psíquico); Psicologia Jurídica do Trabalho (acidente de trabalho, indenizações, dano psíquico); Psicologia Jurídica e o Direito Penal (perícia, insanidade mental e crime, delinquência); Psicologia Judicial ou do Testemunho (estudo do testemunho, falsas memórias); Psicologia Penitenciária (penas alternativas, intervenção junto ao recluso, egressos, trabalho com agentes de segurança); Psicologia Policial e das Forças Armadas (seleção e formação da polícia civil e militar, atendimento psicológico); Mediação (mediador nas questões de Direito de Família e Penal); Psicologia Jurídica e Direitos Humanos (defesa e promoção dos Direitos Humanos); Proteção a Testemunhas (existem no Brasil programas de Apoio e Proteção a Testemunhas); Formação e Atendimento aos Juízes e Promotores (avaliação psicológica na seleção de juízes e promotores, consultoria e atendimento psicológico aos juízes e promotores); Vitimologia (violência doméstica, atendimento a vítimas de violência e seus familiares) e Autópsia Psicológica (avaliação de características psicológicas de uma pessoa já falecida mediante informações de terceiros e de análise de documentos).
Principais atribuições do psicólogo jurídico, segundo o Conselho Federal de Psicologia: 
(1)Colabora no planejamento e execução de políticas de cidadania, direitos humanos e prevenção da violência, centrando sua atuação na orientação do dado psicológico repassado não só para os juristas como também aos indivíduos que carecem de tal intervenção, para possibilitar a avaliação das características de personalidade e fornecer subsídios ao processo judicial, além de contribuir para a formulação, revisão e interpretação das leis. (2) Avalia as condições intelectuais e emocionais de crianças, adolescentes e adultos em conexão com processos jurídicos, seja por deficiência mental e insanidade, testamentos contestados, aceitação em lares adotivos, posse e guarda de crianças, aplicando métodos e técnicas psicológicas e/ou de psicometria, para determinar a responsabilidade legal por atos criminosos.
(3) Atua como perito judicial nas varas cíveis, criminais, Justiça do Trabalho, da família, da criança e do adolescente, elaborando laudos, pareceres e perícias, para serem anexados aos processos, a fim de realizar atendimento e orientação a crianças, adolescentes, detentos e seus familiares; (4) Orienta a administração e os colegiados do sistema penitenciário sob o ponto de vista psicológico, usando métodos e técnicas adequados, para estabelecer tarefas educativas e profissionais que os internos possam exercer nos estabelecimentos penais; realiza atendimento psicológico a indivíduos que buscam a Vara de Família, fazendo diagnósticos e usando terapêuticas próprias, para organizar e resolver questões levantadas; participa de audiência, prestando informações, para esclarecer aspectos técnicos em psicologia a leigos ou leitores do trabalho pericial psicológico;
(5) Atua em pesquisas e programas socioeducativos e de prevenção à violência, construindo ou adaptando instrumentos de investigação psicológica, para atender às necessidades de crianças e adolescentes em situação de risco, abandonados ou infratores;(6) Elabora petições sempre que solicitar alguma providência ou haja necessidade de comunicar-se com o juiz durante a execução de perícias, para serem juntadas aos processos;(7) Realiza avaliação das características da personalidade, através de triagem psicológica, avaliação de periculosidade e outros exames psicológicos no sistema penitenciário, para os casos de pedidos de benefícios, tais como transferência para estabelecimento semiaberto, livramento condicional e/ou outros semelhantes.(8) Assessora a administração penal na formulação de políticas penais e no treinamento de pessoal para aplicá-las.
(9) Realiza pesquisa visando à construção e ampliação do conhecimento psicológico aplicado ao campo do direito. (10) Realiza orientação psicológica a casais antes da entrada nupcial da petição, assim como das audiências de conciliação. (11)Desenvolve atendimento a crianças envolvidas em situações que chegam às instituições de direito, visando à preservação de sua saúde mental.
(12) Auxilia juizados na avaliação e assistência psicológica de menores e seus familiares, bem como assessorá-los no encaminhamento a terapia psicológica quando necessário. (13) Presta atendimento e orientação a detentos e seus familiares visando à preservação da saúde. Acompanha detentos em liberdade condicional, na internação em hospital penitenciário, bem como atuar no apoio psicológico à sua família. (14) Desenvolve estudos e pesquisas na área criminal, constituindo ou adaptando instrumentos de investigação psicológica.
EM SÍNTESE
1. O psicólogo jurídico deve estar apto para atuar no âmbito da justiça considerando a perspectiva jurídica dos fatos jurídicos, colaborar com o planejamento e execução de políticas de cidadania, Direitos Humanos e prevenção da violência; fornecer subsídios ao processo judicial;além de contribuir para a formulação, revisão e interpretação das leis.
2. A Psicologia Jurídica como um campo de atuação do psicólogo tem-se feito presente nas diversas instituições dodireito, como no sistema penitenciário e nos espaços do poder judiciário - Varas de Família e Varas da Infância e daJuventude. Entretanto, esta profícua relação de saberes e fazeres entre a Psicologia, o Direito e demais áreas afins, tambémtem se concretizado em outros inúmeros espaços. Entre eles, podem ser referidos os Juizados Especiais (Cível eCriminal), as Varas de Penas Alternativas e as Varas Cíveis em geral, assim como outros locais do Poder Judiciário, nosquais já se tem notícias de diversos trabalhos que estão sendo desenvolvidos por psicólogos que atuam em parceria comos operadores do direito, no que diz respeito à necessidade de intervenções específicas do saber psicológico najustiça. Além destes, também vale citar a presença de psicólogos em ambientes das Forças Armadas e Secretarias Estaduais deSegurança, Ministério Público, Escolas de Magistratura e outros.
Indicação: Vídeo produzido pelo Conselho Regional de Psicologia de SP: Entre o direito e a lei: uma história da psicologia jurídica em São Paulo. Disponível em:http://www.crpsp.org.br/memoria/juridica/Default_juridica.aspx
Referências: CONSELHO REGIONAL DE PSICOLOGIA. São Paulo. Psicólogo especialista em Psicologia Jurídica. Disponível em: www.crpsp.org.br/portal/orientacao/titulo/fr_titulo_psi_juridica.aspx. FRANCA,Fátima. Reflexões sobre psicologia jurídica e seu panorama no Brasil. Psicol. teor. prat., São Paulo , v. 6, n. 1, jun. 2004 . Disponível em http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516-36872004000100006&lng=pt&nrm=iso. LEAL, Liane M. Psicologia jurídica: história, ramificações e áreas de atuação. Diversa: ano I - nº 2 :: pp. 171-185 :: jul./dez. 2008. 
REVISITANDO CONTEÚDOS
A Psicologia Jurídica como um campo de atuação do psicólogo tem-se feito presente nas diversas instituições dodireito, como no sistema penitenciário e nos espaços do poder judiciário - Varas de Família e Varas da Infância e daJuventude. Entretanto, esta profícua relação de saberes e fazeres entre a Psicologia, o Direito e demais áreas afins, tambémtem se concretizado em outros inúmeros espaços. Entre eles, podem ser referidos os Juizados Especiais (Cível eCriminal), as Varas de Penas Alternativas e as Varas Cíveis em geral, assim como outros locais do Poder Judiciário, nosquais já se tem notícias de diversos trabalhos que estão sendo desenvolvidos por psicólogos que atuam em parceria comos operadores do direito, no que diz respeito à necessidade de intervenções específicas do saber psicológico najustiça. Além destes, também vale citar a presença de psicólogos em ambientes das Forças Armadas e Secretarias Estaduais deSegurança, Ministério Público, Escolas de Magistratura e outros.
A Psicologia Jurídica é uma área específica da Psicologia que surge da inter-relação com o Direito, tanto no âmbito teórico quanto no prático. Nesse encontro interdisciplinar, Souza (1998, p.6) afirma: “(…) que a Psicologia vem por um lado, procurando compreender o comportamento humano, e o Direito, por outro, possuindo um conjunto de preocupações sobre como regular e prever determinados tipos de comportamentos, com o objetivo de estabelecer um contrato social de convivência comunitária”.
Detalhamento das atribuições e questões éticas
Detalhamento das Atribuições
 1- Assessora na formulação, revisão e execução de leis.2- Colabora na formulação e implantação das políticas de cidadania e direitos humanos.3- Realiza pesquisa visando à construção e ampliação do conhecimento psicológico aplicado ao campo do Direito.4- Avalia as condições intelectuais e emocionais de crianças adolescentes e adultos em conexão processos jurídicos, seja por deficiência mental e insanidade, testamentos contestados, aceitação em lares adotivos, posse e guarda de crianças ou determinação da responsabilidade legal por atos criminosos.
5- Atua como perito judicial nas varas cíveis, criminais, justiça do trabalho, da família, da criança e do adolescente, elaborando laudos, pareceres e perícias a serem anexados aos processos.6- Elabora petições que serão juntadas ao processo, sempre que solicitar alguma providência, ou haja necessidade de comunicar-se com o juiz, durante a execução da perícia.7- Eventualmente participa de audiência para esclarecer aspectos técnicos em Psicologia que possam necessitar de maiores informações a leigos ou leitores do trabalho pericial psicológico (juízes, curadores e advogados).
8- Elabora laudos, relatórios e pareceres, colaborando não só com a ordem jurídica como com o indivíduo envolvido com a Justiça, através da avaliação da personalidade destes e fornecendo subsídios ao processo judicial quando solicitado por uma autoridade competente, podendo utilizar-se de consulta aos processos e coletar dados considerar necessários a elaboração do estudo psicológico.9- Realiza atendimento psicológico através de trabalho acessível e comprometido com a busca de decisões próprias na organização familiar dos que recorrem a Varas de Família para a resolução de questões.10- Realiza atendimento a crianças envolvidas em situações que chegam às Instituições de Direito, visando a preservação de sua saúde mental, bem como presta atendimento e orientação a detentos e seus familiares.
11- Participa da elaboração e execução de programassócio educativos destinados a criança de rua, abandonadas ou infratoras.12- Orienta a administração e os colegiados do sistema penitenciário, sob o ponto de vista psicológico, quanto as tarefas educativas e profissionais que os internos possam exercer nos estabelecimentos penais.13- Assessora autoridades judiciais no encaminhamento à terapias psicológicas, quando necessário.14- Participa da elaboração e do processo de Execução Penal e assessorar a administração dos estabelecimentos penais quanto a formulação da política penal e no treinamento de pessoal para aplicá-la.15- Atua em pesquisas e programas de prevenção à violência e desenvolve estudos e pesquisas sobre a pesquisa criminal, construindo ou adaptando instrumentos de investigação psicológica.16. Formação e atendimento aos juízes e promotores.
Código de Ética Profissional: O atual Código de Ética Profissional (Resolução número 010/05 do Conselho Federal de Psicologia) entrou em vigor no dia 27 de agosto de 2005, substituindo o antigo Código (Resolução CFP n º 002/87). Na abertura do 1º encontro com psicólogos peritos e assistentes técnicos de São Paulo, em 2005, foi apresentada a seguinte pesquisa realizada pelo CRP/SP 200 processos em trâmite na Comissão de Ética (CRP/SP): (1) eram questionamentos sobre o trabalho do psicólogo como perito e (2) sobre o trabalho do psicólogo como assistente técnico.
As queixas comuns: técnicas utilizadas. Fundamentação das conclusões Relação do trabalho do perito com o do assistente técnico. Produção de laudos divergentes por parte dos profissionais envolvidos, até quando as mesmas técnicas são utilizadas. Produção de um laudo parcial, ouvindo somente uma parte.
Princípios fundamentais do Código de Ética: um pequeno recorte
- Princípio da Dignidade da Pessoa Humana e todos os outros principais princípios estipulados na Declaração Universal dos Direitos Humanos (e referendados na nossa Constituição Federal de 1988): liberdade, igualdade e integridade do ser humano. Promoção da saúde e qualidade de vida das pessoas e coletividades, atuando contra negligência, discriminação, violência, crueldade e opressão. Responsabilidade social. Divulgação dos conceitos éticos e da prática psicológica. Reconhecimento das relações de poder nos contextos em que atua, e o impacto destas relações.
 Principais artigos a serem estudados para a matéria
Art. 2º : Ao psicólogo é vedado:
b) Induzir a convicções políticas, filosóficas, morais, ideológicas, religiosas, de orientação sexual ou a qualquer tipo de preconceito, quando do exercício de suas funções profissionais;
g) Emitir documentos sem fundamentação e qualidade técnico-científica;
h) Interferir na validade e fidedignidade de instrumentos e técnicas psicológicas, adulterar seus resultados ou fazer declarações falsas;
 k) Ser perito, avaliador ou parecerista em situações nas quais seus vínculos pessoais ou profissionais, atuais ou anteriores, possam afetar a qualidade do trabalho a ser realizado ou a fidelidade aos resultados da avaliação;
Art. 9º: É dever do psicólogo respeitar o sigilo profissional a fim de proteger, por meio da confidencialidade, a intimidade das pessoas, grupos ou organizações, a que tenha acesso no exercício profissional.
Art. 10: Nas situações em que se configure conflito entre as exigências decorrentes do disposto no Art. 9º e as afirmações dos princípios fundamentais deste Código, excetuando-se os casos previstos em lei, o psicólogo poderá decidir pela quebra de sigilo, baseando sua decisão na busca do menor prejuízo.
Parágrafo único: Em caso de quebra do sigilo previsto no caput deste artigo, o psicólogo deverá restringir-se a prestar as informações estritamente necessárias.
Art. 11: Quando requisitado a depor em juízo, o psicólogo poderá prestar informações, considerando o previsto neste Código.
Art. 12: Nos documentos que embasam as atividades em equipe multiprofissional, o psicólogo registrará apenas as informações necessárias para o cumprimento dos objetivos do trabalho.
Art. 13: No atendimento à criança, ao adolescente ou aointerdito, deve ser comunicado aos responsáveis o estritamente essencial para se promoverem medidas em seu benefício.
AULA 4
 Evolução histórica dos direitos da criança e do adolescente sob a ótica da Doutrina da SituaçãoIrregular.
ANTES DE FOCALIZAR A DOUTRINA DA SITUAÇÃO IRREGULAR, cabe incluir um pequeno recorte sobre a construção da infância: das concepções sobre o menor a garantia de direitos da criança e do adolescente. Com essas considerações pretende-se discutir dinâmicas sociais e políticas implicadas nos conceitos e nas experiências históricas que afetaram nossa noção de infância e adolescência.
1. Considerações sócio históricas: 
 - No início do período da colonização existiam os denominados grumetes mirins:
Os grumetes e os pajens eram recrutados junto às famílias desfavorecidas, orfanatos e crianças de rua em Portugal e empregadas, não raras vezes à força, nas embarcações portuguesas pelo mundo. 
Acredita-se que os serviços dos grumetes e pajens (estes últimos funcionavam mais como acompanhantes do que trabalhadores braçais) além de mero trabalho braçal e companhia serviam como escape sexual dos marinheiros.
Trata-se de uma concepção de infância e adolescência como objeto. Tal concepção não estava restrita aos segmentos pobres da população: também havia sido naturalizada entre as famílias mais abastadas. 
- Roda dos Expostos: 1738 (Rio) 1896 (SP)
O abandono de bebês recém-nascidos ou de crianças era uma prática comum nos séculos XVII e XVIII no Brasil colonial. Meninas e meninos eram abandonados em calçadas, praias ou terrenos baldios, falecendo por falta de alimento, pelo frio, ou passando a conviver com todos os males que as cidades em desenvolvimento já possuíam (ratos, lixo...).
Neste período, a assistência era caritativa: baseada em esmolas e boas ações dos ricos para com os pobres para amenizar o sofrimento dos mais desvalidos ganhando em troca a salvação de suas almas, a busca do paraíso assim como do status. O recolhimento dos recém-nascidos por essas famílias representava o modo informal de assistências as crianças que passaram a ser chamadas de “filhos de criação”.
No entanto, em alguns centros urbanos, no século XVIII, até 25% dos bebês eram abandonados e cerca de 70-80% faleciam antes de completar sete anos.
A Roda dos Expostos foi uma solução encontrada pela IgrejaCatólica, copiando moldes do que já havia ocorrido na Europa, para dar uma solução aos seguintes problemas:
1- Recém-nascidos já órfãos de mães (altas taxas de mortalidade materna no parto);
2 - Impedir a prática do infanticídio;
3 - Salvar a reputação de jovens (brancas), que mantinham em segredo a gravidez e precisavam depositar seus filhos em algum lugar com o benefício do anonimato.
No século XVII, o modelo familiar, patriarcal, monogâmico, sacramental e indissolúvel e, portanto, todos os desvios, além de ilegais eram considerados como pecados, contribuindo para o aumento do abandono e do infanticídio. Também o culto à virgindade imposta pela Igreja provocou o aumento de expostos, termo usado na época para crianças abandonadas, pois as desviantes que na maioria das vezes eram ricas, não podiam perante a sociedade assumir a maternidade antes do casamento.
As Rodas eram localizadas nas Santas Casas de Misericórdia protegiam os bebês até os três anos de idade. As crianças eram criadas pelas amas-de-leite, mercenárias que ganhavam dinheiro para isso. Depois desse período, até os sete anos, essas crianças voltavam as Casas dos Expostos para a dita “educação” onde se buscava coloca-las em casas de família ou outro lugar onde pudessem continuar a serem criadas. (MARCÍLIO, 2006 apud SANCHES, 2008).
- Lei 2.040/1871: (Lei do Ventre e Lei Áurea ( Lei nº 3.353/1888)
Ventre livre: 28 de setembro de 1871
Destino do filho/a da escrava: sobre a guarda do senhor: obrigação de cria-lo até a idade de 8 anos. Após essa idade: 2 destinos: continuar sobre a guarda do senhor até completar 21 anos. OU: receber uma indenização do Estado que, por sua vez, encaminhará o filho da escrava para associações filantrópicas que “terão direito aos serviços gratuitos dos menores até a idade de 21 anos completos, e poderão alugar esses serviços, mas serão obrigadas a cuidar e tratar da criança/adolescente; criar um pecúlio, a procurar-lhes, findo o tempo de serviço, apropriada colocação.
Lei Áurea: Libertação dos escravos: que ao serem libertados foram abandonados e descartados como mão de obra em função das políticas de imigração. 
Verifica-se que estas leis não trouxeram nenhuma solução para a situação do negro no Brasil, principalmente para a infância e adolescência.
 Final do século XIX e início do século XX: 
- Com a imigração (1870) de trabalhadores europeus para trabalhar nas plantações de cafés foi criado o primeiro orfanato brasileiro para abrigar os filhos destes trabalhadores brancos. 
 - Urbanização e Industrialização da economia: Posteriormente, o processo de urbanização e o início da industrialização trouxe graves problemas sociais, principalmente para as crianças e adolescentes pobres que passaram a trabalhar nas fábricas (mão de obra barata e dispensável, acarretando em graves e frequentes acidentes de trabalho, além de alto índice de mortalidade infantil. A partir desses acontecimentos, foram promulgadas leis de “amparo/proteção à infância e adolescência). 
Evolução histórico-doutrinária da legislação da infância e juventude: do código do menor ao Estatuto da infância e da adolescência.
2. Código de Menores: conhecido como Código Mello Mattos: Decreto nº 17.943-A, de 12.10.1927
Havia o que se chamava Juízo Privativo de Menores na década de 1920, e o primeiro Juiz de Menores do Brasil era o Dr. José Cândido Albuquerque Mello Mattos.
O primeiro expoente do pensamento da legislação da infância e juventude no Brasil criou vários estabelecimentos de assistência e proteção à infância abandonada e delinquente, assim como organizou o primeiro código, que ganhou o seu nome.
No imaginário social, era atribuído às crianças pobres inclinações inatas prejudiciais recebidas por herança das células do vício de seus pais. 
2.1 - Código de Menores Lei n. 6.697/79 (Doutrina da Situação Irregular): 
Essa doutrina se encontrava implícita no Código de Mello Matos (1927) foi oficializada neste código por meio do seu artigo 2
A DOUTRINA DA SITUAÇÃO IRREGULAR (sustentada pelo antigo Código de Menores/Lei 6697/79) admitia situações absurdas de não proteção à criança e ao adolescente. Naquele ínterim, os menores infratores eram afastados da sociedade, sendo segregados, de forma generalizada, em estabelecimentos como a FEBEM, A dignidade da pessoa humana era desrespeitada e o termo “menor” passou a ser usado pejorativamente.
Mas afinal, como é definida a situação irregular no código de menores (Lei 6697/79)? Tal definição é destacada no artigo 2º: 
“Art. 2º Para os efeitos deste Códigoconsidera-se em situação irregular o menor:
I - Privado de condições essenciais à sua subsistência, saúde e instrução obrigatória, ainda que eventualmente, em razão de: (a) falta, ação ou omissão dos pais ou responsável e (b) manifesta impossibilidade dos pais ou responsável para provê-las;
Il - vítima de maus tratos ou castigos imoderados impostos pelos pais ou responsável;
III - em perigo moral, devido a: (a) encontrar-se, de modo habitual, em ambiente contrário aos bons costumes e (b) exploração em atividade contrária aos bons costumes;
IV - privado de representação ou assistência legal, pela falta eventual dos pais ou responsável;
V - Com desvio de conduta, em virtude de grave inadaptação familiar ou comunitária;
VI - autor de infração penal.
Parágrafoúnico. Entende-se por responsável aquele que, não sendo pai ou mãe, exerce, a qualquer título, vigilância, direção ou educação de menor, ou voluntariamente o traz em seu poder ou companhia, independentemente de ato judicial.
A partir da análise dessa legislação, é visto, então, que a lei tratava o menor infrator como se fosse um portador de certa patologiasocial, deixando de lado suas necessidades de proteção e segurança. São apresentados, principalmente, mecanismos de “defesa” contra os jovens, dificultando a reinserção social das crianças e adolescentes em situação irregular.
 Nas palavras de AlyrioCavallieri, Juiz de Menores e doutrinador, a situação irregular é percebida como estados que caracterizam o destinatário das normas de Direito do Menor.
A condição de menor não está relacionada à idade, mas a condição social. A partir da construção doutrinária de Cavallieri (Juiz de Menores e Doutrinador) é possível classificar os destinatários do artigo 2º do CM/1979 da seguinte forma:O menor abandonado materialmente; o menor vítima; o menor em perigo moral; o menor em abandono jurídico; o menor com desvio de conduta ou inadaptado; o menor infrator.
CONCEITO DE DOUTRINA DA SITUAÇÃO IRREGULAR (SÍNTESE)[3: Texto extraído do plano de aula 4 (SIA).]
- Doutrina não universal, restrita, de forma quase absoluta, a um limitado público infanto-juvenil.
- Internação involuntária e obrigatória em instituições totais. Exemplo: FEBEM.
- A lei tratava o menor infrator como se fosse um portador de certa patologia social, deixando de lado suas necessidades de proteção e segurança. 
Em função do estigma da “patologia social” eram banalizadas (naturalizadas) práticas de tortura, espancamentos, violência e franca repressão às crianças e aos adolescentes privados de liberdade (pobres). 
A lei que deveria ser criada com o objetivo da inclusão social estigmatizou quem era oriundo das classes pobres. Assim, o termo jurídico “menor” passou denominar uma categoria perigosa ou com possibilidade de oferecer perigo se não houvesse interferência institucional. 
 (MACIEL, Kátia Regina Ferreira Lobo Andrade. Curso de Direito da Criança e do Adolescente. 3a. ed. Rio de Janeiro: Lúmen Júris, 2008, pág. 13.)
Referências:
MACIEL, Kátia Regina Ferreira Lobo Andrade. Curso de Direito da Criança e do Adolescente. 3a. ed. Rio de Janeiro: Lúmen Júris, 2008, pág. 13.
SANCHES, Rosane de Araujo. Crianças e Adolescentes em Casas de Acolhida: umestudodecaso.2008. Trabalho de Conclusão do Curso de Psicologia. Pró Reitoria de Saúde, Universidade Gama Filho, Rio de Janeiro.
AULA5
O Estatuto da Criança e do Adolescente e a Doutrina da Proteção Integral [4: Texto extraído do plano de aula 5 (SIA) ]
A Doutrina da Proteção Integral e o Estatuto da Criança e do Adolescente surgiram ao longo de décadas de discussões e batalhas sociais dos diversos campos do conhecimento, participando deste processo grupos heterogêneos da sociedade como Advogados, Assistentes Sociais, Educadores, a Igreja Católica, Promotores, Psicólogos, Sociólogos, dentre outros. 
1. Documentos Internacionais: principais marcos jurídicos. 
- Regras de Beijing: Regras Mínimas das Nações Unidas para a Administração da Justiça da Infância e da Juventude (1985).
- Diretrizes de Riad: Diretrizes das Nações UniUnidas para a Prevenção da Delinqüência Juvenil (1990).
- Regras Mínimas das Nações Unidas para a Proteção dos Jovens Privados de Liberdade (1990).
- Convenção sobre os Direitos da Criança (ONU, 1989. Dec. 99.710, de 22.11.90).
Estes documentos internacionais influenciaram e impulsionaram muitas das discussões que a Constituição Federal de 1988 trouxe para os direitos da infância e juventude, assim como o próprio desenvolvimento do Estatuto da Criança e Adolescente.
 A Constituição e o Estatuto da Criança e o Adolescente: Os principais artigos a serem observados na Constituição Federal e no ECA são os que seguem:
1.1. Constituição Federal/1988:
Art. 227. É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão.
§ 1º O Estado promoverá programas de assistência integral à saúde da criança, do adolescente e do jovem, admitida a participação de entidades não governamentais, mediante políticas específicas e obedecendo aos seguintes preceitos:
I - aplicação de percentual dos recursos públicos destinados à saúde na assistência materno-infantil;
II - criação de programas de prevenção e atendimento especializado para os portadores de deficiência física, sensorial ou mental, bem como de integração social do adolescente portador de deficiência, mediante o treinamento para o trabalho e a convivência, e a facilitação do acesso aos bens e serviços coletivos, com a eliminação de preconceitos e obstáculos arquitetônicos.
§ 2º - A lei disporá sobre normas de construção dos logradouros e dos edifícios de uso público e de fabricação de veículos de transporte coletivo, a fim de garantir acesso adequado às pessoas portadoras de deficiência.
§ 3º - O direito a proteção especial abrangerá os seguintes aspectos:
I - idade mínima de quatorze anos para admissão ao trabalho, observado o disposto no art. 7º, XXXIII;
II - garantia de direitos previdenciários e trabalhistas;
III - garantia de acesso do trabalhador adolescente à escola;
III - garantia de acesso do trabalhador adolescente e jovem à escola;
IV - garantia de pleno e formal conhecimento da atribuição de ato infracional, igualdade na relação processual e defesa técnica por profissional habilitado, segundo dispuser a legislação tutelar específica;
V - obediência aos princípios de brevidade, excepcionalidade e respeito à condição peculiar de pessoa em desenvolvimento, quando da aplicação de qualquer medida privativa da liberdade;
VI - estímulo do Poder Público, através de assistência jurídica, incentivos fiscais e subsídios, nos termos da lei, ao acolhimento, sob a forma de guarda, de criança ou adolescente órfão ou abandonado;
VII - programas de prevenção e atendimento especializado à criança e ao adolescente dependente de entorpecentes e drogas afins.
§ 4º - A lei punirá severamente o abuso, a violência e a exploração sexual da criança e do adolescente.
 § 5º - A adoção será assistida pelo Poder Público, na forma da lei, que estabelecerá casos e condições de sua efetivação por parte de estrangeiros.
§ 6º - Os filhos, havidos ou não da relação do casamento, ou por adoção, terão os mesmos direitos e qualificações, proibidas quaisquer designações discriminatórias relativas à filiação.
§ 7º - No atendimento dos direitos da criança e do adolescente levar-se- á em consideração o disposto no art. 204.
§ 8º A lei estabelecerá:
I - o estatuto da juventude, destinado a regular os direitos dos jovens;
II - o plano nacional de juventude, de duração decenal, visando à articulação das várias esferas do poder público para a execução de políticas públicas.
É possível observar, através da breve leitura deste artigo da Constituição Federal praticamente todo o alicerce doutrinário e legislativo da Doutrina da Proteção Integral, que alicerça todo o Estatuto da Criança e do Adolescente.
Artigos do Estatuto da Criança e do Adolescente:
Art. 1º Esta Lei dispõe sobre a proteção integral à criança e ao adolescente.Comentário: A Doutrina da Proteção Integral inaugura o Estatuto da Criança e do Adolescente, direcionando todo o texto legal ao seu conceito.
- Qual o conceito de Doutrina da Proteção Integral? Segundo Wilzon Donizete (em aula de pós graduação de Direitos da Criança e do Adolescente no ISMP/RJ):
Reconhecer que cada fase do desenvolvimento da criança deve ser reconhecida como singular e especial com um conjunto de direitos próprios de cada fase, que crianças e adolescentes são pessoas a caminho da plenitude a ser consumada na idade adulta e que cada etapa, é, à sua maneira, um período de plenitude que deve ser compreendido, acatado e protegido pelo Direito. 
Art. 2º Considera-se criança, para os efeitos desta Lei, a pessoa até doze anos de idade incompletos, e adolescente aquela entre doze e dezoito anos de idade.Parágrafo único. Nos casos expressos em lei, aplica-se excepcionalmente este Estatuto às pessoas entre dezoito e vinte e umanos de idade.
Art. 5º Nenhuma criança ou adolescente será objeto de qualquer forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão, punido na forma da lei qualquer atentado, por ação ou omissão, aos seus direitos fundamentais.
Art. 6º Na interpretação desta Lei levar-se-ão em conta os fins sociais a que ela se dirige, as exigências do bem comum, os direitos e deveres individuais e coletivos, e a condição peculiar da criança e do adolescente como pessoas em desenvolvimento.
Comentário: Na nova abordagem jurídica da infância e adolescência, estes não são mais objetos ou personagens secundários que devem ter seu desenvolvimento assistido somente nos casos de abandono ou infração, e sim como sujeitos de direitos.
1.2. Doutrina da Situação Irregular x Doutrina da Proteção Integral
A melhor forma de demonstrar a Doutrina da Situação Irregular é com a seguinte frase do Ministro da Suprema Corte Argentina e Doutrinador de Direito Penal e Criminologia, Raul Zaffaroni:Ao longo de toda a história da humanidade, a ideologia tutelar em qualquer âmbito resultou em um sistema processual punitivo inquisitório. O tutelado sempre o tem sido em razão de alguma inferioridade (teológica, racial, cultural, biológica etc.). Colonizados, mulheres, doentes mentais, minorias sexuais etc. foram psiquiatrizados ou considerados inferiores e, portanto, necessitados de tutela.
Segue uma tabela, adaptada para os fins da aula, comparativa do Código de Menores e o ECA, retirada da obra de Loberto Narciso Brancer (Organização e Gestão do Sistema de Garantia de Direitos da Infância e da Juventude. In: Encontros Pela Justiça na Educação. FUNDESCOLA/MEC: Brasíl, 2000, p. 126).
	ASPECTO
	CÓDIGO DE MENORES
	ESTATUTO (ECA)
	Doutrinário:
	Situação irregular
	Proteção integral
	Caráter:
	Filantrópico
	Política pública
	Fundamento:
	Assistencialista
	Direito subjetivo
	Centralidade:
	Judiciário
	Município
	Institucional:
	Estatal
	Co-gestão c/sociedade civil
	Organização:
	Piramidal hierárquica
	Rede
	Gestão:
	Monocrática
	Democrática
Indicação bibliográfica: PIRES, Sergio Fernandes Senna. Protagonismo infantil no processo político: as crianças e a elaboração legislativa na virada dos anos 80. Disponível em: http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=13140.
AULA 6
A rede de proteção integral e o papel do psicólogo nas situações de violência doméstica infanto-juvenil
 IMPORTANTE: antes de ler este texto, deve ser estudado – na íntegra – o conteúdo do plano da aula 6. 
Proteção Social: É a garantia de inclusão a todos os cidadãos que estão em situação de vulnerabilidade e/ou em situação de risco, inserindo-os na rede de Proteção Social local. A Proteção Social é hierarquizada em Básica e Especial.
Proteção Social Básica: Tem como objetivo prevenir situações de risco por meio do desenvolvimento de potencialidades e aquisições e o fortalecimento de vínculos familiares e comunitários. Destina-se à população que vive em situação de vulnerabilidade social decorrente da pobreza, privação (ausência de renda, precário ou nulo acesso aos serviços públicos, dentre outros) e/ou fragilização de vínculos afetivos - relacionais e de pertencimento social (discriminações etárias, étnicas, de gênero ou por deficiências, dentre outras).
Proteção Social Especial: É a modalidade de atendimento assistencial destinada a famílias e indivíduos que se encontram em situação de risco pessoal e social por ocorrência de abandono, maus tratos físicos e/ou psíquicos, abuso sexual, uso de substâncias psicoativas, cumprimento de medidas socioeducativas, situação de rua, situação trabalho infantil, entre outras. 
O que é Rede de Proteção Social?[5: MOTTI, Antônio J, Ângelo; DOS SANTOS, JoselenoVieira.Redes de proteção social à criança e ao adolescente: limites e possibilidades. Disponível em: http://docplayer.com.br/430060-Redes-de-protecao-social-a-crianca-e-ao-adolescente-limites-e-possibilidades-1. Acesso em: 2 set. 2015. ]
Antes de analisar as especificidades da Rede de Proteção Social, vamos recordar o significado de dois tipos de redes muito populares no Brasil (rede de pescador e rede de dormir). Esses dois tipos vão ajudar a entender as propostas da Rede de Proteção Social.
Rede depescador: aqui nos interessa observar a atitude do pescador que antes de pescar verifica as condições físicas da rede, se tem furos ou aberturas maiores do que as previstas. Ele abre, estende a rede e verifica as suas condições. É também importante visualizar A FORMA da rede: é um entrelaçamento de pontos que dá a ideia de distribuição equitativa, tem flexibilidade para tomar a forma do peixe e resistente para suportar o balanço das águas e a força do peixe. 
Rede de dormir: proteção, cuidado, acolhimento; por isso é uma rede muito forte e, também, resistente, que distribui o peso, molda-se ao corpo de quem a está utilizando e, acima de tudo, é confortável.
Rede de Proteção Social: uma articulação de pessoas, organizações e instituições com o objetivo de compartilhar causas e projetos, de modo igualitário, democrático e solidário. É a forma de organização baseada na cooperação, na conectividade e na divisão de responsabilidades e competências.
Depreende-se, portanto, que rede de proteção integral (ou especial) é um conjunto de políticas sociais estruturadas capazes de resgatar o cidadão de sua exclusão social, visando incluir o cidadão numa participação crítica e ativa da sociedade, tornando-o sujeito capaz de interferir na sua própria história e na história de sua comunidade.
​Segundo SLUSKI:Um dos múltiplos desafios de um enfoque sistêmico que inclua responsavelmente as variantes de contexto abarcando as variáveis de rede socioeconômicas e culturais, consiste em desenvolver histórias que incorporem esperança, que gerem um feedback de autoria, que sublinhem as capacidades e a eficiência (SLUSKI, C. A. A rede social na prática sistêmica, São Paulo: Casa do Psicólogo, 1997 p. 65). Ou seja, quando falamos de uma Rede Especial, nós estamos tratando de um conjunto de profissionais e agentes interagindo para a solução de questões pertinentes da sociedade (crianças, adolescentes, adultos...), com um enfoque na devolução da cidadania.
Esta política de atendimento se reflete no conjunto de instituições, princípios, regras, objetivos e metas que norteiam a tutela dos direitos das crianças e adolescentes, ou seja, é o instrumento institucional que possibilita a manifestação dos direitos elencados no ECA.[6: Extraído do plano de aula 6, UNESA, SIA, 2017.]
Para exemplificar, podemos citar a Rede Social de Proteção e Responsabilização do município de Niterói que tem como, “como principal objetivo reduzir a exposição e o sofrimento de crianças e de adolescentes em situação de maus tratos.” (FRANÇA, s/d). Partindo desse objetivo, foi elaborado um fluxo de atendimentopara “facilitar os atendimentos e criar um comprometimento entre os agentes envolvidos”, determinando aos órgãos que recebem asdenúncias encaminhar ao órgão centralizador, o Conselho Tutelar.
Do ponto de vista empírico os Fluxos são, a seguir, caracterizados pelas instituições que os compõem e as funções que lhes são atribuídas. Os Fluxos são, a seguir, caracterizados pelas instituições que os compõem e as funções que lhes são atribuídas:[7: CARVALHO, Márcia França de. Constituição e Funcionamento da Rede de Proteção e Responsabilização em Casos de Maus Tratos e Abuso Sexual contra Crianças e Adolescentes no Município de Niterói. Disponivel em: http://www.maxwell.vrac.puc-rio.br/20623/20623.PDFXXvmi=uEjSQ4aH6xO3. Acesso em: 2 set. 2015]
O Fluxo de Defesa de Direitos - É composto pelos Conselhos Tutelares, Varas da Infância e da Juventude, Ministério Público, Defensoria Pública e Centros de Defesa. Suas funções são: defender e garantir os direitos de todos os implicados na situação de abuso sexualnotificada, protegendo-os de violações a seus direitos. Para tal tem o poder de, com força da lei, determinar ações de atendimento e de responsabilização (Martins et al, 2007). 
O Fluxo de Atendimento - É composto pelas instituições executoras de políticas sociais (de saúde, educação, assistência, trabalho, cultura, lazer, profissionalização) e de serviços e programas de proteção especial, bem como por ONGs que atuam nestas áreas. Suas funções são: dar acesso a direitos às políticas sociais e de proteção, prestar serviços, cuidar e proteger. Deve dar cumprimento a determinações oriundas do Fluxo de Defesa de Direitos e do Fluxo de Responsabilização, bem como prestar-lhes informações. 
O Fluxo de Responsabilização - é composto pelas Delegacias de Polícia, Delegacias Especializadas (de Proteção à Criança e ao Adolescente, e da Mulher), Instituto Médico Legal, Varas Criminais, Vara de Crimes contra a Criança e o Adolescente, Delegacia da Criança e do Adolescente e Vara da Infância e da Juventude (quando o abusador é menor de idade) e Ministério Público. Suas funções são: responsabilizar judicialmente os autores de violações de direitos, proteger a sociedade, fazer valer a lei. Pode determinar como pena o atendimento ao réu (Martins et al, 2007). 
- No ECA, a proteção à criança e ao adolescente está organizada em três sistemas: O SISTEMAPRIMÁRIO, o qual dá conta das Políticas Públicas de Atendimento a crianças e adolescentes. O SISTEMA SECUNDÁRIO, que trata das medidas de proteção dirigidas a crianças e adolescentes em situação pessoal ou social de risco, ou seja, enquanto vítimas que têm seus direitos fundamentais violados; e o SISTEMA TERCIÁRIO, que trata das medidas socioeducativas, aplicáveis a adolescentes em conflito com a lei, passando à condição de vitimizadores, embora tenha a característica fundamental de serem apropriadas à condição de desenvolvimento e que sejam educadoras, ou seja, que sirvam como parte ao desenvolvimento destes sujeitos, levando-o à reflexão sobre seus atos e apoiando-o na aplicação das medidas.
Quando a criança ou adolescente escapa do Sistema Primário (basicamente preventivo), aciona-se o Sistema Secundário através do Conselho Tutelar, o qual busca mecanismo que reverta o quadro de violência que estes sujeitos experimentam. Por outro lado, o Sistema Terciário é acionado, mediante a intervenção do sistema de Justiça (Polícia, Ministério Público, Defensoria, Judiciário, órgãos executores das medidas socioeducativas) quando estes sujeitos se afastarem do cumprimento às leis e normas que regem a sociedade. (Saraiva, 2003)
O QUE É VIOLÊNCIA? Existe diferença entre agressividade, agressão e violência?
Agressividade:constitutiva do eu, na base da constituição do eu e na sua relação com seus objetos. Não negam sua existência, ao contrário, afirmam a agressividade na ordem humana, ordem libidinal. Existe a agressividade, mas ela pode ser sublimada, pode ser recalcada, não precisa ser atuada, pois o humano conta com o recurso da palavra, da mediação simbólica. Agressão: ato que causa dano. Este causar dano, necessariamente, não tem a finalidade de destruir o outro. Por exemplo: pais que não permitem que o filho assista determinados programas na televisão. De alguma forma, causam danos (restringem/limitam), mas trata-se de um dano que se justifica (educação). Violência é “[...] o emprego desejado da agressividade, com fins destrutivos (COSTA FREIRE, 2003 apud CAIMI; OLIVEIRA; HAUSHAHN) A violência implica em causar danos que não se justificam, que são direcionados somente para submeter ou coisificar o outro. 
 A violência, qualquer que seja a sua forma, deve ser significada como um fenômeno relacional e não apenas intrapsíquico ou individual.
Definição de violência doméstica: é a violência, explícita ou velada, praticada dentro de casa, usualmente entre parentes. Inclui diversas práticas, como a violência e o abuso sexual contra as crianças. 
Tipos de violência: 1- Pode ser dividida em violência física — quando envolve agressão direta, contra pessoas queridas do agredido ou destruição de objetos e pertences do mesmo; 2- violência psicológica — quando envolve agressão verbal, ameaças, gestos e posturas agressivas; 3- violência socioeconômica, quando envolve o controle da vida social da vítima ou de seus recursos econômicos. Também alguns consideram violência doméstica o abandono e a negligência quanto a crianças, parceiros ou idosos. Não retrata somente os laços consanguíneos, mas as relações que são construídas e efetuadas. 
A violência experimentada pelas crianças e adolescentes, atualmente é expressa de forma diversificada, podendo apresentar-se sob várias configurações que incluem desde maus tratos ao abuso sexual doméstico, a prostituição, o tráfico, a pornografia e a prática da pedofilia. 
Questionamentos sobre a intervenção do psicólogo na violência doméstica/intrafamiliar: 1- Qual é o limite entre a proteção aos direitos da criança e o respeito a convivência familiar? 2- Que nível de violência intrafamiliar justifica a intervenção? 3- Em que circunstâncias afastar uma criança de seus pais biológicos pode representar um benefício? 
Considerações O que se deve considerar é que a família está doente; precisa de apoio no presente. A sociedade deve ter medidas de prevenção, medidas de punição aos agressores e de reestruturação dos mesmos. Ambos os indivíduos são agredidos (agressor: punido e deslocado da família para outro lugar). As instituições jurídicas, policiais e educacionais não contam com sistemas de diagnósticos para tratamento. Exigência do exame do corpo delito sem instrumentos para realização do mesmo. Falta de condições materiais e formação técnica. Falta de proteção do Estado ao abusado. Reabilitação de ambas as partes Instituições que dão suporte a prevenção e a reabilitação desses indivíduos: associação de moradores, igreja, movimentos sociais, escolas e universidades. Sistema jurídico é irreflexivo (pune, mas não reflete sobre).
Possibilidades e limites do profissional de psicologia: O psicólogo, no atendimento à criança e ao adolescente, deve atuar na perspectiva da integralidade, considerando a violência como fenômeno complexo, multifatorial, social, cultural e historicamente construído, implicando em uma abordagem intersetorial e interprofissional. 
O conceito de rede se contrapõe ao modelo tradicional de coordenação de ações organizada em níveis hierárquicos. No trabalho de rede os integrantes se ligam horizontalmente a todos os demais sem que nenhum deles seja considerado principal ou central, nem representante dos demais.
Muitas vezes: a ação do psicólogo está limitada ao laudo pericial. Com essa ação busca comprovar se ocorreu a violência e identificar o(s) culpados. Portanto, tem a função de produzir a prova e indicar (ou não) a responsabilização da pessoa acusada como autor da violência. 
Entretanto, o técnico pericial pode ter uma ação mais abrangente: pode ser um facilitador epromotor de mudanças e não apenas voltado para o controle social. Esta última é a função da justiça: determinar quem pode ficar em liberdade, quem tem esse direito cassado. 
Facilitador e promotor da mudança? O que significa isso? 
Significa que o psicólogo pode contribuir com a família em seu desejo de resoluçãode conflitos, através do conhecimento de si mesmo, de sua competência para transformação e para significar seu ato e, assim, tornar-se sujeito de si mesmo e autor de sua própria história.
Importante destacar que a realização de perícias médicas e psicológicas; a repetição dos procedimentos legais, a lentidão e o longo intervalo entre o fato denunciado e a conclusão dos processos judiciais, e a falta de evidências físicas, em grande parte dos casos (SANTOS, 14 2007), produzem a revitimização dos envolvidos e geram o sentimento de desproteção e de descrédito em relação ao sistema de proteção e garantia de direitos 
A escuta da pessoa submetida à violência.[8: DOS SANTOS, Viviane A. Dificuldades e possibilidades na atuação dos profissionaisde Psicologia Jurídica nos casos que envolvem violência sexual contra crianças e adolescentes. 2009.
Disponível em: C:/Users/Windows/Downloads/psicologia_juridica%20(1).pdf. Acesso em: 2 set 2015. ]
Caracterização da escuta psicológica: 
A Escuta Psicológica consiste em oferecer lugar e tempo para a expressão das demandas e desejos da criançae do adolescente: a fala, a produção lúdica, o silêncio e expressões não verbais, entre outros. Osprocedimentos técnicos e metodológicos devem levar em consideração as peculiaridades dodesenvolvimento da criança e adolescente e respeitar a diversidade social, cultural e étnica dos sujeitos,superando o atendimento serializado e burocrático que determinadas instituições exigem do psicólogo.
FUNÇÃO do psicólogo:[9: A autora ao abordar essa temática estava fazendo referência específica à violência sexual doméstica. ]
1. Desconstruir a crença de que a criança ou adolescente sempre terão sentimentos negativos por seu agressor. Essa crença muitas vezes confunde os profissionais do sistema de proteção, pois se espera que as crianças e adolescentes sempre demonstrem afetos negativos em relação ao agressor. Quando isso não ocorre, considera-se que não houve violência sexual.
Em geral, o aspecto sexual do ato é negado pelo agressor que seduz a vítima, transformando o ato em “um jeito diferente de fazer carinho,” uma “demonstração de amor” ou “do quanto eu amo você.” Em outros casos, o agressor é quem abusa sexualmente em um momento e, em outros, é afetuoso, atencioso e/ou provedor, como se o momento do abuso fosse eliminado na linha do tempo. 
2. COMPREENDER A AMBIGUIDADEda pessoa submetida à violência: a vítima enfrenta forte ambiguidade de sentimentos, pois sua palavra tanto pode trazer a liberação do abuso como pode acarretar a penalização do agressor, o que, muitas vezes, ela deseja evitar por se tratar de pessoa afetivamente representativa.
 Nesse sentido, cabe compreender porque uma criança se desestrutura psiquicamente quando afastada do agressor que dela abusava sexualmente dos seis aos dez anos de idade, ou quando uma adolescente afirma “Desde que o meu padrasto (agressor) foi preso, a alegria saiu lá de casa.” ou quando uma criança, depois de ter revelado o abuso, volta atrás e se retrata, ao custo de ter sua palavra, sua experiência e seu sofrimento negados como verdade.
3. DESCONSTRUIR a crença que permeia a ação da justiça de que ao afastar e punir o agressor por meio de penas regulatórias estabelece a ordem e restitui os direitos da criança ou adolescente submetidos à violência sexual.
Conforme já observado, o fenômeno da violência sexual é um fenômeno da ordem do pessoal, mas também da ordem do coletivo e do social, pois está imbuído de valores culturais e sociais de hierarquia, poder, gênero e quanto ao status da criança na sociedade. 
4.Sensibilizar os demais profissionais para que se reconheça a incompletude do conhecimento e a necessidade de não se permitir que ele se feche em si mesmo, que possua a realidade ou a verdade. 
O estudo psicossocial: não fica limitado a uma avaliação pericial, mas a construção de um espaço conversacional, no qual possam emergir os significados construídos e constituir novos significados.
Acredita-se que, ao buscar uma compreensão das condições emocionais, relacionais e sociais dos envolvidos, com o objetivo de se conhecerem quais direitos deverão ser reparados, o estudo psicossocial tem o potencial de oferecer às crianças e adolescentes e a seus familiares as devidas condições de emancipação e de mudança do contexto de risco.
Conforme já salientado, considera-se que o espaço conversacional oferecido durante o estudo pode ir além do perfil punitivo da Justiça ou diagnóstico da psicologia e avançar em direção ao papel que é, também, de emancipação e construção da autonomia.
Mais do que profissionais que classificam os indivíduos por meio de testes e/ou diagnósticos ou julgamentos de valor, o papel dos profissionais de saúde mental ou do serviço social pode ser aquele que se dispõe a conhecer e compreender a dinâmica relacional de todos os elementos presentes em cada caso específico que favorecem e mantêm a violência e, por outro lado, os aspectos de força, habilidade e competências das famílias que podem ser utilizados como recurso para a interrupção do ciclo da violência. A atenção não se volta para a vítima apenas, mas para todos os envolvidos no contexto: o agressor e seus familiares.
5.Desconstruir que o SILENCIAMENTOda criança é algo que sempre está presente: 
A criança também pode desejar falar e pode fazê-lo chamando atenção para o seu sofrimento por meio de comportamentos, sintomas ou “... se devidamente ouvida – poderá falar, situando- se numa fronteira que ultrapassa seu sofrimento e o anseio pela proteção da lei e de terceiros” (p.93). 
Isto é, o silêncio, nem sempre acontece porque a criança não quer falar, mas porque não há um terceiro que a escute devidamente.
 A importância da fala da criança não está restrita à denúncia, mas é um meio de se livrar da repetição da violência e de resgatar o direito à intimidade do seu corpo. Os encaminhamentos que se seguem a sua fala devem permitir que ela encontre um novo sentido para sua experiência, pois “se a criança falou, é porque, segundo Winnicott (1971), não tinha perdido totalmente a esperança” 
6. Investigar e analisar a biografia da família: de origem e atual, pois é ela que revela os aspectos factuais, bem como a riqueza dos significados, mitos, valores e crenças e o lugar de cada um no viver em família e em sociedade. São esses elementos que permitem compreender e situar os fatos denunciados, pois a violência intrafamiliar, e aqui se faz referência a todas as suas formas, não ocorre de forma isolada, mas faz parte de um contexto e é constituída nas relações familiares e sociais Considera-se que a violência não está no outro, está nas relações e se mantém pelas significações atribuídas a essas experiência.
Investigar: o impacto e as consequências ocasionadas pela(s) violência(s) em cada indivíduo e em cada família, pois cada uma delas vivenciará e responderá à experiência de forma coerente com sua maneira de ser e de viver em família.
Esses elementos que servirão de base para uma possível emancipação do sujeito e uma possível mudança na história original.
A escuta do agressor: A prática profissional tem mostrado que o agressor quase nunca encontra um espaço para se colocar e que promova a possibilidade de repensar suas ações e sentimentos em relação à vítima.
A INCLUSÃO dos agressores no processo de escuta pode oferecer a oportunidade de que eles se façam ouvir num sistema que lhes reserva apenas o lugar da condenação
Ouvir o agressor: significa, de um lado, concebê-lo como humano, com seus dramas, suas angústias e sonhos. De outro, promover um espaço para que repense sua ação; assuma total responsabilidade por seus atos (mesmo que, por razões óbvias, ele não o faça no contexto da Justiça); esteja ciente das consequências e do sofrimento que o abuso tem sobre a criança ou o adolescente e sobre toda a família (DOS SANTOS. 2009). 
Apoio e acompanhamento a família: a escuta continuada
Encaminhadas para atendimento à saúde mental, assistência social, esporte, cultura, educação, qualificação profissional, entre outras. Isso se dá por meio do acompanhamento sistemático da família, por meio de contatos por telefone, visitas ou encontros sistemáticos
Essa prática vem mostrando que é pela escuta e pela troca que se forma o vínculo e é pelo vínculo que profissional e indivíduoconstroem (em conjunto) novos rumos, novos significados, novas perspectivas, novas histórias.
Sabe-se que esse acompanhamento foge à função da Justiça, sem dúvida. Porém também pode se dizer que não foge à responsabilidade social do profissional que se vincula às pessoas que atende e que deseja ver os resultados de sua intervenção.
Além disso, confere ao psicólogo ou ao assistente social a autonomia para exercer seu papel profissional para além das demandasdo judiciário, ainda que respaldados pelo Art. 151 do ECA que atribui ao profissional não só a competência de fornecer laudos periciais, mas aconselhar, orientar, encaminhar, prevenir e outros.
SÍNTESE: Compreende-se que, por meio de um trabalho interdisciplinar e complementar, a Justiça pode ir além de um pensamento racional, mecânico e maniqueísta (Granjeiro, 2006; Santos, 2002), tornando-se a Justiça que por meio de um trabalho complementar do psicólogo: 
a) Entende e vê o indivíduo em suas várias dimensões: biológica, subjetiva, emocional, suas crenças e valores, contexto sócio histórico no qual se encontra inserido, sujeito capaz de compreender, refletir e agir, ator e autor de sua própria história; 
b) Conhece a história a partir da qual os indivíduos buscam compreender a si mesmos, aos outros e as suas experiências, pois “os seres humanos são parte da história, e não apenas observadores ou espectadores dela... a experiência humana é sempre histórica...” (p. 360); 
c) Reinterpreta as formas simbólicas significativas, estruturadas internamente de várias maneiras e dentro de um contexto gerador de significado que, por sua vez, demandam uma reinterpretação;
d) Favorece a ressignificação das formas simbólicas, na medida em que possibilita o acesso a outras informações e construção de outros significados. (SANTOS, 2002)
ALGUMAS INSTITUIÇÕES QUE COMPÕEM A REDE DE PROTEÇÃO:
• Conselho Estadual dos Direitos da Criança e do Adolescente (CEDCA) O CEDCA é um órgão estatal com instância pública colegiada, por representantes governamentais e não governamentais. É o responsável por formular a política de promoção e defesa dos direitos da criança e do adolescente, acompanhar a elaboração e avaliar a proposta orçamentária do governo do Estado, entre outros.
• Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente (CMDCA): É o órgão de apoio da política de defesa dos direitos da criança e do adolescente, e da regulamentação e fiscalização das ações referentes a esse público. Assim como o Conselho Estadual, também acompanha a elaboração e execução da proposta orçamentária do município, indicando as modificações necessárias para melhor atender a promoção dos direitos da criança e adolescente.
• Conselho Tutelar: O Conselho Tutelar é órgão autônomo, encarregado de zelar pelo cumprimento dos direitos da criança e do adolescente. Ele recebe a comunicação dos casos de violência contra criança e adolescente e toma as providências necessárias para garantir a proteção dos mesmos.
EDUCAÇÃO• Escolas: As Escolas e Centros Municipais de Educação Integral têm o papel de identificar os casos de violência e maus-tratos contra crianças e adolescentes e comunicar às autoridades competentes, assim como solicitar a presença dos pais ou responsáveis fazendo as orientações necessárias, ouvindo e os acolhendo. Também é função da escola receber e dar prioridade na matrícula de crianças em situação de risco ou vulnerabilidade e que estejam abrigadas.
SAÚDE• Unidades de Saúde e Hospitais: As Unidades de Saúde e Hospitais têm a obrigação de dar prioridade no atendimento a crianças e adolescentes vítimas de algum tipo de violação. Além disso, se durante uma avaliação clínica ou atendimento forem identificados sinais de violência, devem comunicar imediatamente o Conselho Tutelar para que as medidas protetivas necessárias sejam tomadas. • CAPS – Centro de Atenção Psicossocial: O Centro de Atenção Psicossocial oferece atendimento à população, realiza o acompanhamento clínico e a reinserção social dos usuários pelo acesso ao trabalho, lazer, exercício dos direitos civis e fortalecimento dos laços familiares e comunitário. Nele, crianças e adolescentes vítimas de algum tipo de violação de direitos podem usufruir de acompanhamento psicológico, psiquiátrico e atenção social.
ASSISTÊNCIA SOCIAL: Os órgãos de assistência social têm o papel de estar atendo a todo e qualquer sinal de violência, priorizar osatendimentos de crianças e adolescentes em situação de violência doméstica, receber, acompanhar e encaminhar para as autoridades competentes. • CREAS – Centro de Referência Especializado em Assistência Social: O Creas tem como função o atendimento emergencial às vítimas, acolhimento de vítimas, agressores e familiares, assistência psicológica, social e jurídica, encaminhas as vítimas para os serviços necessários, • CRAS – Centro de Referência de Assistência Social: O Centro de Referência de Assistência Social (Cras) é responsável pela organização e oferta de serviços da Proteção Social Básica nas áreas de vulnerabilidade e risco social. Ele oferta serviços e ações de proteção básica e desenvolve trabalhos continuados que visam fortalecer a função protetiva das famílias. • Secretaria de Estado da Família e Desenvolvimento Social: A Secretaria é um órgão no âmbito estadual. A função é organizar, promover e coordenar a política estadual de defesa dos direitos da infância e da adolescência. • Secretaria Municipal de Assistência Social: A Secretaria Municipal também participa da coordenação da política estadual de defesa dos direitos da infância e da adolescência. Tem funcionalidades semelhantes à Secretaria de Estado, mas cada gestão possui sua própria organização.
SEGURANÇA PÚBLICA: • Polícia Militar É responsável direta pela segurança do cidadão, serve para prevenir a criminalidade por meio da vigilância nas ruas. Também realiza blitz ou bloqueio em automóveis e prisão quando houver mandado ou em caso de flagrante. • Polícia Federal Exerce as funções de polícia marítima, aeroportuária, de fronteiras e judiciária da União. No âmbito do Estatuto da Criança e do Adolescente, a Polícia Federal realiza o processo de cadastro de entidades que queiram atuar no ramo de adoção internacional. • Polícia Rodoviária Federal Promove a fiscalização das rodovias e estradas federais, combatendo e mapeando os pontos de vulnerabilidade às violências contra crianças e adolescentes nesses locais. •Polícia Civil Atua com a centralização de informações criminais oriundas das Delegacias de Polícia, Polícia Federal e Varas Criminais do Paraná e de outros estados e identificação de pessoas em conflito com a lei por meio de impressão digital. Também realiza a identificação da sociedade civil do Paraná por meio da carteira de identidade. O Serviço de Investigação de Crianças Desaparecidas (SICRIDE) também é subordinado ao Delegado Geral da Polícia Civil.
PODER JUDICIÁRIO • Ministério Público O Ministério Público tem como objetivo defender aquilo que é inerente ao direito de todos os cidadãos. É uma Instituição independente que cuida da proteção das liberdades civis e democráticas, buscando com sua ação assegurar e efetivar os direitos individuais e sociais indisponíveis, como sua missão constitucional. • Varas da Infância e Defensoria Pública Ofertar assistência jurídica gratuita, por meio de defensor público ou advogado nomeado. Cumprir e fazer cumprir as leis, sempre visando o bem-estar social e a proteção de crianças e adolescentes.• Comissões Regionais ou Municipais Articular e integrar esferas da sociedade civil e do governo a fim de propor políticas públicas de enfrentamento às violências contra crianças e adolescentes, além de ser espaço para consulta e monitoramento das ações de enfrentamento.
AULA 7
INTERVENÇÕES COM ADOLESCENTES EM CONFLITO COM A LEI
INTERVENÇÕES COM ADOLESCENTES EM CONFLITO COM A LEI E AS MEDIDAS SOCIOEDUCATIVAS
Os crimes praticados por menores de 18 anos são chamados de ato infracional, devido à inimputabilidade penal dos menores, prevista no art. 228 da Constituição Federal de 1988. 
MEDIDAS SOCIOEDUCATIVAS: são medidas aplicáveis a adolescentes autores de atos infracionais e estão previstas no art. 112 do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). Apesar de configurarem resposta à prática de um delito, apresentam um caráter predominantemente educativo e não punitivo.
QUEM RECEBE? Pessoas na faixa etária entre 12 e 18 anos, podendo-se, excepcionalmente, estender sua aplicação a jovens com até 21 anos incompletos,conforme previsto no art. 2º do ECA.
QUEM APLICA? O Juiz da Infância e da Juventude é o competente para proferir sentenças socioeducativas, após análise da capacidade do adolescente de cumprir a medida, das circunstâncias do fato e da gravidade da infração.
QUAIS MEDIDAS foram instituídas pelo ECA? Conforme já salientado: em função da gravidade do ato infracional e foram alocadas nas seguintes categorias: 
Advertência (ART. 115 DO ECA):repreensão judicial, com o objetivo de sensibilizar e esclarecer o adolescente sobre as consequências de uma reincidência infracional. Responsável pela execução: Juiz da Infância e da Juventude ou servidor com delegação para tal.
Obrigação de reparar o dano (ART. 116 DO ECA): ressarcimento por parte do adolescente do dano ou prejuízo econômico causado à vítima. Responsável pela execução: Juiz da Infância e da Juventude ou equipe interprofissional da Vara, por delegação.
Prestação de serviços à comunidade (ART. 117 DO ECA): realização de tarefas gratuitas e de interesse comunitário por parte do adolescente em conflito com a lei, durante período máximo de seis meses e oito horas semanais. Responsável pela execução: Secretaria de Estado de Políticas para Crianças, Adolescentes e Juventude do Distrito Federal, por meio do trabalho desenvolvido nas Unidades de Atendimento em Meio Aberto (UAMAs), com apoio das instituições parceiras.
Liberdade assistida (ARTS. 118 E 119 DO ECA): Acompanhamento, auxílio e orientação do adolescente em conflito com a lei por equipes multidisciplinares, por período mínimo de seis meses, objetivando oferecer atendimento nas diversas áreas de políticas públicas, como saúde, educação, cultura, esporte, lazer e profissionalização, com vistas à sua promoção social e de sua família, bem como inserção no mercado de trabalho. Responsável pela execução: Secretaria de Estado de Políticas para Crianças, Adolescentes e Juventude do Distrito Federal, por meio do trabalho desenvolvido nas Unidades de Atendimento em Meio Aberto (UAMAs).
Semiliberdade (ART. 120 DO ECA): vinculação do adolescente a unidades especializadas, com restrição da sua liberdade, possibilitada a realização de atividades externas, sendo obrigatórias a escolarização e a profissionalização. O jovem poderá permanecer com a família aos finais de semana, desde que autorizado pela coordenação da Unidade de Semiliberdade. Responsável pela execução: Secretaria de Estado de Políticas para Crianças, Adolescentes e Juventude do Distrito Federal, por meio do atendimento realizado pelas Unidades de Atendimento em Semiliberdade.
Internação (ARTS. 121 A 125 DO ECA): medida socioeducativa privativa da liberdade, adotada pela autoridade judiciária quando o ato infracional praticado pelo adolescente se enquadrar nas situações previstas no art. 122, incisos I, II e III, do ECA. A internação está sujeita aos princípios de brevidade, excepcionalidade e respeito à condição peculiar de pessoa em desenvolvimento. A internação pode ocorrer em caráter provisório ou estrito. Responsável pela execução: Secretaria de Estado de Políticas para Crianças, Adolescentes e Juventude do Distrito Federal, por meio das Unidades de Internação. 
DIFERENÇA ENTRE MEDIDA DE PROTEÇÃO E MEDIDA SOCIOEDUCATIVA
Medidas de Proteção - Medidas aplicáveis quando da ameaça ou violação dos direitos da criança e do adolescente, por ação ou omissão da sociedade ou do Estado, ou por abuso dos pais ou responsável e em razão da própria conduta da criança ou adolescente. 
São oito as medidas definidas no Estatuto da Criança e do Adolescente, no seu artigo 101: (I) encaminhamento aos pais ou responsável, mediante termo de responsabilidade; (II) orientação, apoio e acompanhamento temporários; (III) matrícula e frequência obrigatórias em estabelecimento oficial de ensino fundamental; (IV) inclusão em programa comunitário ou oficial, de auxílio à família, à criança e ao adolescente; V) requisição de tratamento médico, psicológico ou psiquiátrico, em regime hospitalar ou ambulatorial; (VI) inclusão em programa oficial ou comunitário de auxílio, orientação e tratamento a alcoólatras e toxicômanos; (VII) abrigo em entidade; (VIII) colocação em família substituta. 
Medidas Socioeducativas - São as medidas aplicáveis ao adolescente, que, depois do devido processo, foi considerado responsável pelo cometimento de um ato infracional. Estas medidas são as dispostas no artigo 112, incisos I a VI: advertência; obrigação de reparar o dano; prestação de serviços à comunidade; liberdade assistida; inserção em regime de semiliberdade; internação em estabelecimento educacional. Além destas medidas, poderão ser aplicadas ao adolescente (ECA, art.112, inciso VII) as medidas protetivas previstas no artigo 101, incisos I a VI.
AULA 8
O ESTATUTO DO IDOSO
PARA ESTA AULA FOI PREVISTO UM EXERCÍCIO TEMÁTICO TENDO COMO BASE A LEITURA do Estatuto do idoso e a aula 9 (slides, material didático, SIA) que aborda o Estatuto da Juventude. 
ESTATUTO DO IDOSO
Algumas questões para reflexão
- Arquimedes sempre foi religioso e a sua família também (todos seguiam a mesma religião). No entanto, quando Arquimedes fez 86 anos converteu-se a ----------------------. A família não aceitou tal mudança. Assim, inicialmente, procurou um médico solicitando que o avaliasse, acreditando que Arquimedes havia perdido a lucidez. Após a avaliação clínica (que comprovou a lucidez do idoso), a família vetou qualquer tipo de manifestação religiosa de Arquimedes. Este por sua vez, não aceitou tal proibição e comunicou que não pagaria mais a mensalidade da escola dos netos. Em seguida, a família alegando que queria acabar/atenuar o conflito procurou um psicólogo. 
- Parmênides tem 79 anos e desde os 30 anos prática surf de forma sistemática. Quando trabalhava, ia à praia ao amanhecer ou no início da noite. Após a aposentadoria criou diferentes horários. Há poucos meses caiu da prancha e quebrou uma costela. Assim que obteve “alta” voltou a surfar. No entanto, os quatro filhos (e respectivas esposas), além dos netos consideram que ele deve praticar outro tipo de atividade física (algo mais adequado para a sua idade, como por exemplo, hidroginástica ou natação). Parmênides acha graça e diz que hidroginástica é coisa para velho e ele é apenas idoso. 
Com base nas duas histórias, atenda ao que se pede: (a) Nesses contextos, é indicado que o psicólogo atuecomo mediador? (b) Caso positivo, indique possíveis etapas e estratégias.
Clotilde filha de Lucrécia entrou com uma ação civil solicitando a interdição de sua mãe. A filha da interditando, alegou que sua mãe possuía inúmeros problemas que dificultavam sua capacidade, em especial, de locomoção e, por essa razão, estava pleiteando a interdição da mesma para poder movimentar os seus recursos financeiros e o juiz determinou que fosse realizada uma avaliação psicológica. 
(A) Caso você fosse o psicólogo quais os procedimentos que você, incialmente, adotaria? (B) Explique os significados dos termos: incapacidade civil, interdição, inimputabilidade, imputabilidade e curatela.
AULA 9
ELABORAÇÃO DE LAUDOS NA ÁREA DA INFÂNCIA, JUVENTUDE E IDOSO
IMPORTANTE: (1) Ler (e estudar) o capítulo 3 do livro didático. (2) Tirar uma cópia do Laudo Psicológico (abordando uma disputa de guarda) deixado na Xerox do Campus. 
ATENÇÃO: O CFP publicou em edição do dia 13/02 do Diário Oficial da União uma nova resolução (CFP – 004/2019) que dispõe sobre as regras para elaboração de documentos escritos produzidos pelo psicólogo no exercício profissional. Esta resolução revoga a Resolução CFP º 07/2003 e a Resolução CFP nº 15/1996.
A resolução CFP 004/2019 sobre elaboração de documentos escritos produzidos pelo psicólogo dispõe sobre os seguintes itens:
I – Princípios fundamentais. ••II – Modalidades de documentos;••III – Conceito, finalidade e estrutura;••
IV – Guarda dos documentos e condições de guarda;••V – Destino e envio de documentos;••VI – Prazo de validade dos conteúdos dos documentos;••VII – Entrevista devolutiva
Pela nova resolução,

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