Buscar

Cap 3 - neuroanato

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 23 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 23 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 23 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

CAPÍTULO 3 – TECIDO NERVOSO
Quando falamos em tecido nervoso nos referimos a basicamente dois tipos celulares: os neurônios e as células da glia. O neurônio é a unidade básica, com a função de receber processar e enviar informações. A neuróglia ou células da glia são as células que ocupam os espaços entre os neurônios, com a função de sustentação, revestimento ou isolamento, modulação da atividade neural e defesa. Após o nascimento os neurônios não se dividem, são produzidos novos neurônios, e os que morrem por algum motivo, jamais serão substituídos. Já a neuróglia é capaz de se dividir, pois conserva a capacidade de mitose após a diferenciação celular.
Neurônios 
Os neurônios são células que geralmente possuem longos prolongamentos, capacidade de responder a estímulos com a modificação do potencial elétrico de suas membranas, impulsos nervosos. Comunicam-se ente si, ou com células efetuadoras. A membrana celular separa dois ambientes que apresentam composições iônicas próprias: o meio intracelular ou citoplasma, onde predominam íons orgânicos com cargas negativas e potássio, e o meio extracelular aonde predominam sódio e cloro. As cargas elétricas que estão dentro e fora da membrana são responsáveis pelo potencial elétrico da membrana. A maioria dos neurônios possui três regiões responsáveis por funções especializadas: corpo celular ou soma, dendritos e axônios.
Corpo Celular
O corpo celular contém um núcleo com organelas citoplasmáticas que são comuns em outras células também. O núcleo geralmente é vesiculoso com um ou mais nucléolos evidentes, porém é possível encontrar neurônios com núcleos mais densos como é o caso dos neurônios do córtex cerebral. 
O citoplasma do corpo celular recebe o nome de pericárdio, onde é salientada a riqueza de ribossomos, reticulo endoplasmático liso e rugoso, complexo de golgi e as outras organelas envolvidas na síntese.
O corpo celular é o centro metabólico do neurônio responsável pela síntese de todas as proteínas neurais. A forma e o tamanho do corpo celular variam conforme o tipo de neurônio. Os corpos celulares são piriformes e grandes. Do corpo celular partem prolongamentos, que são os dendritos e axônios. 
Dendritos
Os dendritos são prolongamentos em sua maioria curtos, do corpo celular, geralmente são muito ramificados e atuam como receptores de estímulos, funcionando como a “antena” do neurônio e traduzem esses estímulos em alterações do potencial de repouso da membrana. Essa alteração envolve a entrada e saída de íons, que podem expressar-se por pequena despolarização ou hiperpolarização. A despolarização se caracteriza por ser excitatória e significa a redução da carga negativo ao lado citoplasmático da membrana. Já a hiperpolarização é inibitória significa o aumento de carga negativa de dentro da célula ou um aumento de carga positiva do lado de fora os distúrbios elétricos que ocorrem ao nível dos dendritos e do corpo celular constituem potenciais graduáveis.
Esses potenciais propagam-se em direção ao corpo, do corpo em direção do cone de implantação do axônio.
Axônio 
A maioria dos neurônios possuem um axônio, que é um prolongamento longo e fino que se origina do corpo celular ou de um dendrito principal, em região denominada cone de implantação e tem seu fim no terminal axonal ou botão terminal, local onde o axônio entra em contato com outros neurônios e/ou outras células e passa a informação, ou seja o impulso nervoso para elas.
O axônio apresenta um comprimento que varia, dependendo do tipo de neurônio, podendo ter alguns milímetros a mais de um metro. Estruturalmente apresenta axolema (membrana plasmática), axoplasma (citoplasma) contendo microtúbulos, neurofilamentos, microfilamentos, retículo endoplasmático rugoso, mitocôndrias e vesículas. 
O axônio é capaz de gerar, em seu segmento inicial alteração do potencial de membrana, o que é denominado de potencial de ação ou então impulso nervoso. Por tanto o axônio é especializado em gerar e conduzir o potencial de ação. O local onde o primeiro potencial é gerado chama-se zona de gatilho, este potencial repete-se ao longo do axônio porque ele próprio origina distúrbio local eletrônico que se propaga até novos locais ricos em canais de sódio e potássio sensíveis à voltagem.
Os axônios, após emitirem um numero variável de colaterais (ramificações) sofrem arborização terminal. Através dessa porção terminal estabelecem conexões com outros neurônios ou com células efetuadoras. Alguns neurônios, porém se especializam em secreção. Seus axônios terminam próximos a capilares sanguíneos que captam um polipeptídeo. Esses neurônios são conhecidos como neurossecretores e ocorrem na região hipotalâmica do cérebro
Classificação dos neurônios quanto aos seus prolongamentos
Os neurônios multipolares compreendem a maioria dos neurônios e possuem esse nome por apresentarem vários dendritos e apenas um axônio. Porém existem mais outros dois tipos de neurônios os Bipolares e Pseudounipolares. Os bipolares possuem dois prolongamentos sendo um o dendrito e o outro prolongamento o axônio, estão representados por neurônios da retida e do gânglio espiral do ouvido interno, etc. Nos neurônios pseudounipolares é possível observar que apenas um prolongamento sai do seu corpo celular que se localizam nos gânglios sensitivos. Os prolongamentos se dividem em dois ramos, um periférico e outro central. O primeiro se dirige à periferia, onde forma a terminação nervosa sensitiva, e o segundo prolongamento se dirige ao sistema nervoso central onde faz sinapses com os outros neurônios.
Fluxos Axoplasmáticos
Os axônios não contem ribossomos para que possam sintetizar as suas proteínas, por tanto toda proteína necessária para a manutenção e integridade dos axônios, bem como às funções das terminações axônicas é proveniente do pericário ou corpo do neurônio. Os axônios precisam também de organelas como as mitocôndrias e retículo endoplasmático rugoso, sendo assim necessário um fluxo contínuo de substâncias solúveis e de organelas do pericário à terminações axônicas. E para a renovação dessas substâncias, componentes das terminações, o fluxo se faz no sentido oposto, em direção ao pericário. Esse movimento de organelas e substâncias é chamado fluxo axoplasmático. Existem dois tipos de fluxo, um fluxo axoplasmático anterógrado que se faz em direção às terminações axônicas e o fluxo axoplasmático retrógrado que se faz em direção ao corpo celular.
As terminações axônicas possuem a capacidade endocítica, que permite a captação de substâncias tróficas como fatores de crescimento dos neurônios, estes são carregados pelo fluxo axoplasmático retrógrado. A endocitose e o transporte retrógrado explicam também por que certos agentes patogênicos, como vírus e toxinas, podem atingir o sistema nervoso central, após captação pelas terminações axônicas periféricas.
Através do conhecimento deste fluxo axoplasmático é possível concluir que existe uma via córtico-espinhal, formada por neurônios cujos pericários estão no córtex e os axônios terminam na medula.
Sinapses
Os neurônios através de suas terminações axônicas e dendritos se comunicam com outros neurônios passando-lhes informações. Os locais dessa comunicação, contato é chamado de sinapse neural. No sistema nervoso periférico os neurônios se comunicam também com células não neuronais ou efetuadoras, como células musculares (esqueléticas, cardíacas ou lisas) e células secretoras (em glândulas salivares, por exemplo), controlando suas funções, esses contatos são denominados junções neuroefetuadoras e sinapses neuroefetuadoras. As sinapses podem ser divididas em: Sinapses elétricas ou químicas. 
Sinapses Elétricas
Esse tipo de sinapse é rara em vertebrados e é exclusivamente interneural. Nestas sinapsesas membranas plasmáticas dos neurônios envolvidos entram em contato, conservando espaço entre elas de apenas 2-3nm. No entanto ocorre comunicação entre os dois neurônios, através de canais iônicos concentrados em cada uma das membranas em contato. Esses canais projetam-se no espaço intercelular, justapondo-se e estabelecendo comunicações intercelulares, que permitem a passagem direta de pequenas moléculas, como íons, do citoplasma de uma das células para o da outra.
Essas junções servem para sincronizar a atividade de grupos celulares e são encontradas em outros tecidos, como o epitelial, muscular liso e cardíaco, onde recebem o nome de junção de comunicação. Ao contrário das sinapses químicas, as sinapses elétricas não são polarizadas, a comunicação entre os neurônios envolvidos se faz nos dois sentidos.
Sinapses Químicas
A maioria das sinapses interneurais e neuroefetuadoras são sinapses químicas. As comunicações entre os elementos em contato dependem da liberação de substâncias químicas chamadas neurotransmissores. A sinapse acontece quando o potencial de ação é transmitido através dos neurotransmissores, que se liga a um receptor (proteína). Na membrana pós-sináptica, o impulso é transmitido em uma única direção, podendo ser bloqueado. Em comparação com sinapses elétricas a sinapse química é muito mais lenta. Quase todas as sinapses do SNC são químicas. Alguns exemplos de neurotransmissores são: Histamina e Acetilcolina.
Neurotransmissores e Vesículas Sinápticas 
Alguns neurotransmissores conhecidos são a acetileolina, certos aminoâcidos como a
glicina, o glutamato, o aspartate), o ácido gama-amino-butírico ou GABA e as monoaminas, dopamina, noradrenalina, adrenalina e histamina.
As sinapses químicas são caracterizadas por serem polarizadas, apenas um dos dois elementos em contato (elemento pré-sináptico) possui neurotransmissor. Estes são armazenados em vesículas chamadas vesículas sinápticas. Os seguintes tipos de vesículas são mais comuns: vesículas agranulares com 30-60nm de diâmetro e com conteúdo elétron-lúcido (aparecem como se estivessem vazias); vesículas granulares pequenas, de 4()-7()nm de diâmetro, apresentam conteúdo elétron-denso; vesículas granulares grandes, com 70-150nm de diâmetro, também com conteúdo elétron-denso delimitado por halo elétron-lúcido; vesículas opacas grandes, com 80-lS0nm de diâmetro e conteúdo elétron-denso homogêneo preenchendo toda a vesícula.
O tipo de vesícula sináptica que predomina no elemento pré-sináptico depende do neuro transmissor que o caracteriza.
Sinapses Químicas Interneurais
Na grande maioria das sinapses uma terminação axônica entra em contato com qualquer outra parte do neurônio formando sinapses axodendríticas, axossomáticas ou axoaxonicas. Porém é possível que o dendrito ou mesmo o corpo celular seja a parte pré-sináptica, sendo assim ocorre sinapses dendodendríticas e mais raramente dendosomáticas, somatossomáticas, somatodendríticas e somatoaxonicas.
Quando a sinapse se faz através do axônio e ele é o elemento pré-sináptico, o contato se faz através dos botões terminais e os botões sinápticos de passagem. No caso de sinapses axodendríticas o botão sináptico pode entrar em contato com uma pequena projeção dos dendritos em forma de espinho a espícula dendrítica. Uma sinapse química interneuronal compreende o elemento pré-sináptico, que armazena e libera o neurotransmissor, o elemento pós-sináptico, que contém receptores para o neurotransmissor e uma fenda sináptica, que separa as duas membranas sinápticas. Em uma sinapse axodendrítica o elemento pré-sináptico é um botão terminal que contém em seu citoplasma uma certa quantidade de vesículas sinápticas agranulares, encontram-se também algumas mitocôndrias, sáculos ou túbulos de retículo endoplasmático agranular, neurotúbulos, neurofilamentos e microfilamentos de actina. A membrana do botão, na face contrária a do dendrito, chama-se membrana pré-sináptica. Sobre ela se ordenam, a intervalos regulares, estruturas proteicas sob a forma de projeções densas que juntas formam a densidade pré-sináptica. As projeções densas têm disposição triangular e se unem por delicados filamentos e a densidade pré-sináptica é uma grade em cujas as vesículas sinápticas agranulares se encaixam. Desse modo, essas vesículas sinápticas se aproximam adequadamente da membrana pré-sináptica para se fundirem rapidamente, liberando o neurotransmissor por um processo de exocitose. A densidade pré-sináptica corresponde à zona ativa da sinapse, local no qual se dá a liberação do neurotransmissor na fenda sináptica. As sinapses com zona ativa são direcionadas. A fenda sináptica compreende espaço de 20-30nm que separa as duas membranas em oposição. Esse espaço é atravessado por moléculas que mantêm firmemente unidas as duas membranas sinápticas.
O elemento pós-sináptico é formado pela membrana pós-sináptica e a densidade pós-sináptica. Na membrana estão inseridos os receptores específicos para o neurotransmissor. Esses receptores são formados por proteínas integrais que ocupam toda a espessura da membrana e se projetam do lado externo e do lado citoplasmático da membrana. No citoplasma, próximo à membrana, concentram-se moléculas relacionadas com a função sináptica. Essas moléculas, juntamente com os receptores, formam a densidade pós-sináptica. A transmissão sináptica decorre da união do neurotransmissor com seu receptor na membrana pós-sináptica.
Sinapses químicas Neuroefetuadoras
Essas sinapses, são chamadas também de junções neuroefetuadoras, envolvem os axônios dos nervos periféricos e uma célula efetuadora não neuronal. Se a conexão for com células musculares estriadas esqueléticas, a junção é neuroefetuadora somática; se a conexão for com células musculares lisas ou cardíacas ou com células glandulares, é uma junção neuroefetuadora visceral. A neuroefetuadora somática compreende as placas motoras, onde, o elemento pré-sináptico é a terminação axônica de neurônio motor somático, cujo corpo se localiza na coluna anterior da medula espinhal ou no tronco encefálico. As junções neuroefetuadoras viscerais são os contatos das terminações nervosas dos neurônios do sistema nervoso autônomo simpático e parassimpático, cujos corpos celulares se localizam nos gânglios autonômicos.
As placas motoras são sinapses direcionadas, em cada botão sináptico de cada placa há zonas ativas que são representadas por acúmulos de vesículas sinápticas junto a barras densas colocadas à intervalos sobre a membrana pré-sináptica; as densidades pós-sinápticas com disposição também ocorrem. As junções neuroefetuadoras viscerais, não são direcionadas, sendo assim não apresentam zonas ativas e densidades pós-sinápticas.
Mecanismo de Transmissão Sináptica 
Quando o impulso nervoso atinge a membrana do elemento pré-sináptico, é originada uma pequena alteração do potencial da membrana capaz de abrir canais de cálcio, determinando a entrada desse íon. O aumento de íons cálcio no interior do elemento pré-sináptico provoca uma série de fenômenos, alguns culminam com a fusão de vesículas sinápticas com a membrana pré-sinápticas, liberando o neurotransmissor na fenda sináptica e sua difusão, até atingir seus receptores na membrana pós-sináptica. Um receptor pode ser um canal iônico, que se abre quando o neurotransmissor se liga a ele (canal sensível a neurotransmissor). Um canal iônico deixa passar predominantemente ou exclusivamente um dado íon. Se esse íon normalmente ocorrer em maior concentração fora do neurônio, como o Na+ e o Cl, ocorre a entrada. Se sua concentração for maior dentro do neurônio, como no caso do K ocorre a saída. Evidentemente, tais movimentos iônicos modificam o potencial de membrana, causando uma pequena despolarização, no caso de entrada de Na+, ou uma hiperpolarização, no caso de entrada de Cl (aumento das cargas negativas do lado de dentro) ou de saída de K + (aumento das cargas positivas do lado de fora). 
Quando o receptor não é umcanal iônico. Sua combinação com o neurotransmissor causa a formação, no citoplasma do elemento pós-sináptico, de uma nova molécula, chamada segundo mensageiro. Esse segundo mensageiro é que efetuará modificações na célula pós-sináptica. 
Cada neurônio pode receber de 1.000 a 10.000 contatos sinápticos em seu corpo e dendritos. A região integradora desses potenciais é o cone de implantação do axônio ou está próxima dele. Se na zona gatilho chegar uma voltagem no limiar de excitabilidade do neurônio, por exemplo, despolarização de 15mV, gera-se um potencial de ação.
Inativação do Neurotransmissor
A função das sinapses exige que o neurotransmissor seja rapidamente removido da fenda sináptica. Se não, ocorreria excitação ou inibição do elemento pós-sináptico por tempo prolongado. A remoção do neurotransmissor pode ser feita por ação enzimática. Como a acetilcolina, que é hidrolisada pela enzima acetilcolinesterase em acetato e colina. A colina é imediatamente captada pela terminação nervosa colinérgica servindo como substrato para síntese de nova acetilcolina pela própria terminação. As proteases são responsáveis pela remoção dos peptídeos que funcionam como neurotransmissores ou neuromoduladores. Já no caso das monoaminas e dos aminoácidos, o principal mecanismo de inativação é a recaptação do neurotransmissor pela membrana plasmática do elemento pré-sináptico, através de mecanismo ativo e eficiente (bomba de captação). Essa captação pode ser bloqueada por drogas, a captação de monoaminas é facilmente bloqueada por cocaína, causando distúrbios psíquicos, porque a monoamina permanecerá acessível aos receptores de maneira continua. Uma vez dentro da terminação nervosa, o neurotransmissor pode ser reutilizado ou inativado. 
Neuroglia
Os neurônios tanto do sistema nervoso periférico quanto do sistema nervoso central relacionam-se com células denominadas neuroglia, glia ou gliócitos.
Neuroglia do Sistema Nervoso Central
No sistema Nervoso Central as células da glia são os: astrócitos, oligodendrócitos, mircróglia, gliócitos e células ependimárias. Essas células com exceção dos microgliócitos são derivadas do neuroectoderma. Existem duas “classes” as macróglias e as micróglias representadas respectivamente pelos oligodendrócitos, astrócitos e microgliócitos.
Astrócitos
São abundantes e caracterizados por inúmeros prolongamentos, restando pequena massa citoplasmática ao redor do núcleo esférico ou ovóide e vesiculoso. Reconhecem-se dois tipos: astrócitos protoplasmáticos, localizados na substância cinzenta, e astrócitos fibrosos, encontrados na substância branca. Os primeiros distinguem-se por apresentar prolongamentos mais espessos e curtos que se ramificam profusamente; já os prolongamentos dos astrócitos fibrosos são finos e longos e ramificam-se relativamente pouco.
Ao microscópio eletrônico, os astrócitos apresentam as organelas usuais, mas caracterizam-se pela riqueza em filamentos intermediários que, embora morfologicamente semelhantes aos observados em outras células, são constituídos por polipeptídeo específico da glia. Nos astrócitos fibrosos, esses filamentos são mais abundantes.
Ambos os tipos de astrócitos, através de expansões conhecidas como pés vasculares, apoiam-se em capilares sanguíneos. Seus processos contatam também os corpos neuronais, dendritos e axônios e, de maneira especial, envolvem as sinapses, isolando-as. Têm, portanto, funções de sustentação e isolamento de neurônios.
Os astrócitos são também importantes para a função neuronal, uma vez que participam do controle dos níveis de potássio extraneuronal, captando esse íon e, assim, ajudando na manutenção de sua baixa concentração extracelular. Compreendem o principal sítio de armazenagem de glicogênio no sistema nervoso central, e podem liberar glicose para uso dos neurônios. 
Após injúria, os astrócitos aumentam localmente por mitoses e ocupam áreas lesadas à maneira de cicatriz. Em caso de degeneração axônica, adquirem função fagocítica ao nível das sinapses, ou seja, qualquer botão sináptico em degeneração é internalizado por astrócitos.
Na vida embrionária, precursores de astrócitos que se estendem da superfície dos ventrículos cerebrais à superfície do cérebro revestida pela pia-máter fornecem arcabouço para a migração de neurônios.
Oligodendrócitos
Podem formar pés vasculares e em secções histológicas, apresentam núcleo menor e mais condensado que o dos astrócitos. Conforme sua localização distinguem-se dois tipos: oligodendrocito satélite ou perineuronal, situado junto ao pericário e dendritos; e oligodendrócitos fascicular, encontrado junto às fibras nervosas.
Os oligodendrócitos são menores e possuem poucos prolongamentos. Situam-se tanto na substância branca como na cinzenta. Nesta, localizam-se preferencialmente próximo aos corpos celulares dos neurônios, constituindo células satélites, que formam uma relação simbiótica com esses neurônios. Já na substância branca, os oligodendrócitos estão organizados em fileiras, entre as fibras nervosas, e produzem a mielina do SNC. Os oligodendrócitos são vistos como células mais escuras na micrografia eletrônica, pelo fato de seus citoplasmas possuírem mais organelas que as outras células da neuroglia. 
Microgliócitos
Possuem poucos prolongamentos, que partem das suas extremidades. Os microgliócitos de tecido nervoso normal são células pouco diferenciadas, capazes de transformarem-se em astrócitos ou oligodendrócitos.
Entretanto, inúmeras evidências indicam serem os microgliócitos de origem mesodérmica ou, mais precisamente, de monócitos, equivalendo no sistema nervoso central a um tipo de macrófago, com funções de remoção, por fagocitose, de células mortas, detritos e micro-organismos invasores. Aumentam em caso de injúria e inflamação, especialmente por novo aporte de monócitos, vindos pela corrente sanguínea. Nesse caso, são denominados microgliócitos reativos, podendo estar repletos de vacúolos digestivos, contendo restos celulares. O corpo dessas células é pequeno e alongado, com núcleo denso e também alongado. Pouco numerosas, com prolongamentos curtos e cobertos por saliências finas, conferem a essas células um aspecto espinhoso. Localizam-se tanto na substância branca quanto na cinzenta.
Células Ependimárias
Descendem do neuroepitélio embrionário, sendo designadas epêndima ou epitélio ependimário. São células cuboidais ou prismáticas que forram, como epitélio de revestimento simples, as paredes dos ventrículos cerebrais, do aqueduto cerebral e do canal central da medula espinhal. Apresentam em sua face luminal inúmeras microvilosidades e geralmente são ciliadas. Cada célula ependimária possui um prolongamento ou processo basal que penetra o tecido nervoso ao redor das cavidades. Nos ventrículos cerebrais um tipo de célula ependimária modificada recobre tufos de tecido conjuntivo, rico em capilares sanguíneos, que se projetam da pia-máter, constituindo os plexos corioides, responsáveis pela formação do líquido cérebro-espinhal. 
São células cilíndricas, com a base afilada e diversas vezes ramificada, que originam prolongamentos que se dispõe no interior do tecido nervoso. São células que possuem um arranjo epitelial e que revestem as cavidades do encéfalo e da medula, e consequentemente, estão em contato com o líquido cefalorraquidiano, que é encontrado no interior dessas cavidades. 
Neuróglia do Sistema Nervoso Periférico
A neuroglia periférica compreende as células satélites ou anfícitos e as células de Schwann, derivadas da crista neural. Essas células podem ser consideradas como um único tipo celular que pode expressar dois fenótipos, dependendo da parte do neurônio com que se relaciona. Assim, as células satélites envolvem pericários dos neurônios dos gânglios sensitivos e do sistema nervoso autônomo: as células de Schwann circundam os axônios, formando seus envoltórios, formando a bainha de mielina e o neurilema. Ao contrário dos gliócitos do sistemanervoso central, apresentam-se circundadas por membrana basal. 
As células satélites geralmente são lamelares ou achatadas dispostas de encontro aos neurônios. Por isso, histologicamente, delas veem-se praticamente apenas os núcleos esferoidais ou ovoides e relativamente densos. As células de Schwann têm núcleos ovoides ou alongados, com nucléolos evidentes. Em caso de injúria de nervos, as células de Schwann desempenham importante papel na regeneração das fibras nervosas, fornecendo substrato que permite o apoio e o crescimento dos axônios em regeneração. Além do mais, nessas condições apresentam capacidade fagocítica e podem secretar fatores tróficos que, captados pelo axônio e transportados ao corpo celular, vão desencadear ou incrementar o processo de regeneração axônica. Para mais informações sobre o papel das células de Schwann na regeneração de fibras nervosas periféricas.
Fibras Nervosas
Uma fibra nervosa compreende um axônio e, possuem envoltórios de origem glial. O principal envoltório das fibras nervosas é a bainha de mielina, que funciona como isolante elétrico. Quando envolvidos por bainha de mielina, os axônios são denominados fibras nervosas mielínicas. Na ausência de mielina denominam-se fibras nervosas amielínicas. Ambos os tipos ocorrem tanto no sistema nervoso periférico como no central, sendo a bainha de mielina formada por células dc Schwann, no periférico, e por oligodendrócitos no central. 
No sistema nervoso central, distinguem-se, macroscopicamente, as áreas contendo basicamente fibras nervosas mielínicas e neuroglia daquelas onde se concentram os corpos dos neurônios, fibras amielínicas, além da neuroglia. Essas áreas são denominadas, respectivamente, substância branca e substância cinzenta. 
No sistema nervoso central, as fibras nervosas reúnem-se em feixes denominados tratos ou fascículos. No sistema nervoso periférico também agrupam- se em feixes, formando os nervos.
Fibras Nervosas Mielínicas
No sistema nervoso periférico, logo após seus segmentos iniciais, cada axônio é circundado por células de Schwann, que se colocam a intervalos ao longo de seu comprimento. Nos axônios motores e na maioria dos sensitivos, essas células formam duas bainhas, a de mielina e o neurilema. Para isso, cada célula de Schwann forma um curto cilindro de mielina, dentro do qual caminha o axônio; o restante da célula fica completamente achatada sobre a mielina, formando a segunda bainha, o neurilema. Essas bainhas interrompem-se a intervalos mais ou menos regulares para cada tipo de fibra. Essas interrupções são chamadas de nódulos de Ranvier e cada segmento dc fibra situado entre eles é denominado internódulo. Cada internódulo compreende a região ocupada por uma célula de Schwann. Assim, uma fibra mielínica de um nervo longo, como o isquiático, apresenta aproximadamente mil nódulos de Ranvier. Portanto, cerca de mil células de Schwann podem participar da mielinização de um único axônio. Ao nível da arborização terminal do axônio, a bainha de mielina desaparece, mas o neurilema continua até as proximidades das terminações nervosas motoras ou sensitivas. 
No sistema nervoso central, prolongamentos de oligodendrócitos formam a bainha de mielina. No entanto, os corpos dessas células ficam a certa distância do axônio, de modo que não há formação de qualquer estrutura semelhante ao neurilema. 
Por seu conteúdo predominantemente lipídico, a preservação da mielina em cortes histológicos exige métodos especiais como a fixação por tetróxido de ósmio. Nesse caso, aparece corada em negro. Nos cortes histológicos, de rotina, os componentes lipídicos se dissolvem, restando apenas uma trama de material proteico no local da mielina. 
Ao microscópio eletrônico, a bainha de mielina é formada por uma série de lamelas concêntricas, originadas em volta da membrana da célula glial ao redor do axônio. 
A bainha de mielina, como a própria membrana plasmática que a origina, é composta basicamente de lipídeos e proteínas, salientando-se a riqueza em fosfolipídios. Contudo, apresenta componentes particulares a ela, como a proteína básica principal da mielina, encontrada em grande quantidade no sistema nervoso central. 
Por ser isolante, a bainha de mielina permite condução mais rápida do impulso nervoso. Ao longo dos axônios mielínicos, os canais de sódio e potássio sensíveis à voltagem encontram- se apenas ao nível dos nódulos de Ranvier. A condução do impulso nervoso é, saltatória, ou seja, potenciais de ação só ocorrem nos nódulos de Ranvier. Isso é possível dado o caráter isolante da bainha de mielina, que permite à corrente eletrotônica provocada por cada potencial de ação percorrer todo o internódulo sem extinguir-se. O comprimento do internódulo e a espessura da bainha de mielina, embora constantes para cada tipo de fibra, podem variar de acordo com a espessura do axônio. Quanto maiores o internódulo e as espessuras do axônio e da mielina, mais rápida são a condução. 
Mielinização
O processo de formação da bainha de mielina, ou mielinização, ocorre durante a última parte do desenvolvimento fetal e durante o primeiro ano pós-natal.
Em cada célula de Schwann forma-se um sulco ou goteira que contém o axônio. Segue-se o fechamento dessa goteira com formação de uma estrutura com dupla membrana chamada mesaxônio. Esse mesaxônio alonga-se e enrola-se ao redor do axônio várias vezes, e o citoplasma é expulso entre as voltas. Acontece, então, aposição das faces citoplasmáticas da membrana, com fusão, surgindo a linha densa principal, ou periódica, contínua, facilmente identificada nas secções transversais da bainha de mielina à microscopia eletrônica por sua elétron-densidade. As faces externas da membrana do mesaxônio também se encontram formando a linha densa menor, ou interperíodo. O restante da célula de Schwann (citoplasma e núcleo) forma o neurilema. O mesaxônio persiste tanto do lado axônico (mesaxônio interno), como do lado do neurilema (mesaxônio externo). Em alguns pontos, formam-se as incisuras de Schmidt-Lantermann, que representam um conjunto de locais em que o citoplasma não foi expulso quando da formação da linha densa principal. Terminado o processo ao longo de toda a fibra, reconhecem-se os nódulos de Ranvier e os internódulos. 
No sistema nervoso central, o processo de mielinização é essencialmente similar ao que ocorre na fibra nervosa periférica, com a diferença de que são os processos dos oligodendrócitos fasciculares os responsáveis pela formação de mielina. Ao contrário do que ocorre com a célula de Schwann, um mesmo oligodendrócito pode prover internódulos para 20-30 axônios. Cada nódulo de Ranvier, em fibras nervosas do sistema nervoso central, representa então o intervalo entre dois prolongamentos de oligodendrócito.
Fibras Nervosas Amielínicas
No sistema nervoso periférico, há fibras nervosas do sistema nervoso autônomo (as fibras pós-ganglionares) e algumas fibras sensitivas muito finas, que se envolvem por células de Schwann (neurilema), sem que haja formação de mielina. Cada célula de Schwann nessas fibras pode envolver em invaginações de sua membrana até 15 axônios. No sistema nervoso central, as fibras amielínicas não apresentam envoltórios verdadeiros, jamais uma célula da glia envolve um axônio, à semelhança do que ocorre no periférico. Prolongamentos de astrócitos podem, no entanto, tocar os axônios amielínicos. 
As fibras amielínicas conduzem o impulso nervoso mais lentamente, pois os conjuntos de canais de sódio e potássio sensíveis à voltagem não têm como se distanciar, ou seja, a ausência de mielina impede a condução saltatória.
Nervos 
Logo após sair do tronco encefálico, da medula espinhal ou de gânglios sensitivos, as fibras nervosas motoras e sensitivas reúnem-se em feixes que se associam a estruturas conjuntivas (libras colágenas), constituindo nervos espinhais e cranianos. Os grandes nervos, comoo isquiático, o radial o mediano e outros, são mielínicos, ou seja, a maior parte de suas fibras são mielínicas. Tais nervos apresentam um envoltório de tecido conjuntivo rico em vasos, denominado epineuro. No seu interior, colocam-se as fibras nervosas organizadas em fascículos. O epineuro com seus vasos penetra entre os fascículos. No entanto, cada fascículo é delimitado pelo perineum,que compreende tecido conjuntivo denso ordenado e células epiteliais lamelares ou achatadas, que formam várias camadas entre esse tecido conjuntivo e as fibras nervosas. Entre as camadas de células epiteliais perineurais há também fibras colágenas. As células epiteliais perineurais são, contudo, facilmente identificadas à microscopia eletrônica. Unem-se uma às outras por junções íntimas ou de oclusão e assim isolam as fibras nervosas do contato com o líquido intersticial do epineuro e adjacências. Dentro de cada fascículo, delicadas fibrilas colágenas (colágeno tipo III), também denominadas fibras reticulares, formam o endoneuro, que envolve cada fibra nervosa. O endoneuro limita-se internamente pela membrana basal da célula de Schwann, visualizada apenas à microscopia eletrônica. À medida que o nervo se distancia de sua origem, os fascículos, com sua integridade preservada, o abandonam para entrarem nos órgãos a serem inervados. Assim, encontram-se nervos mais finos formados por apenas um fascículo e seu envoltório perineural. Um nervo mielínico pode conter em seu interior algumas fibras amielínicas. Feixes de fibras amielínicas podem também constituir delicados nervos ou troncos nervosos amielínicos. Os capilares sanguíneos encontrados no endoneuro são semelhantes aos do sistema nervoso central e, portanto, capazes de selecionar as moléculas que entram em contato com as fibras nervosas. Assim, no interior dos fascículos, tem-se uma barreira hematoneural. No entanto essa barreira só é efetiva graças ao perineuro epitelial, que isola o interior do fascículo. Ao nível das terminações nervosas sensoriais livres, das placas motoras e das terminações autonômicas, as fibras nervosas perdem seus envoltórios e não são protegidas por barreiras, como ocorre ao longo dos nervos, podendo, em consequência, sofrer a ação de fatores lesivos. Além do mais, bacilos como o da hanseníase podem atingir os nervos a partir das terminações, causando degeneração de fibras nervosas.

Outros materiais